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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Redação Conversa Afiada


As festividades dos 80 anos do FCH têm a dimensão da Vaidade do aniversariante.

No PiG, os 80 anos ocuparam mais espaço neste domingo do que a morte do Presidente que lançou o Plano Real, o Santo Graal dos conservadores brasileiros.

O próprio Rei Artur falou de seus 80 anos com modéstia franciscana nas comovidas páginas do Globo e do Estadão.

Os 80 anos do Farol de Alexandria preenchem o volumoso vácuo político e ideológico que se instalou no sistema conservador.

Depois do Farol de Alexandria, os conservadores perderam três eleições.

Na sucessão em 2002 nem o candidato dele, o Padim,  o defendeu.

E, mesmo assim, pelo simples fato de simbolizar o que o Governo dele significava, tomou uma surra.

Os conservadores brasileiros estão atolados em 2002.

Não foram capazes de produzir uma única ideia, uma plataforma que possa confrontar a maioria que o PT lidera.

O Padim Pade Cerra lançou um manifesto-chabu.

Seu Conselho Políico baixou meia dúzia de obviedades – e grosserias – que os tucanos repudiaram.

Houve, porém, um importante aggiornamento na ideologia conservadora que saiu do baú do FHC: foi a conversão de Cerra ao fundamentalismo na campanha de 2010, que Ciro Gomes chamou de “calhordice”.

Cerra tirou de trás do armário o tea-party brasileiro: com a tentativa de colar na Dilma o aborto clandestino (no Chile, tudo bem), ao se alojar no colo do Papa e oferecer o pré-sal à Chevron.

Cerra tem o monopólio da extrema-direita.

Demonstrou na Carta Capital o professor Wanderley Guilherme dos Santos.

É uma forma melancólica de celebrar a Obra Magna do Farol de Alexandria.

E que não ganha eleição.

Resta aos conservadores aplicar à Dilma os argumentos da UDN contra Vargas, Jango e Brizola.

Nada de novo.

Por isso, o Farol faz 80 anos tantas vezes.

Mesmo depois de se saber que ele não era o pai e de confessar que assinou o eterno sigilo sem ler.

O que não ajuda a soprar 80 velinhas.

Mas, para a Dilma, é a sopa no mel.

Os conservadores batem palmas para o Farol de Alexandria, aquele que iluminou a Antiguidade e afundou num terremoto.

E o sol não nasce no campo conservador.


Paulo Henrique Amorim

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