Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

FOLHA: O DELATOR ESCLARECE; O JORNAL ESCONDE


 *Palestina ingressa na ONU com apoio de 138 nações em votação histórica que isolou os EUA e Israel: assento como Estado observador  legitima direito às fronteiras ocupadas por Israel em 1967 ( leia mais nesta pág).


A Folha voltou à carga na edição desta 5ª feira, 29-11. Não para admitir que um dia antes induzira indevidamente o leitor a enxergar no ex-ministro José Dirceu um integrante do esquema de corrupção investigado na Operação Porto Seguro. Não, o que o jornal tenta desta vez é produzir uma declaração que confirme a sua pressuposição editorial. Não deu certo. Afirmação do delator  Cyonil Borges na entrevista publicada agora pelo jornal: " O nome do ex-ministro, pelo que tudo indica, foi usado pelo Paulo (Vieira)".  A resposta é esclarecedora. No clima de linchamento dos últimos meses, o nome 'Dirceu' tornou-se um 'genérico' de uso encorajador para qualquer fim. Um corrupto se vale disso para encorpar o alcance de um esquema golpista.O que faz a Folha de posse desse desmentido em relação ao publicado? Nada. Ou melhor, tudo ao contrário do que ocorreu na 4ª feira, quando o editor e o jornal agiram como os corruptos . Usaram o 'genérico' em ilações para encorpar uma denúncia  e desse modo atingir o objetivo de denegrir adicionalmente o PT.  A pergunta ao ombudsman da Folha é: se Cyonil tivesse confirmado a pauta, a resposta seria mantida no mesmo socavão espertamente reservado ao desmentido? (LEIA MAIS AQUI)

Vice-presidente da CPI: “Questão de Policarpo não está resolvida”


O vice-presidente da CPI do Cachoeira, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), concedeu hoje (29.11) entrevista ao Blog sobre o relatório final da investigação. Segundo Teixeira, ao menos a questão do jornalista Policarpo Jr., da revista Veja, “Não está resolvida”. Ele fala, ainda, sobre a posição do partido em relação ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e explica as razões para o recuo do relator. Leia, abaixo, a entrevista.
*
Blog da Cidadania – Deputado Paulo Teixeira, sobre a posição do relator da CPI, deputado Odair Cunha, de retroceder no indiciamento do procurador-geral da República e do jornalista da Veja Policarpo Jr., o que o senhor diz sobre isso? É uma posição do PT? Dizem que o PT ficou com medo da mídia, outros dizem que foi o Palácio do Planalto que pediu… Qual é a posição que levou a esse acontecimento?
Paulo Teixeira – Do relatório do deputado Odair Cunha constavam pedido de investigação do procurador-geral, tendo em vista que não há explicação sobre os procedimentos que ele adotou – ou a falta de procedimentos adotados –, e pedido de indiciamento do jornalista Policarpo Jr. Mas poucos partidos homologavam o relatório nesses termos. Havia uma ampla maioria contrária ao relatório.
Nessa ampla maioria há vários interesses. Tem o interesse que não quer o indiciamento do Marconi Perillo, tem o interesse daqueles que defendem o dono da Delta, o Fernando Cavendish, e tem o interesse dos que não querem que esteja no relatório qualquer menção ao procurador e qualquer menção ao Policarpo. Com isso, o relator entendeu que, para pelo menos ele ler o relatório a fim de construir maioria, devesse retirar o jornalista Policarpo.
Havia, entre nós, um consenso de que devesse retirar ao menos o procurador-geral, pois o objetivo principal da CPI, o foco da investigação, era o governador de Goiás e o seu aparente envolvimento com o esquema de Cachoeira.
Blog da Cidadania – Entre nós, quem, deputado?
Paulo Teixeira – No PT, o nosso consenso era de que ele devesse retirar o procurador-geral. Mas a bancada do PT quis dar ao relator Odair Cunha condições de ele tocar o relatório de tal sorte que ele pudesse, ao menos, lê-lo para votação. Então ele achou por bem retirar o jornalista Policarpo Jr.
Blog da Cidadania – Mas deputado, o PT entende que não há uma certa gravidade no fato de o procurador-geral da República ter engavetado a Operação Vegas? Ele sabia do Demóstenes Torres, sabia de tudo aquilo… O PT não entende que a conduta dele foi estranha?
Paulo Teixeira – Nós consideramos que a postura do procurador-geral foi uma postura estranha, tanto que a proposição inicial do relatório foi de um pedido de investigação. O problema, como eu te disse, ali, foi que se criou uma frente de diversos interesses que impedia sequer a leitura do relatório. Aí, o PT decidiu que, mesmo pedindo a investigação no relatório inicial, nós tiraríamos esse pedido de investigação com o objetivo de facilitar sua aprovação.
Blog da Cidadania – O PT, por si, pediria os indiciamentos do Policarpo e do Roberto Gurgel?
Paulo Teixeira – O PT proporia o indiciamento do jornalista Policarpo Jr. e isso fez parte do relatório de Odair Cunha. Mas havia debates internos, no PT, sobre o procurador-geral, sobre essa questão do indiciamento ou não, se deveria ser tocada adiante. Mas, em relação ao jornalista Policarpo, o PT é unânime. Em relação à retirada de seu nome, isso foi uma circunstância que se criou para o relator e ele percebeu que, sem isso, o relatório não seria sequer lido.
Blog da Cidadania – Agora, deputado, não seria o caso, ao menos, de a Polícia Federal abrir uma investigação sobre o Policarpo?
Paulo Teixeira – Olha, na verdade, essa questão não termina com o relatório. Qualquer deputado pode pedir, ao final, que questões que não entraram no relatório possam ser investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público…
Blog da Cidadania – Qualquer deputado da CPI?
Paulo Teixeira – Da CPI… Essa questão do Policarpo, na minha opinião, não está resolvida.
Blog da Cidadania – Não está resolvida… O senhor acha que pode ter algum desdobramento. E quanto ao procurador, alguma possibilidade de investigação?
Paulo Teixeira – Então… Todas as questões postas vão ficar ou dentro do relatório ou para posteriores procedimentos e providências. Isso eu não vou te adiantar. Em relação ao procurador, não saberia dizer.
Blog da Cidadania – Deputado, uma última pergunta: cogita-se que tenha havido uma interferência do Palácio do Planalto nessa decisão. O senhor confirma ou nega esse fato?
Paulo Teixeira – Não, não creio que tenha havido interferência do Planalto.






quinta-feira, 29 de novembro de 2012

MÍDIA & TOGA: A CONFRARIA DO DOMÍNIO DO FATO


* ONU reconhece o Estado  palestino nesta 5ª feira, mas ainda sem direito a voto

 **leia nesta pág. as entrevistas de Katarina Peixoto com Jamal Juma e  Ronnie Kasrils, sobre o apartheid no Oriente Médio

**IBGE: Brasil é hoje o país menos desigual dos últimos 30 anos; a elite acha que é o mais corrupto.

Leia:'A virtude e o porteiro de Lula.(Aqui)    


Os supremos juízes da Suprema Corte não revogaram a história da luta democrática brasileira? Não redesenharam um país em que Roberto Jefferson merece condescendência e José Dirceu é bandido? As togas da suprema instância não demitiram os fatos? Por que o jornalismo há de se  ater a eles? O país e a mídia vivem agora sob o império das ilações.Eis aí uma contribuição inesperada, porém marcante da Corte ao aperfeiçoamento das instituições democráticas e do currículo das escolas de jornalismo. Na verdade, virtuoses no ramo já praticam com impressionante desembaraço o cânone da notícia inspirado na assertiva das togas que se dispensaram do elemento essencial de uma sentença: provas.Na edição impressa da quarta- feira, 28-22, o jornal Folha de S. Paulo deu aula de como aplicar a jurisprudência à estrutura de um texto, para dissimular um editorial em notícia. Vale a pena acompanhar esse processamento, que não é novo, mas desfruta agora do exemplo inapelável que vem de cima. As togas fizeram escola. Oremos. (LEIA MAIS AQUI)


MERVAL, AGORA SIM, UM IMORTAL !

O Conversa Afiada se alia ao esforço do Mino para conferir, enfim, o reconhecimento público que o notável colonista merece, e informa que o Ataulfo passa a integrar a “Galeria de Honra Daniel Dantas”.

Ataulfo é o da direita, na turma de baixo
Assim como Nelson Johnbim, Ataulfo Merval de Paiva (*) deu-se agora para re-escrever a Constituição


Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
§ 2º – Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.


Clique aqui para ler “Quem cassa o mandato do Genoíno é a Câmara”.


Disse no Globo o Ataulfo:

Outro caso delicado é o da perda de mandato dos deputados condenados. Para tanto, o Supremo deve cassar os direitos políticos dos deputados, o que levará à cassação automática, bastando apenas que a Mesa da Câmara comunique a decisão do Supremo.

O ansioso blogueiro não se surpreenderá se o Supremo se der o Direito de soterrar o Legislativo e cassar o Genoíno.
Depois de absolver o Thomas Jefferson e transformar a “teoria do domínio do fato” no turbante da Carmen Miranda, o ansioso blogueiro espera de tudo.
O Ataulfo deve dispor de assento privilegiado – ainda que imaterial – na bancada do Supremo.
Ele erra pouco.
Na verdade, ele não só prevê como prescreve.
Ajuda a acertar o relógio do ex (ufa !) Presidente Ayres Britto, ajuda a escalar quem pode e não pode votar, aplica a dosimetria com precisão matemática e, agora, se dá o Direito de cassar o Genoíno.
Antes mesmo que o Supremo corrobore suas explícitas intenções.
O Ataulfo Merval é a biruta do Golpe.
Suas colonas (**) se tornaram o trilho por onde o Golpe passará.
Porque, como se sabe, a Globo não ganha eleição.
A Globo dá Golpe.
Este ano, por exemplo, a única vitória eleitoral da Globo foi a que o deputado Miro Teixeira lhe outorgou: impediu o Caneta de ser indiciado pelo amarelo Odair – clique aqui para ler “Lewandowski sabe que o Jefferson não é esse Herói todo”.
Amigo navegante, leia o Ataulfo com essa luneta: para aonde ele soprar, é por ali que vem.
Às vezes, é difícil compreender o roteiro exato, porque o estilo dele lembra muito o de seu ídolo, o Farol de Alexandria: é um estilo que, na Columbia University e no New York Times (de onde o FHC foi sumariamente dispensado) se chama de “bloated”, “gorduroso”, carregado de colesterol.
Mas, é assim se constrói a imortalidade nO Brasil (revisor, por favor, deixe a caixa alta em paz. Obrigado.).
Mino Carta acaba de confirmar que, em fevereiro de 2013 em São Paulo e, em março, no Rio, a Editora Record vai lançar seu romance “O Brasil”.
Trata-se de um “roman à clef”, mas o leitor facilmente identificará o Ataulfo Merval e outros da mesma nobre estirpe nas páginas imortais do Mino.
Será um passo irreversível em direção à verdadeira consagração.
Conversa Afiada se alia ao esforço do Mino para conferir, enfim, o reconhecimento público que o notável colonista merece, e informa que o Ataulfo passa a integrar a “Galeria de Honra Daniel Dantas”.
Aquela que reúne os que processam o ansioso blogueiro, a começar por Daniel Dantas, personagem, entre outras “brilhantes” atividades, de uma trama de perseguição a uma Juíza honesta, no Rio.
Como se sabe, processam o ansioso blogueiro representantes de dois núcleos: a Globo, nas figuras do Ataulfo e do Ali Kamel (e outros de imperceptível notoriedade); e do núcleo “Daniel Dantas e assemelhados”, como o Gilmar Dantas (***) e o Naji Nahas, e Heráclito Fortes, de saudosa memória.
Com a entrada do Ataulfo na honrosa Galeria, num processo por Crime, o ansioso blogueiro reafirma: diz-me quem te processa e dir-te-ei quem és.
Recentemente numa colona (**), o Ataulfo fez acusação gravíssima ao Nassif (segundo o testemunho do Gilmar Dantas (***) e a blogueiros em geral:
A condenação do ex-ministro José Dirceu a uma pena que implica regime de prisão fechada desencadeou uma onda de protestos por parte dos seus seguidores que está revelando os instintos mais perversos de um grupo político radicalizado, que se vê de repente atingido por uma mancha moral de que dificilmente se livrará na História.
Além do território da internet, onde tudo é permitido e muitos espaços pagos para uma propaganda política ignóbil,
Primeiro, amigo navegante, sabe-se que, no Globo (contra o PT), “tudo é permitido”.
E, além disso, diz o Ataulfo, blogueiro pode ser pago para fazer propaganda ignóbil.
Aliás, o Boris (não mexer, revisor, por favor. Obrigado.) Mainardi já fez isso, e por isso pagou muito caro.
Seria interessante que ele desse nome aos bois, não é isso, amigo navegante ?: quem se vende e quem compra.




Clique aqui para ler a aba ‘Não me Calarão’.


Paulo Henrique Amorim


(*) Aos novos leitores do Conversa Afiada convém esclarecer que Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia. Ao Mino.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

(***) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O custo da popularidade de Dilma


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O recuo anunciado do relator da CPI do Cachoeira, o petista Odair Cunha, no sentido de desistir dos indiciamentos do editor da revista Veja Policarpo Jr. e do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tem significado forte. Resta, contudo, descobrir qual é.
O PT “amarelou”? Se sim, a pergunta que decorre é uma só: por quê? Medo, dirão. Mas medo de quê? O que a mídia poderia fazer a mais do que já está fazendo?
E a questão é a mídia, pois o PSDB, sem ela, não tem força alguma. Não tem militância para além de meia dúzia de bate-paus que escrevem cartinhas contra o PT a jornais e que passam o dia comentando em blogs simpatizantes do governo a fim de insultar blogueiros.
Bem, se a causa do anunciado recuo petista na CPI é a mídia, só pode ser dela que o PT supostamente tem medo. Só não se entende como ela poderia aumentar ainda mais os ataques ao partido, pois o dia só tem 24 horas…
Surge, então, a reflexão sobre por que o PT se empenha tão pouco em reagir aos ataques que sofre. E, aliás, sobre por que o partido do governo não usa as armas que tem como essa que a CPI lhe pôs no colo.
Qualquer investigação sobre o envolvimento de Policarpo Jr. com Cachoeira revelará muito mais do que a “mera relação entre repórter e fonte”. Fontes não escolhem onde o veículo do repórter deve publicar notícias e tampouco escolhem que notícias esse veículo irá publicar, e as escutas das conversas entre “Poli” e “Cachô” mostram exatamente isso.
Sem falar na declaração de ré do esquema, da mulher de Cachoeira, que disse a um juiz, em audiência oficial, que Policarpo era “empregado” do marido. E que ameaçou usar a revista em que o jornalista trabalha para difamar a autoridade que a interrogava.
Quanto ao procurador-geral da República, o caso é ainda mais grave. Não surgiu ainda uma explicação para o arquivamento das investigações contra Cachoeira e o acobertamento de Demóstenes Torres. No mínimo, deveria ser aberta uma investigação da Polícia Federal
Sobre Policarpo, Veja e Gurgel, portanto, espanta que o PT não se empenhe em usar armas como essas. Talvez esteja apenas atendendo ao Palácio do Planalto, mesmo que a contragosto. Afinal, Dilma nada em popularidade e não lhe interessa fazer marola.
Pela popularidade que a presidente tema perder, há, portanto, que quantificar seu preço. Enquanto o governo opta por apanhar sem reagir porque a surra não lhe reduz a popularidade, membros do partido desse governo – inclusive o mais importante, que o elegeu – vão sendo pisoteados pela mídia, alguns pagando altas penas de privação de liberdade…
Mas o governo segue forte. Dificilmente Dilma terá sua popularidade afetada por campanhas denuncistas. O povo vota com o bolso. Pelo menos até que a economia sofra algum revés. Então veremos o custo de o PT se deixar carimbar como inventor da corrupção no Brasil.

Um relatório (da OCDE), diferentes pesos e manchetes

O relatório da Organização para o Crescimento Econômico e Desenvolvimento (OCDE) sobre a situação econômica mundial é é amplamente favorável ao Brasil e sua política, ainda que peça o que se poderia chamar de “correção de rumos” na direção do liberalismo econômico. A boa posição do Brasil fica mais evidente levando em conta fatores comparativos com outras economias também abordadas no relatório. Para o mundo, prevê-se um crescimento econômico de 1,4% em 2013 e 2,3% em 2014. O artigo é de Flávio Aguiar, direto de Berlim.



A referência desse artigo está nas manchetes citadas no Blog das frases do companheiro e amigo Saul Leblon, acima nesta página da Carta Maior. Três manchetes, três realidade distintas sobre o relatório da Organização para o Crescimento Econômico e o Desenvolvimento, sobre o estado da arte no mundo e no Brasil.

Não esqueçamos que o relatório segue, como seria óbvio esperar, um “design” completamente liberal para discutir a economia mundial – e a nossa brasileira também. Apesar disso, ele é amplamente favorável ao Brasil e sua política, ainda que peça o que se poderia chamar de “correção de rumos” naquela direção do liberalismo econômico. Deixei o texto original em inglês, devido à complexidade da terminologia técnica, e ofereço abaixo uma tentativa de tradução. Cito também, no original, a tabela de indicadores econômicos oferecida pelo relatório, em que se prevê uma retomada do crescimento numa taixa de 4 % ao ano, a partir do ano que vem. 

The effects of strong monetary and fiscal stimulus are gradually lifting the economy out of below-trend growth. Forward-looking confidence indicators look promising and unemployment is low. Inflation has declined and stabilised, albeit somewhat above the midpoint of the target range. 

Growth is projected to pick up to about potential rates as stronger global growth, the depreciated real and recent measures to address the supply-side factors behind weak performance benefit investment and exports. Growth would be supported by further reducing the tax burden and tax complexity, containing labour costs, deepening long-term financial markets and improving infrastructure. The recently adopted trade protection measures, in contrast, could slow down productivity growth.


[Os efeitos de estímulos monetários e fiscais robustos estão levantando gradualmente a economia de uma tendência a ficar num nível abaixo do esperado. Os indicadores de uma confiança quando se foca o futuro parecem promissores e o desemprego é baixo. A inflação caiu e se estabilizou, embora um pouco acima da média almejada.

Projeta-se uma elevação do crescimento até uma taxa potencialmente tão robusta quanto a do crescimento global, o real desvalorizado e medidas recentes dirigidas a fatores de insumo que estão por trás de um desempenho fraco beneficiam o investimento e a exportação. O crescimento seria favorecido por uma maior redução do peso e da complexidade dos impostos, da contenção do custo do trabalho, do aprofundamento dos mercados financeiros de longo prazo e da melhora na infra-estrutura. As recentes medidas de proteção comercial, no entanto, podem retardar o crescimento da produtividade]. 


A boa posição do Brasil fica mais evidente levando em conta fatores comparativos com outras economias também abordadas no relatório. Para o mundo, prevê-se um crescimento econômico de 1,4% em 2013 e 2,3% em 2014. Os respectivos números para estes anos são, conforme o país abordado:

Japão, 0,7% e 0,8%; Zona do Euro, - 0,1% e + 1,3%; Alemanha, 0,5% e 2%, mas com crescimento do desemprego em 2013; Reino Unido, 1,1% e 1,8%; Estados Unidos, em que o relatório afirma estar a economia e a taxa de emprego em recuperação lenta, 2,2% e 3,2%; França, 0,3% e 1,3%.

Enfim, os dados completos do relatório podem ser consultados em

http://www.oecd.org/eco/economicoutlook.htm

lembrando que em inglês a sigla da OCDE é OECD.

A posição favorável do Brasil fica mais evidente ainda levando-se em conta o comentário do Secretário Geral da Organização, Ángel Gurría: “Os governos devem atuar decisivamente, usando todos os meios à sua disposição para reerguer a confiança e dar impulso ao crescimento nos Estados Unidos, na Europa e em toda a parte” (“Governments must act decisively using all the tools at their disposal to turn confidence around and boost growth and jobs in the USA, in Europe and elsewhere”), frase que não deixa de conter um “granum salis” de crítica à obsessão com a “austeridade” que assola a Europa.

De resto, o relatório aponta com fatores mais preocupantes e ameaçadores, nessa ordem, a recessão Européia e o “despenhadeiro” (ou, “paredão de rocha”, “cliff”) fiscal norte-americano, embora ressalte que neste último caso se deva evitar um corte exagerado, precipitado ou indiscriminado nas despesas públicas para não comprometer aquela lenta recuperação.

Como se vê, SMJ, não há razão para se privilegiar apenas um ponto negativo em relação ao Brasil. Durma-se com uma mídia dessas!


A praga da liderança Prozac


Do inevitável Bergman ao movimento Dogma 95, e além… O cinema escandinavo sempre ofereceu alternativas aos interessados em fugir do entediante escapismo hollywoodiano. A Arte do Pensamento Negativo é uma comédia de humor negro norueguesa, realizada em 2006. O filme, escrito e dirigido por Bård Breien, foi apresentado na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2010. A história gira em torno de Geirr, um homem de 33 anos que ficou paraplégico após um acidente de automóvel. O protagonista vive em uma casa de campo, na companhia de sua bela e dedicada esposa, Ingvild. Passa o tempo bebendo, fumando maconha e assistindo a filmes sobre a Guerra do Vietnã.

Preocupada com o marido, Ingvild o inscreve em um grupo de autoajuda, formado por pessoas com diferentes deficiências. O grupo é liderado por Tori, uma entusiasta da autoajuda. Ela, que não tem nenhuma deficiência, proíbe os membros do grupo de dizer qualquer coisa negativa sobre seus problemas e os estimula com clichês e frases de efeito. “Focar em nossas fraquezas nos apequena, mas, se focarmos em nosso potencial, nós podemos nos tornar gigantes”, proclama Tori em uma reunião para deleite do grupo.
O choque entre Tori e Geirr é inevitável. Tori tenta estimular Geirr a pensar positivamente e “concentrar-se nas soluções, não nos problemas”. Geirr, iconoclasta e irreverente, rebela-se contra a visão idílica de Tori e, de crise em crise, conquista o grupo para sua visão crítica e niilista da realidade. Aos poucos, o faz de conta induzido por Tori perde força, os membros do grupo vão se abrindo para seus próprios problemas e encontram algum consolo na honestidade e na solidariedade que começam a surgir.
O filme norueguês trata cinicamente da “cultura de autoajuda”, praga contemporânea que cruzou fronteiras nas últimas décadas e avança sobre os mais diversos domínios da sociedade, da Escandinávia aos trópicos. Sintomaticamente, a mídia popular brasileira está hoje impregnada pela lógica e pelo discurso da autoajuda. Em muitos países, a autoajuda se transformou em uma indústria milionária: palestras, livros, revistas, vídeos, treinamento, consultoria etc.
O mundo corporativo foi domínio no qual a autoajuda encontrou terreno propício, com as portas escancaradas pelas deslumbradas áreas de recursos humanos. Nas empresas, o culto do pensamento positivo fomenta o otimismo, encoraja o estabelecimento de metas ambiciosas e celebra o sucesso. Contudo, sob os efeitos especiais de powerpoints apresentados em reuniões, as metas são manipuladas, o sucesso tem pés de barro.
David Collinson, professor da Escola de Negócios da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, publicou recentemente um texto no jornal britânico Financial Times, com o sugestivo título “O lado negativo da liderança positiva”. Segundo Collinson, no coração da crise em muitas nações ocidentais, encontra-se uma abordagem específica de liderança, da qual foi extirpado o pensamento crítico em favor do pensamento positivo e da propensão ao risco. O autor denomina o fenômeno de “liderança Prozac”, mal que afeta a sociedade e as empresas e causa vício em uma positividade excessiva e artificial.
Os líderes Prozac fazem discursos delirantes, acreditam em suas próprias palavras e desencorajam visões alternativas e críticas. Alguns são carismáticos e nutrem fiéis seguidores: eles ignoram problemas e tornam suas organizações menos preparadas para enfrentar crises. Quando encontram terreno propício, criam uma “cultura positiva”, que pune ou aliena funcionários não praticantes.
Candidatos a líderes Prozac são fáceis de identificar. Eles aguardam ansiosamente as palestras promovidas pela HSM, empresa especializada em eventos de autoajuda empresarial, e discutem avidamente as pérolas ouvidas dos “grandes nomes do management”. Circulam entusiasticamente vídeos das conferências TED (Technology, Entertainment and Design), cujo grande objetivo parece ser atrair cientistas e pensadores, misturá-los com caçadores de novidades e transformar todos em celebridades de auditório.
Collinson observa que o pensamento positivo, base da liderança Prozac, pode ter certo poder de transformação, facilitando inovações e processos de mudança. Porém, o otimismo excessivo pode estimular o cinismo, erodir a confiança e provocar o afastamento da realidade. Mais sábio seria combinar doses adequadas de pensamento positivo e pensamento crítico, de forma a enfrentar realidades complexas. O ilusionismo, bem sabemos, é competência essencial nas organizações, públicas e privadas, grandes e pequenas. Porém, convém não exagerar.
Últimos artigos de Thomaz Wood Jr.:
A arte do tempo
Anjo caído

A VIRTUDE E O PORTEIRO DE LULA


*Uma notícia em três manchetes:

 a) Agencia EFE: 'OCDE prevê que Brasil cresça 4% em 2013, depois do 1,5% de 2012' 

**b) Estadão: 'Brasil terá pior taxa de crescimento dos Brics em 2012, segundo OCDE'

**Folha: 'Brasil terá menor crescimento entre emergentes em 2012, diz OCDE 



Danuza Leão, que  foi esposa de Samuel Wainer, criador do  Última Hora - o principal veículo de resistência ao cerco udenista contra Vargas nos anos 50, lamenta a ascensão do consumo de massa no Brasil. Não por  ter restrições ao consumo. Mas porque ficou difícil  'ser especial'  nesses tempos em que  'todos têm acesso a absolutamente tudo, pagando módicas prestações mensais', explica na coluna que assina na Folha. Musicais na Broadway perderam a graça, afirma, não pelo gosto duvidoso do que se oferece ali. "Por R$ 50 mensais, o porteiro do prédio também pode ir", lamenta-se. O desencanto algo patológico com o Brasil de Lula inclui outras versões de apelo não tão exclusivista. O porteiro do prédio  neste caso é a 'corrupção de massa' que o PT teria promovido, segundo os críticos, num aparelho de Estado antes depenado com elegância pelos donos do país. A virtude que se cobra da esquerda não é um dote imanente a porteiros que viajam a prestação ou a governantes eleitos pelos pobres. Virtuosas devem ser as instituições. Mas o partido que pretende mudar a sociedade tem a obrigação de associar à luta econômica o combate por ideias emancipadoras que ampliem o horizonte subjetivo para além do consumismo. (LEIA MAIS AQUI)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Dilma e o controle remoto


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É sempre preferível o ruído da imprensa livre do que o silêncio da ditadura

A frase em epígrafe tem sido proferida pela presidente Dilma Rousseff desde a sua posse no cargo, em 1º de janeiro de 2011. A última vez em que a proferiu publicamente foi em 7 de novembro último, na abertura 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, logo após a mídia ter tentado destruir o PT eleitoralmente durante a campanha eleitoral deste ano.
Essa frase, que já se tornou um mantra da presidente, incomodou parcela da sociedade que apóia o governo e que está revoltada com o uso político que tem sido feito de concessões públicas de rádio e televisão, sobretudo no sentido de pressionar o Judiciário a condenar os réus da ação penal 470.
Há, ainda, outra frase de Dilma que vem desde a campanha eleitoral de 2010. Nas suas várias declarações sobre o tema comunicação, a presidente sempre disse que o único controle de mídia que ela leva em consideração é o controle remoto, de forma que quem queira possa mudar de canal de TV ou de emissora de rádio.
“Não conheço outro tipo de controle [da mídia]”, repete a mandatária sempre que alguém fala do assunto.
Sob esse espírito, Dilma, assim que assumiu, engavetou projeto de regulação da mídia deixado por seu antecessor e padrinho político, um projeto elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins após exaustivas consultas a órgãos reguladores da mídia dos países desenvolvidos e infindáveis estudos sobre as legislações desses países.
Em novembro de 2010, no apagar das luzes do governo Lula, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) promoveu o seminário internacional “Comunicações Eletrônicas e Convergência de Mídias”. O encontro trouxe a Brasília os titulares das agências de regulação da mídia de países como Reino Unido, França e Canadá, entre outros.
Quem, como este que escreve, acompanhou aquele Seminário, sabe muito bem que a regulação da mídia que se pretende para o Brasil não difere em nada das legislações das democracias mais avançadas do planeta.
Na França, por exemplo, existe a Autorité de Régulation des Communications Electroniques et des Postes (Arcep); na Inglaterra, há o Office of Comunications (Ofcom); nos Estados Unidos, há o Federal Communications Commission (FCC). E por aí vai.
No Brasil, a mídia e sua militância dizem que esses órgãos se limitam ao papel que a Anatel exerce aqui, o que não é verdade. A Anatel regula relações comerciais, mas não fiscaliza uso político de concessões públicas de rádio e televisão e tampouco atua para impedir a formação de oligopólios como fazem as agências dos países ricos.
Só para que se possa mensurar a dimensão da anomalia comunicacional brasileira, não existe, em nenhuma parte do mundo desenvolvido, um império de comunicação como o da Globo, que, nos Estados Unidos, por exemplo, teria que ser fatiada e vendida. Há grupos maiores pelo mundo, mas não se concentram em um país só.
O império de Rubert Murdoch ou o de Carlos Slim se espraiam por vários países. Em um país só, a Globo é o maior.
Outra balela sobre a regulação da mídia é a de que seus defensores pretendem “censurar conteúdo” como na Argentina, na Venezuela ou no Equador. É balela porque nenhum desses países censurou a mídia. Em todos eles, basta ligar a televisão ou comprar um jornal para constatar que os governos continuam sendo duramente criticados.
Não foi à toa que Frank la Rue, relator especial da ONU para a liberdade de expressão e opinião, deu a seguinte declaração sobre a “ley de medios” argentina:
Creio ser o mais avançado que existe em termos de liberdade de expressão na América Latina e certamente um exemplo para o mundo”.
Dilma Rousseff não é nenhuma tolinha. Ela sabe muito bem, portanto, que as propostas de regulação da mídia que vêm sendo feitas no Brasil não contêm nenhum tipo de intenção de censura de conteúdo. Ela sabe, também, que a legislação brasileira é profundamente anacrônica, oriunda da primeira metade do século XX, quando não existiam as plataformas de mídia que existem hoje e a televisão era, ainda, um artigo de luxo.
Por que, então, a presidente se vale do escapismo sobre o “controle remoto” toda vez que se manifesta sobre o assunto regulação da mídia? Por que o governo está condenando o Brasil a continuar com uma comunicação de massas de republiqueta bananeira?
O Blog fez algumas consultas a pessoas próximas à presidente que preferem se manter no anonimato. A postura de Dilma não deriva de medo da mídia, que já faz, hoje, tudo que pode para desmoralizar seu governo e pressionar a Justiça contra esse governo e contra o partido da presidente. Dilma teme é o Legislativo…
Não existe clima no Congresso para aprovação de uma legislação sobre comunicação inspirada nas legislações dos países em estágio civilizatório mais avançado, como Estados Unidos e os países da União Europeia.
Enorme parcela do Congresso é composta ou de donos de meios de comunicação ou de políticos ligados a tais meios, simplesmente porque, em um país deste tamanho, sem uma estratégia e alguma força em termos de comunicação é muito difícil um político se eleger.
Não confundamos a eleição majoritária de um presidente da República com as eleições de vereadores, deputados estaduais e federais, senadores e prefeitos de milhares de pequenos municípios. Esses, dependem muito mais da boa vontade das mídias locais.
A rejeição à civilização do país via regulação moderna da mídia, portanto, é apenas mais um dos vários sintomas do atraso paroquial que ainda aprisiona o Brasil. Este, manifesta-se em um Judiciário submisso ao capital e na promiscuidade entre políticos e meios de comunicação.
Uma proposta de lei da mídia fatalmente fracassaria no Congresso e seria alvo de bloqueio pelo Judiciário, mesmo que seja uma lei inspirada nas dos países mais avançados do mundo. E ainda poderia provocar uma ruptura do governo com partidos como o PMDB, por exemplo, no qual grande parte dos membros tem meios de comunicação.
A luta pela democratização da comunicação, neste momento, está sendo perdida pelos setores democráticos da sociedade. Não existe, ainda, a menor esperança de fazê-la avançar. Além disso, o Judiciário brasileiro não passa de braço dos interesses da elite racial, econômica e regional que infecta o país.
Se quisermos fazer a luta pela democratização das comunicações avançar, então, teremos que tomar alguns cuidados.
Toda vez que algum meio de comunicação comete algum excesso, os que batalham pela democratização desse setor logo pedem “ley de medios”. Isso dá a impressão de que uma legislação mais avançada impediria a mídia de atacar o governo.
Não é isso. A regulação da mídia versaria sobre propriedade cruzada, ou seja, sobre concentração de propriedade de meios de comunicação e sobre uso partidarizado de concessões públicas, mas não impediria críticas a governo algum desde que quem diverge pudesse ter o mesmo espaço. E isso só em concessões públicas, porque um jornal, por exemplo, poderia fazer o que quisesse.
A luta para democratizar a comunicação será árdua e não avançará muito neste governo e nesta legislatura. Ainda poderá levar muitos anos para que avance em um país desigual como o nosso, em que as elites ainda conservam tanto poder.
É muito mais provável que a tecnologia, ao continuar avançando, reduza o poder discricionário que os barões da mídia ainda detêm. Mesmo assim, isso pode demorar, talvez, uma década para produzir os efeitos democratizantes desejados.
Esses são os fatos. Se quiser, leitor, pode chorar. Mas cuidado com o discurso, porque a estratégia da direita midiática é usar o que dizemos para distorcer o que pretendemos, os que defendemos uma comunicação de país desenvolvido para o Brasil.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

COLLOR QUER QUE CPMI INDICIE GURGEL E A MULHER


Collor que mudar a composição do Conselho do MP para impedir que Gurgel se blinde


 O Conversa Afiada reproduz discurso pronunciado pelo Sanador Fernando Collor, em que reafirma todas as acusações que já fez a quem chamam de “Prevaricador” e propõe  outros indiciamentos, como o do Robert(o) Civita e a cúpula da revista Veja, como seu editor chefe, Euripedes Alcantara e o colonista (*) Lauro Jardim.

Além disso, propõe uma reforma à Constituição para impedir que Gurgel se blinde no Conselho do Ministério Público, tal qual Mauricio Dias denunciou na Carta Capital.

Amigo navegante, admire aqui toda a coragem do Senador Collor: você não verá uma mísera linha sobre o assunto nas imaculadas páginas do PiG (**), para quem Gurgel é um Estadista !:

http://www.youtube.com/watch?v=HVmxaAPIv9o




Senado Federal
Secretaria-Geral da Mesa
Secretaria de Taquigrafia
O SR. FERNANDO COLLOR (Bloco/PTB – AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) – Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srªs e Srs Senadores, em pronunciamentos desta tribuna, tenho abordado a constatação de que o País passa por um pernicioso e autêntico processo de esfacelamento de seus poderes e de suas instituições.
Os motivos são diversos, sejam eles de natureza de natureza constitucional, política ou administrativa. Porém, independentemente dos aspectos teóricos e conceituais que envolvam o tema e justifiquem este cenário, o fato é que, na prática funcional, os exemplos se multiplicam.
O mais recente episódio que comprova o que tenho dito atinge diretamente o poder Legislativo, por meio de uma inoportuna, infeliz e controversa declaração do Procurador-Geral da República, Sr. Roberto Gurgel Santos, já conhecido, aceito e tido como o prevaricador geral da República!
Trata-se, Sr. Presidente, da cínica e ousada manifestação do Sr. Roberto Gurgel Santos em qualificar não só a aprovação da PEC nº 37, de 2011, por uma comissão da Câmara dos Deputados, como uma ação orquestrada do Congresso, mas, principalmente, as conclusões do Relator da CPMI, que pede o seu indiciamento, dizendo ele, o Sr. Procurador, que isso se trata de uma retaliação ao papel desempenhado pelo Ministério Público Federal, no curso da ação penal ainda sob julgamento no Supremo Tribunal Federal.
Esquece o Procurador-Geral da República, Sr. Presidente, que o Congresso Nacional representa um poder da União e, como tal, age, política e institucionalmente, por meio de seus integrantes, suas comissões e seus Partidos em defesa das prerrogativas constitucionais que lhes são garantidas, inclusive, para evitar abusos de outros poderes e de órgãos diversos, ainda que estes não constituam um poder, nos termos da Constituição Federal.
Confunde o Sr. Roberto Gurgel Santos duas situações distintas. Ele confunde duas situações absolutamente distintas das quais ele é incapaz de fazer uma correta separação:
uma é a sua prevaricação – comprovada prevaricação –, seus crimes e improbidades cometidos que se restringem à esfera individual, pessoal e funcional pelo cargo que exerce e pelas atitudes por ele tomadas; a outra, ao contrário, são as ações do Congresso Nacional, às quais ele se refere como “retaliação”, que se situam na ordem institucional, coletiva e que são deliberadas por suas instâncias e pelo corpo de seus integrantes, de forma legal e de maneira absoutamente legítima.
Sr.Presidente Paulo Paim, Srª e Srs. Senadores, depois de cometer toda espécie de crimes e transformar o órgão que dirige numa autêntica “cafua”, o Procurador-Geral da República, não satisfeito, quer agora afrontar acintosamente um poder republicano, seus colegiados e, mais ainda, seus membros legitimamente eleitos pela população.
Ao generalizar, política e partidariamente, um suposto cenário que ele quer fazer acreditar ser verdadeiro, o Sr. Roberto Gurgel Santos menospreza a totalidade do Parlamento brasileiro e desvia a atenção, como método de defesa contra as inúmeras e graves acusações que recaem sobre sua pretensa toga.
As provas contra ele são sobejas. Sua atual posição não lhe dá o direito de sequer falar em condutas – ele não tem o direito sequer de falar em condutas –, muito menos em retaliação ou ação orquestrada, já que é ele quem tem exercido o papel de malfeitor funcional, diga-se de passagem, com extrema maestria, digna dos melhores mestres do crime.
Declarações como essa, Sr. Presidente Paulo Paim, não se coadunam com o Estado democrático de direito, com os valores republicanos, muito menos com o avanço institucional que o Brasil requer. Pelo contrário, servem apenas para acirrar ânimos entre as instituições democráticas e, mais grave, fomentar mais ainda o esfacelamento em curso de nossos poderes e seus órgãos públicos.
O pior, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que esse tipo de postura nada republicana conta com o apoio aveugle de parte da mídia, sempre excitada irresponsavelmente por escândalos políticos e crises institucionais, mas que, covardemente, se omite perante o que de fato ocorre nos porões de alguns gabinetes da Procuradoria-Geral da República. Ou seja, para esse pessoal, relatores no Parlamento, comissões deliberativas e órgãos de controle devem existir apenas para dar um ar de normalidade ao Brasil – e ai deles se extrapolarem esse papel subserviente aos interesses dos meios.
Infelizmente, essa visão caolha da democracia leva radicais da mídia a extremos. Quando contrariados, eles acusam os políticos de fazer política, os relatores de relatar e as instâncias de deliberar, de apurar e revelar fatos. Esses militantes, transviados de jornalistas, têm também uma visão bem particular do papel de uma comissão parlamentar de inquérito. Para eles, as CPIs, como qualquer outra instituição do Estado, devem servir aos interesses dos meios e não ao povo brasileiro. CPI boa para eles é aquela que eles podem manipular.
Nesse caso, Sr. Presidente, refiro-me em especial às denúncias que tenho feito em relação à conduta do Procurador-Geral e seus asseclas em vários episódios e às seis representações por mim apresentadas isoladamente, em diversificadas esferas de controle e julgamento, no tocante à inação do chefe maior do Ministério Público Federal frente ao inquérito da Operação Vegas, em que, à farta prova, prevaricou. Ou será que o Sr. Roberto Gurgel Santos imagina que, se não. houvesse a ação penal em curso, seus crimes, sua conduta, suas ações, inações e omissões não seriam desvendadas, denunciadas e que passariam despercebidas? Com quem ele, o Procurador-Geral da República, pensa que está lidando? Com um poder acéfalo e com centenas de parlamentares apedeutas, descomprometidos e irresponsáveis? Não, senhores, ledo engano seu!
O fato, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é que os crimes do Sr. Roberto Gurgel Santos começaram a aparecer exatamente quando se revelou as relações de um ex-Senador com o Sr. Carlos Cachoeira. Os desdobramentos dos fatos, por meio das investigações da CPMI, é que mostraram, para todo o país, o modus operandi e os métodos rasteiros do Procurador-Geral da República na condução de processos envolvendo autoridades com prerrogativa de foro.
Ou seja, ele, o Procurador-Geral da República, opta pelo sobrestamento, pelo engavetamento e pela inação propositada como instrumento de poder, de pressão e de chantagem. Esta é a sua conduta.
Soma-se a isso o fato de que, dessas revelações iniciais, derivaram outros métodos por ele adotados, como a concentração de processos daquela natureza, ou seja, com prerrogativa de foro, nas mãos de sua esposa, a Subprocuradora-Geral da República e sua manus longa Cláudia Sampaio Marques. Do mesmo modo, revelou-se seu costume de vazar ou mandar vazar a revista Veja – sempre ela – documentos, informações e depoimentos sob segredo de Justiça.
Também ficou demonstrada a aptidão do Procurador-Geral para perseguir e barrar nomes de supostos desafetos seus ao Conselho Nacional do Ministério Público utilizando-se de meios subterrâneos como dossiês falsos e documentos apócrifos, visando tão-somente desabonar seus adversários. Ou seja, ele, sim, o Sr. Roberto Gurgel Santos, é que é dado às ações orquestradas contra autoridades com prerrogativa de foro e à retaliação. Ele, sim, a pratica contra supostos desafetos no âmbito da política interna do Ministério Público Federal.
Infelizmente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é essa espécie de autoridade, esse pesado tuiuiú que representa e comanda a instituição republicana encarregada de defender os interesses da sociedade.
Nesses casos envolvendo o Procurador-Geral da República, a aplicação direta da teoria do domínio do fato mostra-se aquém, insuficiente e subliminar às suas práticas. Quando muito, a teoria pode ser utilizada como peça subsidiária. Seu papel em todos os crimes por ele cometidos vai além da simples condição de conhecedor e dominador dos fatos em função do posto de hierarquia mais alta. A verdade é que o Sr. Roberto Gurgel Santos é o agente principal, autor direto dos fatos na maioria dos crimes que tenho denunciado. Ele não só tinha o domínio dos fatos como detinha o domínio dos atos.
O mesmo, Sr. Presidente, pode-se dizer em relação à direção da Veja frente à coabitação criminosa de seus jornalistas com o grupo contraventor.
Aliás, sobre esse núcleo Civita-Policarpo, trata-se de um outro capitulo, em que se agrava a condição de dominar os fatos, para a índole de fabricar os fatos.
No que se refere ao indiciamento do Sr. Policarpo Jr. – também conhecido pela alcunha, no mundo do crime, como “Caneta”, “Poli”, “Júnior” e outros –, proposto pelo relator da CPMI, faço questão de trazer ao conhecimento da Casa trecho de um artigo recente do experiente jornalista Paulo Nogueira, ex-editor dessa revista Veja São Paulo, ex-diretor de redação da revista Exame, ex-diretor da editora Globo. Ao comentar o relatório da CPMI, apresentado na última semana por S. Exª o Deputado Odair Cunha, o jornalista assevera:

“Os telefonemas trocados entre Cachoeira e Policarpo (…) revelam uma intimidade inaceitável no bom jornalismo, uma camaradagem que vai além dos limites do que é razoável.
“Por ter se tornado tão próximo de Cachoeira” – continua o jornalista – “por ter se tornado tão próximo de Cachoeira, ele ([o Caneta, o Sr.] Policarpo Jr.) acabou se deixando usar por um grupo no qual o interesse público era provavelmente a última coisa que importava. Logo, havia um envenenamento, já na origem, nas informações que ele recebia e [que ele] publicava. (…) é necessário que Policarpo enfrente o mesmo percurso de outros envolvidos neste caso. Ele deve à sociedade e ao jornalismo explicações.
“Teria sido infame não arrolá-lo. Isso teria reforçado a ideia de que jornalista é uma categoria à parte, acima do bem e do mal, acima da lei. [E não o é. Não o é!]
“Não existe nenhuma ameaça à ‘imprensa livre’, à ‘imprensa independente’ ou ‘imprensa crítica’, quando jornalistas são instados a se explicar à justiça. Essa é uma espécie de chantagem emocional e cínica que a grande mídia vem fazendo na defesa de sua própria impunidade e intocabilidade. Todos sabemos quantos horrores e desatinos editoriais são cometidos sob o escudo oportuno da ‘imprensa crítica’. Nos países desenvolvidos, no entanto, o quadro é outro.
Nesta mesma semana, a jornalista inglesa Rebekah Brooks, até pouco atrás, a rainha dos tablóides e favorita do seu ex-patrão Rupert Murdoch, foi indiciada pela Justiça britânica sob acusação de ter pagado propinas para policiais em troca de furos para um dos jornais que dirigiu, o Sun [aqui, fecho aspas].

Enfim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, resta mais que claro, por tudo que aqui tenho explicitado e denunciado, ser absolutamente normal e esperado o indiciamento e a inclusão no relatório final da CPI de nomes como Roberto Gurgel Santos e Policarpo Júnior, como bem concluiu o Deputado Odair Cunha em seu contundente, detalhado e preciso documento final.
Entretanto, por tudo que já provei e trouxe ao conhecimento desta Casa e da própria Comissão, vou apresentar ainda hoje uma série de sugestões por escrito a S. Exª o Relator, no sentido de incluir outros nomes desses dois núcleos do esquema criminoso apurado: o núcleo Civita/Policarpo e o núcleo Gurgel/Cláudia/Camanho. Aliás, Sr. Presidente, o Procurador da República Alexandre Camanho, vale aqui lembrar, além de ser o operador, o factótum do Sr. Roberto Gurgel Santos, é autoridade que se recusa a responder requerimentos com base na Lei de Acesso à Informação. Vejam que coisa! Ou seja, trata-se de um guardião da lei em defesa da sociedade, mas que, escancaradamente, descumpre a lei, talvez por se considerar acima dela. Afinal, de que o senhor tem medo, Sr. Camanho? O senhor tem medo do quê?
Assim, vou propor o indiciamento dele, Alexandre Camanho de Assis, dos Procuradores Lea Batista Oliveira e Daniel de Resende Salgado, bem como da Subprocuradora-Geral Cláudia Sampaio Marques, a manus longa do Gurgel. Da mesma forma, vou propor o indiciamento de Roberto Civita, Eurípedes Alcântara, Lauro Jardim, Hugo Marques, Rodrigo Rangel e Gustavo Ribeiro, todos de Veja, que lhes serve de coito.
Por fim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, apresentarei também emendas aditivas à PEC sugerida pelo Relator, de modo a acrescentar na composição dos Conselhos Nacionais de Justiça (CNJ) e do Ministério Público (CNMP) dois representantes da Defensoria Pública.
A medida permitirá um maior equilíbrio representativo das instituições jurisdicionais e evitará, com isso, um possível e indesejado controle majoritário dos colégios por parte de seus presidentes. Além disso, constará também de minha proposta novo dispositivo à Constituição para estabelecer que o presidente do Conselho Nacional do Ministério Público somente possa votar nos casos de empate, o que reverterá a indecente alteração no regimento interno do órgão promovida agora, há pouco, sempre nos esconsos daquela cafua em que se transformou a Procuradoria-Geral da República, promovida pelo Procurador-Geral, que permite a ele, como presidente do colegiado, votar duas vezes, ou seja, o voto como membro e o voto de minerva.
Minha expectativa, realmente, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, é que o relator e o presidente da CPMI não cedam às pressões e não promovam um retrocesso nos trabalhos e nas conclusões da CPMI. Retirar nomes do Relatório final, a esta altura, seria uma afronta ao bom senso, um arremedo intempestivo e um atentado à justiça.
Ao contrário, entendo que podemos avançar ainda mais, no sentido de alcançar outras pessoas tão perniciosas quanto as já indiciadas e que não foram arroladas no documento final. Deixemos, assim, que a própria CPMI, por meio de seus integrantes, decida com independência, isenção e bom senso, o que for justo e mais adequado para a sociedade brasileira.
Era o que tinha a dizer, por enquanto, Sr. Presidente, Paulo Paim, Srªs. e Srs. Senadores.
Muito obrigado!


Brasília, 26 de novembro de 2012.

Leia as sugestões de Collor para o Relatória final da CPMI do Cachoeira:

Senhor Relator,

Desde o início dos trabalhos desta CPMI defendi a convocação de algumas autoridades e pessoas que, comprovadamente, participaram ou tiveram influência direta ou indireta nas investigações e, em alguns casos, na própria atuação do grupo do Sr. Carlos Cachoeira.
De posse do contundente e detalhado Relatório produzido por V. Exª – fruto, tenho certeza, de um árduo e competente trabalho do ilustre Relator e sua equipe técnica –, verifiquei sua preocupação e, mais do que isso, a constatação que se coadunam com o meu entendimento no tocante à ramificação da organização criminosa com um núcleo dos meios de comunicação, bem como em relação à conduta do Procurador-Geral da República, especialmente pela inércia quanto ao andamento das investigações da Operação Vegas. 
Nesse contexto, apresento para apreciação de V. Exª algumas sugestões ao seu Relatório, na certeza do entendimento pelo mérito e importância delas para o êxito nas conclusões da Comissão e, consequentemente, do seu acolhimento.

Cordialmente,

Senador FERNANDO COLLOR
Membro Titular



Exmº Sr. Deputado ODAIR CUNHA
Relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito – CPMI (Vegas e Monte Carlo)
Parte VI – A Organização Criminosa e suas ramificações nos Meios de Comunicação

A precisão e profundidade das reflexões preliminares do Relatório acerca da liberdade de imprensa, do papel do jornalista, seus direitos e deveres e sua relação com fontes de informação, deixam patente a importância e, ao mesmo tempo, a clareza dos objetivos em se apurar as relações de profissionais e empresários da mídia com as atividades da organização criminosa do Sr. Carlos Cachoeira. Nada a acrescentar em termos conceituais, de estrutura do Relatório e suas conclusões até aqui apresentadas.
Em inúmeras manifestações que proferi no Plenário desta Casa e nas reuniões da CPMI, trouxe ao conhecimento de nossos pares uma série de informações, dados e provas sobre a extensão e a íntima conexão do núcleo de Policarpo Júnior, da revista Veja, com os integrantes do grupo de Cachoeira. Do mesmo modo entendeu o ilustre relator da Comissão ao indiciar aquele jornalista como incurso nas penas do art. 288 do Código Penal, por formação de quadrilha. Segundo o Relatório, “não restam dúvidas de que o Jornalista Policarpo Júnior aderiu à organização criminosa de Carlos Cachoeira, colaborando intensamente para o êxito e a continuidade de suas atividades e a impunidade de seus líderes.”
Para reforçar esse posicionamento e o debate do tema como um todo, vale reproduzir trecho de recente artigo do jornalista Paulo Nogueira, ex-editor da Veja São Paulo, ex-diretor de redação da revista Exame e ex-diretor editorial da Editora Globo. Para ele,
“(…) é necessário que Policarpo enfrente o mesmo percurso de outros envolvidos neste caso. Ele deve à sociedade, e ao jornalismo, explicações.
Teria sido infame não arrolá-lo. Isso teria reforçado a ideia de que jornalista é uma categoria à parte, acima do bem e do mal, acima da lei.
Não existe nenhuma ameaça à “imprensa livre”, “imprensa independente” ou “imprensa crítica” quando jornalistas são instados a se explicar à justiça. Esta é uma espécie de chantagem emocional e cínica que a grande mídia vem fazendo na defesa de sua própria impunidade e intocabilidade. Todos sabemos quantos horrores e desatinos editoriais são cometidos sob o escudo oportuno da “imprensa crítica”. Nos países desenvolvidos, o quadro é outro.”
Ocorre, entretanto, que o jornalista Policarpo Júnior, no âmbito desta rede criminosa da mídia, verdadeiro braço da organização de Cachoeira, apresenta-se como o principal operador de interesses mútuos. Mas não está sozinho. Outros jornalistas e dirigentes da revista Veja – principal veículo de apoio e acobertamento das atividades de Carlinhos Cachoeira – estão notoriamente embrenhados na rede criminosa deste braço da organização, alguns inclusive citados nos diálogos telefônicos interceptados pelas duas operações da Polícia Federal. Como tal, não podem deixar de serem indiciados como co-autores do mesmo crime ao qual foi incurso Policarpo Júnior, até porque, juntos, todos eles atuaram como uma verdadeira quadrilha. 
Nesse sentido, propomos a inclusão no rol das pessoas indiciadas pela prática do crime de formação de quadrilha ou bando (art. 288 do CP), os seguintes dirigentes e jornalistas da revista Veja:

1.ROBERTO CIVITA, presidente do Conselho de Administração da Abril S.A., editor e membro do Conselho Editorial da Editora Abril, é a cabeça do corpo midiático, a mente pensante e ordenadora das diretrizes da revista Veja. Nessa condição, detinha – e ainda detém – o completo e irrestrito ‘domínio do fato’, com poder de mandar e desmandar, de autorizar ou suspender qualquer das atividades e os trabalhos de seus comandados. Diante das estreitas relações de seus jornalistas com o grupo criminoso, o Sr. Roberto Civita portou-se no mínimo como abonador dos malfeitos ou, pior, autorizador das atividades criminosas dos membros da revista, sempre em busca dos interesses comerciais e políticos de seu grupo de comunicação. Trata-se, portanto, do chefe maior desse tentáculo da rede criminosa.

2.EURÍPEDES ALCÂNTARA, diretor de redação da Veja, é uma espécie de porta-voz da direção e coordenador dos trabalhos jornalísticos, também com integral ‘domínio do fato’ em relação aos interesses editoriais do grupo, bem como das atividades dos jornalistas sob seu comando. Trata-se de um autêntico co-responsável pelas relações desse braço midiático com a organização criminosa. No episódio da suposta entrevista de Marcos Valério em setembro à revista Veja, Eurípedes declarou ser verídica a entrevista, mas nunca provou sua existência, pois protege o Procurador-Geral da República, Sr. Roberto Gurgel, responsável pelo vazamento do depoimento do publicitário ao Ministério Público no mesmo mês da fantasiosa reportagem de capa da Veja. Na prática e estrutura da revista, mais do que o domínio do fato, o Sr. Eurípedes Alcântara possui o ‘domínio do ato’.

3.LAURO JARDIM, tal como Policarpo Júnior, é um dos redatores-chefes da Veja, além de jornalista responsável pela seção Radar da revista. Está mais do que comprovado que Carlinhos Cachoeira se utilizava dessa seção da revista para plantar notícias e informações de interesse de suas atividades criminosas, sempre com pleno conhecimento e anuência dos jornalistas e dirigentes da Veja. Portanto, Lauro Jardim agiu conscientemente como instrumento da organização por meio de matérias e notas de sua seção, mesmo sabendo das reais intenções e interesses do grupo de Cachoeira. Em suma, vendeu seu trabalho jornalístico e seu espaço editorial para fins criminosos.

4.HUGO MARQUES, jornalista da editoria política da revista, foi nominalmente citado nos diálogos por integrantes da organização criminosa de Carlinhos Cachoeira. Trata-se de um dos principais operadores de matérias falaciosas para vender escândalos de cunho político fabricados pela Veja, sempre sob o comando direto de Policarpo Júnior e em prol das diretrizes traçadas e dos interesses comerciais dos dirigentes superiores.

5.RODRIGO RANGEL, também da editoria política da Veja, o jornalista é mais um operador direto de Policarpo Júnior em Brasília, com expressiva atuação de campo em negociatas envolvendo informações, dossiês e interceptação de documentos sigilosos para alimentar matérias escandalosas. Basta dizer que, na semana da deflagração da Operação Monte Carlo em Brasília no início deste ano, Rodrigo Rangel Costa, de acordo com os dados do controle oficial de acesso às instalações do Ministério Público Federal, esteve na sede da Associação Nacional dos Procuradores da República, que funciona no prédio da Procuradoria Geral da República, nos dias 27/02, 01/03 e 02/03, por mais de uma hora em cada oportunidade, para fazer acertos escusos com o presidente da entidade, o procurador Alexandre Camanho de Assis, um dos responsáveis pelo vazamento à Veja dos autos do inquérito das duas operações da Polícia Federal.

6.GUSTAVO RIBEIRO, tal qual Rodrigo Rangel, é um operador de campo de Policarpo Júnior, também da editoria de política da revista. No episódio do vazamento dos inquéritos sob segredo de justiça das operações Vegas e Monte Carlo, Gustavo Ribeiro foi um dos receptadores dos documentos, ocorrido no dia 2 de março de 2012, em Brasília, por volta do meio-dia.

Parte VII – O Procurador-Geral da República e a Operação Vegas da Polícia Federal
 

Por todo o apurado pela CPMI, particularmente em vista dos depoimentos dos delegados responsáveis pelas duas operações da Polícia Federal, bem como do ex-senador Demóstenes Torres, restaram cabais as provas da má conduta do Sr. Roberto Gurgel à frente da Procuradoria Geral da República, em especial pela sua inércia quanto ao andamento do inquérito da Operação Vegas.
Nesse sentido, o Relatório, por meio de um apurado exame e uma rigorosa demonstração dos fatos, não deixa margem de dúvidas quanto ao crime de prevaricação cometido pelo Procurador-Geral. Como assevera o próprio Relator, “apuraram-se fortes indícios de desvios de responsabilidade constitucional, legal e funcional, praticados pelo Dr. Roberto Gurgel.” A conclusão é mais do que verídica e oportuna. É também efetiva ao propor uma representação contra o Sr. Roberto Gurgel junto ao Conselho Nacional do Ministério Público, assim como ao sugerir proposta de emenda à Constituição estabelecendo novas atribuições àquele órgão de fiscalização interna, de modo a permitir, em última análise, maior rigor no controle do andamento dos processos no Ministério Público. 
Ocorre que, na prática, a atual composição do CNMP, somada às manobras políticas de bastidores e às últimas alterações do regimento interno do órgão promovidas pelo seu presidente, o Sr. Roberto Gurgel, inviabilizam uma apuração justa e um julgamento isento de processos de seu interesse e, principalmente, nos casos em que o próprio chefe maior do Ministério Público Federal é representado junto ao Conselho, pois sua influência sobre o colégio tornou-se sabidamente majoritária, o que o transformou num órgão de natureza decisória parcial. Daí ser importante uma ampliação das mudanças sugeridas pela PEC no Relatório, para evitar repetições do atual cenário, motivo pelo qual apresentamos, ao final deste documento, alternativa de novas emendas ao texto constitucional a serem agregadas à proposta do Relator.
No que tange à conduta do Procurador-Geral da República, especificamente quanto à Operação Vegas, é fato que outros personagens do Ministério Público colaboraram diretamente com ele no cometimento de crimes de prevaricação, improbidade administrativa e, mais grave, de responsabilidade. Além disso, no curso dos trabalhos da CPMI e por iniciativa própria por meio de requerimentos com base na Lei de Acesso à Informação, nos foi possível constatar irregularidades outras cometidas por demais integrantes do Ministério Público.
Dessa forma, sugerimos a inclusão no Relatório das seguintes autoridades para serem, juntamente com o Procurador-Geral da República, representadas ao Conselho Nacional do Ministério Público e à Procuradoria Geral da República para as providências funcionais e judiciais cabíveis quanto à apuração de responsabilidades:

1.CLÁUDIA SAMPAIO MARQUES, Subprocuradora-Geral da República, esposa do Sr. Roberto Gurgel e sua manus longa em ações, ou inações, por ele praticadas. Sua participação no ‘engavetamento’ do inquérito da Operação Vegas é inequívoca, a começar que foi dirigida a ela a entrega dos autos do inquérito pelo Delegado Raul Alexandre Marques de Souza, em 15/09/09, conforme atestado no próprio Relatório (fls. 4624/4625). Da mesma forma, restou comprovado que a Sra. Cláudia Sampaio Marques mentiu ao declarar à imprensa que a suposta paralisação das investigações se deu em comum acordo com o delegado da Polícia Federal. Não só o Delegado Raul Alexandre a desmentiu em depoimento secreto na CPMI, como a própria Polícia Federal o fez, por meio de nota oficial no dia seguinte à declaração da Subprocuradora. Além disso, segundo ela, o acordo teria sido feito em reunião com o delegado. Ao contrário, o Delegado Raul Marques afirmou que foi ele quem a procurou, um mês depois, em outubro de 2009, para saber do andamento do inquérito, oportunidade em que ela informou a decisão do Sr. Roberto Gurgel de ‘sobrestá-lo’ por não ter encontrado indícios penais suficientes para o prosseguimento. Soma-se a isso o fato de ser público e notório, principalmente no âmbito do Ministério Público Federal, que à Subprocuradora-Geral cabe fazer o papel de sobrestar investigações quando envolvem autoridades com prerrogativa de foro, já que é nela que o Procurador-Geral concentra processos dessa natureza por meio de despachos – aliás, outro crime funcional constantemente por ele cometido. E o motivo para que ambos ajam dessa forma é o de usar, junto aos envolvidos, tais processos como instrumento de pressão, chantagem e possíveis trocas de favores. Assim, a conduta da Sra. Cláudia Sampaio Marques é, no mínimo, suspeita e merecedora de apuração e julgamento por parte do Conselho Nacional do Ministério Público. 

2.ALEXANDRE CAMANHO DE ASSIS, Procurador da República e presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), conhecido como o factotum do Sr. Roberto Gurgel. Teve ativa participação no vazamento dos autos dos inquéritos das duas operações da Polícia Federal à revista Veja, em março deste ano. De acordo com os registros oficiais de acesso às instalações da PGR, onde funciona a ANPR, o Sr. Alexandre Camanho recebeu, em três dias distintos, por mais de uma hora, o jornalista Rodrigo Rangel exatamente na semana da deflagração da Operação Monte Carlo em Brasília, em março deste ano. Assim, mesmo licenciado de suas funções de Procurador, ele continua atuando nos bastidores sob o comando do Procurador-Geral e sob o manto da presidência da ANPR, especialmente na política interna do Ministério Público Federal. Suas ações estão voltadas inclusive para a divulgação de dossiês falsos e documentos apócrifos para evitar a aprovação do nome do Prof. Luiz Moreira – o qual o Procurador-Geral considera seu desafeto – em sua recondução para o CNMP como representante da Câmara dos Deputados, deliberação esta pendente há quase seis meses no âmbito do Senado Federal por atuação direta de Alexandre Camanho. Além disso, o procurador infringiu a Lei de Acesso à Informação ao se recusar a responder requerimento de nossa autoria solicitando informações cruciais acerca de seu envolvimento no vazamento à imprensa de documentos sob sigilo de justiça. Alega, inofensivamente, que por estar licenciado e sob o comando da ANPR não se obriga a responder requerimento baseado na Lei de Acesso à Informação. Ou seja, mesmo diante de graves acusações que recaem sobre sua conduta, permanece inerte, em silêncio, descumprindo a lei e não dando a devida satisfação a um Poder da República.

3.LEA BATISTA OLIVEIRA, Procuradora da República no estado de Goiás, a Sra. Lea Batista Oliveira, juntamente com os procuradores Alexandre Camanho e Daniel Resende Salgado foram os responsáveis, a mando do Sr. Roberto Gurgel, pelo vazamento dos inquéritos das Operações Vegas e Monte Carlo à revista Veja, ocorrido no dia 2 de março de 2012, em Brasília, em que atuaram como receptores os jornalistas Rodrigo Rangel e Gustavo Ribeiro. Além disso, no curso da apuração desses fatos, a procuradora mentiu e omitiu informações quando de seu depoimento à CPMI. Questionada sobre sua agenda na semana da deflagração da Operação Monte Carlo – especialmente no dia do vazamento dos inquéritos à imprensa –, afirmou na Comissão que esteve duas vezes na sede da PGR, omitiu ter estado na Polícia Federal e que, no mesmo dia 02/03, havia retornado à Goiânia. Em resposta ao nosso requerimento com base na Lei de Acesso à Informação, a Sra. Lea Batista se contradisse, asseverando que esteve na PGR apenas uma vez, que foi à sede da Polícia Federal no período da tarde e que retornou a Goiânia somente no dia seguinte, 03/02. Ou seja, em algum momento mentiu. E pior, diante de novo pedido de informações de nossa autoria, exatamente para esclarecer pontos nebulosos de sua agenda e suas versões (a questão dos veículos e motoristas oficiais por ela utilizados), a procuradora, tal qual o Sr. Alexandre Camanho, não respondeu, silenciou-se, descumpriu a lei e se recusa a dar a verdade dos fatos quanto à sua participação nesse triste episódio do vazamento de documentos sigilosos por parte de integrantes do Ministério Público Federal. 

4.DANIEL RESENDE SALGADO, Procurador da República no estado de Goiás, é também co-responsável pelo vazamento aos jornalistas da Veja dos autos dos inquéritos das Operações Vegas e Monte Carlo, sob segredo de justiça, ocorrido em Brasília no dia 02 de março de 2012. Em resposta ao requerimento de nossa iniciativa com base na Lei de Acesso à Informação, deixou dúvidas e foi evasivo quanto à sua agenda exatamente no dia 2 de março, dia do vazamento dos documentos sigilosos, especialmente quanto ao período da tarde, para o qual alega não ter tido compromissos, apenas o embarque de viagem a São Paulo que, na verdade, ocorreu no início da noite, após as 19h.

Sugestão de ampliação dos termos da PEC a ser apresentada


1.EMENDA ADITIVA à PEC nº     , de 2012
Acrescente-se ao art. 2º da PEC, a alteração do caput do art. 130-A e a inclusão dos Incisos VII e VIII e do § 6º, com a seguinte redação: 
Art. 130-A O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de dezesseis membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandado de dois anos, admitida uma recondução, sendo: (NR)
…………………………………….
VII – um membro da Defensoria Pública da União, indicado pelo Defensor Público-Geral Federal;
VIII – um membro das Defensorias Públicas dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, indicado na forma da Lei.
……………………………………
§ 6º O Presidente não votará nas deliberações do Conselho Nacional do Ministério Público, exceto em caso de empate em deliberações não afetas à sua própria atuação funcional.



2.EMENDA ADITIVA à PEC nº     , de 2012

Acrescente-se à PEC o art. 3º, com a seguinte redação, renumerando-se o atual art. 3º, que passa a ser o art. 4º: 
Art. 3º O art. 103-B da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação:
Art. 103-B O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 17 (dezessete) membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (NR)
………………………………………
XIV – um membro da Defensoria Pública da União, indicado pelo Defensor Público-Geral Federal;
XV – um membro das Defensorias Públicas dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, indicado na forma da Lei.

JUSTIFICAÇÃO
A inclusão de representantes da Defensoria Pública, tanto no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) quanto no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), busca dar maior representatividade à sua composição e maior diversidade de percepção das questões atinentes a tais órgãos, dando voz e representação a essa Instituição, essencial à função jurisdicional, conforme reconhece a Constituição Federal.
Com a presença de representantes da Defensoria Pública no CNJ e no CNMP, tais Conselhos serão enriquecidos com as importantes experiências e posições de integrantes daquela Instituição, que será assim devidamente reconhecida. Corrige-se também uma distorção da atual composição pela equiparação de sua representação à da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e, no que concerne ao CNJ, à representação do próprio Ministério Público.
A inclusão de mais dois membros, alheios ao Ministério Público, dará maior equilíbrio ao CNMP, prevenindo-o da maioria absoluta de membros do próprio Ministério Público, o que pode proporcionar um desvirtuamento de sua atuação por corporativismo ou poder excessivo do próprio Procurador-Geral da República (Presidente do CNMP), assim como dificultar o adequado exercício de suas competências.
A vedação do voto do Presidente do CNMP, exceto para desempate em questões não ligadas à sua própria atuação funcional, além de compatível com a tradição brasileira quanto ao funcionamento de órgãos colegiados, visa evitar o excessivo poder de influência de seu Presidente sobre as decisões do Conselho, visto que já lhe cabe a prerrogativa de orientar e conduzir todos os trabalhos do órgão. 


Clique aqui para ler: Gurgel-Sarney é o mesmo que Gurgel-Demóstenes?

(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

Artigos mostram contradições da mídia no caso Cachoeira

Vem em muito boa hora o artigo do jornalista Pedro Rogério Couto Moreira que faz reflexões sobre o poder da imprensa e a responsabilidade dos jornalistas. Luís Nassif e Mino Carta também tratam do poder da imprensa e da campanha contra o relatório final da CPI do Cachoeira.
No Observatório da Imprensa, Pedro Rogério – profissional experiente e com passagens por alguns dos principais veículos de comunicação do país – aborda diretamente as ligações do jornalismo com o esquema Cachoeira.
Ele cita o caso do jornalista Policarpo Júnior, da Veja, que se recusa a “esclarecer o motivo de ter sido escolhido por Cachoeira, um dos atuais Mariscot, para ser o depositário das bombásticas informações do fora da lei”. Policarpo é um dos investigados pela CPI do Cachoeira.
“Não entendo o motivo da enxurrada de artigos de proteção ao jornalista alçado ao posto, quiçá não almejado, de queridinho do fora da lei”, acrescenta Pedro Rogério.
“Ora, o que se quer saber é muito simples: por que o Cachoeira escolheu o jornalista de Veja, e não outros bambambãs de O Globo, da Folha, do Estadão, da TV Globo, do Correio Braziliense ou de qualquer outro veículo?”
Luís Nassif também trata da CPI e diz que o relatório final da comissão mostra um cenário mais perigoso do que o escândalo do The Sun – que se envolveu com baixos e médios escalões da polícia para atentar contra o direito à privacidade de cidadãos ingleses.
Nassif diz que a CPI revelou “ligações diretas entre jornalistas e o crime organizado”. Segundo ele, “o relatório mostra, com abundância de detalhes, como Policarpo era acionado para derrubar autoridades e servidores públicos que incomodassem Carlinhos Cachoeira, atacar concorrentes do marginal e como encomendava dossiês a ele, muitos obtidos por métodos criminosos”.
E, em editorial na CartaCapital, Mino Carta critica "a tradicional ladainha" sobre o "assalto à liberdade de imprensa" feita pela grande mídia, para tentar abafar o caso Policarpo Júnior
“Situações similares em outros países provocaram a expulsão de jornalistas não somente de suas redações, mas também, e sobretudo, das próprias entidades da categoria. Por ter formulado acusações falsas, um diretor de redação italiano pagou recentemente pela culpa do seu jornal e foi condenado a alguns anos de reclusão. No Reino Unido, Rupert Murdoch teve de sair do país por ter praticado façanhas muito parecidas com aquelas cometidas pela Veja de Policarpo Jr”, afirma Mino.

Um babaca sem-vergonha de pijama

 

Brigadeiro Frota: "há uma forte vontade para tirar este governo sem-vergonha que está aí”

A “direitona” está indócil no Brasil. Durante o governo do presidente Lula ela se movimentou de forma razoavelmente discreta. No governo Dilma, no entanto, ela tem se mexido com muita mais desenvoltura, e no ano passado até assinou um manifesto promovido pelo Clube da Aeronáutica contra a Presidente. (leia aqui)
Confira agora a entrevista do ultradireitista, brigadeiro Ivan Frota, que sem meias palavras diz em entrevista ao Jornal Diário da Manhã de Goiânia que “há uma forte vontade para tirar este governo sem-vergonha que está aí”.
Hélmiton Prateado
Jornal Diário da Manhã
O tenente-brigadeiro Ivan Frota nasceu em Fortaleza e foi criado em Ipameri, interior de Goiás, desde os dois meses de idade. Saiu daqui para estudar no Rio de Janeiro e se tornou oficial general da Força Aérea Brasileira. De passagem por Goiânia ele concedeu entrevista ao Diário da Manhã e falou sobre temas políticos e relembrou fatos do período militar.
Ivan Frota foi o primeiro aviador brasileiro a acumular mais de 3.000 horas de vôo em jato de caça. Sua tese de estudos para ingresso no Estado Maior da Aeronáutica se tornou o Projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Foi candidato a deputado federal pelo PSD do Rio de Janeiro em 1994. Obteve pouco mais de 251 mil votos para presidente da República em 1998 pelo PMN e saiu da política após perder novamente uma eleição para deputado federal em 2002 pelo PTB no Rio Grande do Norte.
Na reserva desde 1993 ele agora preside o Clube da Aeronáutica, equivalente para os aviadores ao Clube Militar – do Exército – e ao Clube Naval, da Marinha. Preside também a Academia Brasileira de Defesa, instituição que pretende ser para os civis o equivalente ao Ministério da Defesa. Um gabinete paralelo que discute temas ligados a assuntos oficiais de segurança nacional.
Para Ivan Frota a Comissão da Verdade é um “revanchismo inaceitável e pouco inteligente, um erro de quem está comandando politicamente este país”. O brigadeiro considera que o período militar (1964-1985) não foi uma ditadura “pois o País tinha presidentes eleitos e Congresso funcionando”. Para ele o Ato Institucional nº 5 (AI-5) não invalidou a legitimidade dos governos que se valeram dele. A morte do jornalista Vladmir Herzog não merece ser discutida e torturadores e assassinos como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra devem ser perdoados e que não há prova de que ele tenha torturado e matado. “Quem tinha de ser julgado eram as Forças Armadas”.
Para o presidente do Clube da Aeronáutica os ataques promovidos por criminosos ligados ao PCC – Primeiro Comando da Capital - em São Paulo apresentam aspectos de estar a serviço de grupos políticos supostamente ligados ao PT ou a quem queira desestabilizar o governo de São Paulo que é do PSDB. Afirma que o ex-presidente Lula tem patrimônio de 2 bilhões de dólares, que a corrupção está campeando solta na política nacional e que “a Justiça é manipulada pelo governo, todo mundo nesse país se vende,”.
Diário da Manhã – Como o senhor avalia a Comissão da Verdade?
Ivan Frota – Acho um revanchismo inaceitável e pouco inteligente que o governo está cometendo um erro. O Brasil precisa pensar no futuro e colocar a verdadeira dimensão de um país de 200 milhões de habitantes e uma superfície de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Não podemos nos prender a coisas ultrapassadas como esse revanchismo barato que diz respeito a acontecimentos do tempo dos governos militares. Na realidade estamos vendo que indivíduos de representação daquela época, subversivos, indivíduos que funcionavam contra o governo instalado, hoje estão aí sendo presos e punidos pelo mensal, como o José Dirceu. Isto é uma constatação para a sociedade do nível de qualidade moral que esses indivíduos tinham naquela época e que estão mostrando que o que eles queriam era só tomar conta do poder para se locupletarem com o dinheiro público.
Diário da Manhã – Mesmo a presença de representantes do Judiciário e outras instituições dá legitimidade à comissão?
Ivan Frota – Sei que há até ministro do STJ que compõe a comissão, como outros membros. Não quero dizer que um ou outro seja revanchista, mas a criação da comissão para investigar só um lado, não investigar o outro, acho que é perda de tempo e desgaste para uma nação como é o Brasil que isto esteja acontecendo agora. Só finalidade negativa. Acho uma perda de tempo e que deva ser colocada uma pá de cal sobre isto, coisa que já deveria ter sido feita há muito tempo. A própria Lei da Anistia já tinha dado. Estão querendo simular outra coisa que já não existe mais, não há a menor razão de ser.
Diário da Manhã – A Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou a Lei da Anistia e mandou que crimes de tortura e morte sejam julgados. Isto não igualmente não tem legitimidade?
Ivan Frota – A OEA é uma instituição comandada pelos Estados Unidos e que está se imiscuindo em assunto que não lhe diz respeito. Nós estamos sendo vítimas em nosso país de duas pressões contra a população brasileira. A primeira é esta pressão política do próprio governo que está instalado, que faz pressão contra o desenvolvimento do país. O atendimento às necessidades das forças armadas tem sido negado. As forças armadas brasileiras são as menos equipadas da América do Sul, porque ficam com medo de que equipando as forças armadas possa ser feita alguma revolução ou golpe, como foi em 1964. O que não está na cabeça dos militares nesse momento.
Diário da Manhã – Os militares não estão mais com cabeça para golpe?
Ivan Frota – Para novo golpe militar não. Mas há uma forte vontade para tirar esse governo sem vergonha que está aí, que está já há não sei quanto tempo tomando atitudes absurdas em relação a nosso país como essa comissão da verdade. O povo, de repente, vai se cansar de tudo isso e por mais que se compre a vontade popular, como está sendo feito nesses oito anos de governo do PT e mais esses dois anos da Dilma, foram todos dedicados a comprar a vontade do povo, com bolsa família e outras asneiras. Culminou com o mensalão que é comprar a vontade dos políticos também.
Diário da Manhã – Como se sente um oficial hoje em ter de bater continência e obedecer as ordens de uma mulher que foi terrorista e pegou em armas contra a ditadura militar?
Ivan Frota – Os militares são disciplinados e uma continência significa dar um bom dia, que qualquer pessoa o faz em sinal de respeito. São responsáveis e a disciplina está acima de tudo. Têm mantido esse nível e enquanto houver um governo constituído e apoiado em uma Constituição os militares vão manter sua obediência e respeito às autoridades constituídas.
Diário da Manhã – Como o senhor vê a postura do ex-presidente Lula?
Ivan Frota – O senhor Luiz Inácio Lula da Silva é um ser político. Apesar do baixo cultural ele é um indivíduo que tem um senso político excepcional e ele gosta de praticar essa política. Creio que ele saiu do governo para continuar a fazer política. Ele poderia até, com o apoio popular que tinha quando estava na presidência, ter postulado um terceiro mandato e até se perpetuar no governo. Ele não quis isto porque não é sua seara. Lula quando estava no governo nunca governou nada, o que ele fez foi delegar poder de mando para outros, como os ministros José Dirceu e Dilma Roussef. Ele fez política o tempo inteiro. Tudo o que ele assinou foi sem saber o que estava assinando. Ele adora fazer política e está fazendo. Conseguiu fazer o prefeito de São Paulo de uma forma inesperada com um rapaz sem qualidade nenhuma para a maior cidade do país.
Diário da Manhã – O ex-ministro Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo, é doutor em filosofia pela USP. Para o senhor ele não tem qualidade nenhuma?
Ivan Frota – Eu não quero saber quem foi que deu diploma para ele. Eu avalio apenas seu desempenho político. Só teve fracasso nesse quesito e por isto foi escolhido. Não acredito que vá ter sucesso como prefeito. Seu comportamento político foi condenável em todos os aspectos, é muito fraco. Eu não sei o que o Lula está querendo com esse protegido seu. Até sei. Está querendo conquistar o maior segmento político do país, que o estado de São Paulo inteiro. Já conquistou a prefeitura agora quer o governo do estado. Essa movimentação se mostra com esses acontecimentos de crimes em série em São Paulo que estamos assistindo. A bandidagem não cresce de repente a não ser que estimulada por determinados objetivos e a política está por trás disso.
Diário da Manhã – O senhor está sugerindo que assassinatos, ataques a quartéis e presídios, além de incêndios em ônibus têm fundo político?
Ivan Frota – Essas ações de banditismo que estão ocorrendo em São Paulo só podem ser para desestabilizar o governo do estado de São Paulo. A quem interessa isto, senão os indivíduos que querem neutralizar a ação política do governador Geraldo Alckimin. Tenho certeza que há uma atividade política nisto aí e que se for comprovada será um escândalo maior que o mensalão. Agora não estão só roubando dinheiro, agora estão matando gente. É um negócio muito sério. De repente cresce em escala exponencial a atividade do banditismo e há alguma coisa por trás disso para desestabilizar o governo do estado. Não posso provar, mas a lógica nos leva essa conclusão. É só prestar atenção que verá isto. Só pode haver uma vontade política em desestabilizar esse governo.
Diário da Manhã - O senhor acredita em um retorno dos militares ao poder?
Ivan Frota – O que eu acho extremamente necessários é que consigamos eleger governos sérios, que queiram o desenvolvimento do país, que não permitam a balbúrdia e a roubalheira. Todos os presidentes militares terminaram sua vida sem riqueza e o presidente Lula tem uma fortuna de 2 bilhões de dólares, segundo a Revista Forbes. Como é que pode ser uma coisa dessas. O filho dele que era funcionário do jardim zoológico e está milionário. Ninguém consegue ganhar tanto dinheiro assim em tão pouco tempo. A corrupção está campeando solta nesses dois governos liderados pelo PT e o Lula é um exemplo disso. Enquanto isto ficam inventando coisas para julgar indivíduos que deram sua colaboração para evitar o comunismo triunfar no Brasil.
Diário da Manhã – Como o do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra?
Ivan Frota – É um exemplo. O Ustra está sendo um boi de piranha. Quem tinha que ser julgado eram as forças armadas, ele apenas cumpria ordens. Ele cumpriu seu dever porque ocupava um cargo.
Diário da Manhã – O Ministério Público Federal ofereceu denúncia e a Justiça acatou. Estão também de conluio com as esquerdas?
Ivan Frota – Que Justiça é esta? É uma Justiça comprada, manipulada pelo governo. Quem tem mais poder manipula. Nesse país todo mundo se vende.
FRASES
“Que Justiça é esta? É uma Justiça comprada, manipulada pelo governo. Quem tem mais poder manipula. Nesse país todo mundo se vende.
“Não podemos nos prender a coisas ultrapassadas como esse revanchismo barato que diz respeito a acontecimentos do tempo dos governos militares”.
“A OEA é uma instituição comandada pelos Estados Unidos e que está se imiscuindo em assunto que não lhe diz respeito. Nós estamos sendo vítimas em nosso país de duas pressões contra a população brasileira”.
“Há uma forte vontade para tirar esse governo sem vergonha que está aí, que está já há não sei quanto tempo tomando atitudes absurdas em relação a nosso país”
“Lula quando estava no governo nunca governou nada, o que ele fez foi delegar poder de mando para outros, como os ministros José Dirceu e Dilma Roussef. Ele fez política o tempo inteiro”.
“Essas ações de banditismo que estão ocorrendo em São Paulo só podem ser para desestabilizar o governo do estado de São Paulo. Tenho certeza que há uma atividade política nisto aí e que se for comprovada será um escândalo maior que o mensalão”.