Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador dor e sofrimento. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador dor e sofrimento. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Geraldo “dor e sofrimento” Alckmin e a “procissão do crack”

A recente ação do Denarc na “cracolândia” paulistana resume à perfeição o que está em jogo em São Paulo neste ano eleitoral de 2014, quando os paulistas terão chance de se livrar da burrice, da truculência e do preconceito dessa direita que, em 2012, já aplicara a psicótica “estratégia” no deprimente quadrilátero incrustado no centro velho da capital paulista.
Ano retrasado, também em janeiro, o então prefeito, Gilberto Kassab, e o governador Geraldo Alckmin tiveram a “brilhante” ideia de esvaziar a “cracolândia” através de um “Plano de Ação Integrada Centro Legal”. Esse “plano” previa a “estratégia” de as polícias usarem “dor e sofrimento” contra os usuários de crack. A PM, então, passou a aplicar a “operação sufoco”.
Há exatos dois anos, o jornal O Estado de São Paulo anunciou a “nova estratégia” do governo do Estado e da prefeitura. Veja, abaixo, trecho da matéria Governo quer acabar com cracolândia pela estratégia de ‘dor e sofrimento’.
—–
“(…) A estratégia está dividida em três etapas. A primeira consiste na ocupação policial, cujo objetivo é “quebrar a estrutura logística” de traficantes que atuam na área. Além de barrar a chegada da droga, policiais foram orientados a não tolerar mais consumo público de crack. Usuários serão abordados e, se quiserem, [serão] encaminhados à rede municipal de saúde e assistência social. Em uma segunda etapa, a ação ostensiva da PM, na visão de Prefeitura e Estado, vai incentivar consumidores da droga a procurar ajuda. Na terceira fase, a meta será manter os bons resultados (…)”
—–
Não tardou uma semana para a “estratégia” do então prefeito Kassab e do governador Alckmin se mostrar um fiasco. Surgiu, em São Paulo, uma bizarra “procissão do crack”. Confira, abaixo, matéria do mesmo jornal O Estado de São Paulo intitulada PM escolta ‘procissão do crack’ no 1º fim de semana de ocupação do centro.
—–
“(…) A estratégia de impor “dor e sofrimento” aos dependentes criou uma situação inusitada no primeiro sábado após a ocupação da cracolândia, no centro de São Paulo. Com o tráfico a todo vapor e sem conseguir cortar a rota de fornecimento da droga, restou à PM escoltar pelas ruas centrais da cidade grupos gigantescos, de até cem pessoas, em uma estranha “procissão do crack”, iluminada pelos Giroflex das viaturas noite adentro.
A perseguição aos usuários criou uma “cracolândia itinerante” no quadrilátero entre as Avenidas Duque de Caxias, São João e Ipiranga e Estação da Luz. Em alguns momentos de “folga” na caminhada forçada imposta pela polícia, os grupos paravam para acender os cachimbos e descansar. Depois de alguns minutos, voltavam a andar. Sem destino.
Em uma dessas pausas, uma moradora da Avenida Duque de Caxias, perto da Praça Júlio Prestes, atravessou a rua em meio a dezenas de dependentes e cobrou dos policiais que estavam na outra calçada que fizessem alguma coisa para tirar o “rebanho” da frente de seu prédio. “Nem vocês (PMs) estão dando conta. Antes, eles ficavam escondidos. Agora, ninguém tem sossego. Tem de achar algum lugar para levá-los”, bradava a mulher, irritada. (…)”
—–
A “estratégia de dor e sofrimento” e a “procissão do crack” foram obras perpetradas a quatro mãos por Alckmin e Kassab e estão entre as causas da surra eleitoral que o criador do ex-prefeito, José Serra, levou de Fernando Haddad naquele mesmo ano.
O rotundo fracasso da “estratégia” dessa direita psicótica – da qual Alckmin é mera flatulência – de impor “dor e sofrimento” a pessoas mentalmente doentes achando que ao serem torturadas acabariam fazendo o que fosse melhor para si – buscar tratamento – é produto da profunda ignorância de uma ideologia tão nefasta quanto o próprio crack.
O programa Braços Abertos, lançado recentemente pelo prefeito Fernando Haddad, buscou uma estratégia diferente, mais inteligente e que já começava a produzir resultados. Usuários de crack vestiram uniformes de garis (recebendo R$ 15 por dia pelo trabalho), foram instalados em hotéis baratos e já começavam a se deixar seduzir pelo tratamento.
O que Alckmin e Kassab não conseguiram pela força e pela burrice, Haddad estava conseguindo com humanidade e inteligência.
Politicamente, pois, o programa Braços Abertos se tornou uma ameaça à reeleição de um incompetente, truculento e estúpido como Alckmin, de forma que ele precisava sabotar o êxito desse programa, que já se desenhava. Mandou sua tropa de energúmenos impor “dor e sofrimento” (de novo) a pessoas com problemas mentais. E São Paulo que se dane.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O humanismo triunfará, ao final

Vivemos dias difíceis para o senso de humanidade, diriam muitos, pois exemplos de selvageria e de insensibilidade de homens contra homens se alastram como centelha em folhas secas. O novo milênio, assim, parece assistir a um revival do que poder-se-ia chamar “desumanismo”, ou perda da capacidade de se solidarizar com a dor alheia.
Ora, não vimos impérios inconquistáveis despejaram toda a sua fúria sobre mulheres, crianças e velhos em pleno alvorecer do século XXI enquanto entoavam discursos sobre “democracia”, “justiça” e “coragem”? E não fizeram isso com orgulho, com o peito estufado e sob o aplauso de multidões catárticas?
Por que nos espantamos, então, quando o Estado brasileiro pisoteia outros desvalidos de composição análoga à dos povos orientais enquanto é ovacionado pelas mesmas multidões tomadas por perversão análoga à necrofilia? Se o homem é capaz de fazer o que os Estados Unidos fizeram no Oriente Médio, por que não faria o que estão fazendo com os flagelados do Pinheirinho e congêneres?
A desumanidade parece poderosa, vigorosa e vencedora, pois não? Olhando do ponto de vista histórico, porém, a resposta é negativa. A impiedade humana não diminuiu através dos séculos, mas a cada dia é mais repudiada, o que torna o mundo contemporâneo muito menos desumano do que era há um século, por exemplo.
Tortura ou castigos físicos já foram políticas de Estado. Hoje, apesar de existirem, são ilegais. Os direitos à moradia digna, à instrução, à liberdade de expressão, entre outros, podem não ser realidade, mas ao menos existem como dogmas, quando, em outros tempos, jamais se cogitaria defendê-los publicamente.
Em outros tempos, o Brasil chacinaria a população do Pinheirinho assim como os Estados Unidos chacinaram a população do Iraque e ninguém ligaria muito. Hoje, atender completamente aos instintos bestiais dos desumanos seria um escândalo sem precedentes e teria conseqüências, ao menos em termos de ampla reprovação pública.
A má notícia, entretanto, é a de que o senso de humanidade da nossa espécie evolui tão lentamente que provavelmente essas pessoas que degustam o sofrimento dos mais indefesos entre os indefesos terminarão as suas vidas inúteis sem ao menos o opróbrio da sociedade.
Mas há uma boa notícia: ao lutar contra a desumanidade, planta-se um futuro que muito provavelmente não veremos, mas que certamente terá tornado motivo de vergonha alguém apoiar um massacre social ou literal enquanto de seus lábios brotam conceitos como “democracia”, “justiça”, “estado de direito” ou “coragem”.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O PASSO SEGUINTE DA HISTÓRIA E AS LINHAS DE PASSAGEM

SERVIDÃO FINANCEIRA: Cúpula da Europa reúne-se nesta 2ª feira em Bruxelas, em meio à greve geral dos trabalhadores belgas contra as políticas de arrocho na UE**  cúpula  busca consenso para a 'regra de ouro' do arrocho fiscal que limita déficit  no âmbito da UE em 0,5%** Alemanha quer transformar a Grécia numa zona de ocupação do poder financeiro, revogando a soberania orçamentária de Atenas** objetivo é assegurar a destinação prioritária de recursos ao pagamento dos credores** SOLIDARIEDADE A BALTASAR GARZÓN  leva milhares de pessoas às ruas de Madrid neste domingo.

 FSM/Porto Alegre/2012: O passo seguinte da história não virá da maquiagem verde do capitalismo, nem de miragens dissociadas das potencialidades e circunstancias do presente. O maior desafio é superar o déficit de democracia que sanciona a ganância do dinheiro sobre a economia, a natureza e a subjetividade.  A principal urgência: colocar todo o sistema financeiro sob o controle do interesse público. O novo sujeito histórico consiste em unir o interesse comum  em defesa do bem comum: as fontes da vida na Terra, a dignidade humana, a plena realização das potencialidades do indivíduo em nosso tempo. 'Pinheirinho' não é um ponto fora da curva: a lógica dominante não tem mais nada a oferecer exceto 'Sofrimento e Dor'. A São Paulo tucana é a conexão mais avançada do capitalismo brasileiro com a saturação da ordem mundial. As eleições municipais deste ano na capital paulista não se resumem à mera troca de alcaide: elas confrontam duas lógicas diante da crise. Uma, disposta a superar as raízes do colapso em que vivemos, cujo limbo mais exposto é a desordenada ruína dos gigantescos conglomerados urbanos; a outra, decidida a impedir a mudança decretando a reintegração de posse sobre cada centímetro de cidadania conquistado pelos que vivem na soleira da porta, do lado de fora da cidade e da democracia.


 

Alckmin consegue ser pior do que governador da ditadura

O que o ex-governador biônico da ditadura Paulo Egydio Martins (ARENA/SP) fez e que Alckmin (PSDB/SP) se recusou a fazer?

Paulo Egydio desapropriou um terreno maior e vizinho ao Pinheirino para construir casas populares, em 1976.

Detalhe: o terreno era do mesmo "Comendador" Bentinho, que apareceu como comprador do Pinheirinho em 1978, para vender a Naji Nahas em 1981. (De quem era o Pinheirinho antes de 1978? A dúvida obre grilagem permanece, já que a família de alemães sem herdeiros foi chacinada em 1969.)

São José dos Campos cresceu de 1976 para cá. Novas desapropriações precisavam ser feitas. Mas Alckmin e seu amigo prefeito Eduardo Cury, preferiram priorizar as políticas "públicas" para gente como Naji Nahas.

Eis o decreto que Egydio assinou, e que Alckmin também poderia ter feito, mas preferiu sentar em cima, junto com o prefeito tucano Eduardo Cury:
Decreto Nº 9.013, de 11 de novembro de 1976.
Declara de utilidade pública, para fins de desapropriação, imóvel situado no distrito, município e comarca de São José dos Campos, necessário à Companhia Estadual de Casas Populares - CECAP.
PAULO EGYDIO MARTINS, GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, usando de suas atribuições legais e nos termos do artigo 34, inciso XXIII, da Constituição do Estado, com a redação dada pela Emenda nº 2, de 30 de outubro de 1969, combinado com os artigos 2º e 6º do DECRETO-Lei Federal nº 3.365, de 21 de junho de 1941, alterado pela Lei nº 2.786, de 21 de maio de 1956,
Decreta:
Artigo 1.º - Fica declarado de utilidade pública, a fim de ser desapropriado pela Companhia Estadual de Casas Populares, CECAP, por via amigável ou judicial, o imóvel abaixo caracterizado, constituído de um terreno com a área de 1.765.828,60m2 (um milhão, setecentos e sessenta e cinco mil, oitocentos e vinte e oito metros quadrados e sessenta decímetros quadrados) e respectivas benfeitorias, situado no Jardim Morumbi, no distrito, município e comarca de São José dos Campos, necessário à referida Companhia para a execução de planos habitacionais na conformidade da Lei nº 905, de 18 de dezembro de 1975, ou a outro serviço público, e que consta pertencer a Benedito Bento Filho, Alfen Junqueira Pereira e outros, com as medidas,

Você votaria em candidato descontrolado?

Esse homem descontrolado é uns dos candidatos á prefeito de S.Paulo pelo PSDB

Com o dedo na cara da manifestante, Andrea Matarazzo discute em 'Ato pró-Pinheirinho'...Quando a polícia, sob o comando do PSDB,não aparece no protesto para bater, candidato tucano se encarrega de agredir mulher. Maria da Penha Nele!

O secretário da Cultura do Estado de São Paulo, Andrea Matarazzo, discutiu com manifestantes do 'Ato pró-Pinheirinho' em frente ao Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP)

Os manifestantes protestavam contra a violência empregada durante a ação de reintegração de posse do terreno do Bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, que era ocupado por cerca de 2 mil pessoas.( Informações Estadão)

Os erros de Alckmin

Governador de São Paulo tenta se antecipar ao governo federal, promove ação truculenta contra 1,7 mil famílias em desocupação de terreno e precipita o fim da lua de mel com o Planalto


Na tentativa de se mostrar mais ágil do que a administração federal, em menos de um mês o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), protagonizou duas ações precipitadas, que indicam o fim de sua lua de mel com o governo da presidenta Dilma Rousseff. Suas iniciativas foram alvo de milhares de protestos nas redes sociais e estão sob o olhar de organizações internacionais de direitos humanos.

A mais truculenta ocorreu na última semana. Às 6 horas da manhã do domingo 22, as cerca de 1,7 mil famílias que ocupavam, desde 2004, a área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, interior de São Paulo, foram surpreendidas com a presença de dois mil homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Com forte aparato repressivo, os soldados estavam ali para cumprir uma decisão judicial de reintegração de posse do terreno, de 1,3 milhão de metros quadrados, pertencente à massa falida da empresa Selecta, do empresário Naji Nahas. Rapidamente, os tratores entraram em ação. Uma a uma, as casas eram postas abaixo, numa ação que o coronel da Polícia Militar Manoel Messias considerava um sucesso, enquanto gabava-se do fator surpresa.

Aos que tentavam resistir ou voltar ao local, a dispersão era garantida com tiros de borracha e bombas de efeito moral. Até o secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, escalado para negociar com os moradores, foi alvejado. "Tenho militância, antes da ditadura militar, e pela primeira vez sou agredido dessa maneira, exatamente durante a democracia", declarou. Jornalistas tinham seu acesso à área restringido "para garantir a segurança", nas palavras da PM, e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) condenavam a operação. Sem rumo, os desalojados perambulavam atrás de auxílio. A truculência evidencia que o governo paulista parece ignorar os princípios do próprio PSDB, partido de Alckmin. Segundo o ideário da legenda, invasão de terra é questão social e não de polícia.

TRUCULÊNCIA
Batalhão da guarda municipal do prefeito tucano surpreende moradores do Pinheirinho com a
violência empregada durante reintegração de posse do terreno
A ação policialesca de Alckmin foi recebida com revolta e sentimento de traição em Brasília. Em nome do Ministério das Cidades, o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Rogério Sottili, vinha mantendo tratativas com o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), sobre a questão de Pinheirinho. De acordo com ele, o governo federal recebeu há duas semanas a informação de que poderia haver confronto na área, caso se confirmasse a ação de reintegração de posse pela Polícia Militar.


Preocupado, Sottili entrou então em contato com o prefeito Cury e também procurou o ex-ministro José Gregori propondo uma saída negociada ao governador Geraldo Alckmin. "Eu me coloquei à disposição e o prefeito me recebeu superbem. Acertou de vir a Brasília na quinta-feira 19, mas depois pediu que sua secretária cancelasse a audiência", explica. Para o secretário-executivo, Cury, ao cancelar o compromisso, deu a entender que a desocupação do terreno seria adiada por 15 dias. "Estávamos em contato e fiquei surpreso com a ação da PM. Na verdade, eles estavam preparando a reintegração de posse, enquanto negociavam conosco", afirma. Entre as soluções negociadas, o Palácio do Planalto chegou a propor o fatiamento da área e a construção de conjuntos habitacionais dentro do programa Minha Casa Minha Vida. A desapropriação das terras interessa à União, que tem R$ 12 milhões a receber da massa falida do Grupo Selecta, do empresário Naji Nahas. Alckmin, no entanto, optou pelo confronto, em vez da negociação.

DESPROPORCIONAL
Sob o comando de Alckmin, polícia paulista tem cometido excessos injustificáveis
Com o aval de Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, classificou publicamente a reintegração de posse como uma praça de guerra. Uma declaração que, além de forte, destoa da forma como as medidas tomadas pelo governador paulista, Geraldo Alckmin, eram tratadas em público por autoridades do alto escalão federal. Até críticas às recentes enchentes eram evitadas por ministros, embora a má condução dessa questão também tenha entrado no rol de equívocos administrativos cometidos por Alckmim.

Em janeiro do ano passado, o governador anunciou um pacote de investimentos estimado em mais de R$ 800 milhões para resolver o grave problema que assola os paulistas todo começo de ano. O cronograma, porém, está atrasado, a limpeza de piscinões em diversas cidades prometida por Alckmin não foi feita como planejado e o Estado sofre novamente no período de chuvas Internamente, o governo federal já demonstrava descontentamento com outra ação da gestão Alckmin iniciada no dia 3 de janeiro. 

Contingentes da Polícia Militar iniciaram uma operação para remover dependentes químicos e traficantes da região conhecida como Cracolândia, ponto de comércio e uso de drogas no centro de São Paulo. A violência empregada durante a operação, com o uso de balas de borracha, bombas de efeito moral e agressões físicas, levou ONGs ligadas aos direitos humanos a denunciar o caso à ONU. Para o Palácio do Planalto, além de desastrosa, a ação de Alckmin foi vista como oportunista. Tratava-se de uma tentativa clara de se antecipar ao lançamento do Plano Nacional de Combate ao Crack, uma das principais bandeiras da campanha petista ao Palácio do Planalto, sem sequer possuir a infraestrutura necessária para atender os dependentes químicos.

Revista IstoÉ
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O torturante método de São Paulo

 
 
 
Por Wálter Maierovitch, na CartaCapital:

Os historiadores contam que Tomás de Torquemada, torturador-mor da Inquisição e falecido em 1498, era muito vaidoso. Numa pintura encomendada a um artista famoso, Torquemada aparece em genuflexão entre os adoradores de um Menino Jesus a brincar. Essa pintura está exposta na igreja romana de Santa Maria Sopra Minerva.

O Plano de Ação Integrada Centro Legal executado pelo prefeito Gilberto Kassab e pelo governador Geraldo Alckmin na Cracolândia paulistana inspira-se no torturante método de Torquemada. A tortura para se alcançar uma meta predeterminada. A propósito, revelou um agente da autoridade de Alckmin, com aval de Kassab: “Como você consegue fazer com que as pessoas busquem tratamento? Não é pela razão, é pelo sofrimento. Dor e sofrimento fazem a pessoa pedir ajuda”.



A dupla Alckmin-Kassab não usou a Tortura da Roda de Torquemada, mas a Rota e o comando-geral da Polícia Militar (PM). A PM foi incumbida de prender traficantes-varejistas da Cracolândia. Isso para acabar de imediato com a oferta e provocar, nos dependentes, crises de abstinência. Governador e prefeito imaginaram que os dependentes químicos fossem, pela dor, correr em busca de ajuda médica. Detalhe: não havia adequada oferta de assistência médica aos viciados.

O tendão da Rua Prates, ao custo de 8 milhões de reais, não está pronto. Idem quanto às Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e os Centros de Apoio Psicossocial (CAPs) para dependentes de álcool e drogas). Só depois do quarto dia de atuação violenta da PM, Alckmin destinou 286 leitos para os dependentes da Cracolândia. E o seu secretário prometeu, em futuro próximo, vagas em 33 instituições no interior de São Paulo. O sucesso quanto aos programas de recuperação e a reinserção dessa “terceirização” para comunidades terapêuticas são desconhecidos.

Diante do localizado problema de saúde pública e de exclusão social, a dupla Alckmin-Kassab partiu, com a tropa da PM, para uma “limpeza de área”. Não faltaram bombas de efeito moral, tiros de borracha e golpes de cassetete. Uma bala de borracha disparada com fim punitivo lesionou a boca de uma toxicômana menor de idade que se recusava a deixar a rua. Quanto à rede de abastecimento a distância da Cracolândia nada se investigou.

Uma lembrança. Nas discotecas exploradas empresarialmente na capital de São Paulo, as drogas sintéticas ilícitas são abundantemente fornecidas por redes operadas a distância por traficantes que nunca são incomodados pelas polícias de Alckmin. Talvez sejam as mesmas redes da Cracolândia, só que para lá enviam a mais barata e poluída das drogas. Uma análise comparativa entre os dependentes da Cracolândia e os usuários das discotecas exploradas comercialmente revela comportamentos diversos. Na Cracolândia, o consumo é para escape, fuga do abandono e da desestruturação. Nas discotecas, usa-se a droga como participação, tendência. Na ânsia de virar o Capitão Nascimento dos paulistas, Alckmin não percebe distinções fundamentais.

Pela legislação, as polícias devem fazer prevenção à oferta e à repressão ao tráfico. As duas polícias, no entanto, se metem em escolas para realizar inadequada prevenção ao consumo, tudo a tomar lugar de educadores e operadores da área sanitária. Para apressar a “limpeza”, o usuário da Cracolândia na posse de 1 grama de crack virou traficante. Alckmin chancela uma presunção contra miseráveis e a sua Polícia Judiciária, a contrariar a jurisprudência dos tribunais, lavra autos de prisões em flagrante. No popular, “cana” para quem demora a desocupar a Cracolândia. Um cordão sanitário foi criado na operação da Cracolândia para evitar a migração de dependentes para os bairros do Bom Retiro e de Higienópolis. O cordão emprega 150 policiais e conta com aporte de cães, helicópteros e viaturas da Rota.

Diante dessa opção de Alckmin-Kassab por Torquemada, recordo uma conversa que tive com o humanista Luigi Ciotti. Ele é respeitado em toda a Europa pelo exemplar e exitoso trabalho realizado no Gruppo Abele, de acolhimento, tratamento e reinserção de dependentes. Don Ciotti, educador por formação salesiana, preocupa-se também com a repressão ao narcotráfico. Nesse campo, Ciotti preside a maior rede europeia antimáfias da sociedade civil, ou seja, a Libera – Associazioni nomi e numeri contro le mafie: são 1,3 mil organizações filiadas.

Desde 1965, Ciotti luta para “dar voz a quem não tem voz” e prefere a rua (strada) à sacristia. Tanto isso é verdade que Ciotti foi pioneiro na criação de uma Università della Strada, que forma educadores sociais e agentes de saúde pública. Aproxima-se dos dependentes “sem desmoralizar, demonizar e assustar”.

Pano rápido. Ciotti, de vitoriosa greve de fome em 1975 para mudar a legislação que criminalizava e marginalizava o dependente químico, dá um alerta fundamental: “O dependente químico é um ser humano que não consegue encontrar um sentido para a sua vida. É aquele que se sente isolado, é frágil na relação consigo próprio e com os outros”.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Prouni deve ter 1,1 milhão de inscrições, diz ministro Fernando Haddad





Saiu no Blog do Planalto noticia para irritar a elite de São Paulo – a mais atrasada do Brasil, segundo o Mino Carta -, o PiG (*) e a Justiça do Ceará:

O Programa Universidade para Todos (Prouni) deve receber 1,1 milhão de inscrições, informou hoje (19) o ministro da Educação, Fernando Haddad, acrescentando que há 195 mil bolsas de estudo disponíveis nas universidades particulares. Com isso, o Prouni atingirá, em janeiro, a marca de 1 milhão de bolsas concedidas a estudantes de baixa renda. No programa Bom Dia Ministro, Haddad disse ainda que o Enem é o “passaporte de ingresso à educação superior” no Brasil e anunciou a ampliação do Fies para a pós-graduação.

“É meu papel também dizer a revolução que o Enem promoveu no país, do ponto de vista do acesso à universidade pública e particular, por meio do programa de bolsas que nós criamos, e que vai conceder, agora, em janeiro, a milionésima bolsa de estudos para a população de baixa renda, egressa de escola pública. O Enem era uma prova de autoavaliação, se transformou numa prova respeitada, do ponto de vista pedagógico, que vem alterando a realidade do Ensino Médio”, disse Haddad.

O ministro da Educação, que deixará o cargo na próxima semana, lembrou os investimentos feitos pelo governo federal da creche à pós-graduação. Segundo ele, descontada a inflação, o orçamento do Ministério dobrou nos últimos nove anos. Além disso, nesse período, o MEC reduziu à metade a relação entre os investimentos feitos no aluno da educação básica em comparação com o estudante do ensino médio.

“Quando nós chegamos ao governo, se investia dez vezes mais num aluno da educação superior do que da educação básica. Hoje, esse número é de cinco vezes, sendo que a nossa meta é continuar progredindo, não pelo corte de investimentos na educação superior, mas pelo incremento dos investimentos na educação básica, que é o que nós estamos fazendo. Então, é um movimento virtuoso que nós pretendemos continuar. Esse número deve chegar na casa de quatro, três vezes, porque o custo do aluno na educação superior é sempre maior porque envolve pesquisa, extensão e uma série de outras atividades, mas ele não podia permanecer naquele patamar escandaloso que foi herdado pelo nosso governo.”

Para Fernando Haddad, o desafio de seu sucessor é a educação no campo, onde o índice de analfabetismo ainda é elevado.

“Nós temos pronto um plano chamado Pronacampo, que está sendo entregue para o ministro Mercadante e para a presidenta Dilma, que eu penso que vai ajudar a resolver os problemas ainda existentes. O campo é um nó a ser desatado, é um problema, e a população do campo tem uma grande expectativa de que nós possamos avançar mais. Melhoramos o transporte escolar, melhoramos a informatização das escolas do campo, levamos o Licenciatura para o campo. Algumas coisas foram feitas, providências foram tomadas, mas nós não conseguimos entrar na sala de aula, nós não conseguimos melhorar as condições, pelo menos na dimensão necessária, para resgatar essa dívida com a população do campo”, defendeu.

Fernando Haddad será substituído no Ministério da Educação pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.



Os candidatos a prefeito do PSDB de São Paulo pretendem se eleger com a “dor e o sofrimento”.Dos pobres.

Paulo Henrique Amorim