Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 15 de julho de 2013

DILMA VAI AO OBAMA OU À BOEING ? O Brasil vai criar outra singularidade: o “Capitalismo de Estado Dependente” !

O Ataulfo Merval de Paiva (*), como se sabe, mantém relações para-normais com a Embaixada americana.

Nos bons tempos do Dr Roberto eram normalíssimas, conspícuas.

A propósito da notável descoberta do Fantástico – o Fantástico descobriu a CIA ! -, o Ataulfo “anotou” na colona (**) de sábado (insista na leitura, leia duas, três vezes, até entender – o rapaz escreve mal, mesmo – clique aqui para ler sobre as lambanças do Ataulfo) :

“Foi ‘anotada’ – grifo meu -  pela diplomacia dos EUA a não adesão do Governo brasileiro a sugestões drásticas feitas no calor da descoberta do esquema de espionagem, como dar asilo a Snowden ou cancelar a viagem de Estado que a presidente Dilma fará aos EUA brevemente”.

“O Governo americano está ‘ciente’ – grifo meu – de que será necessário dar um tratamento especial a Brasil nesses gestos de boa (sic) vontade …”

“O fato é que o Governo brasileiro soube enfrentar as denuncias com uma atitude firme (sic), mas sem transformá-las em crise institucional que impedisse a continuidade (sic) das relações com os Estados Unidos em bom nível, como hoje.”

O amigo navegante entendeu !

O Bernardo plim-plim expõe a posição do embaixador americano com mais clareza que o próprio embaixador.

E o chanceler Patriota – que precisa, urgente, de uma fonoaudióloga, para engrossar a voz ! – anuncia, com firmeza e altivez que vai levar o assunto à ONU.

Onde a questão andará mais rápido do que a da Palestina.

O que se esconde embaixo desse angu, amigo navegante ?

Uma decisão estratégica central para o futuro do Brasil.

A questão do acesso à tecnologia nuclear.

E ao controle do pré-sal.

A embaixada americana e seus porta-vozes nativos devem ter “anotado” esses últimos movimentos do Governo Dilma como atomicamente promissores.

O Nunca Dantes optou pelos caças franceses da Dassault.

A Eliane Catanhêde, especialista em AR, foi contra.

Mas, o Lula conseguiu enfrentá-la com galhardia.

Mas, aparentemente, Lula perdeu a batalha para o Governo Dilma.

Seria interessante entender por que o Nunca Dantes preferia os caças franceses.

(E por que vai tanto à África.)

O Lula queria tecnologia de ponta nas áreas nuclear, militar e de telecomunicações.

Telecomunicações associada a segurança e inteligência.

O Lula pensava no Brasil que, um dia, terá força para fazer com a embaixada americana o que a embaixada americana faz com o Palácio do Planalto.

O Nunca Dantes vê longe.

Ele e seu excelente chanceler Celso Amorim, com a ajuda do Samuel Pinheiro Guimarães, no Itamaraty.

Por que a França ?

Porque a França do De Gaulle conseguiu, nos interstícios da Guerra Fria, construir tecnologia própria de telecomunicações, nuclear e militar.

A França gaullista se tornou uma potencia média.

Com muito potencial e poucos resultados.

A França não tem escala.

O Brasil tem.

O Brasil tem acesso à América do Sul, Central – o México não conta … – e à África.

E entre o Brasil Leste e a África do Oeste existe, lá no fundo, uma bobagem, um tal de pré-sal !

O que está em jogo nessa questão de “anota”e “ciente” ?

O controle do Atlântico Sul e, portanto, da maior reserva petrolífera encontrada nos últimos tempos.

E, aí, a pergunta, amigo navegante:

A Dilma vai a Washington ou a Seattle ?

Vai a Obama ou à Boeing ?

Quem sabe está em gestação um modelo singular.

O Brasil é um país singular: tem até corrida espontânea a banco.

Uma das singularidades do Brasil pode ser a criação de um novo modelo de desenvolvimento: “Capitalismo de Estado Dependente”.

“Capitalismo de Estado Dependente” dos Estados Unidos !

Já tivemos o neolibelismo (***) dependente, que tirava o sapato, do FHC.

Agora teríamos uma Dependência com Estado Forte !

Uma espécie de “China Frouxa”.

Sim, porque comprar os caças da Boeing significa que a transferência de tecnologia será … digamos … singular.

Por exemplo: os caças brasileiros não poderão voar em direção a Angola, para não atrapalhar as atividades da Frota americana estacionada em cima do pré-sal.

Em matéria nuclear, a Boeing cederia ao Brasil a tecnologia para abrir aqueles saquinhos de amendoim sem derramar um amendoim no colo do passageiro.

Os caças da Boeing cederiam a inteligência de comunicação ao Brigadeiro Juniti Saito ?

Ou o amigo navegante acha que os caças da Boeing poderiam participar dos exercícios do Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos da Marinha, com tecnologia francesa ?

Os Boeings, certamente, significariam transformar Itaguaí numa Disney à beira mar.

O Brasil tem uma das maiores reservas de urânio do mundo.

O Brasil sabe beneficiar o urânio.

Por causa do Collor e do Fernando Henrique, o Brasil renunciou à bomba e renunciou a pedaço substantivo de sua soberania.

Agora, pode afundar o submarino nuclear de tecnologia francesa .

Dentro, outra parte da soberania.

O Ataulfo, amigo navegante, tem antenas atômicas.


Paulo Henrique Amorim

(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

OMNISYS. DO GRUPO THALES, QUER ABRIR NOVA FÁBRICA DE RADARES NO ABC

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Informação sobre nova unidade em São Bernardo do Campo, dedicada à produção do radar Ground Master 400 de defesa aérea, foi dada na coletiva de imprensa de apresentação do novo diretor da Omnisys, Luciano Lampi

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A atual fábrica em São Bernardo do Campo (SP) está ficando pequena para os planos de crescimento da Omnisys, empresa nascida na vizinha São Caetano do Sul em 1997, e que desde 2006 está associada ao grupo francês Thales. Atualmente fabricando radares Banda L para controle de tráfego aéreo a longa distância, além de componentes para satélites da série sino-brasileira CBERS e outros sistemas, a Omnisys está escolhendo uma nova área na mesma cidade para instalar a linha de produção do Ground Master 400 (GM400), um radar 3D de defesa aérea.
O Poder Aéreo esteve presente à coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira para apresentação do novo diretor geral da empresa, Luciano Lampi, e colheu essa e outras informações sobre os planos da Omnisys, que é o braço industrial de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Thales no Brasil.
O espaço das atuais instalações já está bastante ocupado com a produção de 25 radares Banda L em carteira (5 dos quais já instalados, sendo 4 no Brasil e 1 em Cingapura), além dos serviços de manutenção e modernização que incluem outros modelos operando no Brasil e até radares franceses da Banda S. Durante visita que realizamos às instalações da Omnisys, pudemos ver radares Banda L no final da linha de produção, destinados aos aeroportos brasileiros de Teresina e Palmas, além de uma unidade destinada a Cingapura.

Segundo o novo diretor geral, Luciano Lampi, a nova área está em processo de escolha entre opções apresentadas pela prefeitura de São Bernardo. O ex-diretor e um dos fundadores da Omnisys, Luiz Henriques, que deixou a direção para assumir a área de desenvolvimento de novos negócios da Thales para a América Latina, acrescentou que é necessário instalar uma torre para testes do radar, numa área com pelo menos 700 metros livres de interferências, com uma baliza instalada a 500 metros da torre.
Novo radar deverá disputar contrato do DECEA ainda em 2011
O radar GM400 deverá ser produzido no Brasil a partir do início de 2012, e vai disputar, ainda neste ano, um contrato do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) para o fornecimento de 5 radares de defesa aérea, em substituição a modelos que estão em operação desde a primeira fase CINDACTA. Espera-se que a licitação seja aberta em setembro, com divulgação do resultado antes do final do ano.
Mas, segundo o diretor da Thales no Brasil, Laurent Mourre, a produção do GM400 pela Omnisys não depende do resultado desse contrato: “A expectativa de curto prazo, até 2015, é de fornecer 14 desses radares na América Latina.” De qualquer forma, a empresa tem confiança em vencer o contrato do DECEA pelo histórico do GM400 em concorrências internacionais, como afirmou Luiz Henriques: “das 9 concorrências que a Thales disputou , esse radar ganhou todas”. O custo de cada unidade varia entre 15 e 18 milhões de euros (34,5 a 41,4 milhões de reais), conforme a configuração e o pacote logístico.

Transferência de tecnologia
Diferentemente dos radares Banda L, que foram projetados em conjunto no Brasil, os GM400 são produtos já desenvolvidos, então o foco estará inicialmente na produção local, com transferência de tecnologia. Mas, segundo Luiz Henriques, essa diferença em relação ao desenvolvimento de novos produtos, que são os pontos fortes da Omnisys, não diminuem o desafio para a equipe de engenheiros da empresa: “o desenvolvimento e a pesquisa tecnológica são permanentes, para o produto não ficar obsoleto e esse desenvolvimento será feito aqui. Hoje o radar Banda L tem suas partes produzidas por diversos parceiros nacionais, e o GM400 vai seguir esse caminho. ”

O quadro de 300 funcionários da empresa deverá crescer com a nova instalação. Segundo Laurent, atualmente 70 desses funcionários são engenheiros de alta tecnologia, de seniores a jovens, e a taxa de turn over (necessidade de contratações para substituir quem sai) é baixa, devido à motivação no desenvolvimento de novas tecnologias. Um dos exemplos de produtos em desenvolvimento é a cabeça de busca (seeker) do novo míssil antinavio da Marinha do Brasil.

É para possibilidades de crescimento nessa e em outras áreas que a atuação do novo diretor geral Luciano Lampi, que começou a trabalhar desde abril, está ligada. A partir do aporte significativo de investimentos que a Thales realizou na empresa no final do ano passado, de modo a incluí-la na estratégia global do grupo, novas áreas estão sendo captadas pelo “radar” da Omnisys: desenvolvimento e integração soluções tecnológicas oferecidas para áreas de transportes ferroviários, segurança urbana e de aeroportos, segurança de plataformas de petróleo e de refinarias, segurança de comunicações, entre outras. Luciano, que é engenheiro formado pelo ITA, trabalhou por 17 anos na Embraer, participando do desenvolvimento do Xingu, Brasília, Tucano e AMX, além de ter trabalhado em empresas de  informática, consultoria e de manutenção aeronáutica.
Segundo Luciano, a Omnisys se destaca pela quantidade de “dólares por quilo” do que produz: “Há uma quantidade enorme de conhecimento colocada em cada produto. E o foco da Omnisys é o desenvolvimento de tecnologia. Mais do que volumes de produção, o que importa são os critérios de confiabilidade dessa tecnologia”.
F-X2: se o Rafale vencer, radar do caça deverá ser produzidos pela Omnisys

Assim como o novo radar de defesa aérea, o radar que equipa o caça Rafale poderá ser produzido também pela Omnisys. Mas, diferentemente do GM400, que independe do resultado da licitação do DECEA para ser fabricado no Brasil, a produção do radar do caça francês pela Omnisys está atrelada a uma vitória do Rafale no programa F-X2, da FAB. Segundo Laurent, se o caça francês ganhar a disputa, “a segunda fonte de fabricação do radar do Rafale será aqui, na Omnisys.”


Leia mais (Read More): Poder Aéreo - Nunão

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Jobim nega preferência de Dilma por caças americanos para a FAB



Nelson Jobim

Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou nesta segunda-feira em Buenos Aires que a presidente Dilma Rousseff tenha sinalizado preferência pelos caças FA-18, da empresa americana Boeing, no processo de seleção para compra para a Força Aérea Brasileira (FAB).
O rumor surgiu na imprensa após reunião da presidente com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, em Brasília, na semana passada.
“Ela (Dilma) não tomou decisão nenhuma. Isso foi a imprensa que inventou. Vou discutir isso com ela na terça-feira (15 de fevereiro) “, disse Jobim. Segundo o ministro, seria a empresa americana que estaria informando sobre a possível preferência da presidente.
“Isso é a Boeing que está dizendo. Por interesses óbvios”, afirmou.
A discussão sobre a compra destes aviões começou no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Três modelos de caça disputam a preferência do governo brasileiro para estar entre as aeronaves de combate da Força Aérea. O objetivo desse processo de renovação é a compra imediata de 36 jatos. Nos próximos anos, o país deve aumentar as compras para chegar até 120 unidades.
Os modelos que continuam no páreo são: o Rafale, produzido pela francesa Dassault; o sueco Gripen NG, cuja fabricante é a Saab; e finalmente o FA-18 Hornet, da Boeing.
Jobim descartou as especulações de que estaria “desprestigiado” por Dilma e disse que a relação entre eles é “ótima”.
“Se eu tivesse desprestigiado, não estaria aqui (em reuniões em Buenos Aires)”. Para o ministro, as informações são “coisa de lobistas”.
Tecnologia
O ministro voltou a afirmar que a decisão do Brasil sobre a compra dos aviões está ligada à transferência de tecnologia.
“E (essa negociação) dificulta em relação à Boeing por causa da legislação americana”, disse.
Jobim afirmou que a mesma regra valerá para a compra de equipamentos para a Marinha.
“Tudo se vincula à disposição do país de transferir tecnologia. A regra básica é a capacitação nacional e a transferência de tecnologia. Não compramos equipamentos. Nós adquirimos pacotes tecnológicos que vêm com equipamentos.”
Rio de Janeiro
Sobre a prisão no Rio de Janeiro de policiais acusados de envolvimento com traficantes de drogas na chamada Operação Guilhotina, Jobim declarou que eles devem “ir para a cadeia”.
“Tem que prender mesmo, tem que botar na cadeia. Isso mostra que estas operações viabilizam também a identificação dos problemas internos das policiais. É importante que os inquéritos sejam feitos com rigor e principalmente sejam públicos. Transparentes exatamente para que, como dizemos no Rio Grande (do Sul, Estado de origem do Ministro), nós temos que ‘exemplar’ (risos)”, disse Jobim.
O ministro afirmou, porém, que o apoio das Forças Armadas nas operações de combate ao crime organizado no Rio é uma exceção e espera que o modelo, que envolve as UPPs (Unidade de Policia Pacificadora), não seja exportado para outros Estados.
Na visita a Buenos Aires, o ministro se reuniu com o colega argentino, Arturo Puricelli, e com o ministro de Planejamento, Julio de Vido, com quem discutiu a possibilidade de maior freqüência de vôos entre o Brasil e a Argentina.
Com Puricelli, afirmou Jobim, foram revisados projetos em andamento como a fabricação conjunta de um veículo militar.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Precisamos de 60 Rafales e outros tantos Scalp nucleares, além de dez submarinos.

O discurso do desarmamento no galinheiro alheio é meio de roubar-lhe as galinhas. Nesse assunto – como geralmente nas coisas sérias de vida – vale o tudo ou nada. O contrário é hipocrisia e moralismo de escravos, de jornal das oito da noite. Ou seja, coisa que pressupõe superioridades morais que não existem nas relações internacionais.
Com relação à detenção de armamentos nucleares, pouco não é diferente de tudo. Para o mundo, é indiferente que um, dois ou mil países detenham armas nucleares, pois os riscos são os mesmos. Diferença haveria se nenhum  as detivesse: essa é a verdade despida dos mil-e-um acessórios que existem para estupidificar a discussão.
A pergunta óbvia que esclarece o raciocínio é a seguinte: por que eu quero que você não tenha bombas atômicas, embora queira eu tê-las? Porque eu quero mandar em você, roubar-lhe e ser árbitro final de suas decisões.
Mas eu digo que você não pode tê-las porque elas só estão seguras comigo. Por que essa idéia obtém tantos adeptos, a repeti-la como a um frase mágica? Porque é a idéia mais tola e falsa e, precisamente por isso, a mais apta a ser maioritariamente seguida.
Embora canse e não atraia atenções, um pouquinho de lógica vem a calhar. Se alguém, ou mais de um, têm bombas em quantidades suficientes para dar cabo do mundo, não há qualquer sentido em afirmar-se que a segurança mundial diminui se outros mais as tiverem.  O elemento principal, que deve ser apontado como qualquer obviedade deve, é a quantidade suficiente para acabar com tudo. Pronto, eis o risco, o número mágico; depois disso, o absurdo.
Para manter-me honesto comigo mesmo devo dizer que haveria também diferença se apenas um as detivesse. Sim, porque bastaria a ele ameaçar usa-las. Mas essa suposição é inútil, por duas razões: a primeira, de cunho fático. Ora, as armas nucleares são possuídas por mais de um, então, volta-se ao caso de a única solução ser ninguém as deter.
A segunda razão é que um mundo em que só um as detivesse seria a dominação absoluta e a redução dos restantes à mais aviltante subserviência e miséria. Algo difícil de afirmar-se preferível a qualquer outra situação, até mesmo ao fim total.
A bomba é das coisas mais geniais que já se inventaram, ao lado da penicilina e dos opiáceos sintéticos. Ela é a maximização do poder de negociação, com os menores custos. Ela é, inclusive, o que torna as escaladas militares o contra-senso de despesas absurdas que se vê. Prova que o complexo industrial-militar – na terminologia brilhante de Eisenhower – é um sistema auto-alimentado e sem sentido.
Depois das 100 ogivas e dos mísseis para leva-las, quem precisa de biliões de dólares gastos em navios, metralhadoras, soldados e outras coisas mais deste gênero? Quem precisa são os militares e os industriais que vivem em perfeita simbiose para roubar o dinheiro do povo pagador de impostos.
Os países roubam-se e isso não constitui qualquer novidade. Rouba quem pode e é roubado quem não pode evitar e tem o que ser levado. Depois do assalto consumado, o aparelho de propaganda vem fazer seu serviço de convencer os roubados de que nada aconteceu, de que se trata de livre mercado, meritocracia e outras tolices mais.
Sempre roubou-se e sempre se produziram discursos para justificar os roubos. Uns roubam para civilizar, outros roubam para converter a uma fé. Alguns não são roubados porque conseguiram evita-lo.
O Brasil é um país extremamente atraente para ser roubado. Hoje, nem tanto o roubo da força de trabalho, que essa é melhor de roubar-se na Ásia. Mas, quanto a recursos naturais, é bastante atrativo. Trata-se de óleo combustível, minérios sólidos metálicos e não-metálicos, água e soja, basicamente, embora não apenas.
Coisas que, não à toa, a propaganda vem dizendo que serão menos necessárias, por conta do avanço tecnológico. Discurso para tentar convencer os roubados de que seus recursos valem ou valerão pouco. Mentiras, enfim, porque não há tecnologias que permitam a redução significativa da demanda por tais recursos.
Mentiras rasteiras que seduzem pseudo-modernos com discursos pueris como, por exemplo, o do carro elétrico. Ora, a energia que move o carro elétrico não sai do nada, ela sai da queima de alguma coisa que alguém deixou de comer, das quedas d´água, da fissão do urânio…
A única forma de equalizar a produção e o consumo de recursos naturais e, consequentemente, a necessidade de rouba-los, seria o que ninguém quer falar: o empobrecimento de quem está mais rico. Claro que acontecerá, mas haverá percalços.
Para não sermos roubados, mais imediatamente falando de óleo, precisamos da bomba. Claro que precisamos dos seus vetores, os aviões, mísseis e submarinos, mas isso é o mais fácil. Precisamos da bomba, a despeito de tratados de imposição de subserviência – como o de não proliferação nuclear.
Coisas de pequena monta, bastando lembrar o exemplo israelense, que revela a desimportância de ONUs da vida e suas resoluções, reiteradamente descumpridas por Israel sem quaisquer consequências pois, afinal, Israel tem a bomba e a ONU que se f… A imprensa cuida bem de demonizar os outros por tolices e fazer esquecer quem descumpre os papéis da ONU, com sucess0 e, provavelmente, com a anuência da própria ONU.
Há um risco? Sim, há. De termos a bomba e passarmos a querer, além de evitar o roubo dos nossos recursos, roubar os dos outros. Há precedentes disso? Muitos, basta lembrar o que fazem todos que as detém em nome de sua segurança.
Risco foi tê-las inventado…

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Mídia faz lobby para americanos na compra de caças

Na semana que passou, enquanto estive na Argentina a trabalho, tive a excelente oportunidade de conhecer um jornalista local amigo de um cliente. Ele quis me conhecer ao saber, através daquele cliente, de minhas atividades jornalísticas neste blog. Reunimo-nos em um café em Puerto Madero, pois.
Durante a conversa, abordamos a questão da compra de três dezenas de aviões de guerra que o Brasil vem ensaiando fazer desde o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. Uma compra de bilhões de dólares que, para esse mundo rico e afundado em problemas econômicos, torna-se da maior importância.
Além de ser três chic o Brasil ser protagonista de um negócio que aguça a ganância das nações mais industrializadas da Terra, essa negociação nos coloca em condições de força para darmos um salto que ultrapassa em muito as meras condições financeiras do negócio.  O salto em questão, vale ressaltar, seria em nossa indústria aeronáutica – e talvez, mais do que isso, em nossa capacidade defesa do território nacional e dos interesses geopolíticos do Brasil.
Até um argentino sabe o que está por trás da opção sabidamente mais ao gosto do grupo político que governa o Brasil e sabe que o que está por trás desse gosto é o melhor interesse nacional. Isso é evidente. Ao menos partindo do princípio, de difícil negação, de que os americanos não transigem em questões militares.
Os três finalistas para a compra que permitirá ao Brasil desenvolver o projeto FX-2 – de um caça legitimamente nacional, com domínio de tecnologia nacional – são o caça americano F-18 Super Hornet, o sueco Gripen NG e o francês Rafale – C.
O Brasil firmou há anos um acordo de cooperação estratégico-militar-financeira-cultural com a França, o que desagrada aos americanos porque querem ter o controle não só do seu “quintal” (as três Américas), mas do mundo inteiro – ou queriam ter, mas vão descobrindo que não podem. Esse acordo nos permitirá dominar o ciclo de produção cem por cento autônoma de aviões de guerra, sobretudo em situações de conflito.
O que interessa a nós, porém, é que esse acordo nos permite um nível de autonomia compatível com pretensões do Brasil de se tornar aquilo que Delfim Neto definiu antes de todo mundo, por aqui, como “player global”, ou jogador global, nação capaz de participar das grandes decisões definidas pelo grupo de nações mais influentes, decisões que as outras acabam tendo que aceitar.
Enfim, o fato é que toda a comunidade internacional sabe que a imprensa brasileira está fazendo o jogo dos americanos. E, para que isso não fique muito evidente, essa imprensa – Folha, Estadão, Globo e Veja, sobretudo – diz que o avião americano é o “melhor”, mas que o avião sueco seria a solução de consenso por o negócio oferecer maior transferência de tecnologia, apesar de o Gripen ser inferior ao avião americano, mas superior ao francês.
Não é verdade. O Gripen leva componentes americanos essenciais que delegariam a eles (aos americanos) a decisão de fornecer peças de reposição em caso de ser necessário, em um conflito – ou mesmo se houvesse essa possibilidade de conflito real –, o uso dessas máquinas de guerra que estamos adquirindo, em vez de podermos produzir aqui o que precisarmos.
Suponhamos que os Estados Unidos decidissem apoiar uma ação militar de seu braço colombiano contra seu desafeto venezuelano. Digamos, por exemplo, que Hugo Chávez decida interromper a venda de petróleo para os americanos. Em retaliação, seria buscado um pretexto pela aliada militar americana Colômbia para atacar a Venezuela e derrubar Chávez.
Nessa situação, haveria uma reação da Unasul contra a Colômbia – talvez uma reação militar. Nessa hipótese improvável, mas nada descartável, em havendo um conflito a necessidade de peças de reposição para sistemas vitais dos aviões – ou até a compra de aviões substitutos – seria decidida por uma das partes nesse conflito, a parte que seria nossa adversária.
Esse é o resumo da ópera. A imprensa de direita faz coro com Washington sobre governos sul-americanos que os Estados Unidos consideram hostis aos seus interesses, por isso quer fazer prevalecer os interesses de seus apoiados. Só  não se sabe sob que expectativa de recompensa, mas imagina-se.