Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sem CPI da Privataria e sem Lei da Mídia, mas com Kassab

Vá lá que, em nome do pragmatismo político, a roubalheira praticada no Brasil durante a era Fernando Henrique Cardoso, roubalheira essa imortalizada pela obra demolidora do jornalista Amaury Ribeiro Jr. A Privataria Tucana, ou o projeto de regulação da comunicação eletrônica no Brasil, a assim chamada Lei da Mídia, sejam ignoradas, respectivamente, pela cúpula do PT e pelo governo federal.
Estamos vivenciando uma era política que o PSDB e a direita midiática haviam anunciado há mais ou menos uma década e meia, quando decretaram o “fim da história”. Só que, à diferença da era tucana, hoje não há propaganda do fim das ideologias em nome do que seria “pragmatismo político-econômico” – a prática é que exibe uma situação em que o impensável se converte em natural com uma singeleza e uma naturalidade assustadoras.
O próprio Amaury, o Paulo Henrique Amorim – que sabe sempre das coisas – e mais as torcidas do Flamengo e do Corinthians unificadas já descreem da instalação da CPI pelo senhor deputado Marco Maia.
Já a Lei da Mídia, contam as más línguas que só sai se o projeto tiver a rubrica do Otarinho, as dos barões do café e a do ítalo-argentino instalados à Marginal do Tietê, bem como as dos irmãos do Jardim Botânico. Ou seja: não sai se não for para aprofundar a concentração da propriedade de meios de comunicação no Brasil.
Mas o que não dá para entender é a cada vez mais repetida – e cada vez menos negada –suposta aliança do PT de São Paulo com o prefeito Gilberto Kassab, aliança cuja origem no partido a mídia atribui ao ex-presidente Lula – ainda que este, ao que se saiba, esteja ocupado com coisas mais importantes para si, tais como cuidar da própria saúde – e ao pré-candidato a prefeito Fernando Haddad.
Dirão que o PT se aliou a José Sarney e a Paulo Maluf, em nível federal, e que, portanto, aliar-se a Kassab em nível municipal não seria nada demais. Todavia, essas são alianças com o PP e o PMDB, quando, em São Paulo, o que haveria seria uma aliança de cunho personalista com o muito mal avaliado prefeito da cidade, pois não se fala em aliança com o PSD, mas com o seu suposto idealizador.
O PT paulistano, portanto, perdeu para Kassab em 2008, quando ele era popular, e agora, ironicamente, surgem hipóteses de que poderá perder com o mesmo Kassab, pois, atualmente, o ex-poste de José Serra, mergulhado na impopularidade, trata de apunhalar o ex-mentor e se ligar aos seus adversários. E o que é mais surreal: o tucano não diz nada sobre isso. E deve saber por que não diz…
O prejuízo político entre a militância governista seria – ou será – moderado com os sepultamentos da lei da mídia e da CPI.  Sempre que essas hipóteses são aventadas os petistas mais compreensivos insinuam que tais recuos lhes seriam aceitáveis, por assim dizer. Todavia, ainda não encontrei um só petista, nem o mais dócil, condescendendo diante da hipótese de aliança com Kassab.
Sem CPI da Privataria e sem Lei da Mídia, mas com Kassab, então, vejo no horizonte uma pouco provável, mas virtualmente possível futura dissidência de centro-esquerda no PT que poderia se unir à esquerda mais autêntica (PSOL e/ou PSTU, por exemplo) para se contrapor à guinada que a cúpula partidária nacional vai dando em direção à direita.
Quem, como este blogueiro, mensura o ânimo da militância diariamente, já não tem dúvida de que, a persistir o endireitamento do governo e da cúpula governista no PT, a direita demo-tucano-midiática pode começar a ter esperanças. Nem que seja de fazer alianças, pois, onde cabe um Kassab, se pensarmos bem caberiam até José Serra e Fernando Henrique Cardoso. Ou não?
PS: importantíssima liderança do PT envia e-mail ao blog dizendo que espera que as “profecias” acima, em “todos os seus tópicos”, não se concretizem.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Livro e imprensa: um ponto de ruptura

Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:

Esta semana marca um ponto de ruptura da imprensa brasileira tradicional, aquela chamada de circulação nacional. O fato de os principais jornais do país haverem ignorado o tópico mais divulgado na internet – o livro que denuncia atividades criminosas atribuídas a familiares e pessoas próximas do ex-governador José Serra – representa uma declaração pública de que a imprensa tradicional não considera relevante o ambiente midiático representado por blogs, sites independentes de empresas de mídia e grupos de discussões nas redes sociais.

A fidelidade canina das grandes empresas de comunicação ao político Serra é um caso a ser investigado por jornalistas e analisado por cientistas políticos. Na medida em que essa fidelidade chega ao ponto de levar as bravas redações – sempre animadas para publicizar toda espécie de malfeitoria envolvendo protagonistas do poder – a fingir que não tem qualquer relevância o fenômeno editorial intitulado A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., cria-se um precedente cujas consequências não se pode ainda avaliar.

Por iniciativa da imprensa tradicional, aprofunda-se o fosso que a separa da mídia alternativa.

Debate aberto

Não que tenha arrefecido o ímpeto dos jornais por dar repercussão a todo tipo de denúncia: estão nas primeiras páginas, nas edições de quinta-feira (15/12), o ministro Fernando Pimentel, o governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz e o publicitário Marcos Valério.

Cada um desses personagens tem uma história a explicar para a sociedade, mas a imprensa, ao proceder com tão escancarado desequilíbrio nos critérios de edição, se desqualifica como meio legítimo para mediar a questão com a sociedade.

Não se pode escapar à evidência de que a imprensa realiza um esforço corporativo para apresentar ao seu público um cardápio restrito de escândalos, quando o prato mais apetitoso vende milhares de exemplares de livros, produz um mercado paralelo de cópias piratas e manifesta o desejo do público de saber mais.

O silêncio da imprensa prejudica as chances do ex-governador José Serra de contestar as acusações apresentadas no livro contra sua filha, seu genro, o coordenador de suas campanhas eleitorais e outros personagens ligados ao seu núcleo de ação política.

Paralelamente, amplia o raio de conflitos entre as empresas de comunicação e a categoria profissional dos jornalistas, muitos dos quais são ativos participantes nos debates sobre o livro de Amaury Ribeiro Jr.

Fugindo da boa história

A origem do esquema investigado pelo autor de A Privataria Tucana se confunde com o ponto em que a imprensa tradicional perdeu o interesse pelo caso do Banestado – provavelmente a matriz de todos os crimes financeiros revelados ou semiocultos no Brasil nos últimos quinze anos. Por essa razão, aumenta a curiosidade geral em torno da recusa da imprensa em reabrir esse caso através da janela criada com o livro de Ribeiro Jr.

A partir deste ponto, torna-se legítima qualquer desconfiança sobre o real interesse da chamada grande imprensa em ver desvendadas as denúncias de corrupção que ela própria divulga. Não há mais dúvida razoável de que essas denúncias são publicadas de maneira seletiva.

O mapa aberto pelo livro de Ribeiro Jr., pelo que já se deu a conhecer, complementa reportagens já publicadas sobre crimes financeiros em geral, mas principalmente sobre aqueles que têm como vítima o patrimônio público. Em geral, as reportagens sobre aquilo que agora é chamado de malfeito esmaecem quando o caso se transforma em processo formal na Justiça.

Estranhamente, quando surge a possibilidade de oferecer ao público o acompanhamento das conclusões, a imprensa sai de campo. Observe-se, por exemplo, que o chamado caso “mensalão” está para ser prescrito e há um hiato no noticiário entre a aceitação da denúncia e a prescrição.

No caso Banestado, assim como no livro-reportagem de Amaury Ribeiro Jr., o mais importante é a revelação do esquema de lavagem de dinheiro, com o mapa dos caminhos que o dinheiro sujo realiza por paraísos fiscais e contas suspeitas. Trata-se do mesmo esquema utilizado pelos financiadores ocultos do narcotráfico, pelos corruptos e corruptores e por cidadãos acima de qualquer suspeita.

Se desse curso às pistas levantadas no livro de Ribeiro Jr., a imprensa poderia construir histórias muito interessantes – por exemplo, ao identificar consultores jurídicos especializados em lavagem de dinheiro que costumam frequentar páginas mais nobres dos jornais.

A omissão da imprensa em relação ao fenômeno editorial do ano é também a renúncia ao bom jornalismo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

"A imprensa corrupta tem muito a temer": o que a mídia brasileira não divulga sobre o Equador


"A imprensa corrupta tem muito a temer". Com essa afirmação o presidente do Equador, Rafael Correa, comentou o novo triunfo obtido pelo seu governo em mais uma consulta popular. Depois de reiterar que “no Equador se respeita a liberdade de expressão”, acrescentou: “Aqui temos tolerância com a crítica, mas com o que não temos tolerância é com a mentira.” A formação de um Conselho de Regulação é uma das medidas aprovadas pela Consulta.


“Aqui houve um grupo que ficou devendo 600 milhões de dólares e seus proprietários vivem em Miami”, afirmou Correa. “O grupo Isaias criou um consórcio de bancos, engenhos e fazendas, e comprou Gama TV, não para informar, mas para defender seus negócios”. Gama TV faz parte de um conjunto de empresas que foram embargadas a bancos quebrados, que serão revendidas ao setor privado. Correa denunciou muitas vezes que durante a crise, esta foi ocultada pela parceria banco-midia.

“Isto não é saudável para uma sociedade”, acrescentou o mandatário equatoriano, agregando que o jornal El Universo “é propriedade de três fantasmas das Ilhas Cayman, um paraíso fiscal; esse é o nível ético dos meios de comunicação que nos dão informação todos os dias.”

A Consulta aprovou também a proibição de que bancos comprem meios de comunicação. Com essa medida “estamos desconcentrando o poder, o estamos democratizando, mudando as formas de poder de forma profunda e histórica”, afirmou Correa.

Foram aprovadas também medidas que punem as empresas que não registram seus trabalhadores na previdência social, proibição de espetáculos que tenham como finalidade matar animais, castigo do enriquecimento privado sem justificação e a proibição dos jogos de azar. Também foram aprovadas medidas de proteção dos réus na Justiça e de mudança na composição do Judiciário, o órgão de supervisão técnica do Poder Judiciário.

Aperfeiçoa-se assim a Constituição aprovada em longo processo constituinte e referendada em Consulta popular, aprofundando-se as transformações que o profundo processo democratizador de todos os âmbitos da sociedade que se desenvolve no Equador, sob a liderança de Rafael Correa. Um processo impossível de ser compreendido pela leitura da velha mídia brasileira, que ocultou o verdadeiro sentido da Consulta Popular realizada no Equador, para acobertar as tramoias e tergiversações dos seus parceiros naquele país, derrotados – lá como aqui – uma vez mais pelo voto popular.
Postado por Emir Sader 

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Entenda o 3º turno midiático

Talvez o humorístico global Casseta & Planeta seja a melhor expressão do ódio que a Globo devota ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como se sabe, o “casseta” Marcelo Madureira , editor do programa, está entre o time de “pensadores” do anti-lulismo midiático, tendo sido cultuado naquele evento inesquecível da Associação Nacional de Jornais em que a “dona Judith” reafirmou a papel da grande mídia de braço auxiliar da oposição tucano-pefelê.
A edição desta semana da atração humorística da rede de concessões públicas de rádio e tevê da família Marinho, a pretexto do humorismo político veiculou um programa cheio de rancor e deboche – em vez de humorismo – contra o presidente da República. Um programa que não guarda a menor similaridade com os sentimentos da maioria absoluta dos brasileiros em relação àquele que chega ao fim de oito anos de mandato amado por seu povo como nenhum outro governante da história contemporânea deste país.
O estrebuchar do rancor global, um sentimento diminuto travestido de deboche e de tentativa de tripúdio contra a impotência da sociedade de impedir o uso político de concessões públicas, começa com um anúncio de jornal: “Procura-se emprego”. Para quem? Para o presidente que a mídia oposicionista tem dito que se exaspera por estar para perder as regalias do poder.
Até aí, ótimo. Lula manifestou mesmo tristeza por deixar um cargo cujo exercício gerou resultados tão auspiciosos ao seu povo. Brincar com isso me parece que seria um prato cheio para qualquer humorista que aborde a política em seu trabalho – e os que abordam costumam ser os melhores, para o meu gosto. A maldade está no uso de calúnias, de histórias inventadas como a de que o presidente seria alcoólatra, fato que jamais alguém comprovou por meio do menor indício sério.
Em dado momento do programa, a versão satírica de um apresentador de tevê apresenta a Lula a casa na qual ele morará depois que deixar a Presidência. A construção é uma grande churrasqueira na qual há um chuveiro de cachaça em que Lula mergulha de terno e tudo, sugerindo que se embriagará até cair quando deixar o poder.
A piada de mau gosto resume o desejo de transformar o fim do mandato de Lula em terceiro turno, onde a vitória seria da família que permanecerá no “poder” enquanto que Lula, na visão dessa família, será apeado dele – provavelmente para sempre. Para tanto, o uso descarado da concessão pública para infernizar o fim do mandato presidencial envereda pela tentativa de transformar em incompetente o governo que chega ao fim.
O cavalo de batalha, desta vez, é a transformação em escândalo nacional de um problema episódico e localizado no ENEM. Como se fosse algum absurdo ocorrer algum problema na realização de cerca de uma dezena de milhões de exames em um país deste tamanho.
Aliás, convenhamos, tratou-se de um erro bem menos sério do que a confecção de livros didáticos errados pelo governo de São Paulo, então ocupado por José Serra. Em um dos exemplos mais clamorosos, centenas de milhares de livros de geografia com mapas contendo dois Paraguais foram distribuídos a centenas de milhares de alunos da rede estadual de ensino. A mídia não deu um pio, comparando-se com o que faz por conta do ENEM.
Mas não é só a derrota eleitoral que açula a fúria midiática, assim como não é só a Globo que declarou guerra ao fim do mandato de Lula – o que não quer dizer que essa guerra persistirá em relação ao governo Dilma, por mais que seja provável que venha a ocorrer.
Matéria de hoje da Folha de São Paulo esclarece a fúria midiática no estertor do governo Lula. O ministro Franklin Martins (Comunicação Social) afirmou ontem que o governo está disposto a levar adiante a discussão de novas regras para o setor de mídia digital mesmo que não haja consenso sobre o assunto. “A discussão está na mesa, está na agenda, ela terá de ser feita. Pode ser feita num clima de entendimento ou de enfrentamento“, afirmou.
É evidente que a mídia tenta sinalizar ao governo Dilma o que haverá que enfrentar se levar adiante a proposta de estabelecer marcos regulatórios para a comunicação no Brasil. Repetindo o mantra sobre “censura”, Globo e companhia ignoram a estratégia do governo de trazer para o debate agências reguladoras de vários países desenvolvidos que exercem a regulação que se pretende por aqui sem que a imprensa desses países diga uma palavra sobre cerceamento de sua liberdade.
Essa é a grande batalha que haverá que enfrentar nos próximos anos. O governo Dilma chega com força – sobretudo no Legislativo e no Judiciário – para civilizar a comunicação no Brasil, pondo fim a uma farra em que empresários que se julgam donos do país usam concessões públicas para os próprios fins econômicos e políticos. Nunca antes neste país houve condição melhor para tanto.