Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O pescoço do Brasil


Fim da hibernação? Dilma reúne-se com centrais sindicais e negocia pauta comum para preservar e ampliar direitos sociais; Lula articula mobilizações em resposta ao golpismo, diz colunista Teresa Cruvinel, no 24/7

  Procurador Rodrigo Janot laça o tucanato pelo bico: 'Essa sistema (na Petrobras) vem desde 1987. Passa por todos os Governos. Ainda não sei o tamanho total da caixa de Pandora' (El País).

 Senadores tucanos montam megaestrutura de análise e informação para tomar de assalto a opinião pública e construir uma hegemonia que sancione a desestabilização do governo Dilma (leia a reportagem de Antonio Lassanc.

  Datafolha inconsolável: preocupação do brasileiro com a corrupção cai de 14% para 9% de junho a dezembro. Motivo: 46% afirmam que o governo Dilma é o que mais investigou a corrupção; apenas 1% acha que FHC foi o que mais puniu os corruptos, contra 40% que atribuem essa qualidade a Dilma

 Carta Maior.


O Conversa Afiada reproduz artigo de Saul Leblon, extraído da Carta Maior:

O pescoço do Brasil


 

2014 é o melhor ano do emprego nos EUA desde 1999, festeja o Wall Sreet Journal. Por que raios, então, o negro Eric Garner vendia cigarros ilegalmente nas ruas.

por: Saul Leblon


Negros desarmados mortos por policiais brancos compõem um postal da identidade norte-americana.


São standarts, como as freeways, a CIA, a Coca-cola de uma sociedade plasmada pelo capitalismo mais exitoso do planeta.


Nela, o condutor de um carro velho recebe, por definição, o carimbo de ‘looser’ (perdedor). Pela mesma razão que um negro pobre é suspeito e passível de ação policial, até prova em contrário.


O negro Eric Garner, vendedor ambulante em Nova Iorque, asmático,  43 anos, não teve tempo, nem ar, na semana passada, para provar quem era.


Garner avisou ao policial que comprimia seu pescoço com uma chave de braço, que não estava conseguindo respirar.


Fez isso 11 vezes.


Até morrer.


Negros formam 13% da população norte-americana; representam mais de 40% da massa carcerária; algo como um milhão em um total de 2,5 milhões.


Prisões em massa e mortes, nada disso é novidade para eles nos EUA.


A novidade diante da rotina são os protestos que ela vem provocando exatamente quando a recuperação econômica faz de 2014 ‘o melhor ano em termos de criação de empregos desde 1999’, garante o Wall Sreet Journal, desta 2ª feira.


Por que raios, então, Garner vendia cigarros ilegalmente nas ruas, como suspeitou a batida policial que o levou à morte?


A resposta desnuda um traço constitutivo do ajuste capitalista conduzido pela lógica dos mercados e emite uma advertência em relação à chave de braço que alguns querem aplicar no pescoço na economia brasileira.


Seis anos após o colapso de 2008, a lucratividade dos bancos norte-americanos registra recordes sobre recordes, trimestre após o outro.


Em contrapartida, a subutilização da força de trabalho –indicador que soma emprego parcial e desistência de buscar vaga, como deve ter sido o caso de Garner – atinge assustadores 13%.


Na maior economia capitalista da terra, metade das vagas criadas no pós-crise é de tempo parcial, com salários depreciados.


Não é um aquecimento de motores.


É o padrão de uma economia desossada em suas vértebras produtivas , por obra da desregulação financeira do ciclo neoliberal iniciado nos anos 80, com Reagan.


A ideia de que um  reposicionamento  econômico dentro do capitalismo possa ser terceirizado ao mercado, como se fosse um freio de arrumação neutro, faz tanto sentido quanto dar uma chave-de pescoço em um asmático e ficar surpreso com  a sua morte.


O fato de os EUA terem um salário mínimo congelado há 15 anos, diz muito sobre a natureza dessa chave de pescoço econômica, que joga milhões de Garners para o submundo dos loosers.


A decepção de Obama ao constatar que a tão aguardada ‘recuperação’ pode acontecer associada a uma maior desigualdade e, portanto, sem revitalizar sua popularidade –como evidenciou a derrota nas eleições legislativas de novembro– ilustra a dificuldade de se atribuir ao mercado aquilo que ele não sabe fazer.


O conjunto sugere que a presidenta Dilma terá que analisar detidamente cada medida de aperto fiscal que lhe for apresentada pela nova equipe econômica.


O risco é o país perder a última linha de resistência diante de um mercado mundial que estrebucha: o dinamismo de sua demanda interna.


Os sinais de alarme desta 2ª feira justificam a prontidão.


As exportações chinesas cresceram a metade do esperado em novembro  (4,7% contra 8%); o PIB do Japão caiu mais que  previsto no 2º trimestre e a possante máquina germânica rasteja tendo registrado uma expansão de apenas 0,2% em outubro. Tudo isso explica que o barril de petróleo custe hoje 40% menos e que as cotações das commodities agrícolas exportadas pelo Brasil valham, em média, 13% abaixo do patamar de 2013.


A sabedoria dos especialistas é insuficiente para conduzir um país a salvo por esse desfiladeiro emparedado entre a queda das  cotações das commodities, de um lado, e a sinalização de alta dos juros, do outro.


Em  ciclos anteriores, sempre  que essa sobreposição se deu, como em 1810-1930 e 1980, América Latina viveu solavancos políticos fortes.


Foi o que aconteceu no caso do Brasil, com a declaração da Independência, a ascensão de Vargas e a derrubada da ditadura.


O cerco conservador agora reflete o faro da matilha para um novo ciclo de vulnerabilidade da presa.


O caminho das pedras terá que ser modulado e ordenado pela mobilização e o engajamento dos principais interessados na preservação do rumo mais equitativo seguido até aqui: os sindicatos, os movimentos sociais e os partidos do campo progressista.


Em nenhum lugar do mundo há notícia de que a democracia social tenha se  consolidado  sem um sujeito histórico correspondente.


Obama não conseguiria ser um ‘Roosevelt’ da crise atual, nem que quisesse.


Faltam-lhe as bases organizadas que o sindicalismo combativo dos anos 30/40 propiciou ao democrata que comandou os EUA entre 1933 e 1945.


O Brasil tem forças sociais estruturadas.


Suas centrais sindicais que, finalmente, se reuniram com a Presidenta Dima, nesta 2ª feira,  preservam certa capilaridade.


A inteligência progressista dispõem de propostas críveis e sensatas.


Nos últimos doze anos, o país foi dotado de sólidas políticas sociais, ademais de estruturas de Estado para ampliá-las.


O conjunto permite à Presidenta Dilma negociar rumos e metas do desenvolvimento com a sociedade, preservando-se o mercado de massa, mesmo em  um intermezzo de reacomodação fiscal.


Há um requisito, porém: o timming das iniciativas de governo – de qualquer governo – faz enorme diferença.


Uma crise tem um tempo certo para ser derrotada, ou derrotará o governo, a produção,  o emprego e os atores que vacilarem diante dela.


Nisso, sobretudo nisso, Franklin Roosevelt revelou-se o estadista cuja habilidade ainda tem lições a oferecer aos seus contemporâneos.


Em apenas uma semana após a sua posse, em 1933, ele tomou algumas decisões que não exorcizaram todos os demônios, mas foram afrontá-los em seu próprio campo.


Os tempos são outros; as agendas precisam ser renovadas, mas nada justifica ofuscar o componente de coragem do passado para dissimular a tibieza no presente.


Muitos relativizam o alcance das medidas anti-cíclicas tomadas por Roosevelt nos 11 anos que antecederam o ingresso dos EUA na guerra de 1944, quando seu potencial produtivo, finalmente, foi acionado a plena carga.


Mas poucos se lembram de perguntar o que teria acontecido com o presidente democrata, reeleito quatro vezes (de 1933 a 1945), se a sua autoridade tivesse fraquejada no primeiro mandato, na primeira semana ou no primeiro dia de março.


É sobre isso que os chefes de Estado de hoje deveriam refletir em vez de adiarem decisões à espera de um auto-ajuste dos mercados.


A calibragem fina entre a barbárie e a emancipação de uma sociedade não está prevista nos manuais de economia.


Esse apanágio pertence à democracia.


Se não dilatar o espaço da política na condução da economia no seu segundo mandato, a presidenta Dilma corre o risco de acordar um dia com uma chave de braço atada ao pescoço do país.


E perder o que já tem.


Sem obter o que a ortodoxia lhe promete entregar.



Leia mais:

Sindicalistas destacam compromisso de Dilma com trabalhadores

Por que apartamento de Lula é notícia e o de Barbosa não?

 Por que apartamento de Lula é notícia e o de Barbosa não?
Nogueira: a má fé com que o Globo noticiou o apartamento de Lula.
  
O Conversa Afiada reproduz artigo de Paulo Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:

A má fé obtusa com que o Globo noticiou o apartamento de Lula

Lula não é Mujica, sabemos todos.


Mas quem é? Francisco, o papa. E vamos parando por aí.


Isto posto, é absolutamente canalha o destaque dado pelo Globo à informação de que Lula tem um tríplex no Guarujá.


É o tipo de coisa que, editada desonestamente, só serve para alimentar a ignorância estridente dos analfabetos políticos de direita.


Vamos começar pelo seguinte: Lula tem condições para comprar um apartamento avaliado em 1,5 milhão de reais?


Ora, Lula é um dos palestrantes mais bem remunerados do mundo. Palestras de estrelas do circuito mundial giram em torno de 100 mil dólares.


Isso quer dizer o seguinte: com um punhado de palestras, não mais que isso, ele pode comprar um apartamento como o que o Globo, com a Veja na esteira, noticiou com alarde.


Fora isso, Lula tem seus benefícios de ex-presidente. Finalmente: 67 anos é uma idade em que pessoas bem sucedidas como ele, ou muito menos que ele, podem já ter acumulado um respeitável patrimônio legítimo.


Muito mais estranho, para ficar em imóveis e na Globo, foi a notícia de que a apresentadora Patrícia Poeta estava comprando, aos 38 anos, um apartamento 15 vezes mais caro na avenida Atlântica, no Rio.


Ainda no campo imobiliário, por que o apartamento de Lula é notícia, para o Globo, e o de Joaquim Barbosa em Miami não?


O valor é mais ou menos o mesmo, segundo se noticiou. Com o detalhe de que, para fazer a compra em Miami, Joaquim Barbosa inventou uma pessoa jurídica que lhe permitiu fugir de impostos americanos.


Este tipo de comportamento – denúncia é contra aqueles de quem não gostamos – ajuda a entender a imensa rejeição que tantos brasileiros têm pelas grandes empresas jornalísticas.


O Globo ludibria seus leitores ao não colocar a informação do apartamento sob o devido contexto.


A Veja, ao reproduzir o Globo, faz o que sempre faz: panfletagem, em vez de jornalismo. E o resto, bem, é o resto. Na Jovem Pan — que vai se tornando reduto do que há de mais reacionário na mídia — Rachel Sheherazade falou sobre o “chiquérrimo” apartamento de Lula, e conseguiu citar seu irmão de alma Rodrigo Constantino.


Constantino escreveu, segundo Sheherazade, que se Boulos, do MSTS, souber do triplex, pode ter a ideia de colocar lá várias famílias de sem teto. Bem, o tamanho do imóvel, segundo o Globo: 297 metros quadrados. A sala de Roberto Marinho, na sede da Globo, na qual estive mais de uma vez, tinha mais que isso.


Lula é uma saudade para milhões de brasileiros e para a mídia, que não se conforma com isso, uma obsessão.


A tal ponto chega tal obsessão que hoje no site da Folha Ronaldo ‘Quem?’ Caiado ficou por várias horas na primeira página.


O que ele fez para merecer a honraria?


Disse, do alto de sua clarividência, que Lula não tem “a menor chance” em 2018. O morto-vivo Caiado descobriu que para ser objeto dos holofotes basta falar mal de Lula.


Fazer previsões sobre 2018 agora, quando Dilma sequer iniciou o segundo mandato, remete a uma frase clássica de Keynes. “A longo prazo estaremos todos mortos.”


As grandes empresas de jornalismo, com sua obtusidade desonesta, provavelmente estarão mortas em prazo mais breve, para o bem da sociedade.

Em tempo: além dos apartamentos adquiridos por Patrícia Poeta e Joaquim Barbosa, o Conversa Afiada sugere outra comparação.


Por que não o PiG não fala do apartamento de FHC em Paris ?

O Farol de Alexandria, que acha “razoável” aposentadoria de R$ 22 mil, tem um apê na Av. Foch, onde o metro quadrado custa mais de 12 mil Euros.

DCM: GLOBO FOI DESONESTO AO NOTICIAR IMÓVEL DE LULA

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

LULA ORGANIZA REAÇÃO AO GOLPE CONTRA DILMA

Gilmar deve usar Vaccari contra contas de Dilma

TSE capa

Na próxima quarta-feira (10/12), vence o prazo do TSE para divulgar os relatórios dos ministros daquela Corte sobre as contas de campanha dos candidatos nas eleições deste ano. Neste momento, vale retomar as suspeitas sobre como Gilmar Mendes, o “sortudo”, irá analisar dois processos sobre as contas de campanha de Dilma que lhe caíram nas mãos por “sorteio”.
Nunca é demais lembrar que, mês passado, foram “sorteados” no TSE com que ministros ficariam os processos referentes aos gastos e receitas do PT com a campanha de Dilma e os gastos e receitas da campanha da presidente propriamente ditos. No mesmo dia, hora e local, Gilmar foi ganhador dos dois sorteios.
Há quem acredite que foi uma “coincidência”…
Seja como for, com a proximidade da divulgação do relatório do carrasco oficial do PT no STF e no TSE sobre as contas de campanha de Dilma, as informações sobre o que deve acontecer vão chegando. As fontes citam vários fatos. Vamos a eles.
Em 2012, na véspera do julgamento do mensalão, a mídia moveu céus e terras contra a participação do ministro José Antonio Dias Tóffoli. Incontáveis matérias de O GloboEstadãoFolha e Veja exigiam que o ex-Advogado Geral da União de Lula não participasse do julgamento, apesar de que não diziam uma só palavra contra o ex-AGU de Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes – se o primeiro era suspeito por ter servido ao PT, o segundo deveria ser suspeito por ter servido aos inimigos figadais do mesmo PT, certo?
Toffoli, pelo visto, ganhou a confiança da mídia. Presidente do TSE, magistrado das eleições de 2014, não sofreu qualquer questionamento da mídia ao longo do processo eleitoral deste ano. Sumiram as suspeitas contra ele graças a uma atuação contra Dilma e o PT que não seria muito diferente se tivesse partido de Gilmar.
O PT tem toneladas de questionamentos contra a atuação de Tóffoli ao longo do último processo eleitoral que oBrasil viveu, mas há um episódio em particular. Aquele que já foi considerado “ministro do PT no STF” decidiu, durante a campanha, que Dilma infringiu a lei ao usar o Palácio da Alvorada para dar entrevistas à imprensa (?!).
Toffoli foi derrotado no TSE, que considerou, com propriedade, que o Alvorada é a residência de Dilma e, assim, não seria cabível exigir que a presidente não pudesse usar sua residência – ainda que temporária – para prestar contas à imprensa. Aonde iria dar entrevista, no meio da rua? Por isso, a postura do “ministro do PT” foi considerada surreal pela campanha de Dilma.
O aparente oposicionismo de Tóffoli é apenas um ingrediente da pantomima que Gilmar e outros membros “de oposição” no TSE estão preparando para, na próxima quarta-feira, rejeitarem as contas de Dilma total ou parcialmente com base no que vem sendo chamado de “pelo em ovo”. Voltaremos a Tóffoli mais adiante.
Na semana passada, a Folha de São Paulo providenciou esse “pelo”. Confira, abaixo, a matéria “providencial” do jornal oposicionista e, em seguida, o post continua.

TSE 1

A empresa citada respondeu ao jornal no último domingo (7/12).

TSE 2
A investigação do TSE a que se refere a resposta da Folha é, na verdade, investigação de Gilmar Mendes no âmbito de sua “devassa” nas contas de campanha de Dilma, que só faltou convocar as Forças Armadas para ajudarem a “investigar”.
A confusão feita em torno da empresa-alvo de Gilmar parece fadada ao fracasso. A prática “denunciada” pela Folha não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Porém, servirá para compor o espetáculo que se faz anunciar para esta semana.
Chega ao Blog, porém, a informação de que na base da argumentação de Gilmar contra as contas de Dilma estarão as acusações (sem provas) contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no âmbito da Operação Lava Jato.
A tese de Gilmar contra as contas de Dilma se fará acompanhar daqueles discursos grandiloquentes e inflamados que o ministro do PSDB no STF e no TSE costuma fazer em suas decisões invariavelmente contrárias ao partido e a qualquer um de seus membros. Ele dirá ser impossível aprovar as contas de campanha dela no momento em que o tesoureiro de seu partido é alvo de acusações de envolvidos na Operação Lava Jato.
Como será “amarrada” essa teoria, não se sabe. Mas as informações que chegam é que será “mais ou menos por aí” que Gilmar armará seu espetáculo.
A tese de Gilmar contra as contas de campanha de Dilma terá que ser apreciada pelos sete ministros do TSE. Informalmente, já se tem uma boa ideia de como cada um deverá votar. Luiz Fux, Gilmar Mendes e João Otávio de Noronha (nomeado para o STJ pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e amigo do peito de Aécio Neves) são considerados votos certos contra Dilma.
Se dos sete ministros do TSE três são considerados votos certos contra Dilma, a decisão sobre as contas de campanha dela dependerá do único ministro de quem o voto parece ser difícil de adivinhar: Dias Tóffoli. Se ele continuar com a atitude anti-Dilma que adotou durante a campanha eleitoral, o golpismo terá quatro votos contra três naquela Corte.
Existe possibilidade de as contas de Dilma serem aprovadas totalmente ou aprovadas com alguma ressalva (parcialmente)? No julgamento monocrático de Gilmar, parece quase impossível. Após todos os recursos que ele mobilizou, aprovar sem ressalvas as contas de Dilma seria conferir um atestado de honorabilidade ao PT.
Alguém acredita que Gilmar fará isso?
Para concluir o post, leitor, convido-o a assistir, logo abaixo, a uma das mais recentes catilinárias de Gilmar contra a presidente da República e o seu partido no TSE. Note o tom, note a raiva, note a postura de membro da oposição que um JUIZ adota ao proferir seu voto. Aécio Neves não teria atacado a adversária de forma mais dura.


TSE capa Na próxima quarta-feira (10/12), vence o prazo do TSE para divulgar os relatórios dos ministros daquela Corte sobre as contas de campanha dos candidatos nas eleições deste ano. Neste momento, vale retomar as suspeitas sobre como Gilmar Mendes, o “sortudo”, irá analisar dois processos sobre as contas de campanha de Dilma que lhe caíram nas mãos por “sorteio”. Nunca é demais lembrar que, mês passado, foram “sorteados” no TSE com que ministros ficariam os processos referentes aos gastos e receitas do PT com a campanha de Dilma e os gastos e receitas da campanha da presidente propriamente ditos. No mesmo dia, hora e local, Gilmar foi ganhador dos dois sorteios. Há quem acredite que foi uma “coincidência”… Seja como for, com a proximidade da divulgação do relatório do carrasco oficial do PT no STF e no TSE sobre as contas de campanha de 
Dilma, as informações sobre o que deve acontecer vão chegando. As fontes citam vários fatos. Vamos a eles. Em 2012, na véspera do julgamento do mensalão, a mídia moveu céus e terras contra a participação do ministro José Antonio Dias Tóffoli. Incontáveis matérias de O Globo, Estadão, Folha e Veja exigiam que o ex-Advogado Geral da União de Lula não participasse do julgamento, apesar de que não diziam uma só palavra contra o ex-AGU de Fernando Henrique Cardoso, Gilmar Mendes – se o primeiro era suspeito por ter servido ao PT, o segundo deveria ser suspeito por ter servido aos inimigos figadais do mesmo PT, certo? Toffoli, pelo visto, ganhou a confiança da mídia. Presidente do TSE, magistrado das eleições de 2014, não sofreu qualquer questionamento da mídia ao longo do processo eleitoral deste ano. Sumiram as suspeitas contra ele graças a uma atuação contra Dilma e o PT que não seria muito diferente se tivesse partido de Gilmar. O PT tem toneladas de questionamentos contra a atuação de Tóffoli ao longo do último processo eleitoral que o Brasil viveu, mas há um episódio em particular. Aquele que já foi considerado “ministro do PT no STF” decidiu, durante a campanha, que Dilma infringiu a lei ao usar o Palácio da Alvorada para dar entrevistas à imprensa (?!). Toffoli foi derrotado no TSE, que considerou, com propriedade, que o Alvorada é a residência de Dilma e, assim, não seria cabível exigir que a presidente não pudesse usar sua residência – ainda que temporária – para prestar contas à imprensa. Aonde iria dar entrevista, no meio da rua? Por isso, a postura do “ministro do PT” foi considerada surreal pela campanha de Dilma. O aparente oposicionismo de Tóffoli é apenas um ingrediente da pantomima que Gilmar e outros membros “de oposição” no TSE estão preparando para, na próxima quarta-feira, rejeitarem as contas de Dilma total ou parcialmente com base no que vem sendo chamado de “pelo em ovo”. Voltaremos a Tóffoli mais adiante. Na semana passada, a Folha de São Paulo providenciou esse “pelo”. Confira, abaixo, a matéria “providencial” do jornal oposicionista e, em seguida, o post continua. TSE 1 A empresa citada respondeu ao jornal no último domingo (7/12). TSE 2 A investigação do TSE a que se refere a resposta da Folha é, na verdade, investigação de Gilmar Mendes no âmbito de sua “devassa” nas contas de campanha de Dilma, que só faltou convocar as Forças Armadas para ajudarem a “investigar”. A confusão feita em torno da empresa-alvo de Gilmar parece fadada ao fracasso. A prática “denunciada” pela Folha não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Porém, servirá para compor o espetáculo que se faz anunciar para esta semana. Chega ao Blog, porém, a informação de que na base da argumentação de Gilmar contra as contas de Dilma estarão as acusações (sem provas) contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no âmbito da Operação Lava Jato. A tese de Gilmar contra as contas de Dilma se fará acompanhar daqueles discursos grandiloquentes e inflamados que o ministro do PSDB no STF e no TSE costuma fazer em suas decisões invariavelmente contrárias ao partido e a qualquer um de seus membros. Ele dirá ser impossível aprovar as contas de campanha dela no momento em que o tesoureiro de seu partido é alvo de acusações de envolvidos na Operação Lava Jato. Como será “amarrada” essa teoria, não se sabe. Mas as informações que chegam é que será “mais ou menos por aí” que Gilmar armará seu espetáculo. A tese de Gilmar contra as contas de campanha de Dilma terá que ser apreciada pelos sete ministros do TSE. Informalmente, já se tem uma boa ideia de como cada um deverá votar. Luiz Fux, Gilmar Mendes e João Otávio de Noronha (nomeado para o STJ pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e amigo do peito de Aécio Neves) são considerados votos certos contra Dilma. Se dos sete ministros do TSE três são considerados votos certos contra Dilma, a decisão sobre as contas de campanha dela dependerá do único ministro de quem o voto parece ser difícil de adivinhar: Dias Tóffoli. Se ele continuar com a atitude anti-Dilma que adotou durante a campanha eleitoral, o golpismo terá quatro votos contra três naquela Corte. Existe possibilidade de as contas de Dilma serem aprovadas totalmente ou aprovadas com alguma ressalva (parcialmente)? No julgamento monocrático de Gilmar, parece quase impossível. Após todos os recursos que ele mobilizou, aprovar sem ressalvas as contas de Dilma seria conferir um atestado de honorabilidade ao PT. Alguém acredita que Gilmar fará isso? Para concluir o post, leitor, convido-o a assistir, logo abaixo, a uma das mais recentes catilinárias de Gilmar contra a presidente da República e o seu partido no TSE. Note o tom, note a raiva, note a postura de membro da oposição que um JUIZ adota ao proferir seu voto. Aécio Neves não teria atacado a adversária de forma mais dura.

 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Folha manipula gráfico e inverte dado da pesquisa Datafolha

datafolha capa

No último sábado, o autor deste site gravou participação em um programa de debates da TV dos Trabalhadores (TVT) sobre política. Participaram comigo da mesa de debates Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo, jornalista e professor de Jornalismo da ECA-USP, e Renata Mielli, jornalista e membro da diretoria do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
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Durante o programa, discutiu-se o papel supostamente mais progressista que o jornal Folha de São Paulo vem adotando, com o maior nível de pluralidade político-ideológica de seus colunistas. Lalo e Renata rejeitaram certa percepção deste que escreve no sentido de que, por conta dessa maior pluralidade opinativa, o jornalão paulista, de alguma forma, seria melhor do que os outros grandes jornais.
Segundo Lalo e Renata, a maior pluralidade opinativa do jornal pode até existir em suas páginas internas – e isso não vem de hoje –, mas, tal qual os outros grandes meios da imprensa escrita nacional, a Folha incorre no mesmo tipo de trapaça que seus concorrentes: manipulação de manchetes de primeira página.
Os outros participantes do programa supracitado acertaram na mosca ao me lembrarem desse “pequeno” detalhe que, aliás, venho mencionando há anos em todos os fóruns de que participo e até nesta página.
Com efeito, na capital paulista, mais do que em qualquer parte, as primeiras páginas dos jornais e as capas de revistas semanais constituem um meio de comunicação à parte devido ao hábito pouco salutar dos paulistanos de se “informarem” através de manchetes da imprensa escrita que as bancas de jornal penduram do lado externo.
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Funciona da seguinte maneira: o sujeito lê só a manchete de primeira página e não confere a matéria a que ela remete. Daí, forma sua “opinião” com base em uma frase e sai papagaiando manchetes desses veículos que, via de regra, distorcem a reportagem.
Por conta disso, outros veículos ainda mais tendenciosos apostam alto nessa venda de ideias curtas e prontas que, em segundos, implantam teses de todo tipo na cabeça dos que abraçam essa “fast information”.
Foi o caso da revista Veja, que, ao longo da última campanha eleitoral, distribuiu gratuitamente às bancas de jornal banners gigantescos com acusações a Dilma Rousseff e ao PT que, lendo as matérias da revista, ficava claro que não passavam de ilações.
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Esse fenômeno ocorreu com a manchete principal de primeira página da última edição dominical da Folha, que induziu o leitor à crença em que há uma condenação esmagadora de Dilma pela sociedade por conta do caso Petrobrás.
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Como se vê na imagem acima, a manchete dizendo que “o brasileiro responsabiliza Dilma por corrupção na Petrobrás é o que fica na cabeça de quem passa pela banca de jornal, não compra a Folha e não lê a legenda e o gráfico sob a manchete. Ou seja, a grande maioria passa diante daquela banca de jornal e assimila uma ideia negativa sobre a presidente da República.
A reprodução miniaturizada da capa da Folha (acima) permite entender melhor a situação. Só é possível ver a manchete negativa para Dilma. Note, leitor, como a frase é perfeitamente compreensível mesmo em uma versão miniaturizada da primeira página do jornal, enquanto que todo o resto fica ilegível.
Contudo, se o transeunte chegar perto da banca e parar para ler o resumo da matéria, já começará a descobrir dados que a forma como foi composta a manchete esconde.
Além de a legenda sob a manchete revelar que uma maioria esmagadora de 46% dos entrevistados pelo Datafolha julga que Dilma combate muito mais a corrupção do que seus antecessores – inclusive, mais do que o ex-presidente Lula –, essa legenda ainda diz que a popularidade da presidente passou incólume pelo tsunami de ataques políticos disparados contra si após a eleição em segundo turno.
Aliás, ao lado da legenda, um gráfico mostra dado extremamente negativo para o PSDB:  o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aparece como sendo leniente no combate a corrupção. Com apenas 4% de pesquisados que julgam que em seu governo a corrupção foi mais combatida, FHC perde até para Fernando Collor, que 11% julgam que foi quem mais combateu a corrupção.
Alguns dirão que essa primeira página da Folha em questão traz informações que permitem ver que a manchete sobre a pesquisa Datafolha não é adequada. Contudo, convido o leitor – sobretudo se for de São Paulo – a ficar 10 minutos olhando para uma banca de jornal de algum local movimentado para mensurar quantos efetivamente param para ler de perto – e melhor – as capas das publicações expostas. Ficará claro que uma mísera fração dos transeuntes age assim, o que significa que uma maioria imensa acaba capitando só que a população está acusando a presidente de ser culpada pela corrupção na Petrobrás.
Porém, mesmo para quem se deu ao trabalho de conferir de perto o resumo da matéria que o jornal publicou na primeira página, a ideia de que a grande maioria de 68% culpa Dilma pelos problemas na Petrobrás permanece porque o gráfico com os percentuais dos que acham que a presidente tem responsabilidade foi manipulado.
Vamos isolar o gráfico da primeira página e compará-lo com o que foi publicado na página A4 do jornal, na matéria completa sobre a pesquisa.
datafolha 6

Como se vê, o jornal achou pouco recomendável divulgar na primeira página que apenas 43% julgam que Dilma tem culpa pela corrupção da Petrobrás e que 45% julgam que ela tem pouca ou nenhuma responsabilidade. Assim, juntou os 43% que acusam claramente a presidente com os 25% que, aliados a outras respostas da pesquisa, deixam ver que restringem a responsabilidade de Dilma porque acham que ela combate a corrupção muito mais do que seus antecessores.
Dados adicionais da pesquisa mostram que os 25% que acham que Dilma tem pouca responsabilidade pela corrupção na Petrobrás, na verdade aprovam a conduta da presidente, de modo que não poderiam ter sido agregados aos 43% que a condenam.
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Um outro gráfico mostra que faz muito mais sentido unir os 25% que acham que Dilma tem pouca responsabilidade pela corrupção na Petrobrás com aqueles que aprovam sua atuação e julgam que ela não tem responsabilidade alguma e que combate muito mais a corrupção que seus antecessores. É o gráfico da popularidade da presidente.
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O percentual de 42% julga o governo da presidente ótimo ou bom e se coaduna com a soma dos percentuais que dizem que ela tem pouca responsabilidade pela corrupção na Petrobrás (25%) e que não tem responsabilidade alguma (20%).
Assim, 42% julgam o governo Dilma ótimo ou bom e 45% julgam que ela tem pouca ou nenhuma culpa pela corrupção na Petrobrás, enquanto que 43% a culpam pelos problemas na estatal.
Essa, pois, é a verdadeira pesquisa. Aliás, uma pesquisa surpreendente, dado o tsunami de ataques que Dilma vem sofrendo, inclusive com propostas de impeachment ou mesmo de ser derrubada por golpe militar.
A Folha produziu uma farsa a partir de pesquisa que mostra que a maioria da população que tem opinião formada sobre o caso Petrobrás está apoiando as ações da presidente no combate à corrupção. O jornal chegou ao ponto de manipular um gráfico na primeira página, apesar de tê-lo apresentado corretamente nas páginas internas.
Com este post, portanto, quero cumprimentar os colegas com os quais discuti o cenário político na TV dos Trabalhadores. Eles têm toda razão. A Folha é tão manipuladora e falsária quanto o resto da mídia partidarizada. A diferença desse jornal para o resto da mídia reside apenas no seu grau de cinismo, que é muito maior.

Chorem coxinhas! Lançamento de satélite sino-brasileiro é um sucesso

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Lançado com sucesso o satélite sino-brasileiro Cbers-4
Brasília, 7 de dezembro de 2014 – O lançamento do satélite Cbers-4, quinto exemplar do programa de satélites de sensoriamento remoto desenvolvido em parceria entre Brasil e China, foi realizado com sucesso às 1h26 (no horário de Brasília, 11h25 em Pequim) deste domingo (7) a partir do Taiyuan Satellite Launch Center, na China.
O evento foi acompanhado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina, pelo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, pelo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Perondi, pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, e outras autoridades brasileiras.
O lançamento também foi monitorado em tempo real pelo Centro de Controle de Satélite do Inpe, em São José dos Campos (SP), por técnicos, engenheiros e pelo diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da AEB, Petrônio Noronha de Souza.
Iniciado nos anos 1980, o programa Cbers (sigla em inglês para China-Brazil Earth Resources Satellite) é coordenado pela AEB e desenvolvido pelo Inpe. O Cbers-4 é o quinto satélite do Programa, exemplo bem-sucedido de cooperação em alta tecnologia e um dos pilares da parceria estratégica entre o Brasil e a China.
Sua ida ao espaço, inicialmente programada para dezembro de 2015, foi antecipada em um ano devido à falha ocorrida no lançamento do Cbers-3, em dezembro de 2013. Antes, foram lançados com sucesso o Cbers-1 (1999), Cbers-2 (2003) e Cbers-2B (2007).
Coordenação de Comunicação Social (CCS-AEB)
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sábado, 6 de dezembro de 2014

Dilma não vai entrar em um jogo que só interessa à direita

golpista

O Brasil é um país rico. Tem um dos maiores mercados internos do planeta, uma indústria altamente dinâmica e diversificada, uma verdadeira montanha de dólares estocados (colchão cambial) e uma das maiores reservas de petróleo ainda por explorar. Talvez por isso o país esteja resistindo a um crime de lesa-pátria poucas vezes visto.


Se este país não fosse tão rico e se a sua economia não tivesse sido reorganizada ao longo da primeira década do século XXI, com todas as crises políticas que vem vivendo por certo já teria afundado em uma crise econômica, com explosão inflacionária, desemprego em massa, arrocho salarial e uma profunda recessão.

Estamos vivendo essa crise política ininterrupta há um ano e seis meses. As ruas das grandes cidades, de uma hora para outra, viraram palco de protestos de milhares de pessoas de variadas orientações políticas e ideológicas. E, ao contrário dos protestos esparsos de outrora, os da atualidade não têm pauta definida, limitando-se a bradar “contra a corrupção”.

À exceção dos protestos dos sem-teto de São Paulo e alguns poucos similares, esses atos que infernizam o país há um ano e meio são de cunho meramente político. Buscam apenas desgastar o governo Dilma Rousseff, que, ainda assim, acaba de obter nas urnas o apoio da maioria dos brasileiros.

O que se espera de democracias maduras é que os conflitos políticos cheguem a se exacerbar durante processos eleitorais, mas que, manifestada a vontade popular nas urnas, essa vontade passe a ser respeitada. Em situação de normalidade democrática, passadas as eleições os governos recém-eleitos chegam a desfrutar de uma “lua-de-mel”, ou seja, os derrotados no pleito esperam um tempo decente para retomar os ataques políticos.

Como se sabe, não é o que está acontecendo. Desde a redemocratização de fato, em 1989, nunca se viu uma guerra política desse calibre um mês após uma eleição presidencial.

Desde a primeira semana após a votação em segundo turno vem ficando claro que os derrotados se recusam a aceitar a vontade da maioria expressa na eleição. As urnas nem haviam sido apuradas, em 26 de outubro, e “analistas políticos” falavam em “impeachment” de Dilma nas televisões.

Abriram-se, então, várias frentes de questionamento ao mandato popular concedido pela segunda vez à presidente. A guerra no Congresso em torno do que a imprensa chamou de “manobra fiscal”, ou a devassa das contas da campanha petista anunciada e levada a cabo na Justiça Eleitoral, têm objetivos inconfessáveis.
Neste sábado, por exemplo, foram convocadas novas manifestações contra a presidente da República. A convocação partiu do adversário que ela derrotou nas urnas há 40 dias.

Ignorando o envolvimento de seu partido em denúncias de corrupção, Aécio convocou a voltar à rua hoje o que a Folha de São Paulo chamou de nova militância – bandos de extrema-direita que pedem volta da ditadura militar. O objetivo escancaradamente anunciado é o de não deixar diminuir a “mobilização” contra o mandato popular da adversária.

A intenção da oposição e dos maiores grupos de mídia vai ficando bastante clara. A recusa oposicionista em aprovar a mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias, arrancada a fórceps pela base aliada, e as seguidas obstruções no Congresso a todas as matérias de interesse do governo, revelam a intenção de paralisá-lo.
Declaração recente de Aécio Neves no sentido de querer a presidente da República “no chão” significa, por exemplo, fragilizar a relação do governo brasileiro com a comunidade internacional.

Em um quadro político como esse, mesmo com uma equipe econômica “palatável” aos grandes empresários e ao mercado financeiro, não é difícil supor que a grande aposta nessa equipe, de que faria com que os investimentos privados fossem retomados, será frustrada. E sem investimentos não haverá crescimento econômico.

Antes da eleição presidencial, grandes empresários congelaram investimentos de forma a criar uma situação de estagnação econômica que pudesse favorecer a eleição do candidato desse setor da sociedade, o candidato do capital, que quase foi Marina Silva e acabou sendo Aécio Neves.

Houve, também, empresários que pararam de investir por medo do cenário político e do terrorismo econômico da mídia, mas os maiores empresários e investidores pararam de investir para frear o crescimento e dar discurso à oposição.

Agora, com a reeleição de Dilma materializada e com a recusa da oposição e de setores da mídia a aceitar a vontade das urnas, o que pode ocorrer, apesar da equipe econômica “palatável”, é haver medo generalizado de investir, até porque surgem dúvidas quanto à continuidade de um governo que todo dia está sofrendo ameaças de ser derrubado.

O PSDB e os grandes grupos de mídia querem a paralisia do governo a fim de afundar a economia. Anseiam por recessão e desemprego de forma a facilitar um processo de impeachment ou, na melhor das hipóteses, que o país permaneça em crise pelos próximos quatro anos, sem crescimento, com aumento dos problemas sociais e econômicos, de forma a garantir a retomada do poder em 2018.

O Brasil, pois, está sendo sabotado em benefício dos interesses políticos de grupos que, apesar do crescimento oposicionista nas eleições deste ano, ainda não foram capazes de retomar o poder. O sofrimento que essa sabotagem irá impor ao povo é objeto do desejo do PSDB, do DEM, do PPS, do PSB e da grande mídia.

Nesse momento, Dilma, solitariamente, terá que decidir se aceita a guerra aberta que a oposição deseja, com tudo que implica, ou se vai contornando a situação.

Porém, essa reação à altura de Dilma e do PT, amplamente desejada pela militância que apoia a presidente e seu partido, implica em riscos. Por certo que sob a liderança do governo e de sua titular a reação levaria à rua movimentos sociais, sindicatos, enfim, todas as forças que compõem a esquerda. Porém, é preciso refletir sobre tal caminho.

Se você fizer hoje uma caminhada diurna pela avenida Paulista vestindo uma camiseta vermelha, mesmo que não seja uma camiseta do PT com absoluta certeza ouvirá insultos. Se a caminhada for noturna, a chance de agressão física será enorme.

Imagine agora, leitor, se na próxima vez que a oposição levar seus bate-paus para empastelar o Congresso o PT fizer o mesmo, levando movimentos sociais como MST ou CUT para enfrentá-los. Eis que veremos inaugurada uma guerra civil no país. Compatriotas irão se digladiar. Talvez até a tiros. Poderia haver mortos e feridos.

Quem tem visto a truculência dos fascistas de extrema-direita que devem voltar hoje às ruas de São Paulo não tem dúvida de que se uma manifestação como essa deparar com outra de viés político-ideológico inverso, sangue irá correr.

Esse, aliás, é o objetivo claro da direita tucano-midiática. Havendo um caos dessa magnitude dirão que Dilma perdeu o controle do país e não tem mais condições de governar. Eis por que as provocações de Aécio e da mídia não param. Querem que a esquerda entre no seu jogo e o país mergulhe no caos, com violência nas ruas e a economia afundando.

É hora, pois, de manter a cabeça fria. O grupo político que está promovendo esse clima no país é composto por facínoras, hipócritas, capazes de acusar os adversários de corrupção apesar de serem protagonistas de incontáveis escândalos, os quais só conseguem abafar graças ao apoio da mídia corporativa, que lhes proporciona blindagem.

Há momento de atacar e de defender. Se o adversário quer reação, há que negá-la. As provocações de Aécio e seus comparsas não estão sendo premiadas por Dilma porque pretendem convulsionar o país a poucas semanas de a presidente tomar posse do segundo mandato. Não seremos ingênuos fazendo o jogo desses vagabundos.