Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 9 de março de 2017

Cinco mandatários defendem Lula contra Moro Condenação de Lula será vergonha internacional!

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Defesa de Lula chama cinco líderes internacionais para explicar à Justiça absurdo de acusação da Zelotes


Três ex-presidentes e dois atuais mandatários das repúblicas de Brasil, França e Suécia servirão de testemunha de Defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em processo movido contra ele no âmbito da Operação Zelotes, na Justiça Federal de Brasília. São eles: Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff, Stefan Löfven (Suécia), François Hollande e Nicolas Sarkozy (França).

A Defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou nesta quarta-feira a resposta à acusação feita pelo Ministério Público Federal do DF na 10ª Vara Federal Criminal de Brasília. A peça acusatória, que contém documentos em língua inglesa sem tradução e outros problemas de forma, é baseada em uma mirabolante e inconsequente teoria sem provas que termina por tentar condenar Lula por supostamente ter vendido uma influência no governo Federal após sua saída do cargo, que os próprios procuradores afirmam que o ex-presidente de fato não tinha, muito embora tentasse parecer que tinha.

É neste contexto que o MPF-DF acusa Lula de ter “vendido” a falsa ideia de que teria como influenciar o governo Dilma Rousseff para que este comprasse 36 aviões-caça de uma empresa sueca, e não de uma empresa francesa que com ela competia, dentro de um intrincado processo de compra de equipamentos militares pelo Estado brasileiro, que vinha sendo negociado desde o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e cuja conclusão só se deu no governo Dilma, em agosto de 2015.

Para tentar sustentar a exótica tese, os procuradores afirmam que o atual primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, teria tentado marcar uma reunião com o ex-presidente Lula no final de 2013, e que esta reunião seria para que Lula usasse de sua influência no governo Dilma para convencê-la a comprar os caças suecos. Os procuradores alegam ainda que o mandatário sueco (que, à época, ainda não era primeiro-ministro daquele país), teria escrito uma carta a Lula pedindo que este fizesse este favor.

Isso é o que alega o MPF-DF, mas não apresenta nenhuma prova - nenhuma! - de que a tal carta chegou a Lula, muito menos a de que o ex-presidente teria intercedido junto ao governo federal para que a compra se efetivasse. Até porque, nos oito anos em que presidiu o país, Lula poderia ele mesmo ter coordenado esta compra, além de ter defendido, publicamente, a compra dos caças franceses Rafale.

Assim, para que não pairem dúvidas da mirabolância da tese dos procuradores, o primeiro-ministro sueco foi chamado pela defesa de Lula a depor e esclarecer os fatos. 

No mesmo contexto, encaixam-se os pedidos para que deponham Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso: para que possam explicar como funciona uma compra militar internacional deste porte, como a decisão final de se adquirir os caças suecos se concretizou e pela análise de quantas pessoas passa uma aquisição dessa envergadura. Um exemplo é o alto comando da FAB (Força Aérea Brasileira), que, desde 2010, assentou entendimento de que os aviões suecos eram os que melhor serviriam ao Brasil.

Por fim, o ex-presidente e o atual mandatário francês foram chamados ao processo para que possam contar aos procuradores e ao juizado brasileiro como se deram as negociações entre os dois países, quais foram os pontos que tornaram a negociação mais difícil e todas as circunstâncias que fizeram com que o negócio entre as duas nações não se concretizasse.

Conforme está explicado na resposta à acusação protocolada pelos advogados de Lula, “o processo de aquisição dos caças Gripen NG foi permeado de profunda transparência, debate público, apuro técnico e atenção às questões econômico-financeiras e à situação fiscal do País.” 

“A complexidade de fatores envolvidos não permite que justificativas singelas elaboradas pela acusação expliquem o processo decisório. Assim, é pouco relevante a contribuição do Parquet (Ministério Público) ao emitir opiniões rasas sobre temas que fogem de sua alçada, como ao afirmar que “o fator determinante na opção da ex-presidente [Dilma Rousseff] parece mesmo ter sido a crise dela com o então presidente americano, Barack Obama, a partir de documentos vazados pro Edward Snowden”.

domingo, 31 de julho de 2016

Laura Capriglione: O MPF é cego? E a mídia golpista também não percebeu que esse juiz já era conhecido dela?

Soares Leite - repdução diário do nordeste 
Juiz Ricardo Augusto Soares Leite, que segundo o próprio Ministério Público Federal, dificultou a punição dos fraudadores da Receita  (Reprodução: Diário do Nordeste)
Dois pesos e duas medidas

por Laura Capriglione, especial para o Jornalistas Livres

O juiz que assina a decisão de transformar o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva em réu é Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília. Leite é conhecidíssimo, mas não por sua eficiência. Bem ao contrário.

Juiz da Operação Zelotes, que apura esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar os autos de infração da Receita, o juiz que transformou Lula em réu teve a capacidade de ser denunciado pelo próprio Ministério Público Federal.
Reportagem publicada pela Folha, em 20 de junho de 2015, mostrava o Ministério Público reclamando de várias decisões judiciais de Ricardo Augusto Soares Leite que dificultaram a obtenção de provas contra os fraudadores da Receita.

“O juiz Ricardo Leite negou todos os pedidos de prisão dos investigados, suspendeu escuta telefônica e não autorizou buscas e apreensões.”

“A Procuradoria já representou contra Leite na Corregedoria do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, em abril. Segundo a Folha apurou, se nenhuma medida for adotada pela corregedoria do Tribunal, a Procuradoria da República no Distrito Federal vai recorrer ao Conselho Nacional de Justiça.”

10 vara federal , brasilia,
“Segundo a polícia, multas contra empresas somando R$ 19 bilhões tiveram o julgamento alterado pela ação de uma quadrilha que atuava junto ao órgão.”

Pois não é que exatamente esse juiz da 10º Vara Federal, que, segundo o próprio Ministério Público Federal, dificultou a punição dos fraudadores da Receita, é exatamente esse o homem que transformou Lula em réu?

A Justiça é cega mesmo?

E a imprensa golpista? Não percebeu também que esse nome já era dela conhecido?
Aqui a reportagem da Folha, publicada há pouco mais de um ano:

juiz
Procuradoria quer afastar juiz que apura corrupção em conselho

LEONARDO SOUZA
  DO RIO – 20/06/2015 02h00

O Ministério Público Federal quer o afastamento do juiz Ricardo Augusto Soares Leite da 10ª Vara Federal de Brasília. Leite é o juiz da Operação Zelotes, que apura esquema de corrupção no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por julgar os autos de infração da Receita.

Segundo a polícia, multas contra empresas somando R$ 19 bilhões tiveram o julgamento alterado pela ação de uma quadrilha que atuava junto ao órgão.

O Ministério Público, no entanto, disse que não conseguirá anular a maioria dos casos, porque várias decisões judiciais dificultaram a obtenção de provas.

O juiz Ricardo Leite negou todos os pedidos de prisão dos investigados, suspendeu escuta telefônica e não autorizou buscas e apreensões.

A Procuradoria já representou contra Leite na Corregedoria do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, em abril. Segundo a Folha apurou, se nenhuma medida for adotada pela corregedoria do Tribunal, a Procuradoria da República no Distrito Federal vai recorrer ao Conselho Nacional de Justiça.

Juiz substituto, o magistrado está há aproximadamente dez anos no comando da 10ª Vara, especializada em julgamentos de crimes de lavagem de dinheiro.

VAMPIROS

Nesse período, passaram pelas mãos de Leite casos como o da máfia dos Vampiros, o de Maurício Marinho (Correios), Waldomiro Diniz (Casa Civil) e o da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo (veja quadro ao lado).

Na representação à corregedoria do TRF, à qual a Folha teve acesso, os procuradores relatam o que classificam como “a existência de um crônico e grave quadro de ineficiência” na atuação do juiz Ricardo Leite.

Procurado por uma semana na Justiça Federal no DF, ele não quis dar declarações (leia texto ao lado).

De acordo com o documento, o magistrado prejudicou o andamento dos processos por demorar para tomar decisões simples e por empregar expedientes jurídicos vetados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Os procuradores dão exemplos de como “a extrema morosidade” no trâmite dos processos na 10ª Vara gera “substanciais prejuízos” ao país.

Na Operação Vampiro, deflagrada em 2004, o STJ negou um recurso impetrado pelos réus e autorizou, em 2010, o andamento regular do processo. A ação penal só foi retomada pela 10ª Vara, porém, em fevereiro de 2012.

A Justiça suíça bloqueou recursos nos nomes de alguns dos réus. O dinheiro não foi repatriado para o Brasil porque até hoje não há uma decisão definitiva sobre o caso.

Na representação ao TRF, o MPF pede que a corregedoria instaure procedimento avulso contra o juiz e uma correição extraordinária na 10ª Vara Federal. Entre as punições previstas que podem ser aplicadas ao juiz, estão advertência, remoção para outra vara e até mesmo aposentadoria compulsória.

Na correição extraordinária, seria feito diagnóstico completo da Vara para acelerar o andamento dos processos. Nos próximos dias, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) vai na mesma direção: solicitará ao CNJ a instauração de sindicância e processo administrativo disciplinar contra o juiz. Segundo Pimenta, relator da subcomissão da Câmara criada para acompanhar a Zelotes, a atitude do juiz Ricardo Leite tem “prejudicado sobremaneira a apuração dos fatos”.

OUTRO LADO

A Folha fez diversos contatos com a assessoria de imprensa da Justiça Federal em Brasília, por mais de uma semana, pedindo uma entrevista com o juiz Ricardo Augusto Soares Leite para que ele comentasse as reclamações da Procuradoria.

Ele não ligou de volta.

A reportagem também mandou e-mails para a assessoria, mas as mensagens não foram respondidas.

Em audiências realizadas na Câmara pelo relator da subcomissão para acompanhar a Operação Zelotes, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), delegados da Polícia Federal e procuradores da República encarregados do caso reclamaram publicamente do comportamento do juiz Soares Leite.

Frederico Paiva, procurador que coordena as investigações de fraude em julgamentos do Carf, disse que os pedidos de prisão negados por Leite eram importantes para impedir que os investigados combinassem os depoimentos.

“Ele [o juiz] tem um histórico de acúmulo de processos, um comportamento que chama atenção e deveria ser examinado de perto”, disse Paiva numa das audiências públicas.

 Leia também:
Ignacio Delgado: 2016, o ano que foi dado um golpe e se preparou outro para 2018 

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

LULA REAGE A DENÚNCIAS: “NÃO VAI TERMINAR NUNCA?”

Quem é o delegado Reinaldo Sobrinho da Zelotes?

O que ele fazia com os investigados?
delegado reinaldo
O delegado Reinaldo trabalhou com Richa e os delegados grampeadores
Conversa Afiada reproduz o item #37 do documento em que a Juíza Bernardes aceitou o jabuti para vasculhar a empresa do filho do Lula:

DETERMINO que a autoridade policial providencie vista dos autos ao MPF (17.1) para que possa acompanhar as medidas ora deferidas e também (17.2) para que informe o juízo acerca das providências tomadas para esclarecer: (17.2.1) em que circunstâncias ocorreu a visita realizada por Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho, Delegado de Polícia Federal que já atuou no Núcleo de Inteligência Policial, ao investigado FERNANDO CESAR DE MOREIRA MESQUITA; (17.2.2) o fato de
ter sido encontrado, na residência do investigado ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, Relatório de Inteligência Policial da Polícia Federal (fls. 541/545);

A Juíza manda aí o Ministério Público Federal investigar o contato do delegado Reinaldo Sobrinho com investigado na casa de outro investigado.

Como é que é que?

Quem é o desatento delegado, que foi convocado para a força tarefa para investigar a Zelotes e que, em vez de vasculhar a Globo (RBS), vai atrás do auxiliar do Vanderlei Luxemburgo?

E se mete com investigado na casa de investigado?

Pra tratar de futebol americano?

Comentar o Super Bowl?

O desatento delegado foi o primeiro Secretário de Segurança do governador Richa, o patrono dos professores do Paraná.

Depois foi sucedido por notável delegado da PF, aquele que corre de professor, o impoluto Franceschini.

O delegado servia na Superintendência da PF do Paraná, onde a turma grampeia mictório de preso!

Viva a PF republicana do zé da Justiça.

De lá foi para a Zelotes.

O desatento delegado Sobrinho aparece também numa gravação da turma do notável empresário Carlinhos Cachoeira.

A Zelotes não encana empresário.

Mas se prepara para prender o filho do Lula e destituir a Dilma.

Com a notável contribuição do delegado Reinaldo Sobrinho.

O que o MPF fará para cumprir essa determinação da Juíza?

Provavelmente nada.

O MPF se afogou nas águas turvas de Furnas!

Veja os documentos:
Atualmente o delegado Dobrinho está lotado na Superintendência da PF em Curitiba.

Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho - De Abr/2010 a Fev/2011

Reinaldo de Almeida Cesar é bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Ingressou na Policia Federal como delegado, em 1997 e está na ativa, posicionado na Classe Especial. Entre outras atividades, chefiou a Divisão de Cooperação Policial Internacional (Interpol) e foi instrutor de Policia Judiciária, na Academia da PF. Foi chefe da Assessoria Parlamentar da Policia Federal na gestão Agilio Monteiro Filho e atuou como porta-voz da Polícia Federal durante a gestão Armando Possa. Integrou o Gabinete de Crises da Presidência, no primeiro governo Lula e coordenou a missão de segurança prevista pela lei eleitoral, para o candidato do PSDB à presidência da República, nas eleições de 2006. Atuou como presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) de abril de 2010 até abril de 2012.

Leia na Gazeta do Povo:

Futuro secretário de segurança responde por desvio de verba

E na Folha de Maringá:

Revista Época insinua que Carlinhos Cachoeira indicou o secretário da Segurança do PR

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

zé, quem é o delegado que quer ferrar o Lula?

Será um aecista ou um grampeador?
bessinha santo expedito do pig
O ministro zé da Justiça deveria apresentar ao povo brasileiro o delegado da PF que enfiou o jabuti na Zelotes para ferrar o (filho do) Lula.
Deve ser, segundo o próprio Cerra, um grande brasileiro!
Um policial federal republicano, desses que querem higienizar a República e encarcerar os que não são da "terra dos coxinha".
A sedição da PF chegou, segundo o Cerra, ao limite!
Quem é o delegado, zé?
Será preciso perguntar à Presidenta?
Ou não vem ao caso?

Paulo Henrique Amorim

terça-feira, 27 de outubro de 2015

PIMENTA: AO EDITAR ZELOTES, GLOBO FOI “CRIMINOSA”

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Filho de Lula sofre armação igual à sofrida pelo irmão do ex-presidente em 2007

filho capa
Em 4 de junho de 2007, a Polícia Federal levou a cabo uma operação espalhafatosa operação de busca e apreensão na casa de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele fora indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio do irmão no Judiciário.
A ação fez parte da Operação Xeque-Mate, que prendeu, naquele dia, 77 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos caça-níqueis e a um esquema de corrupção de policiais militares e civis.
15 dias depois, em 19 de junho de 2007, o Ministério Público desindiciou – por assim dizer – o irmão do ex-presidente por falta de elementos que o ligassem ao caso.
À época, o jornalista Elio Gaspari já havia publicado em suas colunas nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo que o “linchamento” que a mídia estava promovendo contra o irmão de Lula não se sustentava em fatos, apenas em indícios frágeis e tinha como objetivo, na verdade, prejudicar o presidente Lula.
Confira, abaixo, a coluna de Gaspari de 17 de junho de 2007.
filho 1
Vale lembrar que o ministro da Justiça, à época, era Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande do Sul. Assim como José Eduardo Cardozo, hoje, Genro e todos os outros ministros da Justiça dos governos Lula e Dilma jamais atrapalharam ou tentaram impedir qualquer investigação mesmo que atingissem importantes figuras do PT.
Três anos e pouco depois, mais precisamente no ano eleitoral de 2010, a Folha de São Paulo publica matéria que comprova que Vavá foi vítima de uma farsa que visava atingir o irmão.
filho 2
Nesta segunda-feira (26), o Brasil assistiu a armação igual à que tentou atingir Lula através de seu irmão oito anos atrás. A Polícia Federal deflagrou mais uma fase da Operação Zelotes e fez operação de busca e apreensão na empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.
No início do mês, o jornal O Estado de São Paulo publicou matéria que afirmara que uma das empresas de Luiz Cláudio, a LFT Marketing Esportivo, recebera pagamentos de Mauro Marcondes, um dos lobistas investigados por negociar a edição e aprovação da MP 471 durante o governo Lula.
A norma prorrogou incentivos fiscais para o setor automotivo.
Luiz Cláudio, que também é dono da empresa Touchdown, confirmara o recebimento de R$ 2,4 milhões. O filho de Lula, porém, sustentou que os valores se referem a projetos desenvolvidos para uma empresa de Mauro Marcondes, a Marcondes e Mautoni Empreendimentos, em sua “área de atuação”, o esporte.
Mas não é só. Luiz Cláudio tentou explicar ao Estadão que a acusação contra ele não se sustentava por várias razões que detalhou, mas o jornal se recusou a divulgá-las.
Diante da estranhíssima postura do jornal de não querer divulgar essas informações, Luiz Cláudio  está processando “cível e criminalmente” ‘O Estado de S. Paulo’. “Essa matéria é mais uma tentativa irresponsável de criminalização do PT, de Lula e de pessoas ligadas ao ex-presidente”, criticou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
No texto, o jornal declarou que a Marcondes & Mautoni Empreendimentos teria pago à LFT Marketing Esportivo, de Luis Cláudio, para que Lula publicasse a medida provisória 471, de 2009, que oferecia benefícios fiscais às montadoras.
Os valores citados, no entanto, fazem parte de um projeto contratado e executado entre 2014 e 2015, cinco anos depois da aprovação da MP. “O valor recebido pela LFT Marketing Esportivo foi contabilizado e declarado legalmente”, declara a nota divulgada à imprensa por Luis Cláudio.
“A linha temporal destrói o argumento central ao tornar impossível a relação causal dos fatos”, destaca a nota. “É uma matéria que não se sustenta. Os fatos foram ignorados na elaboração da matéria e o simples conhecimento deles seria suficiente para desmontar o factoide criado”, disse Pimenta.
O deputado lembrou que a MP prorrogou incentivos que foram criados a partir de uma articulação em 1999, pelo então senador Antônio Carlos Magalhães, para incentivar a instalação de fábricas automobilísticas nas Regiões Norte e Nordeste.
“Em 2009, a proposta foi aprovada por unanimidade, defendida no Congresso por Tasso Jereissati (PSDB-CE), José Agripino (DEM-RN) e tendo como relator José Carlos Aleluia (DEM-BA)”, apontou.
A medida, de acordo com Paulo Pimenta, foi aprovada sem emendas. “A iniciativa do líder do PSDB (Aloysio Nunes) é reveladora de que tudo isso parte de uma estratégia mentirosa que cria a ideia de uma suposta irregularidade”, avaliou o deputado.
“Não há nenhuma lógica, nenhum sentido nas acusações do jornal. A MP era de interesse do País, beneficiava estados governados pelo PSDB, como Goiás e relatada por partidos de oposição”, rebateu Pimenta.
Luis Cláudio, filho de Lula, é proprietário da empresa LFT Marketing Esportivo, que presta serviços apenas para o setor privado. Os valores recebidos por trabalhos prestados para a Marcondes & Mautoni foram declarados em imposto de renda.
“Essas informações foram disponibilizadas para a imprensa, que ignorou para justificar uma relação espúria que nunca existiu”, disse Pimenta. Segundo o parlamentar, a matéria é um “factoide criminoso produzido com fundo partidário como parte de uma estratégia para o momento político que estamos vivendo”.
Contudo, assim como ocorreu com o irmão de Lula, a busca em seu escritório não dará em nada. Chega a ser ridículo acharem que encontrarão alguma evidência de negociata de uma medida tomada por Lula em 2009 no âmbito da crise econômica mundial que eclodira no fim do ano anterior.
Lula prorrogou incentivos fiscais às montadoras assim como para muitos outros setores da economia, em 2009, na tentativa de impedir que o país entrasse em recessão. Seu filho Luiz Cláudio fundou a empresa LFT marketing esportivo em 2011 e o contrato com a empresa de Mauro Marcondes foi fechado em 2014.
A tese maluca é a de que Lula emitiu uma medida provisória em 2009 para beneficiar o filho e a propina que o beneficiaria foi paga nada mais, nada menos do que CINCO ANOS DEPOIS. Alguém já viu isso, propina paga cinco anos após o ato de corrupção?
Pior de tudo é a conduta do Estadão ao se recusar a informar esse fato aos seus leitores. É isso mesmo, caro leitor: o jornal não quer que seu público saiba que a suposta “propina” ao filho de Lula só foi paga cinco anos após o suposto ato do pai para beneficiar montadoras de automóveis.
Essa artilharia contra Lula, não para. Todo santo dia há uma acusação diferente. Nada é provado, mas o noticiário ajuda a “fundamentar” os grupos antipetistas que, sob financiamento obscuro de milhões de dólares, mobilizam pessoas a não fazerem mais nada na vida além de atacar o PT com manifestações, bonecos gigantes e caríssimos etc.
Este Blog volta a dizer: esse tipo de informação que você está lendo deveria ser divulgada em escala internacional para que o mundo saiba da conspiração fascista que está tentando sepultar a democracia brasileira e inaugurar um regime autoritário no país, com perseguições políticas e até violência física, com ataques a bomba e espancamentos nas ruas.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O nome da crise

O nome da crise não é Dilma; é dominância financeira: como bloquear a república dos acionistas? Em que mesa negociar com os depósitos em paraísos fiscais?

por: Saul Leblon 

Roberto Stuckert Filho/PR



                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                Exceto em regimes escravocratas, quando o subalterno não dispunha sequer da própria vida, a distância entre ricos e pobres nunca foi tão pronunciada na trajetória da humanidade.
 
Assiste-se a  uma desconexão bruta,  física e estrutural entre os extremos. A exploração do trabalho continua a vigorar como a ponte entre os dois mundos, porém não mais explícita no confronto entre a figura do patrão e a do assalariado.
 
As margens nem mesmo se enxergam mais.
 
Onde fica a sede da entidade ubíqua chamada fuga de capitais?
 
Em que rodovia é possível erguer uma barreira contra a república dos acionistas?
 
Em que mesa negociar a pauta de reivindicações aos depósitos em paraísos fiscais?
 
O poder do capital se camuflou em circuitos inefáveis e sem rosto.
 
A um toque de botão é capaz de desencadear ordens de compra e venda que podem esfarelar o comando de um governo; reduzir uma nação a uma montanha desordenada de impossibilidades.
 
A história das nações, em certa medida, foi sequestrada pela campainha dos pregões; a abertura e o fechamento dos mercados de câmbio emitem pronunciamentos diários em cadeia mundial, como uma junta militar  dissimulada em cifrões.
 
Nunca como hoje a luta pela vida digna remeteu tão linearmente ao controle do poder de Estado.
 
Único interlocutor capaz de dialogar com o ectoplasma da riqueza sem rosto, o Estado, ele próprio, foi quase integralmente capturado em suas entranhas pelos mercados.
 
Sem um vigoroso aggiornamento da democracia participativa nem mesmo ele é páreo para os interditos dos mercados.
 
A bonança recente do ciclo de commodities ofereceu ao Brasil uma década trufada por excedentes que ampliaram a  margem de manobra do governo e amorteceram a percepção dessa polaridade extrema.
 
Os governos do PT souberam aproveitar o atalho para promover avanços indiscutíveis na perversão social criada pelo capitalismo brasileiro. Dobraram a aposta nessa via durante a crise deflagrada pela desordem neoliberal, em 2008.
 
Os dados são conhecidos. Embora o dever de ofício midiático se esmere em  negá-los, o fato é que todo o vapor da caldeira conservadora hoje se concentra em desmontar aquilo que seus porta-vozes desmentem ter ocorrido.
 
Dê-se a isso o nome técnico que for. O que se mira é a regressão das conquistas sociais, salariais e políticas dos últimos doze anos.
 
As palavras do ministro Marco Aurélio Garcia no encontro estadual do PT, neste sábado, sintetizam as consequências deste epílogo conturbado: ‘Tenho absoluta convicção de que encerramos um ciclo importante da nossa história", afirmou. "Vivíamos um momento de ganha-ganha. Todos podiam ganhar, os trabalhadores, os pobres, as classes médias, até os industriais e banqueiros. Havia um reordenamento da economia brasileira que permitia que todos ganhassem’.
 
‘Acabou’, advertiu o ministro para reverberar a gravidade do imperativo com uma assertiva não menos categórica: ‘As classes dominantes estão em clara ruptura conosco e, se não tomarmos cuidado, parte da nossa base social histórica também estará. O PT precisa urgentemente retornar a seus compromissos históricos’.
 
A chance dessa travessia não diz respeito apenas ao PT, no qual Marco Aurélio pontua a simbologia de todo o campo progressista.
 
Ela depende, na verdade   –como tem insistido Carta Maior— da convergência de uma frente ampla dotada de força capaz de obter o consentimento majoritário da sociedade para um projeto que ordene o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.
 
A falsificação dessa travessia em ligeirezas e amenidades que se satisfazem em fulanizar problemas e soluções reflete a ansiedade diante das provas cruciais.
 
Mas o gigantismo dos interesses a afrontar não pode ser subestimado pela boa intenção das soluções simplistas.
 
A muralha a vencer demanda a consciência materializada em amplo engajamento social. Não se trata de defenestrar Levy ou Cunha.
 
Trata-se de sobrepor uma hegemonia a outra, cuja dominância nunca foi tão entranhada e, ao mesmo tempo, dissimulada, fluida, ardilosa e, sempre que necessário, virulenta e golpista.
 
Um passo necessário dessa construção consiste em dar um nome ao invisível. Implica ao mesmo tempo proceder à ruptura com aquilo que na clarividente síntese de Marco Aurélio Garcia ‘acabou’.
 
O nome da crise é a riqueza que não reparte.
 
Não apenas o patrimônio acumulado.
 
Mas sobretudo as estruturas que a realimentam e a protegem com salvaguardas inoxidáveis.
 
Qualquer coisa menos que isso será insuficiente para evitar o rebote do lixo da história para o qual Marco Aurélio adverte. E o que é suficiente  excede em muito a capacidade da iniciativa unilateral de qualquer força isolada.
 
A riqueza que não reparte é ontologicamente avessa à construção de um destino compartilhado, exceto se  induzida a isso por uma força de coordenação assentada em ampla legitimidade social e democrática.
 
Por mais que dissimule o rosto da sabotagem, seu rastro planetário deixa as marcas da soberba autorreferente que se avoca igualmente apátrida e autorregulável.
 
Uma pegada sugestiva que atiça a prontidão das consciências é o consumo de luxo.
 
Ele atingirá US$ 3 trilhões  no planeta este ano.
 
Os vips brasileiros são reconhecidos em Paris ou em Miami como um dos mais lucrativos braços desse nicho nababesco.
 
Jatinhos, iates, mansões, jóias, arte, rejuvenescimento estético, turismo de experiências únicas abastecem as gôndolas globais do supermercado seleto.
 
Seu tíquete de compra anual equivale ao PIB da Alemanha, a quarta maior potência econômica do mundo, informa o jornal El País.
 
Não é que pareça excessivo, é que estamos de fato no reino do descabido. Do socialmente nefasto.
 
Apenas 85 membros desse bunker, os mais ricos entre os muito ricos, segundo a respeitada Oxfam (http://www.oxfam.org.uk/ ) têm um patrimônio de US$ 1,7 trilhão.
 
Um pecúlio equivalente ao da metade mais pobre da humanidade formada por 3,5 bilhões de homens, mulheres, jovens, idosos e crianças.
 
Para quem acha que o consumo anual de U$ 3 trilhões é over, a Oxfam avisa: se abrirmos um pouco mais o foco para abranger o famoso 1% carimbado pelos ‘occupy’, vamos nos deparar com um patrimônio de US$ 110 trilhões.
 
Quase duas vezes o PIB anual do planeta.
 
Seus detentores podem queimar US$ 3 trilhões por ano sem pestanejar.
 
Embala-os a certeza de que aplicações financeiras em praças generosas – a do Brasil paga os juros reais mais elevados do globo—cuidarão de regenerar seus portfólios, mantendo-os mais lucrativos do que  qualquer destinação produtiva do dinheiro –como mostrou Thomas Pikety.
 
O elo entre essa certeza e o resto da humanidade é um fosso que só faz crescer e agora abre fendas desconcertantes mesmo nas nações mais ricas.
 
Dados recentes da insuspeita OCDE mostram que entre seus 34  países membros a parcela dos 10% mais ricos detém hoje 50% da riqueza; os 40% mais pobres ficam com apenas a 3% dela.
 
A contrapartida chocante é que em apenas quatro anos da crise mundial, de 2007 a 2011, a população que subsiste abaixo da linha de pobreza aumentou de 1% para 9,4% nesse mosaico.
 
Uma exceção à tendência regressiva planetária , diz  o relatório  divulgado na semana passada, chama-se  América Latina e Caribe.
 
A desigualdade aí, que era um elemento da natureza, deixou de sê-lo desde o final dos anos 90, quando passou a cair.
 
O Brasil, cujo piso salarial registrou um aumento real de 70% desde 2003, é a principal estrela dessa dissonância.
 
O país apostou que um esforço de distribuição de renda— conciliador em relação aos detentores da riqueza, graças ao excedente conjuntural propiciado pelo boom das commodities— permitiria desencadear um ciclo de crescimento mais rápido e sustentável.
 
Esse, o modelo que acabou, como adverte Marco Aurélio Garcia.
 
Desequilíbrios macroeconômicos reais, como o câmbio valorizado, que asfixiou a indústria pela avalanche das importações, explicam parte do colapso.
 
A resistência à desordem neoliberal, por sua vez, exauriu recursos públicos que se esgotaram antes que a crise iniciada em 2008 desse lugar a um novo ciclo de crescimento.
 
O conjunto explica em grande arte os impasses da economia e da democracia nos dias que correm.
 
Mas não explica tudo.
 
Quem vê no capitalismo apenas   um sistema econômico, e não a dominação política intrínseca à encarnação financeira atual, subestima aspectos cruciais da encruzilhada brasileira.
 
Corre o risco de subestimar, também, a contagem regressiva alertada no apelo de Marco Aurélio Garcia ao retorno às raízes históricas do PT.
 
Ademais dos percalços macroeconômicos, a verdade é que foi a incipiente   tentativa petista de deslocar o capital parasitário para a produção que acendeu o estopim do confronto em marcha.
 
A espoleta acendeu a ira de interesses que tomaram gosto pelo vício de ganhar sem agregar riqueza à nação, nem se submeter aos compromissos com o bem comum da sociedade.
 
Disso não abdicarão facilmente, como tampouco renunciarão ao fastígio do  luxo em favor da parcimônia.
 
Ao contrário do que aconteceu no caso das cadeias industriais, o Brasil atingiu o estado das artes nessa matéria.
 
A coagulação rentista de uma elite perfeitamente integrada aos circuitos da alta finança, amesquinhou a democracia brasileira, privando-a de instrumentos para dar à riqueza a sua finalidade social.
 
A regressividade inerente a esse processo está promovendo uma mutação individualista acelerada nas relações sociais, a exemplo do que se passa no resto mundo.
 
O locaute do capital na frente do investimentos –repita-se, ademais dos gargalos macroeconômicos--  é o sintoma desse esgarçamento profundo entre um pedaço da riqueza e o destino coletivo da sociedade.
 
A greve do capital contra a ‘Dilma intervencionista’ começou aí quando a taxa de juro real foi comprimida a um piso histórico de 3,3% (no segundo governo FHC ela ficou em 18,5%,por exemplo;  foi de 11,7% no segundo Lula).
 
O governo pode ter cometido tropeços nessa ousada operação de desbloquear a avenida do investimento removendo a barreira do juro alto, para induzir o fluxo à atividade produtiva.
 
Mas talvez o maior deles tenha sido subestimar a musculatura política necessária para deslocar interesses descomunais  situados do outro lado da pista.
 
Sem o discernimento engajado da sociedade para enfrentar a riqueza que não reparte, a façanha estava fadada a tropeçar na assimetria das forças em confronto.
 
A fixação da Selic, a taxa básica de juro da economia, é a ordem unida da coalizão rentista
 
É daí que o mercado parte para colonizar o cálculo econômico de todos os  demais setores, alinhando-os aos padrões de retorno da ganância sem termo.
 
Vale a pena conhecer um pouco a amplitude dessa contaminação.
 
Em entrevista ao jornal Valor, o economista francês Pierre Salama  apontou  um desdobramento dessa irradiação: a explosão dos dividendos que se transformou, ela também, em um obstáculo ao investimento produtivo.
 
Pressionados a entregar fatias crescentes do lucro aos acionistas, os ‘managers’ corporativos o fazem  em detrimento da retenção de  lucro  para investimento.
 
A observação de Salama desvela uma dimensão pouco discutida da desindustrialização brasileira.
 
Ela explicaria, em parte também, segundo ele, ‘os efeitos indiretos sobre a primarização da economia’.
 
Outra consequência  igualmente corrosiva destacada pelo economista: ‘Se você não tem uma melhora no nível da produtividade porque não tem uma taxa de investimento importante, a única maneira de ser mais competitivo é forçando a queda do salário direto e  indireto’, diz .
 
Como?
 
Desmontando direitos  sociais dos trabalhadores –‘o custo Brasil’, ora sob fogo cerrado.
 
Salama encerrou a entrevista como se desse uma aula de alternativas consequentes ao receituário ortodoxo agora  vendido como fatalidade.
 
É forçoso coibir a ‘financeirização’, sentenciou para indicar duas vias matriciais: a) adotar um desassombrado controle de capitais e b) prmover uma reforma tributária que faça o rentista pagar mais impostos –inclusive os acionistas, isentos num Brasil que corta recursos da educação para equilibrar o orçamento fiscal.
 
O mesmo se dá na esfera global.
 
A desregulação dos mercados financeiros delegou ao sistema bancário internacional o poder supranacional de mobilizar e transferir riquezas, manipular e sabotar moedas.
 
Tudo blindado pela cumplicidade nem sempre passiva das agências de risco e dos organismos multilaterais.
 
É dessa usina que se originam os números obscenos do consumo de luxo, as cifras estonteantes dos depósitos em paraísos fiscais –onde a clientela  brasileira detém a quarta maior riqueza depositada--  e os valores desconcertantes de capitais ociosos, num mundo carente de investimento e  empregos.
 
Uma das maiores fontes de pressão pela elevação da taxa de juro nos EUA parte dos  detentores da riqueza sedentária.
 
Desde a crise de 2008 ela se debate confinada entre o baixo retorno e a elevada liquidez (o juro norte-americano oscila entre zero e negativa desde 2008 e o Fed injetou US$ 1,5 trilhão no mercado para salvar o capitalismo dele mesmo).
 
O cavalo financeiro escoiceia a estrebaria acanhada exigindo de volta o pasto gordo e indiviso.
 
Bancos e por consequência seus acionistas veem suas margens naufragarem, afogados em depósitos sem alternativa de aplicação lucrativa.
 
No primeiro trimestre deste ano os depósitos totais no Morgan, por exemplo, subiram para US$ 1,3 trilhão nos EUA  (aumento de US$ 4,5 bilhões em relação a dezembro de 2014); os do Wells Fargo somaram US$ 1,2 trilhão; aumento de US$ 28 bilhões no mesmo período. No circuito dos bancos sombra, onde impera o vale tudo em busca de retornos graúdos, há um tsunami de US$ 75 trilhões em ativos, segundo o Financial Stability Board.
 
A pergunta é: se a roleta do cassino travou, por que o aluvião  não migra então para o investimento produtivo?
 
Pela simples e dura razão de que a superprodução de capitais é a contraface  indissociável da escassez de demanda gerada pela precarização do trabalho no bojo da financeirização de toda a economia.
 
São realidades univitelinas, e se devoram no ventre do capitalismo desregulado.
 
Desse xeque-mate intrínseco à própria dominância financeira da época a sociedade não se livrará pela lógica de mercado.
 
O PT  tentou um caminho intermediário.
 
Ao incentivar keynesianamente a demanda  -- e ensaiar  uma fugaz redução da taxa de juro em 2013--   impôs uma coordenação light, confiante na regeneração do capital rentista em alavanca produtiva.
 
Enquanto o lubrificante da alta das commodities amaciou o conflito, a tentativa foi tolerada.
 
Mas a verdade é que a resposta esperada nunca aconteceu.
 
Pelo menos não na escala necessária –nem na indústria (culpa do câmbio, em parte), nem na infraestrutura (culpa do intervencionismo da Dilma, alega-se).
 
O fato de não ter acontecido impõe uma revisão do keynesianismo que descuidou do câmbio como o padeiro descuida do fermento e da lenha no forno.
 
Mas não basta.
 
E dificilmente teria bastado sem que se tivesse providenciado –até para tornar viável a maxidesvalorização competitiva—  aquilo que continua a faltar.
 
Falta a ferramenta política dotada de discernimento claro sobre a engrenagem a  afrontar.
 
O capitalismo quanto mais dá certo, mais dá errado.
 
Seu próprio movimento de expansão espreme e estreita o alicerce social do qual, paradoxalmente, extrai sua valorização. Por isso sobra capital e o consumo de luxo explode, enquanto a sociedade carece de investimento e a demanda patina.
 
O nome da crise, portanto, não é Dilma, ou voluntarismo ‘lulopetista’, como quer o sociólogo da dependência desfrutável.
 
O nome da crise é a dominância financeira que exacerbou mecânica da riqueza que não reparte.
 
Não existe mágica: o antídoto  é a coordenação política da economia pela democracia social.
 
Isso não exime o PT da delicada travessia de autocrítica.
 
Ou como exortou Marco Aurélio Garcia: ‘é  preciso, urgentemente, retornar às raízes históricas’.
 
Acrescente-se, porém: o retorno só terá sucesso ao lado de outras forças e movimentos, sem os quais será muito improvável reunir o fôlego necessário para chegar onde é preciso. No tempo curto tempo que resta.