Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

“O Brasil é uma oportunidade excepcional !” Os juros de longo prazo já indicam mais confiança.

 “ O Brasil é uma oportunidade excepcional ! ”

Os juros de longo prazo já indicam mais confiança.


Daniel Rittner, especialista em atrasos de obras de infra-estrutura, e Luciano Máximo, do Valor, entrevistaram Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, em Davos, na Suíça.

Seguem-se algumas considerações do presidente do Bradesco, um pequeno banco do interior de São Paulo, sediado em Marília e cujas opiniões não merecem refletir-se nos colonistas (ver no ABC do C Af) do PiG:

- Alguns investidores aqui (em Davos) já nos disseram que o Brasil tem futuro e é uma possibilidade excepcional para investir;

- O ano de 2015 deverá comemorar o ajuste de dois pilares: o fiscal e o da política monetária;

- Os juros de longo prazo do Tesouro Nacional, NTN-Bs já caíram de 7% para 6%;

- Já é reflexo da mudança de dimensionamento da política econômica;

- Este é um ano de encontro. Atingiremos a competitividade se tivermos uma boa logística;

- Para que o processo de concessões seja mais barato, é preciso haver confiança do (empresario);

- Foi importante aumentar a CIDE (dos combustíveis) porque aumenta a arrecadação e ameniza a crise do setor de etanol;

- A retomada de 2015 se dará com os investimentos em infra-estrutura, que dependem de se virar a pagina do problema da Petrobras e da Lava Jato
(clique aqui para ler “as empreiteiras não podem fechar”.)

(Leia também o que disse o PML sobre a “ideologia” do Dr Moro”; clique aqui para ver que o Dr Moro parece ter saído aos seus, anti-lulistas; e aqui, onde se pergunta se ele leu o Padre Vieira.)

Sobre o apagão do Alckmin, disse Trabuco:

“A solução para a crise hídrica não está em represas construidas há 20, 30 anos, quando a cidade tinha outra densidade populacional. Precisamos ser extremamente arrojados”.

- Já se percebem os reflexos do “choque de credibilidade”.

Ao contrário dos colonistas do PiG, o Conversa Afiada presta muita atenção às serenas palavras do Trabuco.
Lamenta que não tenha sido ele o Ministro – clique aqui para ler ”o Conversa Afiada apoia a preferência por Trabuco”.
O Conversa Afiada acredita que é preciso um ajuste.
Não chamaria de um “choque de credibilidade”, porque o Guido Mantega merece credibilidade e desempenhou seu papel com eficiência e coragem.
Segurou a barra numa situação difícil – especialmente numa eleição em que o Governo ficou sitiado pelo PiG até o início do horário eleitoral: sem poder se defender ou mostrar o que fez.
O Conversa Afiada, porém, leu o Piketty.
Será que a Urubóloga leu ?
E, portanto, tem as suas dúvidas sobre um “ajuste” neolibelês, em que o custo cai no lombo dos mais vulneráveis.
Preferia que o Levy tratasse imediatamente de um imposto sobre grandes fortunas, como sugere o Piketty e repudiam os filhos do Roberto Marinho.
Preferia que o Levy anunciasse um projeto de lei para recriar a CPMF.
E não se contentasse como aumento de impostos que não discriminam ricos de pobres.
Agora, por exemplo, a Presidenta Dilma não corrigiu a tabela do Imposto de Renda, para não perder arrecadação.
Quem mais sofre ?
O coitadinho da classe média, porque os filhos do Roberto Marinho nem se coçarão.



Em tempo: o Trabuco é a única boa notícia no PiG cheiroso (ver no ABC do C Af).

O resto é uma desgraça só.

Imagina, amigo navegante, que a edição impressa do jornal (sic) abre com duas fotografias assustadoras: a do Adriano Pires – ah, quando eu crescer quero ser o Adriano Pires – e do banqueiro Luiz Carlos Mendonça de Barros, que o PiG insiste em tratar como se laureado economista fosse.

É aquele do “se isso der m…”.

Lembram ?

Barros é quem estava do outro lado da linha …

Em tempo2: o Valor não registrou a presença do Aécio Never, que iria a Davos no lugar da Dilma.


Paulo Henrique Amorim



Ao contrário dos colonistas do PiG, o Conversa Afiada presta muita atenção às serenas palavras do Trabuco.
Lamenta que não tenha sido ele o Ministro – clique aqui para ler ”o Conversa Afiada apoia a preferência por Trabuco”.
O Conversa Afiada acredita que é preciso um ajuste.
Não chamaria de um “choque de credibilidade”, porque o Guido Mantega merece credibilidade e desempenhou seu papel com eficiência e coragem.
Segurou a barra numa situação difícil – especialmente numa eleição em que o Governo ficou sitiado pelo PiG até o início do horário eleitoral: sem poder se defender ou mostrar o que fez.
O Conversa Afiada, porém, leu o Piketty.
Será que a Urubóloga leu ?
E, portanto, tem as suas dúvidas sobre um “ajuste” neolibelês, em que o custo cai no lombo dos mais vulneráveis.
Preferia que o Levy tratasse imediatamente de um imposto sobre grandes fortunas, como sugere o Piketty e repudiam os filhos do Roberto Marinho.
Preferia que o Levy anunciasse um projeto de lei para recriar a CPMF.
E não se contentasse como aumento de impostos que não discriminam ricos de pobres.
Agora, por exemplo, a Presidenta Dilma não corrigiu a tabela do Imposto de Renda, para não perder arrecadação.
Quem mais sofre ?
O coitadinho da classe média, porque os filhos do Roberto Marinho nem se coçarão.



Em tempo: o Trabuco é a única boa notícia no PiG cheiroso (ver no ABC do C Af).

O resto é uma desgraça só.

Imagina, amigo navegante, que a edição impressa do jornal (sic) abre com duas fotografias assustadoras: a do Adriano Pires – ah, quando eu crescer quero ser o Adriano Pires – e do banqueiro Luiz Carlos Mendonça de Barros, que o PiG insiste em tratar como se laureado economista fosse.

É aquele do “se isso der m…”.

Lembram ?

Barros é quem estava do outro lado da linha …

Em tempo2: o Valor não registrou a presença do Aécio Never, que iria a Davos no lugar da Dilma.


Paulo Henrique Amorim

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Brasil? Poupe-me...


Dilma defende modelo social brasileiro em Davos: 36 milhões foram tirados da extrema pobreza e 42 milhões que ascenderam à classe média; a renda per capital media cresceu 78% desde 2003


Ainda há um Brasil a desbravar, indicou a Presidenta: apenas 47% dos domicílios têm computador e 55% apenas têm máquina de lavar

Déficit comercial do setor industrial atinge US$ 105 bi em 2013; saldo reflete câmbio fora do lugar que dificulta vendas e incentiva importações

Ajuste cambial em marcha na AL: Venezuela adota câmbio múltiplo, mais caro para o turismo.

Argentina faz forte desvalorização do peso


Foi preciso que o presidente de um dos maiores bancos viajasse 8.940 kms, para encontrar um jornalista disposto a ouvir e reportar uma outra visão do Brasil.


por: Saul Leblon 
Arquivo






















Foi preciso que o presidente de um dos maiores bancos brasileiros viajasse 8.940 kms para fora do país, um estirão aéreo de  11 hs  até Genebra, na Suíça, para encontrar um jornalista, o competente Assis Moreira, correspondente do Valor Econômico, disposto a ouvir e reportar  uma visão  da economia  ausente na pauta  do Brasil aos cacos,  que predomina nas páginas  do seu próprio jornal.

Que isso tenha acontecido na carimbada paisagem de neve e ternos pretos de Davos, onde se realiza o concílio das corporações capitalistas,  diz algo sobre  o belicismo da emissão conservadora em  azedar  as expectativas  contra o Brasil e seu desenvolvimento.

Luiz Carlos Trabuco Cappio, presidente do Bradesco, não dirige uma instituição socialista.

Segundo maior banco do país, o Bradesco  acumulou até o 3º trimestre de 2013 um lucro  da ordem de R$  9 bilhões, em boa parte pastejando tarifas e juros no lombo de seus clientes.

Até aí,  estamos na norma de um setor que  ao primeiro alarme da crise mundial deixou o Brasil falando sozinho.

Recolheu-se ao bunker dos  títulos públicos (juro limpo, risco zero de inadimplência) e deixou o pau quebrar do lado de fora.

Mais de 50% do financiamento da economia brasileira hoje é garantido pelos bancos estatais –  15  pontos acima do padrão de mercado pré-crise.

Não dispusesse  de um  sistema de bancos estatais, o país seria  arrastado à crise pela vocação  pró-cíclica da lógica financeira.

O Bradesco tem 26 milhões de correntistas; está espalhado por todo o Brasil  –sua rede de oito mil agências talvez só perca para a do Banco do Brasil.

Um dos segmentos de maior  expansão do banco  no ano passado  foi a carteira  imobiliária: o financiamento de imóveis  totalizou  R$ 12,5 bi –crescimento de 33% no período, contra 11% do credito em geral.

Talvez essa capilaridade explique a dissonância.

O que disse Trabuco, em Genebra,  destoa da água para o vinho dos clamores emitidos pela república rentista, aferrada a circularidade do lucro que não passa pela produção, nem pelo consumo.

No cassino, a regra de ouro é o descompromisso com a sorte do desenvolvimento e o destino da sociedade  –não raro, o confronto, em modalidades conhecidas.

A saber: arbitragem de juros (leia ‘O governo invisível não quer Dilma’; neste blog), especulação  com papelaria e moedas (bolsas, volatilidade cambial) e imposição de  Selic gorda no financiamento da dívida pública.

Até mesmo pelo maior  entrelaçamento  geográfico  com o país real (se o Brasil der errado isso tem consequências) o dirigente do Bradesco se obriga a um outra visão da economia e do governo.

Excertos da sua entrevista a Assis Moreira soam como mensagens de um marciano  em meio ao alarido do rentismo  local:

(...) ‘O grande desafio que nós temos é fazer o capital produzir no Brasil. É fazer o investimento estrangeiro ou capital privado nacional funcionar para suprir os nossos fossos, principalmente de infraestrutura. O Brasil não é um país pobre, é um país desigual. Não é um país improdutivo. Nós temos problema de competitividade, mas o país é produtivo’.

(...) ‘ninguém quer ficar fora do Brasil. Porque a democracia brasileira, o Judiciário, as instituições, a harmonia social, independente dos problemas que possam existir, tem uma coesão. O Brasil tem um projeto de país’.

(...) ‘Houve uma época na economia brasileira em que tudo estava no curto prazo. Agora, teve um alongamento. E foi positivo, porque o governo soube aproveitar isso, que foi o alongamento da dívida interna. Hoje já temos estoques  importante de títulos de 2045, de 2050’.

(...) ‘O relatório do FMI foi até positivo em alguns aspectos, porque olhou para a economia brasileira e viu um crescimento superior à média da projeção dos economistas brasileiros. Isso é o reconhecimento da capacidade do PIB potencial.
 
Com relação ao movimento de capitais, o FMI falou genericamente, sobre migração [de capital]. O pior dos mundos seria um cenário em que os Estados Unidos, Europa e Ásia mudassem o patamar dos juros, aí teríamos... Acho que a fuga de capital no Brasil não se aplica’.


Isso na 4ª feira. Um dia antes,  o mesmo jornal debruçava-se no colo do mercado financeiro para anunciar a rejeição  do governo invisível  do dinheiro  à reeleição de Dilma.

A dificuldade em pensar o Brasil advém, muito, da inexistência de um espaço ecumênico  de debate em que opiniões como a de um Trabuco,  ou a  de Luiza Trajano  --a dona do  Magazine Luiza, que desancou ao vivo um gabola desinformado do pelotão conservador--   deixem de ser um acorde dissonante no jogral que diuturnamente aterroriza:  de amanhã o Brasil não passa.

Os desafios ao passo seguinte do desenvolvimento brasileiro são reais.

De modo muito grosseiro, trata-se de modular um ciclo de ganhos de produtividade (daí a importância  de resgatar seu principal núcleo irradiador, a indústria)  que financie  novos degraus de acesso  à cidadania plena.

A força e o consentimento necessários para conduzir  esse  novo ciclo requisitam um salto de discernimento e organização social,  indissociável de um amplo debate sobre metas,  ganhos, prazos, sacrifícios  e valores.

 Não se trata apenas de sobreviver  à convalescência do modelo neoliberal.

Trata-se de distinguir  se a crise global é uma ruptura ou o desdobramento  natural de um modelo cuja restauração é defendida  por rentistas, jornalistas e rapazes assertivos, desprovidos do recheio competente.

Antes de classificar como excrescência o que se assiste na Europa  --onde o ajuste neoliberal  produziu  26,5 milhões de desempregados, implodiu pilares da civilização e acumula déficits paralisantes, que a recessão ‘saneadora’ não permite deflacionar--,  talvez fosse mais justo creditar à razia o bônus da coerência.

O que o schumpeterismo ortodoxo  promove  no antigo berço do Estado do Bem- Estar Social é radicalização do processo de ‘destruição criativa’ que por três décadas esganou  o rendimento do trabalho, sacrificou soberanias, instituições e direitos, simultaneamente  a concessão de mimos tributários aos endinheirados.

Para clarear as coisas: não foi a crise que gerou o arrocho e a pobreza em desfile no planeta --mas sim o arrocho e a desigualdade neoliberal que conduziram ao desfecho explosivo, edulcorado agora por  vulgarizadores que, no Brasil,  advogam  dobrar a aposta no veneno.

A ordem dos fatores altera a agenda futuro.

Se a crise não é apenas financeira, controlar as finanças desreguladas é só um pedaço do caminho.

 O percurso inteiro inclui controlar a redistribuição do excedente econômico, ferozmente concentrado nas últimas décadas na base do morde e assopra --arrocho de um lado, crédito e endividamento suicida do outro.

O saldo está exposto no cemitério de ossos da crise mundial.

Genocídio do emprego, classe média em espiral descendente, mercados atrofiados,  plantas industriais carcomidas,  anemia do investimento e colapso dos serviços público e do investimento estatal.

Para quem acha que a coisa começou agora, o insuspeito Wal Street Journal acaba de publicar  reportagem com números pedagógicos sobre o esmagamento da classe média no mundo rico, antes da crise.

Dados compilados por Emmanuel Saez, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e Thomas Piketty, da Escola de Economia de Paris’, diz o Wall Street  corroboram o desmonte social em curso nos países ricos.

 Em 2012, os 10% mais ricos da população norte-americana ficaram com metade de toda a renda gerada no país. Trata-se do percentual mais alto desde 1917. 
Mas o ovo regressivo vem sendo chocado bem antes disso.

Estatísticas coligidas por Branko Milanovic, ex-economista do Banco Mundial , adverte  o Wall Street, mostram que, de 1988 a 2008, a renda real dos 50% mais pobres nos EUA cresceu apenas 23%. Enquanto isso, a renda do 1% dos americanos no topo da pirâmide cresceu 113% no período –‘ um percentual que outros estudos consideram subestimado’, lembra o jornal conservador. As famílias dos 50% mais pobres na Alemanha e no Japão tiveram um desempenho ainda pior. A renda real dos 50% mais pobres no Japão caiu 2% em termos reais.

“As desigualdades nacionais em quase todos os lugares, exceto na América Latina, aumentaram", diz Milanovic  ao Wall Street.

Pela ansiedade dos nossos falcões e a animosidade de seus  gabolas no debate das questões nacionais, tudo indica que eles não querem ficar para trás.

Ao ouvirem notícias encorajadoras sobre o potencial do país desabafam enfadados:
‘Brasil? Poupe-me...’

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O governo invisível não quer Dilma

Propinão tucano: quanto tempo ainda o Ministério Público precisa para abrir a caixa preta e convocar Robson Marinho? O centurião do Tribunal de Contas de SP aprovou e blindou todo o esquema de corrupção no metrô operado pelos secretários Matarazzo, Arce e Aníbal, nos governos Covas, Serra e Alckmin.

Data Popular: mais numerosos, jovens da chamada classe C tem poder de consumo (R$ 129 bi) superior ao dos filhos das classes A e B (R$ 80 bi).



Desde o início da crise, em seis anos de colapso neoliberal, o Brasil criou cerca de 14 milhões de empregos - sendo 1,1 milhão no ano passado.

por: Saul Leblon 

Agência Brasil












A expressão ‘siga o dinheiro’, comum em filmes policiais, ilustra a percepção correta, adiantada por Adam Smith, de que a moeda desenha estradas invisíveis na sociedade.

Rastreando-as  é possível desvendar aquilo que não se oferece imediatamente  à vista.

Pelos caminhos do dinheiro circulam  desde carregamentos lícitos, como safras, a armamentos, sonegações fiscais, drogas, favores políticos e outras miunças.

Os bancos são o entreposto de serviços desse trânsito.

Ademais de concederem  abrigo seguro e rentável ao fluxo  –eventualmente lavá-lo das marcas do caminho-- tem o poder de gerar e direcionar novos volumes de tráfego, em emissões de crédito desdobradas da carga ociosa em seus depósitos.

Esse notável replicador  conecta-se a outros entroncamentos por onde o dinheiro graúdo viaja em primeiro  classe, engordando sua existência (às vezes  acometida de emagrecimentos súbitos causados pela gula tóxica).

O conjunto forma o que se chama de sistema financeiro.

Pelo calibre dos interesses que reúne,  a abrangência da ramificação e o poder de influencia que exerce , constitui  uma espécie de governo invisível da sociedade.

 O governo invisível  não quer a reeleição de Dilma.

Pesquisa feita com duas dezenas de expressivos dirigentes dessa constelação, ao abrigo do anonimato, como manda  o ofício, constata que o ‘Setor financeiro quer mudança no Planalto’, informa o jornal Valor Econômico desta 3ª feira.

As relações entre o governo invisível e o visível (qualquer que seja ele) desenvolvem-se em um amplo gradiente.

Oscilam da extrema  cordialidade a  variados graus  de inevitáveis fricções, em se tratando de duas  ordens  distintas se representação do mosaico social.

O governo invisível acha que o governo Dilma atrapalha o seu sistema viário - ainda que longe de comprometer o valor corrigido e real da frota, como atestam as taxas de juros do país, entre as três mais altas do mundo.

Prefere-se, indica o Valor,  que o Estado seja gerido por centuriões de integral confiança, a exemplo daqueles que assessoram Aécio Neves, como o ex-presidente do BC tucano, Armínio Fraga;  ou o economista Gianetti Fonseca, ligado a Marina Silva e Campos.

Em síntese, gente que aplique como se deve a regra do tripé, a saber:

inflação na meta (leia-se, juros altos); câmbio livre (leia-se, nenhum controle sobre o fluxo volátil de capitais) e equilíbrio fiscal (leia-se, arrocho para garantir os juros dos rentistas).

A esse conjunto, o naipe liberal  credita a chave da ‘estabilidade econômica’.

A quebra especulativa do sistema financeiro mundial sugere  que o sagrado tridente com o qual o governo invisível pretende tanger o visível não entrega  necessariamente o que promete.

O problema da instabilidade do capitalismo mostrou-se mais uma vez  inerente ao próprio sucesso do sistema que encoraja ditos agentes racionais e alçarem voos cada vez mais cego, altos e inseguros.

A ausência de regulação disciplinadora levou-os na crise recente de volta às correntezas de vento  exploradas originalmente pelo charlatão italiano Charles Ponzi.

Imigrante pobre nos EUA dos anos 20, Ponzi descobriu que podia fazer uma espécie de arbitragem com a diferença de preços dos selos, mais caros  nos EUA que na Europa.

Nasceria assim o bisavô do atual carry trade ( aplicação financeira que consiste em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo em outro, de taxas maiores).

Ponzi captava dinheiro nos EUA para comprar selos na Europa e revendê-los no mercado americano.

A diferença era embolsada pelo investidor com a promessa de rendimentos  trimestrais que oscilavam de 50% a até 100%.

O negócio floresceu rapidamente  gerando  filas na porta de Ponzi, que contratou dezenas de agentes captadores movidos  promessas de bônus milionários.

A roda da bicicleta  passou a girar  como se imagina.

De uma captação inicial da ordem de US$ 6 mil, em fevereiro de 1920, saltaria para a faixa dos  US$ 400 mil em maio.

Dois meses depois transitava na casa dos seis zeros.

Ponzi descobriu que ganharia mais sem desperdiçar recursos com os selos.

Abaixo os intermediários: pagava a fila de ontem  com os recursos captados hoje.

No final de 1920, o negócio foi desmascarado, levou milhares à ruína e Ponzi à cadeia, como charlatão financeiro. 

Poucos se deram conta de que estava ali  também um filho típico daqueles tempos de sucesso inebriante dos mercados financeiros sem lei.

O sentido ficou mais claro nove anos mais tarde quando a Bolsa de Nova Iorque quebrou deflagrando uma crise mundial da qual o capitalismo só se livrou com a  Segunda Guerra.

A memória seletiva dos rapazes do mercado e dos vulgarizadores da superior  eficiência dos livres mercados  ajuda a entender como depois  quase um século, a bicicleta girou em falso novamente, dando um tombo global no mercado em 2007/2008.

Sucessores avulsos de Ponzi ,como Bernard Maddoff, estavam presentes.  Mas, sobretudo, uma miríade institucional.

O que são, afinal,  os derivativos a não ser  fundos indexados a outros fundos, cujo lastro efetivo repousa sobre material de qualidade tão sofrível quanto os selos- fantasia de Ponzi? Ou o recheio das sub-primes  do boom imobiliário norte-americano?

A banca brasileira –e seus p0rta-interesses na mídia e na política-- considera que a intervenção disciplinadora do Estado nos mercados  compromete a eficiência e corrói a estabilidade do sistema.

Prefere Dilma fora e a lubrificação do país por gente do ramo.

A Depressão norte-americana de 1929 esfarelou a indústria e despejou metade da mão de obra na rua.

Seis anos após o colapso de 2008 da ordem neoliberal, a OIT informa que existe um estoque de  202 milhões de desempregados no mundo  (62 milhões adicionados pela crise); 839 milhões de trabalhadores vivem com menos de US$ 2/dia e 48% do emprego atual é precário.

Vai piorar: espera-se um acréscimo  de mais 13 milhões de demitidos à legião disponível até 2018.
 
O Brasil  criou cerca de 14 milhões de empregos desde o início da crise mundial  (sendo 1,1 milhão no ano passado, saldo carimbado como um fracasso pelo jornalismo isento).

 Os bancos preferem o modelo de  estabilidade espanhol: 26% de taxa de desemprego.

Jornais, a exemplo da Folha, já cogitaram seriamente Ruanda (45% de taxa de pobreza) como referência de país ‘top reformer’ –um  dos mais receptivos  a mudanças amigáveis ao ambiente dos negócios. 

A saúde dos mercados e a deriva da sociedade, como se vê,  não soam contraditórias  a certa concepção de estabilidade.

Antes, exprimem uma  tendência mais geral de um capitalismo que deixado à própria sorte, mais que nunca vai operar em condições de baixa demanda efetiva, elevado desemprego e especulação solta na esfera financeira.

Ademais dos candidatos sabidos, a disputa de outubro coloca em confronto essas duas concepções de governo: a visível e a invisível.


BRADESCO ESTÁ CONFORTÁVEL COM DILMA. PIG , NÃO !

O Brasil está na rota do investimento. Houve uma revolução nos recursos humanos !
Depois de a Luiza Trajano afogar o Diogo Mainardi no copo vazio da inadimplência, e os bancos, segundo o PiG (*) cheiroso, o Valor, expelirem ódio a Dilma, o Vasco telefonou para recomendar imperdível entrevista do Luiz Carlos Trabuco, Presidente do Bradesco.

Note, amigo navegante, a incredulidade do entrevistador, Assis Moreira, quando Trabuco reafirma que a inadimplência caiu, e que o Bradesco e o setor financeiro estão “confortáveis” com a Dilma.

Ninguém quer ficar fora do Brasil, diz Trabuco.

Ninguém, não !

O PiG todo, se pudesse, se mudava para a Manhattan Connection …

Como diz aquele amigo navegante: lá na redação do Manhattan eles se acham no centro da Metrópole. Acaba o programa, tomam o elevador e, quando chegam ao térreo, são mais um cucaracha anônimo de Nova York !

O Mainardi deveria entrevistar o Trabuco ! 

TRABUCO PREVÊ RETOMADA DOS BANCOS PRIVADOS



Assis Moreira

Valor: Como o senhor vê a economia brasileira este ano? Parece existir um certo pessimismo entre alguns bancos?
Luiz Carlos Trabuco Cappi : Acho que em 2014 o Brasil vai crescer mais do que em 2013. É evidente que não será um crescimento espetacular, mas suficiente para gerar um número de empregos para repor o índice de empregabilidade que nós temos. Um dos maiores bônus que nós temos é esse quase pleno emprego. E esse quase pleno emprego está se refletindo nos índices de inadimplência.


Valor: Estão caindo?
Trabuco : Sim, estão no menor nível dos últimos cinco anos, de 3,9% da carteira total de empréstimo da pessoa física. Esse baixo índice de inadimplência tem dois reflexos. O emprego está forte, a empregabilidade é um ponto elevado no mercado de consumo. E ao mesmo tempo houve o aumento muito grande do crédito consciente. Há uns dois anos, quando o Brasil mudou o crédito de 40% para 50% do PIB, se discutia muito se haveria excesso de tomada de empréstimos, mas a realidade provou que não. E o produto que mais cresceu no ano passado foi a caderneta de poupança. O que significa? Que o crédito consciente, a disciplina, está realmente imperando. Quando cresce a caderneta de poupança do pequeno e médio depositante e a inadimplência cai, significa uma boa direção.


Valor: A inadimplência diminui mais ou estabiliza este ano?
Trabuco : A queda foi muito grande, este ano [a tendência] é de estabilizar.


Valor: Agora, o mundo, a economia global, está em transição…
Trabuco : Sim, e é uma transição de retomada da economia dos Estados Unidos e isso não passa despercebido porque faz com que haja mudança de patamar dos juros. 

(…)

O Brasil não é um país pobre, é um país desigual. Não é um país improdutivo. Nós temos problema de competitividade, mas o país é produtivo. No ano passado, foram quase 200 milhões de toneladas de produção agrícola, este ano o clima está ajudando e podemos sonhar com outras 200 milhões de toneladas de produção. Se o país é produtivo, é uma economia diversificada, somos a sétima economia do mundo, não tem por que estar errado.

Valor: Valor: Estamos em um período pré-eleitoral. Não pode haver retardo em reformas que foram iniciadas?
Trabuco : A fase que estamos vivendo agora, e o governo tem nítida consciência disso, é que agora é plano de ação, é plano de crescimento, motivação dos capitais para investir no Brasil. E aí temos de ser mais amigáveis ao investidor estrangeiro, porque, se fizermos o capital nacional e estrangeiro funcionar no Brasil, damos um salto de qualidade. As concessões, foram várias no segundo semestre, o que significam para o Brasil? O Estado, por mais forte que seja, não tem recursos para fazer todos os investimentos para a infraestrutura, e necessita dos capitais privados. Aquela velha tese de Parceria Público Privada não significa um Estado menor, significa um Estado mais eficiente. E quando uma empresa, um investidor ganha o direito de explorar uma concessão, temos dois objetivos. Ele desonerou o Estado do montante do investidor e passa a ser um pagador de impostos na próxima etapa.

(…)

O Brasil está na rota de investimento. O investidor pode ficar preocupado porque em momentos de transição econômica ou quando a inflação recrudesce um pouco, quando o câmbio dá uma mexida, o investidor é sensível. Agora, ninguém quer ficar fora do Brasil. Porque a democracia brasileira, o Judiciário, as instituições, a harmonia social, independente dos problemas que possam existir, tem uma coesão. O Brasil tem um projeto de país. E isso, independentemente da eleição, que você colocou, esse é o direcional. As empresas brasileiras estão trabalhando duro há décadas para aproveitar este momento. Agora tem outro lado, que a gente percebe nas pequenas coisas, é que o Brasil tem passado por uma revolução de recursos humanos. A qualidade do pessoal melhorou, as universidades públicas ou privadas… Aliás, essa dicotomia é discussão vencida. Contrapor banco público a banco privado, saúde pública a saúde privada, educação pública ou privada é discussão ideológica. A sociedade quer é agentes públicos ou privados eficientes. A presidente Dilma tem consciência disso, agora é foco e capacidade de entrega.

Valor: O setor financeiro está com a presidente Dilma ou se sente menos confortável com ela?
Trabuco : Não, nós estamos confortáveis…


Valor: O Bradesco ou o setor financeiro?
Trabuco : O setor financeiro… O setor é um agente do governo na gestão da moeda que está na propriedade dos nossos clientes. O nosso alvo é ter um Brasil que cresça com redução de desigualdade, expansão do PIB, aumento da renda per capita. Porque na proporção que vamos criando um sociedade afluente, tem uma longa trajetória para isso. Uma sociedade afluente é uma sociedade democrática, ela dá oportunidades iguais.

Valor: Ou seja, o setor financeiro está confortável com a presidente…
Trabuco : Ah, está confortável.

Valor: E apoiaria ela?
Trabuco : Isso, apoio, eu diria que não opinamos sobre isso. Agora, eu diria que a presidente Dilma tem um plano de governo, ela tem um direcional, ela é a favor do Brasil e nós somos a favor do Brasil.


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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segunda-feira, 19 de março de 2012

Bradesco analisa Censo-2010. Esse Nunca Dantes …

O Conversa Afiada reproduz análise da newsletter do Bradesco sobre os resultados do Censo 2010.

É um tributo ao trabalho do Nunca Dantes !

Chora, Fernando Henrique, chora !

Ontem, hoje e amanhã: o Censo Demográfico de 2010, as transformações estruturais e as perspectivas para o futuro


Sumário Executivo


Este trabalho busca avaliar os impactos das transformações da sociedade brasileira apontadas pelo Censo Demográfico nas perspectivas para o consumo de diferentes itens e para a composição da renda, combinando tais informações com dados de outras pesquisas do IBGE (PME, POF, PNAD)


O Censo Demográfico de 2010 aponta que a população brasileira está em uma trajetória de envelhecimento, em função da rápida redução da taxa de fecundidade (pp. 2-3).


Diferenças regionais persistem: no Norte/Nordeste ainda é elevada a taxa de fecundidade, e é maior a taxa de dependência de crianças, enquanto que no Centro-Sul os níveis da taxa de fecundidade são bem mais baixos e a taxa de dependência de idosos se destaca em níveis mais elevados do que a média (p. 3)


A composição das famílias também tem se alterado significativamente, em direção a domicílios com menor número de moradores e ao aumento das estruturas familiares baseadas em pessoas sós e em casais sem filhos, em detrimento da redução de casais com filhos (p. 4).


Os ganhos do crescimento na última década foram apropriados por maior parcela da população, engendrando um processo de significativa mobilidade social (as Classes A, B e C aumentaram em cerca de 45 milhões de pessoas entre 2004 e 2011) (pp. 4-5).


Esse processo se baseou ao menos em parte no aumento da escolaridade, na maior formalização do mercado de trabalho e na forte expansão de programas de transferência de renda (pp. 5-7)


Conforme aumentar mais o nível de escolaridade da população, mais difícil será verificar uma reversão do processo de mobilidade social, já que conforme as pessoas possuem mais anos de estudo, diminui a probabilidade que descendam para classes sociais mais baixas (pp. 7-8).


Ainda existe significativo potencial a ser explorado para determinados bens duráveis (em especial computadores, automóveis e máquinas de lavar), mas a taxa de troca mais rápida em função do avanço tecnológico favorece também as vendas de televisões (pp. 8-10).


O mercado potencial de automóveis poderá se ampliar significativamente no Brasil e o País ainda está muito longe de atingir um nível de saturação do tamanho da frota em relação à sua população (p.10).


A continuidade do processo de mobilidade social também beneficiará largamente o setor de serviços (p. 11).


O Censo Demográfico e os avanços do Brasil entre 2000 e 2010


O Censo Demográfico de 2010 teve mais uma rodada de divulgação de resultados em Novembro de 2011, se restringindo de maneira geral a indicadores agregados, mas para algumas variáveis disponibilizando uma abertura para municípios e seus distritos e bairros. Informações socioeconômicas, que até então eram analisadas por pesquisas amostrais ou referentes a apenas partes do País, agora foram consolidadas por esta pesquisa censitária, o que garante que estejamos de fato analisando a realidade do País como um todo.


Entretanto, mais do que apenas apresentar as informações, é importante identificar o que elas apontam para a próxima década em relação à estrutura da economia, ao novo perfil da população e às suas implicações para a estrutura do consumo. Por consequência, é possível inferir quais são os principais setores que se beneficiarão dessa nova composição demográfica.


Movimentos demográficos na década: em direção a uma população mais velha, que crescerá cada vez menos


O Brasil tem passado por um processo significativamente acentuado de envelhecimento de sua população quando comparado a outros países que se encontram em um momento demográfico semelhante. Tal fato se deve à queda extremamente forte da taxa de fecundidade brasileira nos últimos anos, principalmente se analisada em relação às taxas de países em estágio de desenvolvimento semelhante (Gráfico 1). Este é um dos elementos mais relevantes para explicar a rápida mudança na composição etária da população.


É importante destacar que o processo de redução da taxa de fecundidade, apesar de ter ocorrido em todas as regiões do País, não foi suficiente para diminuir a heterogeneidade regional do seu nível (Gráfico 2). Desse modo, a região Norte permanece com a taxa mais elevada (2,42 filhos por mulher em idade fértil), e as áreas com maior urbanização e acesso a serviços de saúde e educação (Sul e Sudeste) persistem com os níveis mais baixos (1,66 e 1,75, respectivamente).


A consequência direta desse processo pode ser verificada pela comparação das pirâmides etárias de 2000 e 2010 (Gráfico 3). De fato, em apenas 10 anos houve um deslocamento significativo do grupo mais representativo da população das faixas de 0 a 24 anos para 10 a 29 anos. Como a taxa de fecundidade nacional já está abaixo do nível de reposição, que é de 2,10 filhos por mulher em idade fértil, a base da pirâmide tende a se tornar cada vez mais estreita, o que implica que nas próximas décadas a população em idade ativa deixará de apresentar incrementos tão significativos como os observados nos últimos anos.


Com essa tendência de redução do ingresso de pessoas na população em idade ativa projetada para os próximos anos, alguns fenômenos adicionais devem surgir. Por um lado, a taxa de dependência de crianças deve diminuir, já que esta é a faixa etária cujo tamanho relativo cai primeiro quando comparada às demais faixas etárias, em função da queda da taxa de fecundidade. Por outro, combinando os efeitos da diminuição desta taxa com o aumento da expectativa de vida (devido aos avanços da medicina, entre outras razões), a população idosa deve ganhar cada vez maior importância relativa na população, fazendo crescer a taxa de dependência de idosos.


Entretanto, existem diferenças bastante expressivas entre as regiões do Brasil no que concerne à queda da taxa de fecundidade, como já mencionado, resultando em taxas de dependência bastante distintas entre as diferentes Unidades da Federação (Gráfico 4). Dentre aquelas com elevada taxa de dependência, destacam-se as localizadas nas Regiões Norte e Nordeste, sendo que seu principal componente para esta taxa é o elevado percentual de crianças na PIA (população em idade ativa). No Centro-Sul, a situação é oposta: as taxas de dependência são mais baixas e, em comparação com o restante do País, o componente de idosos tem um peso maior. Como apontado anteriormente, as distinções das estruturas econômicas e dos acessos à informação nos dois polos do País está correlacionada com este padrão antagônico.


Uma implicação adicional da mudança de planejamento familiar e da consequente redução do número de filhos é que cada vez mais os domicílios comportam famílias com menor número de membros. No Gráfico 5, pode-se verificar que os domicílios com até 3 moradores ganharam participação relativa no total, enquanto que os domicílios com maior número de moradores perderam participação. Algumas consequências diretas disto podem ser sintetizadas pelo fato de que a qualidade de vida das famílias passa a ser maior ao ter que repartir determinada renda entre menos membros e ter gastos fixos menores. Além disso, o fato do número de filhos ser menor (e, portanto, o custo de mantê-los na escola ou realizando atividades extracurriculares é mais baixo) permite que as mães retornem ao mercado de trabalho mais rapidamente, contribuindo para ampliar a renda familiar de maneira significativa.


Mobilidade social e as perspectivas para o consumo


Os movimentos demográficos de um país estão associados aos elementos propulsores do crescimento de longo prazo e permitem discriminar perspectivas para as próximas décadas. Entretanto, a década de 2000 também assistiu a outras mudanças bastante relevantes para a economia brasileira. Se estes movimentos de fato se solidificarem e ganharem cada vez mais força, poderão gerar uma estrutura social propiciadora de redução da desigualdade. Ao mesmo tempo, o maior crescimento relativo da renda das faixas menos abastadas da população possibilita que mais pessoas integrem o mercado consumidor. Adicionalmente, a melhoria das condições de crédito (prazo e juros), que ocorreu principalmente a partir de meados da década de 2000, permitiu que, para um mesmo nível de renda, fosse possível acessar bens de maior valor agregado.


No Gráfico 6, verificamos que a distribuição da massa de renda entre os decis da população entre 2000 e 2010 se deslocou na direção da redução da desigualdade, ou seja, a massa de renda dos dois decis superiores perdeu participação no total, enquanto que os decis inferiores ganharam participação. É patente o fato de que ainda existe um caminho significativo a ser percorrido na direção de reduzir a desigualdade no País, mas em relação às décadas anteriores, os anos 2000 representaram um avanço importante, pois o País cresceu e mais pessoas se beneficiaram disso.


De fato, considerando a evolução da distribuição de classes no Brasil, entre 2004 e o início de 2012 o incremento de população nas Classes A, B e C1 foi de cerca de 45 milhões de pessoas, enquanto que a Classe E se reduziu em 25 milhões de pessoas (Gráfico 7). Alguns fatores que serão discutidos a seguir podem explicar ao menos parcialmente tal processo: aumento da escolaridade da população, maior formalização do mercado de trabalho, expansão de programas de transferência de renda, entre outros.


Em primeiro lugar, é interessante observar que tanto a escolaridade (níveis de ensino completados) como a escolarização (frequência escolar) da população se expandiram significativamente na última década. O Brasil ainda está bastante defasado em relação a outros países latino-americanos ou mesmo à Rússia e à China quanto à média de anos de educação de sua população. Entretanto, os esforços recentes do governo com o intuito de universalizar o ensino levaram ao movimento verificado no Gráfico 82, que representa a abrangência do ensino no nível fundamental e a ampliação do acesso aos ensinos médio e superior e à educação infantil. Vale destacar que ao menos parte do movimento de redução da razão relativa ao ensino fundamental e do aumento da do ensino médio é explicada pelo fato de que mais pessoas passaram a cursar o nível escolar correto para a sua idade3.


Já o esforço da ampliação da escolaridade da população tem como consequência um crescimento significativo do número de pessoas com níveis mais elevados, como mostra o Gráfico 9. Destacam-se o número de pessoas com nível médio completo e superior incompleto, que se expandiu em 18 milhões, e com superior completo, que mais do que dobrou, crescendo em 6,5 milhões de pessoas. É essencial para as perspectivas de crescimento econômico que este movimento continue e até se acentue. Outro ponto a ser lembrado é que não só a quantidade, como também a qualidade do ensino deve ser promovida. Isso porque um dos fatores mais importantes que explicam o aumento da escolaridade até o final do ensino fundamental é o sistema de progressão continuada, o que não tem necessariamente contribuído para que os alunos ampliem seu aprendizado efetivo4. Avaliações internacionais, tais como o PISA (realizado pela OCDE), mostram que o Brasil está muito atrás dos demais países em termos de habilidades como compreensão de leitura, matemática e ciências de seus alunos (em 2009, o País estava abaixo da média da OCDE em todas essas disciplinas, encontrando-se na 53ª posição de 65 países avaliados, à frente apenas de países em desenvolvimento).


O segundo fator elencado como propulsor da mobilidade social recente foi o processo de formalização da força de trabalho. Ao longo da década de 2000, houve significativo aumento absoluto dos empregados com carteira de trabalho assinada e ligeira redução do número de empregados sem carteira assinada, como mostra o Gráfico 10. Além disso, os militares e funcionários públicos estatutários passaram de 3,7 para 4,9 milhões entre 2000 e 2010. Vale destacar também o crescimento do grupo de conta própria, que é bastante heterogêneo, e inclui desde profissionais liberais a vendedores ambulantes (e, portanto, não é possível discernir se essa expansão se deu no grupo mais estável de ocupação ou naquele cuja possibilidade de ser afetado por uma instabilidade da economia é maior).


Adicionalmente, a década aqui analisada apresentou uma evolução bastante significativa de programas de transferência de renda, com especial destaque para o Programa Bolsa Família. Entre 2005 e 2011, o volume médio despendido mensalmente nesse programa saltou de patamares próximos a R$ 340 milhões para R$ 1,4 bilhão, sendo que o número de famílias beneficiadas cresceu de 5 milhões para 13 milhões no mesmo período (Gráfico 11). Além de propiciar aumento da renda das famílias mais pobres, o Programa Bolsa Família tem condicionalidades5 que possibilitarão que as novas gerações dessas famílias tenham uma base melhor para obterem maior renda no futuro. Souza (2011) destaca que, por mais que não seja possível avaliar o estado atual dos primeiros beneficiados por programas sociais que foram introduzidos desde 1995 (Bolsa Escola e Renda Mínima), considerando informações contemporâneas, o impacto do Programa Bolsa Família parece ser pequeno, mas não desprezível, em especial sobre a escolaridade dos indivíduos. Entretanto, devido à boa focalização do Programa, seus impactos de curto prazo reduzindo a pobreza das famílias são significativos e relevantes para explicar a queda da desigualdade observada na última década.


Condições para a sustentabilidade do processo de mobilidade social


Portanto, os incentivos à expansão da renda foram abundantes nos últimos anos. Há um elemento adicional a ser considerado: o deslocamento da população em direção ao grupo de pessoas com maior renda, com maior formalização, mais velhas e mais escolarizadas por si só torna o emprego mais estável. Isso porque as informações da Tabela 1 indicam que a probabilidade de perder emprego 1 ano à frente decresce conforme ocorrem estes movimentos (excetuando-se o caso da escolaridade, no qual pessoas sem instrução e com ensino fundamental incompleto têm menor probabilidade de perder emprego, 2,2%, do que as pessoas com os dois níveis seguintes de escolaridade; isso pode se dever ao fato de que a mão de obra pouco qualificada tem tido uma demanda bastante elevada, por exemplo pelo setor de construção civil). Assim, não só os fatores destacados anteriormente contribuem para a mobilidade social, como engendram uma situação de maior estabilidade no emprego, e, portanto, diminuem a possibilidade de que esse processo de aumento da renda com distribuição de renda se reverta.


Para aprofundar um pouco mais este tema, uma informação adicional que permite analisar em que medida a expansão da classe C é sustentável é a evolução da escolaridade de seus componentes. Ou seja, busca-se um indicador de se as pessoas que ascenderam socialmente apresentam ou não tendência de retornar ao grupo anterior. Nesse sentido, avaliar a evolução da escolaridade deste grupo parece ser um início, já que se tiver ocorrido um aumento da participação dos níveis mais elevados de escolaridade, serão obtidos indícios de menor probabilidade de que estas pessoas voltem para uma classe mais baixa.


Para complementar esta avaliação, a Tabela 2 apresenta a probabilidade das pessoas de cada classe  ascenderem, descenderem ou se manterem na mesma classe um ano à frente por escolaridade. Conforme aumentam os anos de estudo das pessoas, cresce a probabilidade de ascensão social em todos os níveis de renda e cai a probabilidade de descender socialmente. Outro elemento relevante é que as Classes E e D apresentam as maiores probabilidades de ascenderem, e a Classe C mostra maior probabilidade de manutenção (em função do corte de renda ser mais amplo).


Perspectivas para o mercado de bens duráveis


Por fim, com relação à posse de bens duráveis, e concomitantemente avaliando o mercado potencial para tais produtos, existe uma significativa heterogeneidade entre as classes sociais e os produtos considerados (Gráfico 13). O primeiro fato que se destaca é que quase todas as famílias possuem televisão, fogão e geladeira. Por outro lado, a posse quase universalizada de automóvel se restringe majoritariamente às Classes A e B, enquanto que cerca de 40% das famílias de Classe C, menos de 15% da Classe D e cerca de 7% da Classe E tinham pelo menos 1 automóvel em 2009. Um padrão bastante semelhante é observado para computadores e máquinas de lavar.


De fato, o primeiro grupo de bens (televisão, fogão e geladeira), de maneira geral, parece mais essencial, sem itens que possam substituí-los diretamente, enquanto que os demais itens podem ser considerados mais “supérfluos”. Muitas famílias substituem a máquina de lavar por uma opção mais barata, como o tanquinho, ou então pelo trabalho manual de maneira direta. Automóveis podem ser substituídos por transporte público e a utilização de computadores ainda está se disseminando na população (e o avanço tecnológico tem reduzido seu custo de maneira significativa nos últimos anos). É importante destacar também que o valor de um automóvel pode ser extremamente elevado para uma família de Classe D ou de Classe E, inclusive porque sua renda impossibilita o acesso a um financiamento para adquiri-lo.


Mais do que avaliar quais famílias já possuem cada bem durável, é importante entender qual a taxa de troca dessas famílias, ou seja, com qual frequência elas adquirem tais bens. Uma aproximação desse indicador é encontrada no Gráfico 14, no qual estão representados os percentuais de famílias por classe social e por época de aquisição. De fato, a Classe A apresenta a maior participação dos que compraram computador (35%), televisão (38%) e automóvel novo (pouco mais de 30%) nos últimos dois anos. Considerando fogão, geladeira e máquina de lavar, a taxa de troca de todas as classes é mais lenta, já que são bens mais duráveis e que não têm sofrido transformações significativas em suas características apesar dos avanços tecnológicos.


Combinando o movimento de mobilidade social acima identificado e o perfil de acesso e de aquisição de bens duráveis, é possível avaliar que ainda existe um potencial de mercado bastante significativo a ser explorado, principalmente no que concerne aos automóveis, computadores e máquinas de lavar. Para esse grupo de bens, o aumento da renda familiar está diretamente associado à maior probabilidade de possui-lo e de tê-lo comprado em um período mais recente. Vale ressaltar que mesmo para os bens que já estão mais disseminados entre as famílias, o crescimento da renda proporciona taxa de troca mais rápida (principalmente para televisão à cores). É importante ainda destacar que uma parte das vendas de bens duráveis pode se basear na decisão das famílias de trocá-los por modelos mais novos, ou seja, não são apenas as famílias que não possuem tais bens que constituem o mercado potencial dos mesmos, mas sim toda a população, em maior ou menor medida, compõe este mercado.


Existe significativo potencial de expansão para o mercado de automóveis


Avançando um pouco mais na análise do mercado de automóveis, a OCDE9 desenvolveu um trabalho comparando a frota de países e seus PIBs per capita, encontrando uma relação positiva não linear que demonstra que conforme cresce a renda de um país (tomando por proxy seu PIB per capita), aumenta a frota de automóveis relativa à sua população (Gráfico 15). Além disso, o trabalho aponta para a existência de uma possível saturação desse mercado, ou seja, a partir de determinado ponto o crescimento da frota de automóveis vai ser meramente vegetativo de acordo com a expansão da população e a reposição do estoque que se deprecia. Dentre os países analisados, os Estados Unidos possuíam o número mais próximo do limite superior de carros por 1.000 habitantes, cerca de 800. Já o Brasil ao longo da década de 2000 apresentou uma evolução relevante de sua renda média e de sua frota, mas ainda possui um significativo potencial de expansão do consumo de automóveis conforme aumente sua renda.


Entretanto, existe uma importante heterogeneidade na população brasileira, com elevada desigualdade de renda, de modo que ao separá-la em quintis de renda média familiar per capita, encontram-se níveis médios de renda bastante distintos entre cada grupo10. Além disso, o tamanho da frota de automóveis em relação à população de cada quintil atinge níveis significativamente diferentes. Ao plotar tais pontos no Gráfico 15, percebe-se que o 5º quintil, de renda mais elevada, possui uma frota relativa à sua população que se aproxima à da Coréia do Sul. Já os demais quintis ainda apresentam níveis bastante baixos tanto da renda média como da frota. Esta análise permite observar que o potencial de mercado de veículos pode ser explorado amplamente na medida em que a renda média evolua. Adicionalmente, o quintil superior (5º quintil) também não está saturado, e um aumento de sua renda também permitirá que a sua frota de automóveis se amplie significativamente.


Como conclusão, o crescimento da renda tenderá a ampliar o desejo das famílias por bens duráveis novos.  Outro elemento essencial para fortalecer este mercado é a melhoria das condições de crédito, incluindo a redução das taxas de juros e a extensão de prazos. Isso porque bens duráveis de maneira geral requerem um dispêndio mais elevado, e o maior acesso a financiamentos permite que a renda mínima para adquiri-los caia significativamente. Portanto, considerando que os movimentos observados ao longo desta década continuem a ocorrer nos próximos anos, será possível ampliar as vendas de bens da linha branca, de eletroeletrônicos e de automóveis.


Potencial de expansão dos gastos com serviços


O último item a ser analisado neste trabalho se refere à distribuição do gasto médio mensal familiar com serviços de acordo com a renda. No Gráfico 16 verifica-se que existe uma relação positiva entre estes dois elementos. Assim, o crescimento da renda faz com que a massa de gastos com serviço se amplie de maneira significativa. Portanto, as perspectivas futuras de continuidade do processo de mobilidade social fazem com que este setor se destaque em relação ao seu potencial de crescimento.


Conclusão


Em suma, este trabalho buscou identificar os principais movimentos demográficos e socioeconômicos apontados pelo Censo Demográfico de 2010 e por um conjunto de pesquisas adicionais. Hoje o Brasil é um país mais maduro em termos da estrutura etária de sua população, com menor perspectiva de crescimento populacional e com famílias menores. Por outro lado, os avanços na área social resultaram em uma configuração de classes  sociais muito mais favorável que a do início da década, e, considerando a possibilidade de continuidade deste processo, as perspectivas para o consumo de bens duráveis e de serviços são bastante positivas.


Referências


Haugh, D.; Mourougane, A.; Chatal, O. (2010) The automobile industry in and beyond the crisis. OECD Working Paper 745.


Menezes-Filho, N.A.;Vasconcellos, L.; Werlang, S.R.C.; Biondi, R.L. (2009). Avaliando o impacto da progressão continuada nas taxas de rendimento e desempenho escolar no Brasil.

6º Seminário de Economia de Belo Horizonte. Disponível em http://www.sebh.ecn.br/seminario_6/sebh_artigo_Roberta.pdf


Ribas, R.P.; Soares, S.S.D. (2008) Sobre o painel da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. Texto para Discussão 1348, Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada.


Souza, A.P. (2011) Políticas de distribuição de renda no Brasil e o Bolsa-Família. Centre for Applied Microeconomics, São Paulo School of Economics, Working paper 1/2011.


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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Credibilidade do Estadão escorre pelo esgoto.Noticiário do Estadão perde confiabilidade

Até algum tempo atrás, o noticiário do Estadão era visto como o mais objetivo e confiável da velha mídia. Essa postura mudou radicalmente nos últimos anos. A cobertura politizada do caso Vale é demonstração do viés que acabou determinando a queda de qualidade do noticiário do jornal.

O jornal sustentou ter ouvido "um ex-funcionário, três ministros, quatro parlamentares e dois advogados do sistema financeiro" para garantir que uma das moedas de troca, para a demissão de Roger Agnelli, tinha sido a garantia de continuidade do Bradesco no Banco Postal dos Correios.

A matéria foi assinada por 11 (!) jornalistas - incluindo o diretor da sucursal de Brasília, Rui Nogueira.

Ontem, o Bradesco perdeu o leilão do Banco Postal para o Banco do Brasil.
"Na semana passada, a reportagem do Estado ouviu dois diretores da Vale e um ex-funcionário, três ministros, quatro parlamentares e dois advogados do sistema financeiro. Em comum, todos mantêm relacionamento direto com a mineradora e todos são ou foram (nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) intermediários de conversações e negociações da empresa com o governo. (...)
Banco Postal. Atualmente, a exclusividade de uso do Banco Postal, da estatal Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), está nas mãos do Bradesco. Em 2001, o banco pagou R$ 200 milhões pelo serviço - desembolsa mais cerca de R$ 360 milhões ao ano por participação dos Correios na quantidade de transações realizadas nas agências do Banco Postal. O faturamento mínimo estimado para o Bradesco nesse segmento é de R$ 1 bilhão.
O negócio financeiro da ECT vai ser licitado novamente neste ano e, agora mais do que nunca, o Bradesco evita confrontos com o Planalto, articulando, ao mesmo tempo, uma solução negociada para a escolha do substituto de Agnelli na Vale".

O que selou o destino de Agnelli para que ele perdesse o comando da Vale - economia - Estadao.com.br
Segundo fontes ouvidas pelo 'Estado', a demissão do executivo foi motivada principalmente pela parceria entre o Bradesco e Banco do Brasil
03 de abril de 2011 | 0h 00
Adriana Fernandes, Karla Mendes, Lu Aiko Otta e João Domingos - O Estado de S.Paulo

Oficializada na quinta-feira pelo conselho de administração, a saída de Roger Agnelli da presidência da Vale foi comemorada no Palácio do Planalto e no Ministério da Fazenda. O saldo final da disputa em torno do comando da mineradora revela que Agnelli, 51 anos, vai sair depois de um desgaste político sem precedentes imposto pelo governo.

Sai porque defendeu a empresa das ingerências partidárias, sai porque não teve "jogo de cintura" - como admitem até seus aliados -, mas sai sem que essas sejam as verdadeiras razões de sua queda.

Na semana passada, a reportagem do Estado ouviu dois diretores da Vale e um ex-funcionário, três ministros, quatro parlamentares e dois advogados do sistema financeiro. Em comum, todos mantêm relacionamento direto com a mineradora e todos são ou foram (nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) intermediários de conversações e negociações da empresa com o governo.

O estoque de trombadas políticas entre Agnelli e o Planalto é significativo, mas a síntese que melhor explica a queda do executivo é esta: os interesses empresariais do Bradesco, a partir da crise de 2008 e da parceria com o Banco do Brasil, definiram o destino de Agnelli.

"Genuinamente, o Bradesco não queria a saída de Agnelli, mas pesaram os interesses empresariais (do banco) e, então, ele topou", resumiu um executivo da Vale que pediu, assim como as demais fontes ouvidas, para não ser identificado.
Banco Postal. Atualmente, a exclusividade de uso do Banco Postal, da estatal Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), está nas mãos do Bradesco. Em 2001, o banco pagou R$ 200 milhões pelo serviço - desembolsa mais cerca de R$ 360 milhões ao ano por participação dos Correios na quantidade de transações realizadas nas agências do Banco Postal. O faturamento mínimo estimado para o Bradesco nesse segmento é de R$ 1 bilhão.

O negócio financeiro da ECT vai ser licitado novamente neste ano e, agora mais do que nunca, o Bradesco evita confrontos com o Planalto, articulando, ao mesmo tempo, uma solução negociada para a escolha do substituto de Agnelli na Vale. A ideia é escolher um "homem da mina", e não "um financista" - o nome mais cotado é Tito Martins, atual diretor de Operações de Metais Básicos. No Planalto, todas as fontes tratam Tito como um "nome cotadíssimo", mas que "não está 101% decidido".

Enquanto não decide o sucessor de Agnelli, o Bradesco trabalha para manter o Banco Postal nas suas mãos. O edital diz que só podem participar bancos com ativos de R$ 21,6 bilhões e patrimônio líquido de R$ 2,16 bilhões, no mínimo. Com essas condições, podem participar do leilão BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander, HSBC, Votorantim, Safra, BTG Pactual, Banrisul, BNP Paribas e Citibank, conforme levantamento da consultoria Austin Rating.

Advogados que analisaram o edital dizem que o item 5.1.11.1 pode favorecer o Bradesco ao estabelecer que o valor total estimado para repasse à ECT, pelo período inicial de um ano, referente às transações bancárias, será de R$ 337,3 milhões. Como o Bradesco já opera o Banco Postal, é mais fácil para a instituição cumprir a regra do que um entrante.

Credibilidade do Estadão escorre pelo esgoto


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