As festividades dos 80 anos do FCH têm a dimensão da Vaidade do aniversariante.
No PiG, os 80 anos ocuparam mais espaço neste domingo do que a morte do Presidente que lançou o Plano Real, o Santo Graal dos conservadores brasileiros.
O próprio Rei Artur falou de seus 80 anos com modéstia franciscana nas comovidas páginas do Globo e do Estadão.
Os 80 anos do Farol de Alexandria preenchem o volumoso vácuo político e ideológico que se instalou no sistema conservador.
Depois do Farol de Alexandria, os conservadores perderam três eleições.
Na sucessão em 2002 nem o candidato dele, o Padim, o defendeu.
E, mesmo assim, pelo simples fato de simbolizar o que o Governo dele significava, tomou uma surra.
Os conservadores brasileiros estão atolados em 2002.
Não foram capazes de produzir uma única ideia, uma plataforma que possa confrontar a maioria que o PT lidera.
O Padim Pade Cerra lançou um manifesto-chabu.
Seu Conselho Políico baixou meia dúzia de obviedades – e grosserias – que os tucanos repudiaram.
Houve, porém, um importante aggiornamento na ideologia conservadora que saiu do baú do FHC: foi a conversão de Cerra ao fundamentalismo na campanha de 2010, que Ciro Gomes chamou de “calhordice”.
Cerra tirou de trás do armário o tea-party brasileiro: com a tentativa de colar na Dilma o aborto clandestino (no Chile, tudo bem), ao se alojar no colo do Papa e oferecer o pré-sal à Chevron.
Cerra tem o monopólio da extrema-direita.
Demonstrou na Carta Capital o professor Wanderley Guilherme dos Santos.
É uma forma melancólica de celebrar a Obra Magna do Farol de Alexandria.
E que não ganha eleição.
Resta aos conservadores aplicar à Dilma os argumentos da UDN contra Vargas, Jango e Brizola.
Nada de novo.
Por isso, o Farol faz 80 anos tantas vezes.
Mesmo depois de se saber que ele não era o pai e de confessar que assinou o eterno sigilo sem ler.
O que não ajuda a soprar 80 velinhas.
Mas, para a Dilma, é a sopa no mel.
Os conservadores batem palmas para o Farol de Alexandria, aquele que iluminou a Antiguidade e afundou num terremoto.
E o sol não nasce no campo conservador.
Paulo Henrique Amorim
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