Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Pesquisas mostram que o golpe irá gerar convulsão social


pesquisa

Por mais que a confirmação do impeachment de Dilma Rousseff seja prejudicial à democracia, seu principal efeito deletério não seria contra ela, mas contra seus algozes. É o que mostra a 5ª rodada da Pesquisa CUT / Vox Populi, divulgada nesta semana.
Vale rever os critérios da sondagem.
  1. Objetivos: Os objetivos da 5º rodada da pesquisa CUT/Vox Populi, realizada em junho de 2016, foram avaliar sentimentos e opiniões da população brasileira a respeito do governo de Michel Temer e seus primeiros atos como presidente interino.
  2. Metodologia: A pesquisa foi feita de acordo com a técnica de survey, que consiste na aplicação de questionários estruturados e padronizados a uma amostra representativa da população.
  3. Data de campo: Os trabalhos de campo foram realizados entre os dias 07 e 09 de junho de 2016.
  4. População pesquisada: População brasileira com idade superior a 16 anos, residente em todos os estados brasileiros (exceto Roraima) e no Distrito Federal, em áreas urbanas e rurais, de todos os segmentos socioeconômicos e demográficos.
  5. Amostra: Foi adotada uma amostra estratificada por cotas, com o total de 2.000 entrevistas, para obter representatividade para o conjunto do Brasil. As cotas utilizadas para a seleção dos entrevistados foram de gênero, idade, escolaridade, renda familiar e situação perante o trabalho, sendo calculadas proporcionalmente a cada estrato de acordo com os dados do IBGE (censo de 2010 e PNAD 2013).
  1. Margem de erro: A margem de erro, para o total do estudo, é de 2,2%, estimada em um intervalo de confiança de 95%.
As conclusões da pesquisa são avassaladoras para o presidente de facto do Brasil. E para quem não gosta do instituto Vox Populi por considerá-lo “petista, vale informar que suas conclusões são quase idênticas às de recente pesquisa MDA feita para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), entidade declaradamente antipetista.
Tanto a pesquisa CUT / Vox Populi quanto CNT / MDA mostram Temer com 11% de aprovação, ou seja, com o mesmo percentual de Dilma. Os dois institutos detectaram que a sociedade acha que a corrupção será igual ou maior sob Temer, que a economia vai piorar e que o impeachment não resolverá nada. Tanto MDA como Vox Populi mostram forte pessimismo da população.
A seguir, o resumo da pesquisa CUT / Vox Populi para comparação com a pesquisa CNT / MDA
67% dos brasileiros avaliam de forma negativa o governo interino do vice-presidente, Michel Temer, 32% acham que ele é pior do que esperavam e o futuro não é nada animador: o desemprego vai aumentar (52%), os direitos trabalhistas (55%) vão piorar e medidas como idade mínima para aposentadoria vão prejudicar muita gente (77%). Essas são as principais conclusões da última pesquisa CUT-Vox Populi, realizada entre os dias 7 e 9 de junho.
Para 34% dos entrevistados o desempenho de Temer é negativo – 33% acham que é regular, 11% positivo e 21% não souberam ou não responderam. O Nordeste é a Região do País onde o vice tem pior avaliação – 49% negativo, 41% regular e 10% positivo. Em segundo lugar vem o Sudeste com 45% negativo, 42% regular e 13% positivo. No Centro-Oeste, 39% consideram o desempenho negativo, 43% regular e 18% positivo. No Sul, 31% negativo, 45% regular e 24% positivo.
Os trabalhadores e os mais pobres serão mais prejudicados
Com um mês de governo interino, pioraram todos os percentuais de avaliação sobre a gestão golpista com relação a classe trabalhadora e as pessoas que mais necessitam de políticas públicas para ter acesso à saúde, moradia, educação e alimentação digna.
Para 52% dos entrevistados, o desemprego vai aumentar – o percentual dos que acreditam que vai diminuir e dos que acham que não vai mudar empatou em 21%.  Na pesquisa anterior, realizada nos dias 27 e 28/4, 29% acreditavam que o desemprego iria aumentar; 26% que iria diminuir e 36% que não ia mudar.
Ainda com relação a pesquisa anterior, aumentou de 32% para 55% o percentual dos que acreditam que o respeito aos direitos dos trabalhadores vai piorar. Para 19% vai melhorar e 20% acreditam que não vai mudar.
Aumentaram também as expectativas negativas com relação aos programas sociais em relação a pesquisa feita em abril. Antes, 34% achavam que com  Temer na presidência os programas iriam piorar. Agora, são 56%.
O percentual dos que acreditavam que ia melhorar variou um dígito apenas – de 19% para 18%; e dos que acreditavam que não ia mudar que era de 36% caiu para 19%.
Foram consideradas ruins porque prejudicam a maioria das pessoas, as propostas de Temer de aumentar a idade mínima para aposentadoria (77%), a diminuição de verbas do Programa Minha Casa Minha Vida (54%) e a diminuição do número de pessoas que recebem o Bolsa Família (48%).
Acabar com o monopólio da Petrobrás no Pré-Sal e aumentar a privatização de empresas e de concessões de rodovias e aeroportos foram consideradas ruins porque prejudicam o Brasil para 50% dos entrevistados. Para 31% a questão da privatização e das concessões é uma medida necessária e não vai prejudicar o país, outros 19% não souberam ou não responderam. Quanto ao Pré-Sal, 25% acham que não vai prejudicar o país e 25% não souberam ou não responderam.
Temer é pior do que as pessoas esperavam
Para 32% dos entrevistados na pesquisa CUT-Vox Populi, Temer é pior do que esperavam. Empatou em 16% o percentual dos que acham que ele é tão ruim quanto achavam que ia ser e dos que consideram que ele é melhor do que esperavam. Só 7% acham que ele é tão bom quanto esperavam que ia ser e 29% não souberam ou não responderam.
Com relação ao combate a corrupção, 44% acham que vai piorar, 26% melhorar e 25% que não vai mudar. A equipe de ministros de Temer é considerada negativa por 36% dos entrevistados – 32% acham que é regular e 11% positiva. Para 33% foi um erro grave o governo interino não nomear nenhuma mulher, 30% acham que foi um erro, mas não muito grave e 30% que é normal.
O impeachment é a solução para o país?
O percentual de brasileiros que NÃO acreditam que a cassação de Dilma seja a solução para os problemas econômicos do Brasil aumentou para 69%. Na pesquisa CUT-Vox Populi, realizada em dezembro, o percentual era de 57%¨. Nos levantamentos feitos em abril, o índice foi de 58% (9 e 12/04) e 66% (27 e 28/04).
Para 26% o golpe é a solução. Nas pesquisas anteriores, os percentuais foram de 34% (dezembro), 35% 9 de abril e 28% em 27 de abril.
Antecipação da eleição presidencial
A grande maioria dos brasileiros quer eleição já para Presidente da República. 67% dos entrevistados acham que o Brasil deveria fazer uma nova eleição para presidente ainda este ano. 29% não concordam com uma nova eleição e 4% não sabem ou não responderam.
A percepção das pessoas de que suas vidas irão piorar vista nas duas pesquisas não leva em conta quanta piora haverá porque a esmagadora maioria nem imagina o que Temer está planejando. Se a sociedade soubesse do “teto” de gastos públicos que o governo de facto está preparando, haveria uma revolução.
O Brasil não cabe no teto de gastos de Temer. Os economistas dele querem reduzir o tamanho do governo federal em 30% nos próximos 20 anos. É o que diz a versão mais radical e duradoura para esse limite de gastos, o “teto”.
Temer enviará um Projeto de Emenda Constitucional ao Congresso nesta semana propondo tais medidas. Na versão mais nefasta desse plano, a despesa do governo chegaria a 2036 no mesmo nível de 1997.
Essa medida dá uma ideia de quais são os planos do governo golpista para a redução do deficit e, ainda, da sua intenção de reduzir o tamanho do Estado.
O “teto” temerário vai limitar o crescimento anual da despesa do governo ao valor da inflação do ano anterior. Ou seja, em termos reais, o gasto fica praticamente congelado no valor despendido neste ano.
Para que se possa mensurar o tamanho do estrago, o “teto” atingirá, prioritariamente, Previdência, Saúde e Educação, mas todas as demais despesas federais serão asfixiadas. O teto criaria uma situação inviável.
Essa fixação do “teto” é explicada pelos economistas de Temer como medida para que o governo faça mais com menos, seja mais eficiente. Porém, é um crime o que ele está fazendo. O país é desigual e pobre demais em renda e em iniciativas privadas de infraestrutura. Insistir no congelamento de gastos públicos por 20 anos é um plano deliberado de diminuir o tamanho do Estado e, assim, favorecer a privatização de serviços públicos.
Tudo isso cairá como uma bomba entre os setores da sociedade que precisam do Estado. Irá gerar uma “guerra civil”. A instabilidade política só tende a aumentar.
Mesmo a classe média-média nem sonha com medidas que vão impedir valorização dos salários e aumento do emprego formal. E muito menos com medidas que vão extirpar direitos trabalhistas.
As pesquisas citadas mostram, portanto, que, se o impeachment de Dilma se confirmar, pode ocorrer uma forte convulsão social no país.
Se antes mesmo de as medidas de Temer começarem a surtir efeitos a visão da sociedade sobre seu governo já está desse jeito, imagine, leitor, o que acontecerá quando as pessoas começarem a sentir esses efeitos.
O principal efeito do “teto” de Temer será piora na Saúde e na Educação. Pessoas que estão em vias de se aposentar, não vão conseguir. Os salários vão cair, muita gente vai ter que aceitar emprego sem registro em carteira.
A desidratação de programas sociais vai gerar aumento da violência e da criminalidade.
As pesquisas supracitadas comprovam a previsão de uma convulsão social no país. Muitos pensaram que o impeachment resolveria tudo, que traria de volta o bem-estar social da era Lula. Muito pelo contrário. Produzirá saudade dos governos do PT.
É por isso que o partido já está achando bom que o Congresso confirme o impeachment de Dilma. Deixar a direita governar é o melhor meio de pavimentar o caminho da esquerda em 2018. E agora temos até pesquisas a apoiar essa tese.
E você, o que acha? É melhor mesmo Temer ficar no cargo e afundar a direita, já que falta pouco para 2018 e até lá os golpistas se enforcarão sozinhos? Ou será que a democracia é mais importante e, assim, ele não pode ficar no cargo?

Deputado desmente Veja sobre delação premiada de Vaccari

paulo teixeira capa
A última edição da revista Veja trouxe uma matéria que surpreendeu, mas que não ganhou grande repercussão porque poucos acreditaram nela. Apesar disso, o resto da mídia a reproduziu, ainda que com pouco destaque.
paulo teixeira 1
Veja afirmou que “O homem que arrecadou e distribuiu mais de 1 bilhão de reais em propina para o PT, do qual foi tesoureiro, se prepara para falar à Lava Jato”.
A revista cuja razão da existência é atacar o PT refere-se a João Vaccari Neto, ex-presidente do partido, preso há mais de um ano, tendo começado a cumprir pena antes da condenação sumária que lhe foi imposta pelo juiz Sergio Moro.
Vaccari não falou à Veja, mas a revista inventou uma afirmação dele. Segundo a publicação, o ex-tesoureiro do PT teria dito o seguinte:
Se eu falar, entrego a alma do PT. E tem mais: o pessoal da CUT me mata assim que eu botar a cara na rua”.
É uma piada. Note o absurdo da versão da Veja, leitor. Se Vaccari tivesse dito isso, a delação premiada estaria feita. Ele teria confessado. Não poderia nem mais recorrer da sentença em primeira instância que lhe foi imposta por Sergio Moro, que iria para cima dele.
A declaração que Veja atribui a Vaccari poderia lhe agravar a pena, seria um escândalo de repercussão internacional a afirmação peremptória de que a maior central sindical das Américas assassina pessoas e é temida por um de seus membros mais eminentes.
No último domingo, porém, o signatário desta página participou de reunião na residência do jurista Pedro Serrano, em São Paulo, para discutir o lançamento do livro Resistência ao golpe de 2016, na capital paulista, que ocorrerá no próximo dia 20 de junho. Lá, encontrou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que esteve com Vaccari quando ele deu as declarações que a Veja alterou criminosamente.
Ouça, abaixo, a breve entrevista concedida por Teixeira a este blogueiro – abaixo do vídeo, a transcrição da declaração do deputado.


Transcrição da entrevista
Blog da Cidadania – Paulo Teixeira, sobre essa matéria que saiu acho que não Folha de São Paulo…
Paulo Teixeira – Na Veja…
Blog da Cidadania – Sobre o Vaccari ter intenção de aderir à delação premiada contra alguém, você diz que estava presente no momento em que essa declaração teria sido dada e isso [o que a Veja diz] não é verdade…
Paulo Teixeira – Ele nunca falou em delação premiada. O que o Vaccari fala é que o Partido dos Trabalhadores tem que se colocar nessa ação [de investigação contra si] do ponto de vista institucional, mas ele, em momento nenhum, falou em delação premiada.
Como estávamos em uma reunião, não foi possível gravar o resto da conversa. Porém, o que Vaccari disse foi o contrário do que afirmou Veja.
Vaccari disse que o PT é parte da ação movida contra si, mas que não poderia delatar ninguém porque não fez nenhuma articulação ilegal a pedido do partido de forma a obter propina.  Seria inacreditável o que Veja fez, se não fosse a Veja.

Moniz Bandeira: Bases na Argentina fazem parte do cerco dos EUA ao Brasil; só militares podem evitar ataques à soberania que visam submarino nuclear e acordo dos caças


  

Moniz Bandeira: Bases na Argentina fazem parte do cerco dos EUA ao Brasil; só militares podem evitar ataques à soberania que visam submarino nuclear e acordo dos caças


MonizBandeira3Moniz Bandeira denuncia apoio dos EUA a golpe no Brasil

 do PT na Câmara

O cientista político e historiador Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira alertou nesta terça-feira (14) que por trás do processo golpista no Brasil, que levou à ascensão do presidente interino Michel Temer no lugar da presidenta legítima Dilma Rousseff, há poderosos interesses dos Estados Unidos, para ampliar sua presença econômica e geopolítica na América do Sul.
“Esse golpe deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os EUA tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina. O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil”, afirmou Moniz Bandeira, em entrevista concedida por e-mail ao PT na Câmara.
Moniz, que é autor de mais de 20 obras, entre elas A Segunda Guerra Fria — Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos (2013, Civilização Brasileira) e está lançando agora A Desordem Internacional, entende que o processo golpista no Brasil recebeu apoio dos EUA e de outros setores estrangeiros com interesse nas riquezas do País.
Ele criticou também setores da burocracia do Estado (como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Judiciário) por atuarem para solapar a democracia brasileira, prejudicar empresas nacionais e abrir caminho para a consolidação de interesses estrangeiros no País, em especial dos EUA.
“Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato. Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007”, disse.
Leia a entrevista completa:
Como o senhor avalia o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff?
O fato de que o presidente interino Michel Temer e seus acólitos, nomeados ministros, atuarem como definitivos, mudando toda a política da presidenta Dilma Roussefff, evidencia nitidamente a farsa montada para encobrir o golpe de Estado, um golpe frio contra a democracia, desfechado sob o manto de impeachment.
Esse golpe, entretanto, deve ser compreendido dentro do contexto internacional, em que os Estados Unidos tratam de recompor sua hegemonia sobre a América do Sul, ao ponto de negociar e estabelecer acordos com o presidente Maurício Macri para a instalação de duas bases militares em regiões estratégicas da Argentina.
O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff não se tratou, portanto, de um ato isolado, por motivos domésticos, internos do Brasil.
Onde seriam implantadas tais bases?
Uma seria em Ushuaia, na província da Terra do Fogo, cujos limites se estendem até a Antártida; a outra na Tríplice Fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), antiga ambição de Washington, a título de combater o terrorismo e o narcotráfico. Mas o grande interesse, inter alia, é, provavelmente, o Aquífero Guarani, o maior manancial subterrâneo de água doce do mundo, com um total de 200.000 km2, um manancial transfronteiriço, que abrange o Brasil (840.000l Km²), Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina (255.000 Km²).
Aí os grandes bancos dos Estados Unidos e da Europa — Citigroup, UBS, Deutsche Bank, Credit Suisse, Macquarie Bank, Barclays Bank, the Blackstone Group, Allianz, e HSBC Bank e outros –compraram vastas extensões de terra.
A eleição de Maurício Macri significa que a Argentina vai voltar ao tempo em que o ex-presidente Carlos Menem, com a doutrina do “realismo periférico”, desejava manter “relações carnais” com os Estados Unidos?
Os EUA estão a buscar a recuperação de sua hegemonia na América do Sul, hegemonia que começaram a perder com o fracasso das políticas neoliberais na década de 1990. Com a eleição de Maurício Macri, na Argentina, conseguiram grande vitória.
E, na Venezuela, o Estado encontra-se na iminência do colapso, devido à conjugação de desastrosas políticas dos governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro com a queda do preço do petróleo e as operações para a mudança de regime, implementadas pela CIA, USAID, NED e ONGs financiadas por essas e outras entidades.
A implantação de bases militares em Ushuaia e na Tríplice Fronteira, além de ferir a soberania da Argentina, significa séria ameaça à segurança nacional não só do Brasil como dos demais países da região.
Os EUA possuem bases na Colômbia e alguns contingentes militares no Peru, a ostentarem sua presença nos Andes e no Pacifico Ocidental. E com as bases na Argentina completariam um cerco virtual da região, ao norte e ao sul, ao lado do Pacífico e do Atlântico.
Que implicações teria o estabelecimento de tais bases na Argentina?
Quaisquer que sejam as mais diversas justificativas, inclusive científicas, a presença militar dos EUA na Argentina implicaria maior infiltração da OTAN, na América do Sul, penetrada já, sorrateiramente, pela Grã-Bretanha no arquipélago das Malvinas, e anularia de facto e definitivamente a resolução 41/11 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que, em 1986, estabeleceu o Atlântico Sul como Zona de Paz e Cooperação (ZPCAS).
E o Brasil jamais aceitou que a OTAN estendesse ao Atlântico Sul sua área de influência e atuação.
Em 2011, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, o então ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim (do PMDB, o mesmo partido do presidente provisório Temer), atacou a estratégia de ampliar a área de ingerência da OTAN ao Atlântico Sul, afirmando que nem o Brasil nem a América do Sul podem aceitar que os Estados Unidos “se arvorem” o direito de intervir em “qualquer teatro de operação” sob “os mais variados pretextos”, com a OTAN “a servir de instrumento para o avanço dos interesses de seu membro exponencial, os Estados Unidos da América, e, subsidiariamente, dos aliados europeus”.
Mas estabelecer uma base militar na região da Antártida não é uma antiga pretensão dos EUA?
Sim. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial esse é um objetivo estratégico do Pentágono a fim de dominar a entrada no Atlântico Sul. E, possivelmente, tal pretensão agora ainda mais se acentuou devido ao fato de que a China, que está a construir em Paraje de Quintuco, na província de Neuquén, coração da Patagônia, a mais moderna estação interplanetária e a primeira fora de seu próprio território, com poderosa antena de 35 metros para pesquisas do “espaço profundo”, como parte do Programa Nacional de Exploração da Lua e Marte.
A previsão é de que comece a operar em fins de 2016. Mas a fim de recuperar a hegemonia sobre toda a América do Sul, na disputa cada vez mais acirrada com a China era necessário controlar, sobretudo, o Brasil, e acabar o Mercosul, a Unasul e outros órgãos criados juntamente com a Argentina, seu principal sócio e parceiro estratégico, a envolver os demais países da América do Sul.
A derrubada da presidente Dilma Rousseff poderia permitir a Washington colocar um preposto para substituí-la.
A mudança na situação econômica e política tanto da Argentina como do Brasil afigura-se, entretanto, muito difícil para os EUA. A China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil, com investimentos previstos superiores a US$54 bilhões, e o segundo maior parceiro comercial da Argentina, depois do Brasil.
O Brasil, ao desenvolver uma política exterior com maior autonomia, fora da órbita de Washington, e de não intervenção nos países vizinhos e de integração da América do Sul, conforme a Constituição de 1988, constituía um obstáculo aos desígnios hegemônicos dos EUA, que pretendem impor a todos os países da América tratados de livre comércio similares aos firmados com as repúblicas do Pacífico.
Os EUA não se conformam com o fato de o Brasil integrar o bloco conhecido como BRICs e seja um dos membros do banco em Shangai, que visa a concorrer com o FMI e o Banco Mundial.
Como o senhor vê a degradação da democracia no Brasil, com a atuação de setores da burocracia do Estado (Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário) que agem de modo a rasgar a Constituição, achicanando o país?
A campanha contra a corrupção, nos termos em que o procurador-geral Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro executam, visou, objetivamente, a desmoralizar a Petrobras e as grandes construtoras nacionais, tanto que nem sequer as empresas estrangeiras foram investigadas, e elas estão, de certo, envolvidas também na corrupção de políticos brasileiros.
Ao mesmo tempo se criou o clima para o golpe frio contra o governo da presidente Dilma Rousseff, adensado pelas demonstrações de junho de 2013 e as vaias contra ela na Copa do Mundo.
A estratégia inspirou-se no manual do professor Gene Sharp, intitulado Da Ditadura à Democracia, para treinamento de agitadores, ativistas, em universidades americanas e até mesmo nas embaixadas dos Estados Unidos, para liderar ONGs, entre as quais Estudantes pela Liberdade e o Movimento Brasil Livre, financiadas com recursos dos bilionários David e Charles Koch, sustentáculo do Tea Party, bem como pelos bilionários Warren Buffett e Jorge Paulo Lemann, proprietários dos grupos Heinz Ketchup, Budweiser e Burger King, e sócios de Verônica Allende Serra, filha do ex-governador de São Paulo José Serra, na sorveteria Diletto.
Outras ONGs são sustentadas pelo especulador George Soros, que igualmente financiou a campanha “Venha para as ruas”.
Os pedidos de prisão de próceres do PMDB e do presidente do Senado, encaminhados pelo procurador-geral da República, podem desestabilizar o Estado brasileiro?
Os motivos alegados, que vazaram para a mídia, não justificariam medida tão radical, a atingir toda linha sucessória do governo brasileiro.
O objetivo do PGR poderia ser de promoção pessoal, porém tanto ele como o juiz Sérgio Moro atuam, praticamente, para desmoralizar ainda mais todo o Estado brasileiro, como se estivessem a serviço de interesses estrangeiros.
E não só desmoralizar o Estado brasileiro. Vão muito mais longe nos seus objetivos antinacionais.
As suspeitas levantadas contra a fábrica de submarinos, onde se constrói, inclusive, o submarino nuclear, todos com transferência para o Brasil de tecnologia francesa, permitem perceber o intuito de desmontar o programa de rearmamento das Forças Armadas, reiniciado pelo presidente Lula e continuado pela presidente Dilma Rousseff.
E é muito possível que, em seguida, o alvo seja a fabricação de jatos, com transferência de tecnologia da Suécia, o que os EUA não fazem, como no caso do submarino nuclear.
É preciso lembrar que, desde o governo de Collor de Melo e, principalmente, durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Brasil foi virtualmente desarmado, o Exército nem recursos tinha para alimentar os recrutas e foi desmantelada a indústria bélica, que o governo do general Ernesto Geisel havia incentivado, após romper o Acordo Militar com os Estados Unidos, na segunda metade dos anos 1970.
O senhor julga que os Estados Unidos estiveram por trás da campanha para derrubar o governo da presidente Dilma Rousseff?
Há fortes indícios de que o capital financeiro internacional, isto é, de que Wall Street e Washington nutriram a crise política e institucional, aguçando feroz luta de classes no Brasil.
Ocorreu algo similar ao que o presidente Getúlio Vargas denunciou na carta-testamento, antes de suicidar-se, em 24 de agosto de 1954: “A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de liberdade e garantia do trabalho”.
Muito dinheiro correu na campanha pelo impeachment. E a influência dos EUA transparece nos vínculos do juiz Sérgio Moro, que conduz o processo da Lava-Jato.
Ele realizou cursos no Departamento de Estado, em 2007.
No ano seguinte, em 2008, passou um mês num programa especial de treinamento na Escola de Direito de Harvard, em conjunto com sua colega Gisele Lemke. E, em outubro de 2009, participou da conferência regional sobre “Illicit Financial Crimes”, promovida no Rio de Janeiro pela Embaixada dos Estados Unidos.
A Agência Nacional de Segurança (NSA), que monitorou as comunicações da Petrobras, descobriu a ocorrência de irregularidades e corrupção de alguns militantes do PT e, possivelmente, passou informação sobre o doleiro Alberto Yousseff a um delegado da Polícia Federal e ao juiz Sérgio Moro, de Curitiba, já treinado em ação multi-jurisdicional e práticas de investigação, inclusive com demonstrações reais (como preparar testemunhas para delatar terceiros).
Não sem motivo o juiz Sérgio Moro foi eleito como um dos dez homens mais influentes do mundo pela revista Time.
Ele dirigiu a Operação Lava-Jato, coadjuvado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como um reality show, sem qualquer discrição, vazando seletivamente informações para a mídia, com base em delações obtidas sob ameaças e coerção, e prisões ilegais, com o fito de macular e incriminar, sobretudo, o ex-presidente Lula. E a campanha continua.
Aonde vai?
Vai longe. Visa a atingir todo o Brasil como Nação.
E daí que se prenuncia uma campanha contra a indústria bélica, a começar contra a construção dos submarinos, com tecnologia transferida da França, o único país que concordou em fazê-lo, e vai chegar à construção dos jatos, com tecnologia da Suécia e outras indústrias.
Essas iniciativas dos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff afetaram e afetam os interesses dos Estados Unidos, cuja economia se sustenta, largamente, com a exportação de armamentos.
Apesar de toda a pressão de Washington, o Brasil não comprou os jatos F/A-18 Super Hornets da Boeing, o que contribuiu, juntamente com o cancelamento das encomendas pela Coréia do Sul, para que ela tivesse de fechar sua planta em Long Beach, na Califórnia.
A decisão da presidente Dilma Rousseff de optar pelos jatos da Suécia representou duro golpe na divisão de defesa da Boeing, com a perda de um negócio no valor US$4,5 bilhões.
Esse e outros fatores concorreram para a armação do golpe no Brasil.
E qual a perspectiva?
É sombria. O governo interino de Michel Temer não tem legitimidade, é impopular e, ao que tudo indica, não há de perdurar até 2018. É fraco. Não contenta a gregos e troianos.
E, ainda que o presidente interino Michel Temer não consiga o voto de 54 senadores para efetivar o impeachment, será muito difícil a presidenta Dilma Rousseff governar com um Congresso, em grande parte corrompido, e o STF comprometido pela desavergonhada atuação, abertamente político-partidária, de certos ministros.
Novas eleições, portanto, creio que só as Forças Armadas, cujo comando do Exército, Marinha e Aeronáutica até agora está imune e isento, podem organizar e presidir o processo.
Também só elas podem impedir que o Estado brasileiro seja desmantelado, em meio a esse clima de inquisição, criado e mantido no País, em colaboração com a mídia corporativa, por elementos do Judiciário, como se estivessem acima de qualquer suspeita. E não estão. Não são deuses no Olimpo.
Leia também:
Breno Altman: Temer cassa o direito ao contraditório

GGN: Globo paga estúdio de 3 andares para evitar protestos contra Temer





GGN: Globo paga estúdio de 3 andares para evitar protestos contra Temer

:
"Tanto a grande imprensa, quanto o presidente interino Michel Temer estão preocupados com as manifestações contrárias tornarem-se pauta internacional nas Olimpíadas 2016. Enquanto que, para fugir do possível constrangimento de reações populares, a Globo constrói estúdio de três andares, o peemedebista já anunciou que não se opõe à presença da presidente afastada Dilma Rousseff na abertura do evento", diz o jornal GGN. 

Jornal GGN - Tanto a grande imprensa, quanto o presidente interino Michel Temer estão preocupados com as manifestações contrárias tornarem-se pauta internacional nas Olimpíadas 2016. Enquanto que, para fugir do possível constrangimento de reações populares, a Globo constrói estúdio de três andares, o peemedebista já anunciou que não se opõe à presença da presidente afastada Dilma Rousseff na abertura do evento.

O Uol publicou: as árvores ao redor do estúdio panorâmico de 500 metros quadrados foram pensadas para não deixar sombras nos programas da TV, mas os três andares, "acima do nível da rua", foram mesmo planejados "para evitar protestos".

A reportagem foi além. Disse que a obra em pleno Parque Olímpico da Barra da Tijuca, onde ocorrerão os principais eventos esportivos neste segundo semestre, "é uma das principais apostas da emissora para a cobertura da competição e funciona como demonstração de poder da empresa de mídia na Rio-2016".

Além da visão panorâmica, o segundo e terceiro andar são a blindagem da emissora para as transmissões ao vivo não sofrerem, ou pelo menos não divulgarem, as manifestações da Globo e da SporTV. "Havia um temor de que transeuntes fizessem manifestações ou mostrassem cartazes atrás do vidro", publicou o Uol.

Do lado do Planalto interino, o atual presidente também mostra receios de sofrer o mesmo que ocorreu com a presidente Dilma Rousseff, nos jogos da Copa do Mundo de 2014. Apesar de não associar com as vaias da grande plateia brasileira nas partidas e competições - e sob as câmeras do mundo, Temer deu as boas vindas à presença de Dilma logo na abertura do evento. Afirmou que não é contra a presidente afastada aparecer na cerimônia.

"Para mim, tanto faz. Não tenho objeção. evidente que não tenho", apenas afirmou, em rápida entrevista com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o Comitê Organizador Rio-2016.

Também disse não se importa nem um pouco que a Olimpíada (e os olhos de todo o mundo) ocorra no mesmo momento da votação final do impeachment no Senado. "Não me preocupa nem minimamente", disse, emendando, em tentativa de melhorar: "O Brasil não vive para quem os dirige, vive para seu povo. Em nome do povo é que estamos trabalhando".

terça-feira, 14 de junho de 2016

VOX/CUT: 67% dos brasileiros rejeitam Temer

Temer ataca símbolos do “petismo” como tática diversionista


temer
No domingo 12, o governo de facto de Michel Temer completou um mês. Por alguma razão, vem sendo qualificado pelos adeptos do impeachment (golpe) como “governo de salvação nacional”. Mas que medidas o governo interino tomou para ser brindado com esse título?
Se formos perguntar aos conservadores o que Temer fez de bom nos primeiros trinta dias de sua usurpação, certamente elencarão ataques a símbolos do petismo e à presidente Dilma.
Listemos, então, a “obra” do primeiro dos meses (ou, Deus nos guarde, dos anos) à frente que teremos a temer – esses trocadilhos são irresistíveis, não?
1 – Interrupção de contratos de publicidade oficial com blogs considerados “simpáticos ao PT”
2 – Planos e tentativas de desmonte da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com caça a colaboradores considerados “petistas”
3 – Caça a “bruxas petistas” no serviço público federal
4 – Picuinhas contra a presidente da República afastada, tais como interrupção do livre acesso ao Palácio da Alvorada, interrupção do uso de aviões da FAB, corte de verbas para alimentação do Palácio, interrupção do repasse do clipping da Secom para o Planalto.
5 – Retórica de ministros sobre eliminação de direitos trabalhistas e desidratação de programas sociais
Se alguém lembrar de alguma coisa mais, o blogueiro ficará feliz em incluir na lista acima. Mas, de imediato, ninguém mais se lembrará de outras medidas de impacto do primeiro mês do governo de facto de Michel Temer.
É com essas medidas que o mordomo do Planalto pretende operar sua “salvação nacional”?
Bem, amiúde temos visto colunistas da mídia antipetista alardearem uma suposta “superioridade” da equipe econômica de Temer, liderada por Henrique Meirelles, sobre a equipe antecessora.
Mas que não peçam exemplos de medidas que reflitam essa “superioridade”, porque não existem. Muito pelo contrário: apesar da tática diversionista de fustigar símbolos dos governos petistas, de concreto na economia não se tem notícia de nada diferente. Muito pelo contrário: Temer parece manter ou aprofundar os “pecados” petistas na economia.
Se tivermos que resumir as medidas temerárias na economia ao longo de primeiro mês do novo “presidente”, descobriremos aumento de despesas, instituição de teto para gastos e reforma do INSS e propostas de subir tributos.  Além disso, Temer deu aumentos salariais (!?).
Temer assumiu o governo há um mês prometendo mudar os rumos da economia, mas boa parte das medidas anunciadas neste início de gestão mantém as linhas gerais daquilo que já tinha sido proposto anteriormente pela equipe econômica de Dilma Rousseff.
Assim como propunha o então ministro da Fazenda de Dilma, Nelson Barbosa, a nova equipe econômica propôs, e conseguiu, ampliar o rombo autorizado para as contas públicas neste ano. Quando ainda estava no poder, Dilma queria autorização para um déficit primário nas contas do governo de até R$ 96,6 bilhões, mas a nova equipe econômica já conseguiu permissão legal para um rombo bem maior: de até R$ 170,5 bilhões neste ano.
Ou seja: no dizer dos neoliberais, Temer ampliou a “gastança” em vez de reduzi-la como queria o “mercado”.
Só rindo…
Nos últimos dias, ao invés de corte de gastos públicos foi anunciada uma liberação de R$ 38,5 bilhões em despesas dos ministérios – apesar de o governo já estar estimando um déficit fiscal de R$ 113,9 bilhões em 2016.
Há, ainda, uma margem de R$ 18,1 bilhões para incorporar os chamados “riscos fiscais” – que são a renegociação com os governadores e a repatriação de recursos.
Na mesma linha do governo da presidente afastada, a equipe de Temer também quer reformar a Previdência Social e, por isso, já negocia com parte das centrais sindicais.
A proposta, novamente, é de estabelecer uma idade mínima de aposentadoria, atingindo inclusive os atuais trabalhadores – com regras de transição para reduzir os impactos para quem está perto de se aposentar.
O novo governo também apoiou a renovação da Desvinculação de Recursos da União (DRU) – mecanismo que permite ao governo mais liberdade para gastar recursos do Orçamento, com uma alíquota de 30%, assim como propunha a equipe econômica do governo Dilma Rousseff.
Apesar de defender o corte de despesas, o governo interino de Temer também apoiou, no Legislativo, o reajuste dos salários dos servidores públicos, medida que terá impacto superior a R$ 50 bilhões nas contas públicas até 2018. Esse reajuste foi negociado pela equipe de Dilma, e mantido pela nova gestão.
Em um momento em que vários estados passam por dificuldades, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, entre outros, a nova equipe econômica, assim como a anterior, já começou a renegociar os contratos das dívidas dos estados com a União.
O governo Dilma havia concordado em ir alongando as dívidas estaduais por 20 anos, diminuindo as parcelas mensais, com a possibilidade de redução em 40% na prestação da dívida por 24 meses. Para isso, exigia uma série de contrapartidas.
Já a equipe econômica de Temer informou que é “consenso” que o governo federal deve conceder aos estados um “alívio temporário” no pagamento de suas dívidas enquanto continuam as discussões das contrapartidas para equilibrar as contas estaduais.
No caso do aumento de tributos, o discurso da nova equipe econômica é um pouco diferente. O governo Dilma Rousseff elevou vários impostos e vinha propondo o retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para reequilibrar as contas públicas. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não defende o tributo, mas também não afasta a possibilidade de elevar impostos, de forma temporária, “em algum momento”.
A principal proposta da nova equipe econômica, que é estabelecer um teto para os gastos públicos, também é semelhante ao que havia sido proposto anteriormente pelo governo Dilma Rousseff.
A equipe anterior enviou uma proposta do Congresso prevendo uma série de “gatilhos” caso esse teto fosse atingido, como demissão de servidores (por meio de PDV) e até mesmo congelar o aumento do salário mínimo. A proposta do ministro Meirelles é de fixar um teto para os gastos tendo por base a inflação do ano anterior.
Afinal, cadê as propostas revolucionárias que tirariam a economia  do buraco? Eram conversa fiada. E quem diz isso não é o Blog, mas as insuspeitas (de serem “petistas”) Organizações Globo – quem tiver dúvida, clique aqui
A conclusão que se pode tirar é a de que não existe mágica a fazer na economia. A única mágica seria acabar com a crise política, mas isso não irá ocorrer porque movimentos sociais e sindicais substituirão as hordas fascistas nas ruas. Trocamos os protestos verde-amarelos pelos protestos vermelhos.
Com a incerteza política e a previsível reação popular a medidas duras que Temer está postergando até que Dilma seja afastada definitivamente do cargo, pode-se prever que se isso ocorrer o país continuará parado até que uma solução política que contente a todos seja encontrada, o que parece mais difícil de achar do que vida fora da Terra.
Enquanto isso, enquanto Temer não faz nada que possa mudar a situação, continua oferecendo carne às feras atacando “símbolos petistas” como os elencados no início do texto.
Já não há mais funcionários petistas a demitir e outras medidas demagógicas contra Dilma a adotar. O primeiro mês do governo temerário acabou juntamente com as distrações de que dispunha para manter calmas as hordas fascistas e a mídia antipetista.
Os próximos meses serão bem divertidos – para quem gosta de humor negro.

Dinheiro da OAS por debaixo dos panos, Marina? Pra posar de santa?







anjinho

 Por

Se Marina Silva recebeu dinheiro não contabilizado regularmente para sua campanha nem é, para mim, o fato mais grave.
Pode até ter sido contabilizado como doação ao diretório do PV do Rio de Janeiro, como admite seu  companheiro Alfredo Sirkis.
O grave é a hipocrisia de disfarçar uma doação de empreiteira, ainda que tenha sido legal, para conservar uma falsa imagem de “pureza” e acusar os outros de serem financiados por estas empresas.
Isso, Marina, é iludir as pessoas.
Mentir, em português mais claro, para levar vantagem.
Não duvido que a contribuição tenha sido regular: se não foi, cabe ao empresário da OAS, Léo Pinheiro, apontar como foram os descaminhos do dinheiro.
Mas é incrível o silêncio de Marina diante de situações que estão evidentes, como a maracutaia do jatinho que matou Eduardo Campos, seu companheiro de chapa

A escuta de Lula x Dilma não vale, mas vale. Moro usurpou competência, mas tudo bem

teori3
A decisão do Ministro Teori Zavascki, desqualificando como prova o diálogo gravado entre Lula e Dilma em interceptação telefônica determinado por Sérgio Moro e por ele divulgado remete a algumas questões bastante cartesianas.
A primeira é que está obrigado o STF a declarar nula a decisão, ainda em vigor, de Gilmar Mendes que impediu Lula de tomar posse na Casa Civil quando nomeado por Dilma, pois se baseou em elementos que não têm, como se viu, validade jurídica.
Igualmente, se o STF tivesse algum compromisso com a Justiça, estaria derrubada sua nova “jurisprudência” de que não cabe Habeas Corpus contra decisão monocrática de um de seus integrantes, porque isso permitiu que, apesar da “fumaça do bom direito” e do perigo na demora de seu exame, se causassem prejuízos irreversíveis, como está evidente que se causou.
Ministros que fossem pessoas de bem estariam agora angustiados com o mal que causaram com sua omissão ou, ao menos, procrastinação.
Como não parecem estar nem um pouco angustiados, deixo ao leitor o julgamento sobre que tipo de pessoas são.
Segunda questão é a devolução do caso a um juiz que não teve pudor em cometer uma grave violação, usurpando a competência de uma corte superior, para conseguir o efeito midiático de uma divulgação escandalosa de diálogos entre o ex e a atual presidente.
Foi um “erro material”, um “ligeiro deslize”, uma “impropriedade”?
Ora, é evidente que o que se fez foi feito com um objetivo político, a partir de uma conclusão já pré-formada, de que a nomeação visava uma suposta “blindagem”  de um Lula culpado, na iminência de prisão, mesmo antes de ser, sequer, declarado réu.
Nada impede que o Dr. Moro, querendo, acolha  “com as devidas vênias” a manifestação de Teori Zavascki e mande prender Lula com base nas mesmas razões que foram desqualificadas pelo STF, desde que não o escreva explicitamente.
Desvios procedimentais desta natureza deveriam implicar, de imediato, no desaforamento do inquérito para outra Vara Criminal, onde o juiz não estivesse maculado por algo que é uma evidente “armação” para comprometer o investigado, que nem réu é, aliás.
Ou alguém tem dúvida que o juiz Moro já considera Lula um criminoso, ao ponto de divulgar seus diálogos telefônicos,  sem que haja acusação formal ou, sequer, apresentação de defesa?
Se um juiz não hesita em expor-se a divulgar uma gravação duplamente ilegal – pois a escuta já havia tido a interrupção determinada por conta da avocação pelo STF do processo e porque envolvia pessoas fora do  alcance de sua jurisdição – está claro que o fez por ter convicção formada e contar com o impacto público que isso traria.
Este juiz é isento?
Achar que sim é uma conclusão possível apenas para os idiotas. Ou para os que os fingem ser, para encobrir o que são, de verdade: cúmplices covardes do partidarismo judicial.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Governo Temer é inviável

:

Emir Sader

Bem que a direita tentou. Primeiro, buscando questionar a contagem de votos, depois buscando denúncias de corrupção contra a Dilma, para finalmente ficar com a via golpista de usar uma maioria parlamentar para aprovar um impeachment sem fundamento e levar Temer ao governo interino. Tudo foi devidamente montado, inclusive o circo midiático-parlamentar daquela vergonhosa votação na Câmara, para que se conseguisse o sonho da direita desde 2003: terminar com o ciclo de governos do PT.

Porém, muito cedo Temer demonstrou que não está à altura da pantomima. Seu governo revelou-se rapidamente ser inviável. A começar porque sofre as mais amplas manifestações de repúdio de todos os setores da sociedade, com a exceção da mídia monopolista e do grande empresariado, assim como amplos setores do Judiciário. Os outros setores, de jovens a mulheres, de torcidas de futebol a movimento de música negra, de advogados a professores, de trabalhadores da cidade a trabalhadores do campo, entre tantos outros, repudiam o governo e fazem ecoar diariamente o clamor das ruas do Fora Temer!

Mesmo resignado a governar para o 1% mais rico, o governo interino se revela inviável. Composto por um núcleo de políticos corruptos, cujas gravações já demonstraram seu objetivo de chegar ao governo para se verem livres das acusações de corrução que pesam sobre eles, que inclui o próprio presidente interino, o governo não tem a mínima estabilidade para atuar. Diariamente está convulsionado por novas acusações, por riscos de prisão e possibilidades de novas substituições no governo. Não tem a mínima estabilidade desde dentro mesmo do governo e está sitiado pelas manifestações populares.

Um presidente que, ao invés de transmitir confiança, esperança, de se congraçar com a população, não pode sair às ruas, nem sequer frequentar sua casa em São Paulo. Foge do povo, como foge das acusações que pesam também sobre ele de ter recebido recursos de forma ilegal. Além de que, vergonhosamente, é um politico ficha-suja, um presidente ficha-suja, inelegível por 8 anos.

O país não aguenta um presidente, mesmo interino, e um governo assim. O Brasil precisa, urgentemente, de uma condução politica legítima, eleita pelo povo, com apoio dos brasileiros, para resgatar o Brasil da crise profunda e prolongada que vive.

O governo Temer se revelou inviável, aumentou e não diminuiu a ingovernabilidade, apesar da maioria parlamentar e do apoio da mídia. Não conseguirá sequer abrir as Olimpíadas sem manifestações generalizadas de escracho contra ele, que confirmaram para o mundo sua ilegitimidade e o repúdio dos brasileiros contra ele.

Temer deve renunciar, porque não consegue governar, não consegue impor o programa econômico antipopular e antinacional que anuncia, porque não tem estabilidade interna e nenhum apoio democrático da população. Será um governo de espasmos, de sustos, de instabilidades, acuado, assustado, foragido.
Já não é apenas o clamor das ruas, é o próprio senso comum que diz, pelo bem do Brasil: Fora Temer!

Le Monde: Diante de caos político, Dilma pode voltar

:

Em reportagem intitulada "A implosão do sistema brasileiro", o jornal francês Le Monde, um dos mais influentes da Europa, diz que "a terra treme no Brasil" e aponta que a falta de credibilidade do presidente interino Michel Temer e a crise política pela qual o país atravessa poderão fazer com que a presidente afastada Dilma Rousseff, que vinha sendo considerada "politicamente morta", retome o seu mandato; para a correspondente Claire Gatinois, o governo interino "ainda enfrenta uma sociedade revoltada.

A governabilidade continua frágil. E, sobretudo, a falta de credibilidade continua a envolver uma elite política implicada na operação Lava Jato"; jornalista observa que a população acabou descobrindo que a corrupção não afeta somente o PT e que "todo o sistema político está gangrenado"247 - Com uma matéria intitulada "A implosão do sistema brasileiro" (aqui, em francês), o jornal francês Le Monde diz que "a terra treme no Brasil" e aponta que a falta de credibilidade do presidente interino Michel Temer e a crise política pela qual o país atravessa poderão fazer com a que presidente afastada Dilma Rousseff, que vinha sendo considerada "politicamente morta", retome o seu mandato.

Segundo a matéria, a expectativa era de que com o afastamento de Dilma, no dia 12 de maio, Michel Temer implantasse medidas rápidas para tirar o país da crise econômica e política, o que não aconteceu. Para a correspondente Claire Gatinois, o governo interino "ainda enfrenta uma sociedade revoltada. A governabilidade continua frágil. E, sobretudo, a falta de credibilidade continua a envolver uma elite política implicada na operação Lava Jato".

O jornal destaca ainda que Temer, "antigo" parceiro de Dilma, prometeu criar um governo de "união nacional" e o que se viu de fato foi a queda de dois ministros do seu governo em menos de um mês. O veículo lembra que outros membros do ministério do governo Temer são investigados pela Operação Lava Jato. Um deles - Henrique Alves, do Turismo - foi mantido no cargo essa semana apesar da divulgação de gravações envolvendo seu nome
.
A jornalista observa que a população acabou descobrindo que a corrupção não afeta somente o PT e que "todo o sistema político está gangrenado". "Mais de um terço dos parlamentares estão sendo investigados. Até mesmo a probidade do Supremo Tribunal Federal é questionada", diz o texto.

Glenn Greenwald: “Tudo ficou mais claro: é golpe”

:

Em entrevista à Carta Capital, o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, disse que não há dúvidas sobre os motivos do impeachment; "Qualquer que seja a definição de 'golpe', ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff. Houve envolvimento de políticos, da Justiça, da mídia e dos militares", afirmou; Greenwald não poupou críticas à atuação do ministro Gilmar Mendes, do STF; "É impensável ver um juiz encontrando-se com políticos, almoçando com políticos" 

247 - O jornalista e escritor Glenn Greenwald, do site The Intercept, disse em entrevista à revista Carta Capital que não há dúvidas de que a presidente Dilma Rousseff é vítima de um golpe parlamentar.
"Entendi que o impeachment foi desfechado para impedir a Lava Jato. Mas, em última instância, ele visa a aniquilar o PT e mudar totalmente os rumos do País, impondo políticas que nunca seriam aceitas pela população, pelo voto", disse ele.
Ele conta que começou a usar a palavra golpe para descrever a situação do Brasil após a divulgação da conversa do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer.
"Eu, pessoalmente, nunca usava a palavra golpe porque, para mim, era como a palavra 'terrorismo'. Todo mundo usa essa palavra politicamente. Não tem um significado específico. Para mim, a gravação de Jucá mudou tudo, porque tive todos os ingredientes necessários para definir um golpe", diz Greenwald. "Qualquer que seja a definição de "golpe", ela se enquadra no que foi feito no Brasil com relação à presidenta Dilma Rousseff. Houve envolvimento de políticos, da Justiça e dos militares, entre outros. O motivo não foram as alegadas 'pedaladas fiscais'. No dia da votação na Câmara, ninguém falou desse motivo", afirmou.
Ganhador de um Prêmio Pulitzer e personagem do documentário que fez com Laura Poitras sobre o ex-agente americano Edward Snowden, Glenn Greenwald se diz chocado com o fato de ver o Brasil relegado ao 104º lugar no quesito liberdade de imprensa no mundo, na avaliação imparcial da ONG Repórteres sem Fronteitas, que destacou em seu relatório de 2016.
"De maneira pouco velada, os principais meios de comunicação incitaram o público a ajudar na derrubada da presidenta Dilma Rousseff. Os jornalistas que trabalham nesses grupos estão claramente sujeitos à influência de interesses privados e partidários, e esse permanente conflito de interesses prejudica fortemente a qualidade de suas reportagens. Imagino que isso deve ter causado muita vergonha no Estadão, Folha, Globo, Veja e IstoÉ", afirmou.
Sobre a atuação de magistrados do Judiciário brasileiro, como o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, Glenn Greenwald comparou ao que ocorre nos Estados Unidos. "Um juiz da Suprema Corte não pode falar publicamente sobre assuntos que estão em julgamento. A autoridade do Judiciário precisa ser e parecer independente da política. É impensável ver um juiz encontrando-se com políticos, almoçando com políticos. Para mim, como advogado que sou, esse processo é totalmente corrupto. Que confiança você pode ter num juiz que discute com políticos casos que está julgando?", questiona.
Leia na íntegra a entrevista de Glenn Greenwald à Carta Capital.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Não adianta reclamar de falta de pesquisas, há que mandar fazer


pesquisas capa

 Posted by

Um dos assuntos mais comentados nas redações, no Congresso e, claro, na internet é uma pesquisa Datafolha sobre a aprovação ao governo Temer e o apoio dos brasileiros ao impeachment. A pesquisa teria sido engavetada após a Folha de São Paulo, que controla o instituto, ter descoberto que, agora, a maioria rejeita o impeachment de Dilma e o repúdio ao “governo” Michel Temer já seria uma quase unanimidade.
De fato, é estranho. Há quase 60 dias não é feita uma pesquisa sobre o impeachment e até agora não se sabe como a população está vendo o governo provisório de Temer.
A última pesquisa sobre o apoio ou rejeição dos brasileiros ao impeachment de Dilma foi divulgada em 10 de abril. Naquele momento, o apoio à queda da presidente da República havia caído de 68%, em 18 de março, para 61%. Além disso, 58% rejeitavam que Michel Temer assumisse o cargo de presidente.
Vale dizer que, na pesquisa divulgada em 10 de abril, também havia caído de 65% para 60% o apoio ao afastamento de Dilma pelo Senado.
A dinâmica do governo Michel Temer sugere que a situação pode ter melhorado para Dilma e piorado para o presidente em exercício. Em menos de um mês, o governo já perdeu dois ministros e outros três encontram-se na marca do pênalti.
Além disso, segundo a Folha de São Paulo, no despacho em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede ao STF para abrir inquérito contra o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, é dito que a doação de R$ 5 milhões que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro teria feito Temer seria propina cuja moeda de troca seria uma obra no aeroporto internacional de São Paulo.
Para completar o quadro, ministros de Temer andaram propondo reduzir o atendimento público de saúde à população e retirada de direitos trabalhistas como FGTS, férias, 13º salário etc. É praticamente impossível que a população não esteja assustada e revoltada com essas ameaças do governo provisório.
A versão sobre a reviravolta nas pesquisas cresceu tanto e ganhou tanta força que a presidente Dilma, em entrevista recente à rede de televisão do Catar Al Jazeera, insinuou que não estão sendo feitas pesquisas de opinião porque os institutos de pesquisa mais famosos são controlados por seus inimigos políticos e estes não querem que o povo saiba que agora a maioria dos brasileiros é contra o impeachment.

 http://www.blogdacidadania.com.br/2016/06/nao-adianta-reclamar-de-falta-de-pesquisas-ha-que-mandar-fazer/

Confira, abaixo, a recente entrevista da presidente à rede de televisão árabe na qual ela afirma que não estão sendo feitas pesquisas porque estas revelariam que, agora, a população é contra o impeachment.
A versão de que vão esconder as pesquisas que mostram que os brasileiros não querem mais o impeachment até que o Senado vote pelo afastamento definitivo de Dilma é preocupante para quem sabe que, no Brasil, esses grupos de mídia que controlam os institutos de pesquisa não hesitariam em manter os brasileiros “no escuro” até que a situação se torne irreversível.
Câmara e Senado abriram o processo contra Dilma Rousseff pressionados por pesquisas de opinião que diziam que a maioria dos brasileiros quereria que ela fosse destituída do cargo. Se não for mais assim, é óbvio que mais senadores poderão votar contra o impeachment. E todos sabem que faltam poucos para barrar o golpe.
Contudo, é preocupante que tantas denúncias sobre ocultação de pesquisas estejam sendo feitas por jornalistas, partidos políticos e até pela própria presidente da República sem que os denunciantes façam alguma coisa para impedir que esse golpe seja aplicado nos brasileiros.
É óbvio que um blogueiro ou os cidadãos comuns não podemos fazer nada quanto à ocultação de pesquisas, mas partidos políticos, movimentos sociais e sindicais que repudiam o impeachment têm todos os meios de encomendar sondagens da opinião pública.
A Central única dos Trabalhadores, por exemplo, vinha encomendando pesquisas ao instituto Vox Populi. A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, tem seu próprio sistema de pesquisas de opinião.
Não adianta ficar denunciando que os grandes institutos de pesquisa, controlados pela mídia antipetista, estão escondendo sondagens favoráveis a Dilma e desfavoráveis a Temer. Dilma tem sido uma valquíria na luta contra o golpe. Se tiver em mãos pesquisas mostrando que a população agora repudia o golpe, ninguém a segura mais. A mídia terá que tocar no assunto e, mais, não terá outro remédio além de divulgar suas pesquisas.
O tempo urge. A comissão golpista do impeachment, no Senado, está tentando acelerar o golpe porque sabe que o tempo trabalha contra os golpistas. Quanto mais o tempo avançar mais o povo perceberá a burrada que fez ao apoiar o impeachment. A ordem do dia, portanto, é a resistência ao golpe encomendar e divulgar pesquisas sobre a suposta nova posição dos brasileiros em relação a Dilma. Enquanto é Tempo.

Ao NYT, Dilma carimba turma de Temer como “parasita”

:

Jornal americano New York Times volta a destacar o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff; reportagem desta terça-feira ressalta que a presidente tem preparado seu contra-ataque no Palácio do Alvorada contra “aqueles parasitas” que assumiram o poder em um processo de impeachment sem base legal, de acordo com ela; diz ainda que o governo interino liderado por Michel Temer cometeu uma série de erros embaraçosos desde que o Congresso afastou Dilma da presidência; ontem, em editorial, o NYT disse que o Brasil leva ouro em corrupção

247 - O jornal americano The New York Times voltou a destacar o golpe contra Dilma Rousseff. Em reportagem nesta terça-feira 6, o jornal afirma que a presidente tem preparado seu contra-ataque no Palácio do Alvorada contra “aqueles parasitas” que assumiram o poder em um processo de impeachment sem base legal, de acordo com ela. O texto diz ainda que o governo interino liderado por Michel Temer cometeu uma série de erros embaraçosos desde que o Congresso afastou Dilma da presidência.
Ontem, em editorial, o NYT disse que o Brasil leva ouro em corrupção (leia aqui).
Abaixo, a reportagem desta terça, em inglês:
BRASÍLIA — The first time the lights went out in her presidential palace, Dilma Rousseff grimaced. The next time, she rolled her eyes. The third time, she jumped out of her chair, demanding that subordinates find out what was going on.
“This was my area,” she fumed during an interview, pointing out that she had made Brazil’s electricity grid a top priority before she was suspended last month as president. “I don’t know why this is happening.”
With Ms. Rousseff stripped of her authority, a sense of powerlessness and indignation pervades the Palácio da Alvorada, the cavernous residence where she is allowed to stay while the fight to oust her once and for all grinds on in the Senate.
It was not supposed to be like this. Brazil was hoping to celebrate its triumphs in the run-up to the Olympic Games in Rio de Janeiro, not play host to a jaw-dropping spectacle of political dysfunction.
Ms. Rousseff, Brazil’s first female president, was supposed to be preparing to greet world leaders, not enduring the humiliation of an impeachment battle that has her hanging by a thread.
“These parasites,” is what she called her rivals trying to impeach her, many of whom are facing their own scandals.
For now, she is still surrounded by the trappings of luxury in the palace designed by Oscar Niemeyer: the battalion of servants serving tiny cups of coffee, the heated pool in a well-manicured garden, the modernist masterpieces by Emiliano Di Cavalcanti and Alfredo Volpi hanging on the walls.
But the futuristic palace feels less like a lavish manor these days than a bunker. Stewing as she tries to make sense of her predicament and prepares for her impeachment trial, Ms. Rousseff compared her rivals to the strangler figs that envelop trees in the jungle, slowly choking them to death.
The interim government led by Michel Temer, the vice president who took over the nation last month after breaking with Ms. Rousseff, has suffered a series of embarrassing blunders since legislators suspended her.
First, one of Mr. Temer’s top allies stepped down as planning minister after a secret recording emerged late last month. On it, an aide laid out how their party — the Brazilian Democratic Movement Party, or P.M.D.B. — had pursued Ms. Rousseff’s ouster in order to thwart the investigation into the colossal graft scheme surrounding Brazil’s national oil company, Petrobras.
Then, the new transparency minister — essentially Mr. Temer’s anticorruption czar — resigned after another recording seemed to show that he had also tried to stymie the Petrobras inquiry.
Beyond that, Mr. Temer, 75, a lawyer who speaks an archaic Portuguese that flummoxes his countrymen, decided not to name any women or Afro-Brazilians to his cabinet. His choices opened him to withering criticism in a country where more than half of the people define themselves as black or mixed race, and where women feature prominently in the halls of Congress, the Supreme Court and the executive suites of large corporations.
“It’s a provisional government of rich white men,” Ms. Rousseff, a self-described leftist who was an operative in an urban guerrilla group in her youth, said about the administration of her adversary. “I never thought that I would see in Brazil a government as conservative as this one.”
Ms. Rousseff and her allies hope that the recent blows to Mr. Temer’s legitimacy can tilt the impeachment vote to her favor. She pointed out that all she needs is a handful of senators to change their votes for her to be reinstated as president.
Photo
Ms. Rousseff’s bicycles at Palácio da Alvorada. She said that she hewed to routines each day, riding in the morning and reading at night. Credit Tomas Munita for The New York Times
Still, for every misstep by her adversaries, Ms. Rousseff and her own top confidants have also found themselves caught off-guard by new revelations in federal graft inquiries, reflecting the challenges that her Workers’ Party faces in its ambition to win her impeachment trial.
Ms. Rousseff remains rare among major political figures in that she has not been accused of stealing for personal gain. Instead, she faces charges of manipulating the budget in order to hide the depths of Brazil’s economic woes.
But a former Petrobras executive has also testified that Ms. Rousseff lied about her knowledge of a bribery-fueled refinery deal when she was the chairwoman of the company’s board. She denies the claim.
Potentially even more damaging, the Brazilian magazine Isto É reported in recent days that a construction magnate testified that Ms. Rousseff negotiated an illegal $3.5 million donation for her 2014 re-election campaign.
Ms. Rousseff rejected the account, calling it a “slanderous” part of a news media campaign attacking her “personal honor.” But together with other developments — her campaign strategist and the former treasurer of the Workers’ Party are among Ms. Rousseff’s allies already in jail on graft charges — the reports have further eroded her credibility.
Josias de Souza, a prominent political columnist, described the latest revelations tarnishing the camps of both Ms. Rousseff and Mr. Temer as “a classic power struggle between criminal factions” taking place before a recession-weary society.
Despite such grim assessments, Ms. Rousseff is avidly preparing her defense. She consults with aides, bounces strategies off lawyers. Sometimes, her legal team convenes in the quiet chapel on the grounds of the palace.
Photo
Ms. Rousseff is still surrounded by the trappings of luxury in the presidential palace, designed by Oscar Niemeyer. But it feels less like a lavish manor these days than a bunker. Credit Tomas Munita for The New York Times
“They’ve always wanted me to resign, but I won’t,” she said, arguing that her rivals were carrying out a coup, albeit one with the Supreme Court’s stamp of approval. “I really disturb the parasites, and I’ll keep on disturbing them.”
Senate leaders said on Monday that the impeachment trial was expected to conclude sometime in early August, potentially producing embarrassing street protests as the Olympic Games get underway, regardless of how the Senate rules.
In the meantime, Ms. Rousseff expresses irritability, if not resignation, over the toll that the political upheaval has had on the young democracy established in 1985 in Brazil after a long military dictatorship.
“This is a turning point,” she said about the rupture producing Mr. Temer’s ascension. “A pact that existed has broken.”
Glossing over criticism that her policies laid the groundwork for Brazil’s economic crisis, she argued that the economy would already be on the mend if congressional leaders had not thwarted measures aimed at restoring confidence.
Otherwise, Ms. Rousseff said that she hewed to routines each day, riding her bicycle in the morning and reading at night, devouring each digital edition of The New York Review of Books. Lately, she has been reading “SPQR: A History of Ancient Rome,” by the English classical scholar Mary Beard.
Ms. Rousseff said that she found some bemusement in investigators comparing Eduardo Cunha, who led the impeachment campaign as the speaker of the lower house before he was suspended to face corruption charges, to Catiline, the senator who conspired to overthrow the Roman Republic in the first century B.C.
Cicero, the orator and constitutionalist, denounced Catiline in a series of speeches before the Senate, and Ms. Rousseff, smiling as she recalled her schoolgirl Latin, said: “Quam diu etiam furor iste tuus eludet?”
The sentence was from one of the speeches, which questioned how much longer Catiline would continue abusing the republic’s patience. In the question repeated by Ms. Rousseff, Cicero asked, “How long is that madness of yours still to mock us?”

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Nesta 2ª, no Rio, ato contra o golpe e em defesa do patrimônio nacional. Com Lula

Nesta 2ª, no Rio, ato contra o golpe e em defesa do patrimônio nacional. Com Lula

pblic
Quem puxa o movimento são os petroleiros, categoria que sabe, como nenhuma outra, que a Petrobras não pode ir fora junto com a água suja do que alguns diretores andaram fazendo por lá.
Mas também estão na mobilização os trabalhadores de Furnas,  do BNDES, da Caixa, do Banco do Brasil, dos Correios e muitas outras empresas federais, que têm forte presença aqui.
E tudo isso indica que vai encher o primeiro ato sindical contra o golpe, amanhã, na Fundição Progresso, com a presença de Lula, pela primeira vez, nas manifestações.
Mais ainda porque a presença de Moreira Franco como coordenador do desmonte das empresas do setor público, por aqui, deixa indisfarçado no ar um cheiro de Governo Collor.
O ato tem uma programação específica, com reuniões e debates, que começa às 14:30.
Mas às 19 horas passa a ser público, e vai receber a adesão do pessoal da Cultura, da juventude e dos movimentos sociais.
E, como tudo o que junta gente hoje, até festa junina em Campina Grande, vai virar “Fora, Temer”.

Grande imprensa também já acha que Dilma pode voltar




 
temeridade
 Posted by

Os revezes que o governo de facto de Michel Temer sofreu em menos de um mês (desde que a presidente Dilma foi afastada pelo Senado, em 12 de maio) são surpreendentes. Esperava-se que ele tivesse ao menos 90 dias de “trégua”, mas, em 24 dias, seu governo envelheceu.
O que impressiona é a quantidade de erros políticos cometidos em tão pouco tempo e a incapacidade do “presidente interino” de usufruir da boa vontade que a mídia que derrubou Dilma tinha – e tem – para com ele.
E que não atribuam esses erros aos auxiliares nomeados pelo presidente de facto. Se falaram demais, divulgando planos de quem derrubou a presidente legítima que ainda não podem ser divulgados, é porque são mentalmente incapazes, ok, mas, também, é porque os ministros do golpe foram mal orientados.
Se Temer planejou com Ricardo Barros, seu “ministro da Saúde”, sobre a enormidade de encolher o SUS, é óbvio que um plano que prejudica a tantos brasileiros não poderia ser divulgado assim, antes mesmo que se confirme se o presidente de facto vai mesmo governar até 2018.
Como se não bastasse, o “ministro da Casa Civil”, Eliseu Padilha, divulgou assim, sem mais nem menos, que o “novo governo” vai extinguir direitos trabalhistas
Temer já perdeu quatro auxiliares em menos de um mês. Recuou de um sem número de medidas, como a de extinguir o Ministério da Saúde, e sofreu um forte revés na Justiça, que mandou reintegrar o presidente da EBC, Ricardo Melo, afastado de forma escandalosamente ilegal pelos usurpadores do Poder.
O que parece é que o governo ilegítimo, desde o presidente ilegítimo até seus ilegítimos auxiliares, acharam que a sociedade odiava tanto Dilma que aceitaria qualquer barbaridade que eles praticassem, contanto que ela fosse afastada.
Não se sabe de onde tiraram tal ideia.
Como resultado, a presidente afastada (e legítima) aparecerá na TV Brasil, em entrevista, para denunciar o golpe, o que constitui um revés mortal para os golpistas, uma prova de que estão tomando decisões ilegais.
Por todo Brasil, de Norte a Sul, de Leste a Oeste, manifestações enormes contra o governo ilegítimo. O “fora, Temer” é ouvido sem parar. Artistas fazem manifestações públicas incessantes contra o governo de facto e pesquisas oficiosas já dão conta de forte aumento da popularidade de Dilma e queda ainda maior da popularidade de Temer e do impeachment.
O sumiço das pesquisas de opinião dos grandes institutos, ligados à mídia antipetista, evidencia a reviravolta política entre a opinião pública.
É alucinante o ritmo da deterioração do governo Temer. A sociedade já começa a perceber que, se a situação estava ruim com Dilma, ficará muito pior sem ela. E a prova disso é o verdadeiro pânico que se instalou no núcleo duro da imprensa antipetista.
Nos últimos dias, vários colunistas dessa imprensa partidarizada vêm fazendo “apelos” para que todos finjam não ver os absurdos produzidos em escala industrial pelo “novo governo”.
Um caso curioso ocorre com o Estadão, entre outros. Duas colunistas de renome entre os setores conservadores e antipetistas escreveram apelos quase idênticos para que a sociedade finja não ver as barbaridades cometidas pelo governo de facto.
Em 31 de maio, a colunista Eliane Cantanhede escreveu a coluna “Ruim com ele, pior sem ele”, no qual apela para que o país aceite aberrações como um “ministro da Transparência” mais sujo que pau-de-galinheiro e um “presidente interino” investigado pela Lava Jato para que uma presidente ficha-limpa volte ao cargo.
Para Cantanhêde, se Temer continuar “apanhando” assim, Dilma volta.
Neste domingo (5), outra colunista que faz a cabeça da direita brasileira escreveu um texto praticamente idêntico. O título é altamente sugestivo: “Sorte para o azar”. O texto inteirinho, assim como o de Cantanhêde, é dedicado a repisar ataques a Dilma, mas o título trai a intenção que o texto não cita.
“Sorte para o azar” é uma variação da tese de Cantanhêde de que, se Temer continuar apanhando assim, a sociedade vai acabar querendo Dilma de volta.
Pelas informações que o Blog vem apurando, é tarde demais. Já houve uma reversão na opinião pública.
O repúdio ao impeachment entre a opinião pública nacional e mundial vai ficando cada vez mais ensurdecedor. Não há um dia em que uma nova personalidade ou um novo grande órgão de imprensa não denunciem que está havendo um golpe de Estado “branco” no Brasil.
Esse alarido está invadindo o Brasil. As pessoas estão tomando posição rapidamente. Quem ficava em cima do muro por estar zangado com Dilma e com o PT devido à crise, já começa a entender que ruim com eles, pior sem eles – é irônico, mas a tese de Cantanhêde está funcionando ao contrário.
Para que se possa mensurar a força da reação ao golpe, um fato surpreendente. Acadêmicos, jornalistas e ativistas se reuniram e produziram 103 crônicas contra o golpe – uma delas foi escrita por este blogueiro -, reunidas no livro Resistência ao golpe de 2016.
temeridade 1
Até o Papa Francisco já tem um exemplar e se deixou fotografar com ele nas mãos
temeridade 2
Entendeu, leitor, por que a mídia está apavorada? Senador que votar a favor do golpe terá problemas eleitorais. Os mais espertos entenderão isso antes da votação do impeachment, e Dilma precisa de apenas mais 3 votos para não ser derrubada.