Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 12 de março de 2014

Debate entre PT e PSOL é inútil



Não houve propriamente um “debate entre o PT e o PSOL”, como amigos blogueiros escreveram sobre
um debate que, em verdade, foi travado na internet entre duas importantes lideranças desses dois partidos tão diferentes, apesar da origem comum.
Quem debateu foram Valter Pomar, uma liderança histórica do PT, e o professor e cartunista Gilberto Maringoni, do PSOL. Mas, sim, eles debateram sobre as divergências – que vejo insanáveis – entre os seus partidos.
Para informar quem não os conhece: Pomar esteve à frente da Secretaria de Relações Internacionais do PT de 2005 a 2009 e, desde então, ocupa o cargo de Secretário Executivo do Foro de São Paulo; Maringoni foi candidato a vereador pelo PSOL em 2012.
Uma dúvida: será que alguém dirá que um petista que ajuda a dirigir o Foro de São Paulo é “de direita”?
Ironicamente, não conheço Pomar em pessoa. Contudo, conheço Maringoni, com quem estive na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) em 2010 – ambos fomos delegados por São Paulo –, em encontros de blogueiros e em vários outros eventos.
Antes de prosseguir, uma explicação: prometi a um amigo de quem gosto muito – e que me avisou do ataque de Maringoni – que não responderia ao ataque que eu e outros que pensam como eu recebemos, mas tenho uma razão para romper a promessa, a qual irei expor mais adiante.
Maringoni, por opção própria, tornou-se desafeto deste que escreve. Surtou quando fiz a primeira crítica aos protestos de junho do ano passado, convocados pelo Movimento Passe Livre.
Em 12 de junho de 2013, escrevi o post Por que levam coquetéis molotov a “manifestações pacíficas”? O trecho daquele post que fez o psolista em tela surtar, foi este:
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“(…) Quem leva rojões (…), gasolina e coquetéis molotov a uma imensa aglomeração, por certo está procurando encrenca (…)”.
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No alto deste texto, o leitor vê imagem do protesto que comentei no post supracitado. Essa cena ocorreu no dia 6 de junho de 2013. Matéria do portal G1 relatou o episódio. Abaixo, trecho da matéria.
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“(…) Os protestos realizados nesta quinta-feira (6) contra o aumento das tarifas do transporte público deixaram um rastro de destruição e sujeira na Avenida Paulista. O vandalismo atingiu a estação Brigadeiro do Metrô, o Shopping Paulista, bases móveis da PM, bares e bancas de jornais da região (…)”
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Alguns dirão: “Ah, você, então, agora acredita na Globo?”. Não, não tomo ao pé da letra nada do que sai na grande mídia. Mas, nesse caso, foi diferente.
Naquele mesmo dia, mas no começo da noite, na hora em que o Movimento Passe Livre estava tocando o terror na avenida Paulista, eu, que resido na região, tive que levar minha filha caçula (hoje com 15 anos) às pressas ao hospital Santa Catarina – que fica naquela avenida.
Era urgente levar a menina ao hospital porque ela tem paralisia cerebral e estava com começo de pneumonia – quem conhece direito alguém com tal quadro de saúde sabe o que isso significa.
Levei minha filha de carro porque a ambulância estava demorando e resido a poucas quadras do hospital. Contudo, não consegui chegar lá. Devido ao que estava acontecendo, fomos para outro hospital.
Comigo, no carro, estavam minha mulher, minha filha e a enfermeira dela. Porém, não havia como chegar ao Santa Catarina. Era um risco transitar pela região com uma pessoa tão doente junto, além do que havia bloqueios feitos pelos manifestantes.
E aqueles manifestantes estavam enfurecidos. Na verdade, estavam enlouquecidos. Tocavam fogo por toda parte, quebravam tudo que viam pela frente. Perderam totalmente o controle.
As mulheres, no carro, entraram em pânico. A menina estava passando mal. Tinha 40 graus de febre, batimentos cardíacos baixíssimos, era uma situação de emergência. E como ela nasceu e sempre se tratou no Santa Catarina, queríamos levá-la para lá.
Aliás, cansei de ver ambulâncias impedidas por protestos, ano passado.
Interrompo a narrativa, neste ponto, para dar uma informação relevante à compreensão do caso: este que escreve não tem ligação alguma com o PT ou com qualquer partido político, sindicato etc. e nunca se candidatou – e jamais se candidatará – a nada.
Retomando: o psolista em questão leu meu post, enfureceu-se, veio a este blog e deixou um comentário virulento, cheio de insultos. Tentei contemporizar, pois conheço essa pessoa, mas nem explicando o que acabo de explicar acima ele quis saber.
Perdi a paciência e deletei seus comentários.
Como conheço o sujeito, ainda lhe enviei um e-mail depois que a situação se acalmou, tentando contemporizar. Dessa vez ele foi mais receptivo. Chegamos a nos encontrar depois, em um evento da Agência Carta Maior, e conversamos civilizadamente.
Porém, quando os black blocs mataram o cinegrafista da Bandeirantes e postei relatos sobre o envolvimento do PSOL com eles, Maringoni surtou de novo e começou a espalhar ataques a mim no Facebook por conta da minha opinião. Ataques pesados, cheios de insultos.
Não dei bola. Escrevo sobre política. Tenho opiniões bem sólidas. Dessa maneira, tem gente que me adora e tem gente que me odeia.
Uma curiosidade: outro dia descobri que uma turminha do PSOL criou um clube no Twitter que se dedica exclusivamente – acredite quem quiser – a falar mal deste que escreve. Criticam até a minha barriguinha, cultivada ao longo de quase trinta anos.
Bem, eu quero mais é que se explodam. Não dou bola a essas coisas. Se nem Jesus Cristo conseguiu ser unanimidade, não serei eu a conseguir.
Conto toda essa história para que entendam o que vem a seguir.
Nesse debate improvisado com Valter Pomar, Maringoni fez ataques a mim, a Paulo Henrique Amorim e ao colunista da revista Carta Maior Antonio Lassance, quem não conheço. Agiu desse modo simplesmente por nossas opiniões contrárias aos protestos do ano passado e deste, contra a Copa.
O texto em que começou essa bobagem irrelevante, porém, obviamente (de novo) partiu de Maringoni. Ele, como tantos outros, não me esquece. Não consigo entender a importância que tucanos, pefelês (ou demos, como preferirem) e psolistas me dão. Mas eles dão. E muita.
Mas não foi por isso que escrevi este post. Escrevo para demonstrar que Pomar – quem defendeu a mim, a PHA e a Lassance – gastou vela com mau defunto. O PSOL é infantil. Sua maioria age como garoto briguento – há exceções, como Jean Wyllys, mas são exceções.
Abaixo, pois, reproduzo o primeiro ataque que Maringoni fez recentemente aos blogueiros acima citados, a primeira defesa que Pomar fez de nós, um segundo ataque de Maringoni aos mesmos blogueiros e a segunda defesa que Pomar nos fez.
Maringoni escreveu a seguinte enormidade em seu perfil no Facebook:
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Há algumas semanas, setores do PT passaram a atacar de forma violenta o PSOL, sem motivo aparente. Primeiro foram blogueiros das franjas petistas – que podem ter ligações com o aparato de segurança do governo – como Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães e Antonio Lassance. Essa primeira investida tentava vincular a morte do cinegrafista da Bandeirantes, Santiago Andrade, em manifestação pública no Rio de Janeiro, ao deputado [do PSOL] Marcelo Freixo (…)”.
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Pomar respondeu:
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Prezado Maringoni, acho que não ajuda dizer que ‘blogueiros das franjas petistas’ como Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães e Antonio Lassance ‘podem ter ligações com o aparato de segurança do governo’. Primeiro, porque é irrelevante: conheço centenas de petistas sem nenhuma ligação com o governo e que fizeram críticas duríssimas ao PSOL em função dos fatos citados. Segundo, porque trata-se de uma especulação totalmente sem fundamento. Terceiro, porque – ao menos para quem é da tradição da esquerda – este tipo de insinuação envenena o ambiente, quando o teu objetivo deveria ser distensionar o ambiente entre PT e PSOL, certo? (…)”
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Maringoni voltou ao ataque:
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“(…) Você diz que minha afirmação sobre blogueiros das franjas petistas – que podem ter ligações com o aparato de segurança do governo – como Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães e Antonio Lassance é uma especulação sem fundamento.
Sinto, mas prefiro manter minha desconfiança alerta. Em junho do ano passado, tive uma ácida discussão com Guimarães aqui pelo FB. Antes dos black blocs começarem suas arruaças, quando havia poucos provocadores nas manifestações, Guimarães afirmou que os manifestantes portavam coquetéis molotov nas mochilas. Eu o desafiei a provar a afirmação. Ele demorou, demorou e depois me apareceu com a declaração do comandante da PM, dada a um jornal, para corroborar sua sentença. Denunciei imediatamente que ele – ausente dos atos – se valia da palavra da polícia para comprovar suas acusações.
Amorim, por sua vez, em 27 de janeiro deste ano, sapecou em seu blog uma manchete digna de nota: ‘Não vai ter Copa é um movimento terrorista!’. Deploro a palavra de ordem ‘Não vai ter Copa’. Mas chamar o movimento de terrorista significa adentrar um terreno perigoso.
Pois logo em seguida, setores da direita no Congresso – alguns da base aliada e pelo menos um senador petista – começaram a articular a aprovação da lei antiterror.
Já Lassance, em 11 de fevereiro, soltou uma pérola, na Carta Maior: ‘A conivência do PSOL com os black blocs’. Talvez este tenha sido o pior. Deu a senha – ou a ‘linha’, como se dizia em outros tempos – para os destrambelhados ataques da Globo e da direita contra nosso partido e, em especial, contra Marcelo Freixo.
Foi o que bastou para que Alckmin, ato contínuo, desatasse aquela ação alucinada do batalhão Ninja, elogiada pelo ministro Cardozo e pelo prefeito Haddad (…)”
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Antes de publicar a resposta de Pomar, um comentário: quer dizer que Alckmin leu Eduardo Guimarães, Paulo Henrique Amorim, Antonio Lassance e, num lampejo de petismo (já que pertencemos, os blogueiros, ao “aparato de segurança do governo”), decidiu montar o “batalhão ninja”?!
Fala sério…
E um detalhe: demorei coisa nenhuma a responder sobre a “prova” que Maringoni pediu de que havia coquetéis molotov na manifestação. Não havia prova possível. Estava no carro com minha família e vi. Como exigia “provas”, dei o link da declaração de um oficial da PM.
O que Maringoni queria, que eu tivesse tirado fotos enquanto minha filha convulsionava no banco de trás do carro?
Contudo, pouco me importa no que esse indivíduo acredita. Escrevo este texto para chegar ao que diz seu título, ou seja, à inutilidade de o PT pedir serenidade e maturidade ao PSOL.
Abaixo, pois, a resposta de Pomar ao segundo ataque de Maringoni aos blogueiros:
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“(…) Você acusou [Paulo Henrique] Amorim, Eduardo [Guimarães] e [Antonio] Lassance de ‘ligações com o aparato de segurança do governo’.
Agora você apresenta teus indícios disto: Eduardo teria citado uma ‘declaração do comandante da PM, dada a um jornal, para corroborar sua sentença’. Amorim no dia 27 de janeiro teria chamado o ‘Não vai ter Copa’ de ‘terrorista’ e ato contínuo setores da direita no Congresso começaram a ‘articular a aprovação da lei antiterror’. E Lassance escreveu sobre a ‘A conivência do PSOL com os black blocs’, depois do que Alckmin e outros patrocinaram a barbárie.
Desculpe, Maringoni, mas nada disto permite você acusar alguém de ter ‘ligações com o aparato de segurança’.
Você está criticando opiniões políticas. Não é preciso ter ligações com o aparato de segurança para citar uma declaração de um policial, para considerar o não vai ter Copa como terrorista ou para falar das ligações do PSOL com os Black Blocks. E o aparato de segurança controlado pela direita não precisa de pretextos, nem de instruções de gente de esquerda, para fazer o que está fazendo.
Respeitosamente, acho que você pesou a mão. E faria melhor em reconhecer isto. Manter a desconfiança ligada é um dever; alardear esta desconfiança, sem que haja embasamento sólido, é uma estultice, no mínimo (…)”
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Retomo: quando, lá atrás (em 12 de junho de 2013), eu disse que havia coquetéis molotov e outros artefatos perigosos nas mãos dos que protestavam, Maringoni surtou. Negou que existiam esses artefatos nos protestos, apesar dos incêndios, de tudo o que todos viram.
O ex-candidato a vereador pelo PSOL diz que, naquele momento (junho de 2013), não havia black blocs. Conversa fiada. Havia, sim. Se ainda não se autoproclamavam black blocs, faziam o que fazem os black blocs. Ponto.
Uma derradeira pergunta, antes de terminar: hoje em dia alguém põe em dúvida que os que fazem protestos desde o ano passado usam coquetéis molotov e outros artefatos perigosos?
Enfim, escrevi este texto não pelos ataques que eu e outros blogueiros sofremos de Maringoni. Recebemos ataques muito piores todos os dias, ainda que de gente bem menos relevante do que o ex-candidato a vereador que não conseguiu se eleger pelo PSOL.
Escrevo para que fique claro que é inútil debater com esse partido. Pelo menos enquanto não amadurecer, não desenvolver o mínimo senso de ridículo. E, sobretudo, enquanto continuar dopado pela pior das drogas: o rancor contra o partido do qual nasceu.

sábado, 28 de dezembro de 2013

BLÁBLÁ E OS PROTESTOS: INCITAR O CAOS NÃO DÁ VOTO Afinal, o que pensa a Bláblá ?

Dobradinha permite martirizar Genoíno e tornar Dirceu e Delúbio prisioneiros de uma agenda política, negando-lhes o semiaberto a que tem direito.

Gente progressista: boicote ao IPTU em SP, coordenado pela mídia e o PSDB, tira R$ 100 milhões da construção de creches numa cidade que tem 150 mil crianças na fila de espera.

Corretamente, governo encarece turismo e compras no exterior, que somaram US$ 23 bi este ano, até novembro.
Tijolaço: endogamia entre a toga colérica e a mídia isenta cria um espaço de exceção no país, que faz gato e sapato da lei.













Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:

MARINA VAI TER QUE FAZER MAIS QUE TORCER POR NOVOS 

PROTESTOS EM 2014



Em seu comentado artigo de ontem na Folha, Marina deixou claro qual é sua grande arma e grande esperança para 2014: os protestos.

É compreensível.

O único nome na política que saiu intacto nas chamadas Jornadas de Junho foi o dela.

Para muita gente, em geral desavisada, Marina simbolizou, naqueles dias, um “jeito diferente” de fazer política.

Nas pesquisas, o favoritismo absoluto de Dilma pareceu ameaçado. Sua popularidade desabou. Num triunfo da esperança, a oposição achou que Dilma poderia estar acabada como candidata a um segundo mandato, ou alguma coisa próxima disso.

Marina cresceu em tais circunstâncias. Mais tarde, o fracasso em legalizar seu partido e o casamento de conveniência com Eduardo Campos tiraram boa parte do brilho e do ímpeto conquistado por Marina nas manifestações.

No eleitorado progressista, Marina se desgastou também ao repetir um chavão dos conservadores – o risco de “chavismo” no Brasil.

E Dilma, ao mesmo tempo, foi se recuperando. Hoje, passados alguns meses, e com o impacto positivo de ações sociais como o programa Mais Médicos, Dilma recuperou o amplo favoritismo.

Na maior parte das pesquisas, ela ganha com uma certa facilidade. Parecem grandes as chances de vitória no primeiro turno, nas circunstâncias atuais.

Mas e se houver uma nova rodada de protestos? A disputa fica aberta de novo? Marina vira uma candidata forte a ponto de Campos ser obrigado a ceder a ela a cabeça de chapa no PSB?

Bem, ao contrário do que Marina mostrou desejar em seu artigo, dificilmente o quadro se repetirá.

Primeiro, o fator surpresa não existirá mais. Segundo, com a confusão programática e pragmática da aliança com Campos, a aura de “diferente” de Marina perdeu muito.

Terceiro, os reais articuladores das manifestações – os jovens do Passe Livre – aprenderam uma lição prática.

Os protestos, na sua origem, tinham uma clara aura de reivindicações sociais. O que estava sendo dito nas ruas é que a sociedade queria menos pobreza, menos desigualdade, menos violência contra os índios, menos concessões aos conservadores em nome da “governabilidade”.

Depois, com a ajuda entusiasmada da mídia, houve uma manipulação. Malandramente, tentou-se dar à manifestações um caráter – falso – de cansaço da “corrupção”.

Foi quando a Veja colocou em suas páginas amarelas um celerado carioca que era “o rosto que emergiu das ruas”, pausa para rir. Pouco tempo depois, sem a ajuda da esquerda jovem, o “líder” da Veja reuniu dez pessoas num protesto que ele convocou como se fosse Danton.

Os garotos do PL perceberam a usurpação que se quis fazer nos protestos, e se recolheram. O resultado é que as manifestações imediatamente começaram a minguar. Perderam seu motor.

Dilma parece ter compreendido a mensagem das ruas. A firmeza com que enfrentou a resistência retrógrada no Mais Médicos foi um sinal disso.

Acelerar ações sociais em curso e promover novas é a melhor forma de prevenir manifestações. No Brasil, como de resto em quase todo o mundo, o alvo delas é a desigualdade social.

Marina vai ter que fazer mais, caso queira ter relevância em 2014, que torcer por novas Jornadas de Junho.

Ela vai ter que mostrar que tem planos reais para reduzir a iniquidade brasileira.

Até aqui, ela falou não mostrou nada neste que é o maior desafio nacional, embora tenha falado muito.



Clique aqui para ler “Bláblá sem voto incita o caos”

E aqui para “Quantos planos a Bláblárina tem ?”

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Os efeitos políticos de novos protestos de rua em 2014


Estamos a menos de um mês do ano eleitoral de 2014 e, até aqui, ainda não houve uma discussão profunda sobre o que pode ocorrer caso os interesses políticos e econômicos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas de todo o país em junho último consigam reeditar, naquele mesmo ano eleitoral, uma catarse que resultou em nada.
E o que é pior – ou melhor, para alguns – é que já existe um mote para levantar um novo movimento de massas análogo ao deste ano: a Copa do Mundo.
Em junho, sob o mote de impedir pequenas altas no preço das passagens de ônibus, metrô e trens de subúrbio – altas literalmente irrisórias, mas que induziram muitos a crer que seriam um castigo insuportável para a população –, conseguiu-se manipular a opinião pública a um ponto tão impressionante que parecia que estava sendo reeditada, por aqui, a “Primavera Árabe” – ou seja, a luta dos povos árabes para se libertarem de ditaduras longevas e cruéis.
Agora imaginemos quanto se pode fazer com uma matéria-prima como a Copa…
De fato, o país está gastando muito com a Copa. Mas é isso o que se tem que fazer para ganhar: há que gastar para, depois, obter o retorno – em turismo, em movimentação da economia e, ainda, deixando, após o evento, toda estrutura edificada para recebê-lo.
Contudo, em um país em que ainda vicejam tantos dramas sociais, em um país no qual falta dinheiro para Saúde, para Educação, para saneamento básico etc., é simples demonizar um evento como o que o país sediará em 2014 – ainda que o grosso dos gastos esteja a cargo do setor privado e que eles sejam precursores de lucro que o país irá auferir por tê-los feito.
Todas as estratégias políticas dos candidatos aos mais diversos cargos no Executivo e no Legislativo estão sendo traçadas sob um quadro de normalidade democrática. Desde a redemocratização do país, jamais tivemos uma eleição em que massas imensas foram às ruas protestar.
Quem seria o principal prejudicado pela reedição da catarse de junho, só que em pleno ano eleitoral? Quem governa, claro. Mas não só. Além de novos protestos poderem se tornar fatais para governadores e para a presidente da República, os candidatos ao Legislativo e seus partidos também serão afetados.
Nesse aspecto, uma carta de leitor publicada na quarta-feira em um dos jornais alinhados com a oposição ao governo Dilma Rousseff (a Folha de São Paulo) repete uma constatação que já se fez nesta página.
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O Datafolha acaba de mostrar que Dilma sobe em todos os cenários e que a oposição encolhe. Chego à triste conclusão que aquelas manifestações de junho aconteceram no ano errado. Deveriam ter eclodido em 2014, às vésperas das eleições, quando o governo não teria tempo hábil para reagir.
Ronaldo Gomes Ferraz (Rio de Janeiro, RJ)
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Alguns argumentarão que governantes de todos os partidos foram afetados pelos protestos de junho, mas não é bem assim. Em primeiro lugar, a perda de popularidade que afetou, por exemplo, Dilma, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad – só para ficarmos nos governantes mais importantes do país – atingiu muito mais aos petistas do que ao tucano.
Matéria da Folha de São Paulo sobre pesquisa Datafolha publicada em 1º de julho deste ano mostra que o prejuízo de imagem que os protestos do mês anterior causaram aos partidos da base aliada do governo Dilma e à titular desse governo foi bem maior do que os prejuízos que sofreram políticos da oposição demo-tucana.
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FOLHA DE SÃO PAULO
1º de julho de 2013
Após protestos, aprovação de Dilma, Alckmin e Haddad cai
Presidente perde 27 pontos, Governador perde 14 e prefeito, 16; Cabral e Paes também são afetados
Índice dos que acham gestão paulistana ruim ou péssima sobe de 21% para 40% em três semanas, diz Datafolha
DE SÃO PAULO
Não foi apenas a popularidade da presidente Dilma Rousseff que acabou corroída pela onda de protestos que tomou o país.
O movimento abalou os índices de aprovação dos governadores dos dois maiores Estados do país: Geraldo Alckmin (PSDB), de São Paulo, e Sérgio Cabral (PMDB), do Rio; e ainda dos prefeitos das duas maiores cidades: Fernando Haddad (PT), o titular da capital paulista, e Eduardo Paes (PMDB), da capital fluminense.
Todos os dados são da pesquisa Datafolha finalizada na sexta-feira passada.
A aprovação de Alckmin caiu 14 pontos no intervalo de três semanas –Dilma perdeu 27 pontos no mesmo período. Os 52% de avaliação positiva do tucano em 7 de junho, pouco antes do início dos protestos, foram reduzidos para 38% na pesquisa recente.
Na semana do auge dos protestos, Alckmin foi criticado pelo comportamento da Polícia Militar, que num primeiro momento agiu com violência durante passeatas e depois, diante das críticas, teria reduzido o rigor no combate ao vandalismo.
O Estado também administra tarifas dos trens e do metrô, que também subiram, mas, mediante a pressão das ruas, acabaram tendo o reajuste cancelado.
Abalo ainda maior foi sentido por Haddad, cuja administração tem só seis meses.
Seu índice de aprovação caiu 16 pontos em três semanas, de 34% para 18%. A reprovação do petista (soma dos julgamentos ruim e péssimo) subiu de 21% para 40%.
Haddad se expôs no enfrentamento ao Movimento Passe Livre. No início, disse que não havia margem para negociação. Insistia no argumento de que as passagens de ônibus haviam subido abaixo da inflação. No fim, cedeu.
Na série histórica, a rejeição de Haddad é equivalente às de Jânio Quadros (43%), Marta Suplicy (42%) e Paulo Maluf (41%), quando se trata do mesmo período de gestão.
A aprovação também é parecida com as de outros ex-prefeitos. Em junho de 1986, Jânio tinha 16%. Em 1989, Luiza Erundina marcou os mesmos 16%. Maluf, o prefeito seguinte, fez 20%. Em junho de 2007, Celso Pitta tinha 19%. Quatro anos depois, Marta alcançou 20%. José Serra obteve 30% em julho de 2005.
O único que destoa é Gilberto Kassab, que antecedeu Haddad, com 46%.
Ao longo dos dias de protesto, os paulistanos foram ficando menos críticos com Alckmin e Haddad.
Em 18 de junho, 51% avaliavam o desempenho de Alckmin diante dos protestos como ruim ou péssimo. Esse índice caiu para 39% dia 21 de junho. E voltou a cair na última pesquisa, para 33%.
Com Haddad ocorreu o mesmo, mas em intensidade menor. A má avaliação de seu comportamento era compartilhada por 55%. Caiu para 50%. E depois para 44%.
RIO
Depois de atingir o pico de sua popularidade na série do Datafolha no Estado do Rio, em novembro de 2010, o governador Sérgio Cabral despencou 30 pontos.
No levantamento de sexta-feira, após seis anos e meio de mandato, ele obteve 25% de ótimo e bom, a menor pontuação da série. A soma de ruim e péssimo é maior, 36%.
Cabral foi alvo dos manifestantes, que acamparam na frente de seu apartamento.
A imagem do prefeito do Rio, Eduardo Paes, sai igualmente lesada.
Desde agosto de 2012, seu índice de aprovação caiu de 50% para 30%. A desaprovação fez a trajetória inversa. Subiu de 12% para 33%.
(RICARDO MENDONÇA)
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Note, leitor, que hoje, enquanto Dilma recuperou apenas parte da aprovação, segundo o último Datafolha, Alckmin, que caiu muito menos do que ela durante os protestos, já se refez quase totalmente. E Fernando Haddad nem se recuperou.
O mais interessante é que os protestos de junho foram tonificados pela truculência da polícia militar comandada por Alckmin. Antes de um verdadeiro massacre de manifestantes na avenida Paulista em meados de junho, o Movimento Passe Livre reunira um protesto até considerável, mas restrito quase que só a São Paulo e que não assustava ninguém.
Aquela violência policial fez o movimento se espraiar, levando mais de um milhão de pessoas às ruas de todas as partes do país. O que se poderia esperar, portanto, é que Alckmin e seu partido sofressem mais com aqueles protestos do que os seus adversários, mas foi o contrário. O partido que passou a ser hostilizado nas ruas foi, precipuamente, o PT.
Daí se pode imaginar a quem interessa que, ano que vem, sejam reeditados aqueles movimentos de massa sob a desculpa da Copa do Mundo, mas, obviamente, visando o processo eleitoral.
Quem teve o domínio do fato dos protestos de junho deste ano foram o PSOL e o PSTU sob a batuta de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e de José Serra (PSDB), sendo que o tucano, após a pesquisa que mostrou a monumental queda de Dilma na pesquisa citada acima, foi levado, em triunfo, ao programa Roda Viva para ser ovacionado por sua jogada “genial” – ou diabólica, como preferirão alguns.
Não é segredo para ninguém que os partidos de oposição que situam-se à esquerda do governo Dilma preferem mil vezes um Aécio Neves ou um José Serra ou um Eduardo Campos no Palácio do Planalto a uma Dilma. Esses partidos dificilmente colherão um benefício pessoal, mas consumarão a vendeta antilulista e antipetista que há anos os move politicamente.
Contudo, tampouco se pode desconsiderar que há, sim, gente boa, idealista e decente tanto no PSOL quanto no PSTU ou em qualquer partido de oposição à esquerda. Assim, para não dizerem que não propus nada, aqui, e para evitar que as eleições sejam alvo de uma trapaça como um movimento eleitoreiro que pode eclodir, indico esse caminho.
Recentemente, fiquei encantado com a postura do deputado Jean Wyllys, do PSOL. Durante o linchamento de José Genoino e de seus companheiros nas redes sociais, de uma forma impressionantemente corajosa ele se opôs ao que estavam fazendo sobretudo seus próprios correligionários. Há, sim, gente séria nesses partidos de esquerda.
Tais partidos, porém, por falta de visão ou por má fé mesmo consideram que não há diferença entre o PT e o PSDB e, assim, tanto faz um quanto o outro no poder. E se conseguirem desencadear novos protestos, um PSOL poderia passar de 3 deputados e um senador no Congresso para, quem sabe, 6 deputados e 2 senadores, se tanto.
O que proponho, pois, é uma aproximação de lideranças petistas com as lideranças lúcidas da oposição à esquerda para convencê-la a parar de fazer o jogo de uma direita que, se retomar o poder, será nefasta também para movimentos sociais que agem em consonância com esses partidos, pois a volta da direita demo-tucana ao poder seria uma catástrofe.
Fica, aqui, o aviso – com antecedência mais do que suficiente: desencadear protestos em 2014 sob desculpa de combater a Copa do Mundo e “gastos” que já terão sido feitos só irá beneficiar a direita. PSOL e PSTU – e os petistas e esquerdistas em geral que apoiaram os protestos de junho – têm que pensar o Brasil acima de suas idiossincrasias.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

PLEBISCITO COMEÇA A GANHAR LEGITIMIDADE POPULAR

sexta-feira, 14 de junho de 2013

VIOLÊNCIA LEVA PM DE VOLTA AOS TEMPOS DE ERASMÃO