Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mídia brasileira é G-O-L-P-I-S-T-A


As carpideiras do regime militar
Por Cynara Menezes
WikiLeaks revela documento mostrando
que até o governo americano tratou os
acontecimentos em Honduras  como golpe
de estado, enquanto no Brasil falava-se 
em "deposição constitucional".
Imagem: Reprodução/WikiLeaks
Há uma revelação, entre as tantas que estão vindo à tona com a divulgação dos telegramas confidenciais das embaixadas dos Estados Unidos no mundo pelo site WikiLeaks, que me deixou particularmente satisfeita. Trata-se da admissão oficial pela diplomacia americana de que o que viveu Honduras em junho do ano passado foi um golpe de Estado. G-O-L-P-E, em português claro, como escrevemos em CartaCapital. Em inglês usa-se a palavra francesa “coup”. Ninguém utilizou o eufemismo “deposição constitucional” a não ser os pseudodemocratas locupletados em setores da mídia no Brasil.

É a mesma gente que, quando o governo Lula fala da intenção de regular a mídia, vem com o papo furado de que está se querendo cercear a liberdade de expressão. É o mesmo pessoal que ataca cotidianamente um líder democraticamente eleito e reeleito com palavras vis, mas que, ao menor sinal de revide verbal, protesta com denúncias ao suposto “autoritarismo”do presidente. Jornalistas, vejam só, capazes de ir lamber as botas dos militares em seus clubes sob a escusa de que a democracia se encontra “ameaçada” em nosso país.

Pois estes baluartes da liberdade de imprensa e de expressão no Brasil foram capazes de apoiar um regime conquistado pela força a pouca distância de nós, na América Central. Quando Honduras sofreu o golpe, estes falsos democratas saíram em campo para saudar o auto-empossado novo presidente Roberto Micheletti, que mandou expulsar o eleito Manuel Zelaya do país, de pijamas. Dizem-se democratas, mas espinafraram Lula e seu ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, por se recusarem a reconhecer um governo golpista. Quem é e quem não é democrata nessa história toda?

Não se engane, leitor. Disfarçados de defensores da democracia, estes “formadores de opinião” são na verdade carpideiras do regime militar. Choram às escondidas de saudades dos generais. Quando se colocam nas trincheiras da “liberdade de expressão” contra o governo, na verdade estão a tentar salvaguardar o monopólio midiático de seus patrões, não por acaso beneficiados pela ditadura. Dizem-se paladinos da imprensa livre, desde que seja aquela cevada pelas graças do regime militar. Não à toa, elogiam quem morreu do lado dos generais e difamam quem foi torturado e desapareceu lutando contra a ditadura.

As carpideiras do golpe se disfarçam sob a máscara dos bons moços, cheios de senso de humor “mordaz” (alguns humoristas de profissão, inclusive) e pretensamente bem formados intelectualmente. Mas não é difícil identificá-las: fique de olho em gente que diz que “todo político é igual”, que despreza o brasileiro com declarações do tipo “somos todos Tiriricas” e que prega o voto nulo nas eleições. Repare bem: prescindir do voto é abrir mão de ser cidadão. Na ditadura, não se votava, lembra? As carpideiras do regime militar tentam se conter, mas volta e meia se traem.

É mais fácil reconhecer uma carpideira dos milicos em tempos de guerra do que de paz. Durante as eleições, foi só surgir a polêmica sobre a descriminalização do aborto que elas mostraram a verdadeira face, erguendo a bandeira da ala mais obscurantista da igreja católica. Com a invasão policial dos morros cariocas no fim de semana, a mais “tchutchuca” entre todas as carpideiras da ditadura teve a desfaçatez de postar no twitter: “E se o BOPE, a Polícia e as Forças Armadas, depois da operação no Rio, fossem limpar o Congresso Nacional?” Nenhum respeito às instituições: é dessa matéria que se fazem os golpistas.

Se foram capazes de colocar o presidente Lula, do alto de sua popularidade, em capa de revista com a marca de um pé no traseiro, é de se presumir que as carpideiras do regime militar não darão trégua a Dilma Rousseff. Já começaram por escarafunchar seu passado de guerrilheira. Que ninguém se engane, as carpideiras estão à espreita. Esperam um deslize qualquer de Dilma para tentar defenestrá-la. Estão louquinhas por uma “deposição constitucional” como a que houve em Honduras, porque jamais admitirão ser o que são: groupies de ditadores. Os papéis do Wikileaks deixam claro, porém, que nem os Estados Unidos se enganam mais com golpistas.

Cynara Menezes é jornalista. Atuou no extinto "Jornal da Bahia", em Salvador, onde morava. Em 1989, de Brasília, atuava para diversos órgãos da imprensa. Morou dois anos na Espanha e outros dez em São Paulo, quando colaborou para a "Folha de S. Paulo", "Estadão", "Veja" e para a revista "VIP". Está de volta a Brasília há dois anos e meio, de onde escreve para a CartaCapital.
 Esquerdopata


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BRAÇO DE FERRO NO 'ALEMÃO'


ARROCHO FISCAL E TRÁFICO DE UM LADO; CIDADANIA DO OUTRO

A renda per capita mensal no Complexo do Alemão é de R$ 176,90; 30% dos seus 100 mil moradores vivem como miseráveis com R$ 145 mensais; todos os indicadores apontam a inexistência de políticas públicas como a maior responsável pela deterioração da vida dos pobres no Rio. Implantar UPPs nas duas favelas ocupados pelo Exército custará R$ 2 milhões. A folha salarial mensal será de ao menos R$ 4 milhões. O Rio tem 1.020 favelas; 13 UPPs foram implantadas até agora. O Estado brasileiro economizou R$ 9,7 bilhões em outubro, para pagar os juros da dívida pública; nos últimos 12 meses, R$ 99,1 bilhões foram destinados a esse fim, o equivalente a 2,85% do PIB. O coro midiático-ortodoxo acha pouco. E pressiona o governo Dilma a acionar a tesoura fiscal já no início do mandato. A ver. (Carta Maior, com Valor, Estadão, Folha- 30/11)

MINISTRO DA DEFESA --DE QUEM?

Telegramas divulgados pela ONG WikiLeaks ...mostram que os EUA enxergam o ministro da Defesa, Nelson Jobim, como um aliado em contraposição ao quase inimigo Itamaraty. Mantido no cargo no governo de Dilma Rousseff, o ministro é elogiado e descrito como “talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil”. ...Num dos telegramas, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, relata aos seus superiores como havia sido um almoço mantido dias antes com Nelson Jobim. Nesse encontro, o ministro brasileiro contribuiu para reforçar a imagem negativa do Itamaraty perante os norte-americanos. Indagado sobre acordos bilaterais entre os dois países, Jobim citou o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.(aspas para Clifford Sobel): “Jobim disse que Guimarães “odeia os EUA” e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países].” (Folha,30-11)
(Carta Maior- 30/11)

Nos 75 anos do Levante de 35, vídeo polemiza com "intentona"

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Marcelo Madureira e o fim do Casseta


Por Altamiro Borges


Para a tristeza dos tucanos e de outros bichos da direita nativa, a Central Globo de Comunicação informou na sexta-feira (26) que o programa "Casseta & Planeta Urgente", exibido há 18 anos pela emissora, sairá do ar no final de dezembro. O elenco até tentou maquiar o enterro, informando em seu sítio que tiraria "férias". Mas os patrões confirmaram que as férias serão eternas, que o programa chegou mesmo ao fim.

Segundo o grupo, um novo projeto humorístico poderá entrar no ar no segundo semestre de 2011. Não há idéia de que como será. "Se a gente tivesse uma não precisaríamos sair dessa forma", relatou de la Peña, em entrevista ao G1. Ele explicou que o fim do "Casseta", que era transmitido às noites das terças-feiras, ocorreu após um período de "inquietação do grupo" e não teve relação com alguma decisão da TV Globo.

Amarga queda de audiência

De acordo com o sítio da Folha, porém, a decisão de encerrar o programa não foi tão amigável assim. Parece que nem a TV Globo aguentava mais o "humor" do elenco. Nos últimos meses, o humorístico amargava uma das piores audiências da década, chegando a registrar médias na casa dos 20 pontos (cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande SP). Há dois anos, ele registrava 30 pontos de média.

O grupo poderia aproveitar as "férias" para analisar o "humorismo" de alguns de seus integrantes, em especial do bravateiro Marcelo Madureira. Na fase recente, ele se transformou num ícone da direita brasileira. Virou estrela do Instituto Millenium, uma organização golpista que reúne os barões da mídia e outros ricaços. Deu várias declarações fascistóides contra o governo Lula e a candidata Dilma Rousseff.

Bico de "bobo da corte"

Com o fim do "Casseta", Madureira até poderia fazer um bico junto ao seu candidato derrotado. Seria o bobo da corte para alegrar as noites de Serra, um ranzinza que ficou ainda mais deprimido com o resultado das eleições e das brigas internas no PSDB. 

Laurindo Leal: Donos da mídia estão nervosos


29/11/2010 | Copyleft
Veja andou atrás do blogueiro Renato Rovai querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
por Laurindo Lalo Leal Filho, em Carta Maior
O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
À essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando ridicularizar entrevistado e entrevistadores.
O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.
Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da grande mídia, concorda.
Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a sociedade.
Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.
Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a possibilidade de entendê-los com muita clareza.
Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais, dispensando intermediários.
Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim do mandato.
Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo do mundo.
Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país, participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos. Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo.
Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela o presidente foi para o sacrifício.
Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O descompasso será enorme.
As inúmeras conquistas alcançadas ficariam escondidas se o presidente não fosse às ruas, às praças, às conferências setoriais de nível nacional, aos congressos e reuniões de trabalhadores para contar de viva voz e cara-a-cara o que o seu governo vinha fazendo. A NBR, televisão do governo federal, tem tudo gravado. É um excelente acervo para futuras pesquisas.
Curioso lembrar as várias teses publicadas sobre a sociedade mediatizada, onde se tenta demonstrar como os meios de comunicação estabelecem os limites do espaço público e fazem a intermediação entre governos e sociedade.
Pois não é que o governo Lula rompeu até mesmo com essas teorias. Passou por cima dos meios, transmitiu diretamente suas mensagens e deixou nervosos os empresários da comunicação e os seus fiéis funcionários, abalados com a perda do monopólio da transmissão de mensagens.
Está dada, ao final deste governo, mais uma lição. Governos populares não podem ficar sujeitos ao filtro ideológico da mídia para se relacionarem com a sociedade.
Mas também não pode depender apenas de comunicadores excepcionais como é caso do presidente Lula. Se outros surgirem ótimo. Mas uma sociedade democrática não pode ficar contando com o acaso.
Daí a importância dos blogueiros, dos jornais regionais, das emissoras comunitárias e de uma futura legislação da mídia que garanta espaços para vozes divergentes do pensamento único atual.
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

sábado, 27 de novembro de 2010

O charlatanismo neoliberal


A Irlanda de Bono
Rodrigo Constantino, Zé Ruela neoliberal em 2006
Maiores bancos da Irlanda serão estatizados
Andrei Netto e Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo, em 2010
O U2 é uma banda realmente sensacional. Um caso irrefutável de sucesso estrondoso no mundo musical, tendo produzido inúmeros hits e vendido milhões de discos. Seu líder, Bono, costuma se engajar em causas sociais também, tendo ficado ainda mais famoso por conta desse passatempo. Acho ótimo que cantores famosos tentem reverter a fama em prol de causas nobres. Não duvido da boa intenção de Bono também. Mas acho que o “bom moço” é vítima do politicamente correto, que reduz absurdamente a liberdade para expressar certas verdades. E assim, acaba prestando um desserviço aos pobres que pretende ajudar.

Bono fez questão de ir se encontrar com Lulla ao chegar no Brasil, e disparou elogios ao presidente brasileiro. Ao mostrar uma foto do presidente no show, foi alvo de vaias. Seria melhor se Bono procurasse se informar mais antes de pregar suas causas sociais politicamente corretas. Talvez ele tivesse sabido do “mensalão”, do escândalo da cueca, do lamaçal que o partido do presidente se atolou e das medidas autoritárias que Lulla tentou passar no Congresso. Talvez tivesse tomado conhecimento de como o Brasil vai perdendo o bonde do progresso, crescendo bastante aquém do potencial e dos demais países emergentes. Poderia ter se informado sobre o fracasso do populista Fome Zero. Tivesse Bono estudado mais a fundo o caso brasileiro, saberia que Lulla representa o oposto de tudo aquilo que possibilitou a reviravolta do seu país, a Irlanda.

A Irlanda vem experimentando um choque liberal há anos, com redução de gastos públicos, abertura comercial e maior liberdade econômica. O país já está em terceiro lugar no ranking de liberdade econômica do Heritage Foundation, perdendo apenas para Cingapura e Hong Kong. A economia apresentou crescimento superior a 7% ao ano desde 1993. O país conta com uma das mais favoráveis políticas para investimentos estrangeiros do mundo, assim como ambiente bastante amigável para os negócios. Os impostos corporativos foram reduzidos para 12,5%, um dos mais baixos da Europa. A Irlanda se tornou um enorme ímã de investimentos de americanos e ingleses, que são também os maiores parceiros comerciais do país. A tarifa média ponderada para importação é de apenas 1,3%, bastante inferior a do Brasil, acima de 13%. Não existe controle de preços por parte do governo. A proteção à propriedade privada é forte, e o sistema legal é transparente. Em resumo, a Irlanda é um ótimo exemplo das reformas defendidas pelos liberais.

Os resultados são claros. Fora o excelente crescimento econômico já citado, a renda per capita está chegando perto dos US$ 40 mil, uma das maiores do mundo. O desemprego é baixo, perto dos 5%. Os indicadores sociais estão melhorando a cada ano. O gasto com educação não é muito diferente do brasileiro, em cerca de 4,3% do PIB. O que faz a diferença mesmo é o grau de liberdade econômica. A Irlanda vem reduzindo o tamanho do Estado, assim como sua interferência na economia. Vem abrindo seu comércio, atraindo investimentos estrangeiros, tratando bem os empresários e adotando o império da lei. Exatamente a receita liberal. E com isso, vem colhendo os doces frutos dessas medidas.

Como ficou claro, a Irlanda de Bono está na contramão do Brasil de Lulla. Aqui, o Estado é cada vez maior, mais inchado e mais interventor. Falta muito para chegarmos ao grau de abertura comercial da Irlanda. Falta muito para chegarmos ao ambiente amistoso para os negócios. Falta muito para termos um império da lei que respeite as propriedades privadas. Enfim, falta muito para o Brasil virar uma Irlanda.

Mas nada disso impediu que Bono ignorasse esse abismo existente entre os discursos populistas do nosso presidente e a realidade dos fatos. Estivesse o cantor melhor informado, e mais livre das amarras do politicamente correto, poderia ter dado um recado muito melhor para o mundo. Poderia ter condenado a demagogia de Lulla, assim como suas idéias anti-liberais, e ter defendido justamente o caminho adotado pela sua pátria. Este caminho não tem mistério. Em graus distintos, foi o mesmo tomado por nações como Cingapura, Espanha, Austrália, Holanda, Nova Zelândia e Chile. É o caminho liberal. Fica na contramão do destino traçado pelos países da América Latina. Fica na direção contrária ao rumo pregado por Lulla. Sorte dos irlandeses. Azar dos fãs brasileiros de Bono...
PARIS E GENEBRA - Em troca do socorro governamental, todos os cinco maiores bancos da Irlanda serão total ou parcialmente nacionalizados, com participações que vão de 51% a 100%.

A estimativa vem sendo feita por analistas econômicos da agência Fitch e por autoridades do país. Já socorridos com € 46 bilhões no auge da crise, em 2008, o sistema financeiro da Irlanda deverá receber uma nova injeção de recursos, prevista em cerca de € 12 bilhões, em análises otimistas.

Todo o oligopólio do sistema financeiro irlandês está incluído. Já detentor de 100% das ações do Anglo Irish Bank desde 2009 – quando a instituição foi nacionalizada em troca de um empréstimo de € 30 bilhões, equivalente a 20% do PIB do país -, o governo de Brian Cowen também deve superar os 90% de ações no Allied Irish Bank (AIB), do qual hoje detém 18% dos títulos. Além dos dois, o Estado também deve assumir o controle do Bank of Ireland, elevando sua participação acionária dos atuais 34% para mais de 50%.

AIB e Bank of Ireland perderam 80% de seus valores de mercado nas bolsas de valores desde a eclosão da falência do Lehman Brothers, em setembro de 2008. As três instituições dividem o mercado de 4,4 milhões de clientes do país. Dois outros bancos de financiamento imobiliário, o EBS e o Irish Nationwide (INBS) também já são controlados pelo poder público, que detém 51% das ações das duas empresas.

A nacionalização, entretanto, vai custar caro à Irlanda. Só o AIB pode receber até € 7 bilhões dos € 85 bilhões em recursos prometidos pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). E nem a injeção de recursos é capaz de garantir a perenidade da instituição. Desde janeiro, o banco já perdeu € 13 bilhões em depósitos de seus clientes.Levantamento da agência de risco Moody's avalia a necessidade de recapitalização dos bancos irlandeses entre € 8 bilhões e € 12 bilhões

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Se o Estadão pode…

Há milhões de coisas a dizer sobre a entrevista coletiva que o presidente Lula concedeu aos auto-proclamados blogueiros progressistas. Antes, porém, há que abordar os ataques da grande imprensa a eles.
Diante das críticas a esses setores da imprensa que permearam tal entrevista coletiva, esse colegiado de impérios de comunicação passou recibo do fato de que surgiu um ente capaz de se contrapor ao seu engajamento político na oposição partidária ao governo federal.
Essa grande imprensa que teve que ficar do lado de fora do Palácio do Planalto enquanto acontecia uma entrevista coletiva do presidente da República a simples blogueiros – alguns sem formação jornalística, como este que escreve –, não hesitou e partiu furiosamente para o ataque contra eles.
Globo, Folha de São Paulo e Estadão – além de jornais menores, de algumas tevês abertas (como o SBT) e de todos os portais de internet – evitaram abordar as questões feitas a Lula. No máximo, como no caso da Folha, fizeram alguns comentários laterais sobre os temas abordados, mas se concentraram no suposto viés “chapa-branca” dos blogueiros.
Quando saímos do Palácio do Planalto por volta da hora do almoço do último dia 24 – tendo chegado lá por volta das oito horas da manhã –, repórteres de O Globo e da Folha nos esperavam.
O jovem repórter da Folha que nos entrevistou, chama-se Breno Costa. Ele escreveu o seguinte:
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Em entrevista a blogs pró-governo, Lula faz críticas à imprensa
Presidente diz que mídia praticou “leviandades” e “inverdades” contra ele e diz que vai virar blogueiro
Dos 10 blogs escolhidos para sabatina, 8 apoiam governo; petista critica Serra por agressão na eleição, e tucano revida
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
Na primeira entrevista já concedida a um grupo de blogueiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os entrevistadores se uniram nas críticas à grande imprensa.
Dez blogueiros autoclassificados “progressistas” participaram da entrevista, de duas horas, na manhã de ontem no Palácio do Planalto.
Um dos blogueiros, Altamiro Borges, é filiado ao PC do B. Outro, conhecido como “Sr. Cloaca” [ele não revela o nome], é assessor de imprensa de político do PT no Rio Grande do Sul, cujo nome também não revelou.
O blog Amigos do Presidente Lula, que não estava na lista divulgada pelo Planalto, também participou. O Planalto disse que o blog não entrou na lista por “erro”.
Dos 10 sites, 8 têm como linha a defesa do governo Lula e se alinharam, na eleição, à candidatura de Dilma Rousseff, reproduzindo uma série de ataques ao candidato do PSDB, José Serra. Os outros têm uma linha mais neutra.
O blogueiro Eduardo Guimarães, fundador do Movimento dos Sem Mídia, que já fez protestos em frente à Folha, citou a sigla “PIG”. Coube ao secretário de imprensa do Planalto, Nelson Breve, traduzi-la a Lula: “PIG é o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista”.
Ao lado do ministro Franklin Martins (Comunicação Social), Lula voltou a afirmar que não lê jornais e revistas, mas que, quando sair da Presidência, vai “reler tudo”.
“Eu quero saber a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito, quantas coisas que não foram ditas.”
Ainda sobre a relação com a imprensa, disse que “o jogo não é fácil”. “Sobretudo quando você não quer se curvar.” Afirmou que órgãos de imprensa se assustaram com sua popularidade “pois trabalharam o tempo inteiro para não acontecer isso”.
Para Lula, que prometeu virar “blogueiro e tuiteiro”, “não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada”.
O presidente voltou a defender uma regulação da mídia, mas rechaçou a ideia de censura. Ele quer entregar ao menos um esboço de marco regulatório para o setor.
Lula ainda disse que o pior momento vivido em seu governo foi o dia do acidente da TAM, em São Paulo, que deixou 199 mortos. “Nunca vi tanta leviandade”, disse, sobre a cobertura da mídia.
Afirmou que sentiu “alívio” ao descobrir que não houve falha do governo e que o acidente tinha sido provocado, essencialmente, por erro humano. “Foi uma sensação de alívio por ter descoberto a verdade.”
SERRA
Lula também retomou o episódio da agressão a Serra por militantes ligados ao PT em ato de campanha no Rio.
Ele voltou a dizer que o tucano simulou uma agressão grave, e se disse “decepcionado” com a Globo. “Foi uma cena patética, uma desfaçatez. Fiquei decepcionado [com a Globo] porque quiseram inventar uma outra história, um objeto invisível que até agora não mostraram.”
Serra, que estava ontem em Brasília, respondeu. “Como foi comprovado, foi um outro objeto atirado em mim, inclusive está filmado, e o presidente sabe disso.”
O tucano continuou: “Lula talvez já tenha começado sua campanha para 2014, dizendo mentiras inclusive”.
IRÃ E STF
Lula defendeu a relação com o presidente Mahmoud Ahmadinejad e tentou explicar a posição do iraniano sobre o holocausto. “Ele explicou que o que quis dizer, na verdade, era que morreram 70 milhões de pessoas na Segunda Guerra, e parece que só morreram judeus”, disse.
Ele afirmou que deixará a indicação do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) para Dilma Rousseff, no caso de o Senado não sabatinar o escolhido até o próximo dia 17, quando o Congresso entra em recesso.
Luís Inácio Adams, a advogado-geral da União, e Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça, são os mais cotados.
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O que o editor deste blog disse ao jovem repórter Breno, porém, não saiu na matéria que ele fez. Começou a entrevista comigo perguntando se seria válido fazermos uma entrevista tão pouco questionadora ao presidente.
A resposta foi a de que não haveria sentido em os blogueiros fazerem o mesmo que a grande imprensa fez durante oito anos ininterruptos e a de que se o Estadão pode apoiar explicitamente um político, como fez ao declarar voto em José Serra durante a recente campanha eleitoral, blogueiros também podem.
Não se viu algum desses grandes jornais dizer sobre o Estadão o que disseram Folha e O Globo – este, mais virulento, tratou de insultar o blogueiros, chamando-os de “chapas-brancas” e dizendo que o que fazem “não é jornalismo” – apesar de o centenário jornal paulista ter se engajado na campanha do candidato tucano.
O jovem repórter Breno também me fez a indefectível questão sobre os blogueiros defenderem “censura” à imprensa. Disse a ele que isso era uma bobagem, até porque o lema do Movimento dos Sem Mídia é “Que a mídia fale, mas não me cale”.
Quando o signatário deste blog ponderou que enquanto a mídia afirma que o governo Lula pretenderia censurá-la o Brasil sobe 13 posições no ranking de liberdade de imprensa da ONG internacional “Repórteres sem fronteiras”, o repórter da Folha terminou a entrevista.
Esses meios de comunicação também usaram uma outra estratégia para darem um ar bisonho aos blogueiros que entrevistaram Lula. Escolheram o impagável Willians de Barros, o “senhor Cloaca”, como “logotipo” da Blogosfera.
O Globo nos chamou ontem, aos blogueiros, de “Cloaca e outros amigos” de Lula. E destacou o suposto caráter “apócrifo” do blog Cloaca News. A Folha, hoje, usa a entrevista que também fez com Barros na porta do Palácio do Planalto para acusá-lo de partidário.
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Entrevista a blogueiros não foi chapa-branca, diz “Sr. Cloaca”
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
Convidado para o encontro do presidente Lula com blogueiros que se classificam como “progressistas”, o publicitário William Barros, que se apresenta na internet como “Sr. Cloaca”, afirmou que o evento “não foi uma entrevista chapa-branca”.
Ele disse que o tom da conversa, marcada por elogios ao governo e ataques à imprensa, surpreendeu. “Achavam que seria chapa-branca, inclusive os leitores dos blogs. Mas não foi!”
Barros escreve no blog “Cloaca News”, cujo subtítulo é “As últimas do jornalismo de esgoto”. A página se dedica a defender Lula e a atacar políticos de oposição.
O tópico mais citado é “José Serra”: até ontem, havia 142 posts contra o tucano. Outro alvo preferencial são os veículos de comunicação, chamados de “imprensa golpista” e “máfia midiática”.
O blogueiro assessora políticos do PT-RS, mas evitou o assunto. “Não é importante, não sou famoso. Famoso é o Sr. Cloaca”, disse. O site tem link para o portal do futuro governo de Tarso Genro (PT).
Animado, ele se posicionou ao lado de Lula para a foto oficial. Após o clique, deixou o Planalto gabando-se da notoriedade instantânea. “O Lula me chamou depois… “Vem cá, ô Cloaquinha!’”
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O dicionário Houaiss explica o tom jocoso usado por esses jornais em relação ao “Senhor Cloaca”. O dicionário define assim o substantivo feminino cloaca:
1 fossa, canal ou cano destinado a receber dejeções
2 coletor de esgoto
3 vaso sanitário; latrina
4 escoadouro de águas; vala, sarjeta
5 depósito de imundícies; monturo
6 tudo o que é imundo, que tem mau cheiro
7 nos anfíbios, répteis, aves e muitos peixes, câmara comum onde os sistemas digestivo, excretor e reprodutor descarregam seus produtos
A tentativa é a de transformar a inteligente sátira que faz o blogueiro Willians de Barros em uma espécie de caráter “sujo” dos blogueiros. É uma variante da qualificação de Serra sobre “blogueiros sujos”.
O mais interessante é que, ao atacar os blogueiros que entrevistaram Lula sem lhes dar espaço para se manifestar, essa dita “grande imprensa” provoca curiosidade em seu público. Há pelo menos um ano que ela faz isso e, enquanto faz, o blogs vão ganhando audiência.
Os blogueiros temos tanto direito quanto o Estadão de manifestar nossa posição política. Não existe nada de anti-jornalístico ou “chapa-branca” no trabalho que fazemos, porquanto deixamos clara a nossa posição tanto quanto o centenário jornal paulista. Somos, Estadão e blogueiros, bem mais honestos do que Folha e O Globo.

Entrevista de Lula a blogueiros de esquerda causa ódio no PiG, seus jagunços e bobos da corte


Lula deu uma entrevista histórica a alguns blogueiros assumidamente de esquerda que, assim como eu, ajudaram a furar o bloqueio do PiG (Partido da imprensa Golpista) a favor do candidato da extrema-direita, o Zé Aborto, nas últimas eleições.

Essa atitude do nosso Presidente da República, obviamente, causou profunda irritação nos donos do PiG, seus jagunços amestrados e também nos bobos da corte neoliberal.

O panfleto tucano Folha de S.Paulo reclamou e causou estranheza na Secretaria de Imprensa da Presidência da República ao questionar sobre quando “exatamente os blogueiros pediram a entrevista com o presidente Lula e quando tiveram a resposta positiva. “Uma pergunta inédita. O Presidente já concedeu 960 entrevistas à imprensa ao longo dos dois mandatos. A Folha nunca teve a mesma curiosidade em relação a outras entrevistas do Presidente”, diz o Blog do Planalto.

Outro que ficou putinho da vida foi o pseudo-jornalista e dublê de DJ do Senado Ricardo Noblat, o Walter Mercado do panfletarismo anti-esquerda. Em seu blog, ele afirmou de maneira maliciosa que "avesso a entrevistas, presidente abre agenda para blogueiros chapas-brancas no palácio". Sim, Walter, nós somos mesmo chapas-brancas e não temos medo de assumir, coisa que você que também é chapa-branquíssima jamais faria, pois quebraria o "encanto" de que se trata de um profissional isento e imparcial que ainda engana meia dúzia de neonazistas e membros da Opus Dei.


Também ficou nervosinho com o fato o bobo da corte neoliberal Marcelo Tas, o ET de Varginha, o qual insinuou de maneira grosseira que a entrevista foi "um stand-up de Lula para claque de simpatizantes", sendo que em seguida entrega o ouro e demonstra o motivo de seu veneno: "Uma grande chance perdida, 'cumpanhero'".


O bobo da corte, sem querer, deixou claro o motivo de tanto ódio e revolta desse pessoal: o candidato deles, o Zé Bolinha de Papel, levou um pé na bunda da maioria da população do Brasil e, por causa disso, eles perderam a chance de serem convidados ao Planalto para entrevistá-lo!

Ou seja: é inveja pura e simples! Coitados, eu morro de dó! No frigir dos ovos a verdade é uma só. Parciais, chapas-brancas e partidários todos nós somos, à esquerda e à direita. A diferença é que nós ganhamos e eles perderam. E, como todos os mau perdedores, eles ainda estão fazendo biquinho...

Encontro com blogueiros no Palácio do Planalto