por Luiz Carlos Azenha
Existe um submundo nas campanhas eleitorais, pouco investigado pela mídia. Fica na confluência do trabalho de arapongas do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), dos “agentes informais” da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), dos delegados ou ex-delegados de polícia com os pesquisadores contratados por campanhas para levantar a sujeira de adversários.
Esses dados podem nem mesmo ser usados durante a campanha, mas podem aflorar se forem convenientes para o assassinato de reputações ou oferecerem alguma perspectiva de causar impacto eleitoral.
Em 2008, por exemplo, tivemos uma tentativa preliminar de desqualificar a então ministra Dilma Rousseff com o dossiê dos gastos de cartão corporativo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:
Dossiê da Casa Civil contra FHC foi decisão de governo, anunciou na época o Estadão, sugerindo na manchete uma conspiração governamental.
Tivemos outros “dossiês” desde então, como a carta apócrifa com supostas acusações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, um caso único em que a própria vítima (ou suposta vítima) desqualificou o “dossiê”:
“Vítima” de “dossiê” da Folha reclama que a Folha inventou dossiê, eu escrevi na época.
Mais além, tivemos a reportagem da revista Veja com o sindicalista Wagner Cinchetto, tentando atribuir ao PT — e não a José Serra — a operação Lunus, que afastou Roseana Sarney da corrida eleitoral em 2002.
Hoje, aliás, Cinchetto estrela a página A8 do Estadão: É uma tentativa de desqualificar Serra na mão grande, diz ele.
Leandro Fortes, que acompanhou de perto o caso Lunus, rebateu essa “teoria” sobre o caso Lunus aqui.
Nunca é demais lembrar o discurso do próprio José Sarney, no Senado, denunciando o caso Lunus como uma operação que beneficiava José Serra. O discurso está aqui.
No caso da violação do sigilo de contribuintes por funcionários da Receita Federal, em Mauá, há várias possibilidades:
1. Que, de fato, possa ter partido de gente ligada a campanhas eleitorais;
2. Que possa ter sido crime comum, de gente disposta a promover achaques e extorsões;
3. Que tenha sido um serviço de contrainteligência, ou seja, “plantar” um problema para explorar no momento certo.
Ou seja, é prematuro chegar a uma conclusão a partir de fragmentos de informação, especialmente quando esses fragmentos podem ser descontextualizados para uso eleitoral.
É muito importante lembrar do grampo sem áudio, que derrubou Paulo Lacerda da ABIN e que nunca se materializou. Nem precisa mais aparecer o áudio: o objetivo político daquela denúncia de Veja foi atingido.
Agora, com José Serra em queda e o reduto eleitoral tucano em São Paulo ameaçado pela candidatura de Aloízio Mercadante, o uso de um ou mais dossiês faz sentido político, já que os eleitores mais suscetíveis a esse tipo de denúncia são os de classe média, para os quais o sigilo de dados financeiros conta.
José Eduardo Dutra, o presidente do PT, foi hábil ao lembrar que houve outras ocasiões em que dossiês foram usados pela oposição com a mídia se preocupando apenas em repercutir o conteúdo, sem denunciar o uso de dossiês.
Ou seja, tudo depende da conveniência política.
Seja como for, parece que chegou o momento Ali Kamel da campanha: serão algumas capas da revista Veja, sempre trazendo “bombas”, devidamente repercutidas no Jornal Nacional, com as manchetes produzidas pelos jornais enfeitando a propaganda eleitoral de José Serra.
Qual o impacto de um mês disso no resultado da eleição? A ver.
Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sábado, 28 de agosto de 2010
Globo repete no JN manipulação de 1989 no debate Lula x Collor e o esconde-esconde das Diretas Já O Jornal Nacional da TV Globo é obrigado pela legisl

No quadro "o dia dos candidatos", se o JN dá, por exemplo, 1 minuto para cada candidato, tem escolhido "os melhores momentos de Serra" (se é que isso é possível), e escondido os melhores momentos de Dilma.
Essa foi a mesma estratégia usada pela Globo em 1989, quando editou "os melhores momentos" do debate Lula x Collor em 1989. A Globo escolheu os melhores momentos de Collor, e os piores de Lula, não refletindo a verdade do que foi o debate.
Agora está fazendo o mesmo no JN, de forma mais dissimulada, porque é só cerca de 1 minuto por dia.
Ontem, na sexta-feira, colocou os dois candidatos falando sobre a sigilo fiscal de tucanos amigos de Serra, envolvidos em escândalos de corrupção (é claro que o JN não falou dos escândalos, e sim apresentou Serra como "vítima", e colocou Dilma respondendo sobre o mesmo assunto, e ela até se saiu bem, mas a questão é a pauta).
Por que não editar pergunta sobre o resultado das pesquisas, por exemplo? Dilma estaria respondendo satisfeita, mas que não há lugar para salto alto. E Serra com cara amarrada, dizendo não comentar pesquisas.
Uma edição honesta do telejornal poderia colocar Serra falando sobre o suposto "dossiê" que ninguém viu (a pauta de Serra), e Dilma falando das pesquisas (uma pauta razoável para Dilma).
Outra coisa inexplicável é o JN não mostrar os grandes comícios de Dilma. São comícios populares, muitos com mais de 20 mil pessoas, que é notícia em qualquer lugar do mundo. Mas o JN esconde, igual escondeu os comícios das "Diretas Já". Quem assiste ao telejornal da Globo de ontem não ficou sabendo que na noite anterior houve um grande comício em Salvador (BA). Foi o maior evento de campanha de Dilma naquela data, por isso o JN não poderia ignorar.
Com tudo isso, com toda essa manipulação, as intenções de voto em Dilma só aumentam, e as de Serra só caem.
Mídia eletrônica viola lei eleitoral ao apoiar acusações do PSDB

O vídeo acima, editado pelo blog Cloaca News, comprova o que a maioria do eleitorado já captou: emissoras de TV, rádios, jornais, revistas e portais de internet estão infringindo a lei eleitoral ao endossarem as acusações da campanha de José Serra contra o governo Lula de que este teria usado a Receita Federal para violar o sigilo fiscal de aliados do candidato tucano à Presidência, visando atingi-lo.
No vídeo, Willian Waack, sem perceber que o áudio do estúdio de gravação do Jornal da Globo estava aberto, mandou Dilma Rousseff calar a boca enquanto o telejornal exibia gravação em áudio e vídeo da candidata rebatendo as acusações tucanas – esse áudio aberto em telejornais ainda fará muitas vítimas.
Até aí, porém, não há infração da lei eleitoral.É óbvio que foi um descuido – a menos que a Globo tenha pirado de vez e esteja usando a estratégia de fingir vazamento de áudio para insultar a inimiga política. A violação da lei está nos comentários que vi e ouvi o âncora Waack fazer no mesmo Jornal da Globo ou a âncora Maria Lydia Flandoli fazer no da Gazeta, isto é, dar de barato que Dilma, Lula e o PT fizeram aquilo de que Serra os acusa.
É infração da lei eleitoral porque não há prova alguma, indício algum de que os petistas estejam envolvidos no vazamento. Há, apenas, a palavra dos tucanos, Serra à frente, o qual está sendo processado pelo PT por fazer acusação falsa.
Fora do período eleitoral já seria errado e passível até de reação dos acusados na Justiça, mas aí essa pratica apenas se amontoaria junto a montes de outras nas quais a mídia eletrônica fica ao lado dos tucanos contra os petistas sem que existam provas que sustentem uma tomada de posição. No período eleitoral, porém, a coisa é mais grave.
É inaceitável, fazerem isso. O eleitorado está demonstrando, pesquisa após pesquisa, que já esperava acusações como essa por parte da mídia e dos tucanos. Mas isso não elide o fato de que concessões públicas de rádio e tevê, que pertencem a petistas, tucanos, budistas, muçulmanos, corintianos e palmeirenses, entre tantos outros, não podem ser usadas em favor de um grupo político durante processos eleitorais.
E todos sabem que isso está acontecendo. O jornal O Globo, por exemplo, publicou matéria que deixa perfeitamente claro que a campanha de Serra está tentando usar o noticiário e a acusação sem provas que fez para reverter sua dramática situação eleitoral. Reproduzo, abaixo, matéria do veículo publicada em sua edição de sexta-feira.
Queda de Serra até em SP preocupa tucanos
Pesquisa do Datafolha mostra que Dilma cresceu mais e abriu vantagem de 20 pontos sobre o adversário
Gerson Camarotti, Cristiane Jungblut e Chico de Gois
O resultado da pesquisa Datafolha, divulgado ontem pela “Folha de S.Paulo” e que mostra que a petista Dilma Rousseff abriu vantagem de 20 pontos sobre o tucano José Serra, provocou um clima de desânimo na oposição. De forma reservada, a avaliação no PSDB é que, com este cenário, dificilmente haverá segundo turno.
Para tucanos, o maior pesadelo foi concretizado: Dilma ultrapassou Serra até mesmo em São Paulo, onde ele era governador até março. O sentimento generalizado no ninho tucano era de surpresa e perplexidade. E também de que, agora, só mesmo uma reviravolta na campanha poderia mudar este quadro.
A pesquisa, realizada nos dias 23 e 24, mostra Dilma com 49% das intenções de voto, contra 29% de Serra e 9% da candidata do PV, Marina Silva.
Segundo a pesquisa, a dianteira de Dilma se consolidou em todas as regiões do país e também em todas as faixas de renda, inclusive entre os que ganham mais de dez salários mínimos: entre esses eleitores, em pouco mais de 15 dias, Dilma passou de 28% para 40%, enquanto Serra caiu de 44% para 34%.
Numa última tentativa, a ordem, ainda que não consensual na campanha tucana, foi de jogar todas as fichas no episódio da violação do sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e de outras três pessoas ligadas ao partido.
Mas há entre setores da campanha de Serra o temor de que essa agenda negativa amplie a rejeição do tucano. Outro número do Datafolha que preocupou muito o PSDB foi o da rejeição: 29% para Serra, contra 19% de Dilma.
(…)
Direi, então, o que pretendo fazer. Neste momento, ao terminar de escrever este post – às 14 horas de sábado, 28 de agosto de 2010 – enviarei consulta ao setor jurídico do Movimento dos Sem Mídia para que façamos um estudo sobre a ilegalidade contida no que acabo de escrever.
Concomitantemente, aguardarei o posicionamento do PT durante a semana. Se o jurídico do MSM disser que a ilegalidade que estou detectando existe e se o PT não tomar uma atitude contra esse escândalo, contra essa afronta à democracia, a organização que presido irá bater de novo às portas da Justiça Eleitoral exatamente como fez por conta da falsificação de pesquisas.
PS: vídeo acima será o primeiro de todos os OUTROS vídeos e áudios que juntaremos à representação como evidências do estupro da lei eleitoral pela mídia eletrônica.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O Pará e o Brasil não são o que o jn mostrou. O jn é uma fraude


Publicado em 27/08/2010 Compartilhe
O Brasil do jn é o da prostituição infantil
Amigo navegante Antonio, paraense, liga de Belém para demonstrar profunda irritação com a visão haitiana do Brasil, pelo jornal nacional.
Clique aqui para ler “jornal nacional usa o patrocínio do Bradesco para denegrir a imagem do Brasil”.
Diz o Antonio.
Para ir a Jacundá, no Pará, o jornal nacional teve que fazer escala em Marabá, não é isso ?
Por que ele não deu um pulinho a Marabá ?
A reportagem sobre Jacundá faz parte dessa nova espécie de jornalismo aero-rocambolesco, para denegrir a imagem do Brasil – do jeito que o Ali Kamel gosta.
Marabá talvez seja o maior pólo de crescimento da economia brasileira hoje.
Marabá é uma China de crescimento econômico.
A Vale constrói ali uma usina de laminados, a Alpa, que, sozinha, cria 18 mil empregos.
A Alpa será uma das principais beneficiárias da usina de Belo Monte.
(Belo Monte, que a urubóloga Miriam Leitão criticou tanto, será a terceira maior hidrelétrica do mundo – um horror !)
Por causa da Alpa e da energia de Belo Monte, 40 indústrias se instalarão em Marabá.
Em Marabá passa uma das maiores pontes ferroviárias sobre rio do mundo, para levar o minério de ferro que sai de Carajás a caminho do Maranhão.
Veja que horror !
A população de Marabá deve crescer 150% até 2014.
Até lá serão criados 70 mil novos empregos e a associação comercial calcula que serão investidos US$ 33 bilhões.
No momento em Marabá se constrói um shopping-center de 30 mil metros quadrados de área de loja , com lojas âncoras do padrão de Riachuelo, Marisa e C&A.
O responsável pelo empreendimento é o grupo Leolá, que tem mais de 60 lojas na região de Marabá.
O jornal nacional, amigo navegante, é uma fraude.
Esse sorteio das cidades brasileiras pelo jornal nacional lembra muito o Globope.
Veja como o jornal nacional descreve o Brasil (e o Pará):
Violência é um dos principais problemas de Jacundá, PA
Terceiro destino do JN no Ar é a quinta cidade mais violenta do Pará, e 96% da população não tem acesso ao sistema de esgoto.
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O sorteio de quarta-feira, aqui no Jornal Nacional, determinou que a equipe do JN no Ar cruzasse o Brasil, do Sul para o Norte, em direção à cidade de Jacundá, no Pará.
Nesta quinta, antes de mostrar a reportagem do Ernesto Paglia, a gente vai apresentar algumas informações importantes sobre o estado.
Pará: 7,5 milhões de habitantes. É o estado mais populoso do norte, e o que produz mais riquezas. Apesar disso, tem o menor rendimento médio mensal da região.
Os paraenses convivem com a segunda maior taxa de homicídios do país. Por outro lado, são os que têm a maior expectativa de vida do Norte.
“A diversidade nossa é imensa: suco de cupuaçu, nosso tacacá, nossa maniçoba, nosso pato no tucupi”.
Mais da metade dos moradores não recebe água encanada, e 96% não têm esgoto. O analfabetismo atinge 9,3 % da população, um pouco abaixo da média nacional, que é de 9,8%.
O Pará tem 4,7 milhões de eleitores. Para chegar ao destino, o jato que leva a equipe do repórter Ernesto Paglia pousou em Marabá, no Aeroporto João Corrêa da Rocha.
O repórter Ernesto Paglia falou, ao vivo, do aeroporto e contou o que eles encontraram em Jacundá.
Vocês sabem que Jacundá é uma destas comunidades relativamente jovens do Norte do país. Parece que as pessoas foram se implantando na cidade, de forma pioneira; e o Estado, as instituições e a lei só vão chegando aos poucos, e nem sempre são bem assimilados, bem adaptados pela população local, esses pioneiros que estão lá.
São só 15 km asfaltados de Marabá até Jacundá, mas mesmo esta é uma viagem bastante sacrificada.
A estrada de Jacundá é estreita, marcada por remendos e freadas de caminhão.
A política é tensa. E aparece logo na chegada. Somos rodeados por partidários do candidato que teve mais votos em 2008, mas não assumiu a prefeitura, por causa de problemas com a Justiça Eleitoral.
“Estamos em um processo democrático que Jacundá não está tendo”.
“Tenho 16 anos e posso andar de moto. Aqui é assim, não tem lei não”.
Nas ruas, não vimos viaturas. Só uma blitz da Polícia Rodoviária, fora da cidade.
Mesmo na rodovia, a fiscalização não resolve. Motoqueiros irregulares esperam no acostamento até o bloqueio ir embora. E nem pensam em legalizar a própria situação. “Eu estou sem carteira, porque o governo não dá chance pra gente. É culpa do governo, porque eu tenho que desembolsar R$ 1,5 mil, e eu ganho um salário mínimo. Ainda tenho que ir em Marabá tirar carteira, porque em Jacundá não tira”.
Ilegalidade mais grave aparece no desabafo da moradora: “Tem violência, assassinatos, bandidagem”. Jacundá é a quinta cidade mais violenta do Pará, estado com o maior número de conflitos no campo do país, e o maior número de homicídios no Norte.
Em uma reunião anual, que estava acontecendo nesta quinta-feira em Jacundá, encontramos gente preocupada com outros problemas da cidade: a prostituição infantil e o abuso sexual de menores.
Ano passado, 52 casos de violência sexual foram registrados em Jacundá. Uma agricultora procurou o Conselho Tutelar semana passada para denunciar um vizinho abusou da filha dela, deficiente mental, de quatorze anos: “Ele aproveitou que ela tem esse problema, e se aproveitou dela”.
As madeireiras são importantes na economia de Jacundá. Uma das maiores é de um ex-prefeito. Parte da madeira, diz o dono, é nativa, retirada sob supervisão da Secretaria do Meio Ambiente do Pará. A outra vem do replantio de áreas que já foram exploradas no passado.
“Nós estamos partindo para o reflorestamento, porque agora nós temos condições para reflorestar”, disse o dono da madeireira, Adão Ribeiro.
Cuidar do futuro ainda é exceção por aqui. As pequenas carvoarias, que concentram muitos casos de trabalho escravo, mostram o lado mais atrasado deste pedaço do Pará.
“Todos que estão aqui, com certeza não queriam estar aqui. Mas fazer o que?”.
Paulo Henrique Amorim
O que aconteceu com o PSDB?

BLOG BISCOITO FINO E A MASSA.
Antes do post, dois avisos:
1. Este é um post para quem tem paciência de ler.
2. Este post utiliza trechos de um livro meu, já publicado. O post foi escrito por sugestão de Alexandre Nodari, a quem agradeço.
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Depois do baile de Marcos Coimbra, do Vox Populi, no Datafolha, da revelação de que, mesmo de acordo com este último, Dilma já ultrapassou Serra até em São Paulo, da chegada do guru indiano, do abraço dos afogados, do pedido de Serra ao PSTU e da inesquecível estreia de Soninha como coordenadora do site de campanha de Serra, postando no Twitter uma foto do candidato com ….. Bento XVI! (pela repercussão já se vê quão apropriado era o gesto para o público do Twitter, né?), a verdade é que hoje eu não consegui preparar um post sério sobre as eleições.
Entremos em outra conversa. Afinal de contas, há um grande mistério a se desvendar. Como a campanha do PSDB se esfacelou desse jeito? Se eu acreditasse em teorias conspiratórias, diria que algum aloprado do PT se infiltrou lá dentro e está comandando a campanha.
Sou um total e absoluto viciado em eleições. Acompanho-as, bem de perto, aqui e aí no Brasil, desde 1982. Eu lhes juro que jamais vi um colapso parecido. Talvez o que aconteceu com os democratas, na eleição de 1984, nos EUA, chegue perto. Ou o colapso dos radicais, na Argentina, depois do governo de Alfonsín.
Já que não tem nenhuma graça tripudiar dos caras--deixemos essa tarefa para gente mais competente--, passemos a analisá-los, sério mesmo.
Nos últimos dias, foram publicados três excelentes textos sobre a história recente do PSDB. Tenho dois centavos a acrescentar-- e são realmente só dois centavos. Vladimir Safatle publicou na Folha um artigo intitulado O Colapso do PSDB, cujo tom era basicamente de perplexidade. Como é que o PSDB virou isso?, parece perguntar-se o texto. Safatle—pensador que admiro e de quem vocês ainda vão ouvir falar muito--rememora a época em que ele votava no partido e menciona a contradição: víamos uma geração de políticos que citavam, de dia, Marx, Gramsci, Celso Furtado e, à noite, procuravam levar a cabo o “desmonte do estado getulista”, “a quebra da sanha corporativa dos sindicatos”, ou “a defesa do Estado de direito contra os terroristas do MST”.
A perplexidade do Safatle se explica facilmente. As coisas não foram bem assim. Quando os tucanos começam a falar em “virar a página do getulismo”, Celso Furtado (quem dirá Marx ou Gramsci) já não eram exatamente ídolos por lá. Isso, o texto do João Villarverde mostra muito bem, ao detalhar que a equação que FHC tinha que resolver era unir a ala mais PUC-Rio de Bacha, Franco e Fristch, com outra mais heterodoxa, dos irmãos Mendonça de Barros, outra mais fiscalista, com Serra, e outra com visão sofisticada de gestão pública, como Bresser e Nakano e a turma mineira, que começava a dar as caras . O que faz FHC? Aposta tudo na ortodoxia da PUC-RJ. Por isso está corretíssimo o João quando diz que os números positivos que vemos hoje de desemprego baixíssimo, salários em alta e transferências de renda para redução da terrível desigualdade social que (ainda) temos, não vêm de FHC. Esses números vêm de escolhas feitas pelo governo Lula.
O Celso de Barros já trabalha mais o lado político da coisa. A tese do Celso é que foi o governo FHC quem possibilitou a unificação dessa turma. Para um partido que nascia de uma dissidência parlamentar, sem nenhuma base no movimento social, foi aquela conjuntura bem particular de 1993-4, do Plano Real, que tornou possível que se criasse ali uma unidade. A conversa que o João propõe ao PSDB-- entre os fiscalistas, os gerentes e os desenvolvimentistas--, se ela acontecesse, provavelmente levaria o PSDB a … ser base do governo Lula! É a conclusão do Celso.
Pois bem. Onde entram meus dois centavos? Numa tese simples: você não vai entender o PSDB se você voltar a 1988. Tem que voltar mais. Minha proposta é que voltemos a 1975. É a data de publicação de Autoritarismo e redemocratização, do FHC. Trata-se (e isso, só para esclarecer, é tese minha, não é fato histórico com o qual todo mundo concorde) do livro que estabelece a forma como a transição democrática entenderia a ditadura militar. O que faz FHC naquele livro? Por um lado, ele critica—corretamente, a meu ver—setores da esquerda que caracterizavam o estado ditatorial brasileiro como “fascista”. Por outro lado, ele propõe a tese de que a ditadura era fruto do interesse de uma burocracia estatal hipertrofiada. Dito assim, parece coisa de doido, mas a minha tese é que ali naquele livro, em 1975, se articula a concepção de estado que possibilitaria a hegemonia conservadora na transição de 1985.
Como? Vamos ao livro.
Segundo FHC, a razão de ser do estado ditatorial no Brasil deveria ser procurada menos nos interesses políticos das corporações multinacionais (que preferem formas de controle estatal mais permeáveis a seus interesses privados) do que nos interesses sociais e políticos dos estamentos burocráticos que controlam o Estado (civis e militares) e que se organizam cada vez mais no sentido de controlar o setor estatal do aparelho produtivo (pag.40).
Trocando em miúdos? Para FHC, já em 1975, a ditadura não era produto do interesse de classe capitalista, mas do excesso de burocracia do estado.
A eficácia ideológica dessa tese reside na curiosa identificação entre autoritarismo político e estatismo econômico, como se os dois caminhassem necessariamente juntos. O modelo explicativo de FHC pressupunha que um estado ditatorial é menos permeável a "interesses privados." FHC manufaturava a miragem de uma burocracia que atuava em seu próprio nome, uma "burguesia estatal"--e a expressão é do próprio FHC, não minha--com interesses misteriosamente não coincidentes com os do capital multinacional. Esta fantasia ideológica teve, não cabe dúvida, papel central na consolidação da hegemonia liberal-conservadora na "transição à democracia." Ao fim e ao cabo, a ditadura, FHC nos faz crer, nunca operou segundo o interesse da classe capitalista, mas de uma anacrônica burocracia estatal. Enquanto corretamente criticava o rótulo de "fascista," dado aos regimes militares por setores da esquerda (esses regimes, diferentemente do fascismo, não se basearam na mobilização popular, não fizeram uso de uma estrutura partidária e não precisaram de expansão internacional), FHC redefinia as elites dirigentes como "burocracia de estado". Leiam, por favor, com atenção, essa citação extraída da página 133. O grifo é meu:
Vê-se, portanto, que não há símile possível entre as burguesias dependentes-associadas da América Latina e suas congêneres dos Estados Unidos ou da Europa. O espaço econômico da burguesia internacionalizada (inclusive, neste caso, dos setores locais desta burguesia) transcende os limites nacionais sem que precise de ajuda dos Estados locais... O escudo real das burguesias locais internacionalizadas, neste aspecto, é o conglomerado multinacional, protegido, e aliado com os estados das sociedades-matrizes. Ao contrário, os estados locais servem de suporte político mais para os "funcionários", os técnicos, os militares, os fragmentos desgarrados da burguesia local não integrados à internacionalização do mercado do que aos grandes interesses burgueses internacionalizados.
Trata-se aqui de um pedaço sólido de ideologia: os mercado-livristas nacionais e internacionais se convertem em fatores marginais no regime ditatorial, já que este último supostamente havia atuado em nome de uma misteriosa capa burocrática não redutível ao interesse de classe capitalista. Mantenha-se em mente o lembrete de que uma burocracia estatal, diferentemente de uma classe social dominante, pode ser removida do poder sem que se faça dano algum ao modelo econômico hegemônico. A definição da ditadura como "estado autoritário" prepara o caminho para o próximo passo, uma aliança opositora fortemente hegemonizada pelo conservadorismo neoliberal, com vistas a uma redemocratização que se reduz à desconcentração do poder político do executivo e nunca questiona o modelo econômico imposto pelas ditaduras. Ao fim e ao cabo, aqueles em cujo interesse se sustentavam os generais haviam sido cuidadosamente isentos de toda a responsabilidade na barbárie ditatorial.
Tese deste atleticano blogueiro: a teoria do autoritarismo foi a base ideológica dada pelas ciências sociais--e em particular, FHC--à hegemonia conservadora na chamada transição democrática. A teoria do autoritarismo é a língua da transição conservadora, não sua teoria. Não há contradição, portanto, entre FHC-o-firme-opositor-ao-regime-militar em 1975 e FHC-o-implementador-de-políticas- neoliberais em 1998. O primeiro foi, de fato, a condição de possibilidade do segundo. Não tem sentido, portanto, perguntar-se o que aconteceu com o valente soldado da democracia. FHC jamais "traiu" nada. O que ele entendia por "democracia" estava dado já em 1975.
Segundo FHC, o êxito das políticas econômicas oficiais dependia da capacidade que o estado tivesse para tornar-se, mais e mais, empresário e gestor de empresas. Com isso, em vez do fortalecimento da "sociedade civil" - das burguesias - como parecia desejar a política econômico-financeira, foi robustecendo a base para um Estado expansionista, disciplinador e repressor (pag.199). Qual é o gesto de FHC, então, em 1975? Apresentar a ditadura como produto de uns poucos burocratas estatais, opostos em tudo à "sociedade civil," esta segunda estranhamente reduzida à burguesia liberal. Posto de tal modo o assunto, a eleição política se limitava inevitavelmente a um cardápio de duas alternativas: democracia ou autoritarismo. A aliança liberal-conservadora que levaria Tancredo Neves e José Sarney ao poder podia agora aparecer como a encarnação de uma ânsia universal de democracia.
Por isso, acredito que erram os amigos de esquerda que lamentam que FHC "traiu" os seus ideais dos anos 70. O projeto do estado mínimo, e a essa curiosa associação entre empreendedorismo estatal e excessiva concentração burocrática, com tendências ditatoriais, já estava dada em 1975. Depois desse passeio histórico, não há como manter a tese de que a saída para a democracia brasileira é uma aliança entre PT e PSDB. Essa aliança já era impossível desde antes que esses partidos fossem criados.
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PS: O blog do Noblat publicou o baile de Marcos Coimbra no Datafolha com título falso. O título correto do texto é "Pesquisas polêmicas" e não inclui a palavra "vexame".
PS 2: O blog do Josias de Souza mentiu ao dizer que no almoço de Lula na Folha de São Paulo, em 2002, onde ele foi destratado, Frias Filho não lhe havia perguntado como ele poderia governar sem falar inglês (episódio relatado por Lula no comício de anteontem em Campo Grande). Perguntou, sim. A pergunta foi relatada por Ricardo Kotscho, testemunha ocular, no livro Do Golpe ao Planalto (Companhia das Letras), publicado em 2006. Quatro anos se passaram desde a publicação do livro de Kotscho.
O cheiro de povo deixa a elite nervosa
A colunista da “massa cheirosa”, Eliane Catanhêde, da Folha de S.Paulo (coloco o vídeo para você matar as saudades), prevê hoje uma tsunami devastadora de Dilma Rousseff na eleição de 3 de outubro, arrastando com ela uma série de candidatos que a apoia e ameaçando a oposição de extermínio.
A jornalista da Folha mostra-se preocudíssima com a expectativa de eleição folgada de Dilma e de uma maioria no Congresso que lhe permita governar tranquila. Como a expectativa é de crescimento da economia, Dilma poderá manter e ampliar os programas sociais de Lula, criar mais empregos e levar adiante as obras de infra-estrutura que o país precisa, agradando tambem os investidores.
Seria o melhor dos mundos, com a população feliz e o país se desenvolvendo, mas a colunista está preocupada com um detalhe: “Tudo isso projeta ausência de oposição, de contraditório, de fiscalização e de crítica. Lula cuidou bem desse probleminha”, escreveu ela.
“Probleminha”, vejam só.
A D. Catenhêde queria que governo facilitasse a disputa eleitoral para melhorar o desempenho da oposição? Quer dizer que é feio ter o apoio da população e ganhar uma eleição de lavada?
A presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, diretora do grupo em que D. Catanhêde trabalha, já disse que a imprensa está aí mesmo para fazer o papel da oposição. Portanto, podem ficar tranquilos. Vai ter oposição. O que terá cada vez menos para o Partido da Massa Cheirosa é eleitor. E leitor.
Comício de Wagner e Dilma reúne 20 mil em Salvador (BA)

Historicamente conhecida como a “Praça do Povo”, a Castro Alves trajou-se de vermelho na noite desta quinta-feira (26) para saudar o presidente Lula (PT), a sua candidata na sucessão presidencial, Dilma Rousseff (PT), e o governador e candidato à reeleição, Jaques Wagner (PT), durante o primeiro comício da campanha em Salvador. “Hoje é um dia especial, porque estou aqui para pedir votos para “ companheiros que eu acredito”, afirmou Lula, sob aplausos.
PORTAL VERMELHO.
Imagens do comício em Salvador
Mais de 20 mil pessoas,segundo cálculos da Casa Militar, empunhando bandeiras e sob os gritos de “Olê, Olê, Olê, Olá, Dilma,Lula!”, transformaram o evento em uma grande festa de apoio à continuidade do projeto político implantando por Lula desde 2003 e seguido por Wagner, na Bahia, com a vitória eleitoral em 2006.
“Aqui na Bahia, tivemos a parceria de um companheiro excepcional, que é meu amigo, amigo de Lula, mas acima de tudo, é amigo dos baianos e baianas. Foi Wagner que conseguiu mudar a história deste estado, criando uma nova sociedade, que, assim como na luta do 2 de Julho, não aceita imposição. É um governo comprometido com a geração de empregos, que ajudou a implantar o Bolsa Família, que luta pela Bahia e que comunga dos mesmos objetivos que nós”, destacou Dilma.
Em pesquisa Datafolha publicada hoje, a candidata ampliou ainda mais a vantagem sobre José Serra (PSDB): 49% ante 29% do tucano. Considerando-se apenas os votos válidos, Dilma venceria a disputa para presidente já no primeiro turno, com 55% da preferência do eleitorado, contra 33% de Serra e 10% de Marina Silva (PV). Ainda segundo o levantamento, 63%dos eleitores acreditam na eleição de Dilma Rousseff para presidente da República.
“Tenho convicção de que ela (Dilma) vai fazer mais e melhor que o nosso mandato. E, para eleger Dilma, temos que reeleger esse grande companheiro, que está fazendo bem pra Bahia e, tenho certeza, irá fazer muito mais, porque agora estamos mais bem preparados”, ratificou o presidente, referindo-se ao amigo, Jaques Wagner.
O governador lidera absoluto as pesquisas de sucessão estadual desde novembro; sempre apontado como vitorioso no primeiro turno. “Precisamos de mais quatro anos para aprofundar e acelerar as mudanças, para que a Bahia colha frutos ainda maiores das ações implantadas no primeiro mandato, que diminuíram as desigualdades sociais no estado e estão em sincronia com o projeto político do presidente Lula e da candidata Dilma Rousseff”, afirmou Wagner.
Mantendo-se cauteloso quanto às pesquisas, convocou a militância a seguir firme e atuante na campanha. “Nesses 37 dias até as eleições, vamos manter a bandeira em punho, calor no coração, raciocínio na cabeça e vamos, a cada dia, ganhar votos para Dilma, para mim, para Pinheiro e para Lídice. Precisamos eleger o time completo de Lula”, conclamou.
A eleição dos dois senadores da coligação “Pra Bahia Seguir em Frente” também foi ressaltada por Dilma e Lula, que também lembrou da importância de eleger uma bancada forte na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa. “Essa turma que está aqui atrás no palco precisa ser eleita; os deputados estaduais e federais para ajudar tanto Wagner, aqui na Bahia, quanto Dilma, no Congresso Nacional. São candidatos que fazem um trabalho extraordinário, sempre levantando a nossa bandeira”, disse Lula. “Não vamos tirar voto dos deputados da nossa coligação. Tem muito voto pra gente tirar dos opositores de Lula e Dilma”, endossou Jaques Wagner.
Além dos diversos candidatos e candidatas a deputado dos partidos aliados, o comício reuniu o corpo de ministros do Governo Lula, a exemplo de José Gomes Temporão (Saúde), Orlando Silva (Esporte), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Márcio Fortes (Cidades) e Juca Ferreira (Cultura). Entre as lideranças presentes, também estavam o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli; e o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo - ANP, Haroldo Lima.
“O mais importante nesta eleição é que o povo tem mostrado que deseja a continuidade do nosso projeto político; e não a mudança. Tanto no Brasil, quanto na Bahia, isso vem se consolidando com eleições, que podem se resolver no primeiro turno. Por isso, considero este o momento mais feliz da campanha”, comemorou Lima.
De Salvador,
Camila Jasmin
O ANTI-PATRIOTISMO DEM- PSDB MIDIA

Os caras não tem medo nenhum do ridículo, né? Nem falo do leitor, já que tem maluco para tudo, mas dos editores do Estadão, em selecionarem uma opinião assim... O Brasil crescerá 7% este ano, enquanto o desemprego só aumenta nos EUA. Além isso, os movimentos neonazistas anti-imigrantes vem se expandindo aceleradamente por lá. Como é possível que, nestas circunstâncias, o jornalão paulista publique uma carta que degrada nossa democracia e incentiva a imigração para os Estados Unidos?
A cartinha é uma entre várias publicadas pelo Estadão em sua edição impressa de hoje, reverberando o editorial de ontem, intitulado O risco de um PRI brasileiro. O editorial é uma péssima análise política, e sua maior debilidade é justamente não dar conta das razões do fracasso do PSDB. Comparar Brasil ao México de 70 ou 80 anos atrás, ignorando as mudanças profundas no mundo, na comunicação, na tecnologia, nas organizações internacionais, nas diferenças políticas, sociais, antropológicas, industriais, agrícolas, culturais, entre o Brasil de hoje e o México dos anos 30, é mais do que estupidez intelectual, é desonestidade.
# Escrito por Miguel do Rosário
Do Óleo do Diabo
MANCHETES PEDAGÓGICAS DESTA SEXTA- FEIRA 27-08- 2010

[24 horas depois que Dilma abriu 20 pontos sobre Serra]
* Jornal do Brasil: 'Só um escândalo derruba Dilma'
* Globo: 'Núcleo da Receita no ABC devassou dados de 140'
*Zero Hora: 'Oposição se une em ataque ao PT pela quebra de sigilos'
*Estadão: 'Suspeitos de violar sigilo de tucanos são blindados pela Receita'
*Globo online: 'Numa última tentativa, a ordem, ainda que não consensual na campanha tucana, foi de jogar todas as fichas no episódio da violação do sigilo fiscal... "
Os dossiês e o submundo das campanhas eleitorais

por Luiz Carlos Azenha
Existe um submundo nas campanhas eleitorais, pouco investigado pela mídia. Fica na confluência do trabalho de arapongas do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), dos “agentes informais” da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), dos delegados ou ex-delegados de polícia com os pesquisadores contratados por campanhas para levantar a sujeira de adversários.
Esses dados podem nem mesmo ser usados durante a campanha, mas podem aflorar se forem convenientes para o assassinato de reputações ou oferecerem alguma perspectiva de impacto eleitoral.
Em 2008, por exemplo, tivemos uma tentativa preliminar de desqualificar a então ministra Dilma Rousseff com o dossiê dos gastos de cartão corporativo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:
Dossiê da Casa Civil contra FHC foi decisão de governo, anunciou na época o Estadão, sugerindo na manchete uma conspiração governamental.
Tivemos outros “dossiês” desde então, como a carta apócrifa com supostas acusações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, um caso único em que a própria vítima (ou suposta vítima) desqualificou o “dossiê”:
“Vítima” de “dossiê” da Folha reclama que a Folha inventou dossiê, eu escrevi na época.
Mais além, tivemos a reportagem da revista Veja com o sindicalista Wagner Cinchetto, atribuindo ao PT — e não a José Serra — a operação Lunus, que afastou Roseana Sarney da corrida eleitoral e m 2002.
Hoje, aliás, Cinchetto estrela a página A8 do Estadão: É uma tentativa de desqualificar Serra na mão grande, diz ele.
Leandro Fortes, que acompanhou de perto o caso Lunus, rebateu essa “teoria” sobre o caso Lunus aqui.
Nunca é demais lembrar o discurso do próprio José Sarney, no Senado, denunciando o caso Lunus como uma operação que beneficiava José Serra. O discurso está aqui.
No caso da violação do sigilo de contribuintes por funcionários da Receita Federal, em Mauá, há várias possibilidades:
1. Que, de fato, possa ter partido de gente ligada a campanhas eleitorais;
2. Que possa ter sido crime comum, de gente disposta a promover achaques e extorsões;
3. Que tenha sido um serviço de contrainteligência, ou seja, “plantar” um problema para explorar no momento.
Ou seja, é prematuro chegar a uma conclusão a partir de fragmentos de informação, especialmente no momento em que esses fragmentos podem ser descontextualizados para uso com proveito eleitoral.
É muito importante lembrar do grampo sem áudio, que derrubou Paulo Lacerda da ABIN e que nunca se materializou. Nem precisa: o objetivo político daquela denúncia de Veja foi atingido.
Agora, com José Serra em queda e o reduto eleitoral tucano em São Paulo ameaçado pela candidatura de Aloízio Mercadante, o uso de um ou mais dossiês faz sentido político, já que os eleitores mais suscetíveis a esse tipo de denúncia são os de classe média, para os quais o sigilo de dados financeiros conta.
José Eduardo Dutra, o presidente do PT, foi hábil ao lembrar que houve outras ocasiões em que dossiês foram usados pela oposição com a mídia se preocupando apenas em repercutir o conteúdo, sem denunciar o uso de dossiês.
Ou seja, tudo depende da conveniência política.
Seja como for, parece que chegou o momento Ali Kamel da campanha: serão algumas capas da revista Veja, sempre trazendo “bombas’, devidamente repercutidas no Jornal Nacional pelo Ali Kamel, com as manchetes produzidas pelos jornais enfeitando a propaganda eleitoral de José Serra.
Qual o impacto de um mês disso no resultado da eleição? A ver.
O colapso político do projeto do PSDB no Brasil

Sem programa, sem agenda e sem candidato com cara definida, o PSDB arrasta-se pela campanha à espera de um milagre e com um objetivo central: não perder o controle de São Paulo, onde sua blindagem também começa a fazer água. O crescimento do candidato do PT, Aloisio Mercadante, já detectado por pesquisas, acendeu a luz vermelha no quartel general tucano. Mudando de identidade e de estratégia a cada semana, campanha de Serra dá sinais de desespero e tenta se agarrar em velhas denúncias requentadas. Desorientação tucana é expressão do colapso da agenda política do PSDB para o país.
Marco Aurélio Weissheimer
Por que, na contramão da maré nacional, os tucanos ainda são fortes em São Paulo? A pergunta, feita pelo sociólogo Emir Sader em seu blog nesta página, expressa a percepção cada vez mais forte de que o PSDB ingressou em uma fase de acentuado declínio. Se esse declínio é de longo, médio ou curto alcance só o tempo dirá. Mas há fatos que apontam para o fim de um ciclo político ou, ao menos, o fim de uma agenda política e econômica que, no Brasil, foi abraçada principalmente pelo PSDB. Um deles é o fato de o candidato tucano à presidência da República, José Serra, ter sido ultrapassado pela candidata Dilma Rousseff (PT) em São Paulo, o reduto mais forte do PSDB e maior colégio eleitoral do país com cerca de 30 milhões de eleitores.
Segundo o Instituto Datafolha, Dilma tem 41% das intenções de voto em São Paulo, contra 36% de Serra. Na pesquisa anterior do mesmo instituto, Dilma tinha 34% e Serra, 41%. A candidata do PT também ultrapassou Serra no Rio Grande do Sul e no Paraná. No Estado governado pela tucana Yeda Crusius, Dilma passou de 35% para 43%, enquanto Serra caiu de 43% para 39%. De modo similar, no Paraná, a candidata do PT saltou de 34% para 43% e Serra caiu de 41% para 34%.
Dilma Rousseff também está na frente dos dois maiores colégios eleitorais depois de São Paulo. Em Minas, passou de 41% para 48% (Serra caiu de 34% para 29%) e no Rio de 41% para 46% (Serra caiu de 25% para 23%). No plano nacional, ainda segundo o Datafolha (último instituto a apontar a ultrapassagem de Dilma sobre Serra), a candidata petista tem 49% das intenções de voto, contra 29% de Serra. Esses números correspondem à pesquisa divulgada pelo Datafolha dia 26 de agosto.
Curitiba é hoje a única das grandes capitais do país onde Serra tem vantagem (40% x 31%), mas mesmo aí a diferença vem caindo. Repetindo indicadores e tendências que vêm sendo apontadas por outros institutos (como Vox Populi, Sensus e Ibope), Dilma cresce em quase todos os segmentos do eleitorado.
O início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que era considerado um trunfo pela campanha de Serra, só fez a vantagem de Dilma aumentar. Na pesquisa realizada pelo Datafolha, 54% dos entrevistados disseram que o programa de Dilma é melhor e que ela tem um melhor desempenho na TV. Serra ficou com apenas 26% de apoio neste quesito. Além disso, a percepção de vitória da candidata governista só aumenta: ainda segundo o Datafolha, 63% dos eleitores acreditam que Dilma vencerá a eleição presidencial.
O fim da Terceira Via
A queda de Serra, para além dos problemas que sua candidatura enfrenta na campanha eleitoral, expressa o declínio da agenda política do PSDB no Brasil. O fato de Serra esconder o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e utilizar a figura do presidente Lula em seu programa é a confissão de derrota de um programa. Uma derrota que não se limita ao caso brasileiro. O cientista político José Luís Fiori associa esse declínio ao fracasso da agenda da chamada Terceira Via em todo o mundo (ler artigo nesta página):
O que mais chama a atenção não é a derrota em si mesma, é a anorexia ideológica dos dois últimos herdeiros da “terceira via”. Não se trata de incompetência pessoal, nem de um problema de imagem, trata-se do colapso final de um projeto político-ideológico eclético e anódino que acabou de maneira inglória: o projeto do neoliberalismo social-democrata.
Campanha sem identidade
Essa é a chave para compreender a desorientação da campanha de Serra, que muda de cara todas as semanas. Já tivemos o Serra bonzinho, o malvado, o seguidor de Lula, o destruidor do Mercosul. A cada pesquisa e a cada ampliação da vantagem de Dilma muda a estratégia da campanha tucana. A mais recente é tentar ressuscitar o caso fraudulento de um suposto dossiê que teria sido elaborado por pessoas ligadas ao PT. Nos últimos dias, a denúncia foi requentada e voltou para as páginas dos jornais e para o programa de Serra. No contexto atual, é um tiro no pé, visto que evidencia o clima de desespero que vai tomando conta do PSDB.
Desespero acentuado pela situação do partido em nível nacional, onde seus candidatos escondem Serra de suas propagandas na TV, no rádio e mesmo em panfletos. Um dos casos mais patéticos ocorre no Rio Grande do Sul, onde a governadora tucana Yeda Crusius omite o nome de Serra de suas falas no rádio e na TV. Serra, por sua vez, não faz questão de aparecer ao lado de Yeda, que ostenta quase 50% de rejeição do eleitorado nas pesquisas que vêm sendo divulgadas.
Sem programa, sem agenda e sem candidato com cara definida, o PSDB arrasta-se pela campanha à espera de um milagre e com um objetivo central: não perder o controle de São Paulo, onde sua blindagem também começa a fazer água. O crescimento do candidato do PT, Aloisio Mercadante, já detectado por pesquisas, acendeu a luz vermelha no quartel general tucano.
extra !, extra ! SSERRA E DEM-PSDB BATEM COM RABO NA CERCA

“Dossiê do sigilo” nasceu com
filha do Serra e irmã de Dantas
Publicado em 27/08/2010 Compartilhe
O “dossiê do sigilo” é a mais recente tentativa de colar na Dilma uma das baixarias do Serra – a Catanhêde, na Folha (*), pág. 2, chama de “banditismo”.
No tempo em que os bichos falavam e não havia blogosfera, o Serra e o PiG (**) conseguiram, em 2006, transformar a compra de ambulâncias superfaturadas pelo Ministério da Saúde, na gestão Serra – Barjas Negri – Marcelo Itagiba na fotografia da pilha de dinheiro dos aloprados.
Com a notável colaboração do delegado Bruno (onde anda o delegado Bruno ?), uma repórter da Folha (*) e um repórter da Rede Globo.
Isso colou, na época.
Com a providencial colaboração do Ali Kamel, a Globo, na véspera da eleição no primeiro turno, ignorou a queda do avião da Gol para mostrar por 54 minutos a foto do dinheiro.
E o Ali Kamel levou a eleição presidencial para o segundo turno.
Clique aqui para ler “O primeiro golpe já houve. Falta o segundo”.
A baixaria corrente consiste em atribuir à Dilma a tentativa de abrir os dados do Imposto de Renda do Preciado.
O PT vai entrar à Justiça para flagrar Serra nesse ato de baixaria explícita.
Clique aqui para ler sobre o “tiro no pé” e sobre a inutilidade de se conhecer mais ainda sobre as atividades do senhor Preciado.
Mas, não convém chamar papagaio de meu louro.
O dossiê começou lá atrás, quando se soube que vem aí um livro bomba que descreverá os porões da privataria do Governo Serra/FHC.
E quando reacendeu a discussão sobre a sociedade da filha do Serra com a irmã do Daniel Dantas.
Clique aqui para ver os documentos que unem a filha do Serra à irmã do Dantas, numa empresa em Miami (em Miami !).
Quando soube disso, o Serra entrou em parafuso.
Correu um frio nas costas gordurosas do PiG (**) e foi esse Deus nos acuda.
Então, vamos dar os nomes aos bois.
Vamos ver onde começa essa “crise do dossiê”:
Livro desnuda a relação de Serra com Dantas.
É por isso que Serra se aloprou
Publicado pelo Conversa Afiada em 04/06/2010
A bomba explodiu no colo do Serra
O Conversa Afiada recebeu de amigo navegante mineiro o texto que serve de introdução ao livro “Os porões da privataria” de Amaury Ribeiro Jr.
É um trabalho de dez anos de Amaury Ribeiro Jr, que começou quando ele era do Globo e se aprofundou com uma reportagem na IstoÉ sobre a CPI do Banestado.
Não são documentos obtidos com espionagem – como quer fazer crer o PiG (**), na feroz defesa de Serra.
É o resultado de um trabalho minucioso, em cima de documentos oficiais e de fé pública.
Um dos documentos Amaury Ribeiro obteve depois de a Justiça lhe conceder “exceção da verdade”, num processo que Ricardo Sergio de Oliveira move contra ele. E perdeu.
O processo onde se encontram muitos documentos foi encaminhado à Justiça pelo notável tucano Antero Paes e Barros e pelo relator da CPI do Banestado, o petista José Mentor.
Amaury mostra, pela primeira vez, a prova concreta de como, quanto e onde Ricardo Sergio recebeu pela privatização.
Num outro documento, aparece o ex-sócio de Serra e primo de Serra, Gregório Marin Preciado no ato de pagar mais de US$ 10 milhões a uma empresa de Ricardo Sergio.
As relações entre o genro de Serra e o banqueiro Daniel Dantas estão esmiuçadas de forma exaustiva nos documentos a que Amaury teve acesso. O escritório de lavagem de dinheiro Citco Building, nas Ilhas Virgens britânicas, um paraíso fiscal, abrigava a conta de todo o alto tucanato que participou da privataria.
Não foi a Dilma quem falou da empresa da filha do Serra com a irmã do Dantas. Foi o Conversa Afiada.
Que dedica a essa assunto – Serra com Dantas – uma especial atenção.
Leia a introdução ao livro que aloprou o Serra:
Os porões da privataria
Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem o que explicar ao Brasil.
Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como (Marin) é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia — do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil …
Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.
A trajetória do empresário Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.
(Ricardo Sergio é aquele do “estamos no limite da irresponsabilidade. Se der m… “, o momento Péricles de Atenas do Governo do Farol – PHA)
Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola, da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).
O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York. É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.
A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.
O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.
O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.
Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br, em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.
Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.
Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.
De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas… Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.
Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” — foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria…
Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.
(1)A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2)As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
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