Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O apagão do PSDB e o mensalão midiático do colunismo brazuca



A maior parte dos brasileiros não deve ter a menor saudade do PSDB no governo, até por isso o partido nunca mais voltou ao poder. Mas também não há quem pareça feliz com o que os tucanos fazem na oposição. Exceto a turma do bloco midiático e da banca, o último lance dos caciques do partido desagradou a todos.
O movimento conjunto dos governadores tucanos de São Paulo, Minas e Paraná contra a diminuição do valor no preço da conta de luz só se justifica a partir de uma fé cega no financismo mais barato. Importa mais para os tucanos o quanto acionistas das empresas podem vir a perder, do que quanto os cidadãos e o sistema produtivo podem vir a ganhar com o movimento liderado pela presidenta da República.
Além dos rentistas do capital financeiro, outro setor que parece ter lucrado bastante com o cavalo de pau dos tucanos foi o dos colunistas de caderneta. Você não sabe o que é colunista de caderneta? Explico: há uma turma que além de receber o salário dos veículos para onde trabalha, também é agraciada com convites para palestras e eventos de bancos e empresas do sistema financeiro. Alguns chegam a cobrar de 50 a 100 mil pelas palestras. Evidente que os banqueiros estão dando de ombros para as obviedades que eles têm a dizer . Mas ficam muito felizes em poder tê-los como porta-vozes nos seus veículos.
Pagam não pelas palestras, mas que pelas colunas que fazem. Esse mensalão midiático é que garante que contra todas as evidências, alguns não arredem pé do discurso pró-banca.
Infelizmente ainda há quem acredite na boa fé dessa turma. Mas isso está diminuindo bastante. Tanto que o PSDB não elegeu um prefeito sequer nas capitais da regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste. E estes colunistas não são comentados para além de alguns gabinetes de Brasília.
Aliás, faria enorme bem à política brasileira acabar com o clipping que a Radiobrás faz de jornais e revistas e que todos os ministros e seus principais assessores recebem. Aquilo é um falso recorte do que se debate no país. Não faz o menor sentido ainda existir. E, pior, pautar alguns dos que o recebem.

Saul Leblon: O jogral da mídia contra a política econômica


Mídia omite a origem da crise e ataca o governo Dilma


De repente, o Brasil virou o barnabé da hora aos olhos da crítica econômica conservadora.
A Economist, uma espécie de espírito santo do credo neoliberal, pede a demissão de Mantega e desqualifica os esforços contracíclicos do governo Dilma diante da terra arrasada criada pelos livres mercados no cenário mundial.
Assemelhados nativos tampouco afeitos ao pudor retiram a soberba do bau e voltam a pontificar como se a reforma gregoriana tivesse eliminado o mês de setembro de 2008 do calendário jornalístico. E com ele as ruínas legadas pela supremacia das finanças desreguladas.
Rapinosos homens de negócios dão a sua bicada: o problema do país é o custo da ‘folha’. Os salários aqui crescem o dobro da média mundial, emendam os editoriais. Por ‘média mundial’ entenda-se a situação do emprego na pujante economia da Europa hoje, onde a austeridade neoliberal ressuscitou a mais valia absoluta: corta-se o salário e estende-se a carga de trabalho de quem ainda trabalha. As refeições são feitas nas filas da Cáritas que distribui um milhão de pratos de comida por dia só na Espanha.
Governadores tucanos impávidos diante do incêndio global boicotam a redução no custo da tarifa elétrica proposto por Dilma como se não houvesse amanhã na economia dos próprios estados e no escrutínio das urnas.
O Tesouro vai cobrir a estripulia dos sapecas do PSDB. Mas jornalistas alinhados acodem em massa na sua especialidade.
O jogral que nunca desafina saboreia o PIB baixo e alardeia a primeira consolidação política do levante: tudo decorre da “ineficácia” do que chamam de ‘intervencionismo estatal excessivo do governo Dilma’.
O que, afinal, deseja a turma braba que jogou a humanidade no maior colapso do sistema capitalista desde 1929 — e só poupou o Brasil porque não pode derrubar Lula em 2005, perdeu em 2006 e foi às cordas de novo em 2010?
Simples: enquanto as togas cuidam do PT e de 2014 , trata-se agora de interditar o debate da crise e sabotar a busca de um novo modelo de desenvolvimento a contrapelo dos ‘mercados autorreguláveis’.
É a volta do garrote a cobiçar o pescoço soberano do país.
Compreender o papel que joga o monopólio midiático nesse estrangulamento é crucial para reagir com eficácia ao cerco.
Em que medida é possível fazê-lo sem um contraponto de vozes plurais a afrontar o monólogo conservador na formação do discernimento social? Mais que isso. Em que medida é possível restringir e vencer o embate no plano exclusivamente econômico sem alterar o desequilíbrio clamoroso na difusão das idéias? Vejamos.
O garrote da história: mídia interdita o debate e a solução da crise
Até que ponto o monopólio midiático é responsável pelo ‘consenso’ que jogou o mundo na pior crise do capitalismo desde 1929? A pergunta não é retórica, tampouco a resposta é desprovida de consequências políticas práticas. Imediatas, urgentes, imperativas.
Trata-se, por exemplo, de saber em que medida a formação do discernimento social, condicionado por esférica máquina de difusão de certos interesses, dificulta a própria busca de soluções para a crise.
Mais que isso. Se esse poder blindado que se avoca imune à regulação — como se constata em tintas fortes hoje na Argentina, mas não só — tornou-se um dos constrangimentos paralisantes dessa busca, um difusor de impasses e confrontos, como democratizá-lo?
É disso que trata o Especial de Carta Maior que emoldura o histórico ’7 D’ argentino com a amplitude e a urgência que o tema encerra em nossos dias.
Medicada com doses adicionais da poção que a originou, graças ao receituário reiterado pelo dispositivo midiático, a desordem neoliberal arrasta a humanidade para o seu quinto ano de arrocho e incerteza.
A rigor, não há qualquer sinal otimista de convalescença ou superação.
A OIT estima que o mundo cadastrável chegará ao final de 2012 com um exército de 200 milhões de desempregados.
O estoque não foi acumulado integralmente na derrocada iniciada em 2008, mas é ela que o robustece e realimenta.
Ademais de gerar sucessivas massas de demitidos, a desordem neoliberal torna irrealizável a tarefa projetada pelo organismo da ONU que inclui a criação de 600 milhões de vagas nos próximos dez anos — duzentos milhões para zerar o saldo acumulado; mais 40 milhões de novos empregos anuais para atender às gerações que chegam ao mercado de trabalho.
A colisão de longo curso que esses números condensam desvela a raiz política de um impasse que expõe a natureza imiscível da supremacia financeira com os requisitos indissocipaveis da vida em sociedade. O emprego e tudo o que ele adensa em termos de direitos e dignidade é um desses pontos de tensão inegociáveis. Inclua-se ademais o principio do escrutínio democrático dos conflitos, do qual o capital a juro se isenta, bem como o acervo de direitos que revestem o cristal da civilização –patrimônio humanista que o atrapalha.
Em nenhum outro lugar do planeta essa incompatibilidade revela um ambiente de conflagração tão eloquente e pedagógico quanto no cenário desconcertante da zona do euro.
Se os mercados doentes deles mesmos são capazes de reduzir o berço do Estado do Bem Estar Social a um matadouro de direitos, em que a classe média recorre a instituições de caridade para não passar fome, como na Espanha de Rajoy, o que pode esperar o resto do mundo premido pela mesma lógica?
A Europa paga em libras de carne humana o ajuste de competitividade entre economias pobres e ricas cobrado pelo esgotamento do ciclo de crédito barato e irresponsável.
A paridade intocável do euro revela-se agora o pelourinho de uma unificação subordinada aos desígnios dos mercados — e sobretudo da exportação e da finança germânica Em respeito a esse ‘senhor’ — e a sua senhora, Angela Merkel — aciona-se o triturador de uma austeridade que reduz humanos a coisas, atribuindo-se às coisas a deferência que caberia aos humanos.
Saldo da reciclagem até o momento: mais de 19 milhões de desempregados na zona do euro; 119,6 milhões de pessoas — 24,2% da população — no limiar da pobreza em toda a Europa; US$ 1,3 trilhão entregues aos bancos europeus para salvá-los deles mesmos, depois de se esponjarem em estripulias tóxicas e ativos podres.
O custo humano da inversão de papéis não sensibiliza a mídia conservadora.
Ela continua a rezar pela cartilha da autossuficiência dos mercados, desautorizada nos seus próprios termos por cifras épicas como essas.
Para a lógica editorial predominante, vivemos sob a irrelevância das evidências. A narrativa hegemônica, ressalvadas as exceções de analistas honestos, não cede.
No Brasil criou-se uma fronteira sanitária esquizofrênica. O noticiário internacional da crise não dialoga com a pauta local que ainda não virou o calendário anterior a 2008. O empenho em desqualificar o ativismo estatal dos governos petistas continua intacto, auxiliado pelo radicalismo golpista das editorias de política.
Hoje, a ênfase editorial, já colada à campanha tucana de 2014, consiste em provar a ineficácia das medidas contracíclicas que redefiniram o tônus da política econômica herdada do ciclo tucano neoliberal.
Incluem-se no alvo, naturalmente, a derrubada dos juros — ainda altos para o padrão internacional, mas no menor nível da história; a intervenção estatal indireta na banca, induzindo-a a cortar spreads pela concorrência agressiva das instituições públicas; as desonerações e subsídios ao setor produtivo, da ordem de R$ 45 bi (1% do PIB); a persistência de incentivos ao investimento, ao crédito e à construção civil e, mais recentemente, uma turquesa nos lucros indevidos das concessionárias de energia elétrica — impondo-lhes um desconto tarifário proporcional ao valor das amortizações consolidadas.
Três estados da federação sabotaram a medida reivindicada, entre outros, por associações industriais, como a Fiesp, o bunker parronal e SP. Os três estão sob o comando de governadores do PSDB.
Palavras de um deles que ilustra a mórbida reafirmação de um passado posto em xeque pela crise, cuja reiteração conservadora sonega o direito ao futuro aqui e alhures:
“A presidenta Dilma Roussef está fazendo uma profunda intervenção no setor elétrico a pretexto de reduzir a conta de luz”.
A sentença dá pistas da sofisticação intelectual e do arrojado arcabouço político do novo delfim a suceder Serra na preferência conservadora à presidência da República em 2014, Aécio Neves.
Recapitulemos: estamos na maior crise do capitalismo em 80 ano, produzida pelo credo do Estado mínimo associado à celebração suicida dos mercados autorreguláveis.
Por ‘profunda intervenção’ entenda-se a prerrogativa do poder concedente de abrir o leque de alternativas à renovação de concessões, adicionando-lhes medidas de interesse do desenvolvimento do país e de sua gente em meio à hecatombe econômica mundial.
São esses os parâmetros de um confronto mediado por um dispositivo de comunicação todo ele alinhado ao atilado equipamento analítico do senhor Neves.
Transporte-se os mesmos personagens, o mesmo imperativo de redefinição regulatória, a mesma rebelião das naftalinas para a discussão de uma outra concessão estratégica a reclamar a atualização dos seus termos: a área das telecomunicações, cujo protocolo de funcionamento remonta a 1962.
Não se trata de um exemplo aleatório. O que está em jogo é um incontornável requisito à superação da crise, cuja origem — o corpo de interesses e idéias que a engendrou — teve no monopólio midiático um pregador de eficiência implacável.
Coube-lhe acionar a britadeira da desqualificação e disparar os mísseis do interdito contra agendas, políticas, lideranças, plataformas, governos e países recalcitrantes ou insubordinados.
Ação equivalente registra-se agora na deriva do ciclo histórico demarcada pela falência do Lehman Brothers,em 2008.
A urgência democrática é clara e corre contra o relógio da restauração em marcha.
Trata-se de afrontar a espiral descendente da recessão mundial com uma nova hegemonia de forças e políticas que afrontem e superem a desordem dos mercados desregulados em sua derradeiro cobiça: fazer do colapso o ‘novo normal’ sistêmico, às custas da exceção permanente de direitos e conquistas sociais.
Os interesses ameaçados por esse mutirão progressistas, do qual Brasil — com os seus limites, que não são poucos — é um dos protagonistas de peso, jogam hoje a rodada do vale tudo.
A expressão vale tudo descreve com fidelidade o que tem sido — e será, cada vez mai s– a rotina do noticiário não apenas econômico, mas político, judicial e policial dos últimos meses.
As ideias e interesses assim veiculados amplificam a sua força material graças à abrangência de um aparato de mídia sem rival no país — assim como acontece na Argentina pautada pelos interesses do polvo difusor que atende pelo nome de ‘grupo Clarín’.
A superação dessa usina de consenso asfixiante não se dará exclusivamente no plano da luta ideológica.
Os partidos e forças que evocam a democratização das comunicações tem a obrigação de dar o exemplo prático em casa.
Urge, entre outras iniciativas, materializar a democracia na vida interna das organizações e, sobretudo, na gestão participativa da sociedade sob o comando de administrações progressistas, como será a da capital paulista.
Mas o empenho beligerante com que o dispositivo midiático assumiu a defesa dos interesses associados à crise não pode ser subestimado.
Ilude-se ao ponto da irresponsabilidade suicida o governante que ainda acredita ser possível superar o círculo de ferro do colapso mundial no plano exclusivo do êxito econômico.
Política é economia concentrada.
O espessamento político da crise tem na sabotagem tucana à redução da tarifa elétrica, e na forma como ela é noticiada, uma tênue ilustração do horizonte escuro que se prenuncia.
Quem tem a responsabilidade de liderar o passo seguinte da história não pode conceder à regressividade narrativa o monopólio do diálogo político com a sociedade.
A lição é clara e vem se juntar a uma montanha desordenada de escombros históricos originários de desastres causados pela hesitação e o acanhamento político diante do dia D — como o ’7D’ argentino, corajosamente agendado pela democracia do país vizinho.


domingo, 9 de dezembro de 2012

A economia vai mal, mas o povo vai bem


*Dilma e Cristina reuniram-se a portas fechadas por cerca de 3 horas durante a cúpula do Mercosul realizada em Brasília, na 6ª feira** com alegações distintas, mas por objetivos identicos, as duas estão sendo bombardeadas pela artilharia conservadora interna e externa** a mídia nos dois casos cumpre o seu papel histórico:  o de general da 5ª coluna. 


MÍDIA OMITE A ORIGEM DA CRISE E ATACA O BRASIL  

De repente, o Brasil virou o barnabé da hora. A Economist, uma espécie de espírito santo neoliberal, pede a demissão do ministro Mantega e desqualifica os esforços contracíclicos do Estado brasileiro. Pontifica-se como se a reforma gregoriana tivesse eliminado o setembro de 2008 do calendário jornalístico e com ele as ruínas das finanças desreguladas.Governadores tucanos impávidos diante do incêndio global boicotam a redução no custo da tarifa elétrica proposta por Dilma. O Tesouro vai cobrir a estripulia do PSDB. Mas jornalistas alinhados acodem em massa na sua especialidade. O jogral que nunca desafina saboreia o PIB baixo e alardeia a primeira consolidação política do levante: tudo decorreria do que classificam como "intervencionismo estatal excessivo do governo Dilma".  O que, afinal, deseja a turma braba que jogou a humanidade no maior colapso do capitalismo desde 29?  Simples: enquanto as togas cuidam do PT e de 2014 , trata-se agora de interditar o debate da crise e sabotar a busca de um novo modelo de  desenvolvimento. Discutir o papel do monopólio midiático nesse garrote é o objetivo do Especial sobre o '7D' argentino; veja abaixo. (LEIA MAIS AQUI)


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É hora de analisar o noticiário sombrio, quase apavorante, que vem sendo produzido em relação à economia brasileira, pois tal noticiário contrasta com o que mostram sucessivas pesquisas de opinião, o que seja, que, para o povo brasileiro, o país vai muito bem, obrigado.
Houve época em que se costumava dizer que a economia ia bem, mas o povo ia mal. Era uma época em que o noticiário exaltava políticas públicas e a gestão macroeconômica do governo federal. Como o leitor mais atinado com os fatos já pode imaginar, essa foi a época em que o PSDB governou o país.
Entre 1995 e 2002, a maioria da grande imprensa, Globo à frente, desmanchava-se em elogios ao modelo econômico e atribuía qualquer dificuldade à oposição petista, mesmo que desastres econômicos tenham decorrido de escolhas do governo de então, como a de manter o real sobrevalorizado.
O que exasperava o brasileiro, àquela época, era ver, o tempo todo, uma exaltação da privataria tucana que atribuía a posse de celulares e a maior oferta de linhas telefônicas fixas à venda indiscriminada de patrimônio público por preços que auditorias independentes e insuspeitas garantiram ser vis.
Sem fugir da questão atual, só lembro que a maior mineradora do país – e uma das maiores do mundo – foi vendida por um valor que não daria para construir meia dúzia de estádios de futebol ou uma grande rodovia. E o pior: com o tesouro brasileiro financiando a compra por grupos estrangeiros.
No ano em que o candidato de Fernando Henrique à própria sucessão foi derrotado por Lula, a tal frase de que a economia ia bem, mas o povo ia mal, resumia o que estava levando os brasileiros a ignorarem a preferência escancarada da grande imprensa por José Serra.
Naquele momento, a maioria eleitoral – que, dali em diante, reelegeria e re-reelegeria o PT para governar o país – mandava um recado às elites: finalmente o brasileiro descobrira que não podia seguir cegamente o que lhe ditavam jornais, revistas, rádios e televisões.
Essa percepção se acentuou nos anos seguintes, pois desde o primeiro dia do governo Lula os prognósticos e as análises da direita midiática sobre a gestão da economia construíram uma tese maluca: tudo que corria bem era feito do governo anterior e tudo que corria mal, do atual.
O PT e o próprio Lula contra-atacaram com a tese da herança maldita que FHC deixara. Que herança? O país não tinha nem um centavo de reservas próprias em dólares – o que tinha fora emprestado pelo FMI, pelos EUA e pelo Clube de Paris –, tinha uma dívida externa que duplicara durante os oito anos anteriores, uma dívida interna que mais do que decuplicara, não tinha crédito no exterior ou, quando tinha, qualquer empresário ou o governo do Brasil pagavam taxas de juro agravadas pelo risco que representava nossa economia, e, finalmente, o desemprego estava em dois dígitos e a inflação, idem.
A economia até que crescia após a crise cambial de 1999, quando ficou claro para o país o preço da reeleição de FHC. Em 2002, o PIB aumentou 2,7%, o que, comparado à previsão de cerca de 1% de crescimento neste ano, pode ser considerado um crescimento bem melhor.
O povo estava satisfeito com a economia que a mídia dizia que “ia bem”? Não, não estava.
Apesar de o país ter retomado o crescimento, os salários perdiam o valor porque eram corroídos pela inflação ascendente, que, naquele mesmo 2002, alcançara a marca de 12,53%, enquanto que o desemprego fora de 12,6%.
Como é, então, que, com crescimento baixo este ano e a despeito do noticiário insistente que comunica ao país como a economia “vai mal”, o povo responde, em pesquisas de opinião feitas pela própria oposição midiática, que acha que sua vida está indo muito bem?
O conjunto de fatores que blindou a qualidade de vida do povo brasileiro contra uma crise internacional que a mesma oposição midiática reconhece que é a maior que a humanidade viu em quase cem anos, é muito complexo.
Vale repisar que, enquanto o mundo rico afunda a cada dia, com famílias sendo despejadas no outrora Olimpo da estratificação social do planeta, a Europa, com seu desemprego desenfreado, suicídios e tudo mais que crises econômicas geravam aqui, estamos passando por tal crise com custo social praticamente zero, ou melhor, com evolução da condição de vida do brasileiro, com aumento de massa salarial, forte geração de empregos, queda da inflação e, acima de tudo, da concentração de renda.
Sim, o PIB crescerá pouco este ano, até por conta de que o setor bancário, que tem forte peso na conta da riqueza que a nação gera, em 2012, graças a políticas do governo Dilma que contrariam o que era feito na era FHC – quando a taxa de juros oficial chegou a cerca de 50% –, perderam forte receita com juros, o que puxou o crescimento para baixo.
A oposição controlada pelos donos da mídia (PSDB, DEM e PPS), bem como a própria mídia, insistem em ignorar que o objetivo de qualquer governo é fazer a vida do povo melhorar. Ao longo dos oito anos do governo tucano, o Brasil piorou. Os indicadores sociais de 2002 mostram o fim melancólico do governo FHC.
Ao longo dos dez anos em que o PT governa o Brasil, aconteceu o oposto. Desemprego, valor dos salários, inflação, concentração de renda e até o PIB, tudo melhorou. Em relação ao crescimento, o da era petista é quase o dobro do da era demo-tucana. Com mega crise internacional e tudo.
Os dados do social eram ignorados pela mídia e pelos tucanos e demos na era FHC e continuam sendo ignorados hoje. Eles não entendem que o povo quer um governo que melhore sua vida e não a de ricos empresários. Por isso não param de perder eleições.
*
Veja, abaixo, a evolução do desemprego no Brasil entre março de 2002 e outubro de 2012.


COIMBRA PREVÊ: 2013 VAI SER DIFÍCIL

Pelo andar da carruagem, o discurso oposicionista ao longo de 2013 já começou. Vamos precisar de estômago forte.


Saiu no Vi o mundo:

MARCOS COIMBRA: NA POLÍTICA, “VAMOS PRECISAR DE ESTÔMAGO FORTE” EM 2013


2013 VAI SER DIFÍCIL


por Marcos Coimbra, via Julio Cesar Macedo Amorim
Carta Capital n˚ 727

Um espectro ronda a política brasileira. O fantasma da próxima eleição presidencial.

Este ano já foi marcado por ele.

Ou alguém acredita que é genuína a inspiração ética por trás da recente onda moralista, que são sinceras as manchetes a saudar “o julgamento do século”? Que essas coisas são mais que capítulos da luta política cujo desfecho ocorrerá em outubro de 2014?

A história dos últimos 10 anos foi marcada por três apostas equivocadas que as elites brasileiras, seus intelectuais e porta-vozes fizeram. A primeira aconteceu em 2002, quando imaginaram que Lula não venceria e que, se vencesse, seria incapaz de fazer um bom governo.

Estavam convencidos de que o povo se recusaria a votar em alguém como ele, tão parecido com as pessoas comuns. Que terminaria a eleição com os 30% de petistas existentes. E que, por isso, o adversário de Lula naquela eleição, quem quer que fosse, ganharia.

O cálculo deu errado, mas não porque ele acabou por contrariar o prognóstico. No fundo, todos sabiam que a rejeição de Fernando Henrique Cardoso não era impossível que José Serra perdesse.

A verdadeira aposta era outra: Lula seria um fracasso como presidente. Sua vitória seria um remédio amargo que o Brasil precisaria tomar. Para nunca mais querer repeti-lo.

Quando veio o “mensalão”, raciocinaram que bastaria aproveitar o episódio. Estava para se cumprir a profecia de que o PT não ultrapassaria 2006. Só que Lula venceu outra vez e a segunda aposta também deu errado. E ele fez um novo governo melhor que o primeiro, aos olhos da quase totalidade da opinião pública. Em todos os quesitos relevantes, as pessoas o compararam positivamente aos de seus antecessores, em especial aos oito anos tucanos.

A terceira aposta foi a de que o PT perderia a eleição de 2010, pois não tinha um nome para derrotar o PSDB. Que ali terminaria a exageradamente longa hegemonia petista na política nacional. De fato não tinha, mas havia Lula e seu tirocínio. Ele percebeu que, Com Dilma Rousseff, poderia vencer.

O PT ultrapassou as barreiras de 2002, 2006 e 2010.

Estamos em marcha batida para 2014 e as oposições, especialmente seu núcleo duro empresarial e midiático, se convenceram de que não podem se dar ao luxo de uma quarta aposta errada. Que o PT não vai perder, por incompetência ou falta de nomes, a próxima eleição. Terão de derrotá-lo.

Mas elas se tornaram cada vez mais descretes da eficácia de uma estratégia apenas positiva. Desconfiam que não têm uma candidatura capaz de entusiasmar o eleitorado e não sabem o que dizer ao País. Perderam tempo com Serra, Geraldo Alckmin mostrou-se excessivamente regional e Aécio Neves é quase desconhecido pela parte do eleitorado que conta, pois decide a eleição.

Como mostram as pesquisas, tampouco conseguiram persuadir o País de que “as coisas vão mal”. Por mais que o noticiário da grande mídia e seus “formadores de opinião”insistam em pintar quadros catastróficos, falando sem parar em crises e problemas, a maioria acha que estamos bem. Sensação que é o fundamento da ideia de continuidade.

As oposições perceberam que não leva a nada repetir chavões como “o País até que avançou, mas poderia estar melhor”, “Tudo de positivo que houve nas administrações petistas foi herança de FHC”, “Lula só deu certo porque é sortudo” e “Dilma é limitada e má administradora”. A população não acredita nessa conversa. Faltam nomes e argumentos às oposições. Estão sem diagnóstico e sem propostas para o Brasil, melhores e mais convincentes que aquelas do PT.

Nem por isso vão criuzar os braços e aguardar passivamente uma nova derrota. Se não dá certo por bem, que seja por mal. Se não vai na boa, que seja no tranco.

Fazer política negativa é legítimo, ainda que desagradável. Denúncias, boatos, hipocrisias, encenações, tudo isso é arma usada mundo afora na briga política.

A retórica anticorrupção é o bastião que resta ao antilulopetismo. Mas precisa ser turbinada e amplificada. Fundamentalmente, porque a maioria das pessoas considera os políticos oposicionistas tão corruptos – ou mais – que os petistas.

O que fazer? Aumentar o tom, falar alto, criar a imagem de que vivemos a época dos piores escandalos de todos os tempos. Produzir uma denúncia, uma intriga, uma acusação atrás da outra.

Pelo andar da carruagem, é o que veremos na mídia e no discurso oposicionista ao longo de 2013. Já começou.

Vamos precisar de estômago forte.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Dilma Rousseff, Vandana Shiva, Tony Blair e uma certa revista britânica


Vandana Shiva lidera, entre outros, o movimento contra a escravidão das sementes transgênicas

por Luiz Carlos Azenha

A revista britânica Economist sugeriu — e a mídia brasileira repercutiu com grande alarde — a demissão do ministro Guido Mantega.
O que me lembrou de outro episódio. Estava eu no simpático hotel Marvel, em Lahore, Paquistão, digerindo um apimentado nihari que quase me tirou de combate, quando decidi olhar a BBC, que em geral é vista em inglês nos sistemas de cabo das ex-colônias britânicas.
A BBC promovia um debate sobre pobreza que tinha como convidados, entre outros, o ex-primeiro britânico Tony Blair — o lapdog de George W. Bush — e a militante Vandana Shiva.
O problema — para Blair, obviamente — é que a BBC  tinha buscado representar na audiência o mundo como ele é, hoje: não um monopólio intelectual dos brancos de olhos azuis e suas ideias eurocêntricas, mas um apanhado de morenos, muitos dos quais de olhos puxados.
Havia acadêmicos malaios, indonésios, chineses e muitos africanos participando do debate.
A certa altura, Blair veio repetir a velha ladainha sobre como eliminar a pobreza na África: governança, reforma do Estado (leia-se privatizações) e outras sandices do Banco Mundial, já testadas na década de 80 e que fracassaram espetacularmente, deixando no rastro instituições ainda mais enfraquecidas diante do poder neocolonial das transnacionais.
Ninguém chegou a destacar o importante papel que a China teve na África, ao se colocar como mercado alternativo para as commodities locais e financiar obras de infraestrutura sem as famosas condicionalidades impostas pelo Ocidente — eu te dou uma grana do FMI desde que você privatize os portos, ou o petróleo, ou as minas de carvão.
Governança, governança, governança, insistia Blair, como se o déficit de democracia fosse a causa principal da pobreza e não, por exemplo, os subsídios agrícolas europeus e norte-americanos, que reduzem a competitividade da produção agrícola dos países mais pobres.
Até que a maravilhosa Vandana Shiva largou uma sapatada verbal nele: Tony, disse ela em outras palavras, se a governança proposta por vocês fosse tudo isso, a Europa não estaria hoje mergulhada numa profunda crise financeira e ameaçada de estilhaçamento político.
Silêncio constrangedor na plateia. Aqueles olhos todos se voltaram para Blair, fuzilando a condescendência dele. O ex-primeiro britânico ficou ainda menor na cadeira.
Fiquem com nossa mídia colonizada:
Dilma reage a crítica de revista britânica à economia brasileira
07/12/2012 – 16h42
Danilo Macedo e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff rebateu hoje (7) o artigo da revista britânica The Economist, que sugere a demissão da equipe econômica brasileira, sob comando do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Dilma disse que não se deixará influenciar pela opinião de uma revista estrangeira e destacou que a situação nos países desenvolvidos é mais grave do que a do Brasil.
“Em hipótese alguma, o governo brasileiro, eleito pelo voto direto e secreto do povo brasileiro, vai ser influenciado pela opinião de uma revista que não seja brasileira”, disse a presidenta, antes do almoço oferecido aos participantes da Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, no Itamaraty.
Segundo Dilma, o Brasil cresceu 0,6% no último trimestre e crescerá mais no próximo, o que não motiva a recomendação da revista. “Não vi, diante dessa crise gravíssima pela qual o mundo passa, com países tendo taxas de crescimento negativas, escândalos, quebra de bancos, quebradeiras, nenhum jornal propor a queda de um ministro.”
Ao ser perguntada se a situação dos demais países era pior que a do Brasil, a presidenta foi enfática. “Vocês não sabem que a situação deles é pior que a nossa? Pelo amor de Deus!”, disse ela. “Nenhum banco, como o Lehman Brothers, quebrou aqui. Nós não temos crise de dívida soberana, a nossa relação dívida/PIB é de 35%, a nossa inflação está sobre controle, nós temos 378 bilhões de dólares de reserva.”
A presidenta reafirmou que é favorável à liberdade de imprensa, apesar de divergir do conteúdo publicado em alguns veículos. A reação de Dilma à publicação britânica ocorre em meio a discussões sobre regulação dos meios de imprensa na Argentina e no Equador, países cujos presidentes, Cristina Kirchner e Rafael Correa, respectivamente, estavam presentes nas reuniões de hoje.
“Eu sou a favor da liberdade de imprensa. Não tenho nenhum ‘senão’ sobre o direito de qualquer revista ou jornal dizer o que quiser”, ressaltou a presidenta. Para ela, a reação da revista britânica pode ter sido motivada pela queda dos juros no Brasil.
“[Será que] tudo isso se dá porque os juros caíram no Brasil? Os juros não podiam cair aqui? Aqui tinha que ser o único, como dizia um economista antigo nosso [Delfim Netto], ou o último peru de Ação de Graças?”, acrescentou a presidenta, referindo-se à hipótese de o Brasil só ter condições de baixar os juros quando todos os países da região já tivessem feito.
Edição: Nádia Franco


Regulação da mídia no Brasil só virá de baixo para cima



Neste sábado (8), a Comissão Organizadora do Movimento dos Blogueiros Progressistas reunir-se-á para discutir a conjuntura política, os novos passos a serem dados e, de minha parte, uma proposta para inserir esse debate na sociedade, pois, hoje, não é segredo para ninguém que a democratização da comunicação no Brasil está mais distante do que estava há um ano.
Como escrevi em posts anteriores, a regulação do setor no Brasil é uma questão de tempo, pois esse processo se espalha pelo mundo e, acima de tudo, pela América Latina. O problema é: quanto tempo? Em que ano irá vingar, por aqui, um arcabouço legal que retire da comunicação de massas o caráter de feudo de elites econômicas, regionais e étnicas?
Analisando a situação com frieza: isso pode demorar vários anos, ainda, enquanto que da Europa à América do Sul os países vão estabelecendo regras, não para calar, mas para, literalmente, democratizar as comunicações, ou seja, para que não tenhamos que ver as televisões difundirem, todas, as mesmas opiniões enquanto simplesmente bloqueiam as de quem pensa diferente.
A democratização das comunicações, per si, nada mais é do que o fim da censura que vige hoje contra quem pensa diferente das famílias Marinho, Frias, Civita e Mesquita, que, por exemplo, conseguem impedir que a sociedade discuta tema como a regulação da mídia, o qual, no resto do mundo, é discutido incessantemente nos meios de comunicação de massa.
Mas por que, no Brasil, essa discussão não avança? Como é que, à diferença da Argentina, da Venezuela, do Equador, da Inglaterra, da França ou dos Estados Unidos, empresários de comunicação conseguem impedir que a sociedade saiba que regular comunicação não é censura nem aqui nem em parte nenhuma, e que censura é o que vige hoje?
Dirão que em países como Argentina, Equador ou Venezuela o indutor do processo foi o Estado e que, como o Estado brasileiro, através da presidente Dilma e do Legislativo, é refratário à medida, aqui não está sendo possível fazer avançar um processo civilizador das comunicações.
Não é bem assim. Na Grã Bretanha, por exemplo, o governo parece pouco interessado nas propostas do relatório do juiz Brian Levenson. O primeiro ministro David Cameron tem dado declarações contrárias a propostas de regulação que avançam rapidamente – e que vão ganhando apoio da sociedade britânica – no sentido de regular até a imprensa escrita.
Como escrevi no post anterior, aqui, abaixo do Equador, não somos tão radicais como os britânicos. Ou melhor, não somos tão esclarecidos. No Reino Unido, a sociedade ficou indignada com os abusos do magnata Rupert Murdoch e seus pistoleiros e, assim, o relatório Levenson vai exprimindo um clamor da sociedade por limites à grande mídia.
Basta ver os comentários dos leitores “de direita” neste ou em outros blogs para notar que muitas dessas pessoas nem são tão de direita. Na verdade, conheço militantes do PSOL e até do PT que vivem papagaiando o PIG e que chegam a dizer que regulação seria censura, o que não é tão difícil de acreditar quando a própria presidente da República dá margem a essa interpretação quando se manifesta sobre o tema…
Dilma, porém, é política – muito mais do que supõe a nossa vã filosofia. Se pudesse dizer alguma coisa aos setores que pregam a democratização da comunicação via regulação da mídia, diria que nós é que temos que criar fatos políticos, pois, sem sombra de dúvida, não existe clima para tanto no Congresso e, provavelmente, muito menos no Judiciário.
Aí entra o Encontro de Blogueiros. Muitos já ouviram falar do FNDC (Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação). Para quem não conhece, aí vai um breve histórico da entidade, extraído de seu site.
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Criado em julho de 1991 como movimento social e transformando-se em entidade em 20 de agosto 1995, o Fórum congrega entidades da sociedade civil para enfrentar os problemas da área das comunicações no País.
A retomada de suas atividades, a partir do final de 2001, coincidiu com o momento histórico em que um projeto nacional de caráter popular chega ao poder da Administração Pública Federal.
Simultaneamente, toda regulamentação da área das comunicações está sendo revista e a sociedade brasileira deve enfrentar o momento histórico de definir qual digitalização das comunicações será mais emancipadora para o Brasil.
Antecipando-se a este cenário, o Fórum formulou e apresentou ao governo federal um programa para a área das comunicações voltado para a construção da democracia, da cidadania e da nacionalidade no Brasil. O texto foi construído durante a realização de sua IX Plenária, ocorrida no Rio de Janeiro, entre 14 e 16 de junho de 2002.
De lá para cá, representantes FNDC passaram a atuar na base, com seus 12 comitês regionais instalados em nove estados da federação, e em espaços institucionais como o Conselho de Comunicação Social e o Comitê Consultivo do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD)”.
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Sejamos curtos e grossos: tanto o Encontro de Blogueiros quanto o FNDC e todos os que militam pela democratização da comunicação no Brasil estamos sentados à espera de que o governo tome iniciativas como as que foram tomadas na Argentina, no Equador ou na Venezuela, mas isso não irá ocorrer simplesmente porque o Estado brasileiro não está disposto a bancar essa iniciativa, até porque sabe que o Legislativo AINDA não está permeável a ela.
Há anos vimos nos reunindo em salões fechados reafirmando para nós mesmos, a cada fala, a cada documento, o que todos estamos carecas de saber. Ou seja: não falamos para a sociedade. Estamos praticando a boa e velha masturbação ideológica.
Não posso me furtar a dizer, até porque é preciso que alguém diga.
Conseguimos reunir milhares de pessoas na internet ou em fóruns fechados – a Conferência Nacional de Comunicação (da qual fui delegado), no final de 2009, reuniu esses milhares em Brasília –, mas não conseguimos levar essas pessoas à rua.
Por quê?
Aí você se perguntará: mas queremos ir à rua? Minha posição é a de que, se quisermos fazer a iniciativa da democratização das comunicações avançar, precisamos dizer à sociedade que esse debate existe, pois a grande maioria nem imagina o que seja e como é nefasto para uma sociedade que concessões públicas de rádio e tevê possam censurar tudo o que não querem que seja difundido.
Como fazer se não temos acesso à comunicação de massas? Que televisão já deu espaço ao debate sobre regulação da mídia? Globo? SBT? Bandeirantes? Record? Nenhuma. Nem a Record, porque é óbvio que o Bispo não quer uma legislação que o impeça de acumular plataformas de mídia justamente no momento em que ele as está adquirindo sem parar.
Só indo à rua, pois.
Ora, faculdades de jornalismo, movimentos sociais, sindicatos, leitores da blogosfera progressista, somados, somos dezenas de milhares. Aqui mesmo neste blog, milhares e milhares de pessoas já demonstraram, com nome e sobrenome, que entendem como é nefasta a concentração da propriedade de meios de comunicação.
UNE, CUT, MST, Blogs, todos estão afinados com a necessidade de democratizar a comunicação no país, mas essas forças não conversam entre si se o assunto for colocar gente na rua para dizer às pessoas o que a grande mídia – sobretudo a eletrônica – não quer que saibam.
Note, leitor, que é imensa a fragilidade do discurso contra a democratização das comunicações. Primeiro, porque o que se quer implantar aqui já existe em praticamente todos os países desenvolvidos – o combate duro a oligopólios e monopólios no setor. A Globo, por exemplo, é um oligopólio inaceitável em qualquer país civilizado.
Todavia, quando se fala em regulação da mídia ninguém sabe direito o que é. O que se pede aqui no Brasil?
A Argentina e outros países latinos estão retomando concessões que excedam o permitido por lei. A Inglaterra está remodelando o seu órgão regulador de jornais e revistas – impensável na América Latina – acabando com a autorregulação dos próprios veículos e transferindo a gestão desse órgão para um comitê independente do Estado e das empresas de comunicação.
No Brasil, nem isso se almeja. A proposta tímida que foi deixada pelo governo Lula, pelo que dela sei pelas palavras do ex-ministro Franklin Martins, nem pretende retomar concessões existentes, atuando, apenas, nas que forem distribuídas no futuro, até porque o avanço da tecnologia criará muita concessão nos próximos anos.
O resultado de um processo assim é que haveria muito mais vozes na comunicação de massas. A Globo poderia continuar vetando o assunto que quisesse, mas ao menos a tevê poderia ter canais que discutiriam, por exemplo, a regulação da comunicação não apenas pela ótica de quem é contra.
O primeiro passo para essa discussão ao menos se estabelecer na sociedade, é um só: se todos os que partilham do desejo de democratizar a comunicação de massas no Brasil forem às ruas será impossível impedir que  o debate prospere. Se prosperar, a direita midiática não tem argumentos para debater.
Como os inimigos do fim dos oligopólios de mídia poderão sustentar que é censura uma legislação que existe em países como Estados Unidos, Inglaterra, França etc.? Pois basta informar isso à sociedade – que disso não sabe – para triturar os argumentos dos que querem continuar censurando ideias com as quais não concordam.
Essa será a posição que levarei à reunião da Comissão Organizadora do Encontro de Blogueiros Progressistas. Na verdade, irei reiterar o que venho pregando há alguns anos. Tenho certeza de que conseguiremos fazer e tenho propostas nesse sentido. No momento, os defensores desse ideário não estão sequer sendo levados a sério, mas é possível mudar isso.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

MINO NA CARTA: ONDE ELES PRETENDEM CHEGAR?

Merval não se confunde com Carlos Lacerda, mas avisou não ser o caso de isentar Dilma das denúncias de corrupção. Está clara a intenção de aplicar à presidenta a tese do domínio do fato.
    O Conversa Afiada reproduz editorial de Mino Carta, extraído da Carta Capital:

    AONDE ELES PRETENDEM CHEGAR?



    Mala tempora currunt, costumava dizer meu pai quando a situação política azedava. Maus tempos chegaram, em tradução livre. Ele usava relógio de bolso de ouro de celebérrima marca suíça, presente de meu avô materno, Luigi, munido de tampa sobre a qual se lia, gravado em latim, o seguinte dizer: nada aconteça que você não queira lembrar. Nem sempre, contudo, a vida sorri. Falo de cátedra, porque, quando meu pai morreu, herdei o relógio na qualidade de filho primogênito. Não o uso, mas o guardo com carinho e neste momento vejo meu pai a erguer a tampa com um leve toque de ponta de indicador e pronunciar, entre a solenidade e a pompa, mala tempora currunt.

    Há qualquer coisa no ar que me excita negativamente e me induz a pensamentos sombrios, algo a recordar tempos turvos, idos e vividos. É a lembrança de toda uma década, espraiada malignamente entre o suicídio de Getúlio Vargas e o golpe de 1964, aquele executado pelos gendarmes da casa-grande, e exército de ocupação. Dez anos a fio, a mídia nativa vociferou contra líderes democraticamente eleitos e se expandiu em retórica golpista logo após a renúncia de Jânio Quadros.

    Muita água passou debaixo das pontes, embora algumas delas levem o nome de ditadores e até de torturadores, mas o tom atual desfraldado à larga pelos barões midiáticos e seus sabujos não deixa de evocar um passado que preferiria ver enterrado. Talvez esteja, de alguma forma, mesmo porque as personagens têm outra dimensão. Os propósitos são, porém, semelhantes, segundo meus intrigados botões. Acabava de lhes perguntar: qual será o propósito destes comunicadores, tão compactamente unidos no ataque concentrado ao PT no governo? Qual é o alvo derradeiro?

    A memória traz à tona Jango Goulart e Leonel Brizola, a possibilidade de uma mudança, por mais remota, e os alertas uivantes quanto ao avanço da marcha da subversão. Os temas agora são outros, igual é o timbre. Além disso, na comparação, mudança houve, a despeito de todas as cautelas e do engajamento tucano, com a eleição de Lula e Dilma Rousseff. Progressos sociais e econômicos aconteceram. O ex-presidente tornou-se o “cara” do povo brasileiro e do mundo, a presidenta, se as eleições presidenciais se dessem hoje, ganharia com 70% dos votos.

    Percebe-se, também, a ausência de Carlos Lacerda. Ao menos, o torquemada de Getúlio e Jânio lidava melhor com o vernáculo do que os medíocres inquisidores de hoje. Medíocres? Toscos, primários, sempre certos da audiência dos titulares e dos aspirantes do privilégio, em perfeita sintonia com sua própria ignorância. Contamos, isto sim, com o Instituto Millenium. Há quem enxergue na misteriosa entidade, apoiada inclusive com empresários tidos como próximos do governo, uma exumação do Ibad e do Ipes, usinas da ideologia fascistoide que foi plataforma de lançamento do golpe de 64.

    Até onde vai a parvoíce e onde começa o fingimento? É possível que graúdos representantes do poder econômico não se apercebam das responsabilidades e alcances da sua adesão ao insondável Millenium? Ou estariam eles incluídos na derradeira prece de Cristo na cruz: perdoe-os, Pai, eles não sabem o que fazem? Que o golpismo da mídia da casa-grande seja irreversível é do conhecimento do mundo mineral. Causa espécie o envolvimento de personalidades aparentemente voltadas aos interesses do País em lugar daqueles da minoria.

    Causa espécie, em grau ainda maior, a falta de reação adequada por parte do governo, inerte diante da ofensiva da autêntica oposição, o partido midiático. Não basta dizer, como o ministro Gilberto Carvalho, que o povo está satisfeito com o bom governo de Lula e Dilma, enquanto a própria liderança do PT recomenda ao relator da CPI do Cachoeira, o intimorato Odair Cunha, que retire os halfos para o morrinho e Policarpo Jr. do rol dos passíveis de indiciamento.

    E aí se apresenta o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, empenhado no esforço de demonstrar que não foi ignorado pela Polícia Federal no episódio destinado a exibir as mazelas do terceiro escalão governista. Notável protagonista, altamente representativo. Precioso aliado do banqueiro Daniel Dantas em determinadas ocasiões, como, de resto, muitos outros “esquerdistas” brasileiros. Ah, sim, Cardozo acha que Lula provou sua inocência no caso da secretária Rose e de suas consequências. Acha? Ainda bem. Soletra ele, diante das câmeras da tevê: “Imaginar que o ex-presidente estivesse envolvido por trás disso, está, a meu ver, desmentido”. A meu ver? Estivesse eu no lugar de Lula e de Dilma, viveria apavorado ao perceber este gênero de comandantes à frente do meu efetivo.

    E à presidenta, que CartaCapital apoiou e apoia, recomendamos a leitura de um dos mais qualificados arautos da direita golpista. Merval Pereira não se confunde com Carlos Lacerda, mas na semana passada avisou não ser o caso de isentar Dilma das denúncias de corrupção, presentes e passadas. Está clara a intenção de aplicar à presidenta a tese do domínio do fato.

    MÍDIA OMITE A ORIGEM DA CRISE E ATACA O BRASIL


    De repente, o Brasil virou o barnabé da hora aos olhos da crítica econômica conservadora. A Economist, uma espécie de espírito santo do credo neoliberal, pede a demissão de Mantega e desqualifica os esforços contracíclicos do governo Dilma diante da pasmaceira internacional. Assemelhados nativos tampouco afeitos ao pudor retiram a soberba do bau e voltam a pontificar como se a reforma gregoriana tivesse eliminado o mês de setembro de 2008 do calendário jornalístico e com ele as ruínas da supremacia das finanças desreguladas. Governadores tucanos impávidos diante do incêndio global boicotam a redução no custo da tarifa elétrica proposto por Dilma, como se não houvesse amanhã. O Tesouro vai cobrir a estripulia tucana. Mas jornalistas alinhados acodem em massa na sua especialidade.O jogral que nunca desafina saboreia o PIB baixo e alardeia a primeira consolidação política do levante: a ineficácia do que chamam de 'intervencionismo estatal excessivo de Dilma'.  O que, afinal, deseja a turma braba que jogou a humanidade no maior colapso do sistema capitalista desde 1929  --e só poupou o Brasil porque não pode derrubar Lula em 2005, perdeu em 2006 e foi às cordas de novo em 2010? Simples: enquanto as togas cuidam do PT e de 2014 , trata-se agora de interditar o debate da crise e sabotar a busca de um novo modelo de  desenvolvimento a contrapelo dos 'mercados autorreguláveis'. É a volta do garrote a cobiçar o pescoço soberano do país. Compreender o papel que joga o monopólio midiático nesse estrangulamento é crucial para reagir com eficácia ao cerco. Em que medida é possível fazê-lo sem um contraponto de vozes plurais a afrontar o monólogo conservador na formação do discernimento social?  Mais que isso. Em que medida é possível restringir e vencer o embate no plano exclusivamente econômico sem alterar o desequilíbrio clamoroso na difusão das idéias? É disso que trata  o Especial de Carta Maior (leia nesta pág.), que emoldura o debate da Ley de Meios argentina com a  amplitude e a premência que o tema encerra em nossos dias. (LEIA MAIS AQUI)

    Sócio do Clarín quer adequação à Lei de Meios
     

    quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

    Zé de Abreu resume a Veja






    Quando um babaca precisa atrair a atenção

    Reinaldo Azevedo e Algumas de Suas Manchetes Canalhas

    Isto é jornalismo???
    Quem não sabe argumentar, agride!


    Reinaldo Azevedo é metade idiota e metade canalha



    Oscar Niemeyer é homenageado pelo mundo, mas chamado de ‘idiota’ pela Veja


    O mundo se rende a genialidade de Oscar Niemeyer enquanto o blogueiro e jornalista da revista Veja, Reinaldo Azevedo, publica que ele era “meio idiota”
    “O universo curvo de um revolucionário”, publicou o diário Gramna, de Cuba. No espanhol El País, “Morre Niemeyer, o poeta das curvas”. O britânico The Guardian expôs a trajetória do arquiteto brasileiro em reportagem especial, destacando que sua exploração das formas livres foi maior até que a de seu mestre, o suíço Le Corbusier.
    O francês “Le Monde” descreve Oscar Niemeyer como um dos pais da arquitetura moderna, que construiu, entre tantas grandes obras, a sede do Partido Comunista francês, na place du Colonel Fabien, em Paris.
    oscar niemeyer veja idiota reinaldo
    Insulto de jornalista da Veja a Oscar Niemeyer gerou revolta na web,
    até mesmo entre os seus próprios leitores.
    O obituário do “New York Times” afirma que Niemeyer capturou a atenção de gerações de arquitetos. ‘Suas formas curváceas, líricas, hedonistas ajudaram a dar forma a uma arquitetura nacional distinta e a uma moderna identidade para o Brasil, que quebrou com seu passado colonial e barroco’, diz o texto.
    O jornal argentino “Clarín” afirma que Niemeyer foi ‘um homem que sempre se deixou levar por suas ideias e suas convicções, um criador que havia tempo já tinha assegurado seu lugar no mítico panteão dos maiores arquitetos da história da humanidade.
    Outros veículos de comunicação de notoriedade global como a Rede CNN, a BBC e a Al Jazeera renderam homenagens ao homem que desenhou brasília.
    A única grosseria contra Niemeyer partiu de um órgão de imprensa do Brasil. O saudoso arquiteto foi chamado de ‘meio idiota’ por Reinaldo Azevedo, jornalista de Veja, em razão de seus posicionamentos políticos. O blogueiro de Veja não conseguiu controlar sua paixão mesquinha nem mesmo nomomento da perda de uma figura singular na história do Brasil, revelando intransigência e, por conseguinte, ele sim, ser o verdadeiro idiota.

    MÍDIA E CRISE: O GARROTE DA HISTÓRIA


    *Tesouro vai bancar a parcela da redução da conta de luz  boicotada pelos governadores tucanos** Adeus, Niemeyer (1907-2012): o arquiteto humanista lutou 104 anos por  uma sociedade com a harmonia das curvas imortalizadas em sua obra. 

    Até que ponto o monopólio midiático é responsável pelo 'consenso' que jogou o mundo na pior crise do capitalismo desde  1929? A pergunta não é retórica, tampouco a resposta é desprovida de consequências políticas práticas. Imediatas, urgentes, imperativas. Trata-se, por exemplo, de saber em que medida a formação do discernimento social, condicionado por esférica máquina de difusão de certos interesses, dificulta a própria  busca de soluções. Mais que isso. Se esse poder blindado  que se avoca imune à regulação -- como se constata em tintas fortes hoje na Argentina, mas não só--  tornou-se um dos constrangimentos paralisantes da crise, um difusor de seus impasses e confrontos, como democratizá-lo?  Que riscos incorrem governantes progressistas que ainda acreditam ser possível restringir e vencer o embate contra a desordem neoliberal no plano exclusivamente econômico? É disso que trata  o Especial de Carta Maior (leias as reportagens e análises nesta pág.), que emoldura o histórico  '7 D'  argentino com a  amplitude e a premência que o tema encerra em nossos dias e em todas as latitudes. (LEIA MAIS AQUI)

    Regulação da mídia argentina é mais branda do que a britânica



    Nesta sexta-feira (7), vence o prazo para que os grupos de mídia argentinos que ainda não se enquadraram na “Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual” – popularmente conhecida como “ley de medios” – apresentem seus projetos de “desinvestimento”, ou seja, de venda do excesso de plataformas de mídia. Movimentos sociais prometem ir às ruas comemorar.
    Em países como o nosso, impérios de mídia se põem a “denunciar” que estaria ocorrendo algum tipo de “censura”, de cerceamento de “liberdade de expressão” no país vizinho por ação de uma lei que vem sendo elogiada até pela relatoria das Nações Unidas sobre liberdade de expressão no mundo.
    O mais revoltante é que os grupos de mídia e entidades internacionais que acusam o governo argentino de “censor” são os mesmos que ajudaram a implantar ditaduras pela América Latina ao longo do século passado, e que se submeteram, voluntariamente, à censura imposta por tais ditaduras.
    Na Argentina, o grupo Clarín, propugnador e sustentáculo da sangrenta ditadura que se abateu sobre aquele país, é o principal alvo da “ley de medios” devido ao tamanho mastodôntico que enverga. Assim como a Globo, porém, esse grupo de meios de comunicação seria ilegal em qualquer país desenvolvido.
    A mídia latina, assim, reclama de barriga cheia das leis de regulação do setor.
    O relatório do juiz britânico Lord Brian Levenson, no âmbito de inquérito aberto por conta dos crimes cometidos pelo grupo midiático do magnata Rupert Murdoch, propõe endurecer ainda mais uma regulação que já é bem mais dura do que aquelas que se propõem em países latinos.
    A Inglaterra já possuía um órgão de regulação da imprensa escrita, o que na América Latina seria impensável. Por funcionar no formato de autorregulação, o  Press Complaints Commission – que, em tradução livre, significa comissão de reclamações da imprensa – é gerido e financiado por órgãos de imprensa.
    Vale repetir: nem se cogitam, na América Latina, comitês de regulação da imprensa escrita. As propostas de regulação giram em torno das concessões públicas de rádio e tevê.
    Agora, porém, o rumoroso “Relatório Levenson” propõe que seja criado um novo órgão em substituição ao Press Complaints Commission. Seria um órgão independente dos grupos de mídia e do governo, pois a sociedade britânica já percebeu que delegar aos grupos de mídia a missão de se autorregularem corresponde a pôr a raposa para tomar conta do galinheiro.
    Uma curiosidade: no Brasil, os oligopólios de meios de comunicação nem estão “ameaçados” por uma lei como a argentina, que determina que os grandes grupos se desfaçam de parte de seus ativos. A proposta deixada pelo ex-ministro da Secom Franklin Martins não pede planos de “desinvestimento” como na Argentina, apenas pede que novas concessões obedeçam a critérios anti-oligopolistas.
    A diferença entre a mentalidade da mídia em países subdesenvolvidos e em países desenvolvidos fica clara quando se vê um jornal conservador britânico como o Financial Times condenar, publicamente, a “falta de humildade” da indústria de jornais diante das críticas que decorreram dos crimes das empresas de Rupert Murdoch naquele país.
    Se existe alguma falta de liberdade de expressão em um país como o nosso, portanto, ela é produzida justamente pela imprensa, que se recusa a debater o assunto, bloqueando qualquer defesa da regulação do setor em seus jornais, revistas, rádios, televisões e portais de internet.
    Em todos esses anos, desde que se começou a falar em regular as comunicações eletrônicas no Brasil, por incrível que pareça os grandes meios de comunicação não permitiram uma só defesa da medida. Nesses veículos, o assunto só é abordado sob a ótica dos que são contra.
    Desafio qualquer um a exibir um só espaço que a grande mídia brasileira tenha dado a quem defende um tipo de arcabouço legal que existe em qualquer país desenvolvido, mas que, em nosso país, é criminosamente distorcido por empresas de comunicação que se arvoram em defensoras da liberdade de expressão.
    A sorte de impérios midiáticos como o Clarín argentino ou como a Globo, a Folha de São Paulo, o Estadão ou a Veja é que estão instalados em países em que a quantidade de dinheiro torna as pessoas que têm muito, imunes às leis.
    Todavia, o processo de regulação das comunicações se espalha pelo mundo. Nos países desenvolvidos já é realidade há décadas. O Brasil foi o último país – ou o penúltimo, pois há controvérsias – a acabar com a escravidão. Provavelmente, será o último a democratizar a comunicação. Todavia, cedo ou tarde terá que fazê-lo. Quem viver, verá.