Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Por que Aecínico suava tanto? O que perdeu a eleição também se achava o Machão do pedaço; no caso, da Califórnia…


Debate Recorde: Aécio saiu menor do que entrou; Dilma, com elevado domínio dos temas, foi implacável na pontuação de diferenças e comparação de resultados;um ponto alto foi a defesa da Petrobrás, quando acusou claramente a prática tucana de desmerecer, denegrir e desvalorizar estatais para depois privatizar; vocês venderam ações da Petrobrás a preço de banana.


Debate Recorde: Dilma levou Aécio às cordas várias vezes,nas comparações entre governos do PSDB e PT; vocês fizeram 11 escolas técnicas; nós, 422

Debate Recorde : Dilma emparedou Aécio no caso do baixo investimento na área da saúde em Minas; ao ler a denúncia de um desembargador do estado, acusou o tucano de computar vacina em cavalo como investimento em saúde.



Kennedy sorria e o Aecínico, também chamado de Nixon, suava em bicas



Quem assistiu ao debate na Record percebeu alguns traços no rosto do Aecínico.

Apertava os olhos a tal ponto que parecia ser míope.

Os lábios também se cerravam com força.

E ele suava.

Tinha a barba espessa, fechada, escura, e o suor reforçava a impressão de estar cansado, tenso e com medo.

A barba, a expressão fechada e o suor o transformaram em Richard Nixon – que ele provavelmente não sabe quem foi.

Richard Nixon foi vice de Eisenhower e concorreu à eleição de 1961 contra um jovem milionário, bonitão, John Kennedy.

Nixon fez a carreira como anti-comunista feroz e inescrupuloso – tinha o apelido de “Tricky Dicky” (“Dick”é o apelido de Richard) – Ricardinho Pilantra.

Seria um nosso Aecínico, que desviou verba da Saúde e da Educação, que não usou o bafômetro e deu a chave do aeroporto ao titio ?

O nosso Tricky Aécio faz carreira no anti-comunismo, contra o Porto de Mariel e ameaça invadir a Bolívia para erradicar a cocaína que os coxinhas do Leblon e de Higienópolis consomem.

A eleição de 1960 dos Estados Unidos foi a primeira a realizar um debate entre candidatos a Presidente.

Foram quatro debates, e o decisivo, que deve ter dado a vitória a Kennedy foi o primeiro.

Tricky Dicky chegou em cima da hora, porque estava em campanha.

(O Aecínico passou o dia na Zona Sul do Rio, ovacionado pelos coxinhas lacerdistas…)

Nixon não fez a barba à tarde.

O debate foi à noite.

E se recusou a usar maquiagem …

Era o Machão da Califórnia…

Do outro lado, o bonitão, queimado de praia, sorridente.

Tricky Dicky se saiu tão mal, que , ao final, a mãe lhe telefonou para saber se ele estava doente.

Quem sabe o mesmo não aconteceu com o nosso Tricky, ontem (19/10), num telefonema da Mamãe ou da Irmãzinha da SECOM ?

O debate foi produzido por “Don” Hewitt, que, em 1968, lançou o programa “60 Minutes”, que está no ar até hoje, no início das noites de domingo da CBS, como um campeão de audiência.

“Don” inventou a tela dividida, a “split screen”, para mostrar os dois e isso foi fatal para o Aecínico (quer dizer, Nixon).

De um lado, a confiança, a certeza, a exuberância; de outro, os olhos apertados e o suor …

O suor.

“Don” dizia que o mais importante num programa de jornalismo da televisão é o texto.

E, não, a imagem.

O “60 Minutes” está aí para provar que ele sabia das coisas.

Mas, num debate de candidatos a Presidente, a imagem vale mil palavras.

Ainda mais se um dos candidatos sua …

E aperta os olhos…

E os lábios…

Em tempo: Kennedy morreu assassinado. Nixon, eleito mais tarde, saiu da Casa Branca fugido da Polícia; e “Don” morreu em 2009, aos 87 anos.


Paulo Henrique Amorim

FHC “combateu corrupção” tentando pôr “engavetador” no STF


Eduguim


Apontar ganhador no debate da Record entre Dilma e Aécio no último domingo depende da filiação ou da simpatia partidária de cada um. Claro que cada lado terá seus argumentos sobre o que disse seu candidato para que fosse vencedor, mas, para o eleitor indeciso – que é o alvo dos debates e das campanhas neste momento –, não deve ter havido vencedor.

Este Blog, porém, tem opinião sobre o que viu. E, de tudo que foi visto, recolheu ao menos uma informação eloquente para que o leitor enxergue melhor quem se opõe a Dilma.

A numeralha e os termos técnicos são absolutamente inacessíveis para a população em geral. Isso sem falar que Aécio usa mentiras. Por exemplo, ao dizer que todos os indicadores sociais do Brasil vêm caindo. É mentira, vêm subindo há mais de uma década. Mas o tucano não pretende falar a verdade; seu objetivo é dar ares de verdade às próprias mentiras.

Aécio afirmou que Dilma não tem responsabilidade por investigações de corrupção, de modo que as milhares de operações da PF nos governos dela e de Lula, por exemplo, não seriam mérito dos dois. Mentiu de novo.

Sim, o governo pode permitir ou bloquear investigações. Como Dilma lembra sempre, no governo FHC chegava-se a transferir delegados da PF que investigavam “mais do que deviam”. E, ao nomear o primo do vice-presidente Marco Maciel como Procurador Geral da República, o ex-presidente tucano agiu para impedir “problemas” com o único órgão que poderia investigá-lo.

Contudo, além de manter um único procurador-geral da República em seu governo de 8 anos, e ainda um PGR que era parente de seu vice, FHC ainda tentou resguardar-se contra problemas futuros com a lei, pois nem ele acreditava que Lula assumiria e colocaria uma pedra sobre o passado.

Poucos se lembram disso, mas FHC tentou colocar no Supremo Tribunal Federal o homem que, durante oito longos anos, tratou de impedir toda e qualquer investigação sobre o governo federal, à diferença do que fariam Lula e, depois, Dilma, os quais nomearam para a Procuradoria sempre o nome indicado pelo Ministério Público.

E, repito, foram 3 PGR’s em 8 anos de Lula e 2 em 4 anos de Dilma contra 1 durante os 8 anos de FHC. É assim, como Lula e Dilma, que se combate a corrupção; é assim, como FHC, que se impede investigações de corrupção.

O ex-procurador-geral da República de FHC, Geraldo Brindeiro, primo do então vice-presidente Marco Maciel, livrou a cara de FHC várias vezes. Uma delas foi no caso da compra de votos para a reeleição do tucano, que o jornalista da Folha de SP Fernando Rodrigues considerou que foi inquestionavelmente corrupção envolvendo o governo tucano.

Veja, abaixo, vídeo em que Rodrigues fala sobre o caso.




Alguém foi sequer processado? Houve investigação? Nenhuma. Sabe por que, leitor? Porque FHC impediu.
Ou melhor, o despachante que pôs na Procuradoria impediu.

O caso ao qual você viu o repórter da Folha se referir foi sumariamente engavetado por Geraldo Brindeiro. Se tivéssemos uma Procuradoria como as de Lula e Dilma, talvez o ex-presidente tucano estivesse saindo hoje da cadeia.

Devido a tão bons serviços prestados por Brindeiro, FHC tratou de tentar colocá-lo no STF, além de ter colocado Gilmar Mendes pouco antes para fazer o servicinho que vem fazendo para o PSDB ao longo dos anos. Porém, o tucano não conseguiu. Com a derrota de Serra para Lula, FHC tornou-se um “lame duck” e não teve força para dar sobrevida ao seu engavetador.

Abaixo, matéria do jornal O Estado de São Paulo de 2 de setembro de 2002 que mostra a manobra que FHC tentou para prolongar a vida útil do engavetador-geral da República, quem, ao lado de uma Polícia Federal manietada, impediu que qualquer das muitas falcatruas daquele governo fosse investigada.



clique aqui para ir à página original da matéria

domingo, 19 de outubro de 2014

Toda geração tem o seu Collor; o da atual, chama-se Aécio


Diversos ramos da família se reuniram em casa no domingão para um churrasco – a filha que reside no exterior está passando uma temporada no país e, querida pela família de A até Z, todos quiseram reencontrá-la. Juntamos umas 30 pessoas.
E, como não poderia deixar de ser, política foi um tema inevitável e árido, mas que soubemos conduzir com civilidade. Ou seja: ninguém brigou por causa de política, apesar da divisão da parentada entre eleitores de Aécio e Dilma – com vantagem para o tucano, pois trata-se de família paulista.
Revi parentes que não encontrava fazia tempo. Uma cunhada, eleitora de Aécio Neves, mostrou-se animada com seu candidato. Pedi-lhe cuidado. Lembrei-a de 1989, quando divergimos fortemente sobre política.
Lembro-me de que, como agora, em 89 a classe média estava extasiada com o Collor de plantão – toda geração tem um Collor, ou seja, um playboy de vida desregrada, conhecido por uso de álcool ou entorpecentes, bonitão, namorador, que usa a imagem de galã de novela mexicana para convencer incautos a votarem em si.
Seja como for, seis meses após a eleição de Collor era mais fácil encontrar um saco de dinheiro no meio da rua do que alguém que admitisse ter votado nele.
Claro que não são todos os Collor de cada geração que chegam perto de conquistar a Presidência, mas a política produz um ou mais deles a cada geração. Mas quando recebem chance de mostrar a que vieram, dão com os burros n’água.
Bem, a cunhada, após um quarto de século, estava toda animadinha com o Collor da vez quando a lembrei do anterior – quem, pouco após assumir, causou um problema gigantesco para a vida dela.
A irmã da minha mulher pareceu tomar um choque. E não foi para menos. O prejuízo que tomou com o confisco da poupança – o qual Collor, em 89, conseguiu convencer o país de que Lula é quem faria se fosse eleito e, ao fim, quem fez foi o candidato do PRN – causou um monte de desastres à vida dela.
A cunhada ficou lívida com a lembrança, e eu surpreso por ela ter se esquecido.
Vendo a oportunidade, ataquei:
– Lembra-se de que lhe avisei no que daria?
– Ah, mas a gente não tinha opção para votar….
– Tinha, sim: Lula
– Lula era opção?
– Por que não seria?
– Ia transformar o Brasil em Cuba.
– Assim como transformou de 2003 a 2010?
Silêncio…
Minha cunhada balançou. Pareceu interessada em que eu lhe explicasse por que deveria votar na Dilma e por que Aécio Neves não passa de um novo Collor.
O fato é que políticas neoliberais serão nefastas para os negócios da cunhada advogada. E como ela não entende patavina de política, mas por estar metida no mundo corporativo desde jovem sempre foi doutrinada contra o PT, parecia fraquejar a cada palavra que lhe dizia.
As semelhanças evidentes entre Aécio e Collor são muitas: ambos playboys no auge de suas carreiras políticas; ambos usuários de suas caras de galã de novela para seduzir eleitores (as); ambos famosos por uso de substâncias pouco ortodoxas; ambos de direita…
Resumo da ópera: consegui anular alguns votos para Aécio no churrasco familiar. A comparação com Collor foi poderosa. Sabe por que, leitor? Porque, para quem viveu a era colorida, tal comparação faz todo sentido do mundo.
*
PS: Os governos Lula e Dilma tinham o PTB de Collor na base aliada do governo. O PTB, porém, deixou a base de Dilma e aderiu a Aécio nesta campanha eleitoral

Você contrataria este homem para dirigir o Brasil?

dirigir
Domingo, o povo brasileiro vai escolher um caminho para o país.
Como as forças que dominaram, salvo breves intervalos, este meio século de Brasil, não têm um caminho para apontar, senão o de permanecermos colônia, buscam nos apresentar – estou sendo generoso – um gestor.
Pois bem, aceitemos a categoria e nos abstraiamos de todas as polêmicas envolvendo o caráter e os hábitos de seu candidato, para que ele não me responda com os seus esclarecedores argumentos: “mentiroso” e “você está ofendendo os mineiros”…
Então, para julgar Aécio ao papel de gestor a que se propõe, verifiquemos os dados que nos traz o professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico e professor emérito da Unicamp. Cerqueira Leite, que acumula décadas de experiência, além das de cientista e educador, mas incentivador do desenvolvimento científico e tecnológico do país. Quem tiver dúvidas sobre sua capacidade de análise, veja o seu currículo aqui.
E o que diz o professor sobre algumas áreas do tal “choque de gestão” implantado em Minas, ao escrever artigo para a Folha de S. Paulo, ontem?
Saúde:  (…)Aécio Neves, hoje candidato à Presidência, vem afirmando que deu prioridade à saúde. Todavia, Minas foi o 22º dos 27 Estados em percentual da receita alocada à saúde, aproximadamente a metade do percentual de unidades federativas relativamente mais pobres, como Amazonas, Bahia e Pernambuco. Nesse item compete com Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 
Educação. Aécio vem confirmando a prioridade de seu programa de choque de gestão no setor de educação e do imenso sucesso que teve seu governo nesse setor. Entretanto, reservou para essa área um percentual de seu Orçamento de 2009 menor que qualquer outro Estado naquele ano, com exceção do Espírito Santo.Isso significou metade do que o Ceará e muito menos que Estados mais pobres e, supostamente, menos desenvolvidos, como Maranhão, Acre, Roraima, Tocantins. Fica em 26º lugar entre 27.
Segurança. (…) do total de investimentos entre 2004 e 2008, apenas 6,57% foram aplicados em educação, 8,78% em saúde e 6,87% em segurança. Os outros 77,8% foram, entretanto, aplicados principalmente em obras monumentais em Belo Horizonte, onde haveria maior visibilidade, não em obras de interesse imediato do cidadão. Como consequência a criminalidade, ao contrário do que afirma Aécio, medida pelo número de ocorrências policiais aumentou em 69% de 2002 a 2008.

Finanças públicas. O choque de gestão, em sua versão original, denunciava como alarmante um deficit para 2003, que seria de R$ 2,3 bilhões. O resultado depois de oito anos de choque de gestão foi passar a dívida pública de um valor de R$ 18,5 bilhões, em 1998 (governo Eduardo Azeredo), para R$ 56,4 bilhões, em 2009. Não somente foram gastos no serviço de dívida mais R$ 40 bilhões, como aumentou em valores reais mais que 100% durante o governo de Aécio Neves.Em 2009, Minas Gerais tornou-se o terceiro Estado mais endividado em percentual de seu Orçamento anual, melhor apenas que o Rio Grande do Sul e que Alagoas.
Depois deste “resumo” -será que Aécio vai chamar de “mentiroso” um homem cujos títulos, livros, cátedras e  prêmios científicos internacionais enchem páginas? – a pergunta salta cristalina: você contrataria alguém assim para gerir sua empresa ou administrar seu condomínio?
PS.A propósito, não estou ofendendo os mineiros, que o elegeram no passado. É que numa coisa Aécio foi eficientíssimo: controlar a imprensa e fazer dela um bem cevado carneirinho seu. Mas quando teve oportunidade, numa campanha nacional, os mineiros deram-lhe a tunda eleitoral que merecia.

sábado, 18 de outubro de 2014

PML: O FASCISMO NOS ESPREITA NA RETA FINAL

Na quinta-feira, quando Dilma teve uma queda de pressão no SBT, um médico gaúcho usou o twitter para mandar essa “#%&!##”chamar um “médico cubano.”
(Dois dias antes, ao sair do carro no estacionamento da TV Band, para o debate anterior, a presidente foi recebida pelos gritos de um assessor parlamentar adversário. Ouviram-se coisas como “vaca”, “vai para casa…”)
No Rio, o cronista Gustavo Duvivier passou a receber diversos tipos de ameaça depois que publicou um texto onde deixou clara sua preferência por Dilma.
Agressores avançaram sobre o escritor Enio Gonçalves Filho, blogueiro com momentos de boa inspiração — e que é cadeirante — quando ele se dirigia ao Churrasco dos Desinformados, na Praça Roosevelt. Enio se dirigia a um protesto para responder ao comentário de Fernando Henrique Cardoso sobre a vantagem de Dilma nos estados do Nordeste (“O PT está fincado nos menos informados, que coincidem de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT. É porque são menos informados,” disse FHC).
No meio do caminho, três sujeitos avantajados tentaram obrigar Enio a tirar sua camisa vermelha — ele é petista — e chacoalhavam sua cadeira de rodas.
Uma comunidade de quase 100 mil usuários numa rede social, que se declaram profissionais da classe médica brasileira, se tornou palco de uma guerra dentro da  corrida presidencial. Com o título de “Dignidade Médica”, as postagens do grupo pregam “castrações químicas” contra nordestinos, profissionais com menor nível hierárquico, como recepcionistas de consultório e enfermeiras, e propõe um “holocausto” contra  os eleitores de Dilma.

A maioria dos estudiosos costuma ligar a emergência do ódio político, sentimento que está na base dos movimentos fascistas, a situações de crise econômica, quando a maioria das pessoas não enxerga uma saída para suas vidas nem para suas famílias. Embora a economia brasileira tenha crescido pouco em 2014, ninguém definiria a situação do Brasil como catastrófica.
Ao contrário do que ocorria na Europa dos anos 20 e 30, que viu nascer os regimes de Benito Mussolini e Adolf Hitler, o Brasil não se encontra numa situação de superinflação nem de desemprego selvagem. A média dos últimos quatro anos de inflação é a segunda mais baixa da história do IBGE — numa linha que vai até 1940.
O desemprego é o menor da história e continua caindo. Nada menos que 123 000 novos postos de trabalho foram criados em setembro 2014. É inegável que ao longo dos anos ocorreram avanços na distribuição de renda, no combate a desigualdade, na ampliação dos direitos das maiores que passavam excluídas pela historia.
A intolerância de 2014 tem origem política e tem sido estimulada pelos adversários do PT e Dilma. Procura-se questionar a legitimidade de suas decisões e rebaixar moralmente os eleitores os apóiam.
Em 2006, quando Lula foi reeleito, um ano e meio depois das denúncias de Roberto Jefferson, o Estado de S. Paulo publicou uma reportagem tentando sustentar que “a aceitação da corrupção na política está mais presente entre os eleitores de baixa renda.”
Ao fazer pesquisas que associavam valores morais aos anos de educação formal de um cidadão, o estudo A Cabeça do Brasileiro sugeria que a baixa escolaridade — condição da maioria da população — tornava a parcela menos educada da população mais vulnerável ao “jeitinho” e outras práticas condenáveis.
Procurando entender a origem do fascismo nas primeiras décadas do século passado, Hanna Arendt deixou lições que podem ser úteis para o Brasil de 2014.
Hanna Arendt usava uma expressão interessantíssima — “amargura egocêntrica” — para definir a psicologia social dessas pessoas que integravam movimentos de vocação fascista. Ela escreveu: “a consciência da desimportância e da dispensabilidade deixava de ser a expressão da frustração individual e se tornava um fenômeno de massa.”
É sempre interessante recordar um levantamento feito em 2011 pelo instituto Data Popular. Entrevistando 18 000 cidadãos na parte superior da pirâmide de renda, o DataPopular descobriu que:
55,3% concordam que deveria haver produtos para ricos e pobres
48,4% concordam que a qualidade dos serviços piorou com o maior acesso da população
62,8% concordam que estão incomodados com o aumento das filas
49,7% concordam que preferem frequentar ambientes com pessoas do seu nível social
16,5% concordam que pessoas mal vestidas deveriam ser barradas em alguns lugares
26,4 % concordam que o metrô aumenta a circulação de pessoas indesejáveis na região em que moram
17,1% concordam que todos os estabelecimentos deveriam ter elevadores separados.
A intolerância e o ódio cresceram no Brasil com uma consequência inevitável de um movimento destinado à criminalização da política e dos políticos — em particular do Partido dos Trabalhadores, nascido para ser “aquela parede protetora” das classes assalariados e dos mais pobres, para usar uma expressão de Hanna Arendt. Pela destruição das barreiras de classe, que permitem distinguir um partido de outro, os interesses de uns e de outros, firmou-se o conceito de que nossos homens públicos são autoridades sem escrúpulo e bandidos de alta periculosidade, sem distinção, descartáveis e equivalentes, “não apenas perniciosas, mas também obtusas e desonestas, ” como escreveu a mestra.
As atitudes agressivas e tentativas de humilhação nasceram durante o julgamento da AP 470, no qual se assistiu a um espetáculo seletivo de longa duração. Enquanto os acusados ligados ao PT e ao governo Lula eram julgados em ambiente de carnaval cívico-televisivo, num espetáculo transmitido e estimulado por programas de TV, os acusados do PSDB, envolvidos nos mesmos esquemas, dirigidos pelas mesmas pessoas — e até com mais tempo de atividade — foram despachados para tribunais longe da TV, a uma distancia de qualquer pressão por celeridade. Sequer foram julgados — embora a denúncia seja anterior.
Há outros componentes no Brasil de 2014. A referencia sempre odiosa aos médicos cubanos que respondem pelo atendimento de brasileiros que nossos doutores verde-amarelos não têm a menor disposição de atender, revela o casamento do preconceito com um anticomunismo primitivo, herança viva da ditadura de 1964. Permite ao fascismo recuperar o universo Ame-o ou Deixe-o, assumir-se como aliado da ditadura sem dizer isso de forma explícita.
O progresso social dos últimos anos ajudou a criar ressentimento de camadas de cima que se vêem ameaçadas — — em seu prestígio, mais do que por outra coisa – em função do progresso dos mais pobres, essa multidão despossuída que na última década conseguiu retirar uma fatia um pouco mais larga do bolo da riqueza do país.
Em 2010, a vitória de Dilma Rousseff foi saudada em São Paulo por um grito no twitter: “Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”, escreveu uma estudante de Direito. Três anos mais tarde, ela foi condenada um ano e cinco meses de prisão, mas teve a pena transformada em prestação de serviços comunitários.
“O que perturba os espíritos lógicos é a indiscutível atração que esses movimentos exercem sobre a elite “, escreveu Hanna Arendt.
Richard Sennet, um dos principais estudiosos das sociedades contemporâneas, definiu o ressentimento como a convicção de que determinadas reformas em nome do povo “traduzem-se em conspirações que privam as pessoas comuns de seu direito e seu respeito.” Os benefícios oferecidos aos mais pobres resultam em insegurança e insatisfação por parte dos cidadãos que estão acima das políticas sociais dirigidas às camadas inferiores, explica Sennet, para quem essas pessoas tem o sentimento de que o governo “não conhece grande coisa de seus problemas, apesar de falar em seu nome.”
Mas quais seriam estes problemas? Hanna Arendt falou em “amargura egocêntrica.”
Na decada de 1950, poucas medidas de Getúlio Vargas despertaram o ódio de seus adversários como a decisão de aumentar o salário mínimo em 100%. Pouco importava que esse número se baseasse na inflação do período anterior, de inflação altíssima. A questão é que, com um salário desses, um operário da construção civil poderia ganhar o mesmo que um militar de baixa patente e outros funcionários públicos — e isso era inaceitável num país onde o trabalho de um pedreiro era visto como a herança da escravidão.
O fim da história nós sabemos.

Como o Estadão fez sumir sua chantagem contra Aécio

Caro leitor,
O post abaixo foi publicado originalmente em 20 de maio de 2013 e está sendo republicado (18/10/14).  Tem sido resgatado por leitores desde o início da campanha eleitoral e divulgado nas redes sociais. A pedido dos leitores, republico, pois diz respeito a fatos atualíssimos sobre o candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves.
O que a matéria abaixo mostra é que ninguém está dizendo nada sobre Aécio que já não era dito inclusive pela mídia que hoje o defende. Veículos paulistas como o jornal O Estado de São Paulo, ao contrário do que fazem hoje, tratavam de fustigar Aécio; ele e José Serra disputavam a indicação do PSDB como candidato a presidente em 2010.
Boa leitura.
Eduardo Guimarães
*

Publicado originalmente em 20 de maio de 2013 às 13:10


Em fevereiro de 2010, uma guerra fratricida foi desencadeada no PSDB. O segundo mandato de Lula chegava ao fim e ele não podia ser candidato à própria sucessão. Os tucanos e a mídia sua aliada estavam céticos quanto às possibilidades do “poste” que achavam que Dilma era e, assim, acreditavam que, fosse quem fosse o candidato deles, seria eleito.
Dois pré-candidatos disputavam a indicação do PSDB para a “barbada” eleitoral que a direita brasileira acreditava que se avizinhava – derrotar uma mulher sem o carisma de Lula e que jamais disputara uma eleição na vida. José Serra e Aécio Neves, então, digladiavam-se pela primazia de enfrentar Dilma.
A imprensa atucanada de São Paulo e do Rio de Janeiro (leia-se Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo) estava muito irritada com Aécio. Apesar de esses veículos e o PSDB acreditarem que Dilma, então praticamente estagnada nas pesquisas, seria mera sparring de dois políticos profissionais como Aécio e Serra, preferia o segundo.
No caso da imprensa paulista, até por Serra ser paulista também – sem falar na maior identificação ideológica com ele –, essa “imprensa” fustigou o PSDB por meses até que Aécio fosse preterido.
Serra estava melhor nas pesquisas e esses veículos, que há mais de uma década demonstram que não entendem a política brasileira, não acreditavam que alguém pudesse começar uma campanha eleitoral com percentuais de intenção de voto tão baixos quanto Dilma e o próprio Aécio tinham e chegar a vencer a eleição.
Nesse jogo, o jornal O Estado de São Paulo fez o movimento mais ousado: chantageou Aécio com um texto escrito por seu ex-editorialista e ex-colunista Mauro Chaves, que faleceria um ano depois.
No auge dessa disputa entre Serra e Aécio, o Estadão publicou artigo de Chaves contendo uma chantagem contra o então governador de Minas Gerais, conhecido por sua vida de “playboy” e sobre quem circulam, há anos, boatos sobre ser usuário de cocaína.
O título do artigo que Chaves escreveu e que foi publicado pelo Estadão em 28 de fevereiro de 2010 já dispensaria o resto do texto: “Pó pará, governador”. Confira, abaixo, a íntegra do artigo.


Chaves era um homem bastante erudito. Seu texto era escorreito. Por que usar um título como esse? Por que não “Pode parar, governador”? Ora, porque estava mandado um recado de que os boatos sobre Aécio ser usuário de “pó” (cocaína) viriam à tona caso insistisse em criar dificuldades à candidatura Serra.
O artigo causou grande alvoroço e, pouco depois, Serra foi sagrado candidato para a “barbada” que a mídia ligada ao PSDB e o próprio partido acreditavam que seria a disputa contra o “poste de Lula”.
Faltara, entretanto, combinar com os “russos”, ou seja, com o povo.
Voltemos ao presente. Escrevendo um post sobre os ataques de Aécio ao PT durante a convenção do PSDB do último sábado, na qual o hoje senador por Minas Gerais foi eleito presidente do partido, abordei o artigo chantagista em questão.
Pretendia colocar o link para ele no texto. Fazendo a busca no portal do Estadão para localizá-lo, encontro esse link. Contudo, quando tento acessá-lo não consigo – conduz a uma página em branco.
Veja o link:
Cito no post, então, o fenômeno. Digo que, “estranhamente”, o link do Estadão para sua matéria conduz a lugar nenhum.
Eis que o leitor Reinaldo Luciano, intrigado como eu, usa seus conhecimentos e mostra que ninguém consegue esconder nada na internet.
O excelente trabalho de Reinaldo desvendou o mistério. Leia, abaixo, o comentário que ele colocou no post anterior, onde explica como o Estadão conseguiu fazer sumir a chantagem que fez Aécio desistir de ser o candidato do PSDB à Presidência da República em 2010 em favor de Serra.
—–
Reinaldo Luciano
twitter.com/rei_lux
Comentário enviado em 20/05/2013 as 11:16
A respeito da matéria que não abre no Estadão, verifiquei a página e realmente não abria.
Usei o http://archive.org/web/web.php e localizei a dita página, que foi armazenada em cache 28 vezes desde que foi publicada.
Este é o link original, onde a matéria não abre:
E este é o link recuperado:
Ao analisar o cache, notei que, em 26/08/2010, a matéria teve uma linha alterada ou acrescentada, como pode ser vista aqui:
O fato é que, após essa mudança (quando Serra já era candidato e Aécio não representava mais problema), a página sumiu…
Fiz um print screen da página e postei no twitter
E, para ser ainda mais chato com o Estadão, fiz um videozinho de minhas andanças pelo cache. Veja, abaixo.

Ninguém se recusa a soprar bafômetro “inadvertidamente”

Imagine, leitor, se Lula – antes, durante ou depois de governar o Brasil – tivesse sido parado em uma blitz de trânsito e fosse constatado que estava inabilitado para dirigir (permissão vencida) e, para completar, tivesse se recusado a fazer teste de alcoolismo soprando o bafômetro.
Se essa hipótese fosse verdadeira e Lula ainda fosse presidente, a oposição tucano-midiática por certo teria pedido o seu impeachment. Mas e se fosse candidato a presidente e tivesse sido flagrado dirigindo alcoolizado, o que a mídia e a oposição – esse conclave antipetista – diria? Consideraria um pecadilho desimportante ou prova de que não teria condições de ser presidente?
A forma como a mídia e a oposição a Dilma trataram a pergunta (legítima) da presidente a Aécio Neves no debate SBT/UOL sobre o episódio em 2011 em que o então senador tucano recém-eleito foi flagrado em uma blitz de trânsito no Rio de Janeiro e, instado pelos policiais a fazer o texto do bafômetro, recusou-se, difere do que fizeram em episódio análogo.
Lula está há mais de trinta anos no cenário político brasileiro. Em todo esse tempo, jamais foi flagrado bêbado e nunca, jamais, surgiu um depoimento crível de que tenha sido visto nessa condição. A despeito disso, sugiro ao leitor que faça uma busca no Google usando os termos “Lula” e “bêbado”.
São milhares de charges, piadinhas e críticas a supostos hábitos etílicos do petista.
Essa história de que Lula bebe ganhou corpo em 9 de maio de 2004. Reportagem da Folha de São Paulo – o mesmo jornal que publicou na capa que Lula matara 200 pessoas no desastre do avião da TAM e que, também na capa, acusou o presidente de ter tentado estuprar um adolescente –, com destaque na primeira página, acusou o então presidente de ser alcoólatra.
A matéria derivou de artigo do então correspondente do jornal The New York Times no Brasil, Larry Rother, quem, com base em afirmações de desafetos de Lula – sobretudo os do PSDB –, acusou o então presidente da República de ser alcoólatra. Contudo, nunca houve uma só prova disso.
Abaixo, a matéria de Rother que a Folha e toda a grande imprensa divulgaram à farta. O post prossegue após a matéria.
Como se vê, a matéria infame do jornalista americano contra o então presidente do país, repercutida incansavelmente por toda a grande mídia, baseava-se, tão-somente, em disse me disse e em especulações.
A despeito disso, o mesmo PSDB e a mesma mídia que hoje se horrorizam por Dilma ter perguntado simplesmente sobre a posição de Aécio sobre alcoolismo são os mesmos que acusaram Lula de ser alcoólatra sem nem uma mísera prova que sequer se aproximasse da prova inconteste contra Aécio produzida na blitz em que ele se recusou a soprar o bafômetro.
Apesar da falta de provas da afirmação de Rother sobre Lula, no dia seguinte (10/05/04) à matéria acusatória, na mesma Folha, o então líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Custódio Mattos (PSDB-MG), defendeu a acusação de Rother a Lula: “Acho que temos que dar um voto de confiança”.
Dois dias depois, a Folha de São Paulo publica matéria defendendo efusivamente a publicação da “denúncia” contra Lula, apesar de não se basear em provas.
Todos os grandes jornais defenderam as especulações sobre os supostos hábitos etílicos de Lula. Até hoje o ex-presidente é chamado de alcoólatra nas redes sociais e nos redutos antipetistas por conta de uma matéria que jamais provou nada.
Aécio e seu partido – bem como a mídia tucana – parecem ter mudado de opinião sobre a relevância de um homem público usar substâncias entorpecentes, seja álcool ou cocaína. Agora, dizer que um homem público usa tais substâncias é considerado “baixaria”.
Talvez seja mesmo. Ainda mais se não houver provas, como no caso de Lula. Contudo, diante da prova, a situação muda de figura. E o que é pior, se além da prova de uso de substâncias entorpecentes um homem público tentar burlar a lei, aí tudo fica mais grave.
Então vejamos: Aécio, senador da República recém-eleito, supostamente obrigado a fazer e a defender leis, é flagrado dirigindo sem permissão e, instado pelos policiais a fazer o teste do bafômetro, recusa-se a fazer.
Alguém que faz leis e deve defender a aplicação delas por dever de ofício, dá o (mau) exemplo de não só violar a lei, mas se negar a cumpri-la.
Quando, no debate SBT/UOL, na última quinta-feira, a presidente Dilma perguntou o tucano sobre o que ele achava da lei que proíbe dirigir sob efeito de álcool ou outras drogas, ele se revoltou. Mas tentou explicar alguma coisa.
Abaixo, matéria da Folha com a explicação textual de Aécio para aquele episódio.
Epa! “Inadvertidamente? Como assim?! Aécio estava inadvertido sobre o que? Vejamos o que diz o dicionário Houaiss sobre o adjetivo inadvertido.
inadvertido
adjetivo ( a1595)
1 que não foi advertido, não avisado; desavisado
2 que não toma cuidado suficiente; descuidado, distraído
Bem, pelo que se pode depreender de Aécio ter dito que “inadvertidamente” se recusou a fazer o teste do bafômetro é que ele, um senador da República – ou seja, um legislador – não conhecia a “lei seca”.
É isso?
A grande pergunta que fica é: alguém que desrespeita ou desconhece uma lei que cem por cento dos brasileiros conhecem e que se recusa a provar que não infringiu essa lei – obviamente porque, se se submetesse à prova, ficaria claro que infringiu – tem condições de governar o país?
Se Lula, governando o país, foi exposto por um jornal estrangeiro com uma mera suposição sem amparo de qualquer prova e o PSDB e a mídia compraram a acusação e defenderam que tivesse sido feita, mídia e PSDB têm, agora, obrigação de apoiar o questionamento a Aécio Neves feito por Dilma Rousseff. É simples assim.

Dr. Janot, confirme ou desminta, mas não engavete o “listão do Aécio”

janot

O Brasil é uma democracia e tem instituições livres.
O procurador-geral da República, Dr. Rodrigo Janot, tem mandato fixo, não depende de quem esteja na Presidência para seguir em seu cargo.
Não há, portanto, qualquer dúvida de que conta com toda a liberdade de agir autonomamente, sem obedecer ou dar satisfações senão à sociedade e à sua consciência.
Assim como não há dúvidas de que, sobretudo num momento eleitoral, cabe-lhe a responsabilidade de zelar para que simples acusações não sejam apresentadas como conclusões, condenações ou fatos consumados.
Aliás, como está sendo feito nas denúncias sobre a Petrobras, sob o beneplácito do Judiciário e do Ministério Público.
Ontem, foi apresentado pelo Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, um documento onde o então secretário de Governo de Minas Gerais, Danilo de Castro, encaminhava ao senador Aécio Neves uma relação de doadores e receptadores de mais de R$ 160 milhões de reais  durante as eleições de 2012.
Foi aqui reproduzido com todas as ressalvas de que caberia ao MP investigar.
O relato dizia que o Procurador chefe do MPF em Minas, Eduardo Morato Fonseca, o havia encaminhado ao Procurador-Geral da República, por tratar-se de  possível indício de crime praticado por agente político com foro privilegiado.
É necessário e urgente que a Procuradoria confirme ou desminta ter o documento e, neste caso, quais as providências tomou ou tomará.
Seja, porque verdadeiro, de a processar os autores da maracutaia; seja, porque falso, a de processar os autores de uma fraude.
Há mais de um mês, o Procurador mandou investigar a propriedade e as condições de cessão do jato usado por Eduardo campos até seu trágico acidente.
De lá para cá, a opinião pública não soube mais nada a respeito.
Já do caso Petrobras, todo dia surge uma novidade, embora algumas, como a da acusação de que o ex-presidente do PSDB tenha exigido suborno para engavetar, em 2009, a CPI sobre a empresa, sumam assim que apareçam.
Não há justiça com estardalhaço para uns e silêncio para outros.
Ninguém espera que o senhor se paute pelo que dizem os blogs ou pelo que digam os grandes jornais.
O que se espera – mais, se exige – do chefe de uma instituição que tem como objetivo zelar pelo cumprimento da lei – a eleitoral, inclusive – é que não oculte ao povo brasileiro a confirmação – ou a negativa – de que há um procedimento em curso para apurar o que o documento ontem divulgado revela: um esquema de corrupção eleitoral equivalente, em 2012, a mais de US$ 100 milhões.
O suposto fato está público, embora não esteja nos grandes jornais.  É preciso saber se ele corresponde a um procedimento da PGR e, se não, porque foi descartado.
Aqui, ao menos, vai-se registrar que  existe o documento e o que se fará (ou não fará) dele.
Do contrário, estaremos diante de um escândalo, em que as acusações a um dos lados da contenda eleitoral são gravadas, vazadas, editadas e selecionadas e, ao outro, engavetadas.