Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ATENTADO DE VEJA A LEVA AO TRENDING TOPIC GLOBAL

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Lula voa na jugular da mídia no horário eleitoral





O horário eleitoral noturno de 21 de agosto de 2014 viu ocorrer um marco político: finalmente o PT reagiu à altura. No programa do dia em que escrevo, o presidente Lula mostrou que não estava brincando quando me disse, em reunião que tivemos no último dia 11 de junho, no Instituto Lula, que não haveria outro jeito que não o de partir para o enfrentamento político com a mídia tucana.
Abaixo, vídeo que o presidente gravou naquele 11 de junho para os leitores desta página. O post continua em seguida.



Nesta mesma noite de 21 de agosto, alguns minutos antes, o Jornal Nacional apresentou seu próprio horário eleitoral. Começou com Marina Silva sendo reverenciada pelos correligionários e fazendo longa exposição de sua plataforma de governo. Em seguida, Aécio Neves aparece sorridente, triunfante em meio a trabalhadores que o ovacionavam. Chega a vez de Dilma. Está despenteada, com expressão tensa. A locução do telejornal a acusa de ser responsável por atraso em alguma obra e quando a presidente tem voz, continua descabelada e se explicando.

Em sua intervenção no horário eleitoral do dia em que escrevo, Lula fez o que me disse que faria: foi para o enfrentamento contra um império poderoso, quase sempre hegemônico, cruel – como demonstrou sobejamente ao atirar o país em duas décadas de uma ditadura sangrenta –, mas que já foi derrotado quatro vezes nos últimos 12 anos e que, com determinação e destemor, será derrotado de novo.

No segundo programa eleitoral de Dilma Rousseff para a televisão, Lula acusou diretamente “setores da mídia que se transformaram no principal partido de oposição da presidenta”. Disse também que muitas pessoas “devem estar surpresas com as tantas coisas boas que Dilma fez e quase ninguém sabia” e que “esta campanha vai servir exatamente pra isso, pra você ver como certa imprensa gosta mais de fazer política do que informar bem, como só consegue falar mal e é capaz de esconder obras fundamentais que estão transformando o Brasil”.

Ao final, Lula retomou o lema de sua primeira campanha, em 2002: “Na minha primeira campanha, a esperança venceu o medo. E nesta, da Dilma, a verdade vai vencer a mentira”
Veja o depoimento de Lula, na íntegra, no vídeo abaixo.



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Marina é problema de Aécio, não de Dilma

Pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial recém-divulgada traz más notícias, sim, mas não para Dilma. Quem se deu mal com a reviravolta no quadro eleitoral foi Aécio Neves e até os “nanicos”, que já chegaram a somar 9 pontos percentuais e agora somam 5.
Para este Blog, nenhuma surpresa. No começo da tarde de sábado, este que escreve já avisava, via Twitter, o que o Datafolha mostraria.
Antes de prosseguir, vale comentar “análise” de Elio Gaspari que a mídia “bombou”. O resultado do Datafolha mostra como esses “colunistas” não escrevem análises, mas torcidas.
O título do texto de Gaspari basta para esclarecer do que se trata: “Aécio atingido é dúvida, mas dano a Dilma na eleição é certeza”. O título perdurou durante toda a tarde de domingo na home do UOL, com o exato teor acima. Porém, foi alterado para “O PR-AFA de Eduardo Campos acertou Dilma”.
Seja como for, os fatos mostram que quem perdeu mais com a candidatura de Marina foi Aécio.
Em primeiro lugar, Aécio, que tinha presença garantida em um eventual segundo turno, tendo mais de 10 pontos à frente de Eduardo Campos, agora está (numericamente) em terceiro lugar na disputa. Dilma continua com larga vantagem à frente do segundo colocado, Marina.
Em segundo lugar, a aprovação ao governo Dilma cresceu SEIS pontos.
Em terceiro lugar, a vantagem de Dilma sobre Aécio em um eventual segundo turno entre ambos, aumentou bastante. Chegou a ser de 44% a 40%, ou 4 pontos, no Datafolha; agora, contra Aécio a vantagem é de OITO pontos, ou seja, dobrou.
Numericamente, Marina tem 4 pontos à frente de Dilma no segundo turno (47% a 43%), o que configura empate técnico porque a diferença fica na margem de erro de 2 pontos percentuais – Marina pode ter 45% e Dilma, também. Mas essa situação tem tudo para ser transitória.
Em primeiro lugar, a pesquisa foi feita em meio à comoção com a morte de campos. Em segundo lugar, pesquisa recente de uma divisão da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) sobre como o noticiário está tratando os candidatos a presidente (o dito “manchetômetro”) mostra que Dilma – e só Dilma – está sendo massacrada pela mídia, mas isso mudará com o início do horário eleitoral, a partir desta terça-feira.
Passada a comoção e com a campanha de Dilma finalmente podendo dar a sua versão dos fatos no maior tempo de televisão e rádio entre todos os candidatos, será difícil que Marina continue se projetando sobre a petista no segundo turno. A tendência é de que fique com o patamar de Eduardo Campos ou de Aécio.
De sábado para cá, aliás, Reinaldo Azevedo, um porta-voz quase assumido do PSDB, já começava a bater em Marina, criticando a exploração política que ela tem feito da morte de Campos.
Nesta segunda-feira, Reinaldão continua batendo em Marina. Não há prova maior de que Aécio está perdendo muito com a candidatura dela.
Claro que a militância petista também criticou Marina por rir e fazer “selfies” durante o velório do ex-companheiro de chapa no velório dele, sobre seu caixão. Porém, a militância não tem as informações de Reinaldo, que já foi muito bem instruído pelo PSDB.
O comportamento desse jornalista tucano aponta para o que deve acontecer até o dia 5 de outubro: Marina e Aécio vão se engalfinhar pelo segundo lugar, mas o Datafolha mostra que Marina tem muitas vantagens sobre ele.
Marina, pelo menos até aqui, não tem esqueletos no armário como o tucano – Aécioportos, etc. Dilma carrega o peso do PT (mensalão, etc.), mas contra si não pesa nada. Tanto quanto contra Marina.
Aliás, se forem analisar partido por partido o PSB também tem muita gente acusada de corrupção.
A questão é a imagem dos candidatos. O Datafolha revela a fraqueza da candidatura de Aécio e a força da candidatura de Dilma, que está no seu piso há muito tempo. Imaginar que poder dar sua versão dos fatos no horário eleitoral não irá melhorar sua aprovação, é temerário.
Mais uma vez: hoje, a voz de Dilma é quase inaudível diante do massacre midiático que o “manchetômetro” da UERJ revelou. A partir desta terça, Dilma, Lula e o PT vão poder falar. E terão muito, muito, muito espaço para tanto.
A previsão deste Blog, pois, é a de que a campanha de Dilma vai simplesmente deixar Marina e Aécio se engalfinhando pelo segundo lugar, de forma que aquele entre os dois que chegar ao segundo turno, chegará meio estropiado.
Claro que Aécio tomará cuidado porque, caso passe para o segundo turno, precisará do apoio de Marina. Contudo, se ela se aliar a ele oficialmente no segundo turno, atrairá sua rejeição, que deverá crescer muito.
Com todo o bombardeio que tem sofrido, Dilma não perdeu um único ponto. Aécio perdeu pouco (tinha 21% e agora tem 20%), mas perdeu. Dilma ganhou aprovação ao seu governo e perdeu rejeição. Tudo de bom para ela. Chega à campanha na TV melhor do que disse a maioria dos “analistas” da grande mídia.
Além de tudo isso, nas próximas semanas o Brasil saberá mais sobre Marina. A coordenação de sua campanha por uma das donas do banco Itaú é um fato que a população não sabe, mas que, ao saber, fará com que reveja a imagem de candidata “socialista’.
Finalmente, àqueles que possam julgar que Marina no poder não seria a mesma coisa que Aécio, digo que se enganam. Seria uma títere da mídia e do capital.
Contudo, Marina tem um problema com o capital, com o agronegócio. Aécio, não. Por mais que o capital não tenha tanta força em eleições quanto se pensa, seguramente tem influência e acha que Marina é menos previsível do que o tucano.
Trocando em miúdos: o capital não deve fazer tanta força por Marina quanto fará por Aécio.
Para Dilma, às portas do início do horário eleitoral no rádio e na tevê, o quadro é muito melhor do que o esperado. Quem estiver pensando em pular fora do barco dela, convém aguardar. A tendência é de que ganhe musculatura eleitoral nas próximas semanas.

sábado, 3 de maio de 2014

Se Dilma deixar, oposição surfará em horário eleitoral exclusivo até agosto

Aos poucos, vai ficando claro por que a entrevista do ex-presidente Lula a blogueiros, no início do mês passado, provocou tanta comoção nos grandes meios de comunicação – Globo à frente. Sem essa entrevista, muito provavelmente a presidente Dilma não teria tomado as iniciativas que vem tomando no sentido de reagir ao bombardeio midiático.
O endurecimento do discurso da presidente – e, com sua anuência, de membros de seu governo, sobretudo de seus ministros – contra a oposição e seus candidatos à Presidência decorreu, claro, de números desfavoráveis apurados em pesquisas obscuras que, para quem as acompanha, sabe que forçaram a mão a favor da oposição ou contra a situação. Mas, em grande medida, decorreu também – e principalmente – da senha dada por Lula.
Dilma engajou-se na administração do país em 1º de janeiro de 2011 e acabou esquecendo do resto. Esqueceu-se de como a política pode ser eficiente em distorcer a realidade.
A presidente achou que a manutenção do bem-estar dos brasileiros em meio a uma hecatombe econômica mundial seria suficiente para mantê-la politicamente forte, mas deixou de contar com um fato: manter o bem-estar não significa aumentá-lo.
Como aumentar significativamente a qualidade de vida no país seria praticamente impossível em um momento em que o mundo se debate em desemprego e recessão no âmbito da maior crise econômica mundial da história, a falta da continuidade da melhora dessa qualidade de vida seria explorada politicamente com grande eficiência devido ao fato de a oposição dispor de máquina propagandística tão avassaladora quanto é a grande mídia.
Dilma acreditou no poder da realidade contra o poder da comunicação, a qual, ao longo de seu governo, relegou a segundo plano, dispondo-se, inclusive, a repetir os chavões dos grandes impérios de mídia com os quais respondem aos questionamentos sobre a absurda concentração de propriedade desses meios que vige no Brasil.
Dilma adotou a tese midiática do “controle remoto” como que fazendo uma oferta de paz àqueles impérios de comunicação. Algo como “Deixem-me governar que não incomodo vossos oligopólios, com os quais vêm enriquecendo tanto”. A presidente não entendera, pois, que a mídia não quer apenas ganhar dinheiro, mas também governar o país…
Por “controle remoto”.
Sem estratégia de comunicação, fazendo ar blasé para ataques reiterados dos adversários na mídia, acreditando que o massacre dos petistas condenados no julgamento do mensalão não a afetaria apesar de esses ataques criminalizarem o PT, partido ao qual a presidente é filiada, ela se manteve ocupada, “apenas”, em impedir que a sociedade sentisse os efeitos da crise internacional.
E conseguiu. Dilma conseguiu manter o país a salvo da crise. A vida dos brasileiros não só não piorou como ainda melhorou um pouco, ainda que bem menos do que durante a era Lula, que só viveu dois anos de uma crise que já dura quase seis.
Mas o que aconteceria se os brasileiros não soubessem a gravidade da crise econômica internacional? E se ela fosse tratada pelos meios de informação disponíveis aos brasileiros como “nada demais”, como um fato incapaz de justificar que o ritmo da melhora da qualidade de vida no país tenha diminuído?
Foi o que aconteceu. Vermos as críticas que temos visto tanto na grande mídia quanto nas ruas do país a uma política econômica que impediu que fôssemos contaminados pelo desemprego e pela queda da renda que se espalharam pelo planeta, chega a ser surreal.
Quando falam da inflação, parece que estamos no fim do governo Sarney, do governo Collor ou no fim do governo FHC, quando a inflação de dois dígitos deixava os salários e a renda das famílias na poeira. Nem parece que por mais de uma década seguida o Brasil mantém a inflação dentro da meta do Banco Central e que os salários têm dado um baile na inflação.
Nem parece, aliás, que há hoje no país uma empregabilidade altíssima inclusive para grande parte da mão-de-obra não especializada e que os salários estejam em níveis jamais imaginados ao longo das duas décadas anteriores à chegada do PT ao Poder.
Alguns dirão que Dilma acordou tarde demais e que já não haverá tempo para reagir, mas tal premissa não passa de desconhecimento da realidade do país, não passa de uma premissa fundada em torcida ou pessimismo exagerado.
A eleição presidencial de 2014 mais uma vez irá contrapor realidade e fantasia – ou realidade e efeitos especiais. O que vivenciamos de concreto hoje no país é uma coisa, o que a máquina propagandística de oposição está enfiando em algumas cabeças, é outra.
Ora, basta fazer o cidadão olhar ao seu redor, usar a memória para lembrar o passado e decidir se quer arriscar o que tem.
A máquina propagandística da oposição está vendendo um “Viaduto do Chá” aos brasileiros, acenando com melhoras que não virão e que, pelo contrário, em vez de melhoras serão pioras, pois quem acompanha a política conhece muito bem as plataformas de Aécio Neves e Eduardo Campos vendidas ao grande empresariado, de impor “medidas amargas” à ralé.
O fato é que o horário eleitoral na televisão e no rádio com o qual o PT e sua candidata esperam fazer os brasileiros pensarem, só começa daqui a mais de 90 dias. Até lá, o governo, sua titular, o partido dela e os aliados estarão literalmente amordaçados nos meios eletrônicos, enquanto que a oposição terá uma mídia que faz a sua vez nesses meios todo dia, de segunda a segunda.
A realidade hoje é que enquanto Dilma apanha todo dia nas tevês, nos jornais expostos em cada esquina e nas rádios, meios nos quais a grande massa se informa, a oposição aparece de forma heroica enfrentando “o poder”, inclusive reclamando de estar sendo prejudicada pela “máquina estatal” nas mãos dos adversários.
Na comunicação de massas, porém, só Dilma apanha. A economia estaria em frangalhos, a Petrobrás teria sido falida, a corrupção teria explodido e todos os problemas que são de responsabilidade de Estados e municípios, grande parte dos quais são administrados pela oposição, tornam-se responsabilidade da presidente da República.
Enquanto isso, alguém se lembra de uma única reportagem negativa para Aécio Neves ou Eduardo Campos? Até surgiram episodicamente na mídia, há vários meses, algumas denúncias contra o PSDB de São Paulo, como no caso dos trens superfaturados de Alckmin e Serra, mas Aécio e Eduardo são mantidos intocados e só aparecem no ataque, repetindo o que diz o noticiário.
Eis por que o recente pronunciamento de Dilma em cadeia de rádio e tevê deixou a mídia e a oposição de cabelo em pé. A presidente fez a única coisa que não pode fazer para que os planos dos adversários deem certo: deu a sua versão contra a versão esmagadora do noticiário.
Ora, censura só funciona se for para valer e a oposição midiática depende de Dilma continuar calada para poder fazer prevalecer sua versão da realidade, impedindo os brasileiros de refletirem sobre o que têm e o que estarão colocando em jogo em outubro próximo.
Desse modo, se Dilma não continuar falando – e muito – terá dois meses de exposição na tevê e no rádio para convidar o país a refletir, enquanto que a oposição, só neste ano, terá tido OITO meses. A oposição, assim, terá desfrutado de um horário eleitoral exclusivo na mídia eletrônica que terá sido quatro vezes maior do que o que terá tido a situação.
Em condições tão desiguais, a disputa ficará difícil para Dilma. A menos que ela continue falando, pois só a sua voz tem peso suficiente para não poder ser ignorada ou escondida. E mesmo que a cada fala sobrevenham os ataques, a militância terá argumentos e não vai dar para simplesmente tapar os ouvidos e não ouvir o que o outro lado tem a dizer.
Eis, portanto, a contribuição deste blog aos estrategistas da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Quanto mais rico, pior

O título do texto não é só uma provocação e um exagero completo. Agora mesmo surgiu indício científico de que o dinheiro, ao invés de tornar a pessoa melhor, freqüentemente pode torná-la bem pior – ao menos do ponto de vista intelectual.
Muitos ficarão surpresos. Ora, como o dinheiro pode tornar alguém mais burro se permite ao endinheirado pagar por educação de melhor qualidade?
Burrice e inteligência são conceitos vagos. Quem já não julgou “burro” alguém com enorme bagagem de diplomas acadêmicos? Quem já não se espantou com a sagacidade e com a clarividência de alguém sem instrução formal e de origem pobre?
Em termos de inteligência política, ao menos, ter dinheiro parece danoso. É o que mostra pesquisa Datafolha recém divulgada pelo jornal Folha de São Paulo. A sondagem quis saber a opinião do eleitor sobre o horário eleitoral na TV e no rádio.
Apesar de o Datafolha mostrar que 64% dos paulistanos apóiam a propaganda eleitoral “gratuita” nos meios eletrônicos e que apenas 32% querem que seja extinta, entre os que têm renda acima de dez salários mínimos o percentual contrário à propaganda chega a 43%.
Ao ler sobre essa pesquisa me veio à mente um amigo que tem instrução formal e muita grana no banco, sem falar do vasto patrimônio. Para ele, política é uma brincadeira, um fla-flu. Discute o assunto seriíssimo sem qualquer compromisso com a seriedade.
Como quase todo paulistano de classe média alta, esse amigo é antipetista até a raiz dos cabelos – meu filho é mesário há várias eleições em um bairro desse estrato social e relata que, ali, a direita costuma ganhar com até 90% dos votos. Serra, em 2010, teve 93%.
Até aí, tudo bem. Por óbvio, não se sugere, aqui, que só quem tem inteligência política são os simpatizantes do PT. O problema do sujeito é outro, é o seu descompromisso com fatos e com a seriedade que o assunto requer.
Anda sempre com um jornal da direita midiática a tiracolo (Estadão ou Jornal da Tarde ou Folha de São Paulo), quando não carrega a Veja. Sai por aí vomitando acusações contra o PT e, quando perguntado se não vê corrupção nos partidos que apóia, muda de assunto.
Liguei para o amigo após ler a tal pesquisa Datafolha. Perguntei, sem falar da pesquisa, sua opinião sobre o horário eleitoral. A resposta era previsível: quer acabar com ele, pois decide seu voto pela orientação que recebe da “imprensa”.
Perguntei se não era melhor, então, acabar com as eleições e delegar à imprensa a prerrogativa de escolher parlamentares e chefes do poder Executivo (prefeitos, governadores e presidentes). A resposta foi a de que “Até que não seria má idéia”.
Poucos dias antes, o amigo foi me visitar em meu escritório. Já entrou cantarolando o jingle de José Serra. Fitei-o demoradamente enquanto refletia sobre sua postura. Decidi ir mais fundo em seu ideário político.
Quis saber se estava satisfeito com São Paulo. Respondeu que adora a cidade. Expliquei que não me referia a isso, que o que perguntara fora se estava satisfeito com a administração da cidade. Resposta: “No meu bairro, sim”.
Então lhe perguntei se achava que os outros bairros estão bons. Respondeu-me que os da periferia continuam uma porcaria, mas que, para ele, o que interessa é onde vive.
Decidi, então, aferir seus conhecimentos sobre seu próprio bairro – de fato, um bairro dito nobre.
Quis saber sobre a limpeza. Começou dizendo que era boa. Como meu escritório fica no bairro em que mora, pedi que viesse à janela e lhe mostrei a rua emporcalhada. A resposta foi a esperada: a sujeira em seu bairro “maravilhoso” é culpa da “baianada”.
Então perguntei sobre a educação pública. Respondeu que nunca precisou da educação pública para os seus filhos, apesar de ter estudado em escola pública. Mas como tem mais de sessenta anos, cursou-a à época em que servia a poucos, mas tinha qualidade.
Agora, pergunto sobre a saúde pública. A resposta é a de que nunca precisou de saúde pública e que seu plano de saúde familiar é “top de linha” – paga inacreditáveis 3,7 mil reais por um plano de saúde para si, a mulher e duas filhas.
E a segurança pública em São Paulo, é boa? Claro que sim. Só não é melhor por culpa de quem mesmo? Adivinhe, leitor, se puder…
Pergunto como a segurança pode ser boa se a sua casa parece um campo de concentração – fica em uma vila particular em que um portão enorme fecha o espaço público, além de grades, fios elétricos e câmeras por toda parte. Mais uma vez, a “baianada” levou a culpa.
Burrice, preconceito, irresponsabilidade… Tudo isso na boca de um ex-juiz do Trabalho, contador formado e que tem conta bancária com quase sete dígitos. Que desculpa tem esse homem para suas opiniões cretinas?
É tudo bem simples: vivemos em um país que está entre os 12 mais socialmente desiguais em um planeta que tem cerca de duas centenas de países. Essa minúscula elite que concentra renda, como ficou demonstrado acima, não precisa do Estado.
Criou-se, entre esse segmento microscópico – e influente – da sociedade, uma fé fervorosa no mais legítimo fascismo. Quer, no mínimo, deportar os nordestinos excedentes aos que necessita como empregados domésticos, garçons, manobristas, porteiros etc.
Alguns devem ter visto, aliás, entrevista que uma socialite chamada Anna Maria Corsi deu à mesma Folha de São Paulo, entre outras congêneres que também se manifestaram. A mulher disse, com todas as letras, o que afirmo no parágrafo anterior.
A mesma coisa é o meu amigo supracitado – que é infinitamente menos rico, mas igualmente preconceituoso. Aliás, mais radical, pois prega que coloquem todos os nordestinos “no paredão” e “passem fogo”.
“Horário eleitoral pra quê?”, diz o amigo reacionário. Segundo ele, os jornais já dizem quem é o candidato que “vai defender a gente dos comunistas que querem dar aos baianos indolentes o que conseguimos com nosso suor”.
Quis perguntar como ele pode ter “suado” para conseguir seu patrimônio se herdou tudo do pai, mas desisti. Vivo em um bairro de classe média alta – apesar de não ser dessa classe – e não posso brigar com a vizinhança toda.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Gatuno Escondido Com o Rabo de Fora


Da série: escondendo Serra

PSDB escala FHC para se aproximar de jovens e ignora Serra - politica - Estadao.com.br

Votação do candidato derrotado à Presidência foi lembrada no programa do partido, mas, ao contrário de Aécio, não houve menção à sua gestão em São Paulo

Anne Warth, da Agência Estado
SÃO PAULO - O programa do PSDB que foi ao ar na noite desta quinta-feira, 3, mostrou um partido preocupado em desconstruir a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, renovar a imagem da sigla e aproximar os tucanos dos eleitores jovens. Dos dez minutos destinados à propaganda partidária, metade explorou a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que respondeu a perguntas feitas por jovens em uma espécie de talk show. Na segunda parte, lideranças se revezaram em um balanço do desempenho do PSDB nas eleições do ano passado e do papel que o partido pretende ter como oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. Enquanto o senador Aécio Neves (MG) foi citado pelo narrador e teve várias imagens veiculadas, o candidato derrotado do PSDB à Presidência, o ex-governador José Serra, foi ignorado pela narração.
FHC reconheceu os avanços socioeconômicos do País nos últimos anos, mas disse que Lula o decepcionou ao fazer uma gestão que avaliou como conservadora e complacente com a corrupção. "Eu conheci o Lula no ABC, em São Bernardo do Campo, o Lula inovador, que dizia que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) precisava ser liberada, que os trabalhadores precisavam de uma nova forma de relação, um sindicato mais independente, um plano de reformas, que precisava mudar o Brasil", afirmou FHC. "Ele não fez isso. Acho que ele foi conservador, aceitou muita coisa que não era boa de aceitar. Todo mundo faz alianças, eu também fiz, mas ele ficou até o fim, até promoveu mais alianças com setores muito atrasados no Brasil e permitiu que houvesse uma certa complacência com corrupção. Nesse lado me decepcionou, talvez mais como pessoa do que como presidente."
No programa, FHC disse que os partidos brasileiros, de forma geral, e o PSDB, especificamente, precisam de uma "chacoalhada". Disse que o PSDB foi fundado para renovar o Brasil e a política. "Mas precisamos estar mais próximos das pessoas, do povo, com menos pompa e coisas mais diretas", afirmou. Ele também fez um discurso em defesa do meio ambiente. "Precisa ter juízo, bom senso, não dá pra crescer a qualquer custo, a qualquer preço. Isso é o passado, no período dos militares era assim, cresce, cresce, cresce, destrói, grandes obras, não se preocupa com nada. Isso não é mais saudável, o mundo hoje quer crescimento com respeito ao verde e nós precisamos e podemos fazer isso."
Na segunda metade do programa, os destaques são a participação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), do líder do partido na Câmara, Duarte Nogueira (SP), e do senador Álvaro Dias (PR). Aécio e Serra não gravaram declarações, mas enquanto o ex-governador de Minas foi citado como gestor bem sucedido, bem sucedidas do Estado, seu colega paulista não foi lembrado pelo narrador. A única referência falada a Serra veio de Guerra, que lembrou a votação do tucano na eleição do ano passado.
Guerra foi o mais crítico em todo o programa. Sem citar o nome de Lula nem o de Dilma, ele ressaltou que Serra obteve 44 milhões de votos nas eleições. "Parte expressiva da população não concorda em continuar tudo do jeito que está. Lutamos contra um adversário que abusou do poder econômico e zombou da Justiça Eleitoral", afirmou. Em mais uma menção sobre as eleições, Guerra negou que o PSDB tenha a intenção de dividir o País. "Somos todos um só, um só povo, uma só nação. Nós não queremos dividir o Brasil. Nós, do PSDB, queremos a mesma coisa que você quer. Um país melhor de verdade", afirmou.
Alckmin foi o único dos 10 governadores eleitos pelo partido no ano passado a gravar uma participação no programa. Coube ao locutor do programa citar e apresentar os demais governadores. "O PSDB não é apenas o partido das boas ideias. Nós somos o partido que é capaz de transformar para melhor e de verdade a vida das pessoas", disse Alckmin. "Isso é percebido e aprovado pela população. Essa capacidade de governar nos tornou o partido que mais elegeu governadores no País."
Álvaro Dias e Duarte Nogueira defenderam uma atuação "implacável" contra a corrupção, uma oposição fiscalizadora, as reformas, o reajuste da tabela do imposto de renda e o salário mínimo de R$ 600.