Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Dilma parou BH e disse a blogueiros que vai recuperar seu mandato

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Na noite da última sexta-feira, o número 1050 da avenida Afonso Pena, região central de Belo Horizonte, atraiu uma quantidade incomum de gente (para uma cidade de 2,5 milhões de habitantes). As estimativas dos organizadores de comparecimento citam 40 mil pessoas. O que se pode dizer é que o ato público parou o centro da capital mineira.
Manifestação da Frente Brasil Popular contra o “governo” Michel Temer e a favor da volta de Dilma Rousseff ao cargo marchou rumo ao hotel Othon Palace, onde ocorre, até domingo (22/05/2016), o 5º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais de esquerda.
No início da noite, pouco antes de Dilma chegar ao Encontro de Blogueiros, um pequeno grupo de manifestantes antipetistas se posicionou diante do hotel Othon, na “ilha” que divide as duas pistas da avenida Afonso Pena, e começou a fazer provocação aos manifestantes pró Dilma que começavam a chegar para ato que a Frente Brasil Popular havia marcado para terminar diante do evento, coincidindo com a chegada da presidente ao local.
Contudo, conforme vinham chegando caudalosas ondas de manifestantes pró Dilma, os provocadores meteram a viola no saco e foram embora. Quando Dilma chegou ao local, por volta das 21 horas, dezenas de milhares a esperavam. Confira, abaixo, o momento da chegada da presidente ao evento.
Lá dentro, no auditório do hotel, cerca de 500 pessoas espremiam-se de tal forma que as redes de tevê que cobriam o evento tiveram dificuldade para transmitir. Quando Dilma adentrou o recinto, teve que esperar quase uma hora até que as saudações e ovações terminassem.
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Enquanto Dilma discursava para aquelas centenas de pessoas, um grupo de blogueiros foi conduzido a uma sala contígua para esperar a presidente, que daria, ali, uma coletiva de imprensa.
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Foram feitas seis perguntas e uma delas coube a este que escreve. Perguntei à presidente sobre como via a sua eventual destituição definitiva do cargo e se tinha planos para o caso de essa hipótese se configurar. A resposta de Dilma surpreendeu pela segurança e rapidez com que foi dada.
A presidente da República fez questão de deixar bem claro que sequer trabalha com a hipótese de ser afastada definitivamente do cargo. Em conversas ao pé da orelha, está dizendo que vai dar um trabalhão desfazer todas as atrocidades que julga que Temer está cometendo.
O entorno imediato da presidente afirma que ela precisa reverter apenas 3 votos no Senado para manter o cargo. Alguns desses assessores e correligionários acreditam que ela pode reverter a seu favor, no mínimo, uns dez votos.
Após todos esses eventos, um grupo de blogueiross saiu pelas ruas de BH. Eu caminhava ao lado do blogueiro curitibano Tarso Cabral Violin, do Blog do Tarso. Passamos por alguns barzinhos lotados. Em vários deles, ouviam-se coros tonitruantes de “Fora, Temer!”. Tarso se espantou. Disse que seria “impossível” ver uma cena como aquela em Curitiba.
Seja como for, o fato é que as burradas de Temer e de seu “machistério” – que Dilma bem definiu como “velho, branco e masculino” – promoveram uma reviravolta no cenário. Estão crescendo as apostas a favor da recuperação do mandato da presidente legítima dos brasileiros.
A conferir.

domingo, 12 de outubro de 2014

O ciclo da traição se completa: Marina vai de Aécio

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A velha roda das traições nunca pára.
Quando se deixa o ressentimento tomar conta da consciência política, a tendência, quase sempre, é dar a volta a si mesmo e se tornar o oposto de tudo que já se foi.
Foi assim com Carlos Lacerda.
Foi assim com Roberto Freire.
Foi assim com Marina Silva.
Marina Silva fez a sua vida política dentro do PT.
Teve solidariedade, apoio e recursos do partido, que a resgatou de um destino obscuro no longínquo Acre para uma trajetória brilhante: foi vereadora, deputada e, enfim, senadora.
Lula a faz ministra de Estado, coroando sua carreira.
Por que Marina entrou na política?
Ela o fez porque, junto com Chico Mendes, sentia que precisava lutar contra a opressão capitalista, que explora o trabalhador, que desmata florestas, que ignora as condições miseráveis do pobre, que usa o Estado apenas para beneficiar os ricos.
Lutando contra isso, ela entrou no PT, e o PT, quando chegou ao poder federal, iniciou os maiores programas sociais da história do nosso país, reduziu brutalmente o desmatamento da Amazônia, salvou a agricultura familiar do destino cruel que o neoliberalismo tentava lhe reservar.
Marina sequer nega isso, tanto que, em sua campanha, sempre elogiou as conquistas sociais do governo Lula.
Então o que faz Marina Silva agora apoiar Aécio Neves, representante do mais duro neoliberalismo?
Do neoliberalismo que oprimiu milhões de pessoas, não só no Brasil?
Simples, a sua opção segue a escala de seu ressentimento.
O TSE não aprovou a criação de seu partido?
Culpa no PT.
Não chegou ao segundo turno?
Culpa do PT.
Daí que, de candidata que tentou associar a si mesma aos protestos de junho, Marina agora se liga ao partido que defendeu abertamente a criminalização dos manifestantes.
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Infelizmente, a política está cheia desses exemplos.
O poder de transferência de votos de Marina, porém, é perto do nulo, porque os eleitores antipetistas que migraram para Aécio, já estão na conta do tucano.
A mística de Marina assentava-se, justamente, em superar a polarização entre petistas e tucanos.
Alguém acima do bem e do mal.
Essa mística se quebrou.
Marina agora é mais uma política que fala uma coisa e faz outra.
A aliança com a direita consuma o seu fim.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Golpe de 64 e a imprensa: 50 anos depois, a manipulação continua; depois da ditabranda, a “ditacurta”


por Luiz Carlos Azenha
Ao participar no sábado do evento TV Globo: Do Golpe de 64 à Censura Hoje, o professor Luiz Antonio Dias contou um pequeno causo. Ele descobriu nos arquivos da Unicamp pesquisas do Ibope, algumas das quais nunca divulgadas, demonstrando apoio a João Goulart, à política econômica de Goulart e às reformas de base propostas por ele. Pesquisas feitas em 1963 e às vésperas do golpe que derrubou o presidente constitucional, em 64.
Há alguns dias, o professor recebeu uma ligação de um jornalista de O Globo. Como estava na rua e não dispunha dos números exatos nas mãos, arredondou: disse que as reformas de Jango tinham cerca de 70% de apoio popular. No outro dia foi olhar no jornal e constatou: segundo o jornalista, 30% dos entrevistadosrejeitavam as reformas! Ou seja, o jornalista optou pelo viés negativo e cometeu um erro, já que o número real dos que rejeitavam era de 9% — os demais não sabiam ou não responderam.
É a manipulação de informações, versão 2014!
Vejamos outro caso:
O título acima, da Folha, reflete uma escolha editorial. Ênfase a algo dito pelo entrevistado que desqualifica a luta armada de resistência à ditadura. Muito mais importante, a meu ver, é esta afirmação, já que estamos tratando, 50 anos depois, de rever a História:
Por que não foi para o título? Porque chama atenção para o papel da mídia no golpe e, indiretamente, da própria Folha de S. Paulo.
Notem também a pergunta safada incluída na pesquisa do Datafolha:
Claramente, a pergunta é dos apoiadores do golpe e dos organizadores e financiadores da tortura na Operação Bandeirantes: iguala a tortura organizada e financiada pelo Estado, com apoio de empresários como Octávio Frias de Oliveira, a casos que a Folha não define quais são, de parte da resistência. Nojento!
Já o caderno do Estadão sobre o golpe fala em uma sociedade dividida, mas não é enfático ao definir a divisão: de um lado a elite brasileira, com apoio dos Estados Unidos, tendo como um dos principais conspiradores Júlio de Mesquita Neto; de outro, os trabalhistas e as reformas de base, dentre as quais — tremores no prédio do Estadão — a reforma agrária. O jornal escreve que deixou de apoiar os golpistas logo depois que eles adiaram as eleições de 65, como se isso diminuisse a responsabilidade do diário moribundo por incitar a quartelada.
Na palestra acima, que vale muito a pena ver, o professor Luiz Antonio Dias fala um pouco sobre este papel. Ele fez seu estudo de mestrado a respeito do papel da Folha e do Estadão nos meses que antecederam o golpe.
Conta de um caderno especial que saiu na Folha, antes do 31 de março, falando de um novo tempo que o Brasil viveria! Sugere, assim, que o jornal sabia antecipadamente que João Goulart seria derrubado.
Fala das notícias falsas plantadas na época  – por exemplo, a de que emissários de Moscou tinham estado com o governador de Pernambuco, Miguel Arraes e que a revolução comunista começaria por Pernambuco.
Fala dos “tentáculos vermelho-amarelos” da propaganda anticomunista, que justificou a derrubada de Goulart.
O professor cita um argumento do jornal ao publicar uma notícia não confirmada: “Não sabemos bem ao certo, mas a fonte é segura”. Isso lembra muito o que escreveu a Folha sobre a ficha falsa da candidata do PT Dilma Rousseff publicada na primeira página durante a campanha eleitoral de 2010. Ao investigar,depois da publicação, afirmou o jornal que era impossível confirmar ou desmentir a informação.
Em resumo: 1964 é agora! Talvez de forma mais sutil, já que existem as redes sociais para desmentir, mas a omissão, a manipulação, a distorção e a falta de contexto continuam.
O professor também dá uma sapecada no historiador Marco Antonio Villa, o teórico da “ditacurta” que tem obtido grande espaço na Globonews.
Leia também:

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Apoio a Genoino constrange seus carrascos


Com tantos assuntos ocupando o noticiário político – “rolezinhos”, escândalos envolvendo o PSDB de São Paulo etc. –, um deles, a despeito da relevância, teve cobertura desproporcionalmente pequena. O ex-deputado José Genoino, praticamente sem pedir, recebeu doações em dinheiro de mais de seiscentos mil reais em cerca de uma semana.
Pressionada por amigos e admiradores do ex-deputado – que já estavam criando sites para arrecadar a pequena fortuna necessária para pagar a multa que lhe foi imposta por sua condenação –, sua família criou umsite oficial contendo informações a quem quiser colaborar.
O site de fundo vermelho-PT e letras brancas tem algumas poucas fotos de Genoino durante sua luta contra a ditadura e nos dias atuais. A página é despojada, objetiva e já anuncia no alto que os advogados do ex-deputado estão questionando judicialmente a majoração que a multa sofreu por determinação judicial – de 468 mil reais foi aumentada para 667 mil.
Há, também, as instruções para doação, que pode ser feita via depósito bancário, cartão de crédito etc. O doador recebe uma senha para acompanhar a evolução da arrecadação e o número de contribuintes.
Da última vez que vi – e lá se vão dias –, cerca de mil pessoas registraram suas doações. Todavia, a quantidade de contribuintes é muito maior porque essas cerca de mil pessoas são as que fizeram repasses de quantias que arrecadaram em “vaquinhas” que encabeçaram, com as quais, muitas vezes, 10, 20, 30 pessoas contribuíram.
Essa informação sobre a quantidade de doadores ser bem maior do que a registrada não me foi passada pela família ou por uma filha do ex-deputado com quem tenho me comunicado de vez em quando via e-mail, mas por experiência própria e por relatos de amigos-leitores.
Eu mesmo, fiz minha doação a Genoino na conta de uma pessoa que estava recebendo doações de todos os valores para repassar a ele. Segundo me relatou, houve depósitos de 30, 50, 100 reais. Não sei quantas pessoas foram, mas não foram poucas.
Arrisco dizer, porém, que umas vinte mil pessoas devem ter feito doações, se não forem mais.
Perguntei-me: quantos políticos podem dizer que, caso precisassem, receberiam tal solidariedade. Imagino que José Dirceu também receberia. E acho que todos os outros petistas condenados no julgamento do mensalão também. Duvido, porém, que os condenados de outros partidos ou políticos em geral, de qualquer partido, conseguiriam tal feito.
Esse fenômeno que beneficiou o ex-deputado, no entanto, praticamente não ganhou destaque na mídia.
Enfim, se minha estimativa de 20 mil contribuintes for razoável – e não vejo como não seria –, trata-se de gente suficiente para lotar um pequeno estádio de futebol. São políticos, sindicalistas, estudantes, donas de casa, pedreiros, marceneiros, advogados, engenheiros, filósofos, artistas, religiosos, jornalistas… E por aí vai.
Serão todos “mensaleiros” ou “apoiadores de bandidos”? Famílias inteiras contribuíram. Alguns, sei que doaram mesmo passando por dificuldades financeiras. Conheço gente desempregada que contribuiu.
Não foi um bando de ingênuos, de caipiras ou de ladrões que apoiou o ex-deputado. Foram cidadãos educados, de várias classes sociais, politizados, muitos dos quais nunca viram esse homem na vida. Doaram porque, no fundo de suas consciências, tendo acompanhado cada passo do julgamento do mensalão, entenderam que a condenação de Genoino foi injusta.
Essa realidade incomoda os carrascos do ex-deputado – a mídia (adiante de qualquer outro), o STF, o PSDB, o PPS, o DEM, o PSOL e todos os que, políticos ou não, fazem oposição cerrada ao PT e não tiveram um pingo de comiseração por uma família que, além de tantos sofrimentos, atravessa dura crise financeira e, sobretudo, emocional.
A família de Genoino, para arcar com a vida em Brasília – uma das cidades mais caras do Brasil, onde o ex-deputado, em contrariedade às leis penais, cumpre prisão domiciliar –, já vem tendo que se desfazer dos poucos bens que esse homem acumulou ao longo de décadas na política. Mesmo assim, o jornal O Estado de São Paulo não teve dó.
Matéria repugnante desse jornal, em tom de denúncia, revelou que a casa que essa família alugou em um condomínio fechado tem aluguel de 4 mil reais. Citou “três suítes” nessa “mansão”. Um “escândalo”…
Aluguel nesse valor em uma cidade como Brasília, contudo, só dá para uma casa comum de classe média. E o imóvel, obrigatoriamente, tem que ser num condomínio fechado, pois a família de Genoino já esteve sob ameaça de antipetistas fanáticos após se instalar naquela cidade para cuidar dele durante sua prisão domiciliar
Vale lembrar, ainda, que o ex-deputado está em prisão domiciliar devido a seus problemas de saúde.
Essas milhares de pessoas que apoiam Genoino, a própria situação financeira dele e dessa família composta por pessoas simples como a professorinha Miruna – a filha que tem lutado como uma leoa pelo pai, expondo-se à virulência das redes sociais e da mídia com uma coragem rara –, são fatos mortais para a teoria de que ele é um “bandido”.
Que bandido é esse que, ao longo de toda uma vida na política, mergulha em situação financeira tão grave que obriga sua família a vender um de seus dois automóveis (com anos de uso) para poder pagar o aluguel da “mansão” que o Estadão, de uma forma inimaginavelmente calhorda, inventou?
Tudo isso não combina com a imagem que a mídia, o STF e os inimigos do PT em geral criaram para Genoino, pois não? Daí o constrangimento dos carrascos dele.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Lula, na TV, diz que vai pedir votos para Dilma: “A vitória dela é minha vitória”

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Lula deu uma ótima entrevista à TVT, emissora dos trabalhadores do ABCD e deixou bem claro que vai “pedir votos” para Dilma. “A vitória da Dilma é a minha vitória”, disse: é como se fosse minha própria campanha.
O ex-presidente falou que a imprensa precisa evoluir. “Passaram de um pensamento único a favor do governo anterior, para um pensamento único contrário”. E que os políticos não querem mudar estas regras.
A inicativa dos “Mais Médicos”, segundo Lula, vai aumentar as reivindicações em matéria de saúde e lembrou que a CPMF foi encerrada para prejudicar seu Governo e para imepdir que, através dela, se pudessem acompanhar as movimentações financeiras e combater a sonegação.
Lula duvida que a reforma política possa ser feita exclusivamente pelos parlamentares, defendeu o financiamento público de campanhas e defendeu o plebiscito para sua aprovação.
PS. Quinta-feira, às 19:30, também na TVT, este modesto blogueiro vai discutir o leilão do campo de Libra.
Por: Fernando Brito

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O que Pinochet disse a Alexandre Garcia?



Alexandre Garcia
Prezado jornalista Alexandre Garcia, eu já sabia da sua proximidade com o regime militar brasileiro.
Você foi porta-voz do general João Batista Figueiredo, não se pode esquecer este detalhe do seu extenso currículo profissional.
O telegrama do governo britânico sobre Alexandre Garcia
O telegrama do governo britânico sobre Alexandre Garcia
Lembro-me também da sua participação na cobertura da Guerra das Malvinas, parecia então uma coisa heróica. Soube inclusive que rendeu uma homenagem da rainha da Inglaterra, a sua cobertura pró-ingleses, um feito memorável, sem dúvida.
E soube ainda que o governo inglês também gostou demais das suas reportagens.
Foi o que li em um bilhete (clique Aqui) enviado por um diplomata britânico para o governo britânico. O documento é público e pode ser encontrato nos arquivos online da Fundação Margareth Thatcher, recentemente falecida.
Você foi longe, hein Alexandre?
Neste bilhetinho, além da empolgação dos ingleses com o seu perfil profissional, chamou-me a atenção pra valer o ali mencionado encontro seu com o ditador chileno Augusto Pinochet. Uau! Fiquei curioso pra saber sobre o que vocês conversaram.
Alexandre, você e seu faro jornalístico certamente perguntaram ao ditador sobre os milhares de desaparecidos, os assassinatos, as torturas, o estádio do terror, certo? Não perguntaram?
Claro que perguntou, um súdito postiço da rainha da Inglaterra não perderia essa oportunidade.
Ou perderia?
Conta pra gente, Alexandre, conta, vai.
Luiz Antonio Cintra
No CartaCapital

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Dilma cobrará PT em Congresso, mas vive 'lua-de-mel' com petistas



Presidenta vai abrir IV Congresso Nacional do PT com discurso em defesa da unidade do partido e da responsabilidade dele no apoio ao governo em momento de incertezas globais. Depois de um início atribulado nas relações com o governo, líderes petistas na Câmara e no Senado reconhecem evolução e estão prontos para responder positivamente ao chamado de Dilma.

BRASÍLIA – A presidenta Dilma Rousseff vai participar da abertura do IV Congresso Nacional do PT, nesta sexta-feira (02/09), com a intenção de cobrar do partido que tenha responsabilidade na defesa do governo, especialmente neste momento de incertezas econômicas globais. E, depois de um início de mandato tumultuado nas relações com aliados, o apelo deverá ser atendido no documento final do Congresso.

“A presidenta vai falar muito da responsabilidade do partido nesse momento delicado mas de grandes oportunidades e que o PT tem de se assumir a responsabilidade como força hegmônica do governo”, disse à Carta Maior a ministra-chefe das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

Para a ministra, não pode haver mais dúvidas de que Dilma é e se sente petista. Nos primeiros meses de mandato, surgiram algumas desconfianças dentro do PT sobre o tipo de relação que a presidenta vinha estabelecendo, mais distante do que fazia o antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

O poder do então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, como articulador político alimentava a inquietação. Além de não terem acesso a Dilma, os petistas (e os partidos em geral) não conseguiam falar com Palocci, que represava nomeações e a liberação de emendas parlamentares. A situação, agora, é outra.

“A relação com o governo melhorou bastante. Hoje, temos ligação direta com o Palácio e articulação permanente com os ministros do PT”, diz o líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE). “O Congresso vai reafirmar nossa unidade e nosso apoio ao governo, que já existem hoje.”

Entre os deputados federais, o clima de satisfação é o mesmo, segundo o líder da bancada, Paulo Teixeira (SP). “O Congresso do PT dará apoio integral às políticas do governo Dilma”, afirma.

De acordo com Ideli, o que ocorreu, nos últimos tempos, foi a “institucionalização” da relação de Dilma com o PT, uma novidade. “O Lula era da cozinha do PT, tinha mais convivência com o partido do que a Dilma. Hoje, a presidenta tem uma relação institucional com o PT que o Lula não tinha”.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Roberto Carlos e a Ditadura Militar de 64


por Urariano Mota,

As datas, os aniversários, têm um poder evocativo muito forte. Esta semana me veio de súbito uma pergunta: que música seria mais representativa do golpe militar de 64? Quais canções, que músico seria mais representativo daqueles anos inaugurados em um primeiro de abril?

Num estalo me veio que Roberto Carlos deve ter sido o compositor mais representativo da ditadura. Não sei se num curto espaço conseguirei ser claro. Mas tento. Os mais velhos sabem que a lembrança daqueles anos muito tem a ver com os rádios, em todos os lugares, tocando

“De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar
se você não vem e eu estou a lhe esperar
só tenho você no meu pensamento
e a sua ausência é todo meu tormento
quero que você me aqueça nesse inverno
e que tudo mais vá pro inferno”

Quando Roberto Carlos explodiu os rádios do Brasil, ele cresceu em um programa que arrebentou em 65. O programa Jovem Guarda se opunha ao O Fino da Bossa, com Elis. Enquanto O Fino da Bossa fazia uma ponte entre os compositores da velha guarda do samba e os compositores de esquerda, o Jovem Guarda…

“Eu vou contar pra todos a história de um rapaz
que tinha há muito tempo a fama de ser mau..”

“O Rei, o Rei não tem culpa…”, diz-nos um senhor encanecido, ex-jovem guarda (e como envelheceu a jovem guarda!). “O Rei não tem culpa…”. Sim, compreendemos: quem assim nos fala quer apenas dizer, Roberto Carlos não teve culpa de fazer o medíocre, de falar aos corações da massa jovem daqueles anos. À juventude alienada, mas juventude de peso, em número, que ganha sempre da minoria de jovens estudiosos. Que mal havia em falar para a sensibilidade embrutecida mais ampla? É claro que ele não teve culpa de macaquear a revolução musical dos Beatles em versões bárbaras, em caricaturas dos cabelos longos, alisados a ferro e banha, para lisos ficarem como os dos jovens de Liverpool.

Mas é sintomático nele a passagem de cantor da juventude para o “romântico”. Essa passagem se deu na medida em que os jovens de todo o mundo deixaram de ser apenas um mercado de calças Lee e Coca-Cola, e passaram a movimentos contra a guerra do Vietnã, até mesmo em festivais de rock, como em Woodstock. Ou, se quiserem numa versão mais brasileira, o Rei Roberto se torna um senhor “romântico” na medida em que as botas militares pisam com mais força a vida brasileira. Ora, nesses angustiantes anos o que compõe o jovem, o ex-jovem, que um dia desejou que tudo mais fosse para o inferno? – Eu te amo, eu te amo, eu te amo…

É claro que a passagem do Roberto Carlos Jovem Guarda para o senhor “romântico” não se deu pelo envelhecimento do seu público. De 1965 a 1970 correm apenas 5 anos. O envelhecimento é outro. Nesses 5 correm sangue e raiva da ditadura militar, no Brasil, e crescimento da revolta do público “jovem”, no mundo. Enquanto explodem conflitos, a canção de Roberto Carlos que toca nos rádios de todo o Brasil é “Vista a roupa, meu bem” (e vamos nos casar). Se fizéssemos um gráfico, se projetássemos curvas de repressão política e de “romantismo” de Roberto Carlos, veríamos que o ápice das duas curvas é seu ponto de encontro.

Enfim, o namoro do Rei Roberto Carlos com o regime não foi um breve piscar de olhos, um flerte, um aceno à distância. O Rei não compôs só a música permitida naqueles anos de proibição. O Rei não foi só o “jovem” bem-comportado, que não pisava na grama, porque assim lhe ordenavam. Ele não foi apenas o homem livre que somente fazia o que o regime mandava. Não. Roberto Carlos foi capaz de compor pérolas, diamantes, que levantavam o mundo ordenado pelo regime. Ora, enquanto jovens estudantes eram fuzilados e caçados, enquanto na televisão, nas telas dos cinemas, exibia-se a brilhante propaganda “Brasil, ame-o ou deixe-o”, o que fez o nosso Rei? Irrompeu com uma canção que era um hino, um gospel de corações ocos, um som sem fúria de negros norte-americanos. Ora, ora, o Rei ora: “Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui”.

Os brasileiros executados sob tortura não estavam com Jesus. Nem Jesus com eles.



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Urariano Mota é um escritor e jornalista pernambucano de Recife, autor do livro Os Corações Futuristas, romance sobre jovens perseguidos em Pernambuco durante a ditadura militar.