Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Miguel Nicolelis, que defende “soberania intelectual” do Brasil, anuncia apoio a Dilma Rousseff



por Luiz Carlos Azenha
Entrevistei pela primeira vez o dr. Miguel Nicolelis quando era repórter da Globo. Ele é um dos mais importantes neurocientistas do mundo. Tratamos, então, do uso de impulsos elétricos capturados no cérebro de um macaco para mover braços mecânicos, pesquisa que ele desenvolveu na Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O potencial desse tipo de pesquisa é tremendo: permitir que paraplégicos façam movimentos com o uso de impulsos elétricos do próprio cérebro, por exemplo.
Desde então, o cientista implantou em Natal, no Rio Grande do Norte, o Instituto Internacional de Neurociência, uma parceria público-privada. E continua coletando prêmios nos Estados Unidos, alguns dos quais anunciados recentemente:
Dois meses depois de ter recebido dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos US$2,5 milhões para investir em suas pesquisas no campo da interface cérebro-máquina, Miguel Nicolelis volta a ser distinguido com um prêmio de aproximadamente US$4 milhões da mesma instituição. Os recursos devem ser aplicados no desenvolvimento da nova terapia para o mal de Parkinson que vem mobilizando o pesquisador há alguns anos e que, na avaliação dos NIH, se constitui numa pesquisa “arrojada, criativa e de alto impacto”. Miguel Nicolelis é a primeira pessoa a receber da instituição americana no mesmo ano o Director’s Pioneer Award e o Director’s Transformative R01 Award.
*****
Hoje liguei para a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, quando soube por e-mail que Nicolelis tinha decidido anunciar publicamente seu apoio à candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff.
Ele afirmou que faz isso por acreditar que Dilma representa um projeto de país em linha com o que acredita ser desejável para o Brasil: o desenvolvimento de uma “ciência tropical” e de um conhecimento voltado para garantir a soberania nacional. O áudio e a transcrição aparecem abaixo:
Transcrição:
Por que é que o sr. decidiu anunciar publicamente seu apoio à candidata Dilma Rousseff?
Porque desde as eleições do primeiro turno eu cheguei à conclusão que essa é uma eleição vital para o futuro do Brasil e eu estou vendo um debate que está se desviando das questões fundamentais na construção desse futuro e dessa maneira eu achei que como cientista brasileiro, mesmo estando radicado no Exterior — mas que tem um projeto no Brasil e tem interesse que o Brasil continue seguindo este caminho — eu achei que era fundamental não só que eu mas que todos que pudessem se manifestassem a favor e fizessem uma opção pelo futuro que a gente acredita que é o correto para o nosso país.
Que futuro é esse?
É o futuro da inclusão social, o futuro em que as crianças que ainda nem nasceram possam ter a educação, saúde, ciência, tecnologia e a possibilidade de construir os seus sonhos pessoais sejam eles quais forem. Futuro que nós, a sua e a minha geração não tiveram. E um futuro que não leve o Brasil a retornar a um passado recente onde nós tinhamos, além da insegurança financeira, uma total falta de compromisso com o povo brasileiro e com a coisa brasileira. Então, nesse momento para mim essa é uma eleição vital, é um momento histórico para o Brasil. Eu viajo pelo mundo inteiro e eu nunca vi o nome do Brasil e a reputação do Brasil tão alta (inaudível) e este é o momento de deslanchar de vez e não voltar para o passado.
Fale um pouquinho do projeto que o sr. tem em Natal pra gente e da importância que o sr. acredita que o governo Lula teve — eu já li muito o que o sr. escreveu a respeito — para que esse projeto fosse implantado.
Nosso projeto é o primeiro projeto no mundo que usa a ciência como agente de transformação social – ciência de ponta.
Quando, oito anos atrás, comecei esse projeto… fui a São Paulo, me disseram que não havia esperança de fazer nada igual fora de São Paulo, porque 80% da produção científica do Brasil está concentrada no estado de São Paulo.Eu usei isso como um diagnóstico dos erros passados, porque um país que quer se desenvolver como uma federação e que quer oferecer cidadania ao seu povo não pode concentrar a produção de conhecimento de ponta e a disseminação de conhecimento de ponta num único estado da União.
E aí eu propus de levar esse projeto de ponta — que é fazer neurociência como se faz em qualquer lugar do mundo, em lugares que são, que tem a dianteira da fronteira dessa área no mundo — na periferia de Natal, usando essa ciência para desenvolver uma série de projetos sociais que permitem que a criança tenha um projeto educacional desde a barriga da mãe — que faz o pré-natal dentro de nosso campus do cérebro — até a pós-graduação na universidade pública.
E o primeiro grande parceiro desse projeto foi o governo federal, foi o presidente Lula e a seguir quem eu considero o maior ministro da Educação que o Brasil jamais teve, dr. Fernando Haddad, que transformou não só as políticas públicas mas o pensar do Brasil em educação, concluindo e chegando à conclusão que toda criança brasileira tem direito a perseguir seus sonhos intelectuais e não só ser abandonada em alguma escola técnica para servir ao mercado de trabalho. Que ela pode ser física, química, bióloga. É isso o que nós fazemos.
Nós criamos um projeto de educação científica que é principalmente um projeto de educação para cidadãos, que vão lá no turno oposto da rede pública, são mil crianças no Rio Grande do Norte, 400 crianças no interior da Bahia — na terceira escola que nós acabamos de abrir — e nós vamos ampliar isso para 2 mil crianças no ano que vem e se tudo der certo para 4 mil crianças em 2012. E esse projeto só foi possível porque o Ministério da Educação e o governo federal acreditam, como a gente, que essas crianças da periferia de Natal, do interior da Bahia, do sertão do Piauí, do Amazonas, de Roraima, também tem direito à educação de altíssimo nível e a perseguir seus sonhos intelectuais.
E como é que isso se conecta com a campanha de Dilma Rousseff?
Essa é uma visão de país onde a cidadania é levada a todos os brasileiros, onde todos os brasileiros tem a oportunidade de acesso ao conhecimento e à informação para fazerem e tomarem decisões por si mesmos, de acordo com a sua própria visão do mundo. Eu acredito que a candidatura da ministra Dilma possibilita viabilizar esse futuro para o Brasil e a candidatura oposta, a candidatura do partido de oposição,  ela basicamente não tem mensagem alguma para o resto do Brasil, ela tem mensagem para a sua audiência, que é restrita, na minha opinião, ao estado de São Paulo e talvez até a cidade de São Paulo, não existe projeto de Brasil na outra candidatura. Enquanto a futura presidente do Brasil, Dilma Rousseff, tem um projeto de Nação que é o que sempre faltou para o nosso país.  Nós sempre tivemos projetos de alcançar o poder e nunca um projeto de Nação. E o que o presidente Lula fez que foi colocar o Brasil nesse caminho, só pode ser, na minha opinião, continuado, com as políticas públicas que a ministra Dilma tem proposto e que eu acredito vai dar continuidade. Se nós não tivermos essa disposição de ter um projeto de Nação, se nós optarmos como país pela outra proposta, eu temo que infelizmente o Brasil vai perder sua chance histórica de se transformar no país que todos nós queremos ter.
Dr. Nicolelis, qual é a importância do conhecimento que o sr. está transferindo — o sr. está em Duke, agora?
Estou aqui em meu laboratório da Duke [University, na Carolina do Norte] nesse momento, mas quarta-feira já estou viajando para o Brasil, para Natal, onde nós montamos um centro de pesquisas de ponta, de neurociências. Nós estamos transferindo conhecimento, inovação, do mundo todo… Nós estamos a ponto de receber o que vai ser um dos mais velozes supercomputadores do Hemisfério Sul, doado pelo governo da Suiça, um dos maiores centros de tecnologia do mundo – a Escola Politécnica de Lausanne, que fechou um convênio com nosso instituto de cooperação internacional – então nós estamos criando em Natal, na periferia de Natal, num dos distritos educacionais mais miseráveis do país, um centro de disseminação de conhecimento de ponta que está transformando não só a neurociência brasileira como a forma de educar as crianças e a forma de trazer as mães destas crianças para dentro de um projeto de inclusão e de cidadania.
Nós estamos construindo lá o primeiro campus do cérebro do mundo, não existe nada igual em nenhum lugar do mundo. E quando o governo suiço veio visitar as obras, veio ver o que nós estávamos fazendo, eles ficaram completamente encantados. Então, eles decidiram fechar um acordo de colaboração conosco ao mesmo tempo em que eles estão fechando um acordo com a [Universidade de] Harvard. Ou seja, nós ficamos em pé de igualdade com a maior universidade do mundo pela inovação da proposta que nós temos na periferia de Natal, provando que em qualquer lugar do Brasil algo desse porte pode ser feito.
Dr. Nicolelis, além do governo federal e agora do governo da Suiça, existem outras entidades ou instituições privadas colaborando com esse projeto?
Ah sim, este é um projeto privado. Mais de dois terços dos nossos fundos e do nosso suporte financeiro vem de doações privadas de brasileiros que moram fora, no Exterior, de fundações europeias, americanas, nós temos parcerias — inúmeras — pelo mundo afora e a beleza disso é que para cada real investido pelo governo federal nós conseguimos coletar quase três reais privados no Exterior e mesmo dentro do Brasil — o hospital Sírio Libanês, por exemplo, é um de nossos parceiros, a Fundação Lily Safra, da brasileira Lily Safra, é uma outra parceira. Nós conseguimos captar para cada real investido publicamente quase três reais privados, mostrando que é possível, sim, realizar parcerias público-privadas que tenham um fundo e um escopo social tão grande quanto este projeto.
Dr. Nicolelis, qual é a importância de o Brasil desenvolver as suas próprias tecnologias em conjunto com universidades de outros países para a soberania nacional e para a capacidade do país inclusive de reduzir a importação de equipamento fabricado fora do Brasil?
Ah, sem dúvida, eu acho que a Petrobras é o grande exemplo, a Petrobras e a Embraer. Nós precisamos de Googles, Microsofts, IBMs brasileiras. Nós precisamos transferir o conhecimento de ponta gerado pelas nossas universidades e pelos nossos cientistas — e o Brasil tem um exército de fenomenais cientistas dentro do Brasil e espalhados pelo mundo que estão dispostos, como eu, a colaborar com o Brasil. Nós temos que criar uma indústria do conhecimento brasileira. É uma questão de soberania nacional. A questão que me chamou a atenção agora, no começo da campanha do segundo turno, a questão da Petrobras, ela se aplica à indústria do conhecimento, que vai ser a indústria hegemônica na minha opinião, no século 21, que pode vir a ser o século do Brasil.
Mas, para isso, nós temos que investir no talento humano. Nós temos que criar formas dessa molecada — como as nossas crianças de Natal — de se transformar em cientistas, inventores, de uma maneira muito mais rápida e ágil do que as formas tradicionais que requerem todo esse cartório até você receber um doutorado e ser reconhecido oficialmente como cientista. Eu estou encontrando crianças no nosso projeto, por exemplo, de 17, 18 anos, que estão sendo integradas às nossas linhas de pesquisa antes mesmo delas entrarem na universidade, porque elas tem o talento científico, talento de investigação, curiosidade e que podem dar frutos muito mais rápidos do que a minha geração deu para o país.
Mas este investimento que pode ser feito com os fundos que vão vir do Fundo Social do Pré-Sal tem que ser feitos para revolucionar a ciência brasileira e criar uma coisa que eu gosto de chamar de “ciência tropical”, que é a ciência do século 21, aplicada às grandes questões da Humanidade — energia, ambiente, suplemento de comida, suplemento de água, novas formas de disseminação democrática da informação — tudo isso faz parte do escopo dessa “ciência tropical” em que o Brasil tem condições plenas de ser, se não o líder, um dos grandes líderes deste século.
Dr. Nicolelis, onde que está aí o nexo entre o que o sr. acabou de dizer, que o sr. mencionou, e a riqueza da biodiversidade brasileira, que ainda não é explorada?
Nós nem sabemos o que nós temos, Azenha. Nós nem tivemos a chance de mapear essa riqueza. Todo mundo fala dela mas ninguém pode dar uma dimensão. Então, esse discurso que eu ouço, ambientalista, superficial, que foi caracterizado no primeiro turno, inclusive, da eleição, ele não serve para nada, porque ele não aprofunda nas questões vitais.
As questões vitais é que a soberania do Brasil também depende de investimentos estratégicos no mapeamento das riquezas que nós temos, do que pode ser feito para o povo brasileiro em termos de novos medicamentos, novas fontes alimentares, novas fontes de energia. Existem dezenas de sementes oleaginosas do semi-árido que são não-comestíveis, que são muito mais eficientes na produção de óleo do que a mamona, por exemplo, que poderiam ser usadas em projetos de parceria de cooperativa no interior da caatinga do Brasil, para se produzir óleo biocombustível para trator, caminhão, que aliviariam tremendamente os custos da produção alimentar, familiar, nessa região do Brasil.
Isso precisa ser explorado, precisa ser mapeado com investimentos em pesquisa básica, em estudos de genômica funcional dessas plantas, tentar entender porque elas conseguem produzir esses óleos de alto valor energético e tentar transferir isso para a economia do Brasil. Existe toda uma economia que pode ser altamente sustentável, que pode preservar muito melhor o ambiente do que nós estamos fazendo até hoje e que pode servir de retorno em empregos e conhecimento que ampliariam ainda mais a matriz renovável energética brasileira.
Então, são coisas que estão na nossa cara e que eu acho que só uma política voltada para o Brasil, uma política que dê continuidade ao que o presidente Lula iniciou nestes oito anos, vai ter condições de manter dentro do Brasil. Porque existem evidentemente interesses enormes nessas riquezas nacionais, existe um interesse enorme nos cérebros brasileiros que estão desenvolvendo essas ideias e nós temos que manter isso de uma maneira agregada ao Brasil e não simplesmente dar isso de mão beijada para o primeiro que bater na porta com uma oferta ridícula de privatização ou da venda de nosso patrimônio intelectual para fora do Brasil.

Debate: Ponto alto da Dilma foi nos 12 metros escavados nos portos



por Luiz Carlos Azenha
Uma amiga ligou durante o debate da Band. Foi para comentar o que considerou o ponto alto de Dilma: a demonstração de conhecimento técnico dado pela candidata governista quando falou na necessidade de escavar 12 metros para permitir a ancoragem de navios nos portos brasileiros e o fato de que, durante o governo FHC/Serra, isso era feito de forma inconsistente.
De fato, este talvez tenha sido um dos pontos altos de Dilma. A demonstração de conhecimento técnico. Também foi importante ela ter explicado o “processo” de aprovação dos projetos do programa Minha Casa Minha Vida. Serra argumentou que o programa entregou menos casas que o prometido, mas enfraqueceu seu próprio argumento dizendo ter entregue, quando governador, um número menor de casas!
Outro ponto alto foi quando Dilma relacionou as dificuldades nos aeroportos ao crescimento do número de brasileiros que viajam de avião. Isso faz pleno sentido para os telespectadores. Foi importante lembrar que exigencias do Fundo Monetário Internacional (FMI), aos quais estava submetido o governo FHC/Serra, reduziram o ritmo de investimento na infraestrutura do Brasil. Faltou, no entanto, uma amarração mais sólida deste conjunto de ideias: submissão ao FMI, menos investimento em infraestrutura; soberania em relação ao FMI, reconquista do poder de investimento do estado,crescimento econômico acelerado, gargalos da infraestrutura que estão sendo enfrentados.
É importante mencionar que a reorganização do estado brasileiro, que estava desmilinguido no período FHC/Serra, é que permite retomar a capacidade de planejamento, para que o governo não fique “correndo atrás”. Essa reorganização passa pelos concursos públicos, por melhores salários, por aquilo que Serra e aliados identificam como “inchaço da máquina pública” ou “vagas para companheiros”. Em uma questão não relacionada a esta, a do Ministério da Segurança, Dilma tocou nos salários de policiais e delegados paulistas, mas não usou o slogan PSDB, “piores salários do Brasil”, criado pelos próprios policiais. Ainda na questão do ministério, tanto Dilma quanto Serra usaram argumentos toscos para falar em fiscalização da fronteira.
Nem aviões não tripulados, nem “milhares” de policiais dão conta de guardar uma fronteira de 8 mil quilômetros. É um completo absurdo. Perguntem ao Wálter Maierovitch. O que é preciso nas regiões fronteiriças são forças-tarefa que usem inteligência para monitorar a infraestrutura urbana, onde se organizam as quadrilhas que fazem tráfico de armas e drogas. As quadrilhas se organizam nas cidades de fronteira, alugam e compram automóveis, compram imóveis e fazem transações bancárias de grandes quantias. Vender a ideia de que é possível ocupar fisicamente as fronteiras é um absurdo! Aqui, Dilma poderia ter falado no fortalecimento da Polícia Federal, que se deu em todo o Brasil, mas especialmente na Amazônia. E retomar a questão da reorganização do estado brasileiro, dos concursos públicos, etc.
Infelizmente, os dois candidatos não falaram na necessidade de reaparelhamento das Forças Armadas, nem tocaram na questão espinhosa que é deslocar contingentes militares das praias maravilhosas do Sudeste para as regiões de fronteira terrestre.
Na questão das estradas, que Dilma evitou, é pertinente deixar claro que existem dois modelos de pedágios — o adotado por São Paulo e o adotado pelo governo federal.
O debate das privatizações é favorável se estiver conectado aos temas dos quais tratei acima: o modelo FHC/Serra, essencialmente privatizador, enfraqueceu o estado brasileiro e, portanto, a capacidade de investir e de planejar o futuro. Muitas das carências atuais do Brasil ainda resultam disso.
A candidata governista fez uma boa conexão entre pré-sal e futuros investimentos, mas “educação de qualidade” é um termo vago.  Faltou falar na taxa de nacionalização das plataformas de exploração de petróleo e da indústria naval. Faltou estabelecer um nexo entre educação de qualidade, ambientalismo e soberania nacional. É disso que querem ouvir falar os jovens de classe média urbana: qual será o futuro para eles?
Não adianta mencionar apenas a dúzia de universidades construídas pelo governo Lula, contra zero de FHC, mas conectá-las ao futuro: é nelas, presumo, que o Brasil pretende construir conhecimento e desenvolver as tecnologias para fazer as máquinas que hoje importa. É nas universidades e nos centros de pesquisa da Amazônia que o Brasil vai desenvolver a biotecnologia para explorar sem destruir a riqueza de nossa biodiversidade. É no Instituto Internacional de Neurociência de Natal, dos drs. Miguel Nicolelis e Sidarta Ribeiro, que faremos pesquisa de ponta no setor.
Os pontos altos de Serra no debate:
1. Quando Dilma não respondeu sobre a questão dos genéricos;
2. Quando ele disse que tinha como aliados dois presidentes, FHC e Itamar, contra Sarney e Collor.
Concordo com meu colega Rodrigo Vianna: o debate tirou a candidata governista da defensiva, colou em Serra a pecha de difamador — incapaz de defender a própria esposa — e de privatista. Além disso, levantou dúvidas sobre as promessas de continuidade dos programas do governo Lula, ao confrontá-lo com a promessa não cumprida, em papel timbrado da Folha — que ironia! — de que não deixaria a Prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo paulista, em 2006.
A tal ponto que, em suas considerações finais, Serra prometeu ampliar todos os programas do governo Lula: ou seja, “eu sou o lulismo”. Na entrevista que se seguiu ao debate, ele correu para dizer que pretende “reestatizar” todas as empresas públicas.
Além disso, Dilma se descolou positivamente de Lula. Demonstrou firmeza e autonomia. Soou falsa a acusação de Serra de que Dilma teria sido “treinada” de forma eficaz. Aqui, Dilma perdeu uma oportunidade de ouro, que surgirá naturalmente nos próximos debates: mencionar a condescendência de Serra com a candidata e, portanto, com as mulheres. Será que ele não acredita em mulheres autônomas, independentes, donas de seus narizes?
Debate não ganha eleição e é óbvio que os quatro grandes grupos midiáticos — Organizações Globo, Folha, Abril e Estadão — vão fazer a leitura que for conveniente para José Serra.
A candidata governista demonstra crescente domínio das técnicas do debate e pode chegar ao confronto que realmente interessa, o da Globo, equilibrando firmeza com conhecimento técnico, visão de conjunto com preocupações sociais.
Mas o importante é que a campanha de Dilma deixou claro que pode usar os debates para trazer à tona todos os assuntos relativos ao adversário que a grande mídia esconde, criando uma clivagem entre as redações e o público leitor, ouvinte e telespectador.
Isso é sinal de que a candidata governista colocará em seu programa eleitoral gratuito as declarações de aliados de Serra — e da mulher do candidato — equiparando o Bolsa Família a uma Bolsa Esmola? Seria a bomba atômica, especialmente para os eleitores do Nordeste.
A ver.
PS do Viomundo: As enquetes não científicas da grande mídia estão viciadas pela trollagem organizada pela campanha de Serra!

Serra e a péssima educação de SP: a culpa é dos nordestinos

Terra: “Homem-bomba” do PSDB é nova arma de Dilma em campanha

“Homem-bomba” do PSDB é nova arma de Dilma em campanha
11 de outubro de 2010 • 08h30
Claudio Leal
Marcela Rocha
Direto de São Paulo
No final do primeiro bloco do debate na Rede Bandeirantes, Dilma Rousseff (PT), cobrou de José Serra (PSDB) esclarecimentos sobre Paulo Vieira de Souza, ex-membro do governo tucano em São Paulo que, segundo a petista, “fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha”. Na plateia, o questionamento deixou os petistas efusivos. Integrantes do PSDB, preocupados com o cerco da imprensa a partir deste instante, prepararam uma saída à francesa do senador eleito Aloysio Nunes, que mantinha relações estreitas com Vieira de Souza. Minutos depois, o senador eleito deixou o estúdio e não retornou.
Mais conhecido como Paulo Preto, Paulo Vieira de Souza foi diretor de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Ele era o responsável direto por grande parte das obras viárias do governo de São Paulo. Chamado de “homem-bomba do PSDB”, em matéria da revista Veja, publicada em maio deste ano, Paulo Preto foi demitido oito dias depois de ter inaugurado o trecho sul do Rodoanel. Quando Aloysio Nunes deixou o debate, depois do questionamento sobre Paulo Preto, o correligionário Cícero Lucena ocupou o seu lugar na plateia.
No instante da acusação, Serra olhou para assessores, o marqueteiro Luiz Gonzalez e o estrategista Felipe Soutello. Tempo encerrado. Nos bastidores, a denúncia agitou a plateia e as conversas de pé-de-ouvido. “Ele está desnorteado. Isso, no boxe, é nocaute”, mordiscou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT). Mais abaixo, o coordenador de comunicação de Dilma, o deputado estadual Rui Falcão, informava: “A imprensa já noticiou: ele era diretor da Dersa e fugiu com quatro milhões”. Dinheiro que, segundo a pergunta-acusação de Dilma no debate, teria sido arrecadado para campanha tucana.
“Serra deve ter levado um susto”, comemorou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “A Dilma colocou o tema do Paulo Preto na campanha. Foi colocado e não houve qualquer reação. Está na pauta das discussões dos próximos dias”, avaliou Edinho Silva, presidente do PT paulista.
Ainda segundo a matéria da revista Veja, “Vieira de Souza e Aloysio se conhecem há mais de 20 anos. Quando, no ano passado, o tucano sonhou em ser o candidato de seu partido ao governo de São Paulo, Vieira de Souza foi apresentado como seu ‘interlocutor’ junto ao empresariado. A proximidade entre os dois é tão grande que a família dele contribuiu para que o ex-secretário comprasse seu apartamento”.
Em agosto, a revista ISTO É publicou uma matéria de capa, segundo a qual líderes do PSDB acusam Paulo Preto “de ter arrecadado dinheiro de empresários em nome do partido e não entregá-lo para o caixa da campanha”. A publicação traz também uma declaração de um diretor de uma das empreiteiras responsáveis por obras de remoção de terras no eixo sul do Rodoanel: “não fizemos nenhuma doação irregular, mas o engenheiro Paulo foi apresentado como o ‘interlocutor’ do Aloysio junto aos empresários”.
À saída do debate na TV Bandeirantes, os petistas questionavam a falta de resposta do tucano à acusação feita por Dilma com base na denúncia da revista ISTO É. O deputado Jutahy Magalhães Jr., diz “desconhecer completamente a história” e acrescenta que o comportamento mais ofensivo da ex-ministra flagra “a preocupação com os números”. A afirmação é referente às pesquisas eleitorais. Segundo o último Datafolha – publicado no sábado (9) – Dilma tem 54% dos votos válidos, contra 46% de Serra.
O candidato tucano e sua equipe avaliaram que a estratégia da petista era conclamar sua militância. “Ela falou para dentro do partido”, avaliou o jornalista Luiz Gonzalez, coordenador de marketing da campanha. Para Serra, a petista se comportou de forma atípica para poder usar as imagens em seu programa de televisão. O marqueteiro da petista, João Santana Filho, sorriu com a declaração.
O deputado eleito Sérgio Guerra (PSDB-PE) provocou: “esta foi a primeira intervenção de Ciro Gomes (PSB) na campanha”. O socialista é integrante novo na campanha de Dilma e, segundo aliados, entrou para “bater”. Para o governador de São Paulo, Alberto Goldman, a petista fez afirmações “estapafúrdias”: “eu nunca vi em 40 anos um suicídio desta forma que ela está fazendo”. E completou: “ela está totalmente perdida”.
Tucanos e petistas monitoraram, durante o debate, a reação de grupos focais espalhados pelas regiões brasileiras. Nas pesquisas do PT, houve aprovação da linha de ataques assumida por Dilma, o que justificou a manutenção dos ataques a Serra em todos os blocos do debate. Nas qualitativas tucanas, a petista aparecia como “agressiva” e “raivosa”.
Ainda em relação às análises particulares, o coordenador jurídico da campanha, José Eduardo Cardozo, opinou: “no confronto frente a frente, a linha vai ser essa”.
Os tucanos usam o exemplo deixado por Geraldo Alckmin em 2006 contra Lula, então candidato à reeleição. O primeiro confronto entre os dois, já no segundo turno, foi marcado por ataques mútuos. O tucano, diferente do que fizera no primeiro turno, resolveu subir o tom contra o petista. À época, o PSDB avaliou que esta mudança de comportamento foi o que rendeu uma vitória ainda mais folgada a Lula.

Serra e a Grande midia-o PIG-segundo Ciro Gomes está sob controle do PSDB-SP

Dilma e o debate: defender a honra é ser agressivo ?


Saiu no Globo:

EM APARECIDA

Dilma diz que Serra subestima as pessoas e afirma que manterá tom contundente do debate

Marcelle Ribeiro* – O Globo; Reuters

APARECIDA (SP) – A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira que seu adversário, José Serra (PSDB), tem a mania de subestimar as pessoas e de se achar superior aos outros. (Ênfase minha – PHA)

Após assistir a uma missa na Basílica de Aparecida, a petista comentou o debate da TV Bandeirantes , em que partiu para o ataque direto ao tucano, e deu a entender que o tom deve ser mantido nos próximos confrontos

- Esperavam o quê? Que eu não defendesse as minhas posições? Que eu não apresentasse as minhas propostas? Que eu não criticasse a visão estratégica dele? Mas o debate é para isso – declarou.

Domingo, a candidata do PT surpreendeu ao partir para o ataque contra Serra no primeiro debate da campanha presidencial do segundo turno, insistindo na discussão das privatizações e no que chamou de campanha caluniosa patrocinada pelo tucano.

- Eu sempre me recusei a baixar o nível do debate… eu passei quase três meses sendo acusada da quebra de sigilo fiscal e hoje está claro que quem quebrou o sigilo fiscal foi um esquema mercantilista e corrupto dentro da Fazenda por razões não eleitorais e não políticas – disse.

- Eu passei muito tempo calada sobre essas acusações, o tamanho que tinha tomado essa central organizada de boatos… eu resolvi tornar isso algo público e compartilhar. Eu não fui na internet e não disse na forma de boato. Estou dizendo de forma aberta – completou a petista, lembrando que a Justiça aceitou abrir processo de crime de difamação contra Serra pelos ataques supostamente feitos a ela.

Dilma negou, no entanto, que tenha sido agressiva no debate e disse que quando há apenas dois debatedores, “as opiniões ficam mais claras”.

- Não sei por que se supõe, quando dizem para mim, que o governo Lula cometeu ‘esse, esse e esse erro’, que eu retrucar vira ofensa. São dois pesos e duas medidas e isso não é possível. O debate foi de alto nível. Ninguém elevou o tom de voz. Então que qualificação é essa de (que houve) agressividade? Quando a gente é assertivo a respeito das próprias posições, o debate fica mais claro.

- Debate assertivo é característica do segundo turno. Eu não entendo muito a surpresa – acrescentou.

Segundo ela, os debates do segundo turno serão respeitosos, mas as posições vão ficar claras, já que vai ser “olho no olho”. A petista lembrou ainda da Guerra do Vietnã para afirmar que pode reagir aos ataques da oposição.

- Eu sou mais velha. A minha geração lembra muito da Guerra do Vietnã, sabe por quê? Havia uma subestimação total da capacidade do Vietnã reagir à maior potência, os Estados Unidos. Da parte do meu adversário, não sei por que, ele tem a mania de subestimar as pessoas e se achar superior a elas. Esperavam o quê? Que eu não defendesse as minhas posições? Que eu não apresentasse as minhas propostas, que eu não criticasse a visão estratégica dele? O debate é para isso – disse.

Clique aqui para ler a íntegra .

Em tempo: Repare, amigo navegante, que o Deputado Gabriel Chalita – clique aqui para ver como os Brucutus o perseguiram, depois que ele rompeu com o Serra – está à esquerda da Dilma na foto, em Aparecida.  Um passarinho pousou na janela lá de casa e perguntou: o Chalita não seria uma boa idéia da Dilma para Ministro da Educação?

Os anos FHC e a morte da alma nacional



Neste momento em que se discute o futuro do Brasil e que o país está colocado diante de dois caminhos, a Carta Maior relembra a obra de um grande brasileiro, o jornalista Aloysio Biondi, que, durante a década de 90, foi uma das raras vozes a se levantar contra a abertura econômica sem freios e a condução das privatizações pelo governo Fernando Henrique Cardoso. No primeiro artigo desta série, Biondi escreve sobre como FHC não destruiu apenas a economia nacional, tornando-a dependente do exterior. "Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo. Com o jogo perverso de estimular a busca de pretensas vantagens individuais, o governo FHC destruiu a busca de objetivos coletivos".
(*) Artigo publicado na revista Bundas, em 7 de agosto de 1999

Para conhecer a vida e a obra de Aloysio Biondi

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Reverencialmente, peço licença ao mestre Celso Furtado para repeti-lo: 

“Nunca estivemos tão longe do país com que sonhamos um dia”.

Uma pequena frase. Capaz, porém, de detonar um turbilhão de lembranças, das emoções e expectativas, dos dias em que o Brasil era um país e tinha sonhos. Um povo que sonhava virar Povo. Estudantes, intelectuais, empresários, trabalhadores, agricultores, classe média envolvidos no debate pelo desenvolvimento, conscientes, todos, de que havia um preço a pagar, resistências a enfrentar. Inimigos, interesses externos a vencer. Um país com alma, sonhos. 

Durante 40 anos, 45 anos, houve crises de todos os tipos. Mas havia o amanhã, a promessa do amanhã. A busca do amanhã. Um lugar no mundo. Na década de 50, com a economia resumida praticamente ao café, açúcar, algodão e outros produtos agrícolas, o país lançou-se à loucura de buscar a industrialização. Sem dólares para importar máquinas e equipamentos, pois os preços dos produtos agrícolas estavam de lastros no mercado mundial, estrangulando países pobres como o Brasil. Mesmo assim, o país ousou. Era a época em que os intelectuais e formadores de opinião escreviam livros, artigos, teses sobre e contra as políticas de estrangulamento que os países ricos impunham a países como o Brasil. Ou faziam músicas, peças teatrais, filmes sobre a realidade brasileira. Reforçavam a alma brasileira. O sonho realizável. Será que dona Ruth Cardoso se lembra disso? 

Chegou a década de 60, e com ela o golpe militar inspirado pelos EUA, desvios de rota que, no entanto, não conseguiram enterrar de vez os sonhos de construção de um país... A alma nacional resistia. Veio a crise do petróleo, no começo dos anos 70, e o país, que produzia 130 mil barris por dia, mergulhou novamente no abismo da falta de dólares, na recessão, no avanço da miséria. Um país “quebrado”, com total falta de dólares, mas que insistia em sonhar com um amanhã.

Em nome desse sonho, novamente, a população pagou a conta. O governo contraiu dívidas fabulosas, criou impostos, apertou o cinto e o crânio dos brasileiros, para canalizar o dinheiro disponível, dos impostos ou empréstimos, para montar indústrias capazes de fornecer produtos que ainda eram importados, de aço a alumínio, de celulose a petroquímicos, de máquinas a sistemas de telecomunicações. Substituir importações para economizar dólares, necessários para a compra do petróleo, ainda não descoberto em grande escala no território brasileiro. 

Para atender a todas essas novas indústrias, era preciso também construir usinas, as Itaipus, rodovias, ferrovias (o Brasil chegou a produzir 5.000 vagões por ano, com encomendas do governo), sistemas de telecomunicações. Mais aperto de cinto, mais impostos, menos dinheiro para as questões sociais, nunca esquecidas nem mesmo nos debates e escritos dos economistas, ou de empresários. Mas havia a esperança do amanhã. O sonho, de que fala mestre Furtado, de um país economicamente forte, exatamente por dispor de todos os recursos naturais para isso, mas também capaz, ao atingir esse estágio, de maior justiça social, de extinção da miséria. Habitado por um Povo. Orgulhoso de si. Solidário, porque se reconhecendo no outro.

No começo dos anos 90, o sonho estava ao alcance da mão, o amanhã chegava. O Brasil conquistara uma posição entre as dez maiores economias do mundo. Melhor ainda: o Brasil nadava em dólares, porque era capaz de realizar exportações muito maiores do que as importações. Poucos se lembram disso hoje, mas o Brasil tinha um dos maiores saldos comerciais positivos (exportações menos importações) do mundo, na casa dos 10 a 15 bilhões de dólares por ano. Tinha dólares seus, não precisava mais de empréstimos ou de capital das multinacionais para realizar investimentos e manter a economia em expansão, para criação de empregos e solução dos problemas do seu povo. Foi ontem, e está tudo tão distante. 

A serviço de outros países, o governo escancarou o mercado às importações e às multinacionais. Feiticeiros malditos transformaram o saldo positivo da balança comercial em um “rombo” permanente, deram vantagens na cobrança de impostos sobre a remessa de juros e de lucros estimulando o envio de dólares para o exterior, elevaram os juros para cobrir os rombos criados, “quebraram” assim a União, Estados, Municípios. Destruíram a indústria e a agricultura. Em cinco ou seis anos, clones malditos dos intelectuais de ontem destruíram o que havia sido construído ao longo de décadas. Destruíram mais. Destruíram o sonho, a Alma Nacional.

O que somos hoje? Um quintal dos países ricos? Não. Somos um curral. Bovinos ruminando babosamente enquanto o vizinho do lado, o trabalhador, o funcionário público, o aposentado, o agricultor, o empresário, todos, um a um, são arrastados para o grande matadouro em que o país se transformou, com suas mil formas de abate como o desemprego, os cortes na aposentadoria, as falsas reformas do funcionalismo, a falência, as importações. Bovinos ruminando no curral, enquanto empresas de todos os portes são engolidas por grupos estrangeiros e até o petróleo, ou os campos mais fabulosos de petróleo do mundo, com poços capazes de produzir 10.000 (dez mil) barris por dia, em um único poço, são entregues a preço simbólico às multinacionais.

Em cinco anos, o governo Fernando Henrique Cardoso não destruiu apenas a economia nacional, tornando-a dependente do exterior. Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo. Para isso, e com a ajuda dos meios de comunicação, jogou o consumidor contra os empresários nacionais, “esses aproveitadores”; o contribuinte contra os funcionários públicos, “esses marajás”; o pobre contra os agricultores, “esses caloteiros”; a opinião pública contra os aposentados, ”esses vagabundos”. 

No governo FHC, o brasileiro foi levado a esquecer que, em qualquer país do mundo, a sociedade só pode funcionar com base em objetivos que atendam aos interesses, necessidades de todos – ou, mais claramente, não se pode por exemplo ter uma política de importação indiscriminada, a pretexto de beneficiar o consumidor, sem provocar desemprego e quebra de empresas. Ou, a longo prazo, desemprego generalizado.

Com o jogo perverso de estimular a busca de pretensas vantagens individuais, o governo FHC destruiu a busca de objetivos coletivos. Destruiu a Alma Nacional, o Projeto Nacional. A violenta desnacionalização sofrida pelo Brasil, em sua economia, vai eternizar a remessa de lucros, dividendos, juros para o exterior. Isto é, vai torná-lo totalmente dependente da boa vontade dos governos de países ricos em fornecer dólares e, portanto, de ordens e autorizações desses governos de países ricos. Uma espécie de colônia, mesmo, como alertou o economista Celso Furtado em palestra que ele encerrou com sua frase, arrasadora para quem viveu o Brasil de 50 para cá, “nunca estivemos tão distante do Brasil com que um dia sonhamos”. 

Mesmo sem tê-lo consultado a respeito, uma sugestão: escreva a frase de Furtado em um pedaço de papel, e a releia todos os dias. Ou faça decalques com ela. Sugira que seus amigos façam o mesmo.

E comece a agir. Ainda há tempo de ressuscitar a Alma Nacional, antes que o Brasil vire colônia.

O TUCANO DA MALA-PRETA "Não sei quem é Paulo Preto" (Serra; Terra; 11-10)



"Ele (Serra) me conhece muito bem... Todas as minhas atitudes foram informadas a Serra....Não se larga um líder ferido na estrada...Não cometam esse erro" 
(Paulo Preto, em ameaça velada a Serra; Folha 12-10)

Tópicos da vida de Paulo Preto (Paulo Vieira de Souza):

a)Diretor de Engenharia do Dersa, comandou as grandes obras da gestão Serra, como o Rodoanel

b) em 2001 foi assessor da Casa Civil de FHC

c) mantem fortes laços políticos e pessoais com Aloysio Nunes (homem de confiança de Serra) 

d)emprestou R$ 300 mil a Aloysio Nunes em 2007 para que este adquirisse um apartamento em Higienópolis

e)sua filha, Priscila de Souza, é advogada de escritóio que defende empreiteiras contratadas pelo governo Serra para a construção do Rodoanel...

f)em junho de 2010, Paulo Preto foi preso na loja Guci, em SP, por receptação de bracelete de brilhante roubado da própria loja

g)na atual campanha presidencial, Paulo Preto arrecadou e sumiu com R$ 4 milhões do caixa dois de Serra, segundo a revista "IstoÉ" 

d)está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de propina recebida da Camargo Correa.
(Carta Maior, com informações Folha; 12-10)