Na última sexta-feira, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, criticou as manifestações realizadas pelas centrais sindicais contra as reformas trabalhistas e da previdência. Serraglio afirmou que as paralisações da greve geral “foram pífias” e que “não teve (sic) a expressão que se imaginava ter”.
E concluiu: “O povo brasileiro demonstrou que está conosco”.
Instado a se manifestar sobre a mobilização, o presidente Michel Temer fez uma declaração pública na qual reduziu a greve geral a “pequenos grupos que bloquearam rodovias e avenidas”.
A manhã de sexta-feira, porém, despontou no coração de São Paulo sem transeuntes. O que se via eram basicamente os moradores de rua que ali passam seus dias.
Lojas fechadas, pouquíssimo trânsito e entradas de metrô completamente desertas. A imagem se repetiu durante horas nas principais cidades brasileiras. Foi uma demonstração de força do movimento sindical que convocou uma greve geral contra as reformas trabalhista e previdenciária do Governo Michel Temer e conseguiu paralisar a rotina nas capitais graças
Foi a primeira paralisação realmente nacional em 21 anos. Os sindicalistas contaram com apoios pouco frequentes contra o Planalto, como a participação da Força Sindical, organização que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff.
A mobilização congregou a cúpula da Igreja católica e gerou até interrupção das aulas em caros colégios particulares em várias capitais. “É preciso reivindicar nossos direitos que estão sendo retirados por um presidente impopular e ilegítimo”, dizia, na zona oeste de São Paulo, o estudante de escola privada André Neto, de 17 anos, num dos poucos protestos da jornada que acabaria em repressão policial diante da casa de Michel Temer na cidade. O país literalmente parou.
O Blog da Cidadania esteve lá. Convidado a subir ao carro de som da CUT, este Blogueiro entrevistou Wagner Freitas, presidente da entidade, Guilherme Boulos, líder do MTST, Carina Vitral, presidente da UNE, e Eduardo Suplicy.
Também gravei o discurso do Senador Lindbergh Farias.
O Felipe Masini, nosso editor de imagens, áudio e vídeo registrou algumas belas cenas.
Mas interessante mesmo é o vídeo que evidencia o alheamento da realidade que tomou o governo Temer, em sua marcha da insensatez na eliminação de direitos do povo brasileiro, invertendo a decisão popular tomada por esse povo em 2014 e aprovando leis trabalhistas que a maioria esmagadora rejeita. Assista, reflita, divulgue. Ano que vem daremos a resposta.
Mesmo sendo alvo de um massacre midiático, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disparou em todos os cenários pesquisados pelo Datafolha, alcançando números entre 29% e 31% das intenções de voto no primeiro turno; ou seja: sem um tapetão judicial, que seria a fase 2 do golpe de 2016, com a inabilitação judicial de Lula, ele provavelmente seria eleito presidente pela terceira vez; a pesquisa também revelou o esfacelamento das principais forças golpistas: enquanto candidatos do PSDB, como Aécio Neves, derreteram, Michel Temer se tornou a personalidade política mais odiada do Brasil; no vácuo político, o único que cresceu, além de Lula, foi o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que hoje iria para o segundo turno; ontem, ao participar de um evento em defesa da indústria naval, ao lado do ex-governador Olívio Dutra e da presidente golpeada Dilma Rousseff, Lula se disse pronto para vencer mais uma vez o candidato da Globo
247 – O massacre diário promovido contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Globo e outros meios de comunicação da chamada velha mídia não produziu os efeitos desejados.
Pesquisa Datafolha divulgada neste domingo revela que Lula disparou em todos os cenários, alcançando números entre 29% e 31% das intenções de voto no primeiro turno. Ou seja: sem um tapetão judicial, que seria a fase 2 do golpe de 2016, com a inabilitação judicial de Lula, ele provavelmente seria eleito presidente pela terceira vez.
"O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, mantém-se na liderança apesar das menções no noticiário recente da Lava Jato", reconhece a Folha.
A pesquisa também revelou o esfacelamento das principais forças golpistas: enquanto candidatos do PSDB, como Aécio Neves, derreteram, Michel Temer se tornou a personalidade política mais odiada do Brasil.
No vácuo político, o único que cresceu, além de Lula, foi o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que hoje iria para o segundo turno.
Ontem, ao participar de um evento em defesa da indústria naval, ao lado do ex-governador Olívio Dutra e da presidente golpeada Dilma Rousseff, Lula se disse pronto para vencer mais uma vez o candidato da Globo.
O Datafolha fez 2.781 entrevistas, em 172 municípios, na quarta (26) e na quinta (27), antes da greve geral de sexta (28). A margem de erro é de dois pontos percentuais.
O direito de greve é garantido pela Constituição Federal do Brasil através do seu artigo 9º. É um direito de todo e qualquer trabalhador. Greve, aliás, é uma garantia constitucional do servidor público civil e deve ser exercida em sua plenitude, sem punições ou restrições.
Com efeito, é preciso ser muito obtuso ou muito rico para se opor ao direito de greve. Quem pensa assim não se recorda de que as garantias jurídicas de natureza social, tais como aposentadoria, auxílio-doença, licenças, férias, limitação da jornada de trabalho etc., além de direitos políticos como o voto e a representação democrática das instituições públicas, advieram da organização e da reivindicação dos movimentos operários.
Nesse contexto, declarações públicas do prefeito de São Paulo, João Doria, atacando esse direito constitucional inscrito no artigo 9º da Carta Magna constituem uma bofetada no rosto não só dos munícipes desavisados que elegeram esse indivíduo, mas, também, dos homens e mulheres que lutaram para que os trabalhadores de todas as partes tivessem condições dignas de trabalho.
Dória começa seu discurso imoral, antirrepublicano, antidemocrático, insultante aos trabalhadores com uma frase abjeta:
— Só quem não quer trabalhar é que vai fazer greve…
Como é que é? Que conversa é essa? Quem vai fazer greve na próxima sexta-feira quer, sim, trabalhar, mas quer condições dignas de trabalho. E uma infinidade de setores irá fazer greve porque o governo federal, do qual o partido de Doria, o PSDB, é cúmplice, está destruindo todas as conquistas dos trabalhadores brasileiros ao longo do século XX.
A recém-aprovada “reforma trabalhista” simplesmente acabou com a Consolidação das Leis do Trabalho ao aprovar a prevalência do “negociado sobre o legislado”, já que os patrões poderão eliminar direitos consolidados a décadas simplesmente ameaçando os trabalhadores de demissão ou de não contratação caso não aceitem abrir mão desses direitos.
Se isso não é motivo para fazer greve, não se sabe que motivo seria suficiente para uma greve .
Outra barbaridade de Dória:
— Quem deseja se manifestar, faz isso fora do expediente, faz isso no sábado, faz isso no domingo, faz isso de noite, faz isso na hora do almoço, não faz durante o trabalho.
Talvez essa seja a declaração mais grave. Na prática, Doria elimina qualquer possibilidade de exercício do que reza o artigo 9º da Constituição Federal, porque se você não “se manifestar” DURANTE o horário de trabalho, não haverá greve.
Mais uma cretinice proferida pelo prefeito de São Paulo foi ele dizer que a greve geral que ocorrerá nesta sexta-feira “não é justa”.
Por que a greve geral não é justa? Quem deu a Doria o direito de decidir, como prefeito, o que é ou não justo? Quem decide o que é ou não é justo é a lei, é a Justiça e, acima de ambas, a Constituição, que garante o direito de fazer greve.
Ora, uma mudança na lei que permite ao empregador pressionar o empregado para abrir mão de direitos conquistados há décadas não é motivo justo para uma greve? Que canalhice é essa?
Doria conclui o seu vídeo dizendo:
— O Brasil não é do mundo sindical, o Brasil é dos brasileiros. Acelera!
Alguém tem que informar ao senhor João Doria que ele é prefeito de São Paulo, não ditador do Brasil. Portanto, ele não tem direito de tirar a cidadania dos sindicalistas e sindicalizados – ao se referir ao “mundo sindical”, ele se referiu a ambos.
Para fechar esse vídeo infame, Doria fez o seu sinal característico de acelera. Esse sinal é um ato falho, pois simula o sinal de retroceder nos aparelhos eletrônicos
É revoltante que, na véspera do 1º de maio, um sujeito que não conhece a luta dos trabalhadores por direitos e por condições dignas de trabalho venha afrontá-los com esse discurso desinformado, reacionário, antidemocrático e constitucional.
A humanidade lutou muito para conseguir direitos trabalhistas e o direito de greve. Não bastando PMDB e PSDB tirarem os direitos trabalhistas do povo, agora querem tirar o direito de reclamar e de reagir contra más condições de trabalho.
Assista, abaixo, a resposta deste Blog ao prefeito tucano de São Paulo e à sua brutal ignorância e falta de espírito democrático.
CONTRA DESMONTE DE TEMER, INTELECTUAIS SE UNEM NO PROJETO BRASIL NAÇÃO
Maior movimento já criado contra o governo Michel Temer e em prol do desenvolvimento do País, o manifesto reúne mais de 8 mil assinaturas de personalidades de diferentes áreas, como o economista e ex-ministro Luis Carlos Bresser-Pereira, o diplomata e ex-ministro Celso Amorim, o escritor Raduan Nassar, o jurista Fábio Konder Comparato, a jornalista Eleonora de Lucena e o ator Wagner Moura, entre vários outros; "Privatizar e desnacionalizar monopólios serve apenas para aumentar os ganhos de rentistas nacionais e estrangeiros e endividar o país. O desmonte do país só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento", afirma o texto; Projeto Brasil Nação, que será lançado nesta noite no Largo São Francisco, em São Paulo, tem como pilares "autonomia nacional, democracia, liberdade individual, desenvolvimento econômico, diminuição da desigualdade, segurança e proteção do ambiente"
247 - Mais de oito mil personalidades brasileiras de diferentes áreas se unem por uma causa na noite desta quinta-feira 27, no Largo São Francisco, Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde será lançado o Projeto Brasil Nação.
Liderado pelo economista e ex-ministro Luis Carlos Bresser-Pereira, fundador do PSDB, o manifesto faz críticas a ações tomadas pelo governo Michel Temer, como propostas que prejudicam direitos históricos dos trabalhadores, e o projeto de privatização.
"Privatizar e desnacionalizar monopólios serve apenas para aumentar os ganhos de rentistas nacionais e estrangeiros e endividar o país. O desmonte do país só levará à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento", diz um trecho do texto.
"Para voltar a crescer de forma consistente, com inclusão e independência, temos que nos unir, reconstruir nossa nação e definir um projeto nacional. Cabe a nós repensarmos o Brasil para projetar o seu futuro – hoje bloqueado, fadado à extinção do empresariado privado industrial e à miséria dos cidadãos", defende ainda o documento.
O manifesto já ganhou mais de oito mil assinaturas, como do diplomata e ex-ministro dos governos Lula e Dilma Celso Amorim, o escritor Raduan Nassar, o cantor e compositor Chico Buarque, o jurista Fábio Konder Comparato, a jornalista Eleonora de Lucena, o ator Wagner Moura, o presidente da CUT, Vagner Freitas, entre vários outros.
O Projeto Brasil Nação tem como pilares "autonomia nacional, democracia, liberdade individual, desenvolvimento econômico, diminuição da desigualdade, segurança e proteção do ambiente". E propõe cinco pontos na economia:
Regra fiscal que permita a atuação contracíclica do gasto público, e assegure prioridade à educação e à saúde; Taxa básica de juros em nível mais baixo, compatível com o praticado por economias de estatura e grau de desenvolvimento semelhantes aos do Brasil; Superávit na conta corrente do balanço de pagamentos que é necessário para que a taxa de câmbio seja competitiva; Retomada do investimento público em nível capaz de estimular a economia e garantir investimento rentável para empresários e salários que reflitam uma política de redução da desigualdade e Reforma tributária que torne os impostos progressivos.
Confira aquia íntegra do texto e a lista de adesões.
Reforma trabalhista: a vitória que mostrou a fraqueza de Temer
A força que o governo Temer demonstrou ontem ao aprovar a reforma trabalhista no plenário daCâmara foi a revelação de sua fraqueza: se estivesse em pauta a reforma previdenciária, que é uma PEC (proposta de emenda constitucional), o governo não teria tido os 308 votos necessários para aprová-la. Para a trabalhista, que é um projeto de lei, foram 296 votos favoráveis. Mais que a maioria absoluta de 257, mas 12 votos abaixo dos 3/5 que serão necessários para aprovar a PEC 287, a da Previdência. Diante da operação de guerra montada para a votação de ontem, o placar mostrou que Temer não tem votos garantidos para aprovar a reforma previdenciária. Se queria impressionar bem as tais forças do mercado com uma exibição de força, não funcionou.
E como daqui para a frente a reação popular às reformas deve aumentar, a começar pela greve geral de amanhã, será mais difícil tanger os votos da base. Deputados que só pensam na reeleição vão sentir-se ainda mais pressionados a votar contra. Ou pelo menos a mitigar ainda mais a proposta, tirando-lhe a relevância. Segundo pesquisa Vox Populi, 93% dos brasileiros rejeitam esta reforma que, para muitos, transforma a aposentadoria numa miragem.
Somando-se aos 296 votos obtidos pelo governo na votação de ontem aos 177 que votaram contra, temos 473 votos. Isso significa que, dos 513 deputados, 40 não votaram ontem. Neste universo, o governo, com todo seu arsenal de vantagens, poderá perfeitamente capturar os 12 votos que faltaram para o quórum qualificado de que precisará na reforma previdenciária. Mas se estes 40 preferiram não comparecer ontem, apesar de todos os apelos de Temer, é sinal de que estão evitando se comprometer.
Tudo isso, ainda vamos conferir. Ontem o governo ganhou, aprovando a reforma social mais regressiva de todos os tempos. Mas ainda há jogo político pela frente na batalha das reformas. Eduardo Cunha aprovou um projeto de terceirização que o Senado depois engavetou. Lá agora tem Renan Calheiros jogando contra as duas reformas. Com o resultado de ontem, e depois da greve de sexta-feira, o governo vai aumentar a pressão sobre a base aliada. Afinal, se não entregar estas reformas o que será de Temer, que tem como único trunfo a maioria parlamentar?
GREVE GERAL POR TEMPO INDETERMINADO! VEJAM O QUE DISSE O JUIZ ANDRE MACHADO:
Se a classe que vive do trabalho tivesse a noção do que está para acontecer essa greve geral do dia 28 seria por tempo indeterminado.a "Acabei de ler o Substitutivo ao PL 6.787/16 que trata da reforma trabalhista. Se pudesse resumir o que está acontecendo, eu diria que o direito do trabalho, como direito tutelar, deixará de existir. Se a natureza tutelar deixa de existir, o próprio direito do trabalho perde o sentido. Todas as propostas foram elaboradas claramente com o intuito de defender os interesses do capital. Não se trata apenas de uma "molecagem" com o direito do trabalho, como pontuou de forma espirituosa um valoroso colega magistrado, nosso amigo aqui no Facebook. Trata-se da aplicação do aspecto mais perverso do neoliberalismo que é a redução do trabalhador a um ser isolado, numa luta infindável pela sobrevivência, de todos contra todos. Se a classe que vive do trabalho tivesse a noção do que está para acontecer essa greve geral do dia 28 seria por tempo indeterminado." Andre Machado, juiz da 6a. Região e membro da Amatra 6a. Região.
Faltando três dias para a greve geral em defesa dos direitos dos trabalhadores, lideranças da Igreja Católica têm multiplicado gestos que confirmam um engajamento cada vez maior no apoio a mobilização marcada para 28 de abril. Ao lado das palavras cuidadosas de dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, em entrevista publicada no site da CNBB, manifestando simpatia aberta pelas reivindicações mas sem assumir a assumir o compromisso formal de apoio a greve, uma parcela crescente da hierarquia católica têm contribuído para ampliar a resistência popular contra mudanças que ameaçam direitos e conquistas históricas dapopulação.
Na mais recente manifestação, na tarde de ontem, as Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus divulgaram em São Paulo um comunicado no qual informam com todas as letras "nossa adesão à paralização nacional a ser realizada no dia 28 de abril," em apoio às reivindicações "contra a Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e o Projeto de Terceirização aprovado pela Câmara de Deputados, " pontos que sintetizam o cada vez mais precário equilíbrio do governo Temer. Não é só. Quem se der ao trabalho de assistir e compartilhar os vídeos gravados por dom Anuar Battisti, arcebispo de Maringá, dom Manoel Delson, arcebispo de Campina Grande, e dom Gilberto Pastana, do Crato, que convocam a população a participar da greve geral desta sexta-feira, terá oportunidade de testemunhar um momento particular.
É preciso retornar aos livros que relatam os momentos mais duros da resistência a ditadura militar de 1964 para encontrar um engajamento tão profundo da hierarquia católica numa questão que ocupa o centro do debate político e exprime o difícil . No mais tradicional evento do universo católico, as missas de domingo, a pregação de padres contra as reformas da agenda Temer-Meirelles tornou-se assunto obrigatório, o que têm preocupado as lideranças do governo -- receosas da conta a ser cobrada pelo eleitorado -- como o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que chegou a discutir o assunto com o presiden
O desastrado convite levado por João Dória ao Papa Francisco para um encontro de Sua Santidade com Temer explica-se neste contexto. Integrado à linhagem conservadora católica que chega a Opus Dei, adversária frontal do Papa e das mudanças que têm promovido na Igreja, Temer dispõe de inúmeros instrumentos de negociação e mesmo de pressão do Estado brasileiro para fazer tratativas com o Vaticano. Já a negativa de Francisco à oferta se compreende pelo momento político -- ainda que o sentido seja oposto. Com um reconhecido sentido político, o papa não pretende tomar qualquer iniciativa que possa servir de conforto a uma causa que considera prejudicial as maiorias.
"Tenho muita experiência na luta popular," afirma Gilberto Carvalho. Formado em círculos operários católicos antes de se tornar uma liderança do Partido dos Trabalhadores e ministro dos governos Lula e Dilma, ele disse ao 247 que "em tempos recentes não me lembro da Igreja mostrar um engajamento tão pesado." Há duas semanas, esse engajamento assumiu um caráter mais organizado. Numa conversa que durou 40 minutos, dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, recebeu as principais lideranças da greve geral, num conjunto que foi da CUT à Comlutas, o MST e o MTST, além da CTB. "A postura de dom Leonardo foi de acolhimento," resume um dos presentes.
Na década de 1970, quando a Igreja passou a se opor à mesma ditadura que havia ajudado a construir em 1964 através das Marchas com Deus pela Família e pela Liberdade, peça fundamental do golpe que derrubou João Goulart, a ruptura ocorreu em função de uma prática intolerável -- a tortura e execução de presos políticos. Foi a partir da denuncia incansável destes crimes que, numa sequência de atos de grande coragem, dom Paulo Evaristo Arns e outras lideranças uniram-se ao movimento operário, à luta dos estudantes e da população carente para colocar o regime contra a parede, forçando a porta de saída. No Brasil de 2016-2017, não se cometeu o mesmo erro de meio século atrás.
Em tom moderado, mas com palavras firmes, a CNBB condenou o golpe contra Dilma, já na fase de preparativos. Em abril, logo depois que, num domingo tenebroso, a Câmara de Deputados aprovou o afastamento da presidente, o Premio Nobre da Paz Adolfo Perez Esquivel, uma espécie de embaixador moral do Vaticano de Francisco, esteve no país para trazer uma mensagem. Denunciou o "golpe branco" -- querendo dizer que, mesmo sem derramamento de sangue nem tanques nas rua, havia ocorrido uma ruptura institucional grave e inaceitável.
Parte da postura da hierarquia da Igreja diante da greve geral pode ser explicada pela pequena revolução interna que o Papa Francisco tem promovido desde que foi escolhido para o lugar de Bento XVI. Primeiro papa com uma atuação indiscutivelmente progressista desde o fim do pontificiado de João XXIII, encerrado em 1963, a simples escolha de Jorge Mario Bergoglio implicou num fato relevante para o que se vê nos dias de hoje, na eterna disputa política que também marca a vida cotidiana de padres e bispos brasileiros. Sua candidatura foi pavimentada pela derrota acachapante da facção ultra-conservadora do clero, que tentou suas chances com o nome de dom Odilo Scherer, cardeal de São Paulo, descartado logo na primeira rodada.
Quatro anos depois, Francisco é uma liderança reconhecida como poucas num mundo que não cessa de produzir manifestações cada vez mais frequentes de desgoverno. Tem um papel inegável, dentro e fora da Igreja, por sua capacidade de expressar as angústias e o sofrimento daquela imensa parcela da humanidade excluída da globalização e cotidianamente abandonada pelos profetas mais festejados do mercado e do Estado Mínimo.
Entre muitos outros efeitos, a presença de Francisco no Vaticano funciona como uma "cobertura moral e eclesiástica" -- a definição é de Gilberto Carvalho -- para o engajamento da CNBB ao lado dos sindicatos, que inclui até a assinatura de uma nota conjunta, divulgada em 19 de abril, ao lado da OAB e do Conselho Nacional de Economistas, fato raro em sua história. Dizendo que a "sociedade brasileira deve estar atenta as ameaças de retrocesso," as três entidades dão um destaque particular ao projeto de reforma da Previdência, dizendo que "não pode ser aprovada apressadamente, nem pode colocar os interesses do mercado financeiro e as razões de ordem econômica acima das necessidades da população".
A causa principal desse comportamento é interna. Envolve o desempenho ruinoso do governo Temer, sintetizado pela implacável rejeição de 79% dos brasileiros. Mais uma vez na visão de Gilberto Carvalho, é "a radicalidade das mudanças que Temer quer impor " que explica o engajamento firme da CNBB. Mesmo num país já desigual e com tantas carências como o Brasil, maioria da população corre o risco de ser submetidas a degraus ainda mais dolorosos de sofrimento e incertezas.
Nesta situação, é compreensível que, além de abrir as portas das igrejas e diversas entidades religiosas para o descontentamento e as reivindicações populares, os próprios líderes católicos tenham assumido a tarefa de convocar as mobilizações. Nesse caminho, em seu vídeo o arcebispo de Maringá Anuar Battisti apela à população para "participar do dia 28 e gritar pela dignidade." Diz que os fiéis devem colocar o ato "na agenda e não deixar de erguer sua voz para contestar." Caso contrário, acrescenta, "o prejuízo ficará para todos."
Já Dom Manoel Delson, de Campina Grande, usa o vídeo para fazer a discussão de fundo sobre a Previdência. Não só questiona a necessidade de mudanças no sistema público de aposentadorias. Ainda recorda que, caso fosse mesmo preciso fazer alterações na Previdência, seria preciso atingir os benefícios de quem ganha altos salários e embolsa pensões integrais, mas "a reforma nada diz sobre isso."
O teste definitivo sobre a intensidade desse apoio a greve geral será feito a partir da manhã de quarta-feira, 26, quando será aberta a Assembléia Geral da CNBB, em Aparecida, São Paulo. Elaborada há um ano, a pauta do encontro prevê um debate sobre Conjuntura Nacional, que irá abrir para espaço para discussão sobre o dia 28 e seus desdobramentos. Pode-se prever -- o que é natural num evento desse tipo -- uma ofensiva das lideranças alinhadas com o governo Temer, que receberá espaço e atenção junto a mídia amiga. O efeito real sobre as três centenas de bispos que estarão reunidos é bem menos provável. "O que está sendo feito agora por padres e bispos reflete o sentimento médio da Igreja hoje," disse ao 247 um médico que já completou meio século de militância em círculos católicos. Ainda que provoquem questionamentos internos, as resoluções cotidianas da CNBB não são decisões tomadas no vazio, mas refletem a postura de seu Conselho-Geral, com 48 integrantes.
CNBB PEDE MOBILIZAÇÃO CONTRA REFORMAS E PODE APOIAR GREVE GERAL
Secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, afirmou nesta quarta-feira 25, em entrevista ao site da CNBB, que "reformas de tamanha importância não podem ser conduzidas sem esse amplo debate", como as propostas do governo Temer para mudar as regras da Previdência e trabalhista; "Certamente o conteúdo das manifestações se dará no sentido de defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, de modo muito particular dos mais pobres", diz Steiner; "O movimento sinaliza que a sociedade quer o diálogo, quer participar, quer dar sua contribuição", completou; a conferência está reunida em Aparecida (SP) para sua assembleia geral, da qual pode gerar um posicionamento mais assertivo contra as reformas e a greve geral do dia 28 nesta semana
247 - O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, afirmou nesta quarta-feira 25, em entrevista publicada no site da CNBB, que "reformas de tamanha importância não podem ser conduzidas sem esse amplo debate", como as propostas do governo Temer para mudar as regras da Previdência e trabalhista.
"Certamente o conteúdo das manifestações se dará no sentido de defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, de modo muito particular dos mais pobres", diz Steiner. "Consideramos fundamental que se escute a população em suas manifestações coletivas", acrescentou, lembrando ainda que "o movimento sinaliza que a sociedade quer o diálogo, quer participar, quer dar sua contribuição".
A conferência está reunida em Aparecida (SP) para sua assembleia geral, da qual pode gerar um posicionamento mais assertivo contra as reformas e a greve geral do dia 28 nesta semana. Confira a entrevista:
Qual é a posição da CNBB sobre a anunciada greve geral do dia 28 de abril?
A partir de amanhã, quarta-feira, 26 de abril, os bispos estarão reunidos em assembleia geral, em Aparecida (SP). A assembleia é a instância suprema da Conferência e dela pode sair novo posicionamento. Posso agora, reafirmar o que o Conselho Permanente da CNBB já declarou em Nota: "Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados".
Nesse sentido, consideramos fundamental que se escute a população em suas manifestações coletivas. Claro que nosso olhar se dá na perspectiva da evangelização e nossa posição brota das exigências do Evangelho. E isso significa reafirmar a busca do diálogo, da paz e do entendimento. Na afirmação dos bispos está a orientação de que esses momentos sejam marcados pelo respeito à vida, ao patrimônio público e privado, fortalecendo a democracia.
Qual o impacto de uma greve geral neste momento?
Certamente o conteúdo das manifestações se dará no sentido de defesa dos direitos dos trabalhadores do campo e da cidade, de modo muito particular dos mais pobres. O movimento sinaliza que a sociedade quer o diálogo, quer participar, quer dar sua contribuição. Reformas de tamanha importância não podem ser conduzidas sem esse amplo debate.
O Congresso Nacional e o Poder Executivo, infelizmente, têm se mostrado pouco sensível ao que a sociedade tem manifestado em relação às reformas. Os brasileiros e brasileiras desejam o bem do Brasil e para construir uma nação justa e fraterna querem participar das discussões e encaminhamentos.
É oportuno apresentar propostas de reformas na atual conjuntura?
O Brasil vive um momento particular de sua história, uma crise ética. Há situações de enorme complexidade nos quais estão envolvidos personagens do cenário político, sem falar da crise econômica que atinge a todos. Como encaminhar mudanças sem o respaldo da sociedade? Propostas de reformas que tocam na Constituição Federal, no sistema previdenciário, na CLT merecem estudo, pesquisa e aprofundamento. Sem diálogo não é possível criar um clima favorável que vise o bem do povo brasileiro.
Muitos se surpreenderam com o adiamento do depoimento de Lula. Eu não. Nem comprara passagem de avião nem aceitei convites para integrar caravanas que iriam por via terrestre até Curitiba em 3 de maio, data inicialmente agendada por Sergio Moro para o depoimento.
Confesso que estava cético quanto à realização desse depoimento. Já explico por quê.
De segunda (24) para terça-feira (25), surgiram hipóteses se contrapondo à razão oficialmente alegada para adiamento do depoimento que o ex-presidente Lula daria ao juiz Sergio Moro em Curitiba no início do mês. Vejamos, primeiro, a explicação oficial.
Oficialmente, está sendo dito que mudança de data de 3 para 10 de maio decorre de pedido da Polícia Federal. A decisão de mudar a data do depoimento foi confirmada pelo próprio Moro à cúpula da PF, em reunião em Curitiba, há algumas semanas.
A polícia argumentou que precisaria de mais tempo para organizar a segurança no local e que o feriado do dia do Trabalho, 1º de maio, dificultaria ainda mais a operação.
A explicação parece ridícula. Tão ridícula que colunistas da mídia antipetista se entregaram a especulações. De todos, dois articulistas renomados se destacam. Um pela estupidez e o outro pelo bom senso. Mas nenhum deles me parece totalmente certo.
Comecemos pelo mais idiota.
Merval Pereira é ridículo. E não teme ser ridículo. Suas análises se baseiam em desejos e são rasas como um Pires. Confira.
Quer dizer, então, que Sergio Moro adiou o depoimento de Lula, sob razões falsas, porque, na verdade, quer prender o ex-presidente?
Ok. Moro está sendo paciente com Lula. Deveria era prendê-lo por usar seu direito de lutar por sua inocência, apresentando testemunhas, tentando conduzir o processo da forma que lhe for mais favorável, segundo Merval.
Se esse cara quiser me processar é seu direito, mas acho que Merval Pereira é um idiota. Não posso dizer que o acho um colunista idiota? Qualquer leitor meu poderá me achar idiota que eu aceitarei. Poderei até dizer que ele é que é idiota por me dizer idiota, mas não o processarei por isso.
Eu tenho o direito de dizer que acho Merval Pereira um idiota por ele escrever que acha que Lula vai ser preso porque a Lava Jato adiou seu depoimento do dia 3 para o dia 10 a fim de reunir “mais provas” para prendê-lo.
Ora, se Moro já tem provas para prender Lula no dia 3, por que precisa de “mais provas”? No dia em que escrevo, faltam 8 dias para o dia 3 de maio. Não são suficientes? Moro precisa de 15 dias em vez de 8 para reunir provas “suficientes” para prender Lula?
Como se vê, ninguém pode me culpar por achar que o articulista Merval Pereira é um idiota pronto e acabado.
Mas há vida inteligente na grande mídia. Discordo tanto de Reinaldo Azevedo que até dói, mas ele não é um idiota. É inteligente e sensato o suficiente para se aprimorar como adversário ideológico da esquerda.
É muito mais difícil discordar de Reinaldo Azevedo do que de Merval Pereira porque o primeiro tem cérebro e o outro tem uma caixa craniana vazia como um balão inflado.
Ainda assim discordo do Reinaldo, em alguma medida. E do Merval. Eles acreditam que a desculpa da preparação da segurança contra manifestantes não é séria. Até aí, concordo também.
Outro antipetista, porém muito menos inteligente, mostra como essa desculpa é furada, apesar de dizer um monte de bobagens.
Ouça a opinião do comediante Marcelo Madureira, que como analista político é um péssimo comediante.
Agora vamos ao que acho serem as verdadeiras razões para o adiamento do depoimento de Lula.
Razão 1: Moro não tem provas e deve empurrar o depoimento com a barriga por mais tempo.
Razão 2: Moro quer desmobilizar os manifestantes.
Você dirá: “Mas Eduardo, você mesmo não disse que se Moro não tem provas até agora, uma semana a mais não adiantaria nada?”
Sim, eu disse e mantenho. Mas quem disse que Moro irá adiar uma vez só o depoimento de Lula? E se na semana que vem ele adiar do dia 10 para o dia 20, por exemplo? Com isso, ele mata dois coelhos com uma cajadada só.
Vejamos: alguns adiamentos sucessivos esvaziarão a militância presente ao depoimento de Lula. As pessoas têm que se agendar para ir de uma cidade a outra, de um Estado a outro. Quem desmarcou ou postergou compromissos, quem pediu licença do trabalho, quem estava com o dinheiro contado e comprou uma passagem de avião, todos esses terão problemas.
Então, Moro pode começar a adiar sucessivamente esse depoimento para que Lula não tenha apoio tão grande do lado de fora da sala de audiência no prédio da Justiça Federal em Curitiba, o que seria péssimo em termos de mídia para um magistrado midiático como ele.
Em 1945, ao vencer a II Guerra, os americanos trataram de se livrar de alguns líderes que os atormentavam.
Depuseram Vargas e demitiram Perón, que era Ministro da Assistência Social, já na companhia da Evita.
Os militares argentinos prenderam Perón na isla Martín Garcia, no rio da Prata.
Um milhão de argentinos foram para as ruas de Buenos Aires e arrancaram Perón da cadeia.
Perón saiu de lá e se elegeu Presidente da Argentina, contra um candidato Radical, que levava o embaixador americano para o palanque.
Esses aventureiros da Força Tarefa da Lava Jato se acham no direito de abusar da arbitrariedade - e da autoridade, como diz o Requião - e acham que podem cometer qualquer violência.
Embarcaram na histeria da Globo Overseas Investment BV e na fúria do Ataulpho Merval, que quer ser o Japa que vai levar o Lula algemado à cadeia (a tempo de pegar o jornal nacional...)
O mundo da política, já se percebe, está longe dessa histeria, da prisão do Lula a qualquer custo...
O Mineirinho, o Careca e o Santo, sem falar nos caciques do PMDB, não embarcaram nessa histeria.
Eles já viram no que deu embarcar no Golpe: a primeira vítima do Golpista é o Golpista...
(O FHC Brasif, sim, permanece na caça ao Lula, porque não tem mais nada a perder... Nem a reputação... Só os imóveis ...)
É porque a Política conhece a História - não é como esses neófitos presunçosos da Lava Jato e seus trombones no PiG.
Aqui, no Brasil, os militares foram mais espertos que os argentinos e não prenderam Vargas.
Foram mais prudentes. Adiaram a volta dele ao poder, por quatro anos.
E botaram no poder o Dutra, um FHC, um MT.
Depois, é verdade, os militares mandaram o Lacerda puxar o gatilho do revólver que ele tinha no peito.
Mas, essa é outra História.
Quem quiser conhecer os detalhes da esclarecedora narrativa sobre a prisao do Peron, recomenda-se assistir ao excelente filme Juan e Evita ou ler o capítulo "Mundo" do também excelente livro de Aldo Rebelo, "O jogo vermelho".
Entre os dias 12 e 14 últimos, a roubalheira dos tucanos em São Paulo e Minas Gerais finalmente foi noticiada no “Jornal Nacional”. Uns poucos minutos. Mas como tucanos têm queixo de vidro e não aguentam nem um tapinha, a Globo sumiu com eles e o telejornal passou a atacar Lula e só ele. Há dez dias que o maior telejornal do país se dedica exclusivamente a atacar o petista. Assista vídeo que denuncia essa vergonha.
PILOTOS E COMISSÁRIOS DE VOO PODEM ADERIR À GREVE GERAL
Aeronautas de todo país decidiram em assembleia nesta segunda-feira decretar estado de greve para pressionar o governo e parlamentares a fazer mudanças no texto da reforma trabalhista que tramita em regime de urgência no Câmara; uma nova reunião da categoria está marcada para a próxima quinta, quando os profissionais decidirão se paralisam suas atividades ou encerram o movimento; paralisação ocorreria na sexta-feira 28, em adesão à greve geral contra as reformas do governo Temer, às vésperas do feriado de 1º de Maio
Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil
Os pilotos e comissários de voo de todo país decidiram hoje (24), em assembleia, decretar estado de greve para pressionar o governo e parlamentares a fazer mudanças no texto da reforma trabalhista que tramita em regime de urgência no Câmara dos Deputados. Uma nova reunião da categoria está marcada para a próxima quinta-feira (27), quando os profissionais decidirão se paralisam suas atividades ou encerram o movimento.
Os aeronautas reclamam principalmente do trecho da reforma que trata do trabalho intermitente, permitindo a convocação apenas para trabalhos esporádicos, sem contratação permanente. Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Rodrigo Spader, como as empresas aéreas têm períodos de altos e baixos na movimentação, o trabalho intermitente poderia ser aplicado, prejudicando os empregados do setor.
"Nos períodos de baixa nós seriamos dispensados do nosso trabalho e seríamos chamados somente quando a aeronave voasse novamente. Então isso atingiria tanto pilotos de pequenas aeronaves como de grandes empresas."
Segundo Spader, a prática poderia inclusive prejudicar a segurança do transporte aéreo. "Os pilotos e comissários necessitam ter um trabalho contínuo para a manutenção das habilidades técnicas. Se um aeronauta voa um mês e folga outro a todo momento, até os níveis de segurança de voo podem ser afetados", disse.
Justa causa
Outro ponto da reforma trabalhista criticado pelos aeronautas é a dispensa por justa causa no caso de perdas de licenças ou certificados. De acordo com Spader, no caso dos pilotos e comissários isso seria um retrocesso. "Justamente em um momento de fragilidade do aeronauta, em que ele perde uma licença, ou por exame médico ou para voar em uma determinada aeronave, ele seria demitido, sem direito ao saque do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço], aviso prévio", criticou o presidente do sindicato.
A categoria pretende conversar nos próximos dias com o relator do projeto, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), e com outros parlamentares para apresentar emendas que modifiquem o texto da reforma. "Queremos pressionar o governo para efetivamente negociar a reforma", disse Spader.