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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dilma desvia de segurança e cumprimenta manifestantes do "Veta, Dilma"


ENVIADO ESPECIAL A BETIM (MG) 

A presidenta Dilma Rousseff se desviou do esquema de segurança preparado para ela em um evento em Betim (MG), nesta sexta-feira (11), e foi até a rua para cumprimentar ambientalistas e manifestantes que pediam o "Veta, Dilma".

Cerca de 90 pessoas estavam do outro lado da rua, separados por grades de segurança, gritando "Dilma pode vetar, o Brasil vai te apoiar", quando a presidenta surpreendeu aos próprios manifestantes e se aproximou para cumprimentá-los.

O gesto da presidente de simpatia com a causa dos manifestantes sinaliza (?) que ela poderá vetar partes do texto do novo Código Florestal, aprovado pelo Congresso.

Setores da sociedade, principalmente os ambientalistas, afirmam que o texto do código deixa desprotegidas as florestas e matas brasileiras.

A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) já disse que a presidente deverá vetar partes do texto, especialmente o que se refere a anistia dada a desmatadores.

Nesta sexta-feira, o deputado estadual Durval Angelo (PT-MG), que estava ao lado da presidente no encontro com os manifestantes, disse ter comentado com ela que o movimento "Veta, Dilma" está crescendo na região metropolitana de BH e que ela lhe respondeu que haverá vetos, mas sem fazer especificações.

Entre os manifestantes estavam ambientalistas sem vinculações a alguma organização, outros ligados à Amda (Associação Mineira de Defesa do Ambiente), da Apua (associação de preservação ambiental de Betim) e estudantes de biologia da PUC-MG, unidade Betim.

Os estudantes Raul Lansky, 19, e Gabriel da Luz, 21, organizadores do movimento "Veta, Dilma BH" nas redes sociais, afirmaram terem se surpreendido com a aproximação da presidente, que estendeu a mão para cerca de 20 manifestantes. "Ela não falou nada, apenas sorriu e estendeu a mão para cumprimentar", disse Lansky.

Após os cumprimentos, Dilma entrou no carro da comitiva e deixou o local.

A presidente foi a Betim (região metropolitana de Belo Horizonte) para inaugurar uma creche e entregar 1.160 apartamentos do "Minha Casa, Minha Vida".

sexta-feira, 27 de abril de 2012

DA SÉRIE: POR QUE SERRA ESTÁ NERVOSO?

*Vitória ruralista: o código de um grupo contra toda a sociedade (leia mais aqui) **Espanha afogada em desemprego: país tem recorde de 5,6 milhões de desocupados e o governo anuncia mais impostos para cumprir arrocho fiscal** Três pesquisas dão vitória a Hollande em 6 de maio, com 55% dos votos

 Algumas hipóteses pinçadas das páginas dos jornais esta semana: I) a  política social do ciclo Lula reduziu à metade a mortalidade infantil no país na década passada, informa o Censo de 2010 do IBGE. No Nordeste a taxa caiu 58,6%  entre 2000 e 2010. II) o governo Dilma acionou os bancos estatais e emparedou a banca privada entre a concorrência e a execração pública: os juros estão em queda  sem que a  inflação escape ao controle. III) No primeiro trimestre, as cartas consultas para financiar  investimentos industriais  junto ao BNDES cresceram 37% em comparação com janeiro/março de 2011 . IV) Um governo de coalizão entre bicheiro e tucanos foi flagrado em Goiás pela operação 'Monte Carlo', da PF. Carlinhos Cachoeira, em escuta da PF: "nós pusemos ele" (Perillo, fiel aliado de Serra no PSDB)" lá" (no Palácio das Esmeraldas). V) Sob a administração Kassab aumentou em 6% o número de moradores de rua em SP: de 13.66, em 2009, para 14.458, em 2011.VI) Faltam professores em 32% da rede estadual de ensino em SP, administrado há  17 anos pelo PSDB. VII) Serra, 70 anos, em tom jovial: 'Modéstia à parte, sempre fomos muito inovadores'. Por exemplo: ao assumir o governo do Estado em 2006, o tucano ' inovou'  nos serviços de desassoreamento do rio Tietê, interrompendo-os  por quatro anos seguidos. A 'inovação'  pôs a perder R$ 1,7 bi em gastos realizados com a limpeza do rio durante os quatro anos anteriores. Hoje a meta do Estado é recuperar a vazão do Tietê existente antes de Serra assumir o governo, período em que 3 milhões de m³ de detritos se acumularam no leito do rio. O espírito inovador agravou a frequência e a gravidade das inundações na capital, cuja prefeitura Serra agora vai disputar. Em setembro de 2009, por exemplo, mesmo fora da temporada de chuvas, uma tempestade naufragou São Paulo. Desde então, a cada verão o rio transborda. No ano passado, ao final de fevereiro, o Tietê já havia transbordado três vezes, o que levou o governo Alckmin a tomar a decisão de voltar a investir em obras de desassoreamento para recuperar uma  vazão de 1.048 m³ por segundo. A mesma capacidade de sete anos atrás, quando Serra 'inovou'.

UM CÓDIGO CONTRA A SOCIEDADE - Ruralistas dão motivos para Dilma vetar mudanças no Código Florestal

COTAS: mais uma derrota de Demóstenes Torres ** em decisão unânime, STF afirma a constitucionalidade das cotas nas universidades, questionadas pelos Demos ** URNAS X AUSTERIDADE: recessão e crise social isolam Merkel e Europa já planeja 'Cúpula do Crescimento' para depois do 2º turno francês**pesquisas indicam vitória de François Hollande dia 6 de maio com 55% dos votos **se vitorioso, socialista convocará líderes da UE para revisar o pacto de arrocho orçamentário do euro, bancado por Merkel & Sarkozy


 

Rompendo acordo com governo, ruralistas lideram aprovação do Código Florestal na Câmara, ampliando retrocessos do texto elaborado no Senado. A presidenta Dilma ainda não se manifestou, mas possui uma lista de motivos para utilizar sua prerrogativa de veto: o rompimento do acordo por parte dos ruralistas, seus compromissos de campanha de não aprovar nada que aumente o desmatamento e promova a anistia de desmatadores e a pressão internacional às vésperas da Rio+20. A reportagem é de Vinicius Mansur.

Brasília - Por 274 votos a favor, 189 contrários e 2 abstenções, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (25), o relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) que modifica o Código Florestal, impondo sérios retrocessos à legislação ambiental brasileira.

O resultado foi uma derrota para o governo federal que defendia a aprovação na íntegra do texto definido pelo Senado, no final do ano passado, ao qual considerava fruto de um acordo com os representantes do agronegócio no parlamento. Reiteradas falas do governo anunciaram que o texto dos senadores não era o ideal, mas o possível de ser alcançado pela mediação dos interesses presentes no Congresso Nacional.

A bancada ruralista na Câmara, entretanto, manteve-se fiel apenas ao seu programa e incorporou mais de vinte alterações ao texto do Senado, que já representava um retrocesso na legislação ambiental para organizações sociais diversas, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Via Campesina, ONGs como Greenpeace, SOS Mata Atlântica e Instituto Socioambiental, entre outras.

A expectativa destas organizações é de que a presidenta Dilma Roussef vete as mudanças para proteger o Código Florestal. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse na terça-feira (24) que a presidenta vetaria o texto, caso ele fosse aprovado com as alterações propostas por Piau.

De tudo que foi apresentado pelo relator, apenas uma proposta não vingou. Mas, por força do regimento interno e não da vontade de Piau ou da maioria do plenário. A proposta que retirava a necessidade de recomposição de 15 metros da mata ciliar de rios com até 10 metros de largura foi recusada por se tratar de um texto já aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado nos turnos anteriores de tramitação.

A presidenta Dilma ainda não se manifestou, mas possui uma lista de motivos para utilizar sua prerrogativa de veto: o rompimento do acordo por parte dos ruralistas, seus compromissos de campanha de não aprovar nada que aumente o desmatamento e promova a anistia de desmatadores e a pressão internacional às vésperas da Rio+20.

Gozando de popularidade recorde, tendo em mãos um projeto cuja antipatia da população é comprovada por pesquisas de opinião e contando com apoio de setores expressivos da imprensa, de movimentos e organizações sociais, da ciência e da religião, a presidenta tem um amplo ambiente favorável para enfrentar a decisão de numerosos deputados e o desgaste político que dele pode ser oriundo.

Paulo Piau chegou a desafiar o governo no primeiro dia de votação. "Se vetar, nós derrubamos o veto", disse, acompanhado pelo líder do PMDB e futuro presidente da Câmara em 2013, Henrique Eduardo Alves (RN).

A Constituição permite à Dilma vetar dispositivos - artigos, incisos ou alíneas – inteiros, e não partes deles, ou o texto completo. Para tal, ela terá 48 horas, contadas a partir do recebimento do projeto aprovado na Câmara, para comunicar o presidente do Congresso Nacional, o senador José Sarney (PMDB-AP), justificando as razões do veto. A decisão presidencial poderá ser derrubada pela maioria absoluta, metade mais um, de cada Casa, ou seja, por 257 deputados e 41 senadores. E aí reside o maior perigo para o governo em caso de veto. Na Câmara, os ruralistas comprovaram que sua proposta é majoritária. Restaria saber como se comportariam os senadores neste novo cenário. A apreciação de vetos presidenciais são realizadas por meio de voto secreto.

Mudanças
Entre as novas mudanças aprovadas no Código Florestal está a retirada da obrigação de divulgar na internet os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), registro cartográfico dos imóveis rurais que facilita o monitoramento das produções agropecuárias e a fiscalização de desmatamentos. Assim como excluíram o artigo que exigia a adesão de produtores ao CAR em até cinco anos para o acesso ao crédito agrícola.

O Ibama não poderá bloquear a emissão de documento de controle de origem da madeira de estados não integrados a um sistema nacional de dados.
Os estados da Amazônia Legal com mais de 65% do território ocupado por unidades de conservação pública ou terras indígenas poderão diminuir a reserva legal em propriedades em até 50%.

Foi derrubada a obrigatoriedade de recompor 30 metros de mata em torno de olhos nascentes de água nas áreas de preservação permanente ocupadas por atividades rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. Foi retirada ainda do texto a regra de recomposição de vegetação nativa em imóveis de agricultura familiar e naqueles com até quatro módulos em torno de rios com mais de 10 metros de largura.

Também foi retirada a definição de pousio, período sem uso do solo para sua recuperação, que permitia a interrupção de, no máximo, cinco anos de até 25% da área produtiva da propriedade. Com isso, áreas ilegalmente desmatadas há mais de uma década, mas hoje com florestas em recuperação serão automaticamente consideradas como produtivas e, assim, poderão ser legalmente desmatadas. Como também retirou-se o conceito de área abandonada, prejudica-se a reforma agrária, pois já não haverá terras subutilizadas por especuladores, mas apenas áreas “em descanso”.

Também foi retirado do texto a necessidade de os planos diretores dos municípios, ou suas leis de uso do solo, observarem os limites gerais de áreas de preservação permanente (APPs) em torno de rios, lagos e outras formações sujeitas a proteção em áreas urbanas e regiões metropolitanas. Também foi aprovado o destaque que não considera apicuns e salgados como APP.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Colômbia: da arte de vender um país  

Apesar de ser o aliado mais leal e servil aos interesses dos Estados Unidos na América do Sul, a Colômbia carece – e muito – de recursos. Agora, ele trata de atrair mais dinheiro da Espanha, que já é o terceiro maior investidor estrangeiro no país. Em um fórum de investimentos e cooperação empresarial Espanha-Colômbia, o presidente Juan Manuel Santos deu uma estocada na Argentina e disse: "Se for bom para os empresários, será bom para nós. Aqui, nós não expropriamos". O artigo é de Eric Nepomuceno, direto de Bogotá.

Bogotá - Certas mulheres costumam aparecer ao cair da noite em determinadas esquinas e começar a rodar sua bolsinha oferecendo-se ao melhor pagante, sem se importar muito com aquilo a que terá de submeter-se. Certos presidentes costumam aparecer a qualquer hora do dia em determinadas reuniões e começar a rodar sua bolsinha oferecendo ao melhor pagante não o próprio corpo, mas o próprio país, sem se preocupar com a submissão que for. É o que anda fazendo Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, sem o menor vislumbre de pudor.

É evidente que qualquer país, ainda mais nos dias de hoje, precisa atrair investimentos e estabelecer leques cada vez mais amplos em suas relações comerciais com o resto do mundo. É natural que haja esforço e até mesmo disputa quando se trata de atrair capitais destinados a investimentos produtivos.

Mas como em tudo nesta vida, é preciso agir com um mínimo de dignidade, exigir um mínimo de respeito, impor limites e observar regras mínimas de convivência – mesmo quando se trata de competir por um mesmo objetivo, que neste caso especifico se resume numa só palavra: dinheiro. Ou seja, investidores de qualquer latitude.

Agora mesmo Juan Manuel Santos deu um verdadeiro espetáculo da não tão nobre arte de vender um país a qualquer preço. Dia desses foi realizado em Bogotá o fórum de investimentos e cooperação empresarial Espanha-Colômbia. Anote-se: embora realizado na capital colombiana, não foi um fórum Colômbia-Espanha, porque, também nesse caso, a ordem dos fatores alteraria o produto.

Neste raro momento da história contemporânea sul-americana em que a maioria dos países da região busca linhas de ação conjuntas, entendendo que desunidos somos presa fácil da avidez dos grandes centros econômicos, uns poucos governos – e o colombiano é exemplo cabal disso – preferem atuar por conta própria.

Em Bogotá, o presidente anfitrião lascou, de saída, uma peculiar frase de boas-vindas ao chefe de governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy: “Aqui, nós não expropriamos”. Uma piscadela despudorada à Espanha, país submergido numa crise de proporções dramáticas, e uma alusão deselegante, provocadora e desnecessária à decisão da Argentina de re-estatizar a petroleira YPF, controlada até agora pela espanhola Repsol.

Bastante razão tem Juan Manuel Santos para procurar investimentos externos. Apesar de ser o aliado mais leal e servil aos interesses dos Estados Unidos na América do Sul, a Colômbia carece – e muito – de recursos. Agora, ele trata de atrair mais dinheiro da Espanha, que já é o terceiro maior investidor estrangeiro no país.

“Se for bom para os empresários, será bom para nós”, disse Juan Manuel Santos. Não explicou quem seria esse “nós”. Disse que só pede “responsabilidade ambiental e social”. Não explicou como se daria essa responsabilidade. Mas afirmou que a troco oferece “regras de jogo estáveis, segurança jurídica”. São expressões que aos ouvidos empresariais têm o som de Brahms ou Beethoven.

O Banco Mundial diz que, na América Latina, a Colômbia ocupa o primeiro lugar na proteção aos investidores estrangeiros. No mundo todo, ocupa o quinto lugar.

As taxas de crescimento da economia são firmes e elevadas, na média de 4% anuais ao longo dos seis últimos anos, com marca impressionante em 2011: expansão de 6% no PIB, de 43% nas exportações e de 59% no volume de investimentos estrangeiros.

Mas a Colômbia é também um dos países de maiores e mais gritantes diferenças sociais neste continente de injustiças. A dívida social do Estado diante dos cidadãos tem dimensões de escândalo.

O presidente colombiano faz questão de dizer que cumpre todos os deveres de casa e não comete rebeldias como as da Argentina (onde, aliás, a pobreza extrema foi reduzida a 6% da população, menos de um terço da registrada na Colômbia). Reiterou que seu país vive aquilo que classificou de “processo espetacular de transformação econômica”. Anunciou a existência de um plano de desenvolvimento para dez anos, com ênfase em projetos de infra-estrutura.

Também disse que o país sofre enormes carências que significam, ao mesmo tempo, excelentes oportunidades para empresas estrangeiras. A troco dos recursos necessários – e que se situam na casa dos cem bilhões de dólares – seu governo jura fidelidade irrestrita aos sócios estrangeiros.

Diz, com relação ao Mercosul, que ‘essa idéia de acordos em bloco são coisas fora de moda’. Para o seu governo, a ordem é cada um por si e ninguém por todos. Para ele, bom mesmo é acatar a velha ordem estabelecida: Quem paga, manda.

A América Latina cresce e cresce, e continua sendo um dos continentes mais desiguais do planeta. Nesse quadro de grandes distâncias sociais, as da Colômbia são cada vez mais nítidas. Não é por acaso que, em seus esforços para vender o país, Juan Manuel Santos mencione de passagem a necessidade de combater essa desigualdade. De passagem e apenas roçando a superfície, sem aprofundar nada.

Ele foi ministro de Comercio Exterior no governo liberal de César Gaviria, foi ministro da Fazenda no governo conservador de Andrés Pastrana, foi ministro de Defesa no governo liberal de Álvaro Uribe. Transitar com essa leveza entre dois partidos tão radicalmente enfrentados como o Liberal e o Conservador pode ser entendido como dedicação às grandes causas nacionais, acima das diferenças partidárias. E também pode ser entendido como artimanhas de um trânsfuga sem escrúpulos.

Enfim, que fique bem claro: em seus pronunciamentos aos empresários, Juan Manuel Santos não fez uma única menção a programas de combate à desigualdade que assola seu país. Disse e redisse aos espanhóis: “Aqui, não expropriamos nada”.

Não perguntou nada nem disse nada aos milhões de colombianos expropriados de seu próprio país. Aos que tiveram e têm sua esperança expropriada.

Com justificável desalento diante do Código Florestal aprovado na Câmara,  membros do Greenpeace classificaram o agronegócio brasileiro como o maior partido do país. O desabafo é compreensível quando 274 votantes, de um total de 458, sonegaram à sociedade salvaguardas ambientais minimamente contempladas na versão do projeto aprovada no Senado. Ser um grande partido, porém, requer justamente o oposto do que caracterizou o espetáculo de ganância obtusa propiciado pelo Legislativo federal. O que se viu ali foi a ação de um poder econômico que deixado à própria sorte transforma-se em força anti-social. Deve ser objeto do mesmo enquadramento estatal preconizado contra a desregulação financeira.  O veto da Presidenta Dilma neste caso é um recurso legítimo da democracia contra a imposição de um grupo sobre toda a sociedade. (LEIA MAIS AQUI)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

URNAS DE MAIO: O QUE ELAS ESCONDEM

*DILMA VETA VERSÃO PREDATÓRIA DO CÓDIGO FLORESTAL: projeto aprovado na Câmara não terá sanção presidencial**em pleno século XXI, agronegócio quer reduzir a 15 metros a proteção ciliar dos rios brasileiros **ruralismo obtuso excreta uma  indiferença assustadora em relação à agenda ambiental às vésperas da Rio+20**o corporativismo cego, incapaz de contemplar os interesses gerais do país e da humanidade, não pode ditar as leis que regem os compromissos compartilhados da sociedade **bancos fazem terrorismo com a inadimplência para justificar spreads leoninos (leia análise do Dieese nesta pág) 



Durante 30 anos o discernimento histórico foi entorpecido pela radiola do pensamento único, a proclamar as virtudes e a autossuficiência da ordenação da sociedade sob a égide dos  livres mercados. O dinheiro solto era mais eficiente que o desenvolvimento planejado. Mais que um martelar teórico, tornou-se a única experiência tangível em escala relevante, reduzindo-se a  sua crítica a um exercício de resistência mais ideológica, do que uma confrontação prática de experiências e projetos. Esse tempo agoniza. Mas não cabe ilusão. Aquilo que arde em recessão, desemprego, Estados falidos e dívidas impagáveis não é o produto de teorias ou de livros textos. Esse mundo tem dono: o poder financeiro. Transformar a polarização eleitoral num debate fascista sobre imigrantes, como ocorre na França e na Grécia nesse momento, é apenas  o recurso ardiloso ao qual o conservadorismo recorre para embaralhar os dados estruturais da crise. Resta saber se os vencedores das eleições de seis de maio na França e na Grécia terão escopo para mudar as regras do jogo. (LEIA MAIS AQUI)


Dieese ‘desmonta’ justificativas de bancos para manterem alto spread

Com dados apurados antes da atual onda de corte de juros, que ainda permanece restrita a determinados pacotes de serviços e segmentos de clientes, Dieese revela que maior parte do spread é formada por lucro, compulsório representa apenas 4 pontos percentuais da taxa e índice de inadimplência é estimativa, e não dado real.

São Paulo – Um estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-econômicos (Dieese) desmonta alguns dos principais argumentos dos bancos brasileiros para manterem spreads elevados na intermediação financeira.

No início deste mês, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), pressionada pelo governo federal, condicionara a queda do spread a uma série de medidas a serem tomadas pelo governo, como redução do compulsório e de impostos.

Como se sabe, a resistência durou pouco. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, sob ordens do governo,
cortaram os spreads, obrigando as instituições privadas a fazerem o mesmo para não perderem mercado – ainda que os benefícios permaneçam restritos a alguns pacotes de serviços e segmentos de clientes.

O que o estudo da subseção do Dieese no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região confirma agora, com base em dados do Banco Central (BC), é que o spread é alto no Brasil por conta das altas margens de lucro embutidas na taxa.

Em 2010, última pesquisa feita pelo BC, o spread era formado por 32,7% de margem líquida, 28,7% de inadimplência, 21,9% de impostos diretos, 12,6% de custo administrativo e 4,1% de despesas referentes ao compulsório, subsídio cruzado e fundo garantidor de crédito.

“Alguns analistas dizem que é preciso reduzir o compulsório para cortar o spread, mas isso é um desvio de foco, porque o compulsório representa apenas quatro pontos do spread”, afirma o economista do Dieese Gustavo Cavarzan, um dos autores do trabalho.

Ele lembra ainda que está embutido no spread um custo administrativo de mais de 12 pontos percentuais, apesar de os bancos já obterem uma remuneração via tarifas de 130% do valor das despesas com pessoal.

Por fim, com relação à inadimplência cobrada via spread, ele aponta que o valor é uma estimativa, e não a “inadimplência real”. Isso sugere que em determinados períodos os bancos cobram um valor referente à taxa de inadimplência que, na verdade, poderia ser menor.

Antes da atual onda de corte nos spreads, os bancos brasileiros eram um ponto fora da curva no mundo, onde alguns países chegavam a ter “spreads negativos”. Em janeiro de 2012, enquanto a taxa média paga para aplicações financeiras no Brasil estava em 38% ao ano, a taxa média de captação era de 10,2% anuais, resultando em um spread de cerca de 27,8 pontos percentuais ao ano.

Na Argentina, esse número estava em 3,39 pontos, no Chile, em 4,49, no México, em 3,82, na Colômbia, em 7,37, e na Bolívia, em 9,61. Agora, aguarda-se um novo estudo para confirmar se os spreads no Brasil convergem rumo a padrões normais.

Apesar das novidades, Cavarzan afirma que não acredita que os bancos do país deixarão de registrar lucros relativamente mais elevados do que em outros países. “Eles vão deixar de ganhar na margem, mas vão ganhar na escala,”, diz.

O mercado de crédito no país realmente tem um amplo potencial de crescimento. Enquanto por aqui o volume de crédito alcança patamares de 48% (metodologia do BC, em janeiro de 2012) ou 57% (metodologia do Banco Mundial, em 2010), esse número chega a 225% na Dinamarca, 169,2% no Japão, 145,5% na África do Sul e 130,0% na China - conforme dados do Banco Mundial.


Leia mais
Elevação do compulsório "alimenta" lucro recorde dos bancos em 2011


 

quarta-feira, 25 de maio de 2011

aprovado o texto-base do novo Código Florestal

A presidente Dilma Rousseff vetará qualquer artigo ou item que anistie desmatamento ou regularize de forma genérica propriedades com áreas degradadas, incluindo-se ocupações de Áreas de Proteção Permanente (APPs). A emenda 164 que transfere para Estados o poder de definir quais atividades poderão ser desenvolvidas nas APPs, sobretudo nas margens de rios e riachos, se aprovada, será também objeto de veto presidencial. Quem garante é o  líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
(Carta Maior; 4º feira 25/05/ 2011)