Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 24 de junho de 2014

E o Brasil não bebeu água em meia cuia de queijo Palmira

Aos cacos? 46% das companhias sediadas no Brasil vão ampliar investimentos em máquinas nos próximos 12 meses; 24% pretendem construir novas instalações. Números são substancialmente maiores que os dos EUA, Alemanha, Japão, México e nove pontos acima da média dos Brics (pesquisa da Grant Thornton em 45 países)

 Lula: 'governo vai lançar plano de ciência e tecnologia para ampliar a construção de plataformas de petróleo no país'

Luciano Coutinho, do BNDES: 'Apenas os campos de Libra e aqueles da cessão onerosa já garantem um ciclo de investimentos por 30 anos no setor petrolífero'

O xote da reeleição: 'Dilma/Coração Valente/ O que tá bom vai continuar/ O que não está /a gente vai melhorar'(jingle da campanha pela reeleição, lançado na convenção)

Oferta de emprego perde fôlego em maio, com 58,8 mil vagas, mas no governo Dilma já foram criados 5 milhões de empregos

MTST acampa em frente à Câmara de SP para exigir a aprovação do Plano Diretor de Haddad, boicotado pelo PSDB

Plano Diretor de Haddad para SP reserva 20% de áreas da cidade para moradia popular e concentra adensamento junto a eixos de transporte coletivo para facilitar a mobilidade: onde está o Movimento Passe Livre?


O cenário de terra arrasada, que faria a autoestima nacional beber água num pé da mesa, em meia cuia de queijo Palmira, passa ao largo do que se vê na Copa.

por: Saul Leblon 

Agência Brasil














Os caosnáticos que durante meses  anunciaram  o apocalipse para os 32 dias  em que o país sediaria a Copa do Mundo  devem estar duplamente arrependidos.

Vencido  1/3 do torneio a apreensão cedeu lugar à agradável sensação de que, afinal, com todas as deficiências  sabidas, esse lugar  não é a montanha desordenada de incompetência, corrupção e conflagração  anunciada – incentivada- - por seus vocalizadores  desinteressados.

O  cenário de terra arrasada, que faria a autoestima nacional beber  água  num pé da mesa, em meia cuia de queijo Palmira, passa ao largo do que se vê, se ouve e se vive dentro e fora dos estádios. 

Sobretudo,  porém, o maior gol contra foi a aposta  de que o fracasso da Copa serviria como credenciamento antecipado para  o conservadorismo ‘consertar o Brasil corroído pelo PT’.

A menos que um acontecimento inesperado  inverta o quadro em curso, a verdade é que estamos diante de um efeito bumerangue  em espiral ascendente. Nem mesmo uma eventual eliminação brasileira do torneio poderá modificá-lo.

O revés não é café pequeno.

Ele  desqualifica  de forma importante o discurso derrotista  da turma do Brasil aos cacos.

O caos na Copa era (atenção: ‘é’) acalentando como um precioso passaporte emocional para garantir o livre trânsito do discurso conservador  no imaginário brasileiro, na disputa presidencial de outubro.

O que emerge das ruínas  anunciadas, ao contrário, é outra coisa, na forma de uma pergunta bastante incomoda.

Como dar crédito às avaliações mais abrangentes  --e às propostas ‘mudancistas’--  de quem   não consegue sequer enxergar o país em que vive,  tanto quanto  não consegue  diferenciar um Felipão falso de um verdadeiro?

A verdade é que a emissão conservadora criou um sósia do Brasil, tentou espetá-lo  na alma nacional  e agora se tornou refém de seu próprio ardil.

Quanto custa a uma sociedade  ter uma elite que,  nas horas decisivas, aposta quase sempre contra  as suas potencialidades?  Seja por interesses unilaterais, seja por incapacidade histórica, mantem-se impermeável  à compreensão do lugar em que vive,  da época em curso e dos seus desafios?

O paradoxo da Copa, que de excelente oportunidade para o Brasil, quase  foi soterrada como um estorvo contagioso ,  encerra, portanto, angulações  mais graves do que apenas  o  fla-flu eleitoral da superfície.

Só o inexcedível  descompromisso com a sorte da nação e o destino de sua gente poderia menosprezar, como se fez, o  conjunto de  projetos  e possibilidades  associados  ao evento   – que no caso do legado logístico reúne  projetos ainda inacabados, mas em curso.

No fundo, trava-se aqui um embate visceral entre lógicas antagônicas embutidas  na disputa histórica entre dois projetos para o país.

Grandes obras e investimentos públicos constituem a melhor maneira de socializar e regular  a curva do investimento na sociedade, impedindo uma oscilação desastrosa ao emprego, ao consumo e ao crescimento.

As grandes obras do  PACs, os projetos em torno  da Copa, o financiamento subsidiado para aquisição de máquinas e equipamentos (PSI), do BNDES, por exemplo  – o maior banco estatal de investimento do mundo foi criado  há 62 anos, em 20 de junho de 1952, por Getúlio Vargas, exatamente com essa finalidade--  são formas de amortecer a tendência errática, intrínseca à incerteza  que cerca  as inversões privadas  no capitalismo em geral. E mais acentuadamente   em nações em luta pelo desenvolvimento.

Um dos grandes gargalos  brasileiros , ao contrário do que ruge o jogral ortodoxo, é justamente o  reduzido fôlego fiscal do Estado ( subtraído em parte pelo rentismo), que o  impede de exercer uma coordenação de mercado que  propicie  a curva estável e sustentada do crescimento.

O movimento anti-Copa, ainda que inclua parcelas  bem intencionadas à esquerda,  reflete no fundo  o velho antagonismo  entre os que buscam viabilizar o papel do interesse público sobre o erratismo privado, e os que recusam essa prerrogativa ao Estado.

Por que recusam se inclusive seriam beneficiados  por ela?

Porque para  exerce-lo o Estado deve controlar  uma fatia significativa do gasto social. Deve socializar  o comando sobre grandes massas de investimentos,  que lhe permitam coordenar as expectativas da sociedade, sobretudo as do investimento privado.

Isso requer, entre outras providências,  desmontar  a linha Maginot do rentismo.
Entrincheirada em taxas de juros sempre mais rentáveis do que a aplicação produtiva , ela suga o fôlego fiscal do país e inibe  o planejamento do interesse público, ademais de fixar  um piso elevado para a desigualdade social, como ensinou Thomas  Piketty.

A cortina de fogo contra a Copa   --contra ‘a gastança’ de um modo geral--   filia-se a essa corrente.

Trata-se  de impedir que  a racionalidade social se imponha sobre o salve-se quem puder  característico do ambiente de competição, incerteza  e, em decorrência disso, de obsessão mórbida pela liquidez rentista, que move o capital privado aqui e em todos os lugares.

Ademais dos desequilíbrios  estruturais  irradiados por essa lógica,  a economia brasileira  reúne distorções  específicas que os  acentuam  e reproduzem, como a  segunda taxa de juros  mais elevada do planeta,  câmbio fora do lugar  e livre mobilidade de capitais.

O quão equivocado era o  garrote anti-Copa  se vê agora pelo  desmentido do desastre nas ruas e nos campos.

Mas também nas entrelinhas do noticiário econômico.

O pouco que escapa –somente agora--  da pauta catastrofista serve como ilustração de um benefício  que talvez pudesse ter sido muito superior, caso as expectativas  do país  não tivessem sido garroteadas pela coleira da ortodoxia derrotista.

Abaixo, algumas evidências  de um dinamismo  torpedeado  durante meses  pelas previsões de  fiasco da Copa  e de quem apostasse no seu sucesso:  

1) Faturamento médio das empresas de turismo cresceu 7,1% no 1º trimestre –antes mesmo de começar a Copa.  Levantamento do Ministério do Turismo, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que a área de turismo receptivo cresceu 14,7%, agências de viagem e parques temáticos, mais 9,6% de faturamento e setor de  hotelaria, mais 9% no período.

2)Mais de  600 mil estrangeiros  vieram  para o Mundial, além de 3,1 milhões de brasileiros que vão se deslocar  para as 12 cidades-sede  dos jogos. A previsão é de que os gastos do conjunto somem R$ 6,7 bilhões (Valor)

3)Bons negócios com a Copa elevaram em 16% os planos de investimento do setor de turismo para o 2º trimestre.

4)Em média, a projeção dos 80 maiores conglomerados de turismo do país é de um crescimento da ordem de 6,5% este ano.

5) Para quem acreditou no fiasco vaticinado pela mídia, o sucesso inesperado do evento trouxe gargalos por falta de capacidade de atendimento. Sintomas: em Brasília,  segundo o jornal Valor, ‘restaurantes do Pontão do Lago Sul  já não têm chope –“os colombianos tomaram tudo", diz um garçom ouvido pelo jornal.  Em Fortaleza, sobraram poucas opções  no cardápio de restaurantes  na avenida Beira Mar, relata o mesmo jornal que engole agora o pessimismo estampado em sua linha editorial por  meses: ‘ Lá, a culpa era dos mexicanos, segundo a garçonete’.

6) A subestimação da demanda atingiu até  a prosaica produção de  brindes, que se deixou contagiar pelo jogral derrotista.  ‘Nos aeroportos de São Paulo e Brasília, por exemplo, produtos como chaveiro do Fuleco, o mascote da Copa, já estão em falta’, admite o mesmo Valor, sem explica o motivo.

7)Fogo de palha? Não é essa a percepção de quem está na linha de frente dos acontecimentos. Hotéis, bares, restaurantes e agências de viagens afirma  que o Mundial proporcionará outros ganhos, nem sempre mensuráveis.: ‘a experiência de receber turistas de todas as partes e a superexposição do país no exterior são alguns desses legados que ficam para as empresas e deverão reverberar por muitos anos’ (Valor).

8)No dia de abertura da Copa, no Itaquerão, na zona leste de São Paulo, a capital paulista tinha 76,6% de suas vagas de hospedagem ocupadas ; 93% dos restaurantes e bares dos bairros Bela Vista, Jardins e Pinheiros festejavam o movimento;  98,7% das mensagens sobre a cidade postadas nas principais redes sociais foram positivas. Durante a partida Brasil e Croácia, foram publicados 12,2 milhões de comentários sobre o jogo somente no Twitter.

9) Em apenas três dias , de 12 a 15 de junho, na abertura da Copa, segundo a Visa, visitantes internacionais movimentaram US$ 27 milhões com seus cartões, alta de 73% em relação ao mesmo período do ano .

10) Por fim, diz Walter Ferreira, assessor da presidência do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur),enquanto a bola rolar, o Brasil concentrará as atenções de 3,6 bilhões de espectadores, quase metade da população mundial. ‘ O evento terá o poder de quebrar estereótipos e revelar ao mundo um país moderno, com empresas globais importantes, que investe em ciência de ponta e que tem um povo acolhedor e alegre.  A cena dos jogadores holandeses abraçando brasileiros em Ipanema, por exemplo, ou as inúmeras cenas de confraternização entre os torcedores contagiam o mundo. Este é o nosso maior legado de imagem’, diz Ferreira (Valor)

Barbosa e o MP: um mensalão para matar o PT Expulsa os 40 ladrões da Política e mantém o Ali Babá sob controle.

Barbosa se aproxima do fim.

Para evitar os 10 a 1, ele abriu mão até da relatoria do mensalão do PT (sim, porque o dos tucanos prescreveu antes de existir).

Cabe voltar um pouco atrás e tentar entender como se deu o – incompleto – Golpe de Estado do mensalão do PT.

(Até que, no terceiro turno, na Justiça Eleitoral, que precisa ser extinta, os trabalhistas deixem o poder.)

O Golpe do mensalão do PT começa na denúncia inepta contra Collor.

(Clique aqui para ler o que disse Paulo Nogueira sobre o pecado capital de Mario Sergio Conti, e aqui para examinar os vínculos entre Conti, a Fel-lha (*) de SP – de mau hálito insuportável – e Dantas.)

Collor começou a cair não foi no detrito sólido de maré baixa, mas com uma denúncia inepta do MP de Aristides Junqueira.

Tão inepta que o Supremo sequer recebeu para julgá-la.

O mensalão do PT se revigora com o trabalho do Padim Pade Cerra, aliado ao MP, de destruir a candidatura de Roseana Sarney, em 2002.

Nesses dois episódios, Ministério Público se equipa e legitima para desempenhar o papel que a Elite dele espera: moralizar a política.

“Moralizar a Política”, numa sociedade até recentemente escravocrata, significa depurar a política dos “tarados” mestiços, geneticamente corruptos e, portanto, dos trabalhistas e seus aliados, como as organizações sociais e os sindicatos.

O MP se tornou a tutela dessa eugenia política.

Como disse Sepúlveda Pertence do Ministério Público, “criei um monstro”.

O Ministério Público não responde a ninguém, investiga quem quer e tem à disposição um coletivo de aparelhos do tipo “Guardião” para bisbilhotar quem bem entender – como diz o Conversa Afiada, o MP é o DOI-CODI da Democracia.

O MP não precisa mais denunciar ninguém.

Basta um “procurador” da chamada “República” convocar uma coletiva da imprensa piguenta (**), dizer que tem sérios indícios de que alguém é ladrão, que o serviço está feito – sem oferecer denúncia…

Antonio Fernando, levado à Procuradoria-Geral da Republica por Lula, foi o cérebro do Golpe Incompleto do mensalão do PT.

A estratégia que o orientou foi simples: matamos o PT, e deixamos o Lula solto.

Primeiro, porque, segundo a teoria do sangramento do Príncipe da Privataria, Lula sangraria até o fim do processo do mensalão e chegaria morto à eleição de 2006 – e o poder voltaria aos braços não do povo, mas de FHC, o De Gaulle de Higienópolis.

O segundo motivo era insuperável: se Lula cai, assumia José Alencar, leal a Lula.

O Plano, como se sabe, deu errado.

Porque Lula não sangrou e porque a CUT foi para a rua e disse “mexeu com o Lula, mexeu comigo”.

E a elite tem medo de trabalhador nas ruas – trabalhador de verdade e, não, black bloc de papai que paga a faculdade.

O pessoal do camarote VIP do Itaúúúú.

Era de outro povo que se tratava.

Para piorar, o Advogado-Geral da União, Alvaro Ribeiro da Costa, nomeado por Lula, amigo de Genoino desde a política estudantil do Ceará, foi embora.

Antonio Fernando só assumiu a PGR porque Claudio Fontelles não se candidatou à re-indicação.

E Lula estabeleceu, com Dilma, que o Procurador-Geral não precisa mais de méritos especiais.

Basta ser da máquina, representá-la e azeitá-la: ser o mais votado.

Fontelles talvez tivesse tido o pudor de dar curso a uma denúncia de  contravenção eleitoral prescrita – como era o caso do Caixa Dois do PT – e transformá-la num Golpe de Estado.

O poder ficou no próprio grupo de Fontelles, Antonio Fernando.

O mensalão do PT se desgarra de uma denúncia contra Carlinhos Cachoeira, com o apoio do tucano Antero Paes e Barros, e do procurador José Roberto Santoro, que aparece como herói na destruição de Roseana Sarney, e ganha vida no MPF e, depois, no Supremo.

O PiG lança a rede de proteção a Antonio Fernando, que oferece a manchete perfeita: “Ali Babá e os 40 ladrões”.

Mais do que o “sensacionalismo mediático” – diria Gilmar Dantas (***) -   a remissão às Mil e Uma Noites continha uma armadilha: Lula, fica quieto, porque se eu peguei 40 posso pegar o Ali Babá também !

De preferência, Lula, suma !

O que é Roberto Gurgel, o Prevaricador, segundo Fernando Collor, da tribuna do Senado ?

Ele é apenas que entrega o prato feito de Antonio Fernando e Santoro.

(Depois, como se sabe, Antonio Fernando se incluiu entre os 1001 advogados de Daniel Dantas.)

E o Presidente Barbosa, o que fala grosso com o Genoino e fino com  o Dantas ?

O Presidente Barbosa veio de onde ?

Do MP.

O que foi ele no mensalão (o do PT) ?

Um juiz ou um promotor ?

O que ele fez como promotor ?

Pediu provas ?

Não.

Bastava o domínio dos fatos.

Bastavam a verossimilhança, “a verdade é uma quimera”, “provas tênues”, “o acusado é que tem que provar sua inocência”,  porque, como se sabe, essa raça – o trabalhador, diria o inesquecível Jorge Bornaheusen, é tarada e corrupta.

Barbosa não acrescentou um fiapo à moralização do Judiciário.

E sua chef d’euvre – condenar Dirceu à prisão perpetua e os outros petistas à humilhação de um processo desmoralizante – cumpriu o roteiro previsto.

Que roteiro ?

Manter a minoridade do cidadão.

Collor não presta porque tem voto.

Roseana não presta porque é uma alternativa à elite paulista – dominante, por ora.

Os trabalhistas não prestam porque são a expressão mais sólida do ânsia por Democracia – ou seja, por participação popular.

E o MPF, e o Supremo são, neste momento, expressões dessa tentativa de tutelar o povo – tarado e ladrão.


Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como notável colonista da Globo Overseas Investment BV se referiu a Ele. E aqui para ver como outra notável colonista da GloboNews e da CBN se referia a Ele. O Ataulfo Merval de Paiva preferiu inovar. Cansado do antigo apelido, o imortal colonista decidiu chamá-lo de Gilmar Mentes. Esse Ataulfo é um jenio. O Luiz Fucks que o diga.

 


Elite não queria Democracia

Elite queria o “Estado da Direita” do Gilmar.


Liga o Vasco, no escaldante litoral do Rio Grande do Norte, onde foi ver a Itália derreter de suor.

- Gostei mas não muito do seu artigo sobre a aliança entre a elite e o Ministério Público para ceifar a liderança do PT…

- Se não gostou, pelo menos entendeu o espírito da coisa: ferrar o povo…

- Não, sobre isso não há dúvida.

- Mas, do que você não gostou ?

- É que faltou dizer que a elite e seus trombones nunca quiseram a Democracia, …

- Nem em 64 …

- Não, falo quando acabou o regime militar…

- O que eles queriam ? A Monarquia ? Instalar a Casa dos Cardozo ?

- Não, eles queriam o Estado de Direito.

- Qual a diferença entre Democracia e Estado de Direito ?

- Simples, meu caro. Democracia tem povo…

- E Estado de Direito não ?

- Não ! Estado de Direito é o Estado com Supremo, Ministério Público, PiG (*), economistas de bancos, Tribunal de Contas do PFL, Banco Central Independente, empresas que compram as eleições – e todos esses penduricalhos para inibir a vontade popular.

- Calma, Vasco, você está muito radical.

- Não, meu querido. Sabe o que é o Estado de Direito ? Ele já foi definido e quase se instalou.

- Qual ?

- O Estado da Direita do Gilmar Dantas (**).

- Qual ?

- Aquele que ele promulgou no Estadão, quando prenderam o Daniel Dantas.

- Ah, entendi, Vasco. Estado de Direito é Estado da Direita.

- Quer que desenhe ?

- Mas, a elite se define como liberal.

- Claro, “Liberal” nos próprios termos. Eles é que definem o que é “Democracia”. Quem joga e quem não joga.

- E o que sobreviveu do Estado da Direita ?

- Pergunta ao Dirceu, quando ele sair, na quinta-feira.

Pano rápido.

Clique aqui para ler “Gilmar sofre nova acachapante derrota !”.

E aqui para ler “Gilmar, cadê o Dr Abdelmassih ?”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como notável colonista da Globo Overseas Investment BV se referiu a Ele. E aqui para ver como outra notável colonista da GloboNews e da CBN se referia a Ele. O Ataulfo Merval de Paiva preferiu inovar. Cansado do antigo apelido, o imortal colonista decidiu chamá-lo de Gilmar Mentes. Esse Ataulfo é um jenio. O Luiz Fucks que o diga.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Para os que amam Nova York mas detestam o Brasil

Enquanto grupos que se dizem preocupados com a mobilidade urbana fazem demonstrações ornamentais na Vila Madalena, o MTST vai ao ponto: movimento vai cercar a Câmara Municipal de SP nesta 3ª feira para exigir a aprovação do Plano Diretor de Haddad, boicotado pelo PSDB
Plano Diretor de Haddad para SP reserva 20% de áreas da cidade para moradia popular e concentra adensamento junto a eixos de transporte coletivo para facilitar a mobilidade: onde está o Movimento Passe Livre?
700 barracas do MTST ocupam terreno no bairro rico do Morumbi em SP; os sem-teto exigem a votação do Plano Diretor de Haddad, adiada pela Câmara Municipal
'O xote da reeleição: ' Dilma/Coração Valente/ O que tá bom vai continuar/O que não está /a gente vai melhorar' 
'Eles não entendem que a democracia e o amadurecimento de uma Nação requerem participação da sociedade': Rui Falcão, ao defender os conselhos populares, a reforma política e a regulação da mídia na convenção do PT, neste sábado, em Brasília
ryanshelley
Se a nossa elite  mentalmente colonizada tivesse um pingo de lucidez e um grama de compaixão (ou apenas um dos dois) olharia  para o Brasil com um sentimento de paz e esperança, em meio a um mundo que regride à miséria das primeiras décadas do século passado.
Mas teimam em ver o exterior como um mundo ideal, onde tudo é limpo, lindo e tecnológico.
O mundo, em todas as partes, é simplesmente feito de pessoas.
Quando elas vivem reduzidas à condição de bichos, nem a cosmopolita Nova York é civilizada.
Leiam o trecho que reproduzo desta matéria de hoje em O Globo.
E a foto que copio acima, de Ryan e Shelley, um casal de moradores de rua.
Um ex-casal, aliás, porque Ryan, agora, está morto.
É bom para lembrar o que esquecemos depois que passamos a achar Charlie Chaplin apenas um comediante antigo, não um intérprete de gente sem cuidado e sem esperança.
E que o drama humano é só existencial e não também pela sobrevivência.
Talvez com isso os que praguejam contra as nossas alegrias e desprezam os nossos progressos possam entender o quanto caminhamos.
E, por isso, o quanto acreditamos que temos de continuar a caminhar.
Mas sempre assobiando, alegres, como Carlitos.

A Nova York dos excluídos

Isabel Deluca
O número de sem-teto em Nova York atingiu, este ano, o maior nível desde a Grande Depressão nos anos 1930. Segundo as últimas estatísticas federais, a população sem moradia aumentou 13% em comparação com o ano passado, apesar da suposta recuperação da economia — e enquanto a média nacional só faz diminuir. A tendência cresce sobretudo entre famílias e virou um dos maiores desafios do prefeito Bill de Blasio, que fez da habitação acessível um dos pontos centrais do seu discurso de campanha, para comandar uma cidade onde os aluguéis não param de subir.
Os nova-iorquinos que passam a noite em abrigos ou nas ruas chegaram a 64.060, de acordo com o relatório anual do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD, na sigla em inglês), que compila dados de três mil cidades americanas.
Só Los Angeles teve aumento maior: lá, os desabrigados cresceram 27%, embora o total ainda seja menor que o de Nova York. No resto do país, o número caiu 4% desde 2012: hoje são 610.042.
— A maior parte dos EUA mudou a tática de reagir ao problema, e está funcionando — explica o professor de Políticas Sociais da Universidade da Pensilvânia Dennis P. Culhane, autor do relatório do HUD. — O foco tem sido no realojamento imediato, muitas vezes na forma de mediação de conflitos, mas também com ajuda financeira. O modelo de botar num abrigo e esperar até que se consiga encontrar uma moradia, ou que o cidadão consiga juntar dinheiro para sair, não é o novo modelo que emerge no país. Mas é o de Nova York.
Na cidade mais rica do mundo, a crise é resultado sobretudo do aumento no número de famílias que já não podem pagar aluguel. O último censo registrou um declínio no número de apartamentos acessíveis em Nova York, enquanto a renda da classe média baixa só faz cair. Para Culhane, parte do problema ainda pode ser creditado à crise econômica:
— Há desemprego excessivo, afetando a capacidade de pagar o aluguel. Há mais jovens adultos e suas famílias com pais ou avós. Isso cria um ambiente estressante que pode levar ao despejo. É o que acontece em dois terços dos casos. A razão mais comum que os novos sem-teto reportam é conflito familiar na casa superlotada.
Em Nova York, as famílias já representam 75% da população dos abrigos. Há menos sem-teto nas ruas do que há uma década, mas a lotação nos dormitórios é recorde — 52 mil, sendo 22 mil crianças. Relatório divulgado em maio pela ONG Coalizão para os Desabrigados aponta outro recorde: o tempo médio que uma família permanece num abrigo atingiu 14,5 meses.
O Departamento de Serviços para Desabrigados disponibiliza diariamente dados sobre os abrigos. Na última quarta-feira, eram 30.540 adultos e 23.227 crianças. O número de sem-teto que pernoitam em refúgios municipais é, hoje, 73% maior do que em janeiro de 2002, quando o ex-prefeito Michael Bloomberg tomou posse. Ele tentou driblar a questão com uma série de políticas, mas o resultado foi a superlotação dos dormitórios públicos.
— Prefiro dormir na rua do que num abrigo — relata Elliot, um sem-teto de 52 anos que costuma passar as tardes na esquina da Rua 72 com a Broadway. — A comida é pavorosa. Os banheiros são imundos. Há ratos e baratas por todo canto.

Globo defende abertamente criminalização de blogueiros

bloggers

Entrevista de Obama para blogueiros progressistas. Matéria do Huffington Post. Clique na imagem para acessar a matéria.
Desde 2010, no mínimo, que o presidente Barack Obama, recebe “blogueiros progressistas” na Casa Branca.
Aqui no Brasil, onde nenhum blogueiro – com exceção de Jorge Bastos Moreno, do Globo – jamais falou com Dilma, a Globo, que detêm uma hegemonia da comunicação social consolidada durante o regime militar, agora defende, em editorial, uma teoria curiosa.
Segundo o jornal, Gilberto Carvalho não poderia ter recebido blogueiros e ativistas sociais num espaço público.
Na véspera, Merval Pereira também já havia atacado os blogueiros. Chega a ser honroso, para a blogosfera, que a Globo pretenda se polarizar, de maneira tão radical, com aqueles que pensam de outra forma e atuam pela internet.
Entretanto, o jornal perdeu a linha. Num arroubo tirânico, ele agiu como se ainda estivéssemos na ditadura. Para os Marinho, Carvalho não deveria ter recebido blogueiros e ativistas por causa de sua ideologia.
Esta é o espírito de liberdade da nossa mídia: uma campanha sistemática para criminalizar tudo que cheire a política e a ideologia.
É a mesma mídia que faz campanha contra os partidos dizendo que eles “não tem mais ideologia’, que virou tudo uma “geléia geral”.
Aí quando aparece a ideologia, a mesma mídia tem ataque de pânico e grita: “bandidos! bandidos!”
A imprensa corporativa não esconde mais sua estratégia suja de criminalizar a política. Está lá, com todas as letras:
Mas costumam ser tantas as transgressões à legislação eleitoral, e não apenas nesta eleição, que os transgressores parecem vencer pelo cansaço. No caso desse ilustrativo encontro, o mais importante terminou sendo as próprias características da reunião e a agenda discutida.
Talvez pela crescente preocupação com a tendência das pesquisas eleitorais, lulopetistas começam a se descuidar. Escancaram conversas sugestivas entre uma autoridade, blogueiros e jornalistas ligados ao PT, muitos dos quais atuam apoiados financeiramente por meio de anúncios de estatais. Recebem dinheiro público.
Na reunião, de um total de 20, talvez um blogueiro ali recebesse um anúncio público, e não do governo federal. Nada que se compare aos bilhões recebidos pela Globo. Ou seja, a emissora mente, manipula e criminaliza.
Repare na expressão: “jornalistas ligados ao PT”. Como é que é? Ligados? Se fossem ligado ao PSDB, ao PCdoB, ao PSB, também não poderiam frequentar o Planalto? Ou só não podem ser “ligados” ao PCC, quer dizer, ao PT?
O Globo decretou que partidos políticos são ilegais e inconstitucionais?
O Globo preferia que Carvalho mantivesse reuniões secretas, como Dilma fez com João Roberto Marinho, que, repito, este sim recebe e sempre recebeu dezenas ou mesmo centenas de bilhões de verba pública?
Olha só que curioso. Carvalho, mero secretário da presidência da república, faz uma reunião aberta, transparente, transmitida ao vivo online, com dezenas de pessoas, para explicar um decreto presidencial. Isso, para o Globo, não pode.
Agora, um dos proprietários da Globo, faz reunião absolutamente secreta com a própria presidenta da república, na sala de reunião mais importante do Palácio do Planalto, e isso é perfeitamente legal.

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Claro, os Marinho são pessoas do bem, democráticos, interessados no bem estar nacional. Jamais foram chapa-brancas. Jamais apoiaram nenhum governo. Jamais abafaram escândalos.
Blogueiros e ativistas, por sua vez, são bandidos que não poderiam jamais ser recebidos num ambiente público.
Se Carvalho quisesse encontrá-los, que o fizesse em algum covil escuro de Brasília, não é?

domingo, 22 de junho de 2014

OS 10 MAIORES MICOS DA COPA Cala a boca, Galvão, camarote VIP do Itauuuuu …



Conversa Afiada reproduz artigo de Najla Passos, extraído da Carta Maior:

OS 10 MAIORES MICOS DA COPA DO MUNDO DO BRASIL



Na Copa do Mundo do Brasil, foram embora pro chuveiro mais cedo aqueles que torceram pelo fracasso do país. Confira alguns micos da elite e da mídia.

Najla Passos

A Copa do Mundo do Brasil ainda não passou da primeira fase, mas já são fartas as gafes, foras e barrigadas do mundial, especialmente fora do campo. 

E, curiosamente, elas nada têm a ver com as previsões das “cartomantes do apocalipse” que alardeavam que o país não seria capaz de organizar o evento e receber bem os turistas estrangeiros. Muito pelo contrário. 

Os estádios ficaram prontos, os aeroportos estão funcionando, as manifestações perderam força, os gringos estão encantados com a receptividade brasileira e a imprensa estrangeira já fala em “Copa das Copas”. 

Confira, então, os principais micos do mundial… pelo menos até agora!


1 – O fracasso do #NãoVaiTerCopa

Mesmo com o apoio da direita conservadora, da esquerda radicalizada, da mídia monopolista e dos black blocs, o movimento #NãoVaiTerCopa se revelou uma grande falácia. As categorias de trabalhadores que aproveitam a visibilidade do evento para reivindicar suas pautas históricas de forma pacífica preferiram apostar na hashtag #NaCopaTemLuta, bem menos antipática e alarmista. E os que continuaram a torcer contra o evento e o país, por motivações eleitoreiras ou ideológicas, amargam o fracasso: políticos perdem credibilidade, veículos de imprensa, audiência e o empresariado, dinheiro!


2 – A vênus platinada ladeira abaixo 

Desde os protestos de junho de 2013, a TV Globo vem amargando uma rejeição crescente da população. E se apostava no #NãoVaiTerCopa para enfraquecer o governo, acabou foi vendo sua própria audiência desabar. Uma pesquisa publicada pela coluna Outro Canal, da Folha de S. Paulo, com base em dados do Ibope, mostra que no jogo de abertura da Copa de 2006, na Alemanha, a audiência da Globo foi de 65,7 pontos. No primeiro jogo da Copa de 2010, na África do Sul, caiu para 45,2 pontos. Já na estreia do Brasil na Copa, neste ano, despencou para 37,5 pontos.


3 – #CalaABocaGalvão

Principal ícone da TV Globo, o narrador esportivo Galvão Bueno é o homem mais bem pago da televisão brasileira, com salário mensal de R$ 5 milhões. Mas, tal como o veículo que paga seu salário, está com o prestígio cada vez mais baixo. Criticar suas narrações virou febre entre os fãs do bom futebol. E a própria seleção brasileira optou por assistir os jogos da copa pela concorrente, a TV Band. O movimento #CalaABocaGalvão ganhou ainda mais força! O #ForaGlobo também!


4 – A enquadrada na The Economist 

A revista britânica The Economista, que vem liderando o ranking da imprensa “gringa” que torce contra o sucesso do Brasil, acabou enquadrada por seus leitores. A reportagem “Traffic and tempers”, publicada no último dia 10, exaltando os problemas de mobilidade de São Paulo às vésperas de receber o mundial, foi rechaçada por leitores dos EUA, Japão, Holanda, Inglaterra e Argentina, dentre vários outros. Em contraposição aos argumentos da revista, esses leitores relataram problemas muito semelhantes nos seus países e exaltaram as qualidades brasileiras, em especial a hospitalidade do povo. 


5 – O assassinato da semiótica

Guru da direita brasileira, o colunista da revista Veja, Rodrigo Constantino, provocou risos com o texto “O logo vermelho da Copa”, em que acusa o PT de usar a logomarca oficial do mundial da Fifa para fazer propaganda subliminar do comunismo. Virou chacota, claro. O correspondente do Los Angeles Times, Vincent Bevins, postou em seu Twitter: “Oh Deus. Colunista brasileiro defendendo que o vermelho 2014 na logo da Copa do Mundo é obviamente uma propaganda socialista”.  Seus leitores se divertiram usando a mesma lógica para apontar outros pretensos ícones comunistas, como a Coca-Cola (lol)!


6 – A entrevista com o “falso” Felipão

Ex-diretor da Veja e repórter experiente, Mário Sérgio Conti achou que tivesse tirado a sorte grande ao encontrar o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, em um voo comercial, após o empate com o México. Escreveu uma matéria e a vendeu para os jornais Folha de S. Paulo e O Globo, que a publicaram com destaque. O entrevistado, porém, era o ator Wladimir Palomo, que interpreta Felipão no programa humorístico Zorra Total. No final da conversa, Palomo chegou a passar seu cartão à Conti, onde está escrito: “Wladimir Palomo – sósia de Felipão – eventos”. Mas, tão confiante que estava no seu “furo de reportagem”, o jornalista achou que era uma “brincadeirinha” do técnico… 


7 – A “morte do pai” do jogador marfinense


O jogador da costa do Marfim, Serey Die, caiu no choro quando o hino do seu país soou no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Imediatamente, a imprensa do Brasil e do mundo passou a noticiar que o pai dele havia morrido poucas horas antes. A comoção vias redes sociais foi intensa. O jogador, porém, desmentiu a notícia assim que pode. Seu pai havia morrido, de fato. Mas há dez anos. As lágrimas se deveram a outros fatores. “Também pensei no meu pai, mas é por tudo que vivi e por ter conseguido chegar a uma copa do mundo”, explicou.


8 – “Vai pra casa, Renan!”

Cheio de boas intenções, o estudante Renan Baldi, 16 anos, escolheu uma forma bastante condenável de reivindicar mais saúde e educação para o país: cobriu o rosto e se juntou aos black block paulistas para depredar patrimônio público na estreia do mundial. Foi retirado do meio do protesto pelo pai, que encantou o país ao reafirmar seu amor pelo filho, mas condenar sua postura violenta e antidemocrática. A hashtag #VaiPraCasaRenan fez história nas redes sociais!


9 – O fiasco do “padrão Fifa”

Pelos menos 40 voluntários da Copa em Brasília passaram mal após consumir as refeições servidas pela Fifa, no sábado (14), um dia antes do estádio Mané Garrincha estrear no mundial com a partida entre Suíça e Equador. Depois disso, não apareceu mais nenhum manifestante desavisado para pedir saúde e educação “padrão Fifa” no país!


10 – Sou “coxinha” e passo recibo!


Enquanto o Brasil e o mundo criticavam a falta de educação da “elite branca” que xingou a presidenta Dilma no Itaquerão, a empresária Isabela Raposeiras decidiu protestar pela causa oposta: publicou no seu facebook um post contra o preconceito e à discriminação dirigidos ao que ela chamou de “minoria de brasileiros que descente da elite branco-europeia”. “Não sentirei vergonha pelas minhas conquistas, pelo meu status social, pela minha pele branca”, afirmou.  Virou, automaticamente, a musa da “elite coxinha”.  

“Sucesso incrível” da Copa (by The New York Times) melhora aprovação de Dilma

No primeiro caderno da última edição dominical da Folha de São Paulo (22/6), uma matéria surpreendente: “Prenúncio de que a Copa seria o fim do mundo não aguentou 3 dias”. Assinada pelo colunista Nelson de Sá, a matéria surpreende qualquer um que lê a imprensa brasileira por ter “empurrado” para a imprensa estrangeira um pecado da imprensa brasileira. O colunista atribui à imprensa estrangeira as previsões negativas sobre a Copa no Brasil.
O caradurismo não é só desse jornalista, mas do próprio jornal – um mea-culpa sobre a cobertura da organização da Copa de 2014 seria imperativo diante daquela que, de fato, está sendo a “Copa das Copas”. E não só pela boa organização do evento, mas pelo que se vê em campo.
A infraestrutura tem funcionado tão bem quanto a que seria esperável em qualquer país do dito “Primeiro Mundo”, os jogos são emocionantes, o nível técnico tem sido altíssimo, o futebol latino-americano vai se impondo sobre o do resto do mundo, levando incontáveis nações das Américas a um verdadeiro orgasmo desportivo.
Eis o que ninguém previu. Ou melhor, eis o que aqueles que previram não puderam dizer devido a uma literal censura da grande imprensa a qualquer ponderação sobre os exageros que estavam sendo cometidos pela imprensa e por partidos de oposição de direita e de esquerda, os quais enganaram os brasileiros com afirmações falsas sobre o financiamento da Copa e sobre problemas corriqueiros em qualquer grande evento.
Como foi previsto neste blog por incontáveis vezes, os profetas do apocalipse deram com os burros n’água. Aqui sempre foi dito que a Copa começaria, tudo estaria pronto e funcionando e que os que previam o contrário ficariam com a brocha na mão.
Não é por outra razão que na mesma Folha de São Paulo, escondida na coluna “Painel”, uma notinha de apenas uma frase, mas que tem um potencial político imenso, revela que chegou a hora de Dilma capitalizar seu bom trabalho. Abaixo, o texto da Folha
De virada
Assessores do Planalto estão exultantes com pesquisa interna que afirma que 60% dos brasileiros consideram a Copa boa ou ótima até agora 
Mesquinharia da Folha. A pesquisa interna do Planalto mostra muito mais. Informações obtidas pelo Blog via contatos telefônicos dão conta de que esses 60% dos brasileiros não dizem que “a Copa é que tem sido boa ou ótima até agora”. Essa maioria diz que a ORGANIZAÇÃO da Copa e a qualidade dos jogos é que têm sido “boas ou ótimas”.
Qual o efeito eleitoral disso? Na avaliação do Planalto, é expressivo. Tão expressivo que a Folha detectou e, visando se distanciar do alarmismo que promoveu ao lado de outros grandes meios de comunicação, publicou essa reportagem de Nelson de Sá, na tentativa vã de fazer seus leitores de besta ao empurrar-lhes a versão de que o catastrofismo desportivo-organizacional partiu do exterior e não daqui mesmo, do Brasil.
A matéria em questão foi econômica ao relatar as análises que estão sendo feitas em toda parte do mundo sobre a capacidade do país de organizar um evento desse calibre. Uma das matérias da imprensa estrangeira citadas pela Folha é de autoria de Sam Borden, correspondente esportivo do diário norte-americano The New York Times na Europa. No último dia 17, Borden qualificou a Copa no Brasil como “sucesso incrível” em artigo que ironiza o noticiário sobre o evento, chamando-o de “previsão do dia do juízo final”.

O Blog traduziu alguns trechos do artigo de Borden. Confira, abaixo.
The New York Times
San Borden
17 de junho de 2014 
Um estádio não ficaria pronto a tempo. Outro não ficaria pronto nunca. Protestos violentos iriam ameaçar os fãs e estragar tudo. Greve no aeroporto e no metrô deixariam milhares de visitantes sem transporte.
Essas e outras previsões do dia do juízo final foram preocupações perpétuas nos dias que antecederam a Copa do Mundo no Brasil, mas, após quase uma semana inteira de jogos, a situação no maior país da América do Sul dificilmente pode ser considerada sombria.
Para os fãs que gostam de gols que enchem os olhos, resultados surpreendentes e futebol elegante, este campeonato, até agora, tem sido um sucesso incrível. Os jogos são apaixonantes, e o drama dos jogos tem sido perfeito para a televisão.
[...]
Há que dizer que ninguém pode realizar um grande evento esportivo como a Copa do Mundo ou as Olimpíadas sem alguns problemas. Este ano, em Sochi, na Rússia, os jogos de inverno tiveram invasão de cães vira-latas, hotéis incompletos, ou inexistentes. Em 2004, os jogos de verão em Atenas tiveram greves de trabalhadores, contratempos com a infraestrutura, e histeria em uma infinidade de lugares. O parque olímpico onde ocorreram os jogos de Londres em 2012, uma semana antes ainda estava em obras.
Diante dessa realidade, certamente o Brasil merece mais indulgência.
[...]
A gama de problemas tem sido grande. Alguns tiveram que ver com acabamento da construção, como fios elétricos visíveis no estádio do São Paulo ou a instalação de aparelhos de ar-condicionado e carpete horas antes do apito inicial, em Cuiabá, ou 30% dos porteiros do estádio de Brasília, que não apareceram para trabalhar, criando impasse do lado de fora das catracas. Alguns foram cosméticos, como a grama queimada no estádio de Manaus, que obrigaram a organização do estádio a pintar o gramado com tinta verde.
Nada disso foi definitivamente prejudicial para o evento. Os jogos puderam ocorrer dentro das previsões. Mas a cada dia ocorreram problemas cujo potencial não pôde ser previsto. No domingo, em Porto Alegre, por exemplo, o sistema de som do Estádio falhou com as equipes já em campo, deixando os jogadores de França e Honduras, que esperavam pelos hinos nacionais de seus países, enfurecidos.
[...]
Para ser justo, a sorte é sempre um fator nesses espetáculos. Qualquer grande evento pode ter um deslize imperceptível, como o NFL aprendeu em 2013, quando o Super Bowl foi adiado por quase uma hora depois de um apagão que mergulhou o Superdome, em Nova Orleans, na escuridão. Em comparação, o problema com as luzes no estádio de São Paulo durante o jogo de abertura da Copa do Mundo foi um problema menor.
[...]
Como sempre ocorre, a preocupação com a logística foi discutível. Em geral, as condições para realização dos jogos têm sido excelentes. Em cidades como Natal e Salvador – onde os campos sofreram chuva excepcionalmente pesada -, ficou comprovada a qualidade dos sistemas de drenagem. Em última análise, esta é a prioridade mais importante, pois as condições para realização dos jogos são o que geralmente definem o legado histórico de um evento.
[...]
A pesquisa interna do Palácio do Planalto citada (de forma incompleta e tímida) pela Folha faz todo sentido. Basta um mínimo de reflexão para entender. A menos que a maioria dos brasileiros seja composta de lunáticos, todos estão fazendo o “link” entre o que foi previsto e o que está acontecendo.
Ora, se foi previsto “juízo final” e, muito pelo contrário, o que se vê é uma festa linda que está encantando não só o Brasil, mas o mundo, no mínimo o mau-humor de parte dos brasileiros com Dilma Rousseff será repensado. Os mais inteligentes perceberão que ela foi alvo de tremenda injustiça, encetada, obviamente, por uma politicagem rasteira e de viés eleitoreiro. Os brasileiros não são injustos. Ao menos a maioria de nós, não é.

Globo inicia nova campanha contra Abreu Lima

Brasil quer saber como afundou a P-36

O Globo de hoje inicia uma nova campanha contra a Petrobrás, através de manipulações de dados sobre a refinaria Abreu e Lima.
O centro da mentira consiste em afirmar, com ênfase sensacionalista, que o custo inicial do projeto da refinaria era de US$ 2,3 bilhões.
A estatal já respondeu, inúmeras vezes, e o jornal se recusa sequer a publicar, nem que seja apenas para constar, a resposta da Petrobrás. A teoria de “dar o outro lado” só vale quando o investigado é tucano. Quando se trata de estatal federal, esquece.
A resposta da estatal sobre a questão do valor é esta:
(…) a Petrobras repudia a informação repercutida pela imprensa de que o projeto da refinaria teria sido aprovado com base em “conta de padaria”. O orçamento de US$ 2,4 bilhões se referia a concepção preliminar e incipiente, feita pelo corpo técnico da empresa, como já esclarecido inúmeras vezes. O valor inicial do projeto que deve ser considerado e que começou a ser construído era de US$ 13,4 bilhões. A previsão atualizada é de US$ 18,5 bilhões.
É a terceira vez seguida que a Petrobrás responde esse item ao Globo e ele não publica no jornal.
O jornal também está manipulando informações do Tribunal de Contas da União, que ainda não chegou a nenhuma conclusão de sobrepreço. Mas o Globo trata a mera investigação do TCU como prova de superfaturamento, o que é absurdo.
Vale notar que o TCU tem atuação fortemente política, porque o ministro do tribunal responsável pela análise dos contratos da Petrobrás é José Jorge, um ex-senador do DEM. Que foi – pasmem! – ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique!
Ou seja, o ministro do TCU que hoje abastece a imprensa com escândalos sensacionalistas sobre a estatal é o mesmo que respondeu pelo afundamento da plataforma P-36 durante a gestão tucana.
Para o Globo e o PSDB, afundar plataforma, pode. Construir plataformas e refinarias, não pode.
Ao final da matéria, anuncia-se que amanhã tem mais. Título da matéria de amanhã: “Petrobrás sabia que projeto de Abreu e Lima era economicamente inviável”.
Inviável?
A Petrobrás deveria informar ao Globo qual o prejuízo total do afundamento da plataforma P-36.
Interessante fazer a comparação: a gestão petista está entregando uma Petrobrás com várias refinarias de primeira linha, as maiores reservas de petróleo do mundo, além de uma série de novas plataformas de extração.
Quantas refinarias foram construídas na gestão tucana? Quantas plataformas foram feitas? Quanto petróleo foi descoberto? Essas comparações precisam ser examinadas, porque a imprensa está confundindo, como sempre, investigação com sensacionalismo. Se há problemas em alguma obra na Abreu Lima, isso não invalida a sua importância estratégica para elevar a capacidade de refino no país.
Pela primeira vez, em sua história, o Brasil caminha para se tornar independente em seu próprio abastecimento de gasolina, o que levará a uma economia de dezenas, ou mesmo centenas de bilhões de dólares, ao longo dos próximos anos, porque não precisaremos mais importar gasolina ou diesel, e, ao contrário, seremos exportadores de petróleo refinado.
Essas contas precisam ser divulgadas. Quanto o Brasil ganhará, em dez anos, quando a Abreu Lima estiver pronta? Qual a importância geopolítica, para um país, de possuir uma refinaria como a Abreu Lima, que usará tecnologia de ponta, e será uma das unidades mais modernas do mundo em seu campo de atuação?

Cinco derrotas e um lance decisivo



Da ampliação da democracia depende a sorte das famílias assalariadas, a repartição da renda e a cota de sacrifícios em um novo ciclo de crescimento.

por: Saul Leblon 

Arquivo

















Muitas vezes,  a janela  mais panorâmica de uma época não se  materializa no indispensável esforço conceitual para descortinar  a sua essência,  mas em um evento simbólico catalisador.

O passo seguinte da história brasileira carece  ainda dessa síntese que contenha as linhas de passagem para um novo ciclo de desenvolvimento.

A  simplificação analítica,  o simplismo  ideológico  são incompatíveis com essa sinapse entre o velho e o novo, projetando-se mais por aquilo que dissipam do que pelo que agregam.

Nenhum polo do espectro político está imune a essas armadilhas. Mas até pela supremacia do seu poder emissor é o conservadorismo que tem liderado o atropelo da tentativa e erro nesse embate.

Durante meses,  por exemplo, o imperativo ‘não vai ter Copa’ –e tudo aquilo que ele encerra de denuncismo derrotista--  reinou soberano  na mídia como uma metáfora esperta  do ‘não vai ter Dilma’.    

Quando os fatos desmentiram a pretensa equiparação do Brasil a um Titanic  -- a Copa ,independente da seleção, é um sucesso de público, de infraestrutura e de qualidade esportiva--   partiu-se para algo mais  explícito.

O camarote vip do Itaú  –o banco central do conservadorismo – entrou em cena para mostrar os sentimentos profundos da elite em  relação ao país. 

Repercutiu,  mas não pegou.

Embora o martelete midiático tenha disseminado a bandeira do antipetismo bélico, a ponto de hoje contagiar setores populares, como admite  --e  sobretudo adverte--   o ministro Gilberto Carvalho (leia nesta pág.),   o fato é que esse trunfo conservador  não reúne a energia necessária para  inaugurar  uma nova época.

A grosseria dos finos  exala, antes,  seu despreparo  para as tarefas do futuro.

Não quaisquer tarefas.

O país se depara com uma  transição de ciclo econômico marcada por uma correlação de forças  instável,  desprovida de aderência institucional , ademais de submetida à determinação de um  capitalismo global  avesso a  outro ordenamento  que não  o vale tudo dos mercados. 

Um desaforo tosco é o que de mais eloquente as ‘classes altas’ tem a dizer sobre a sua capacitação para lidar com esse supermercado de encruzilhadas históricas.

Não é o único senão.

Nas últimas horas ruiu também a simbologia conservadora da retidão heroica e antipetista,  atribuída  à figura de Joaquim Barbosa.

Na última 3ª feira, o presidente do STF  jogou a toalha respingada de ressentimentos, ao abandonar  a execução da AP 470.

Não sem antes  grunhir, em alemão, o menosprezo pelas questões mais gerais da construção da cidadania no país.

‘Es ist mir ganz egal' , sentenciou sobre as cotas reclamadas por negros e índios no Judiciário.

'Para mim é indiferente; não estou nem aí’.

Esse, o herói dos savonarolas de biografia inflamável.

Seria apenas o epitáfio de um bonapartismo  destemperado, não fosse, sobretudo,  a versão germânica da  indiferença social.

A mesma  inscrita no jogral dos  que se avocam à parte e acima daquilo que distingue uma nação de um ajuntamento humano: a pactuação democrática de valores e projetos que selam um destino  compartilhado. 

O particularismo black bloc enfrenta agora seu novo revés no terreno da inflação. 
Seja pela eficácia destrutiva da maior taxa de juro do planeta (em termos nominais o juro  brasileiro só perde para o da Nigéria), seja pelo espraiamento das anomalias climáticas  no mercado de alimentos, o fato é que os principais índices de inflação desabam.

E com eles a bandeira ‘popular’ de Aécio e assemelhados.

Mas há uma variável ainda mais adversa ao conservadorismo no plano  da economia política.

O fato de o país viver um quadro de pleno emprego dá ao campo progressista  um trunfo inestimável na negociação de um novo ciclo de crescimento.

Uma coisa é negociar com trabalhadores espremidos em filas de desempregados vendendo-se a qualquer preço. Outra, faze-lo  em um mercado em que a demanda por mão-de-obra cresceu mais que a população economicamente ativa nos últimos anos.

O conjunto fragiliza um  certo fatalismo com devotos dos dois lados da polaridade política,   que encara as eleições como uma formalidade incapaz de alterar  o  calendário do arrocho, com o qual o país teria um encontro marcado  após as eleições.

Tudo se passa, desse ponto de vista, como se houvesse uma concertación não escrita  à moda chilena que tornaria irrelevante o titular da Presidência, diante dos  limites  impostos  pela subordinação do Estado  aos  imperativos dos mercados local e global.

É essa, um pouco,   a aposta  da candidatura Campos, que se oferece à praça e à  banca como a cola ambivalente  capaz de dissolver os  dois lados da disputa em um tertius eficiente e confiável.

O fato de ter fracassado até agora  não implica o êxito efetivo  do campo progressista em se libertar  da  indiferenciação   que  rebaixa o papel da democracia na definição do futuro.

Os desafios desse percurso  não podem ser subestimados.

De modo muito grosseiro, trata-se de modular um estirão  de ganhos de produtividade (daí a importância  de se fortalecer seu principal núcleo irradiador, a indústria, ademais da infraestrutura e da educação)  que financie  novos degraus de acesso  à cidadania plena.

A força e o consentimento necessários para conduzir  esse  ciclo --em uma chave que não seja a do arrocho--  requisitam um salto de discernimento e organização social  que assegure   o mais amplo debate sobre metas, prazos, compromissos, concessões, conquistas  e  salvaguardas.

Não se trata, portanto,  apenas de sobreviver  à convalescência do modelo neoliberal.

O que está em jogo é erguer  linhas de passagem para um futuro alternativo  à lógica do cada um por si, derivada  de determinações históricas devastadoras  que se irradiam da supremacia global das finanças desreguladas, para todas as dimensões da vida, da economia e da sociabilidade em nosso tempo.

A dificuldade de se iniciar esse salto  advém, em primeiro lugar, da inexistência de um espaço democrático de debate  em que os interesses da sociedade  deixem de figurar apenas como um acorde dissonante no monólogo da restauração neoliberal.

Cada um por si, e os mercados por cima de todos,  ou a árdua construção de um democracia social negociada?

É em torno dessa disjuntiva que se abre a  janela mais panorâmica da encruzilhada brasileira nos dias que correm.

Da ampliação da democracia participativa depende o futuro dos direitos trabalhistas, a sorte das famílias assalariadas, a repartição da renda e a cota de sacrifícios entre as classes sociais na definição de um novo ciclo de crescimento.

É essa moldura histórica que magnifica a importância da Política Nacional de Participação Social anunciada agora pelo governo.

Para que contemple as grandes escolhas  do nosso tempo, porém, é  crucial que o governo não se satisfaça em  tê-la apenas como um aceno de participação ou um ornamento  da democracia.

Os desafios são imensos. Maior, porém, é a responsabilidade do discernimento  que sabe onde estão as respostas e tem  o dever de validá-las.