Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Qual cultura?


“Não me falem em anos de chumbo, aquilo foi piquenique de freiras, os anos de chumbo são hoje, aqui, agora, esta noite. Retire-se a possibilidade de sobrevivência e a vivência – e seu produto que é a cultura - rapidamente desaparece”

Como é que se pode perguntar onde foram parar os intelectuais nos últimos vinte anos, se de lá para cá destruiu-se a base material, logo a humana e ideológica, que produzia cultura?
Se não há projeto de nação? Se não há projeto de vida?
Se não há trabalho nem emprego nem futuro nem esperança?
Se não há estabilidade, apenas precarização?

Salvo, é claro, no caso do digníssimo secretário municipal de cultura, Carlos Augusto Calil, 59, servidor público há cerca de dez anos – já quase recebendo dois qüinqüênios, meus queridos!(situação inusitada para um secretário municipal, qualquer um!) Pela atual situação – que se eterniza – do secretário cultural de Sampa, pode-se avaliar a ABSOLUTA IRRELEVÂNCIA DA CULTURA na sociedade contemporânea.

Vejamos: Calil entrou em 2001, nomeado diretor do Centro Cultural São Paulo na gestão PT de Marta Suplicy por indicação de Marco Aurélio Garcia, então secretário (que logo se mandou pra Brasília); em 2005, aderiu entusiasticamente à gestão Serra do PSDB (botando abaixo muitos Céus que ele mesmo havia erguido, numa real demonstração da mais pura convicção cultural!): em 2006, o Santinho se manda, sendo substituído pelo vice Kassab (e Calil firme como uma rocha!) e, desde então, o nosso amigo atende obsequiosamente o extraordinário Kassab do inefável DEM – edil festejadíssimo: 1) Pelo esplendor incomparável da sua Parada Gay, a maior do Mundo!(já deve ter entrado para o Guiness); 2) Inventar o IPTU progressivo; 3) E mandar fazer silêncio na feira.

Como vêem as realizações abundam.

Pobre Calil, talvez eu esteja sendo um tanto injusta com ele, mas o que quero dizer é que tanto faz ser este ou aquele: é a cultura que não tem mais NENHUMA importância, percebem? Que adianta demitir cerca de 40 funcionários só entre 2008 e 2009 (através dum diretorzinho, que deve ter caído da kombi da Apae, pois confundia Centro Cultural com Playground) para botar outros no lugar, unicamente para piorar MUITO. Possivelmente ele já esteja “preparando o terreno” para a SMC se tornar outra ONG ou OS ou Assemelhada, devidamente privatizada e com dinheiro público, porque afinal de contas “o estado não funciona mesmo!”. O mecanismo é evidente: ele deixa apodrecer o espaço público e utiliza tal pretexto para privatizá-lo!

Calil também será eternizado pelas mágicas “viradas culturais”: virou a Secretaria de Cultura do Município de São Paulo – a mesma fundada por Mário de Andrade – em ONG!(ou OS ou Assemelhada).

O fato é que, hoje, nenhum servidor público precisa ser competente, apenas conveniente. E um pouquinho “festeiro” – vejam o extraordinário Kassab, por exemplo.

Voltando: o resto é aviltamento e negação do real e mais terror para todos indistintamente. Mas é claro. Não há nenhuma possibilidade de florescimento cultural legítimo, pois tudo o que “floresce” é o que vegeta à sombra do vulcão privatizado.

Porque a presente conjuntura histórico-mercantilista destrói a cultura.
Porque uma época de verdadeiro brilho cultural é muito diferente disso.
Eu sei. Eu estava lá. E o fato de desenvolver eternamente uma crítica pelo negativo vai fodendo a nossa vida, a vida ela própria se tornando um exercício de vacuidade moral.

Mas esta é apenas uma das razões pelas quais a cultura (ergo a literatura, a cerâmica, a botânica) NÃO PODE DAR PÉ nas atuais circunstâncias, baby.

Maio de 68, MPB, Tom Jobim, CPC, Zé Celso, Doces Bárbaros, Milton Nascimento, Boom Literário/75, Revolução Cubana, Costa Gravas, Celso Furtado e cepalinos, Nouvelle Vague, Fellini – pensem qualquer coisa – foram produto da Pax Americana entre 50 e 80 devido ao temor do Comunismo, donde o keynesianismo, o estado investidor/provedor. Constrangido pela História, o Capital teve que dar uma chance ao homem.

Entre as décadas de 70/80, havia tesão para escrever e publicar, montar peças de teatro, filmar, pintar, fotografar, pesquisar, engendrar teses científicas, sem constrangimentos nem imperativos ideológicos/mercadológicos/institucionais, nem patrulhamento midiático, que hoje cancelam automaticamente a criação. E a crítica. Produzindo unicamente mediocridade.

E não me falem em anos de chumbo, aquilo foi piquenique de freiras, os anos de chumbo são hoje, aqui, agora, esta noite. Retire-se a possibilidade de sobrevivência e a vivência – e seu produto que é a cultura - rapidamente desaparece. Bem como os dividendos decorrentes.

A Sociedade do Espetáculo está morrendo. Por falta de Espetáculo.

E público. Espaço público.

A escritora paulistana Márcia Denser publicou, entre outros, Tango Fantasma (1977), O Animal dos Motéis (1981), Exercícios para o pecado (1984), Diana caçadora (1986), A Ponte das Estrelas (1990), Toda Prosa (2002 - Esgotado), Diana Caçadora/Tango Fantasma (2003,Ateliê Editorial, reedição), Caim (Record, 2006), Toda Prosa II - Obra Escolhida (Record, 2008). É traduzida na Holanda, Bulgária, Hungria, Estados Unidos, Alemanha, Suiça, Argentina e Espanha (catalão e galaico-português). Dois de seus contos - O Vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos 100 Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os 100 Melhores Contos Eróticos Universais. Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, é pesquisadora de literatura e jornalista.


Leia mais em: Esquerdopata 
Under Creative Commons License: Attribution

Cloaca derrota José Serra. De novo


Em editorial de capa, o jornal O Globo alertou: “Como já ensinaram Colômbia e Itália, quadrilhas acuadas respondem com técnicas de terror”.
O jornal levou a opinião ao pé da letra e, na mesma capa, respondeu com terror à entrevista do presidente Lula aos blogueiros.
Sob o título de No reino da lulosfera, escreveu: “Estava presente o blog Cloaca News, que diz publicar ‘as últimas do jornalismo de esgoto e dos coliformes fecais da imprensa golpista’”.
O Cloaca, apenas para relembrá-los, foi o autor do furo de reportagem sobre Ali Kamel, o pornoator(nenhuma relação com diretor de Jornalismo de mesmo nome).
Na página 13, o Cloaca derrotou José Serra. De novo.
Manchete de ponta a ponta: Lula recebe Cloaca e outros amigos no Planalto.
Abaixo da dobra:
Serra alerta sobre ‘herança adversa’.
 

Estudantes europeus saem às ruas contra cortes


Em Roma e em Londres, milhares de estudantes saíram às ruas semanas para protestar contra as políticas de cortes dos governos conservadores de seus países. Em Roma, Pisa, Palermo, Turim e Perugia, os estudantes que lutam contra o decreto lei da ministra da Educação, Maristella Gelmini, demonstraram ter aprendido a lição dos trabalhadores e imigrantes: subiram nos telhados, ocuparam edifícios e foram notícia. O governo quer cortar os fundos para a Universidade pública para aumentar os destinados à Universidade privada. Na Inglaterra, estudantes de 13 e 14 anos foram para às ruas contra as políticas do governo.
Na foto acima estamos em Roma. “Perigosos ativistas” armados com escudos de cortiça carregando títulos da literatura clássica universal caminham rumo ao Senado para “assediá-lo”, segundo os principais meios de comunicação do país. A manifestação de 3 mil estudantes das universidades romanas e sua marcha ao Senado, contra o qual lançaram ovos, foi qualificado pelo presidente da Casa como uma “vil agressão” ou como um “ato de violência”. Como se vê, três minutos de “assédio” causam muito medo nas altas esferas.

Os estudantes compreenderam que para que alguém os escute, é preciso dar espetáculo, ou dar espetáculo. Se não fizerem isso, a trágica situação vivida pela Universidade italiana não é notícia. Gennaro Carotenuto, que ensina na Universidade pública, explica que o trabalho de formação das universidades italianas se sustentou em todos estes anos em grande parte (mais de um terço) graças à dedicação de uma massa de pesquisadores contratados (24 mil) ou não (ao menos 40 mil pessoas entre 30 e 40 anos). Sobre seus ombros se apoiou a atividade didática. Gratuitamente ou com pagamentos simbólicos. Cerca de 10 mil professores se negaram este ano a seguir desempenhando suas tarefas didáticas para acabar com a hipocrisia mantida por um sistema que pretende acabar com as esperanças não apenas de uma, mas de várias gerações.

Em Roma, Pisa, Palermo, Turim e Perugia, os estudantes que lutam contra o decreto lei da ministra da Educação, Maristella Gelmini, demonstraram ter aprendido a lição dos trabalhadores e imigrantes: subiram nos telhados, ocuparam edifícios e foram notícia. O governo quer cortar os fundos para a Universidade pública para aumentar os destinados à Universidade privada. Esta semana, o Parlamento não aprovou o decreto lei: uma prova mais da fratura da esmagadora maioria parlamentar de que gozava Berlusconi. Um dos slogans dos estudantes retratava bem essa realidade: “Não seremos precários: o governo o é mais”. A propaganda do Palácio diz a uma geração com futuro obscuro que temos vivido acima de nossas possibilidades, retirando direitos que as gerações anteriores desfrutaram. 

No dia 17 de novembro, o mundo dos institutos e das escolas protestou. Cerca de 200 mil pessoas saíram às ruas. Irromperam no território do poder intocável: o Senado, Palácio Grazioli (residência de Berlusconi) e Praça Montecitorio (do Parlamento). 

Enquanto isso, em Londres, alguns outros milhares de estudantes voltaram às ruas para protestar contra os cortes de investimentos e aumento das taxas universitárias para até 9 mil libras esterlinas (mais de 10 mil euros). A polícia os esperava. Não devia permitir outro assalto espetacular a outro centro do poder, como ocorreu quando outro protesto tocou fisicamente a sede do Partido Conservador. Acabou encurralando uma manifestação pacífica. Grupos especiais de inteligência das forças de segurança detiveram alguns “extremistas domésticos”. O governo criminalizou o protesto e aconselhou os meios de comunicação a não alimentá-lo com o “oxigênio da publicidade”. No entanto, os ativistas reagiram. 

site Fitwatch deu conselhos sobre como agir durante o protesto: leve uma máscara, não tire fotos que possam ser usadas contra você, não leve documentos nem agendas que possam identificá-lo. Em Sheffield, Bristol, Liverpool ou Manchester, estudantes de 13, 14 anos saíram às ruas para apropriar-se do presente e arrancar o futuro das mãos do Estado. Um Estado depredador que na Letônia, na Irlanda, França, Islândia, Romênia, Portugal ou Espanha diz a seus cidadãos que o Estado social acabou. Os cidadãos pouco poderão fazer contra uma decisão que cai em cima de suas cabeças e hipoteca seu futuro se demonstrarem sua inconformidade de modo fragmentado. Mas os estudantes europeus estão demonstrando ter compreendido muito claramente que o futuro está aqui no presente e se decide agora: por isso nestes protestos em Roma e em Londres liberam a política sequestrada, a tiram para fora dos palácios e seguem lutando.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

Beltrame para DG da Polícia Federal. Em SP ninguém usa cocaína ou crack




O delegado Beltrame ganhou a batalha.

Ele não acabou com o tráfico nem com o crime organizado no Rio – o que é impossível.

Mas, ele botou o tráfico para correr.

E as milícias também correram, apesar do apoio que elas deram, nas eleições, ao Marcelo Lunus Itagiba, braço direito e esquerdo do Padim Pade Cerra.

Beltrame ganhou a batalha porque pôs para funcionar a ideia que o governador Sérgio Cabral trouxe da Colômbia: as Unidades Policiais Pacificadoras.

Beltrame expulsou os traficantes das favelas.

Pôs para correr.

E quando os traficantes reagiram, ele foi para cima dos traficantes, com a ajuda do Presidente Lula.

O tráfico no Rio perdeu espaço, está desarticulado.

Assim como as milícias, uma etapa superior da organização do crime. 

Clique aqui para ler interessante artigo de Claudio Beato, na pág. 3 da Folha (*):

Beltrame ganhou a principal batalha, que foi o conceito: re-instalar o Estado na área criminosa.

O Estado tem que governar.

Com a fuga dos traficantes e a re-ocupação do espaço criminoso, surgirão problemas sérios.

Para onde vão os traficantes foragidos ?

Numa entrevista à RecordNews, o senador Marcelo Crivella chamou a atenção deste ordinário blogueiro para o deslocamento dos traficantes das favelas ocupadas pelas UPPs para cidades próximas ao Rio.

Beltrame vai ter que ir atrás deles lá, também.

Como desarticulou as milícias fora do Rio.

(Será essa a razão para o Marcelo Lunus Itagiba não se re-eleger deputado federal ?)

Também muito importante: a relação republicana que Sérgio Cabral manteve com Beltrame.

Não há no Governo Sérgio Cabral nomeação política de chefe de delegacia ou de comando da Polícia Militar.

E a população do Rio gosta do trabalho do Beltrame.

O que ajudou a re-eleger Sérgio Cabral.

Beltrame também vai atrás de criminoso do colarinho branco.

E aí, de novo, ele esbarra em interesses políticos que começam a se afligir com a ação destemida do Secretário de Segurança do Rio.

Dilma já disse que vai ampliar o conceito de UPPS pelo Brasil afora.

Dilma poderia devolver à Polícia Federal a característica republicana, que se foi para Portugal, no avião com Paulo Lacerda.

(Uma das – poucas – páginas cinzentas do Governo Lula.)

O substituto de Lacerda, Luiz Fernando Corrêa, foge de crime do colarinho branco como foge do áudio grampo.

E se dedica a perseguir o ínclito delegado Protógenes Queiroz.

Clique aqui para ler “Delegados federais aplaudem Mercadante quando elogia Protógenes – frente do Corrêa ”.

Já ouvi dizer que a Dilma vai nomear o Ministro da Justiça e o Diretor Geral da Polícia Federal.

Ou seja, o Ministro da Justiça NÃO vai nomear o DG da Polícia Federal.

É da cota dela.

Foi o que fez o Dr Tancredo.

Quando chamou o sábio Fernando Lyra para Ministro da Justiça já disse, ali, no ato, quem ia ser o DG da Polícia Federal.

O Diretor Geral da Policia Federal é importante para combater o crime.

Mas, o DG da Polícia Federal também pode chantagear, constranger o Presidente da República.

O Fernando Henrique Cardoso poderia dar um bom depoimento sobre isso, numa das suas 674 entrevistas semanais ao PiG (**).

Não há notícia de que Beltrame tenha constrangido o Governador do Rio.

Nem tenha ameaçado à la Henrique Meirelles, o novo entrevistado de prateleira do PiG (**): só fico com autonomia ! 

Beltrame hoje representa o policial de que os cidadãos se orgulham.

Como foi Paulo Lacerda.

Em tempo: sobre a cobertura do PiG (**) paulista à caça aos traficantes no Rio.

O amigo navegante poderia responder às seguintes perguntas, por favor ?

Onde se consome mais automóvel ? No Rio ou em São Paulo ?

Onde se consome mais pizza aos domingos ? No Rio ou em São Paulo ?

Onde se consome mais camisinha nos fins de semana ? No Rio ou em São Paulo ?

E onde se consome mais cocaína ?

No Rio, dirão os membros do PiG (**).

Em São Paulo, por esse raciocínio, ninguém consome crack nem cocaína.

Da mesma forma que nenhuma tucana de São Paulo fez ou fará aborto. 

Por isso, não há traficantes nem cenas de “guerra” em São Paulo.

É uma área santificada, uma gigantesca Cidade do Vaticano, governada pelo Padroeiro de Aparecida, com as bênçãos do Padim Pade Cerra.

É assim, amigo navegante ?

Não.

É porque, no Rio, o Cabral e o Beltrame combatem o tráfico.

Em São Paulo, o tráfico se consorciou com o Estado.

Como diz o especialista na matéria, o traficante colombiano Abadía, a melhor maneira de acabar com o tráfico em São Paulo é fechar a delegacia que combate o tráfico, o Denarc.

Por isso, São Paulo não tem caveirão nem UPP.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dói o fígado de “O Globo”

De braços dados com a ditadura:
a família Marinho sempre escolheu um lado

O jornal da família Marinho publicou chamada na capa sobre a entrevista de Lula aos blogueiros. E, numa página interna, estampou matéria de alto de página sobre a coletiva no Palácio do Planalto. O objetivo, evidentemente, era esculhambar os blogueiros e o presidente da República.
Achei muito engraçado: a turma de Ali Kamel está perdida. Passar recibo dessa forma a meia dúzia de blogueiros? Isso mostra o que? Que eles temem a blogosfera. Já não falam sozinhas. O fígado dos que dirigem as “Organizações Globo” dói por dois motivos:
- já não formam opinião como antes, e não decidem eleição (por mais que eu seja o primeiro a reconhecer que a velha mídia segue a concentrar algum poder; erra quem menospreza esse poder hoje cadente);
- já não falam sozinhos no Brasil.
Alguns amigos escreveram pra perguntar se não seria necessária uma “resposta” a “O Globo”. Outro bom amigo, o Beto Pandini, ligou logo cedo pra avisar: “você não pode deixar de ler O Globo, a cobertura deles sobre a entrevista com Lula é de rolar de rir”.
Concordo com o Beto. É engraçado”O Globo” chamar os blogueiros de “chapa-branca”.
He, he.
As “Organizações Globo” cresceram sob a ditadura, de braços dados com os militares. Depois, nomearam ACM para Ministro das Comunicações de Sarney. Na sequência, elegeram Collor. E ajudaram o país a vender suas estatais na era FHC. Essa é a história da Globo e de “O Globo”. Conheço bem, até porque lá trabalhei por 12 anos.
A história é autoexplicativa.
Globo, Folha, Abril e outros estão esperneando contra os blogueiros. É o ódio de quem já não pode ditar os rumos do país, sentado na varanda da Casa-Grande – esse tempo se foi. Ódio a Lula, ódio à mudança. Sentem ódio do país que, pouco a pouco, se torna mais democrático.
Alguns dos que estávamos sentados na sala do Palácio, a entrevistar Lula, no passado éramos vistos apenas como possíveis “empregados” da velha mídia. Hoje, podemos também ser concorrentes. Ainda que de forma modesta. Isso, eles não perdoam!
De minha parte, digo sempre: tenho lado e me orgulho disso. Sou de esquerda, e defendo as ações do governo Lula que considero favorecer a justiça social e o avanço do Brasil. Resguardo, no entanto, o direito de criticar tudo aquilo que achar necessário. E procuro não brigar com os fatos. Mas tenho lado.
“O Globo” também tem lado. Finge que não tem. E assim se torna ainda mais ridículo.
O lado em que está “O Globo” vive hoje na defensiva. Maior sinal disso é que tenha passado esse recibo gigantesco: o velho jornal carioca gastou papel, manchetes e mentiras para atacar meia dúzia de blogueiros “sujos”.
He, he. Como diz o Beto, é até engraçado. E como eu disse ontem no primeiro texto sobre a entrevista com Lula: algo se moveu no mundo das comunicações do Brasil. E “O Globo” – sem querer – ajudou a deixar isso mais claro!

Dói o fígado de “O Globo”

De braços dados com a ditadura:
a família Marinho sempre escolheu um lado

O jornal da família Marinho publicou chamada na capa sobre a entrevista de Lula aos blogueiros. E, numa página interna, estampou matéria de alto de página sobre a coletiva no Palácio do Planalto. O objetivo, evidentemente, era esculhambar os blogueiros e o presidente da República.
Achei muito engraçado: a turma de Ali Kamel está perdida. Passar recibo dessa forma a meia dúzia de blogueiros? Isso mostra o que? Que eles temem a blogosfera. Já não falam sozinhas. O fígado dos que dirigem as “Organizações Globo” dói por dois motivos:
- já não formam opinião como antes, e não decidem eleição (por mais que eu seja o primeiro a reconhecer que a velha mídia segue a concentrar algum poder; erra quem menospreza esse poder hoje cadente);
- já não falam sozinhos no Brasil.
Alguns amigos escreveram pra perguntar se não seria necessária uma “resposta” a “O Globo”. Outro bom amigo, o Beto Pandini, ligou logo cedo pra avisar: “você não pode deixar de ler O Globo, a cobertura deles sobre a entrevista com Lula é de rolar de rir”.
Concordo com o Beto. É engraçado”O Globo” chamar os blogueiros de “chapa-branca”.
He, he.
As “Organizações Globo” cresceram sob a ditadura, de braços dados com os militares. Depois, nomearam ACM para Ministro das Comunicações de Sarney. Na sequência, elegeram Collor. E ajudaram o país a vender suas estatais na era FHC. Essa é a história da Globo e de “O Globo”. Conheço bem, até porque lá trabalhei por 12 anos.
A história é autoexplicativa.
Globo, Folha, Abril e outros estão esperneando contra os blogueiros. É o ódio de quem já não pode ditar os rumos do país, sentado na varanda da Casa-Grande – esse tempo se foi. Ódio a Lula, ódio à mudança. Sentem ódio do país que, pouco a pouco, se torna mais democrático.
Alguns dos que estávamos sentados na sala do Palácio, a entrevistar Lula, no passado éramos vistos apenas como possíveis “empregados” da velha mídia. Hoje, podemos também ser concorrentes. Ainda que de forma modesta. Isso, eles não perdoam!
De minha parte, digo sempre: tenho lado e me orgulho disso. Sou de esquerda, e defendo as ações do governo Lula que considero favorecer a justiça social e o avanço do Brasil. Resguardo, no entanto, o direito de criticar tudo aquilo que achar necessário. E procuro não brigar com os fatos. Mas tenho lado.
“O Globo” também tem lado. Finge que não tem. E assim se torna ainda mais ridículo.
O lado em que está “O Globo” vive hoje na defensiva. Maior sinal disso é que tenha passado esse recibo gigantesco: o velho jornal carioca gastou papel, manchetes e mentiras para atacar meia dúzia de blogueiros “sujos”.
He, he. Como diz o Beto, é até engraçado. E como eu disse ontem no primeiro texto sobre a entrevista com Lula: algo se moveu no mundo das comunicações do Brasil. E “O Globo” – sem querer – ajudou a deixar isso mais claro!

Os muitos editorialistas de Zero Hora


Formalmente, o jornal Zero Hora publica dois editoriais nas edições do principal diário da família Sirotsky. Entretanto, muitos empregados da firma fazem as vezes de editorialistas informais do jornal. São os chamados leguleios, os formalistas, os que pegam ao pé da letra o pensamento e o vetor político-ideológico dos patrões. Entre estes, enumeram-se muitos articulistas, diagramadores, fotógrafos, colunistas, repórteres, editores, etcetera. Trata-se, sem dúvida, de um grupo coeso e untado pelo óleo da sabujice e o aroma da lã ovina in natura.
Vejam essa pretendida charge publicada hoje. Nada mais impertinente, irreal e de mau agouro. O Rio de Janeiro avisa que o futuro do RS é trágico, conforme o traço mambembe do chargista. A realidade não aponta nada disso, não há nenhum elemento ou indício que garanta essa conclusão estúpida, mas o celetista de ZH, sim. Ele está garantindo, ele está dizendo, através de um editorial particular, mas consoante a mentalidade corporativa da firma, que o Rio Grande do Sul pode se preparar para o pior: que viveremos quatro longos anos de choro e ranger de dentes, que o crime organizado vencerá e que a cidadania viverá acuada e em permanente pânico.
Os editorialistas de Zero Hora prometem dar muito trabalho ao futuro governo Tarso Genro.

A batalha do Rio

Por Mauro Santayana

É um engano identificar a batalha do Rio – e de outras grandes cidades – como mero confronto entre a polícia e delinquentes, traficantes, ou não. Embora a conclusão possa chocar os bons sentimentos burgueses, e excitar a ira conservadora, é melhor entender os arrastões, a queima de veículos, os ataques a tiros contra alvos policiais, como atos de insurreição social. Durante a rebelião de São Paulo, o governador em exercício, Cláudio Lembo, considerado um político conservador, mais do que tocar na ferida, cravou-lhe o dedo, ao recomendar à elite branca que abrisse a bolsa e se desfizesse dos anéis.

O Brasil é dos países mais desiguais do mundo. Estamos cansados do diagnóstico estatístico, das análises acadêmicas e dos discursos demagógicos. Grande parcela das camadas dirigentes da sociedade não parece interessada em resolver o problema, ou seja, em trocar o egoísmo e o preconceito contra os pobres, pela prosperidade nacional, pela paz, em casa e nas ruas. Não conseguimos, até hoje (embora, do ponto de vista da lei, tenhamos avançado um pouco, nos últimos decênios) reconhecer a dignidade de todos os brasileiros, e promover a integração social dos marginalizados.

Os atuais estudiosos da Escola de Frankfurt propõem outra motivação para a revolução: o reconhecimento social. Enfim, trata-se da aceitação do direito de todos participarem da sociedade econômica e cultural de nosso tempo. O livro de Axel Honneth, atual dirigente daquele grupo (A luta pelo reconhecimento. Para uma gramática moral do conflito social) tem o mérito de se concentrar sobre o maior problema ético da sociedade contemporânea, o do reconhecimento de qualquer ser humano como cidadão.

A tese não é nova, mas atualíssima. Santo Tomás de Aquino foi radical, ao afirmar que, sem o mínimo de bens materiais, os homens estão dispensados do exercício da virtude. Quem já passou fome sabe que o mais terrível dessa situação é o sentimento de raiva, de impotência, da indignidade de não conseguir prover com seus braços o alimento do próprio corpo. Quem não come, não faz parte da comunidade da vida. E ainda “há outras fomes, e outros alimentos”, como dizia Drummond.

É o que ocorre com grande parte da população brasileira, sobretudo no Rio, em São Paulo, no Recife, em Salvador – enfim em todas as grandes metrópoles. Mesmo que comam, não se sentem integrados na sociedade nacional, falta-lhes “outro alimento”. Os ricos e os integrantes da alta classe média, que os humilham, a bordo de seus automóveis e mansões, são vistos como estrangeiros, senhores de um território ocupado. Quando bandos cometem os crimes que conhecemos (e são realmente crimes contra todos), dizem com as labaredas que tremulam como flâmulas: “Ouçam e vejam, nós existimos”.

As autoridades policiais atuam como forças de repressão, e não sabem atuar de outra forma, apesar do emplastro das UPPs.

Na Europa, conforme os analistas, cresce a sensação de que quem controla o Estado e a sociedade não são os políticos nem os partidos, escolhidos pelo voto, mas, sim, o mercado. Em nosso tempo, quem diz “mercado”, diz bancos, diz banqueiros, que dominam tudo, das universidades à grande parte da mídia, das indústrias aos bailes funk. E quando fraudam seus balanços e “quebram”, o povo paga: na Irlanda, além das demissões em massa, haverá a redução de 10% nas pensões e no salário mínimo – entre outras medidas – para salvar o sistema.

A diferença entre o que ocorre no Rio e em Paris e Londres é que, lá, o comando das manifestações é compartido entre os trabalhadores e setores da classe média, bem informados e instruídos. Aqui, os incêndios de automóveis e os ataques à polícia são realizados pelos marginalizados de tudo, até mesmo do respeito à vida. À própria vida e à vida dos outros.