Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Supremo lança Cerra para 2014

*Lewandowski: "Condenam Genoino apenas por ter sido presidente do PT"

ZÉ DIRCEU: "FIZ DA DEMOCRACIA A CAUSA DA MINHA VIDA.VOU ACATAR A DECISÃO, MAS NÃO ME CALAREI"
 
"Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção.Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver".( José Dirceu; leia a íntegra da nota nesta pág)
(Carta Maior; 4ª feira/10/10/2012)


Cerra será ungido à Redentora tarefa de salvar o Brasil de Lula e Dilma.


A campanha do Cerra à Presidência em 2014 começou no momento em que Marco Aurélio (Collor de) Mello condenou Dirceu, a tempo de pegar o jornal nacional.

A campanha de Cerra a prefeito vai ser em cima do mensalão (o do PT), mesmo que isso não cole entre os eleitores de São Paulo – como não colou no primeiro turno.

Porque Cerra é e será sempre candidato a Presidente.

A decisão do Supremo teve essa propriedade – estigmatizar o PT e armar a escada para derrubar o Lula e a Dilma.

Impedir que o Lula e a Dilma sejam candidatos em 2014.

Interromper o ciclo trabalhista.

O Supremo é o Capriles do Brasil.

Como Aécio perdeu em Minas e ainda não saiu de Minas, Cerra é o que sobra.

Por isso, ele vai pra cima dos “valores” – clique aqui para ler “Mãos ao alto !”.

Não os valores depositados em Cayman na Privataria.

Mas os “valores” que o Supremo pretende extirpar da vida pública brasileira.

Cerra vai fazer uma campanha “presidencial”, com o Supremo de porta-estandarte e os vídeos da TV Justiça.

Ele sabe, primeiro, que é inimputável.

Ele está naquela categoria de que o Supremo exige ato de ofício, provas e mais provas antes de condenar.

Com ele não tem quimera, dedução, indução.

É batom na cueca, ou nada.

Cerra sabe que o Supremo não ousará rever a Satiagraha ou a Castelo de Areia.

Jamais julgará o mensalão de Minas.

Vai passar longe da Privataria e da Lista de Furnas, porque o Supremo tem mais o que fazer.

Juízes do Brasil, às favas com as provas !

Assim, Cerra é intocável.

Ele recebeu, como toda a elite branca, carta branca do Supremo para esmagar o PT.

Se Cerra perder para o Haddad, o que é mais provável, ele será candidato a Presidente.

E, se vencer, ao abandonar a prefeitura dirá: preciso salvar o Brasil do PT.

Se perder, não importa.

Ele é “a elite da elite”, mesmo na derrota.

Se vencer, será mais homenageado na SIP do que o Roberto Jefferson.

E será ungido à Redentora tarefa de salvar o Brasil de Lula e Dilma.

Essa é a essência da decisão do Supremo.

O resto é o luar de Paquetá.


Paulo Henrique Amorim



Não calarão José Dirceu




9 de outubro de 2012 ficará registrado na história do país como o dia infame em que um seu cidadão foi condenado politicamente pela mais alta instância do Judiciário brasileiro, por um tribunal que deveria tê-lo julgado por critérios estritamente técnicos.
Até as condenações de certos membros do dito “núcleo político” da Ação Penal 470 ainda se podia buscar algum resguardo factual em “atos de ofício”, ainda que “tênues”, como diria o procurador-geral da República. No caso de José Dirceu, porém, não há condenação técnica possível.
Contra Dirceu não há contratos assinados, não há saque de dinheiro, não há nada além do testemunho de seu maior inimigo, uma operação imobiliária regular feita por sua ex-esposa e um emprego que ela conseguiu.
É possível uma dúvida razoável sobre o inimigo de Dirceu ter mentido e sobre sua mulher ter conseguido um empréstimo e um emprego sem interferência dele? Duvido que até os juízes que o condenaram neguem que essa dúvida existe.
Na dúvida, o Direito Universal exige que os tribunais decidam a favor dos réus. No caso de Dirceu, essa dúvida é muito maior do que para os outros condenados.
Jamais o STF usou para um político critério sequer parecido com os que foram inaugurados para Dirceu acima de qualquer outro réu daquela Ação Penal. A condenação dele, entenda-se, foi uma exceção à norma daquele Colegiado.
O Tribunal de Exceção que condenou Dirceu deixou clara a sua natureza ao dar tratamento diverso à ação penal correlata àquela em que o ex-ministro foi julgado, mas que envolve o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo.
Durante anos, Dirceu não desfrutou, nem por um segundo, do benefício constitucional de presunção da inocência. É tratado como condenado desde 2005, quando sua pena começou a ser cumprida oficiosamente.
Os juízes de Dirceu foram devidamente pressionados, intimidados com ataques da mídia, quando não se submeteram, e subornados com exposição positiva quando obedeceram aos ditames midiáticos.
E, se faltasse alguma prova da manipulação desse julgamento pela mídia em favor de partidos de oposição ao governo federal do PT, declarações da acusação a Dirceu e dos juízes que o condenaram confessaram o objetivo político do processo, tal como veio sendo conduzido.
Neste momento, boa parcela da classe política já se deu conta do que essa politização da Suprema Corte de Justiça do país representa para a democracia. Quando grupos de pressão se apropriam do Judiciário, ninguém mais está a salvo de julgamentos de exceção.
O Brasil verá a manipulação vergonhosa que foi esse julgamento quando o STF julgar – ou quando não julgar, por prescrição – o mensalão do PSDB. E, mais adiante, quando for julgar – ou não – a ação que será proposta contra o governador Marconi Perillo pela CPI do Cachoeira.
Pelos critérios que o STF usou para Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino e João Paulo Cunha, o ex-presidente do PSDB e hoje senador Eduardo Azeredo e o governador de Goiás, Marconi Perillo, terão que ser condenados. Até porque, contra eles há muito mais do que “domínio de fato”.
Alguém acredita que isso ocorrerá? E, se ocorresse, alguém ficaria sabendo sem ler a blogosfera e as redes sociais? A mídia faria versão explicativa para crianças via história em quadrinhos? O Jornal Nacional gastaria até metade da duração de suas edições para acusar os tucanos?
Vão esperando sentados que de pé cansa.
É nesse contexto que a nota que recebi da assessoria do ex-ministro José Dirceu, e que reproduzo ao fim deste post, constitui um alento. Nela, ele promete que não conseguirão calá-lo com essa condenação infame.
É disso que o Brasil precisa, de forma que quero registrar meu apoio e solidariedade ao ex-ministro. Conto com a força desse homem que já desafiou uma ditadura bem pior do que a do STF, uma ditadura que não assassinava só a honra dos seus inimigos.
Conte comigo, Zé, enquanto você lutar para que o Brasil, um dia, tenha, entre tudo mais que lhe falta, um Judiciário que trate a todos de acordo com critérios rotineiros, não usando exceções nem para amigos, nem para inimigos políticos.
Fecho o texto com uma curiosidade: 9 de outubro é o dia em que Che Guevara foi assassinado.
***
Leia, abaixo, a nota de José Dirceu sobre a condenação infame de que foi alvo

AO POVO BRASILEIRO
No dia 12 de outubro de 1968, durante a realização do XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, fui preso, juntamente com centenas de estudantes que representavam todos os estados brasileiros naquele evento. Tomamos, naquele momento, lideranças e delegados, a decisão firme, caso a oportunidade se nos apresentasse, de não fugir.
Em 1969 fui banido do país e tive a minha nacionalidade cassada, uma ignomínia do regime de exceção que se instalara cinco anos antes.
Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade do povo brasileiro.
Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente constituído, um pária da sociedade, inimigo do Brasil.
Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia. Dediquei a minha vida ao PT e ao Brasil.
Na madrugada de dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de São Paulo generosamente me concedeu.
A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que se opõem ao PT e seu governo, fui transformado em inimigo público numero 1 e, há sete anos, me acusam diariamente pela mídia, de corrupto e chefe de quadrilha.
Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência.
Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e a minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção.
Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.
Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.
Vinhedo, 09 de outubro de 2012
José Dirceu

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

PT e PSB sobem. PSDB desaba

O vencedor foi Lula

O grande derrotado do primeiro turno foi o PSDB. O desempenho tucano sequer qualifica o partido como oponente nacional do PT.

Paulo Moreira Leite

Eu pergunto quando tempo nossos analistas de plantão vão levar para reconhecer o grande vitorioso do primeiro turno da eleição municipal.

Não, não foi Eduardo Campos, embora o PSB tenha obtido vitorias importantes no Recife e em Belo Horizonte.

Também não foi o PDT, ainda que a vitória de José Fortunatti em Porto Alegre tenha sido consagradora. Terá sido o PSOL? Os “novos partidos”?

O grande vitorioso de domingo foi Luiz Inácio Lula da Silva e é por isso que os coveiros de sua força política passaram o dia de ontem trocando sorrisos amarelos.

Nem sempre é fácil reconhecer o óbvio ululante. É mais fácil lembrar a derrota do PT no Piauí, ou em São Luís.

Nosso leitor Roberto Locatelli lembra: o PT passou o PMDB  e foi o partido que mais acumulou votos na eleição. Tinha 550 prefeituras. Agora tem mais de 612.

Vamos combinar: a  principal aposta de Lula em 2012 foi Fernando Haddad que, superando as profecias do início da campanha, não só passou para o segundo turno mas entra nessa fase da disputa em posição bastante favorável. Em São Paulo se travou a mãe de todas as batalhas.

Imagino as frases prontas e as previsões sombrias sobre o futuro de Lula e do PT se Haddad tivesse ficado de fora…

A disputa no segundo turno está apenas no início e é cedo para qualquer previsão.

Mas é bom notar que as  pesquisas indicam que Haddad é a segunda opção da maioria dos eleitores de Celso Russomano. Uma pesquisa disse até que Haddad poderia chegar em segundo no primeiro turno, mas tinha boas chances de vencer Serra, no segundo. Qual o valor disso agora? Não sei. Mas é bom raciocinar com todas as informações.

Quem assistiu a pelo menos 30 minutos dos debates presidenciais sabe que Gabriel Chalita já tem lado definido desde o início – como adversário de José Serra. O que vai acontecer? Ninguém sabe.

O próprio Serra tem uma imensa taxa de rejeição, que limita, por si só, seu potencial de crescimento.

O apoio de  Russomano tem um peso relativo. Se ele não conseguia controlar aliados quando era favorito e podia dar emprego para todo mundo, inclusive para uma peladona de biquini cor de rosa descrita como assessora, imagine agora como terá dificuldades para manter a, digamos, fidelidade partidária…

O mais provável é que seu eleitorado se divida em partes mais ou menos iguais.

Não vejo hipótese da Igreja Universal ficar ao lado de José Serra. Nem Silas Malafaia com Haddad.

A votação de Haddad confirma a liderança de Lula e a disposição dos eleitores em defender o que ele representa. Mostra que o ambiente político de 2010, que levou a eleição de Dilma Rousseff, não foi revertido. Isso não definiu o resultado em cada cidade mas ajudou a compor a situação no país inteiro.

Os 40% de votos que Patrus Ananias obteve em Belo Horizonte mostram um desempenho bem razoável, considerando que o tamanho do  condomínio adversário.

Quem define a boa vitória de Lacerda como uma vitória de Aécio sobre Dilma incide no pecado da ejaculação precoce.

O grande derrotado do primeiro turno, que mede a força original de cada partido, não aquilo que se pode conquistar com alianças da segunda fase, foi o PSDB.

O desempenho tucano sequer qualifica o partido como oponente nacional do PT. Perdeu eleição em Curitiba, onde seu concorrente tinha apoio do governador de Estado, desapareceu em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, terra do vice de José Serra em 2010 – que não é tucano, por sinal. Se a principal vitória do PSDB foi com um candidato do PSB é porque alguma coisa está errada, concorda?

Respeitado por ter chegado em primeiro lugar em São Paulo, Serra já teve desempenhos melhores.

As cenas finais da campanha foram os votos do julgamento do mensalão, transmitidos em horário nobre durante um mês inteiro. Tinham muito mais audiência do que os programas do horário político.

Menino pobre e preto, Joaquim Barbosa já vai sendo apresentado como um contraponto a Lula…

Antes que analistas preconceituosos voltem a dizer que a população de renda mais baixa tem uma postura menos apegada a princípios éticos – suposição que jamais foi confirmada por pesquisadores sérios  — talvez seja prudente recordar que o eleitor é muito mais astuto do que muitos gostariam.

Sabe separar as coisas.

Aprendeu a decodificar o discurso moralista,  severo com uns, benigno com outros, como a turma do mensalão do PSDB-MG, os empresários que jamais foram denunciados na hora devida…

Anunciava-se, até agora, que a eleição seria  nacionalizada e levaria a  um julgamento de Lula.

Não foi. O pleito mostra que o eleitor não mudou de opinião.

O eleitor mostrou, mais uma vez, que adora rir por último.



O PT cresceu 14% em número de prefeituras; o PSDB, futuro DEMO, elegeu 13% menos prefeitos que em 2008.

O Bom (?) Dia Brasil noticiou assim, com a ligeireza com que trata de engarrafamento em Cascadura.

A Folha (*) destacou o menos importante:

PMDB é campeão em número de prefeitos, PT vence em total de votos



Os partidos da base da Dilma e do Lula ganharam a eleição.

A oposição perdeu.

O PSDB ruma ao buraco do DEMO.

Senão, vejamos.

O PMDB ainda é o partido com o maior número de prefeitos, mas caiu 15% em relação a 2008.

O PT cresceu 14% em número de prefeituras.

E é o partido que recebeu mais votos em todo o país – um aumento de 4% em relação a 2008.

O PSB foi ainda melhor.

Cresceu 51% no total de votos e 41% no total de prefeituras.

O PSDB, futuro DEMO, elegeu 13% menos prefeitos que em 2008.

Em todo o país, o número de eleitores do PSDB caiu 4%.

A soma de PMDB com PT e PSB demonstra que a Presidenta Dilma ganhou a eleição.

O Eduardo Campos, também.

O objetivo do PiG (**), agora, será fabricar a oposição entre Dilma e Campos, como tentou separar Lula de Dilma.

O Fernando Henrique foi quem tentou de forma mais ousada, e recebeu como prêmio uma nota devastadora da Dilma, de que não se recuperou até hoje.

Neste domingo, o Farol de Alexandria, que só aparece no PiG (**), mas o PSDB o esconde do palanque, diz que o PSDB deve tentar se aproximar do PSB:

FHC defende aproximação com PSB em 2014



Precisa ver se o Eduardo Campos quer segurar a alça da mala do FHC.

Em tempo: o Conversa Afiada saúda com entusiasmo a retumbante votação do tucano Marcelo Lunus Itagiba para vereador, no Rio: 9 mil votos, num colégio de 4 milhões 700 mil eleitores. Um jênio. Cerra e Daniel Dantas perdem um Legislador de escol.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


Vitória do PT em São José dos Campos


Governada pelo PSDB há 16 anos, São José dos Campos terá uma administração petista a partir de 2013. Carlinhos Almeida (PT) foi eleito ontem com 51% dos votos válidos, ante 43% do tucano 

O Vale do Paraíba, onde a cidade está localizada, é região tradicionalmente tucana, reduto político do governador Geraldo Alckmin, natural de Pindamonhangaba. 

A derrota do PSDB é histórica. O partido está no poder há quatro mandatos seguidos -dois do atual prefeito, Eduardo Cury, e dois do seu antecessor, Emanuel Fernandes.Foi a terceira vez que Carlinhos se candidatou à prefeitura. Vereador e deputado estadual por três mandatos, é deputado federal desde 2011. 






Urnas mostram que povo não culpa PT pelo mensalão

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Há dois meses que a direita midiática brasileira divulga uma realidade paralela na qual todos os seus sonhos se materializariam. O primeiro desses sonhos se refere a Lula, que teria perdido influência junto ao povo. O segundo sonho envolve o PT, que estaria em vias de extinção política. E tudo isso estaria ocorrendo devido ao julgamento do mensalão.
As pesquisas de intenção de voto também vinham sendo cruéis com os petistas por terem mostrado uma realidade paralela que, ao fim do processo eleitoral em primeiro turno, deixou de ser “realidade” e voltou a ser a fantasia que sempre foi.
Temos, porém, que nos deter nesse capítulo: umas duas dezenas de horas antes de fecharem-se as urnas o instituto Datafolha divulgou quadro sobre a disputa eleitoral em São Paulo que não corroborava a teoria sobre a “morte” do PT que os donos desse instituto, entre outros, vinham alardeando, e idealizava o segundo turno dos sonhos da mídia e do PSDB.
No sábado, horas antes da eleição, o Datafolha afirmava que José Serra e Celso Russomano eram os mais cotados para ir ao segundo turno. Todavia, fechadas as urnas, todos descobriram o que este blog vinha dizendo ser a verdade: o instituto de pesquisas do jornal Folha de São Paulo havia produzido uma realidade em vez de se limitar ao dever de relatá-la.
No Datafolha, durante toda a campanha do primeiro turno, Fernando Haddad nunca ficou em segundo lugar, numericamente. Mas ficou nas urnas, que é o que importa.
Todavia, não foi por outra razão que este blogueiro e o doutor Antonio Donizeti da Costa, diretor-jurídico do Movimento dos Sem Mídia, varamos dias a fio elaborando uma denúncia contra fraudes em pesquisas que envolvia o Datafolha e o instituto que é considerado sua antítese, o Vox Populi. Sabíamos que havia algo errado com as pesquisas de um deles. Agora, todos sabem qual é.
Sobre a realidade paralela que a mídia tucana criou, sobre a pseudo débâcle do PT e de Lula, os fatos falam por si. Sobre “efeitos políticos” que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o ministro do Supremo Marco Aurélio de Mello e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso torciam para que resultasse do julgamento do mensalão, não se materializaram.
Talvez a melhor tradução do recado do povo à direita midiático-judiciária seja a eleição em primeiro turno do candidato do PT a prefeito de Osasco, Jorge Lapas. Para quem não sabe, ele substituiu o deputado João Paulo Cunha, recentemente condenado (sem provas) pelo Supremo Tribunal Federal.
Pois bem, o STF impediu a candidatura de um petista e o povo, então, elegeu outro petista. O recado do povo de Osasco foi claríssimo: não acreditamos no julgamento que condenou João Paulo e, então, vamos votar no candidato que ficou em seu lugar. Ponto.
Por todo o país, o PT teve um desempenho tão além do que a mídia previa que até (pasmem) Merval Pereira reconheceu, na Globo News, que “o julgamento do mensalão não teve o efeito esperado”. Ora, Merval, se você lesse a blogosfera – ou ao menos este blog – teria descoberto isso antes.
Claro que o PT ainda pode não vencer em cidades-chave como São Paulo, mas isso, se ocorresse, não mudaria a vitória imensa que o partido obteve no primeiro turno. Nas maiores cidades, o PT certamente é, ao lado do PSB, o partido que mais elegeu vereadores e prefeitos em primeiro turno. Em breve os números estarão aí para quem quiser comprovar.
Mas, para não dizerem que não falei de flores, vamos ao que julgo que ocorrerá em São Paulo no segundo turno.
Gabriel Chalita já avisou que deve se compor com Haddad – até porque, é inimigo figadal de José Serra. Quanto a Celso Russomano, independentemente do que possa querer os eleitores que estavam consigo devem migrar, em expressiva maioria, para o candidato do PT.
Explico: o eleitorado que votou em Russomano é da periferia, do chamado “cinturão vermelho” de São Paulo, um eleitorado entre o qual o PT sempre vence em qualquer eleição para cargos majoritários, seja para prefeito, governador ou presidente. Esse eleitorado estava com Russomano porque julgava que era ele quem tinha mais chance de derrotar Serra.
Sobre o tucano, sua enorme rejeição reside, em grande parte, sabe entre que eleitorado, leitor? Entre o de Haddad e o de Russomano. Não que não exista quem rejeite Serra entre o eleitorado de Gabriel Chalita, mas a periferia paulistana é que dava base a Russomano porque apostava nele para impedir que o atual modelo de gestão de São Paulo prosseguisse.
Claro que, para Haddad, será muito mais duro enfrentar Serra do que o frágil Russomano, que tinha votos emprestados do petista. Afinal, a mídia cairá matando em cima de Haddad para tentar salvar a carreira política do seu aliado tucano. Todavia, Serra não terá mais a ajudinha do Datafolha, que sai desmoralizado do primeiro turno.
O Datafolha pode até praticar suas bruxarias, mas, desta vez, o eleitorado já saberá que não deve lhe dar muita bola.
Claro que mídia e Serra vão tentar, mais uma vez, oferecer mensalão aos paulistanos em vez de propostas para melhorar a cidade. Contudo, mais uma vez o prognóstico deste blog é o de que colherão o mesmo resultado que colheram em todas as eleições nas quais apostaram nessa “bala de prata”.
Quem enxerga o que a direita midiática tenta fazer no Brasil e percebe quão antidemocrático  é, portanto, tem motivos de sobra para comemorar. Como foi dito incontáveis vezes nesta página, a maioria esmagadora do povo não está nem aí para o mensalão. A direita pode ter a mídia e o STF, mas não tem povo – que, ao fim, é quem manda.

 

 

 

Racistas agridem nordestinos no Twitter por votarem em Haddad



De sábado para domingo, repetiu-se fenômeno que se viu em 2010 na rede social Twitter. Uma horda de paulistanos jovens passou a veicular mensagens racistas insultando nordestinos por votarem no candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Na imagem acima, o leitor pode ver uma dessas mensagens. Logo abaixo do texto, dá para ver que foi repassada por incríveis 85 outras pessoas.
O fenômeno é escandaloso e recorrente em São Paulo. O preconceito contra nordestinos é extremamente forte nos bairros ricos da cidade. E não é exatamente um preconceito regional, um tipo de xenofobia, mas preconceito racial puro.
Os paulistanos das classes mais abastadas chamam negros e pardos de “baianos”. Se for loirinho, branquinho, pode até ter sotaque nordestino que é aceito. O preconceito da elite de São Paulo é racial mesmo, dirigido a quem tenha traços de negro. É negro, é “baiano”.
Como todo preconceituoso é também um covarde, a jovem que publicou  no Twitter a mensagem supra reproduzida apagou seu perfil naquela rede social logo após começarem a denunciá-la ao Ministério Público e à Safernet. Todavia, há muitos outros.
Essa é uma das razões pelas quais o voto no PT é muito importante sobretudo aqui em São Paulo. Esses racistas são eleitores declarados de José Serra. Em toda eleição na qual ele está envolvido, quando as coisas não vão bem para ele começam a culpar “nordestinos”.
Aliás, vale dizer que essa gente não se limita a insultos racistas na internet. De 2010 para cá, casos de agressões a nordestinos na internet e até em plena rua vêm se sucedendo.
O ódio que Serra espalha para tentar vencer eleições aumenta a intolerância religiosa, sexual, racial e política. Por isso, você, paulistano, neste domingo de eleição, reflita: é preciso derrotar o PSDB nas urnas para livrar a política dessa infecção moral.
Neste domingo, portanto, eu, minha mulher, meu filho e minhas filhas votaremos em Fernando Haddad por uma São Paulo sã, liberta do preconceito, do ódio, da mesquinharia e da insensibilidade que José Serra representa e estimula.

VIRADA EM SÃO PAULO; VITÓRIA EM CARACAS: O ELEITOR RESOLVEU 'METER O BICO'

Foi  um domingo para não esquecer. A história  rugiu, rangeu e se mexeu; repôs certas correlações entre a nervura social e o voto; entre o discernimento popular e o legado histórico de projetos e propostas antagônicas. As urnas falaram e como é natural, em escrutínios municipais marcados por peculiaridades locais, emitiram vereditos ecumênicos. Mas certas linhas se destacaram. Ali onde a natureza da disputa incorporou a  tensão do conflito entre dois grandes blocos de interesses contraditórios -- não apenas no âmbito local, mas nacional e também no plano da crise global-- a resposta do voto desautorizou o prognóstico conservador. Ou seria melhor dizer a torcida e, em alguns casos, a quase fraude?   O domingo mostrou que o mundo seria perfeito para o conservadorismo se a democracia pudesse ser resolvida à frio. No campo  das ilações, digamos, tão a gosto de certas togas e dos interesses aos quais elas se oferecem ao desfrute, sendo por eles obscenamente desfrutadas. Se  bastassem as ilações do Datafolha, por exemplo, Serra iniciaria hoje um passeio pelo segundo turno para desmontar o frágil Russomano. O Datafolha modelou esse cenário e insistiu nele até o último instante, reservando a Haddad uma 3ª colocação algo desanimadora (quem é que gosta de votar em quem vai perder?). Súbito, em 24 horas, o candidato do PT saltou dos 19% que lhe eram atribuídos pelo instituto dos Frias e encostou nos 29%. Como um instituto que se pretende isento não capta um migração de votos dessas proporções? Se Haddad fosse um furacão e o Datafolha um serviço de meteorologia, que destino caberia aos responsáveis por tão clamorosa falha? As ilações --engajadas-- tampouco se revelaram pertinentes na tarefa de derrotar Chávez neste domingo. Maciçamente apresentado como uma ruína política pelo jornalismo conservador --incluindo-se os mervais brasileiros-- o 'autoritário' Chávez venceu Henrique Capriles, num pleito limpo, por uma diferença  superior a mais de um milhão de votos  (54% a 44%).  Um domingo, portanto, memorável em que o eleitor resolveu 'meter  o bico' em São Paulo, em Caracas e outras praças, para horror dos Serras, Aécios e Capriles, que  não suportam  'estrangeiros' em seus currais.  O impacto dessas  transgressões, ademais de desautorizar  e desqualificar  pesquisas e colunistas que agora terão que explicar seus malabarismos de campanha e boca de urna, mais uma vez, inclui também uma advertência às candidaturas de esquerda que seguem para o 2º turno:  é hora de vestir a camisa do bloco  progressista ao qual pertencem, se quiserem obter os votos que  --tradicionalmente--  a eles se destinam.

sábado, 6 de outubro de 2012

CORTADO, SALGADO, ESPETADO NAS RUAS, O PT OPÕE AO 'DOMÍNIO DO FATO' A FORÇA DOS FATOS

A idéia, como explica o governador Tarso Genro, em artigo nesta página, é reduzir o partido da esquerda a um delito. E descarnar o governo de sua extração num solvente corrosivo de suspeição e desencanto. Tudo isso pré-configurado em estaqueamento jurídico  adotado à revelia dos autos correspondentes à Ação Penal 470. Não se afronta o Estado de Direito nessa arquitetura de liga puramente ideológica. O Estado de Direito confere aos seus supostos guardiães de última instância a prerrogativa de fazer política de toga. Assim como parte da imprensa o faz . Mas persiste uma zona de indefinição. O golpe contra o partido da esquerda não consagra automaticamente  o programa contrário, esfarelado pela desordem neoliberal. Até que ponto essa engrenagem emperrada em seus próprios termos terá êxito em impor a supremacia das ilações sobre as transformações --inconclusas, mas objetivas--  acumuladas na vida da população brasileiros nos últimos dez  anos? (LEIA MAIS AQUI)




PML, Genoino e a tortura.
E Dantas, Ministro Barbosa?

Só a Telemig, que pertencia ao grupo Opportunity, de Daniel Dantas, entregou mais dinheiro às agências de Valério do que o Visanet, que jogou o petista Henrique Pizzolato na vala dos condenados logo nos primeiros dias.


Saiu no site da Época:

O lugar de Genoino

São paulo, 5/10/2012


Paulo Moreira Leite
colunista da revista epoca.


Nossos crocodilos ficaram sentimentais. Em toda parte vejo lágrimas que acompanham os votos que condenam José Genoino.

Na imprensa, em conversas com amigos, ouço o comentário, em tom de solidariedade. Parece consciência pesada, em alguns casos.

Não estamos diante de um melodrama mas de uma tragédia.

Genoino está sendo condenado num julgamento marcado por incongruências, denuncias incompletas e presunções de culpa que começam a incomodar estudiosos e acadêmicos. Foi isso que  explicou Margarida Lacombe, professora de Direito da UFRJ, em comentário na Globo News. Sem perder suavidade na voz,  a professora  falou sobre necessidade de provas contundentes quando se pretende privar a liberdade de uma pessoa. Não falou de casos concretos, não criticou. Fez o melhor: informou.  Lembrou como esse ponto – a liberdade – é importante.

Vamos começar.

O STF que está condenando Genoino absolveu Fernando Collor com o argumento de “falta de provas.”

É o mesmo STF que, em tempos muito mais recentes, impediu que o país apurasse, investigasse e punisse a tortura ocorrida no regime militar.

Então ficamos assim. José Genoino, vítima da tortura que o STF impediu que fosse apurada, será condenado por corrupção, ao contrário de Fernando Collor.

Parece o Samba do Crioulo Doido do Stanislaw Ponte Preta. É. Mas não é o texto. E a “realidade brasileira”, como se dizia no tempo em que a polícia política perseguia militantes como Genoino.

Não há provas materiais contra Genoino e tudo que se pode alegar contra ele é menos consistente do que se poderia alegar contra Collor. Mas as provas da  tortura são abundantes. Estão nos arquivos do Brasil Nunca Mais e em outros trabalhos. Foram arrancadas na dor, no sofrimento, na porrada, no sangue e, algumas vezes, na morte. Em plena ditadura, 1918 vítimas da tortura deixaram registros dessa violência nos arquivos da Justiça Militar.  Nenhuma foi apurada e, se depender da decisão do STF, nunca será.

Collor foi beneficiado porque  provas muito contundentes  contra ele foram anuladas. Considerou-se, na época,  que a privacidade do tesoureiro PC Farias havia sido violada quando a Polícia Federal quebrou o sigilo de um computador que servia ao esquema. Essa decisão – em nome da privacidade — salvou Collor.

Você pode dizer que os tempos eram outros e que agora não se aceita mais tanta impunidade. Aceita-se. Basta lembrar que, na mesma época, o mensalão do PSDB-MG virou fumaça na Justiça Comum. E quando Márcio Thomaz Bastos tentou mudar o julgamento do mensalão federal, alegou-se que era no STF que os crimes graves são punidos.

Vamos continuar.

Genoino está sendo condenado  porque “não é plausível” que não soubesse do esquema. “Plausível”, informa o Houaiss,  é sinônimo de aceitável, razoável. Olha o tamanho da subjetividade, da incerteza.

Isso porque ele assinou o pedido de empréstimo de R$ 3,5 milhões para o Banco Rural e por dez vezes refez o pedido.  Não é plausível imaginar que um presidente do PT fizesse tudo isso sem saber de nada, acreditam três ministros do Supremo.

Mas fatos que são líquidos e certos não comoveram a acusação com a mesma clareza.

O empresário Daniel Dantas deu R$ 3,5 milhões para amolecer Delúbio Soares e Marcos Valério e cair nas graças do esquema.  Não foram R$ 3,5 milhões subjetivos mas inteiramente objetivos.

Um pouco mais tarde, seu braço direito Carla Cicco assinou um contrato de R$ 50 milhões com as agências de Marcos Valério para transformar a turma do PT em geléia. Chegaram tarde. Depois de pagar a primeira prestação, a casa caiu e eles suspenderam o pagamento.

Como não gosto de pré-julgar, não acho que Daniel Dantas seja culpado por antecipação. Não acho mesmo. Vai ver que estava tudo lá, bonitinho. Também podia ser ajuda para o Fome Zero rsrsrsrsrs

Ou quem sabe fosse tudo para Valubio.

Mas não teria sido melhor que ele fosse ouvido no tribunal, para mostrar sua inocência?

Não teria sido uma forma de mostrar que a Justiça é cega?

Mas ela não foi.

O esquema privado do mensalão, informa a CPMI, chegou a R$ 200 milhões. Quantos empresários foram lá, dar explicações? Nenhum.

Alguém acha plausível, aceitável, razoável, que fossem inocentados por antecipação?

Não há nada “plausível” que se possa fazer com R$ 200 milhões?

Só a Telemig, que pertencia ao grupo Opportunity, de Daniel Dantas, entregou mais dinheiro às agências de Valério do que o Visanet, que jogou o petista Henrique Pizzolato na vala dos condenados logo nos primeiros dias.

O que é plausível, neste caso?

Nós sabemos – e ninguém duvida disso – que Genoino fazia política o tempo inteiro. Fez isso a vida toda, com tamanha inquietação que,  numa fase andou pela guerrilha do Araguaia e, em outra, ficou tão moderado que parecia que ia preencher ficha de ingresso no PSDB.

Chegou a liderar um partido revolucionário à esquerda do PC do B e depois integrou as correntes mais à direita do PT.

Então vamos lá. É plausível imaginar que Genoino tenha ido atrás de recursos de campanha? Sim. É plausível e até natural. Basta deixar de ser hipócrita para compreender. Política se faz com quadros, imprensa, propaganda, funcionários. Isso custa dinheiro.

Isso fez dele um dirigente que subornava  adversários para convencê-los a mudar de lado, como quer a acusação? Não.

Eu não acho plausível, nem aceitável nem razoável. Duvido inteiramente, aliás.

E se eu tiver errado, quero que me provem – de forma clara, contundente. Sem essas suposições, sem um quebra-cabeças que joga com a liberdade humana.

Sem fogueira de tantas vaidades.

Não chore por nós Genoino.

Alegou-se que a tortura não poderia ser apurada para preservar a transicão democrática.

A democracia avançou, as conquistas foram imensas. Mas os perseguidos, no fundo, bem no fundo, são os mesmos.

Não é um melodrama. É uma tragédia.






Urnas dirão que o povo desconfia do julgamento do mensalão




Foram no mínimo exageradas as notícias sobre a “morte” política do PT que decorreria do golpe jurídico-midiático que o partido está sofrendo no âmbito do julgamento do mensalão. Segundo a Folha de São Paulo deste sábado (6 de outubro de 2012), o PT é o partido que mais tem chances de vitória nas 85 maiores cidades brasileiras.
Segundo matéria publicada por esse jornal, pesquisas eleitorais realizadas nos 85 maiores municípios do país mostram o PT com chances de vitória em 33 cidades. O PSDB aparece em segundo lugar, com chances em 30 cidades, e o PMDB aparece em terceiro, com chances em 22.
Depois de a mídia tucana passar a campanha eleitoral inteirinha dizendo que o PT sofreria forte baque eleitoral por conta do julgamento do mensalão, a Folha, na matéria em questão, admite que, “No caso de os prognósticos atuais se confirmarem nas urnas, não ficará comprovada a tese de que o PT estaria sendo expelido dos grandes centros urbanos”.
A tese em questão, diga-se, foi alardeada principalmente por esse jornal durante toda a campanha do primeiro turno. Você que se informa sobre política, portanto, deve estar surpreso com o que acaba de ler.
Outra notícia surpreendente, dada pelo mesmo jornal que durante os últimos meses anunciou tantas vezes que o PT seria trucidado eleitoralmente pelo julgamento do mensalão – com direito a torcida explícita do procurador-geral da República –, é sobre uma cidade emblemática: São José dos Campos. Lá, após 16 anos, o PSDB deve ser desalojado pelo PT.
SJC é emblemática porque foi lá que cerca de cinco mil famílias foram alvo de uma cinematográfica e truculenta operação de “reintegração de posse”. Na operação que desalojou aquelas famílias do bairro Pinheirinho, um idoso de 70 anos foi espancado pela polícia por se rebelar contra seus abusos e, em decorrência disso, veio a falecer.
Pois bem: em SJC, segundo o Ibope, o candidato do PT, Carlinhos Almeida, tem 52% das intenções de voto, enquanto que o candidato Alexandre Blanco, do PSDB, tem 31%. Essa cidade, segundo a Folha, é considerada reduto eleitoral de Geraldo Alckmin. Vem sendo administrada por tucanos desde 1997.
Este blogueiro, aliás, acompanhou de perto o sofrimento de milhares e milhares de homens, mulheres, crianças e idosos, expulsos de suas casas por ação do prefeito tucano de SJC, Eduardo Cury, em benefício do mega especulador Naji Nahas, dono da área em que ficava o bairro do Pinheirinho.
Participei de força-tarefa do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana – Condepe, formada por jornalistas e advogados para ir a SJC colher depoimentos e denúncias das vítimas de um nível de violência policial que, além do assassinato de um idoso, deu curso a estupro de moradoras jovens daquele bairro.
Nem em seus piores pesadelos a direita demo-tucana, a mídia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a maioria dos ministros do STF – os quais, repito, vão operando uma tentativa explícita de golpe eleitoral contra o PT – poderiam imaginar o quadro acima descrito.
Do procurador-geral da República a certos ministros do Supremo, passando pelo PSDB, pelo DEM, pelo PPS e pela mídia, todos vinham comemorando publicamente a expectativa de o julgamento do mensalão produzir “efeitos políticos”. Todavia, parece que a alegria deles irá durar pouco.
Como se vê, a direita demo-tucana pode ter o procurador-geral da República e os ministros do STF nas mãos – ou no bolso –, mas o PT tem o povo, que, em última análise, é quem manda no país, pois tem a prerrogativa de ignorar todo esse esforço reacionário e antidemocrático e eleger quem essas forças do atraso não querem.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mensalão e "exceção": Carl Schmitt e Lewandowsky

Quando o ministro Ricardo Lewandowski teve coragem de dissentir em alguns votos: relativizar, pedir provas, impugnar uma doutrina de ocasião, foi massacrado por comentários sardônicos, ataques a sua integridade e a sua sabedoria jurídica pela mídia vigilante. Os seus votos colocam uma questão de fundo para o futuro democrático do país. O Brasil deve a Lewandowsky este alerta, pela sua conduta ética em se indispor contra condenações já anunciadas. Este ministro é o Carl Schmitt ao contrário: quer que a regra seja sempre superior à exceção. O artigo é de Tarso Genro.

Um artigo que publiquei na Carta Maior sobre a questão do “estado de exceção permanente” mereceu algumas considerações que reputo importantes para a cultura política e jurídica do Estado de Democrático de Direito e também para o meu próprio proveito, como pessoa que preza o debate de ideias e milita - por vezes assumindo cargos públicos- no campo do ideário socialista.

Não desconheço as grandes contribuições de Agamben e sobretudo do maiúsculo Walter Benjamin sobre o assunto. Nem o juízo - sustentado por brilhantes analistas de esquerda - de que é possível, na profundidade do conceito de “exceção permanente” de Schmitt, matizar que o sistema de produção e reprodução das condições de existência no capitalismo ampara-se, sempre, na “excepcionalidade”. Tomada esta, enfim, como violação permanente das suas próprias normas de organização jurídica e política, de forma alheia às promessas das constituições democráticas, com seus “direitos fundamentais”.

Reconheço, também, que este plano de análise é adequado para compreender a gênese do Direito no capitalismo moderno, do seu processo de acumulação, das suas guerras e da sua perversidade. Esta gênese está recheada, no entanto, por conquistas civilizatórias importantes, que não devem ser ignoradas, sob pena de se cair no equívoco grave que o socialismo - ou o que suceder o capitalismo atual, para melhor - recomeça a História e reinventa o ser humano a partir do “zero”.

Entendo como conquista civilizatória tudo o que, nas instituições do estado e nas relações sociais, obriga e conscientiza os homens a terem o outro como uma extensão de si mesmos. Ou seja, promovem e orientam a “descoisificação” e instrumentalização do outro e, portanto, ampliam os horizontes das comunidades humanas, para se auto-reconhecerem como integrantes de um todo uno e diverso.

Reputo, então, que “dentro” deste processo - que nem sempre é “evolutivo”, pois às vezes ocorre por “saltos”, guerras revoluções - estão conquistas que têm um estatuto de universalidade para o humanismo, do qual a ideia do socialismo moderno é fruto ainda não acabado. Aponto dois “fundamentos” que, se não estiverem presentes naquela implementação de uma nova sociedade, as promessas de igualdade e solidariedade, na nova ordem, ficarão comprometidas.

Para que a nova ordem prospere ela deve ter uma base política e jurídica, cuja estabilidade relativa deverá ancorar-se em dois fundamentos: no princípio da “igualdade perante a lei” (“igualdade formal”) e no princípio da “inviolabilidade dos direitos”. Um princípio complementa o outro e eles mesmos nunca serão completamente realizados, mas expressam a utopia política e histórica da igualdade transformada em marco jurídico universal.

Apesar destes princípios estarem presentes como fundamentos das constituições democráticas atuais, com um olhar histórico realista ver-se-á que o Estado Democrático de Direito (não entendido, portanto, metafisicamente como uma panacéia para todas as violências e explorações) pode permitir a manutenção das opressões de classe, dos privilégios sociais, das injustiças inerentes às diversas fases e períodos de acumulação e “destruição criativa” do capital, sem violar as suas regras formais: sem apelar para a “exceção”. Nixon fez com os bombardeios “químicos” do Vietnam as mesmas barbáries que Hitler fez com o “ghetto” de Varsóvia. Num país, o Juiz da “exceção” era o Fuhrer (um indivíduo); no outro, era a Suprema Corte dos Estados Unidos (um coletivo).

A grande diferença formal entre o Estado Democrático de Direito e o Estado de Exceção Permanente é que, no primeiro, quem é o Juiz da Constituição é um coletivo originário de um processo constituinte, politicamente democrático; e no segundo (no Estado de Exceção Permanente) quem é o Juiz da constituição é o Lider, “pois toda a lei do Estado, toda a sentença judicial contém apenas tanto direito quanto lhe aflua dessa fonte (o líder, o Fuhrer)”, como assevera Schmitt.

Mas há uma grande diferença “material”, entre ambos os estados ou situações jurídico-políticas. O Fuhrer legitima-se a si mesmo, apenas pela força; e o consenso é um consenso obtido principalmente pela força. Aquele coletivo - que é o guardião e Juiz da Constituição nas democracias- não se legitima principalmente pela força; mas o faz principalmente pela ação política, pelo discurso da democracia. A força é uma “reserva” substancial, para ser usada, aí sim, na “exceção”, quando os mecanismos democráticos de dominação não mais correspondem às necessidades práticas de controle social e manutenção do poder.

Para sintetizar minha opinião sobre o assunto e, logo após, reportar-me a um fato histórico recente na democracia brasileira (o julgamento do “mensalão”), assevero o seguinte: na “exceção” o Líder julga e executa os “julgadores” e quem quiser, através da Polícia; no Estado Democrático de Direito todos tem o direito formal a um julgamento justo pelos Tribunais, dentro das “regras de jogo”, no qual a Polícia não é uma mera extensão do Lider; logo, não compete a ela finalizar os conflitos nem aplicar definitivamente a lei.

São diferenças formais, mas ocorre que as “diferenças formais” tem forte influência na vida das pessoas, nas possibilidades de ação política, na formação de núcleos de resistência ao arbítrio e ao aparelhamento do estado, pelo controle total que os interesses privados podem exercer sobre ele, de modo a subtrair completamente as suas funções públicas. Forma e conteúdo, dizia Hegel, “convertem-se incessantemente um no outro.” Os dois princípios mais revolucionários forjados, até hoje, no direito moderno (o princípio da igualdade perante a lei e o princípio da inviolabilidade dos direitos) são também princípios de organização política da sociedade, e eles não permitem -pois eles são exatamente a “anti-exceção”- o domínio da força bruta dos interesses de classe, sem legitimação política.

O caso do “mensalão” será emblemático para democracia brasileira daqui para diante e também para o Direito, em nosso país. Pode-se dizer, com absoluta certeza, que nenhum dos Ministros votou contra a sua consciência ou que tenha se comportado com venalidade. Nenhum dos Ministros votou “controlado pela Polícia” ou mostrou-se desonesto nas suas convicções e o julgamento dos réus deu-se, integralmente, dentro do Estado de Democrático de Direito. Ninguém pode dizer que foi vítima de pressão insuportável e ninguém pode dizer houve um julgamento de “exceção”.

Dentro do Estado Democrático de Direito e das suas regras, o julgamento transformou-se, isto sim, no julgamento de um Partido, de um projeto político e, muito suavemente, do sistema político vigente. Quem tinha a ideia de que o julgamento seria um julgamento a partir das provas, sobre o comportamento de cada um dos réus, ou que cada um dos Ministros não partiria da suas convicções ideológicas para chegar a uma das doutrinas penais conhecidas para abordar o processo, tinha e tem uma visão completamente equivocada do significado histórico do Estado de Direito. O Estado Democrático de Direito abre exatamente estas potencialidades de escolha, o Estado de Exceção não. Estas potencialidades de escolha estão contidas no terreno da política, não do direito.

No Estado Democrático de Direito, a ideologia do Magistrado “seleciona” a doutrina jurídica, que ampara a decisão. Na ditadura (ou na “exceção”) esta escolha é sufocada pelo olhar do Líder, através da Polícia. A Teoria do Domínio Funcional dos Fatos foi, portanto, uma escolha ideológica, feita para obter dois resultados: condenar os réus e politizar o julgamento. Talvez algumas condenações não pudessem ser proferidas apenas com as provas dos autos, mas sobretudo a doutrina escolhida mostra que não bastava condenar os réus - alguns deles tiveram seus delitos provados ou confessados - era preciso condená-los pela “compra de votos” no Parlamento: a política (dos partidos) não presta, os políticos são desonestos, a esquerda é a pior. Essa é a mensagem que era preciso deixar através da politização completa da decisão pela Teoria do Domínio.

O Supremo Tribunal Federal faz política o tempo inteiro como todos os Tribunais Superiores do mundo e a vitória obtida pela direita ideológica -muito bem representada pela maioria da mídia neste episódio - ao transformar delitos comuns em delitos de Estado (compra de votos), vai muito além deste episódio e não se sabe, ainda, quais os efeitos que ele terá no futuro. Numa “sociedade líquida”, sem balizas culturais firmes, onde a estética da violência é festejada em horário nobre –com sangue e vitórias do culto da força- pode ser que ela vá se diluindo ao longo do tempo.

Quando o Ministro Ricardo Lewandowski teve coragem de dissentir em alguns votos, apenas dissentir: relativizar, pedir provas, impugnar uma doutrina de ocasião, foi massacrado por comentários sardônicos, ataques a sua integridade e a sua sabedoria jurídica pela mídia vigilante. Além de pretender avisar que os réus já estavam julgados, a mídia uniforme queria unanimidade. E quase obteve, pois as convicções já estavam formadas, as decisões políticas já estavam consolidadas e o Supremo Tribunal Federal estava julgando num clima de total liberdade política, na semana das eleições.

Todos os Ministros se comportaram segundo as suas convicções e devem ser respeitados, gostemos ou não dos seus votos. Mas é necessário registrar que o único que o fez contra a maré, contra o senso comum já preparado para a condenação coletiva, foi o Ministro Lewandowsky. Os seus votos e a própria forma com que eles eram comentados pela mídia, totalmente partidarizada no episódio e a maior parte dela ignorante em Direito, também coloca uma questão de fundo para o futuro democrático do país.

O preparo da opinião pública para festejar a condenação réus, independentemente das provas, foi evidentemente uma ação política dentro dos marcos do nosso Estado Democrático de Direito. Mas, pergunta-se: isso não poderá ser, no futuro, um substitutivo da Polícia do Líder, que julga, em última instância, os julgadores num regime de exceção? A influência que os meios de comunicação exerceram para promover um “clamor público” - que afinal não houve mas é óbvio que repercutiu nos Ministros do Supremo - não foi além do saudável, numa democracia onde o equilíbrio e a isenção na informação não são propriamente um predicado?

Parece-me que esta questão não é somente dos partidos de esquerda, mas de todos os partidos democráticos do país, de todos os juristas sérios, de todos os cidadão que independentemente de “gostarem”, ou não, de política, apostam numa vida democrática cada vez mais sólida e generosa.

O Brasil deve a Lewandowsky este alerta, pela sua conduta ética em se indispor - por pura convicção - contra condenações já anunciadas. Este Ministro é o Carl Schmitt ao contrário: quer que a regra seja sempre superior à exceção. Lewandowski, além de ter feito história como os demais, também contribuiu para uma memória de coragem e altivez democrática.

(*) Governador do Rio Grande do Sul

SEM PROVAS, O STF OFERECE A CABEÇA DE DIRCEU À BOCA DE URNA CONSERVADORA


"Repito o que já havia dito por ocasião do recebimento da denúncia e mantenho agora. Mesmo após vasta instrução probatória o Ministério Público limitou-se a potencializar o fato de José Dirceu exercer funções na República sem se dar a trabalho de descrever ainda que minimamente as acusações. Restringindo-se a fazer meras suposições (...) o MP não logrou produzir prova nenhuma sobre a alegada subordinação entre José Dirceu e Delúbio, o qual agia com total independência no que tocava às finanças do partido."(revisor
Ricardo Lewandowski, que absolveu o ex-ministro José Dirceu do crime de corrupção ativa, nesta 5ª feira).

DEBATE ABERTO

A espetacularização e a ideologização do Judiciário

A ideologia que perpassa os principais pronunciamentos dos ministros do STF parece eco da voz de outros, da grande imprensa empresarial que nunca aceitou que Lula chegasse ao Planalto. Ouvem-se no plenário ecos vindos da Casa Grande, que gostaria de manter a Senzala sempre submissa e silenciosa.

É com muita tristeza que escrevo este artigo no final da tarde desta quarta-feira, após acompanhar as falas dos ministros do Superemo Tribunal Federal. Para não me aborrecer com e-mails rancorosos vou logo dizendo que não estou defendendo a corrupção de políticos do PT e da base aliada, objeto da Ação Penal 470 sob julgamento no STF. Se malfeitos foram comprovados, eles merecem as penas cominadas pelo Código Penal. O rigor da lei se aplica a todos.

Outra coisa, entretanto, é a espetacularização do julgamento transmitido pela TV. Ai é ineludível a feira das vaidades e o vezo ideológico que perpassa a maioria dos discursos.

Desde A Ideologia Alemã, de Marx/Engels (1846), até o Conhecimento e Interesse, de J. Habermas (1968 e 1973), sabemos que por detrás de todo conhecimento e de toda prática humana age uma ideologia latente. Resumidamente, podemos dizer que a ideologia é o discurso do interesse. E todo conhecimento, mesmo o que pretende ser o mais objetivo possível, vem impregnado de interesses.

Pois, assim é a condição humana. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. E todo o ponto de vista é a vista de um ponto. Isso é inescapável. Cabe analisar política e eticamente o tipo de interesse, a quem beneficia e a que grupos serve e que projeto de Brasil tem em mente. Como entra o povo nisso tudo? Ele continua invisível e até desprezível?

A ideologia pertence ao mundo do escondido e do implícito. Mas há vários métodos que foram desenvolvidos, coisa que exercitei anos a fio com meus alunos de epistemologia em Petrópolis, para desmascarar a ideologia. O mais simples e direto é observar a adjetivação ou a qualificação que se aplica aos conceitos básicos do discurso, especialmente, das condenações.

Em alguns discursos, como os do ministro Celso de Mello, o ideológico é gritante, até no tom da voz utilizada. Cito apenas algumas qualificações ouvidas no plenário: o mensalão seria “um projeto ideológico-partidário de inspiração patrimonialista”, um “assalto criminoso à administração pública”, “uma quadrilha de ladrões de beira de estrada” e um “bando criminoso”. Tem-se a impressão de que as lideranças do PT e até ministros não faziam outra coisa que arquitetar roubos e aliciamento de deputados, em vez de se ocuparem com os problemas de um país tão complexo como o Brasil.

Qual o interesse, escondido por detrás de doutas argumentações jurídicas? Como já foi apontado por analistas renomados do calibre de Wanderley Guilherme dos Santos, revela-se aí certo preconceito contra políticos vindos do campo popular. Mais ainda: visa-se a aniquilar toda a possível credibilidade do PT, como partido que vem de fora da tradição elitista de nossa política; procura-se indiretamente atingir seu líder carismático maior, Lula, sobrevivente da grande tribulação do povo brasileiro e o primeiro presidente operário, com uma inteligência assombrosa e habilidade política inegável.

A ideologia que perpassa os principais pronunciamentos dos ministros do STF parece eco da voz de outros, da grande imprensa empresarial que nunca aceitou que Lula chegasse ao Planalto. Seu destino e condenação é a Planície. No Planalto poderia penetrar como faxineiro e limpador dos banheiros. Mas nunca como presidente.

Ouvem-se no plenário ecos vindos da Casa Grande, que gostaria de manter a Senzala sempre submissa e silenciosa. Dificilmente, se tolera que através do PT os lascados e invisíveis começaram a discutir política e a sonhar com a reinvenção de um Brasil diferente. Tolera-se um pobre ignorante e mantido politicamente na ignorância. Tem-se verdadeiro pavor de um pobre que pensa e que fala. Pois, Lula e outros líderes populares ou convertidos à causa popular como João Pedro Stedile, começaram a falar e a implementar políticas sociais que permitiram uma Argentina inteira ser inserida na sociedade dos cidadãos.

Essa causa não pode estar sob juízo. Ela representa o sonho maior dos que foram sempre destituídos. A Justiça precisa tomar a sério esse anseio a preço de se desmoralizar, consagrando um status quo que nos faz passar internacionalmente vergonha. Justiça é sempre a justa medida, o equilíbrio entre o mais e o menos, a virtude que perpassa todas as virtudes (“a luminossísima estrela matutina” de Aristóteles). Estimo que o STF não conseguiu manter a justa medida. Ele deve honrar essa justiça-mor que encerra todas as virtudes da polis, da sociedade organizada. Então, sim, se fará justiça neste país.

 
Leonardo Boff é teólogo e escritor.

 


Lewandowski contra marionetes do autoritarismo




Ao absolver José Genoino, o ministro Ricardo Lewandowski se valeu de um aforismo jurídico oriundo do Direito Romano. Em latim, “Quod non est in actis non est in mundo”; em português, “O que não está nos autos não está no mundo”. O ministro em questão explicava por que não podia condenar aquele réu, porque a acusação se valera de elementos que não existiam nos autos e, portanto, juridicamente não existiam no mundo.
Lewandowski se valeu, ainda, de outro aforismo muito mais conhecido, ao qual leigos como este que escreve também recorrem eventualmente: “In Dubio Pro Reo”, ou seja, “Em caso de dúvida, aja-se em favor do réu”. Se a prova é incerta por não estar nos autos ou por não ter confiabilidade plena, ainda mais sendo testemunhal, gera dúvida à condenação e, em dúvida havendo, o Direito obriga a que se decida a favor do acusado.
Assim, ao longo do julgamento da Ação Penal 470, vulgo “mensalão”, o que se pensava ser questão pacificada no Direito, até pela experiência jurídica brasileira, inverteu-se de forma casuísta em um julgamento de exceção. E o que é um julgamento de exceção se não aquele em que suas regras fogem à norma, constituindo-se em exceção para aquele julgado, seja em seu favor ou em seu prejuízo, ainda que se tenha convencionado usar essa figura para condenações.
Os tribunais de exceção não nos são estranhos. Há algum tempo, circulou pela mídia a foto de um desses tribunais. Nela, uma jovem de 19 anos, altiva, sentada no banco dos réus, olhava desafiadoramente para juízes militares que, por uma dessas supremas ironias da vida, protegiam as faces com as mãos em uma época de luta armada no país que obrigava a esses juízes dos tribunais de exceção a não se exporem enquanto estupravam o Estado de Direito.
Lewandowski, ao votar por absolver José Genoino e José Dirceu ao tempo em que pedia provas a pares que o interrompiam para já anteciparem votos condenatórios, provou, por A mais B, que a afirmação recente de seu par Celso de Mello de que aquele juízo não estaria produzindo inovação alguma não passa de falácia. Inovação há e está demonstrada em bom português e até em bom latim. E sem contestação objetiva, até aqui.
Um único ministro do Supremo erigiu toda a fundamentação jurídica para gerar ao menos a discussão sobre por que o julgamento da Ação Penal 470 seria um julgamento de exceção, um juízo casuísta, ainda que suas inovações possam ser apoiadas por vertentes outras do Direito internacional, mas que, ainda assim, não encontram no Direito brasileiro histórico digno de nota.
Lewandowski, para ensinar processo penal aos pares, não enfrenta “apenas” a quase todos, mas, também, uma máquina de moer gente que se convencionou chamar de mídia e que vai edificando a teoria de que há ministro do Supremo bom e ministro mau. Insinua a moenda midiática, pois, que o juiz que pede provas para condenar teria sido subornado de alguma forma. Assim, além do juiz, criminaliza-se qualquer um que concorde com ele.
Os pares de Lewandowski, em excessiva maioria, conseguiram montar um tribunal de exceção, casuísta, o qual, de acordo com o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, jamais será visto de novo, ou seja, não formará jurisprudência alguma, pois não se julgará e condenará pelos mesmos critérios acusados de crimes análogos aos citados na AP 470 e que integram partidos que surfam no mensalão do PT para tentarem conseguir na Justiça o que não conseguiram nas urnas.
A criminalização da política, também citada por Lewandowski, pois, foi uma das bases nas quais se assentou a última experiência ditatorial do Brasil. A ditadura militar baseou-se, antes de mais nada, na premissa de que era preciso tomar o poder à força e impedir o povo de votar porque a classe política era uma grande quadrilha que tinha que ser mantida longe do poder e das urnas. E lá se foram duas décadas de obscurantismo.
Arreganhos ditatoriais que juristas e cientistas políticos ora constatam vão sendo produzidos por juízes escolhidos de olhos fechados pela atual presidente da República e por seu antecessor, que julgavam estar aperfeiçoando a democracia ao aposentarem a prática dos antecessores de nomear aliados políticos para cargos como o de Procurador Geral da República e ministro do STF, mas que, em verdade, estavam dando azo ao autoritarismo.
No âmbito dessa escalada antidemocrática, ontem, por volta das 23 horas, o blogueiro recebe ligação de diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo dando conta de que, naquele exato momento, a Polícia estava invadindo sua sede por ordem da Justiça Eleitoral, que acolheu pedido da candidatura José Serra de apreensão de jornal daquele sindicato contendo declaração de apoio à candidatura Fernando Haddad.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Lula estranha Globo não fazer debate

“Eles não querem que o Haddad mostre a competência que tem. Essa é a verdade”, disse Lula.


Saiu na Rede Brasil Atual:

Lula ‘estranha’ ausência de debate na Globo e chama cancelamento de ‘vergonha’



Ex-presidente afirma que não querem que Fernando Haddad mostre a competência que tem; para o candidato petista, Celso Russomanno já fugiu de quatro embates e está ‘meio perdido’

Por: Tadeu Breda, da Rede Brasil Atual

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “vergonha” a decisão da Rede Globo de cancelar o debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, que seria realizado amanhã (4). “Fernando Haddad é o único candidato que apresentou o programa de governo. E veja que engraçado: em todas as campanhas que o PT estava à frente das pesquisas, tinha debate na Globo e na Record. Agora não tem mais debate”, comparou durante comício ao lado do ex-ministro da Educação em São Mateus, na zona leste da capital.

“Quando fui candidato, em 2006, colocaram uma cadeira vazia porque não fui ao debate, estão lembrados? Agora que o Haddad está louco por um debatezinho na Globo, está doido por um debatezinho na Record, nenhuma delas está fazendo debate”, continuou o ex-presidente, fazendo referência ao bordão do apresentador televisivo Boris Casoy. “É uma vergonha que a cidade mais importante do Brasil, a mais rica deste país, a que tem mais população, não tenha debate na TV.”

Os dois principais debates entre os candidatos à prefeitura paulistana deveriam ter ocorrido ao longo desta semana, mas foram cancelados por diferentes motivos. No caso da Record, a emissora argumentou que Celso Russomanno (PRB), até agora líder nas pesquisas, não poderia comparecer devido ao nascimento da filha, e que José Serra havia rejeitado o convite, versão desmentida pelo tucano.

Já a Globo anunciou a decisão depois que o candidato do PRTB, Levy Fidelix, obteve liminar garantindo a presença dele e do postulante do PSOL, Carlos Giannazi, pois ambos partidos possuem representação na Câmara Municipal. A emissora manifestou que com oito candidatos ficaria inviável encaixar um debate com duração máxima de duas horas em sua programação.

Lula estranhou a linha de argumentação da empresa da família Marinho. “O pretexto é que tem partido nanico, mas ninguém neste país pode ser condenado por ser pequeno. As pessoas precisam de TV para ficarem grandes”, contestou enquanto segurava a mão de Fernando Haddad. “O dado concreto é que eles não querem que essa pessoa aqui mostre a competência que tem. Essa é a verdade. E isso tem de ficar registrado porque fará parte da história do Brasil.”

Um pouco mais cedo, em conversa com jornalistas, o candidato petista voltou a cobrar de Celso Russomanno a realização de um debate transmitido pela internet. Para o ex-ministro da Educação, o o representante do PRB está mal informado ao afirmar que a legislação eleitoral não permite o embate virtual e que o PT está querendo mudar as regras do jogo. “Eu convidei ele para um debate e ele não aceitou. Pela quarta vez”, disse o petista, lembrando que seu adversário faltou aos encontros promovidos pelo UOL e pela Igreja Católica, além de ter dado “um jeito” de cancelar o debate da Record.

“Temos de nos encontrar para esclarecer as dúvidas. Ele não conhece o sistema de transporte de São Paulo. Não é por mal: ele não tem familiaridade com o assunto”, afirmou Haddad, novamente em referência à proposta do adversário de cobrar a tarifa de transporte público de acordo com a distância percorrida, o que, diz, acabaria por penalizar os moradores da periferia. “Estou sempre aberto a debater, sobretudo quando alguém está em dúvida, como ele. Está um pouco perdido, o que é natural para uma pessoa que está sem equipe”, provocou. “Quem sabe no segundo turno, quando estiver mais bem assessorado, ele desista da proposta de cobrar mais de quem mora longe e menos de quem mora perto.”



Clique aqui para ler “Globo cancela debate e beneficia Cerra”.

Janio quer deduzir as deduções do STF

Pelo visto, a proliferação de deduções vai continuar. Ou aumentar

Saiu na Folha (*) artigo de Janio de Freitas que trata da falta de provas do ministro relator contra José Dirceu:

Deduzir as deduções



JANIO DE FREITAS

O que se pode esperar é que os ministros debatam mais as deduções, a que nem todos aderiram

CARANDIRU, ANIVERSÁRIO de 20 anos: sem julgamento. Mensalão do PSDB em Minas: 14 anos, sem julgamento. Não é preciso seguir com exemplos para perguntar: isso é Justiça? A instituição que assim se comporta deve mesmo ser chamada de Judiciário?

E não bastam os sete anos para enfim ocorrer o atual julgamento no Supremo Tribunal Federal, ou quantos anos ainda serão necessários para o encerramento dessa história?

A decisão do deputado Valdemar Costa Neto de reclamar em corte internacional o direito de recurso contra sua condenação, já que o STF o condena como primeira e como última instância, abre uma fila que apenas não está anunciada por outros réus e seus advogados.

Talvez por haver mais de uma possibilidade e faltar escolha definida entre elas. Não por falta da deliberação de buscar outro exame para vários dos já condenados.

E, pode-se presumir, também para futuros.

O caso de Valdemar Costa Neto é bastante ilustrativo. Está condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Práticas implícitas no recebimento de dinheiro para o que a maioria do Supremo considerou compra, pelo PT, de apoio na Câmara para o governo Lula.

O deputado reconhece não ser inocente, mas atribui a condenação a motivo errado.

Tem um argumento que o Supremo, de fato, desconheceu: votou contra o governo e até apresentou emenda contrária ao projeto originário do Planalto para modificações na Previdência.

Votação e emenda comprováveis, uma e outra contradizendo a venda de voto ou apoio em que se fundou a condenação.

O recebimento de R$ 8,8 milhões, cujo destino Valdemar Costa Neto jamais esclareceu, não comporta dúvida. Está configurado no processo.

Mas a finalidade de compra de apoio, do próprio deputado ou de todo o seu partido (PL à época, hoje PR), foi estabelecida por dedução do procurador-geral da República, depois adotada pelo ministro relator Joaquim Barbosa e, por fim, aceita pela maioria do tribunal.

O recurso a deduções foi tão numeroso, em relação a tantos réus e acusações, que os ministros Luiz Fux, Ayres Britto e Celso de Mello fizeram frequentes explanações com o propósito de legitimá-lo judicialmente.

Com isso deixaram, porém, o que parece ser a via principal em exame por parte de defensores, para a busca de recursos ao STF mesmo ou uma corte internacional.

A julgar pelo visto ontem, na iniciada acusação do relator Joaquim Barbosa aos que considere corruptores, a proliferação de deduções vai continuar. Ou aumentar.

Margem mais farta, portanto, para a busca de recursos, a cada um correspondendo a suspensão dos respectivos julgamento e sentença.

A esta altura, a impressionante tecitura feita pelo relator Joaquim Barbosa não tem como apresentar mais provas do que as reunidas.

O que se pode esperar é que os ministros debatam mais as deduções, a que nem todos aderiram. Até porque o eventual êxito de recurso atingiria o conceito do julgamento e do tribunal.



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Hipocrisia, o teu nome é STF!

Brincando de moralismo 
Por André Araújo

A última sessão do STF produziu um duríssimo voto do ministro decano da Corte, uma pregação moralista digna de um apostolo dos Evangelhos. Um visitante de Marte pensaria que o Caso mensalão é uma erupção vulcânica única no território brasileiro, que pegou o País de surpresa porque nunca antes tinha acontecido algo remotamente similar.

A coisa toda soa falsa porque o país convive com situações de conluios políticos continuados e de proporções maiores e mais graves desde a fundação da Nova República, apenas para delimitar um período, situações a que o tribunal assistiu impassível e tranquilamente.

O próprio ministro decano foi nomeado por um dos governos de maior vulnerabilidade ética desse período, o Governo Sarney. Essa mesma oligarquia conseguiu do complexo STF/TSE um feito extraordinário de altíssima controvérsia, a deposição do Governador do Maranhão Jackson Lago por firulas diminutas do processo eleitoral, nomeando-se em sequência a atual governadora Roseana Sarney, amplamente rejeitada pelos eleitores maranhenses, com votação muito inferior ao governador cassado. A interpretação do feito foi seletiva, invés de se fazer nova eleição colocou-se no lugar a segunda e muito mal votada herdeira da oligarquia, tudo com apoio do tribunal.

No julgamento do ex-presidente Collor, o mesmo decano que fustigou os imorais do mensalão votou pela absolvição do ex-presidente, cujo tesoureiro de campanha manipulou quantias em nome do presidente que fazem os valores do mensalão serem meros trocados. Não viu então o decano imoralidade suficiente para qualquer condenação e muito menos discurso moralista.

A própria história do Excelso Pretório conheceu muitas situações que passaram longe da moral e da ética. O ex-presidente do Supremo, José Linhares, empossado temporariamente na Presidência da Republica com a deposição de Getúlio Vargas em outubro de 1945, em 90 dias de mandato nomeou 61 parentes e quando censurado disse a frase célebre nos anais da Republica: "Prefiro ficar mal com a Pátria do que com a minha família."

Já o ex-presidente do STF Francisco Rezek, que deu votos favoráveis ao candidato Collor na campanha contra Lula, foi depois nomeado pelo eleito Presidente para Ministro das Relações Exteriores, notável conflito de interesses que o tribunal fingiu ignorar. Saído do Ministério o Chanceler Rezek regressou ao STF, na maior naturalidade, não se tendo registrado nenhuma estranheza na Corte.

No Governo Sarney um poderoso deputado federal, líder do Centrão, explicitou a barganha no Congresso com a célebre frase de São Francisco de Assis "É dando que se recebe", que embute no seu entendimento algo muito próximo ao mensalão, não se sabendo de qualquer reação, por mínima que fosse, da mais Alta Corte do País.

No Governo FHC ocorreram graves panes no terreno da moralidade politica. O caso da reeleição, o caso Sivam, o caso das teles, com a imorredoura frase "Estamos no limite da irresponsabilidade", proclamada pelo então vice presidente do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio, sobre as cartas de fiança do Banco pra certos grupos licitantes nos leilões. O STF assistiu a tudo isso, houve condenação moralista nesses casos de bilhões e não dos trocados mensalão? Nada. Os São Tomás de Aquino nada viram.

No tema PROER o período assistiu a quebra de enormes bancos como Econômico, Nacional, a liquidação extrajudicial do BANESPA, a quebra informal e revenda do Bamerindus, todos casos onde se comprometeram recursos públicos de bilhões de dólares. Nada disso abalou a Suprema Corte, discursos moralistas não foram ouvidos, mas todos esses negócios foram altamente controversos, com espaço para muitas duvidas, de peso infinitamente superiores ao Mensalão. Nem Ministério Publico e nem Supremo deram as caras.

O caso dos Anões do Orçamento significou manipulações gigantescas no orçamento da União com a finalidade de criar matéria prima para a corrupção em alta escala. O STF se manifestou?

Porque então se proclama um discurso de pregação ético-moral digno do púlpito da Igreja de São Pedro no Vaticano, tal a elevação do tom. A manifestação parece altamente seletiva porque não ocorreu em outros casos que passaram pelo tribunal, só nesse e exclusivamente nesse?

O discurso (muito mais que um voto) do Ministro cria a impressão que o sistema politico brasileiro agora irá mudar, a imoralidade ficou no passado. Será? Nada indica mudanças substanciais no "é dando que se recebe", o mecanismo de EMENDAS PARLAMENTARES, um trem de corrupção, continua onde sempre esteve, as emendas estão mais vigorosas do que nunca.

Qual a contribuição do STF para a reforma do sistema politico brasileiro, do qual o mensalão é um efeito e não causa? Nenhuma. Qual o STF foi instado a julgar a fidelidade partidária, manteve a extraordinária infidelidade brasileira, única no planeta, que permite a um Kassab formar do nada, aliciando congressistas em outros partidos, recrutar 47 parlamentares em curtíssimo tempo, não só isso, conseguiu também do nada tempo de televisão e polpuda verba do Fundo Partidário, tudo com beneplácito do STF. Essa lassidão e tolerância só aumenta a malignidade do sistema politico que o STF teve chance de melhorar, mas preferiu deixar como está ou até piorar.

Em um caso pontual está, no entanto fazendo verdadeiro Auto-de-fé da Inquisição Espanhola, queimando hereges em praça publica, torturando-os antes, para exemplo de malhação e expiação.

O linchamento e o que dele resultará em nada contribui para a construção nacional, criará ódios e tensões que se projetarão para o futuro, um grande desserviço à nação, uma moralidade de almanaque, sem grandeza e sem sabedoria.

Candidato denuncia: Globo quis me comprar !

Levy Fidelix diz ter recebido oferta para desistir do debate em troca de espaço dentro da cobertura jornalística da Globo.


Do infatigável Stanley Burburinho (quem será ele, o mais sujo dos sujos ?):

“Fidelix afirmou, ainda, ter sido procurado por funcionários da emissora [TV Globo] para que desistisse de participar do debate em troca de um espaço maior dentro da cobertura jornalística nos telejornais regionais. Seria uma forma de suborno, segundo o representante da legenda.

– Tentaram me comprar – disse.”


Rede Globo é alvo de pedido de CPI após cancelar debate na capital paulista



A Rede Globo de Televisão será alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, na Câmara dos Deputados, se for aprovado o pedido formulado por Levy Fidelix, presidente do PRTB. A demanda iniciou-se nesta quarta-feira, após a emissora cancelar, na véspera, o debate que seria realizado nesta quinta-feira entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Fidelix afirmou que contará com o representante de seu partido na Câmara, o deputado federal Auréo Lídio Moreira Ribeiro (RJ), entre outros apoiadores no Legislativo para instaurar um processo contra a emissora, que, segundo ele, tem problemas com a arrecadação de impostos.

Levy venceu uma ação contra a rede de TV, movida na Justiça Eleitoral de São Paulo, que pretendia realizar o debate de São Paulo com, no máximo, seis candidatos, e deixar de fora o postulante do PRTB. Com base na Lei Eleitoral, que garante participação de um concorrente cujo partido possui representantes na Câmara dos Deputados, Levy garantiu, em primeira instância, a sua participação no programa. A Globo, no entanto, recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TER/SP), mas, segundo nota da própria emissora, o debate foi cancelado “devido à falta de tempo para garanti-lo na Justiça”, uma vez que o TSE ainda não se decidiu sobre o assunto.

Segundo a emissora, o debate deveria ser realizado com apenas seis candidatos – Celso Russomano (PRB), José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS) e Paulinho da Força (PDT), os primeiros colocados nas pesquisas –, formato que considera “ideal”. Além de Levy, Carlos Giannazi (PSOL) também teria garantido o direito de participar do debate, de acordo com a Lei Eleitoral, e também brigava na Justiça para garantir sua participação. Em 2008, a emissora cancelou o debate na capital paulista também pelo excesso de candidatos. Segundo o candidato do PRTB, a Globo “tentou usurpar a competência do Congresso” e se considera “acima da lei”.

– A Justiça deu na testa da Globo – afirmou Levy.

O presidente do PRTB considerou “radical” o cancelamento do debate.

– Para mim, perdeu a democracia – lamentou.

Fidelix afirmou, ainda, ter sido procurado por funcionários da emissora para que desistisse de participar do debate em troca de um espaço maior dentro da cobertura jornalística nos telejornais regionais. Seria uma forma de suborno, segundo o representante da legenda.

– Tentaram me comprar – disse.

Além da TV Globo, a TV Record também cancelou seu debate, que iria ao ar na segunda-feira, dia 1º. A emissora alegou que o debate não poderia ser realizado sem a participação de Celso Russomano, que não poderia participar por conta do nascimento de sua filha, e José Serra, que, de acordo com a emissora, não havia confirmado presença. A afirmação foi negada pelo tucano. Para Levy, o debate da Record foi cancelado para “proteger” Russomano na reta final da eleição.

– É uma farsa – disse sobre o líder nas pesquisas de intenção de votos. E questionou: “Será que a Globo tem algum candidato?”

Procurada por jornalistas, a Rede Globo não se manifestou a respeito das afirmações do candidato, e se limitou a dizer que, “como em todos os anos, se buscou um acordo para viabilizar um debate com seis candidatos, número máximo viável para uma discussão produtiva. E isso não foi possível”.

Fidelix não revelou quem pretende apoiar no segundo turno.

Candidato denuncia: Globo quis me comprar !

Levy Fidelix diz ter recebido oferta para desistir do debate em troca de espaço dentro da cobertura jornalística da Globo.


Do infatigável Stanley Burburinho (quem será ele, o mais sujo dos sujos ?):

“Fidelix afirmou, ainda, ter sido procurado por funcionários da emissora [TV Globo] para que desistisse de participar do debate em troca de um espaço maior dentro da cobertura jornalística nos telejornais regionais. Seria uma forma de suborno, segundo o representante da legenda.

– Tentaram me comprar – disse.”


Rede Globo é alvo de pedido de CPI após cancelar debate na capital paulista



A Rede Globo de Televisão será alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, na Câmara dos Deputados, se for aprovado o pedido formulado por Levy Fidelix, presidente do PRTB. A demanda iniciou-se nesta quarta-feira, após a emissora cancelar, na véspera, o debate que seria realizado nesta quinta-feira entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Fidelix afirmou que contará com o representante de seu partido na Câmara, o deputado federal Auréo Lídio Moreira Ribeiro (RJ), entre outros apoiadores no Legislativo para instaurar um processo contra a emissora, que, segundo ele, tem problemas com a arrecadação de impostos.

Levy venceu uma ação contra a rede de TV, movida na Justiça Eleitoral de São Paulo, que pretendia realizar o debate de São Paulo com, no máximo, seis candidatos, e deixar de fora o postulante do PRTB. Com base na Lei Eleitoral, que garante participação de um concorrente cujo partido possui representantes na Câmara dos Deputados, Levy garantiu, em primeira instância, a sua participação no programa. A Globo, no entanto, recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TER/SP), mas, segundo nota da própria emissora, o debate foi cancelado “devido à falta de tempo para garanti-lo na Justiça”, uma vez que o TSE ainda não se decidiu sobre o assunto.

Segundo a emissora, o debate deveria ser realizado com apenas seis candidatos – Celso Russomano (PRB), José Serra (PSDB), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS) e Paulinho da Força (PDT), os primeiros colocados nas pesquisas –, formato que considera “ideal”. Além de Levy, Carlos Giannazi (PSOL) também teria garantido o direito de participar do debate, de acordo com a Lei Eleitoral, e também brigava na Justiça para garantir sua participação. Em 2008, a emissora cancelou o debate na capital paulista também pelo excesso de candidatos. Segundo o candidato do PRTB, a Globo “tentou usurpar a competência do Congresso” e se considera “acima da lei”.

– A Justiça deu na testa da Globo – afirmou Levy.

O presidente do PRTB considerou “radical” o cancelamento do debate.

– Para mim, perdeu a democracia – lamentou.

Fidelix afirmou, ainda, ter sido procurado por funcionários da emissora para que desistisse de participar do debate em troca de um espaço maior dentro da cobertura jornalística nos telejornais regionais. Seria uma forma de suborno, segundo o representante da legenda.

– Tentaram me comprar – disse.

Além da TV Globo, a TV Record também cancelou seu debate, que iria ao ar na segunda-feira, dia 1º. A emissora alegou que o debate não poderia ser realizado sem a participação de Celso Russomano, que não poderia participar por conta do nascimento de sua filha, e José Serra, que, de acordo com a emissora, não havia confirmado presença. A afirmação foi negada pelo tucano. Para Levy, o debate da Record foi cancelado para “proteger” Russomano na reta final da eleição.

– É uma farsa – disse sobre o líder nas pesquisas de intenção de votos. E questionou: “Será que a Globo tem algum candidato?”

Procurada por jornalistas, a Rede Globo não se manifestou a respeito das afirmações do candidato, e se limitou a dizer que, “como em todos os anos, se buscou um acordo para viabilizar um debate com seis candidatos, número máximo viável para uma discussão produtiva. E isso não foi possível”.

Fidelix não revelou quem pretende apoiar no segundo turno.