Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Exclusivo : José Sérgio Gabrielli.PETROBRÁS: MAIOR QUE A LÍBIA E ATENTA AO RISCO DA HOLANDA

****Cartola vazia: Ben Bernanke  adia para 21 de setembro o eventual anúncio de medidas de incentivo à economia**  bolsas despencam no mundo **Brasil economiza R$ 66,9 bi  até julho para pagar juros da dívida interna: em sete meses, despesa com rentistas é maior  que o orçamento do ano para a educação pública ** um tiro no peito junto a uma barricada policial mata um estudante de 16 anos durante a greve geral no Chile ** movimento  paralisou Santiago na 5º feira:leia nesta pág. o relato de Christian Palma, nosso correspondente no Chile ** bombardeios,  execuções sumárias e torturas marcam a busca por Kadafi na Líbia: caçada mobiliza grupos armados por um prêmio de US$ 1,7 milhão  
 


'Em 2020, a Petrobras vai  estar produzindo no Brasil 4,9 milhões de barris por dia. Vamos exportar 2,3 milhões de barris. A produção total da Líbia hoje é 2 milhões de barris. Nós investíamos, em 2003, em torno de US$ 5 bi. Hoje, estamos investindo US$ 45 bi por ano (...) US$ 224 bilhões até 2015 (...) mais de R$ 2,3 mil por segundo, nos próximos cinco anos.(...) Para evitar o risco da doença holandesa, é absolutamente fundamental intensificar o investimento na cadeia produtiva de suprimento de bens e serviços para petróleo e gás (...) Se não houver o crescimento dessa produção no Brasil, e nós vamos precisar de alguns equipamentos críticos que não tem capacidade de produção mundial, podemos ter problemas com o desenvolvimento brasileiro. Só para fazer uma conta: 2,3 milhões de barris por dia de exportação, a US$ 80 o barril, são 67 bilhões de dólares de exportação. Sabe o que impacta isso no câmbio?

quinta-feira, 31 de março de 2011

Venício Lima: as notícias que a Globo faz questão de esconder


Salvo por uma matéria traduzida da The Economist, publicada na Carta Capitalnº 639, a grande mídia brasileira optou por não noticiar a briga de gigantes deflagrada no México, nos últimos dias.


Por Venício Lima, no Observatório da Imprensa

E por que interessaria ao público brasileiro o que ocorre no México? Quando nada, um dos gigantes envolvidos é sócio (alguns dizem, majoritário) da maior operadora de televisão paga do Brasil: a NET, ligada às Organizações Globo. Ademais, o que está acontecendo ao norte do Equador pode perfeitamente vir a acontecer também ao sul, vale dizer, aqui mesmo entre nós.

Monopólio vs. monopólio
As operações de telefonia e televisão no México são praticamente monopolizadas por dois grandes grupos.

Cerca de 80% das linhas de telefonia fixa estão conectadas à Telmex – a mesma empresa que é sócia da NET – e 70% do mercado de telefonia móvel (celular) são controlados pela Telcel, outra empresa do mesmo grupo – ambas de Carlos Slim, o homem mais rico do planeta.

Por outro lado, o grupo Televisa, do empresário Emilio Azcárraga, controla cerca de 70% da audiência da televisão aberta. O que sobra, em boa parte, está sob controle da TV Azteca, comandada por Ricardo Salinas, outro magnata mexicano.

Os grupos conviviam em relativa harmonia, cada um com seu respectivo "mercado". Agora, diante da convergência tecnológica, resolveram se enfrentar abertamente.

Um grupo de 25 empresas de telecomunicações, incluídas a Cablevisión (propriedade do Grupo Televisa) e Iusacell (do Grupo Salinas, da TV Azteca), entrou com uma ação na Comissão Federal de Competição (Cofeco, equivalente ao nosso Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade, do Ministério da Justiça) contra o alto custo das tarifas de interconexão cobradas pela Telcel. Ao mesmo tempo, a Telmex apresentou quatro denúncias contra a Televisa, a Televisión Azteca, a Cablesivion, a Megacable, a Cablemas, a Television Internacional e a Yoo por "práticas de monopólio e correlatos".

As ações legais vieram acompanhadas de anúncios de página inteira nos jornais parceiros da Televisa denunciando o "monopólio caro e ruim" da indústria de telecomunicações, enquanto Carlos Slim retirava os anúncios de suas empresas – cerca de 70 milhões de dólares anuais – dos canais da Televisa. Em represália e solidariedade à Televisa, a TV Azteca passou a recusar os anúncios do Grupo Telmex.

Disputa de mercado
O que está em jogo, por óbvio, é o controle do mercado convergente de telefonia e televisão. Como explica didaticamente a matéria da The Economist:

"A tecnologia transformou os negócios de telefonia e televisão em um único mercado: a televisão hoje inclui telefone e internet em seu serviço de TV a cabo, e quer adicionar telefones celulares. Salinas, que também controla uma empresa de celulares, a Iusacell, lançou um pacote semelhante em 2010. Slim deseja usar seus cabos de telefonia para distribuir TV paga (setor em que se tornou o maior ator no resto da América Latina), mas o governo não quer permitir.

"Agora os bilionários pedem o tipo de reforma da concorrência de que suas respectivas indústrias precisavam há muito tempo. Os magnatas da TV querem que Slim reduza o valor cobrado quando, um telefone rival liga para um celular Telcel (a agência reguladora das teles do México lhe disse para reduzir algumas taxas). A atual tarifa de interconexão é 43,5% acima da média da maioria dos países ricos da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Isso torna impossível que outras operadoras ofereçam tarifas competitivas. A Comissão Federal de Concorrência (CFC) do México diz que os consumidores se beneficiariam de 6 bilhões de dólares por ano se as taxas de conexão se equiparassem à média da OCDE. A CFC recomenda deixar Slim concorrer na televisão quando tiver relaxado seu poder no setor de telefonia. Se a Telmex entrasse no mercado de tevê paga, o aumento da concorrência colocaria os preços ao alcance de mais 3,8 milhões de residências, admite a CFC."
 
E no Brasil?
A situação brasileira é diferente da mexicana, mas a briga entre teles e radiodifusores tradicionais ocorre também aqui. O locus dessa disputa, desde 2007, tem sido o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional e "abre o setor de TV por assinatura para as teles, cria a separação de mercado entre produtores de conteúdo e empresas de distribuição e ainda cria cotas de programação nacional nos pacotes de canais pagos", além de revogar a Lei do Cabo de 1995.

Na sua versão atual o projeto – PLC 116 do Senado Federal – é o resultado da articulação inicial de três propostas representando grupos e interesses distintos: o PL 29/2007 representa as empresas de telefonia; o PL 70/2007 representa os radiodifusores; e o PL 323/2007 situa-se em posição intermediária entre os interesses dos dois setores. Aprovado em junho de 2010 na Câmara dos Deputados, até hoje tramita no Senado Federal.

Será que teremos aqui uma versão explícita da briga entre teles e radiodifusores como ocorre no México?

A ver.

quarta-feira, 9 de março de 2011

WikiLeaks: Cerra queria governar “alinhado” com EUA, mas foi taxado de desinformado


Entreguismo do Cerra não é novidade
Extraído do blog Os Amigos do Presidente Lula:

WikiLeaks: Serra acenou para os EUA com “relações carnais”, mas gringos o consideraram completamente desinformado



No fim de 2009, José Serra (PSDB/SP) ainda era governador de São Paulo e candidato informal tucano à presidência.


O subsecretário para assuntos do hemisfério ocidental do governo americano, Arturo Valenzuela, visitou países do Cone Sul e na volta aproveitou para fazer uma escala em São Paulo onde realizou uma série de encontros extra-oficiais.


Um dos encontros extra-oficiais foi com o então governador José Serra.


Durante 90 minutos no palácio do governo paulista, o demo-tucano insinuou troca de apoio com os estadunidenses: caso ele viesse a ser presidente do Brasil, faria uma política externa alinhada com os EUA (insinuando que seria interessante aos estadunidenses engajarem-se em sua candidatura).


O fato lembra a frase do ex-presidente argentino Carlos Menen (colega de FHC e Serra no neoliberalismo e nas quebradeiras internacionais), quando disse que mantinha “relações carnais” com os EUA.


Conspirando com os gringos contra os interesses brasileiros


No encontro, segundo os telegramas vazados, Serra criticou a participação do presidente Lula na crise de Honduras, responsabilizando o governo brasileiro e o presidente hondurenho deposto Manuel Zelaya por resistirem ao golpe de estado.


Nada como um dia após o outro. Recentemente, em outro telegrama, vazado do wikileaks, descobriu-se que o embaixador estadunidense em Honduras, Hugo Llorens, avaliou que a destituição do ex-presidente do país Manuel Zelaya foi “ilegal” e “inconstitucional”.


Em outro trecho da conversa, Serra resmungou e “aconselhou” os EUA a não elogiar Lula: “Ele também avisou que as referências do governo americano a uma ‘relação especial’ com o presidente Lula não agradam a todos os segmentos do Brasil e que poderiam ser manipuladas pelo PT”, diz o telegrama.


O demo-tucano também repetiu o discurso tosco, simplório e fascista do PIG (Partido da Imprensa Golpista), como se fosse um fantasma de um líder da UDN falando a um senador macarthista dos anos 50, acusando o “perigo vermelho” crescente no governo do PT, onde, segundo o demo-tucano, a radicalização e a corrupção estarima crescentes.


Para não dizer que Serra não falou nada que preste, ele criticou a tarifa americana sobre o álcool brasileiro, mas não se sabe o que ofereceu em troca. Em outro telegrama, fala nas conversas do demo-tucano para entrega do pré-sal com uma executiva da Chevron (Petroleira estadunidense).


Completamente desinformado


No telegrama, Valenzuela achou Serra focado demais na política interna brasileira sem prestar a devida atenção aos vizinhos na América do Sul.


O demo-tucano, tentou aplicar o discurso do medo no estadunidense, chamando de “perigo” a eleição de Dilma: “A presidente Kirchner é esperta e cordial. Se o populismo na Argentina preocupa aos EUA, então Dilma causará preocupação maior”.


Mas a avaliação do estadunidense sobre a visão de Serra foram devastadoras:


“Serra pareceu completamente desinformado de acontecimentos recentes no Cone Sul, incluindo a situação política do presidente paraguaio Lugo”, comentou o telegrama fazendo menção à série de reconhecimentos de paternidade atribuídas ao ex-bispo.


Medo da derrota


José Serra deu a entender a Arturo Valenzuela não estar “firmemente confiante” que fosse ganhar as eleições de 2010. Segundo o tucano, o embate entre os esforços do PT em montar uma base política sólida e o fraco aparato do PSDB justificavam tal descrença.


Vexame


Por fim, deu vexame ao destacar “seu engajamento com o então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger”, nas questões climáticas como uma das oportunidades de cooperação. Isso a partir de um breve encontro de poucos minutos com o astro do “Exterminador do futuro”, nos corredores da conferência do clima na Dinamarca, ocorrida poucos dias antes. Só faltou destacar como “exemplo de cooperação” o encontro com a cantora Madonna. (Com informações do Carta Capital WikiLeaks)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Revelado: a quem Itaipu será entregue

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sábado, 30 de outubro de 2010

FHC, O Golpista




Antes da revelação, entretanto...

Saiba: que Itaipu é a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta.

Saiba: que o presidente Lula inaugurou em 2007 as duas últimas das 20 turbinas da usina, capazes hoje de gerar até 100 bilhões de quilowatts-hora.

Saiba: que a hidrelétrica de Três Gargantas, na China, gerará 85 bilhões de quilowatts-hora, 8,4 bilhões de quilowatts-hora menos do que a capacidade máxima obtida por Itaipu.

Saiba: que é Itaipu não é apenas uma usina hidrelétrica, mas também um elogiado centro de preservação da fauna e da flora, um polo tecnológico de referência internacional e que conta até mesmo com um moderno observatório astronômico.

Saiba: que Itaipu é a base da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), cujo projeto de lei foi sancionado pelo governo federal, em janeiro de 2010.

Saiba: que nela trabalharam 40 mil brasileiros e paraguaios, e que 132 morreram para que você tivesse luz em casa e pudesse fazer funcionar este seu computador.

Eleita uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno pela revista Popular Mechanics (EUA), essa joia do povo brasileiro está sendo utilizada como moeda de troca em transações obscuras.

Como se sabe, entidades financiadas pelo National Endowment for Democracy (NED) têm oferecido suporte integral ao projeto dos partidos conservadores e neoliberais brasileiros, representados na eleição presidencial por José Chirico Serra. O NED é uma entidade privada norte-americana, mas abastecida por recursos públicos, encarregada de fornecer suporte a instituições-satélite empenhadas em desestabilizar governos de esquerda ou de centro-esquerda em todo o mundo.

Sua ações táticas estão centradas no fortalecimento de grupos políticos neoliberais, privatistas e pró-EUA. Garantem-lhes treinamento, expertise midiática, além de apoio financeiro, técnico e logístico.

Essas intervenções de auxílio, no entanto, têm um alto preço. Exige-se sempre uma contrapartida para as empresas que contribuem na constituição dos fundos do NED e das entidades por ele patrocinadas.

No caso do Brasil, a exigência é a entrega de Itaipu, da Petrobrás e do Banco do Brasil a grupos especulativos transnacionais, especialmente de capital norte-americano.



Desvendando o enigma de Itaipu

Há poucos dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu-se com mais de 150 investidores no Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu.

Você pode se perguntar: por que FHC, se ele não é mais presidente e nem exerce cargo público?

E pode ainda indagar: por que o convescote ocorreu exatamente naquela cidade?

O objetivo é claro e evidente. O ex-presidente é o delegado destacado pela coligação conservadora para negociar a entrega do patrimônio nacional aos especialistas em pilhagem além-fronteiras.

Para que o leitor perceba com clareza a gravidade dos fatos, façamos um elenco seqüenciado de informações:

1) O encontro de Foz do Iguaçu foi organizado por Raphael Eckmann. Formando pela conservadora universidade Mackenzie (SP), estudou também na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Foi gerente comercial da Globosat e da Câmara Americana de Comércio. Desde 2007, é um dos executivos da Tarpon Investimentos, com sede em São Paulo.

2) Eckmann se diz "amigo" de Fernando Henrique Cardoso e um "apoiador" de seus empreendimentos.

3) A Tarpon gaba-se de "perseguir oportunidades de investimento pouco óbvias", conforme registra em seu site. Foca na compra de ações ou na obtenção do controle de empresas que não estejam em processo de leilão.

4) Se você quiser conhecer Eckmann e admirar seus bem cortados ternos Armani, fique na calçada da rua Tabapuã, próximo ao 1227, no bairro paulistano do Itaim Bibi, por volta de 13 horas. Verá o executivo sair para o almoço. Frequentemente, se faz acompanhar de colegas norte-americanos, em geral atuantes no ramo de energia.

5) Um dos principais clientes da Tarpon é a Ômega, dedicada especialmente ao setor de produção de energia. Trata-se de uma joint-venture com a Winbros, a holding de Wilson Brumer, presidente da Usiminas e do conselho de diretores da Ligh.

6) Há quatro semanas (Set. 2010), a Ômega anunciou que receberá um aporte de R$ 350 milhões da própria Tarpon Investimentos e da gigante norte-americana Warburg Pincus. O objetivo, segundo os diretores da companhia, é consolidá-la no setor de geração de energia renovável no Brasil.

7) Esse é o primeiro investimento da Warburg Pincus no Brasil, desde que instalou seu escritório aqui, em fevereiro. Ao jornais, o sócio-diretor da Warburg, Alain Belda, declarou o seguinte: "A escolha do setor de geração de energia como nosso foco está apoiada na expectativa de crescimento do mercado interno, o que pressionará a oferta de energia limpa no Brasil".

8) A parceria tem por objetivo acelerar os planos da Ômega de atuar na viabilização de centrais hidrelétricas de maior porte, conforme informou Antonio Augusto Bastos Filho, CEO da empresa.

9) A Warburg Pincus tem investidos mais de US$ 35 bilhões em empresas de 30 países, sobretudo em empresas de energia, tecnologia e prestação de serviços de saúde.

10) Nos últimos anos, a Warburg Pincus investiu mais de US$ 3,5 bilhões somente em empresas produtoras de energia.

Explica-se, assim, o porquê do encontro com Fernando Henrique Cardoso, justamente à sombra de Itaipu, em Foz do Iguaçu. O predador foi espreitar a presa.

Pelos saguões do hotel, rodeado de estrangeiros, FHC não escondeu sua intenção de entregar Itaipu, Banco do Brasil e Petrobrás aos amigos da causa neoliberal.

Em dado momento, ao lado de um sorridente Eckmann, e diante de muitas (muitas mesmo) testemunhas, o ex-presidente afirmou que a entrega das três empresas deve ser tratada com calma e paciência.

"Vamos ter que contornar algumas dificuldades com militares", declarou. "É preciso ir amaciando esse pessoal com calma".

Entre um gole e outro de uísque caro, os presentes quiseram saber sobre as eventuais pressões dos sindicatos, centrais sindicais e da população em geral. FHC sorriu matreiramente e disse que bastava "botar a polícia na rua".

"Ahhhh... O brasileiro é passivo e não vai lutar por muito tempo contra a força do governo", afirmou, com ar de enfado intelectual. Sua pequena platéia riu, depois que a frase foi traduzida.

Será que riu de quem?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

E Houve Quem Quisesse Imitá-los O México é hoje muito menos livre que o Brasil

CONCORDA FHC?
DO BLOG ESQUERDOPATA
Hoje o panorama da América Latina apresenta uma polarização tanto política como econômica. Enquanto Brasil, Bolívia, Venezuela, Argentina, Equador, Paraguai e Uruguai protagonizam nova gestão independentista que busca recuperar a autodeterminação nacional, México, junto a Colômbia e alguns países da América Central seguem na subordinação econômica, política e até militar em relação aos EUA. O México é hoje muito menos livre que o Brasil.
Por Julio Boltvinik Kalinka, em La Jornada


Escrevo em Brasília, capital do Brasil, onde não festejo os 200 anos do início da guerra de independência do México e de muitos outros países da América Latian (AL), a maioria dos quais iniciou processos de independência por uma circunstância externa: a imposição de José Bonaparte (Pepe Botella) como monarca na Espanha (1808).

A mãe-pátria perdia sua independência e seus súditos nos vice-reinados entravam em crise que, depois de longas e cruentas guerras desembocariam na independência política. Nossos territórios coloniais se tornaram estados formalmente soberanos que, de fato, estavam muito longe de sê-lo.

Nossas histórias dos séculos XIX e XX mostram as vicissitudes trágicas dessa paródia. As histórias da AL tiveram fortes parapelismos políticos a partir de então, que se repetiram no Século XX, nos aspectos econômico, com a industrialização substitutiva de importações e, até o final do século XX, de novo com o giro ao neoliberalismo, que significou uma rendição de fato das soberanias nacionais.

Hoje o panorama da América Latina apresenta uma polarização tanto no âmbito político como no econômico. Enquanto Brasil, Bolívia, Venezuela, Argentina, Equador, Paraguai e Uruguai, com matizes e graus muito diversos, protagonizam uma nova gestão independentista que busca recuperar a autodeterminação nacional, México, junto com Colômbia e alguns países da América Central seguem na subordinação econômica, política e até militar.

Enquanto o primeiro grupo de países disse não (a desobediência sagrada de que tantas vezes Erich Fromm falou) a uma parte do Consenso de Washington, reivindicando o papel do Estado na economia e defendendo a soberania sobre os recursos naturais, o México segue sendo obediente e, portanto, não livre. Imitando os EUA da era Bush, Calderón declarou guerra ao narcotráfico, como Bush havia declarado ao terrorismo. Quis sentir-se grande fazendo o mesmo que Bush. Essas guerras, já sabemos, são uma maneira de restringir liberdades cívicas mais elementares.

Calderón carece da autoridade moral mínima para encabeçar os festejos do bicentenário da Independência por sua semelhança com Pepe Botella (governante imposto) e porque não promoveu a independência do país; pelo contrário, sua crescente subordinação aos EUA.

Em agudo contraste, Lula converteu o Brasil numa economia pujante e numa nova nação líder no contexto mundial. Na carta de convite para o Seminário Internacional sobre Governança Global (razão pela qual me encontro em Brasília), isso se assinala numa frase, carregada de significados:

“Os tempos atuais começam a delinear a formação de uma nova correlação de forças internacionais, com uma profunda mudança em torno das relações norte-sul. Analistas sugerem que, dentro de alguns anos, as economias emergentes podem representar a maioria absoluta da população e da atividade econômica mundial, impondo um novo mundo multipolar”.

A mudança de tom nas relações norte-sul (presente de maneira notável no grupo de países sul-americanos antes mencionado) não disse respeito ao México. Pelo contrário, observou-se mais o tom tradicional da relação.



O Brasil forma parte do grupo de economias emergentes chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China). O nome BRIC foi cunhado pelo negativamente célebre grupo de investimentos Goldman Sachs, que previu que a participação do crescimento das economias desses 4 países no crescimento mundial poderia passar de 20% em 2003 para 45% em 2025, e sua participação no PIB, de 10% para 30%.

Em 2025 o Brasil seria a quarta economia do planeta, contra o oitavo lugar que ocupa em 2010. O México conservaria seu 13° lugar mundial. Mais impressionante ainda: enquanto em 2006 o PIB per capita do México era de 1,4 vezes o do Brasil, em 2010 já são iguais, segundo essa mesma fonte.

No gráfico acima se avalia que se há 20 anos (1989 no México e 1990 no Brasil) o nível de pobreza que a CEPAL mede era quase igual em ambos os países (48% no Brasil e 47,7% no México), em 2008 a pobreza era substancialmente mais baixa no Brasil (25,8%) do que no México (34,8%).

Particularmente interessante é comparar o México com o Brasil durante o período de Lula, que começou em janeiro de 2003 e terminará no fim deste ano. Em 2003 os níveis de pobreza de ambos os países eram quase iguais (veja-se o gráfico), mas enquanto Lula conseguiu diminuir a probreza em 13 pontos percentuais em cinco anos (de 2003 a 2008), no México só houve uma redução de 4, 6 pontos.

É necessário advertir que, depois de 2008, com a explosão da crise mundial em que o México mais sofreu as consequências na AL (graças à ausência de uma política econômica anticíclica e a sua quase total dependência do mercado dos EUA) e o Brasil seguiu crescendo (graças à sua vigorosa política anticíclica de estímulo ao mercado interno) e à diversificação de seus mercados), mesmo que em ritmo mais lento, a pobreza seguiu crescendo no México e seguramente seguiu diminuindo no Brasil, ampliando-se assim a distância entre os dois países. Não é exagerado supor que a proporção da população vivendo na pobreza, assim como a CEPAL mede, seja quase o dobro no México, em relação ao Brasil.

A liberdade não consiste só em não ser escravo, nem tampouco em não ver-se sujeito à coerção direta para fazer o que se faz. O capitalismo inventou um chicote mais sutil: o chicote da fome, despossuindo a população de todos os meios de produção que lhe permitia obter seu sustento, obrigando-os a vender sua capacidade de trabalho por um salário, para sobreviver.

Nesses casos, o que tira a liberdade do ser humano é a necessidade. O verdadeiro oposto da liberdade é a necessidade. A independência política formal de um país não se converte em liberdade individual nem em autêntica soberania nacional quando se depende economicamente do exterior. Assim como para quase todos nós vender nossa força de trabalho não é uma escolha livre mas uma opção forçada, a seguir o que se impõe de fora para dentro. O México é hoje muito menos livre do que o Brasil.
Postado por René Amaral às 9/22/2010 08:00:00 AM