Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador marcelo itagiba. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador marcelo itagiba. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

DUDU LANÇA “PROCURADOR DO SERRA” Avelar faz parte do “núcleo duro” das atividades suspeitas do Padim.


Dudu e Avelar: escondido atrás da câmera, o Padim


Reportagem da Folha (*) da última terça-feira (28) noticiou que o PSB de Dudu e Bláblá quer lançar o Procurador da República Mário Lúcio de Avelar ao governo de Tocantins.

Aguiar atua há três anos no Ministério Público Federal do Estado de Goiás. Antes, passou pelo Distrito Federal, Mato Grosso e Tocantins.

A atuação do procurador Avelar em defesa da pauta Verde – clique aqui para ler “Teles Pires e os Verdes” – , o teria qualificado entre os bláblárineiros.

Ele foi um dos responsáveis pela operação “Curupira” contra o desmatamento em Mato Grosso, em 2005, quando Bláblárina era ministra do Meio Ambiente e se tornou bagróloga.

Avelar, porém, transcende o Verdismo.

No espectro das cores, ele se inclina para o azul-amarelo da ave tucana.

Ele é um dos heróis do “caso Lunus”, na campanha a Presidente de 2002.

Roseana Sarney, naquele momento, fins de 2001 e começo de 2002, era a candidata à sucessão presidencial de FHC que tinha mais chance de derrotar Lula.

O Padim Pade Cerra estava atrás dela, embora fosse o candidato do Príncipe da Privataria, pois dela participou com armas e bagagens – clique aqui para ler sobre a Privataria Tucana.

No dia da operação “Lunus”, os policiais federais, comandados pelo delegado Paulo Tarso de Oliveira Gomes, entraram no escritório da empresa Lunus, com uma equipe do Jornal Nacional.

Encontraram lá 1,3 milhões de reais em dinheiro, que foram devidamente empilhados para uma imagem celebre, que se repetiria anos depois no flagrante dos ”Aloprados”.

A operação foi numa sexta, mas no sábado a revista Época da Globo Overseas já estampava a foto com o dinheiro na capa.

É provável que o dinheiro fosse ligado a uma Caixa Dois – como se sabe, o PSDB é o único partido do Brasil que não emprega recursos da Caixa Dois.

O delegado Oliveira Gomes mandou, do próprio escritório da Lunus, no Maranhão, um fax para o Palácio do Planalto com a informação: ”missão cumprida”.

Mais tarde, a imprensa demonstrou que toda a operação foi gestada na CEME (Central de Medicamentos), órgão do ministério da Saúde, que havia sido convertido em uma central de inteligência pelo então ministro Cerra.

O chefe da Inteligência no Ministério da Saúde (sic) era o notável delegado da Polícia Federal Marcelo Lunus Itagiba, depois ínclito presidente da CPI do Amigos de Dantas (Daniel), que tentou escorraçar o destemido Juiz Fausto De Sanctis.

Na arapongagem atuou uma empresa chamada Fence Consultoria Empresarial.

A Fence era contratada do Ministério para fazer “varreduras” nas comunicações do prédio – e reaparece, gloriosa, no livro Privataria Tucana, já que o governador Cerra a levou para São Paulo.

Fazia arapongagem com dinheiro público.

No clã do Cerra, o dono da Fence, um coronel reformado do Exército, era chamado de “Dr Escuta” !

A empresa recebia por varredura. Foi a própria Veja quem revelou que, no mês de janeiro de 2002, às vésperas da operação na Lunus, o “Dr Escuta” recebeu 210 mil reais do Ministério.

Só que para receber isso, a empresa precisaria ter feito 14 varreduras por dia naquele mês.

No Ministério Público, Cerra contava com os valiosos préstimos do subprocurador José Roberto Santoro.

Neste caso, o trabalho de Santoro foi acionar Mário Lúcio de Avelar.

Na época, a Folha publicou: ”Uma das primeiras atitudes do Procurador Mário Lúcio Avelar, do Tocantins, ao colocar as mãos na documentação apreendida foi disparar telefonemas para o procurador Santoro, considerado o mais próximo do candidato Serra:

“Gente, querem dizer que isso é do Serra? Então escreve: sou o procurador do Serra”, teria dito, republicanamente, o Procurador da República (sic) Avelar.

Segundo a Folha do dia 17 de março de 2002: ”Santoro coordenou informalmente o pedido de busca e apreensão de documentos no escritório da pré-candidata pefelista e governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Trocou ideias com o procurador Mário Lúcio Avelar, que foi o autor do pedido, e orientou a estratégia a ser adotada.”

O estrago político do caso Lunus foi imenso, mas tudo acabou arquivado no STF por falta de provas.

A candidatura Roseana foi para o brejo.

E está tudo devidamente descrito no livro “Código da Vida”, de Saulo Ramos, ministro da Justiça de Sarney.

Nem Cerra nem o Príncipe da Privataria processou Saulo, que morreu intocado pela honra deles.

Em 2004, Avelar voltou a comandar um caso de dimensão política, o do assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz. Outra vez Avelar se encontra com Santoro.

Como se sabe, o “escândalo” Waldomiro Diniz foi sustentado por um vídeo gravado pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, onde Diniz, ex-presidente da Loterj, recebia uma propina do bicheiro.

A fundamentação da investigação contra o assessor de José Dirceu acabou sendo revelada “involuntariamente” pelo próprio Santoro, no Jornal Nacional.

O jornal exibiu um grampo revelador entre Santoro e Cachoeira, gravado numa madrugada de negociação, dentro da Procuradoria Geral da República. Santoro já tinha uma cópia da fita, mas queria receber do próprio Cachoeira, para poder usá-la como prova.


Santoro: “Daqui a pouco o Procurador Geral chega … ele chega às seis horas … Ele vai ver o carro. Ele vai vir aqui na minha sala. E vai me ver tomando um depoimento prá desculpe a expressão, prá ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da Republica, o homem mais poderoso do Governo […]

”Ele vai chegar aqui e vai dizer: ” o sacana do Santoro resolveu acabar com o governo do PT. Pra isso arrumou um jornalista, juntaram-se com um bicheiro, e resolveram, na calada da noite tomar um depoimento’.”

Na época, o Procurador Geral da República, Claudio Fonteles, pediu à Corregedoria do Ministério Público uma investigação sobre Santoro. “É uma atitude lamentável e deplorável,” disse Fontelles.

Outro escândalo investigado por Mário Lúcio de Avelar foi o ”Dossiê dos Aloprados”.

Na véspera da eleição de 2006, pessoas ligadas à candidatura de Aloizio Mercadante a governador de São Paulo foram presas, em flagrante, em um hotel de São Paulo, por um delegado federal, ao tentarem comprar um suposto dossiê contra José Serra.

O dossiê pertencia ao empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoim.

O suposto dossiê de Vedoim, era, na verdade, um vídeo, onde José Serra aparecia,ainda ministro da Saúde, ao lado do sucessor na pasta, Barjas Negri.

Eles entregavam ambulâncias superfaturadas pelo esquema dos Sanguessugas, uma das maiores fraudes da história política do país, e que, por coincidência, também era investigada pelo procurador Márcio Lúcio Avelar, “o procurador do Serra”.

Luiz Antônio Trevisan Vedoim, era sócio da Planam, empresa que superfaturava ambulâncias compradas pela gestão Serra no ministério da Saúde.

Um delegado Bruno, da Polícia Federal, vazou o monte de dinheiro apreendido, e com a providencial ajuda do Gilberto Freire com “ï” (**) levou a reeleição de Lula para o segundo turno.

Clique aqui para ler “O Golpe do primeiro turno já houve. Falta o segundo”.

O ansioso blogueiro, então no iG, revelou que o delegado Bruno – por onde andará ? – criou a versão de que as imagens haviam sido furtadas dentro da PF – com a cumplicidade dos repórteres do PiG.

Na ocasião, ele ressalta a importância das imagens que saíram no Jornal Nacional, ainda naquela noite.


O PiG – que blinda o trensalão e até a próstata de tucanos – conseguiu transformar as ambulâncias superfaturadas na jestão Cerra no escândalo dos aloprados do Mercadante …

Quando se fala em “aloprado” não se toca em ambulância super-faturada…

Como se percebe, Avelar faz parte de um conjunto de varões cerristas que enobrece o Ministério Público – será o MP o DOI-CODI da Democracia?

Ou, como diria o Mino Carta, é tudo a mesma sopa.

Que agora se transfere do PSDB para o pic-nic no bosque com o Dudu e a Bláblá.

Estamos, de novo, na mesma sopa …

Que se enriquecerá com a contribuição do professor Giannetti, no Meio Ambiente, aquele que se preocupa com a flatulência dos bovinos; de Andre Lara Resende, do Banco Matrix, aquele 10 vezes pior que  o Opportunity na Pasta da Fazenda; e, no Itamaraty, de José Viegas, o amigo íntimo de Montesinos e Fujimori quando embaixador do Brasil em Lima, na iluminada presidência de Fernando Henrique .


Paulo Henrique Amorim, com pesquisa de Murilo Silva


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.

sábado, 30 de novembro de 2013

QUEM É O PROCURADOR QUE PERSEGUE LULA?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Guerra de Aécio com Serra foi que abriu a caixa preta da "privataria"

Livro “A Privataria Tucana” nasceu do pedido de Aécio Neves para que o jornal Estado de Minas investigasse o rival José Serra; escrito pelo jornalista investigativo Amaury Ribeiro Júnior, o livro traz revelações importantes sobre como o ex-governador paulista, seus operadores, seu genro e até sua própria filha enriqueceram com a venda de estatais
O livro mais anunciado, comentado e aguardado por aqueles que se intitulam “blogueiros sujos” está nas livrarias. Escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, a obra “A Privataria Tucana” vem sendo anunciada desde a campanha presidencial de 2010, quando Amaury se tornou personagem da história, ao ser acusado de quebrar o sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do então candidato José Serra. O episódio fez com que Fernando Pimentel, hoje em seu inferno astral, perdesse espaço na campanha para os paulistas liderados por Rui Falcão e Antonio Palocci. Amaury submergiu e se dedicou a concluir seu livro, lançado nesta sexta-feira pela Geração Editorial, do jornalista Luiz Fernando Emediato. É um trabalho que traz revelações importantes sobre a era das privatizações, expõe de forma clara o tráfico de influência comandado por Serra e seus operadores, especialmente o tesoureiro Ricardo Sérgio de Oliveira, e revela ainda como uma guerra interna no ninho tucano deu origem a toda essa história. Ex-repórter do Estado de Minas, que lutava para emplacar Aécio Neves como presidenciável, Amaury recebeu a encomenda de investigar a vida de José Serra. O resultado são as 343 páginas de “A Privataria Tucana”.
Em 2009, Aécio e Serra disputavam a indicação tucana para concorrer à presidência. O mineiro defendia prévias e o paulista se colocava como “o primeiro da fila”. Amaury, que vivia em Belo Horizonte, foi chamado por seus patrões para a missão quando o Estado de S. Paulo publicou um texto intitulado “Pó pará, governador?”, um tanto estranho para os padrões austeros da família Mesquita, pois, já no título, insinuava que Aécio seria um cocainômano – e que, portanto, não poderia sonhar com a presidência. A partir daí, veio a resposta mineira. Segundo Álvaro Teixeira da Costa, dono do Estado de Minas, São Paulo não deveria mexer com Minas, pois os mineiros também saberiam lutar.
Amaury recebeu a encomenda e disse aos patrões que a fragilidade de Serra residia nas privatizações. E assim começou a investigá-lo, bem como a seus principais operadores: Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil, e Grégorio Marin Preciado, casado com sua prima. No meio do caminho, Amaury descobriu as contas usadas por Ricardo Sérgio, Gregório e até pela filha de Serra, Verônica, e por seu genro, Alexandre Bourgeois.
Eis algumas das revelações do livro:
  • Carlos Jereissati, dono da Oi, usou sua empresa Inifinity Trading, sediada em paraísos fiscais, para pagar propina a Ricardo Sérgio de Oliveira, na empresa Franton Enterprises.
  • A propina pela compra da Oi, segundo o autor do livro, seria próxima a R$ 90 milhões. Jereissati e seus parceiros chegaram ao leilão sem recursos e foram socorridos por fundos de pensão, comandados por Ricardo Sérgio de Oliveira e seu braço direito João Bosco Madeiro.
  • Ricardo Sérgio de Oliveira, que era chamado de “Mr. Big” e se tornou amigo de Serra por intermédio de Clóvis Carvalho, comprou prédios inteiros em Belo Horizonte, que depois foram também vendidos a fundos de pensão estatais. O livro traz documentos e procurações usadas por Ricardo Sérgio e seus laranjas.
  • Na privatização da Vale, vencida por Benjamin Steinbruch com recursos dos fundos de pensão, num consórcio organizado por Miguel Ethel e José Brafman, a propina teria sido de R$ 15 milhões.
  • Gregório Marin Preciado, “primo” de Serra, organizou o consórcio Guaraniana, que, também com dinheiro dos fundos de pensão, comprou várias distribuidoras de energia no Nordeste, hoje pertencentes ao grupo espanhol Iberdrola.
  • Preciado e Ricardo Sérgio jogavam juntos. Boa parte dos depósitos recebeidos pela Franton Enterprises, de Ricardo Sérgio, eram feitos pelo “primo” de Serra. As movimentações da dupla, documentadas no livro de Amaury, somam mais de US$ 20 milhões. Preciado e Serra também aparecem como sócios num terreno em São Paulo. Também na era Serra, o Banco do Brasil teria reduzido uma dívida de R$ 448 milhões de Preciado para míseros R$ 4,1 milhões.
  • O livro também aborda a sociedade entre a empresa Decidir.com, de Verônica Serra, filha do ex-governador tucano, com o grupo Opportunity, de Daniel Dantas. A Decidir.com, voltada para leilões na internet, recebeu cerca de R$ 10 milhões em investimentos, mas nunca apresentou resultados. Em abril de 2002, a empresa foi dissolvida.
  • Tanto Verônica Serra como Ricardo Sérgio de Oliveira utilizaram a mesma empresa, a Citco, para abrir suas contas no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.
Além disso, o livro também revela como Serra teria usado o governo de São Paulo para contratar a empresa Fence e espionar adversários políticos – era essa, aliás, uma das encomendas iniciais do Estado de Minas: descobrir por quem Aécio vinha sendo seguido em suas constantes noitadas cariocas. Por último, depois de se dedicar à guerra interna dos tucanos, Amaury escreveu sobre a guerra interna do PT, na campanha de Dilma, entre os grupos de Fernando Pimentel e Antônio Palocci.
O que talvez comprove que PT e PSDB têm muito mais semelhanças do que diferenças. Uma boa sugestão para o répórter seria um lviro sobre a "privataria" petista, com recursos do BNDES, dos fundos de pensão e até do FGTS.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

serrojas, Itagiba e dossiês. Leituras dominicais




    Itagiba e Fortes: limpinhos e cheirosinhos e bem canalhas


    Conversa Afiada convida o amigo navegante a ler alguns textos que unem #serrojas e Marcelo Lunus Itagiba, agora exuberantemente unidos no dossiê contra Aécio Neves e divulgado pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr.

    #serrojas e Itagiba são companheiros de longas caminhadas pelo submundo fétido da política brasileira.

    Só não está presente (ou está ?), agora, no trabalhinho contra o Aécio, o candidato a vice governador do Gabeira, o famosíssimo Marcio Fortes, suspeito de produzir dossiês no passado.

    Vamos às leituras esclarecedoras:

    Caso Lunus: a verdade dos fatos


    Leandro Fortes 17 de agosto de 2010 às 9:50h


    Seria apenas risível, não fosse, antes de tudo, muito grave, o surgimento de uma nova e alucinada versão sobre a operação da Polícia Federal, deflagrada em março de 2002, que resultou na apreensão de 1,3 milhão de reais na sede da construtora Lunus, em São Luís, no Maranhão. A empresa, de propriedade da governadora Roseana Sarney (PMDB) e do marido dela, Jorge Murad, tornou-se o epicentro de uma crise política que modificou os rumos da campanha eleitoral de 2002, justamente quando a direita brasileira parecia capaz de emplacar, finalmente, um candidato puro-sangue com real chance de chegar à Presidência da República. Na época, Roseana Sarney era do PFL, atual DEM, e resplandecia numa eficiente campanha de mídia como exemplo de mulher corajosa, determinada e, sobretudo, competente. Resguardada pelo poder do pai, o senador José Sarney (PMDB-AP), e pela aliança pefelista que sustentava o governo Fernando Henrique Cardoso, Roseana sonhou, de fato, em tornar-se a candidata da situação contra Luiz Inácio Lula da Si

    lva.


    O desejo da família Sarney de retornar ao Palácio do Planalto revelava, em primeiro plano, o absoluto descolamento da realidade de um clã provinciano e truculento, incapaz de perceber o mundo além das fronteiras do Maranhão. Por outro lado, revelava, ainda, total desconhecimento dos métodos e da sanha de seu verdadeiro adversário, o tucano José Serra, empenhado em ser candidato pelo PSDB a qualquer custo. Serra, ao contrário de Roseana, tinha montado uma máquina de moer inimigos a partir de um “núcleo de inteligência” instalado na antiga Central de Medicamentos (CEME) do Ministério da Saúde, comandada pelo delegado da PF Marcelo Itagiba, atual deputado federal pelo PSDB. Itagiba, no entanto, era apenas o ponto de contato entre Serra a direção-geral da corporação, então nas mãos de outro tucano, o delegado Agílio Monteiro Filho, que chegou a se candidatar, sem sucesso, à Câmara dos Deputados, em 2002, também pelo PSDB. Em 2007, o delegado foi nomeado ouvidor-geral adjunto do Estado de Minas Gerais, uma espécie

    de ombudsman paroquial, pelo governador Aécio Neves. Um prêmio de consolação, convenhamos, para lá de meia-boca.


    Agílio Monteiro Filho comandou de longe uma operação montada em bases políticas, dentro do Palácio do Planalto, com o aval do presidente Fernando Henrique e de seu candidato à sucessão, José Serra. Imputar esse fato ao PT e, mais incrivelmente, a Lula, quase uma década depois do ocorrido, só se justifica pela insana caminhada de parte da mídia ao precipício, onde também se pretende jogar a memória nacional e a inteligência alheia, para ficarmos em termos brandos. O depoimento do tal sindicalista Wagner Cinchetto à revista Veja, como parte da série “grandes entrevistas de dedos-duros do mundo sindical”, tem a pretensão de transformar fatos concretos e apurados numa versão aloprada baseada, unicamente, nos valores invertidos do mundo bizarro em que se transformou boa parte da imprensa brasileira. Trata-se de caso explícito de abandono completo da regras básicas do jornalismo, mesmo a mais primária, a de pesquisar, com um google que seja, aquilo que já foi escrito a respeito.


    Digo isso porque, quando da deflagração da Operação Lunus, eu era repórter do Jornal do Brasil, em Brasília, e fui destacado para descobrir os bastidores daquela sensacional ação policial que, inusitadamente, havia sido comemorada tanto pelo Palácio do Planalto como pela oposição petista. Eu tinha boas fontes na Polícia Federal, tanto em Brasília como no Maranhão, e desde as primeiras horas da notícia fui alertado de que, embora a grana dos Sarney fosse mesmo suja, a operação da PF tinha sido armada para detonar Roseana Sarney. Outro que foi avisado cedo sobre o assunto foi o próprio José Sarney. Furibundo, o chefe do clã iniciou um movimento político que resultou em uma de suas raras dissidências governistas e em um ódio paternal profundo pela figura de José Serra.


    Na ponta da Operação Lunus estava o delegado Paulo Tarso de Oliveira Gomes, atual adido policial nos Estados Unidos, nomeado pelo diretor-geral da PF, delegado Luiz Fernando Corrêa, imagina-se, por bons serviços prestados à corporação. Gomes era um homem de confiança de Agílio Monteiro Filho e, portanto, do PSDB. A chance de haver alguma ligação dele com o PT ou Lula é a mesma de Marcelo Itagiba se tornar ministro da Justiça em um eventual governo Dilma Rousseff. Ou seja, zero. Jamais houve, contudo, o tal telefonema para o Palácio do Planalto feita por Gomes para avisar FHC do sucesso da empreitada. O delegado Paulo Tarso Gomes enviou, isso sim, de dentro do escritório da Lunus, um fax para o Palácio da Alvorada, à noite, onde o presidente Fernando Henrique, ansioso e de pijamas, aguardava notícias sobre a ação. O texto anunciava a missão cump rida. Foi uma matéria minha, no JB de 2 de março de 2002, que revelou a armação.


    Eu soube do fax porque, à época, consegui acessar os dados da companhia telefônica do Maranhão e me deparei com o grau de amadorismo da ação. Incrivelmente, o delegado-chefe da operação, no afã de mostrar serviço, nem esperou voltar para o hotel em São Luís para dar as boas novas a FHC: passou um fax de dentro da empresa investigada! Os números, tanto do telefone da Lunus, como do Palácio da Alvorada, foram registrados pela telefônica e, um dia depois, também foram estampados pelo Jornal do Brasil, a tempo de desmentir uma versão montada às pressas, na assessoria de imprensa da PF, que chegou a apresentar um fax falso para evitar a desmoralização da operação. Tudo isso poderia ter sido checado, sobretudo na Editora Abril, haja vista que o editor-chefe do jornal, que participou diretamente da edição das matérias, era o jornalista Augusto Nun es, atualmente, um dos colunistas da revista Veja.


    Mais uma coisinha que ninguém se lembra de falar quando se trata da Operação Lunus: embora tenha sido um sucesso político para os tucanos, foi um fracasso total para a Polícia Federal. Um ano depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou, por falta de provas, o processo contra Roseana Sarney decorrente da ação da PF.


    No fim das contas, o neoarrependido Wagner Cinchetto nada mais é o do que um dos cachorros loucos liberados pela mídia neste agosto eleitoral. Ao imputar a Lula e ao PT a tucaníssima Operação Lunus, o sindicalista conseguiu apenas consolidar essa impressão terrível, que cresce com a proximidade das eleições, de que os ventos da derrota não trazem, definitivamente, bons conselhos aos candidatos.


    “FSP, 17 de Março de 2002“


    Brasilianas.Org


    Enviado por JOSE ANTONIO DA SILVA, em 03/06/2010 – 04:23


    Autor: REVISTA ISTO É


    Caso Lunus: Como dossiê tucano destruiu candidatura Roseana.


    Por marcosomag 20/09/2006 às 01:52


    Cronologia do Caso Lunus, onde grampos telefônicos ilegais, um dossiê e uso político da Polícia Federal tiraram Roseana Sarney do caminho de José Serra, do PSDB, na disputa presidencial de 2002.


    Novembro de 2001: A firma Interforte de José Heitor Nunes e Jonathan Sardenberg é contratada para grampear Roseana Sarney, sua família e investigar os negócios da empresa Lunus.


    Novembro: Heitor comenta sobre o grampo que está fazendo nos telefones de Roseana. A um interlocutor, oferece, em troca de um valor, informações sobre seu trabalho e o nome de quem encomendou a arapongagem. O negócio não se realiza.


    Dezembro: Arapongas espalham que foram contratados pelo PSDB para produzir um dossiê contra a família Sarney.


    Fevereiro: O dossiê contra Roseana fica pronto. Ele tem três partes. A primeira, com as doações para a campanha do PFL. A segunda, com as empresas da governadora e seu marido e suas ramificações com a Sudam. E a terceira, com fotos íntimas. É oferecido a Anthony Garotinho (PSB) para ser usado como arma na campanha. O então governador recusa e procura o senador José Sarney, informando que seu interlocutor se apresentou como emissário do deputado Márcio Fortes (PSDB-RJ), um dos coordenadores da campanha de José Serra.


    Fevereiro: Os senadores Sarney e Edison Lobão procuram FHC e contam que agentes da Abin estiveram em cartórios no Maranhão vasculhando as empresas dos Sarney. O presidente chama o general Alberto Cardoso, que nega a participação da Abin.


    Dias 20, 21, 25, 26, 27, e 28 de fevereiro: O pubicitário Luís Alberto Marques troca telefonemas com Heitor, que também conversa diversas vezes com Jonathan.


    28 de fevereiro: Com ordem judicial, uma equipe da PF se desloca de Brasília para São Luís. Heitor e Marques trocam quatro telefonemas.


    1º de março: Às 14h15, depois de pegar os mandados em São Luís, a PF invade a Lunus. Encontram documentos que ligam a empresa ao escândalo Sudam e R$ 1,34 milhão em dinheiro. Às 19h, FHC e Sarney têm uma conversa ríspida por telefone. O senador denuncia uma “armação suja” do governo para derrubar sua filha e beneficiar Serra. Entre 21h30 e 22h, FHC recebe cópia do mandado.


    4 de março: Sarney Filho pede demissão da pasta do Meio Ambiente. Três dias depois, o PFL deixa o primeiro escalão do governo FHC. Marques e Heitor trocam um telefonema.


    12 de março: Murad dá coletiva para renunciar ao cargo de secretário de Planejamento do Maranhão. Diz que o dinheiro achado na Lunus era para a campanha de sua mulher. Marques e Heitor trocam mais um telefonema.


    Março: O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), denuncia que também foi grampeado por dois meses. Ele diz que havia sido informado por Sarney de que os arapongas buscavam ligações entre Murad e seu irmão, Carlos Jereissati. Tasso culpa Serra e Márcio Fortes pelo grampo.


    20 de março: Às 15h55, Sarney sobe à tribuna do Senado e faz um duro discurso, de 80 minutos. Culpa Serra e o governo pela espionagem contra Roseana e compara o grampo contra sua filha a outro caso mais famoso, o Watergate, que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.


    27 de março: A PM do Maranhão invade uma casa em São Luís e descobre uma central de espionagem da PF. Encontra quatro policiais federais e muitos equipamentos sofisticados de escuta telefônica e rastreadores. O Ministério da Justiça diz que o local servia para operações secretas de combate ao narcotráfico.


    13 de abril: Roseana renuncia à sua candidatura.


    Original em: Revista “Istoé”, número 1702, de 10/05/2002.


    Folha de S.Paulo – Delegado e procurador ligados a Serra atuam em investigações – 17/03/2002


    São Paulo, domingo, 17 de março de 2002


    Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


    REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO


    Suspeita é de uso político do Estado


    Delegado e procurador ligados a Serra atuam em investigações


    WLADIMIR GRAMACHO


    DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


    O presidenciável tucano, senador José Serra (SP), conseguiu reunir sob as asas de aliados as duas principais investigações em curso que podem prejudicar sua candidatura ou implodir a campanha de seus adversários. São eles o subprocurador da República José Roberto Santoro e o delegado de Polícia Federal Marcelo Itagiba.


    Em viagem a Palmas (Tocantins), há duas semanas, o subprocurador Santoro coordenou informalmente o pedido de busca e apreensão de documentos no escritório da pré-candidata pefelista e governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Trocou idéias com o procurador Mário Lúcio Avelar, que foi o autor do pedido, e orientou a estratégia a ser adotada.


    A participação especial do subprocurador no episódio, mantida nos bastidores do tucanato até aqui, reforça as suspeitas de que articuladores da campanha de Serra tenham tentado minar a pré-candidatura da pefelista.


    No Rio de Janeiro, o delegado Itagiba usou suas prerrogativas de superintendente regional da PF para afastar o também delegado Deuler da Rocha, que investigava um dos ex-arrecadadores de campanha de José Serra.


    Segundo a Folha apurou, as apurações de Deuler da Rocha prometiam implicar o executivo Ricardo Sérgio de Oliveira nas suspeitas de irregularidades que contaminaram a privatização da telefonia no país. Ricardo Sérgio é ex-diretor do Banco do Brasil (BB) e um dos amigos de Serra no mercado financeiro.


    O ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) diz que ouviu de Daniel Dantas, dono do banco Opportunity, e de Carlos Jereissati, dono do grupo La Fonte, que Ricardo Sérgio cobrara propina de R$ 90 milhões durante a privatização. Seria o pedágio por unir a Previ, fundo de pensão do BB, ao consórcio que levou a Telemar, onde também estão Dantas e Jereissati. O ex-diretor sempre negou a acusação.


    José Roberto Santoro e Marcelo Itagiba fazem parte da tropa de choque de Serra no aparato policial e de investigação. Os dois já estiveram juntos antes.


    Em 2000, enquanto Santoro promovia ações judiciais de interesse do então ministro José Serra na área da saúde, Itagiba coordenava uma equipe instalada na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para investigar laboratórios.


    Ex-assessor especial de Serra no Ministério da Saúde, nos dois anos anteriores, o delegado Itagiba havia demonstrado grande desenvoltura no exercício de suas funções. No dia 9 de março de 1999, por exemplo, representou o então ministro numa reunião com a diretoria da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica).


    Foi propor aos donos e dirigentes de laboratórios brasileiros que investissem dinheiro numa entidade não-governamental a ser criada para investigar e combater a falsificação de medicamentos. A proposta foi aprovada, segundo ata da reunião.


    Na Anvisa, no entanto, a missão de Itagiba não foi longe. Por ordem de Serra, a gerência de segurança, que abrigava o delegado, foi extinta em dezembro de 2000 quando descobriu-se que uma rede de espionagem havia vasculhado a vida de funcionários do Ministério da Saúde.


    O delegado é casado com uma prima do embaixador Andrea Matarazzo, amigo de Serra.