Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A 30 dias da eleição, paulistano não sabe em quem votar




Durante os últimos nove dias, este blog promoveu uma “pesquisa de opinião” própria a fim de apurar, não a intenção de voto do eleitorado da cidade de São Paulo, mas sua visão geral sobre política e democracia e seu estado de espírito relativo à eleição do próximo prefeito.
O critério fundamental da pesquisa foi o de entrevistar pessoas sem posições políticas arraigadas e que dão pouca importância ao assunto. Tal critério teve origem no senso comum de que esse é o perfil da maioria esmagadora do eleitorado brasileiro.
Importante: é evidente que a iniciativa não tem fundamentação científica, servindo, apenas, para revelar uma postura diante da política facilmente observável no eleitorado paulistano.
A “pesquisa” obedeceu a critérios de classe social, faixa etária, nível de instrução e zona (Norte, Sul, Leste ou Oeste) da cidade. Não foi apresentada uma lista de candidatos – as menções foram espontâneas.
Dezenove pessoas foram entrevistadas. Desse universo, quatro eleitores declararam voto em Celso Russomano, um em Fernando Haddad e três em José Serra.  Os outros onze declararam não saber em quem votar.
Todos os entrevistados que conseguiram citar ao menos um candidato admitiram a possibilidade de mudar de voto ou de anulá-lo e afirmaram que deixarão a decisão final para os últimos dias da campanha eleitoral por não terem tido “tempo” de avaliar “propostas”.
Do universo pesquisado, doze pessoas assistiram a pelo menos um programa eleitoral dos três candidatos a prefeito mais bem colocados e nenhuma assistiu a programas dos candidatos a vereador.
Dos eleitores que disseram que vão votar em Serra, só um se lembrou de sua relação com o prefeito Gilberto Kassab. Do universo pesquisado, sete pessoas se lembraram dessa relação.
Nenhum entrevistado se disse satisfeito com o prefeito de São Paulo. Todos disseram que a cidade está cada dia pior.
Todos os entrevistados afirmaram que o partido não importa porque o novo prefeito fará alianças. Doze entrevistados disseram que é melhor votar em candidato a prefeito de um partido e em vereadores de outro partido para não dar “muito poder” ao governante.
Todos repudiaram “os políticos” e afirmaram que “nada vai mudar”, seja qual for o eleito. Todos manifestaram desejo de mudar da capital paulista. Todos gostariam de aproveitar a eleição para viajar, mas apenas três declararam ter condições de fazê-lo.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Vergonha alheia: mídia esconde maior escândalo da história do Brasil

A imprensa blinda Serra. O eleitor, não 
Nirlando Beirão

Até o momento em que rabisco essas mal traçadas linhas, reina estrepitoso silêncio em torno do livro-bomba de Amaury Ribeiro Jr., nosso companheiro aqui da Record, com novas, sensacionais, documentadíssimas revelações sobre aquele que foi – agora não há nenhuma dúvida – a maior falcatrua com dinheiro público na história recente do Brasil.

Os únicos a quebrar a omertà, a lei mafiosa do silêncio, são a Record e a Record News, que não têm rabo preso com ninguém e noticiaram com o devido destaque, da mesma forma como noticiam os escândalos no governo federal. O livro trata do episódio da privatização das teles no governo Fernando Henrique Cardoso. O mensalão fica parecendo coisa de amadores.

Amaury Ribeiro Jr. é um repórter investigativo de fino faro. Já ganhou o Prêmio Esso de Reportagem, uma espécie de Oscar do jornalismo brasileiro. É um profissional sério e respeitável.

A Privataria Tucana (Geração Editorial) traz 323 páginas de pura nitroglicerina. Entre os protagonistas da trama, avulta a figura do ex-ministro José Serra. Junto com Serra, um pequeno círculo de familiares: a filha, o genro, o marido de uma prima do Serra.

As acusações são pesadas e volumo$a$. Dão conta de movimentações superiores a 2,5 bilhões de dólares, via paraísos fiscais. Propinas, tráfico de influências, fraude em concorrências, espionagem – está tudo documentado.

No eixo das malversações, o conhecido Ricardo Sérgio de Oliveira, caixa das campanhas eleitorais do PSDB.

Em entrevista à CartaCapital – que também teve a coragem de romper a blindagem feita pela grande imprensa em torno de Serra – Ribeiro Jr. destampa um episódio digamos assim fratricida, que exprime bem os métodos políticos de José Serra.

Ameaçado pelo crescimento de Aécio Neves junto às bases do PSDB, o insistente candidato decidiu botar um núcleo de arapongas espionando a vida particular do governador mineiro.

Serra pretendia usar o dossiê numa possível contenda dentro do partido. Quem comandava a operação clandestina era o ex-delegado da Polícia Federal, depois lotado no gabinete do ministro da Saúde, Marcelo Itagiba. (Itagiba, eleito deputado federal pelo PSDB do Rio, em 2006, foi cassado pelo voto em 2010).

Vocês sabem, Aécio desistiu, Serra concorreu e perdeu. Durante a campanha, fez enorme alarde a respeito de um suposto “dossiê” que envolveria sua filha. O dossiê era, na verdade, o livro do Amaury.

Tática preventiva, mas manjada: acusar para não ser acusado, fazer escarcéu para despistar o foco da questão. A imprensa amiga aliou-se prontamente ao candidato anti-Lula.

Amaury, para não ser ver usado no arsenal da sangrenta campanha presidencial, decidiu adiar a publicação do livro – que agora está nas livrarias.

Sobra inclusive para o PT – outro momento fratricida dos muitos a que o PT já se acostumou.

Narra a disputa entre duas facções durante a campanha da Dilma: aquela comandada pelo hoje ministro Fernando Pimentel e a ala aloprada do PT de São Paulo, representada pelo hoje presidente do partido, Ruy Falcão.

Foi a turma de São Paulo quem andou vazando informações à imprensa para detonar os rivais – a velha guerra de ocupação de espaços. Mesmo ao custo de detonar a própria candidatura Dilma.

(Um dos veículos acionados por Falcão foi, acreditem, a revista Veja). O livro é um mergulho no triste Brasil do lodaçal do poder.

Insisto: é curioso o silêncio da grande imprensa. Tão pressurosa em divulgar as mais mirabolantes acusações – por exemplo, aquela história de mala de dinheiro na garagem do Ministério do Esporte, depois desmentida – ela agora trata de proteger o eterno queridinho.

O eleitor, no entanto, está ligado. Pesquisa da Datafolha divulgada ontem, domingo, 11, informa que a rejeição a José Serra pulou para 35% – no caso de ele vir a ser candidato a prefeito de São Paulo no ano que vem.

Serra é, disparado, o mais rejeitado de todos os possíveis postulantes.

Mas ele é tão insistente que vai acabar atropelando seus próprios companheiros de partido e se candidatando a um mandato que, claro, se eleito, não iria cumprir até o fim – mesmo prometendo fazê-lo, com certidão passada em cartório e tudo (como já fez certa vez).

Pelo menos o Serra terá o voto da Soninha.



 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que pode o PSDB oferecer à 'nova classe



Um passo sem outro 

Janio de Freitas, na Falha de S. Paulo
A estratégia proposta por Fernando Henrique é a radicalização explícita da trajetória do PSDB
O ensaio de Fernando Henrique Cardoso com uma proposta de estratégia para a oposição, e em particular para o PSDB, tem, no mínimo, dois méritos. É um passo entre os oposicionistas imobilizados em anos de estarrecimento e, na contramão do seu propósito, uma evidência da dificuldade da oposição para encontrar um rosto e uma saída. Tudo o mais é polêmico.

No que de fato interessa a um partido político, que é a conquista de eleitorado para abrir-lhe perspectivas de poder, a estratégia proposta por Fernando Henrique é a radicalização explícita da trajetória, praticada, mas não reconhecida, do PSDB na maior parte de sua existência.

Desistir da pretensão de conquistar as "organizações sociais" e o "povão", que Fernando Henrique considera indissociáveis do PT, e buscar a "nova classe média" é uma ideia já antiga no autor do ensaio e no seu partido.

Trata-se de buscar os recentes acréscimos feitos ao segmento social que foi a razão de ser, em termos sociais e políticos, do governo Fernando Henrique: a classe média.

Não quando do Plano Real, que deu a Presidência a Fernando Henrique, mas a partir de quando essa vitória se tornou governo. Ocasião em que o nome (Partido da) Social Democracia (Brasileira) tornou-se falacioso demais.

Tal orientação confirmou-se como a ideia básica do governo ao se tornar a maior dificuldade de José Serra na disputa com Lula, em 2002. Serra tanto precisava atrair o eleitorado "povão", já que a então classe média não lhe bastaria e Lula nela se infiltrava, quanto precisaria, para isso, criticar o alheamento do governo peessedebista às aspirações da grande massa eleitoral.

Não o fez, ficando como um candidato carente de sintonia com o múltiplo eleitorado não conservador.

A estratégia proposta por Fernando Henrique encontrou reações numerosas, inclusive no PSDB. Quem já pensa nas próximas eleições não pode concordar com restrição à caça de votos onde mais existem, mesmo que seja para pescaria modesta.

Mas digamos que a preliminar proposta se imponha. Então, toda concepção estratégica depende de táticas, que são o modo de efetivá-la. E que discurso pode a oposição dirigir à "nova classe média" e aos que estão nos umbrais dela?

Foi muito dito, com destaque para os comentaristas alinhados com o PSDB, que a "nova classe média" foi o fator decisivo para a vitória de Lula/Dilma. Ainda que relativizada, a conclusão traz o reconhecimento da adesão (até humanamente lógica) dos setores beneficiados à política do governo Lula. Continuada, neste capítulo, pelo governo Dilma.

O que teriam os oposicionistas a criticar em tal política, para os ouvidos beneficiados, e a propor para atraí-los? Ou, não sendo por aí, há de ser por outro caminho -qual?

A proposta de estratégia, por si só, não diminui o tamanho do abismo que a oposição precisa subir, vistos os seus resultados eleitorais.

Ainda existe, porém, um sentido adicional na proposta de dedicação exclusiva às classes médias (e, portanto, também à rica): sugere a identificação definitiva do PSDB com a velha UDN, expressão perfeita e inspiração permanente da classe média de seu tempo.





Leia mais em: Esquerdop̶a̶t̶a̶ 
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