Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Por que Alckmin foge do racionamento da água como o diabo da cruz

Alckmin inaugurando o volume morto

Para o professor Júlio Cerqueira César Neto, o grande responsável pela atual crise da água é Alckmin: “É uma crise anunciada que começou a ser gestada em 2001, quando ele assumiu o governo de São Paulo”

por Conceição Lemes

24 março de 2014. Em entrevista ao Viomundo, o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, professor aposentado de Hidráulica e Saneamento da Escola Politécnica da USP, denunciou que Alckmin e a Sabesp já faziam racionamento de água nas áreas pobres da capital há mais de dois meses e mentiam:

“Apesar de o nível do sistema Cantareira diminuir dia após dia, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) insiste: o racionamento de água está descartado em São Paulo”.

“Na verdade, o racionamento começou há mais de dois meses. A Sabesp já está cortando água em vários pontos da cidade de São Paulo e em municípios da região metropolitana, como Osasco, Guarulhos, São Caetano do Sul. Em português, o nome desses cortes é racionamento”.

“Só que essa forma de fazer o racionamento me parece completamente injusta, pois é  dirigida aos pobres; vão deixar os ricos para o fim”.

“Ao não contar todas as coisas que está fazendo, o governador mente”.

“O sistema  de chuvas funciona de acordo com ciclos naturais da natureza. Esses ciclos de secas e enchentes, menos água, mais água – chamados de ciclos hidrológicos negativos –, ocorrem naturalmente. Nós não temos influência grande nisso. Nosso sistema de abastecimento de água, portanto, deveria ter sido feito de forma a prevê-los e superá-los. Não é o que aconteceu”

“O nosso abastecimento de água está totalmente insuficiente em função das disponibilidades que o meio ambiente nos fornece. Se o governo do Estado tivesse feito há mais de 10 anos as obras de reforço necessárias, nós não teríamos falta d’água hoje”.

14 de janeiro de 2015. Quase dez meses após a denúncia do Viomundo e de ter passado toda a campanha eleitoral de 2014 negando o racionamento de água, Alckmin admitiu-o:

“O racionamento já existe, quando a ANA [Agência Nacional de Águas] determina. Quando ela diz que você tem que reduzir de 33 para 17 [metros cúbicos por segundo] no Cantareira, é óbvio que você já está em restrição. O que estou dizendo é que se tirávamos 33 metros cúbicos por segundo [de água], e hoje estamos tirando 17, é óbvio que nós temos uma restrição hídrica”.

Foi após a juíza Simone Viegas de Moraes Leme, da 8ª Vara de Fazenda Pública, conceder liminar no dia anterior, 13 de janeiro, proibindo a cobrança de multa para quem consumisse água a mais.
Em menos de 24 horas, essa decisão foi cassada pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini.

A Justiça autorizou, assim, a cobrança de multa – a chamada sobretaxa — em 31 cidades atendidas pela Sabesp, inclusive a capital. A multa será de 40% para quem consumir até 20% acima da média registrada entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014. Caso o consumo exceda a média de 20%, a multa será de 100%.

15 de janeiro de 2015. Um dia após admitir a toda a imprensa a existência do racionamento, Alckmin voltou atrás com a desculpa esfarrapada de que  foi mal interpretado:

“Estamos evitando o racionamento. O que é o racionamento? É você fechar o registro. Então, estamos procurando através de campanhas, de bônus, da utilização das reservas técnicas [o volume morto], da integração dos sistemas ultrapassar essa dificuldade da crise da seca”.

“Lamentável que o senhor Geraldo Alckmin tenha mudado de opinião de um dia para o outro”, critica o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto. “O governador não tem preocupação com a realidade e a verdade dos fatos. Ele só está preocupado em eleger o próximo prefeito e depois se eleger à presidência.”

“Será que o governador vai mudar de opinião amanhã ou depois de amanhã?” questiona o advogado Carlos Thadeu, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “O governador, o presidente da Sabesp e o secretário de Saneamento e Recursos Hídricos estão perdidos, pois não têm um plano B para a crise da água.”

MÍDIA FOI E CONTINUA SENDO CÚMPLICE E PARCEIRA DE ALCKMIN NA CRISE HÍDRICA

Em 1º de janeiro, no discurso de posse do novo mandato, o governador salientou:
Um dos pilares deste governo será o da inovação permanente, sempre a serviço do cidadão. Temos, a nosso favor, um histórico do qual nos orgulhamos.
Transparência absoluta: Portal da Transparência, Bolsa eletrônica, Indicadores Criminais, Salários dos servidores na internet.

Transparência absoluta?! Só se for em Marte, no Estado de São Paulo de jeito nenhum.

A crise hídrica é a maior prova. Desde o início, Alckmin a trata com sofismas, inverdades e dissimulações, porque tem a seu favor a mídia tradicional, que acoberta todos os seus malfeitos, inclusive os da água.
Primeiro, a grande mídia quase não divulgou a falta de água enquanto o problema atingia apenas a periferia. Tanto que praticamente ignorou-a durante o primeiro semestre de 2014.

Depois, relacionou a falta de água a apenas aspectos climáticos — “estiagem”, “seca”, “falta de chuvas”. Omitiu e passa por cima até hoje da falta de planejamento de Alckmin e de seu antecessor José Serra (PSDB).

“Com a complacência da mídia, o governo Alckmin passou toda a campanha eleitoral de 2014 , enviando sinal trocado em relação à crise da água”, observa Edson Aparecido da Silva, coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental. “Ao mesmo tempo em que pedia para economizar água, afirmava que ela não faltaria e tudo estava sob controle.”

Em português claro: a mídia “comprou” e” vendeu” a versão dos tucanos paulistas de que a culpa é de São Pedro, poupando a incompetência e a irresponsabilidade do governo Alckmin de não ter investido em novos mananciais, como estava previsto desde 1995.

Marzeni Pereira da Silva, oposição no Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP), reitera denúncia feita ao Viomundo em novembro de 2014: “A mídia foi e continua sendo cúmplice e parceira do governo Alckmin na crise de abastecimento de água em São Paulo”.

Tanto que fez vista grossa às artimanhas tucanas para aprovação da sobretaxa.
AUDIÊNCIA NA ANTEVÉSPERA DO ANO NOVO: “MÁ-FÉ E JOGO DE CARTAS MARCADAS”

Em 18 de dezembro, sem ouvir órgãos de defesa do consumidor e entidades da sociedade civil que atuam em defesa dos recursos hídricos, Alckmin anunciou a criação da sobretaxa. Também disse que a Arsesp – a agência reguladora de saneamento e energia ligada ao governo do Estado – tinha aprovado naquele dia.

Não foi bem assim.

A Arsesp é a responsável pela autorização ou veto à sobretaxa proposta pelo tucano. Oficialmente ainda não tinha se manifestado sobre a questão.

Só no dia seguinte ao anúncio de Alckmin foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo o comunicado da Arsesp convocando uma audiência pública para deliberar sobre a tarifa de contigência na conta da água, que é como ela chama a multa, ou sobretaxa.

A Arsesp convocou a audiência para – pasmem! — 29 de dezembro de 2014.

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“A data foi proposital, de má-fé”, acusa o coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental. “Na antevéspera do Ano Novo, a possibilidade de mobilização é muito reduzida. O objetivo era que não fosse ninguém.”

Mesmo com a manobra da Arsesp, houve grande mobilização e compareceram, além do pessoal da casa (membros da Sabesp e da própria agência), 23 representantes de quatro entidades e cidadãos. A saber: Comissão de Direito do Consumidor da OAB-SP,  Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Proteste, Instituto Socioambiental  e Instituto Pró-cidadania.

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Na mesa da audiência pública só diretores da Arsesp. Da esquerda para a direita: Waldemar Bon Júnior (Relações Institucionais); José Bonifácio de Souza Amaral Filho (Regulação Econômico-Financeira e de Mercados); Antonio Luiz Souza de Assis (Regulação Técnica e Fiscalização dos Serviços de Distribuição de Gás Canalizado); e Anton Altino Schwyte  (superintendente de Análise Econômica Financeira)

Durante a audiência, depois em documento (na íntegra, ao final) enviado à Arsesp , as quatro entidades impuseram uma condição para aprovação da sobretaxa. A de que o governador Geraldo Alckmin decretasse oficialmente o racionamento, como determina o artigo 46 da lei federal do Saneamento Básico 11.445/07:

“Em situação crítica de escassez ou contaminação de recursos hídricos que obrigue à adoção de racionamento, declarada pela autoridade gestora de recursos hídricos, o ente regulador poderá adotar mecanismos tarifários de contingência, com objetivo de cobrir custos adicionais decorrentes, garantindo o equilíbrio financeiro da prestação do serviço e a gestão da demanda”

A Arsesp, desde sempre aparelhada pelos tucanos, simplesmente ignorou o documento das entidades e a determinação legal e autorizou a cobrança da sobretaxa da água.

“A audiência foi só para cumprir uma formalidade legal”, observa Edson Aparecido da Silva. “A decisão já estava acertada com Alckmin. Jogo de cartas marcadas. Desrespeito com as entidades que compareceram à audiência e com a sociedade em geral.”

“Decretar oficialmente o racionamento não é mera formalidade como tenta fazer crer o governador”, avisa Carlos Thadeu, do Idec. “Além de tornar legal a cobrança da sobretaxa para quem usar mais água, implica transparência de tudo o que está acontecendo. O consumidor tem o direito à informação.”

DNA DE ALCKMIN DESDE 2001, QUANDO TEVE INÍCIO A GESTAÇÃO DA ATUAL CRISE  

O fato é que o governador passou esse último ano escondendo e/ou maquiando a verdade verdadeira sobre a crise da água na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

“Na verdade, o grande responsável por essa crise da água que estamos vivendo em São Paulo é o senhor governador Geraldo Alckmin”, afirma o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto. “É uma crise anunciada que começou a ser gestada em 2001, quando ele assumiu o governo de São Paulo, logo após a morte de Mario Covas.”

Alckmin, só para relembrar, foi governador de 6 de março de 2001 a 31 de março de 2006. De 2007 a 2010, o posto foi ocupado por José Serra, que também tem culpa no cartório. Não fez o que deveria. Em 1 de janeiro de 2011, Alckmin voltou a ocupar o Palácio dos Bandeirantes, onde está até hoje.

Não é à toa que ele foge do racionamento da água como o diabo da cruz. Quer evitar a todo custo o carimbo de governador do racionamento, ou do rodízio. Tal como aconteceu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o apagão de energia elétrica, em 2001.

O DNA de Alckmin, porém, está ao longo de todo processo que desembocou na atual e gravíssima crise, como mostra o professor Júlio:

1985: Inaugurado o Cantareira, um sistema de Primeiro Mundo.  Capacidade de 66  m³/s, para uma demanda:51 m³/s. A RMSP tinha 14 milhões de habitantes.

2000: Capacidade disponível e demanda eram iguais: 66 m³/s.
Para uma população de 18 milhões, o sistema já estava meia boca, como diz o professor Júlio. Foi o início do déficit de abastecimento de água. Nessa altura, já deveria ter sido providenciado novo manancial de grande porte.

2003: Foi o primeiro alerta. Estiagem prolongada levou o sistema Cantareira à beira do colapso.

2004: Nesse ano foi feita a renovação da outorga (direito de utilização da água) do sistema Cantareira por 10 anos. No contrato, foram incluídas várias exigências que deveriam ser cumpridas pela Sabesp nesse período de dez anos. Entre elas, a implantação de novos mananciais para atender a região metropolitana, diminuindo, assim, a dependência do Cantareira no abastecimento dessa área.
A renovação da outorga venceu em agosto de 2014  e a Sabesp não cumpriu essa exigência.

2005: O DAEE (Departamento de Águas e Esgotos do Estado de São Paulo) concluiu as barragens de Biritiba-Mirim e Paraitinga e disponibilizou mais 5,7 m³/s do sistema Alto Tietê para a região metropolitana. Só que não pode ser usado porque a Sabesp não tinha ampliado a capacidade da Estação de Tratamento de Água de Taiaçupeba de 10 para 15 m³/s. Taiaçupeba só passou a usar essa vazão em 2012.

2007: A Sabesp declarou oficialmente que era gravíssima a situação da deficiência dos mananciais da RMSP e não tinha condições de superá-la.

A empresa solicitou então ao governo paulista que assumisse essa responsabilidade. O que ele fez. Para isso, contratou a elaboração do Plano Diretor de Recursos Hídricos da Macrometrópole Paulista. O prazo para execução era de 180 dias, mas somente foi concluído em outubro de 2013.

2012: Sabesp detectou o início do processo de estiagem através da diminuição das reservas nos seus reservatórios.

2014: A RMSP tem 22 milhões de habitantes. A capacidade disponível de água para abastecimento é de 72 m³/s enquanto a demanda era de 82 m³/s. Ou seja, sistema deficitário em 10 m³/s. Isso significa 2,7 milhões de habitantes sem água.

2014, janeiro: A Sabesp estava  preparada para dar início ao Plano de Racionamento Geral na Região Metropolitana. O governador, porém, vetou-o e assumiu pessoalmente o gerenciamento da crise.
“Quando o governador assumiu pessoalmente o comando e gerenciamento da crise, na prática, ele declarou oficialmente sua instalação”,  atenta o engenheiro Júlio Cerqueira César. “Alckmim vetou o plano da Sabesp e definiu um Plano Político para enfrentá-la.”  

Ele proibiu o racionamento e decidiu explorar todas as reservas de água disponíveis, inclusive as reservas técnicas (volumes mortos) até o seu esgotamento se necessário.  A expectativa era de que as chuvas voltariam em outubro de 2014, os reservatórios encheriam e a crise seria superada.

2015: As chuvas não aconteceram no volume esperado. A capacidade disponível de água está em 39 m³/s e a demanda em 82 m³/s. Déficit: 43 m³/s. É mais da metade da demanda numa hipótese otimista, porque estamos considerando a integridade do sistema do Alto Tietê. Caso o sistema do Alto Tietê não se recupere, o que não está fora de cogitação, o déficit atingirá 58 m³/s — 70% da demanda.

Não há solução estrutural de curto prazo para a crise. Para complicar, Alckmin esvaziou os espaços institucionais de gestão dos recursos hídricos, como os comitês de Bacia, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo, que reúne os 39  prefeitos e representantes do governo do Estado.

“Alckmin precisa convocar urgentemente os prefeitos das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas e falar a verdade sobre a crise”, defende Edson Aparecido da Silva, da Frente Nacional Ambiental. “O governador não pode continuar agindo como se a situação estivesse sob controle. O ideal seria que ele decretasse estado de calamidade pública e apresentasse um plano de contingência sério, discutido com os prefeitos e representantes da sociedade, para enfrentar a situação.”

“Não consigo encontrar um adjetivo para qualificar o quadro que teremos de enfrentar”, arremata Cerqueira César. “Só posso dizer que o que enfrentamos hoje — principalmente a população mais pobre que é a mais afetada — será refresco perto do que teremos pela frente.”

 Em tempo 1: Por que Alckmin e Serra não fizeram as obras necessárias para que não estivéssemos na atual situação? Falta de planejamento, contando com São Pedro? Incompetência? Irresponsabilidade? Opção pelos investidores da Sabesp?

Em tempo 2: Onde foram parar os lucros da Sabesp? Em 2012, foi de R$ 1,9 bilhão. Em 2013, também R$ 1,9 bilhão. Em 2014, apesar da crise, o lucro até o terceiro trimestre foi de R$ 800 milhões. De 2003 a 2013, a Sabesp teve R$13,11 bilhões de lucros. Nesse período, pagou R$ 4,37 bilhões de dividendos. O percentual de pagamento na forma de dividendos em relação ao lucro variou de 27,9% a 60,5%,este em 2003.

Detalhe: o estatuto da empresa determina que se pague, no mínimo, 25% de dividendos. A Sabesp, para alegria dos seus investidores e azar dos consumidores, pagou sempre mais.



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domingo, 25 de janeiro de 2015

Você acredita que há racionamento de luz? E de água? Qual você sente?

cinismo capa
A partir de segunda-feira da semana passada, a dita “grande imprensa” brasileira passou a tratar da mesma forma questões que estão longe de se nivelar. Como são questões que afetam diretamente a vida dos brasileiros – sobretudo os de São Paulo e Minas Gerais –, esse noticiário tem se constituído em virtual delinquência ideológica.
Apesar de ninguém que lê sobre política ser cego e surdo, vale rever exemplos de como a dita “grande imprensa” vem tratando questões absolutamente distintas, sobre fornecimento de água e luz. Apesar de os consumidores não estarem enfrentando os mesmos problemas para obter do Estado os dois serviços, a forma como são prestados está sendo tratada da mesma forma pela mídia, o que trata de desinformar o público, desviando-o da postura natural que deve ter para cada questão em particular.
Vamos aos exemplos de como a mídia trata o racionamento velado de água em São Paulo, a falta de água em algumas cidades mineiras, a mera queda do volume dos reservatórios no Rio de Janeiro e o fornecimento de energia elétrica.
Porém, o texto que melhor desnuda a estratégia da autoproclamada “grande imprensa” de equiparar o que não pode ser equiparado é editorial do jornal Folha de São Paulo publicado neste domingo, onde os donos do jornal dizem, sem pudor, que o povo enfrenta no fornecimento de energia os mesmos problemas que enfrenta no de água – em SP e, em muito menor escala, em Minas Gerais.
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Você, consumidor, é capaz de dizer que o que ocorre em São Paulo é comparável ao que ocorre nas outras instâncias supracitadas? Você, por acaso, tem conhecimento de que milhões de brasileiros ficam sem luz todo santo dia, sistematicamente, assim como há milhões de paulistas e mineiros que sofrem falta de água todo santo dia?
Conversa. Mentira. Enganação. Isso não existe. Não está acontecendo. Só o que existem são alguns “especialistas” levados a público por órgãos de imprensa que aderiram ao projeto político-eleitoral do PSDB e que OPINAM que PODE haver racionamento de luz no futuro.
Todavia, como este Blog mostrou em post recente, desde 2009 a “grande imprensa” já anunciou OITO vezes que o país estaria para começar a racionar energia. Em algum momento você teve notícia desse racionamento? Ou melhor: sentiu-o? Tem havido falta de luz sistemática no bairro em que você vive, em barros próximos ou em sua cidade?
Mesmo que algum leitor possa relatar um problema assim, jamais conseguirá PROVAR que esse problema tem ocorrido em mais do que alguns locais isolados e nunca, jamais por falta de energia, mas por conta da distribuição direta a consumidores, a cargo dos mesmos governos estaduais que também estão deixando faltar água, além de deixarem as Eletropaulos da vida deixarem faltar luz.
Não há racionamento de luz explícito ou velado – como em São Paulo – em qualquer parte do Brasil. Só o que houve foi apenas mais um dos 11 blecautes em mais de um Estado – e de breve duração, de poucos minutos ou horas – que ocorreram no país desde 2005 e que ocorrerão sempre em países continentais como o Brasil.
Há, sim, alguns jornalistas e seus empregadores afirmando, sob aval de “especialistas” de uma corrente opinativa só, que PODE, apenas PODE vir a haver racionamento. São previsões do futuro que se repetem há quase seis anos de forma sistemática, porém sem jamais terem se materializado.
Você até pode odiar o PT, mas acreditar que está acontecendo com você e com a sua comunidade o que NÃO está acontecendo, e só porque a Globo ou um jornaleco ou revista qualquer estão dizendo, é sinônimo de falta de inteligência, de credulidade, de irresponsabilidade e/ou de burrice mesmo. Pura e simples burrice.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Em 2003, SP teve crise hídrica igual; previsão era água acabar em 2010




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A cada mês de janeiro é a mesma coisa: a mídia alardeia que haverá racionamento de energia devido a algum blecaute de alguns minutos em mais de um Estado ao mesmo tempo. Em janeiro de 2013, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff teve que ir à tevê desmentir versões nesse sentido.
O ano mal começara e a Folha de São Paulo veiculou em sua primeira página, no dia 7 de janeiro de 2013,“reportagem” da então colunista do jornal Eliane Cantanhede que afirmava que o Palácio do Planalto convocara reunião de “emergência” para discutir “racionamento de energia”.
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Confira, abaixo a matéria alarmista da Folha publicada naquele 7 de janeiro de 2013
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Diante de notícia tão alarmista e divulgada com tanto destaque, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, ligou para Cantanhêde, autora da matéria em tela, para informar que a reunião não fora convocada por Dilma e nem era de “emergência”, pois integrava um cronograma de reuniões ordinárias do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) que acontece todos os meses. E divulgou, no site do Ministério, o cronograma de reuniões para 2013.
Veja, abaixo, o cronograma.
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Contudo, como o alarmismo não parava, a presidente da República teve que convocar rede nacional de rádio e tevê para acalmar a população e para anunciar expressiva redução nas contas de luz.








À época, a redução de preços – que, em alguns casos, chegou a 30% – foi duramente criticada pela imprensa oposicionista. Hoje, com a seca recorde no país, a mídia denuncia “aumento” na conta de luz que, no máximo, será um retorno aos preços pré-redução do preço da energia.

Todo começo de ano é a mesma coisa. A mídia alardeia racionamentos. Quando, a cada grande espaço de tempo, ocorre algum blecaute de alguns minutos, é a mesma cantilena: vai ter racionamento. Como em 2012, 2013, 2014, em 2015 a mídia também trouxe de volta o alarmismo energético devido a um blecaute de 45 minutos por algum acidente nas linhas de transmissão na última segunda-feira (19).

Mas isso não é novidade. A população já conhece essa cantilena e ninguém se preocupa com a hipótese de racionamento de energia. Nem os que dizem que se preocupam.

Esse escarcéu que a mídia está fazendo por conta de 45 minutos de falta de luz em alguns Estados simultaneamente visa esconder o drama do povo de São Paulo, que já enfrenta um duro racionamento, com um aumento exponencial de preços na conta de água (até 100%).

O mais impressionante em tudo isso é que o drama que vive São Paulo, à diferença da questão energética, deve-se, exclusivamente, ao PSDB do Estado, que governa São Paulo desde 1995 e que em 2003, sob o mesmo Geraldo Alckmin, enfrentara uma seca praticamente igual à de hoje enquanto todos os especialistas alertavam que o Estado ficaria sem água em, no máximo, sete anos.

Os analistas erraram. A água não terminou em 2010, mas em 2014, a partir de quando os paulistas passaram a sofrer o pior tipo de racionamento que existe, o racionamento disfarçado, que Globo, Folha,
Veja, Estadão e companhia limitada recusam-se a chamar pelo nome enquanto continuam inventando um racionamento de energia elétrica que anunciaram tantas vezes, que nunca ocorreu e nem irá ocorrer.

Confira, abaixo, reportagem da Folha de São Paulo de 12 de outubro de 2003
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Alckmin adere ao Bolsa Família. O meu adversário detona os programas do antecessor

Saiu no Estado online editorial assinado por uma repórter, que, após emitir um sem-número de opiniões (inúteis), informa que a Presidenta Dilma, numa cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, afirmou : a faxina é a faxina da miséria.

Foi na solenidade em que os governadores do Sudeste se comprometeram a aderir ao programa Brasil sem Miséria, através da ampliação do Bolsa Família.

O Governador de São Paulo referiu-se à Presidenta (com “a”) e incorporou o programa estadual do Bolsa Cidadã ao Bolsa Família.

Os estados do Rio, do Espírito Santo e, futuramente, Minas farão mesmo.

Há no Sudeste dois milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza.


O Padim Pade Cerra jamais faria isso, fosse ainda Governador de São Paulo.
(Por falar nisso, amigo navegante, diga aí alguma coisa que o Cerra tenha feito no Governo, além daquela ponte cuja maquete ele gloriosamente inaugurou.)

Um dos traços de Cerra como “administrador” é repudiar a obra do antecessor.

Na campanha em que perdeu pela segunda vez, a Presidenta lembrou ao eleitor que, ao chegar ao Governo de São Paulo, Cerra detonou as obras do antecessor, Alckmin.

(Outra característica do “administrador” Cerra é apropriar-se de programas alheios: foi o que fez com o trabalho para combater a Aids e os remédios genéricos.)

O gesto de Alckmin aplica ao Brasil sem Miséria um selo supra-partidário.

Será da Dilma, do Alckmin, do Cabral, do Casagrande – de todos.

Lamentavelmente, Cerra e a mulher jogaram o Bolsa Família na lata de lixo da batalha eleitoral.

Primeiro, Cerra aderiu ao Lula e elogiou o Bolsa Família, a ponto de prometer mundos e fundos – só faltaram bônus de Wall Street aos beneficiários do Nordeste.

Depois, a mulher, a grande estadista chilena, peça central da campanha do marido, foi para a Baixada Fluminense dizer que a Dilma era favorável ao aborto clandestino e que o Bolsa Família estimulava a malandragem.

(Até que uma aluna revelasse que a mulher do candidato da TFP tinha feito aborto no Chile.)

Alckmin tira o Bolsa Miséria da sarjeta em que se trava muitas vezes a política de São Paulo.

Ou o Cerra não é mais suspeito de detonar o Rossi ?

Em tempo: o Farol de Alexandria foi receber a Presidenta no Palácio Bandeirantes. O que indica que ele está muito mais preocupado com as honrarias do ócio do que com o futuro do Padim.

Paulo Henrique Amorim


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Todo mundo em pânico O neo-febeapá demotucano pós-pesquisa do Ibopenico


sexta-feira, 20 de agosto de 2010


Márcia Denser

- Em 16/8, segunda-feira: IBOPE: DILMA 41% x SERRA 32%. Com apenas dez dias de intervalo entre os dois levantamentos do Ibope, Dilma dobra a vantagem sobre Serra, ampliando a diferença de 5 para 11 pontos. A pesquisa, que entrevistou 2.506 pessoas entre 12 e 16/8, apurando somente os votos válidos, deu Dilma 51% x Serra 38%. Ou seja, se as eleições fossem hoje Dilma ganharia no 1º. Turno.

- Nesse mesmo dia, em Porto Alegre, sob o efeito atordoante do Ibope, Serra elogia (pela ordem) Yeda Crusius (grande governadora!), Leonel Brizola e João Goulart! Perguntinha no editorial da Carta Maior: o tucano ainda é candidato a presidente ou aspirante a compositor de samba enredo? Porque parece que vai adotar, como jingle de campanha, uma espécie de Samba do Crioulo Doido Volume 2

- Fala 2 de Zé Pedágio em Porto Alegre: ”Não sou daqueles que dizem que o Congresso Nacional tem 300 vigaristas ou picaretas. Teve alguém que disse isso. Hoje, estão todos com a outra candidata”. Serra referia-se “sem se referir” a uma declaração de Lula em 1993, porque mal do Lula ele não pode falar, aliás, segundo um analista do Estadão, cada vez que Serra fala perde mais votos, logo ...

- Ele prefere botar o Lula logo na primeira estrofe do seu jingle de campanha, o que aponta para uma séria crise de identidade, segundo Jorge Furtado em seu blog, um jingle que é: 1) uma tentativa de fraude, pois investe na ignorância ou desatenção do eleitor, numa aposta que se tornou padrão; 2)uma confissão de derrota porque nunca na história deste país (ou de qualquer outro) se soube dum candidato que incluísse no jingle, logo no primeiro verso, o nome do opositor.

Como se o hino do Corinthians desse vivas ao São Paulo FC;

- Então, voltamos ao Samba do Crioulo Doido. Zé Pedágio já testou todos os discursos e combinações possíveis: de continuador de Lula, passando por pós-Lula, até sucessor de Álvaro Uribe (minha nossa!) na liderança da direita no Cone Sul;

- E absolutamente não ajuda nada Maitê Proença, na coluna da Sonia Racy, apelar “aos machos ferozes” para que exerçam seu “direito” de discriminar ferozmente o sexo oposto evitando assim a vitória de Dilma;

- O inevitável efeito “vai perder” nos blogs sinistros, sobressaindo o Noblat. Aliás, o site AmigosdoSerra está fora do ar há semanas.

- Apesar de pesquisas de opinião informarem que Bolívia, Venezuela, Cuba, FARCs, ergo comunismo-guerrilha-anos 60, são bobagens que, ou não chegam, ou não mobilizam a população, não obstante, lá está a Dilma Terrorista como matéria-piloto da revista Época desta semana.

Em tempo: Pós-divulgação da pesquisa do Ibope e devido ao bombardeio de internautas lembrando os laços espúrios das Organizações Marinho com a ditadura, com a qual lucrou durante 20 anos, o site de Época retirou a opção de enviar e ler comentários. E pano rápido.

- Mas sempre sobrarão muitíssimos demo-tucanóides com idéias “jeniais”:

1) Senadora tucana do Mato Grosso do Sul, Marisa Serrano propõe seguro-desemprego para artistas, músicos e técnicos de espetáculos devido à “instabilidade do mercado” (Ué! Mas o mercado não é uma maravilha? Não foi o neoliberalismo que impôs o darwinismo trabalhista acima de tudo? Sem absolutamente nenhuma contrapartida?);

2) Não esqueçamos nosso precioso Paulo Renato que felizmente retirou a proposta - descaradamente eleitoreira, senão fosse totalmente imbecil - de dar R$ 50,00 para cada aluno que fizesse recuperação (e para o professor,queridinho, não vai nada?);

3) Deu na coluna da Eliane Cantanhêde: última esperança do Serra é a Dilma perder votos entre as classes desfavorecidas, sobretudo no Nordeste, por causa da exigência de dois documentos pelo TSE, a colunista cinicamente achando “super-válido e super-positivo se o lance der vitória ao Serra” (se depender aqui do Congresso em Foco, sem chance:como já fazemos há tipo 6 anos, vamos divulgar o máximo possível todos os procedimentos necessários no sentido de orientar o eleitor).

- Em que pese já estar sendo inexorável desde algum tempo a ascensão de Dilma nas expectativas de voto, simultânea à queda vertical da candidatura Serra, a campanha tucano-pefelista prosseguiu acumulando erros, furos n’água, estratégias entre anacrônicas, estúpidas e equivocadas a tal ponto de se perceber o quanto ela desconhece os corações e mentes da população que pretende manipular via PIG, representado pela rede Globo, Folha, Estadão, revistas Veja, Época, Isto É & blogueiros nefandos;

- Segundo Emir Sader, a própria revista conservadora britânica The Economist considera que o povo brasileiro gosta do Estado porque lhe garante direitos. Como esta problemática – a dos direitos – não está incluída na ótica neoliberal, a direita brasileira é vitima dos seus próprios preconceitos e fica na contramão da opinião dos brasileiros;

-Comprovadamente, outro tema que já não mobiliza a opinião pública é o “mensalão” do PT (mensalão who????). Que o diga William Bonner nas “entrevistas” com os candidatos no Jornal Nacional, cujo favoritismo explícito pró-Serra e questões tolamente capciosas anti-PT, resultaram numa verdadeira aula magna de jornalismo canalha e estúpido, uma vez que subestimou o tempo todo o espectador. Ao fim e ao cabo, disse muito, disse tudo e falou alto mas por tudo o que não foi dito, por tudo o que foi calado, truncado. Interdito.

Donde as perguntas que não querem calar (das quais Zé Pedágio se esquivou tão lindamente, como se nem fosse com ele): será que, como presidente, ele
a) vai estender o pedagiômetro por todas as estradas federais?
b) privatizar a Petrobrax, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal?
E – medida sem precedentes: c) pagar a todos os alunos para irem à escola?
d) e, nesse caso,quanto pagaria ao professor?
e) hem?

- E no retorno às aulas, botar um cartaz na entrada de todas as escolas: Welcome to School! Como eu vi ontem, terça, 17/8, à entrada do Colégio Madre Cabrini, no bairro paulistano de Vila Mariana. Pois é. E eu me queixando da falta de leitores. Lembrando aqui que ISSO é um fenômeno que ainda acontece em Sampa onde, a despeito da sucessiva e incessante hecatombe tucana que assola os governos estaduais – a propósito, parece que o estado de São Paulo nem existe mais, se mudou para Miami! – Alckmin (PSDB), o picolé de xuxu diet, novamente dispara à frente de Fernando Mercadante (PT);

- Alguns leitores e internautas definem os governos tucanos em Sampa pela sigla PPPP: Privatização, Pedágios, Presídios & Porradas (a serem distribuídas aos “subversivos da vez”, tais como policiais & professores grevistas).

O fato é que a direita não tem projeto, apenas recicla a barbárie. Só lhe resta o terrorismo ideológico alimentado pela onipresente e difusa mentira hipócrita e puritana, ora dirigida ao narcotráfico, ora aos fumantes, ora pela satanização dos movimentos sociais. Desconsiderar o que vai nos corações e mentes da população faz parte do perfil da direita cujo projeto implica fundamentalmente em promover a despolitização, privatizar absolutamente tudo o que é público, esvaziar os direitos do trabalhador e cidadão, deixar todas as questões sociais sob a tutela dum estado repressor e policialesco.

E o arremate final é do Zé Simão, no UOL, consolando Serra: “Sempre haverá um pedágio no fim do túnel”.

ET: Fechando a coluna, saiu o Vox Populi: Dilma 45% x Serra 29%, assinalando 16 pontos de diferença. Pulando mais 5 em relação ao Ibope, que marcava 11 pontos.

Nesse pé, Serra também vai se mudar para Miami.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Serra venderia a Petrobrax ? KD o diploma dele ? Vai aumentar o pedágio ?

No “Manual do repórter que entrevistar o Serra” cabe acrescentar três perguntas.

KD o dinheiro do aumento do pedágio em São Paulo ?

O Heródoto Barbero perguntou isso no Roda Morta e dançou.

Outra pergunta inevitável é: KD o diploma ?

Hoje, o PiG noticiou de luto, enquanto vertia lágrimas de sangue: “Estatal do pré-sal é aprovada no Senado – ‘Pré-Sal Petróleo S.A.’ vai gerir a exploração do petróleo na área e administrar os contratos de partilha de produção”, diz a Folha (*), na pág. A11.

A bola está lá dentro.

O Senado já aprovou a capitalização da Petrobrás, o Fundo Social do Pré-Sal e o regime de partilha.

No Governo Serra-FHC o regime era de “concessão” que vem de “conceder”.

Não adianta reclamar do “amplo espectro de alianças” que o Governo Lula montou do Maranhão ao Paraná para garantir que o “petróleo é nosso”.

A bola está lá dentro.

O pré-sal será o maior legado do Governo Lula.

E o Zé Pedágio ?

Clique aqui para acompanhar a evolução do “Pedagiômetro” e o post que o acompanha.

E aqui para ver que até o Alckmin, um dos pais do pedagianismo tucano, agora diz que vai reduzir o valor dos pedágios em São Paulo.

O Serra vai ficar igual ao Farol de Alexandria: quem encostar nele morre.

Se a Marilia Gabriela perguntar a ele sobre a venda da Petrobrax também vai dançar ?

Se a Marilia Gabriela perguntar a ele sobre o diploma vai dançar ?

O Conversa Afiada é favor de debates.

Sugere um debate do Zé Pedágio com blogueiros Movimento de Mídia Barão de Itararé.



Paulo Henrique Amorim



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