Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Bessinha dá votos de Feliz 2011 !

Um dilema para Dilma


Reportagem de quinta-feira (9) do Jornal Nacional sobre o crescimento do PIB no penúltimo trimestre pode ser interpretada como prova definitiva de que Globo, Folha, Estadão, Veja e suas ramificações combaterão Lula até o último dia de seu governo – e não se tratará de uma saudável fiscalização da imprensa, mas de combate político-partidário.
Impressionou a reportagem daquele telejornal sobre a economia. Transformou boas notícias em más notícias. A queda do ritmo da economia no terceiro trimestre, apresentada sob insinuação de que revelaria debilidade do crescimento sustentado, ganhou destaque. Abaixo, a reportagem. Continuo em seguida.

Falou-se sobre queda no ritmo da indústria, por exemplo, justamente em um momento em que a indústria costuma desacelerar. E o que é pior: no âmbito de medidas decididas tomadas pelo governo – inclusive durante a campanha eleitoral, na forma de aumento dos juros – para reduzir o ritmo do crescimento.
De forma quase inacreditável, o principal telejornal da Globo compara o crescimento do PIB brasileiro no terceiro trimestre justamente com o crescimento de países que têm tido imensa dificuldade para crescer, como os Estados Unidos, o México ou o Chile.
Tratou-se de uma comparação descabida porque a economia brasileira vem recebendo estímulos do governo para diminuir sua taxa de crescimento – para controlar a inflação – e a economia americana, por exemplo, vem recebendo-os em sentido contrário. Crescemos sem querer no nível em que americanos crescem querendo e necessitando crescer mais.
Nas reportagens sobre o PAC, destacam o número de obras em vez de o empenho de recursos, ou seja, enquanto mais de oitenta por cento dos recursos ao programa terão sido investidos até o fim do governo Lula, essa imprensa destaca que o número de obras inconclusas – apesar de em execução devido à liberação de recursos – ficou pouco abaixo de quarenta por cento.
Estamos chegando a 2011 em uma fase inigualável de nossa história. O Brasil dos próximos anos tende a melhorar para todos, a distribuir renda, a fazer subirem os salários, a se impor como player global, a promover avanços revolucionários nos indicadores sociais, mas nada disso é informado à sociedade.
Há um quê de melancolia no noticiário. Destacam-se supostas e absurdas “rupturas” de Dilma Rousseff com o modelo de Lula com base em uma ou duas declarações que ela tem dado sobre diplomacia e comunicação. Surge um discurso, aliás, que poderia justificar uma redução da tensão entre essa imprensa e o novo governo, mas que não irá durar.
Tenta-se enquadrar a presidente eleita. A tese de que ela não levaria adiante as medidas para regular a comunicação – o que seja, levar adiante, por exemplo, a proibição decidida à propriedade cruzada de meios de comunicação – serve como uma proposta de redução do bombardeio se tais medidas não forem tomadas.
A grande questão política no ano que vem, portanto, será a postura que Dilma deverá adotar em relação à mídia conservadora. Se der sinais de que aceitará a proposta de não ser bombardeada em troca de não incomodar o setor, poderá ter um primeiro ano de governo mais tranqüilo.
Apesar de Lula ter sido acusado de ser excessivamente pragmático com a mídia, ela entende que não foi bem assim. Medidas para criar supostos “órgãos de controle da mídia”, a inaceitável (pela direita) questão das cotas para negros e a redução dos negócios com os americanos, entre outras, foram medidas que desencadearam a guerra midiática que se vê.
A decisão de Dilma sobre a proposta midiática pautará a situação política do país pelos próximos anos. Poderemos ter mais um governo sofrendo sabotagens diárias – ao arrepio do interesse da maioria de que o país vá bem –, com as inegáveis conseqüências deletérias previsíveis, ou a paz dos cemitérios.
Que escolha você faria, leitor? E qual acha que Dilma fará?

Impeça o choque de civilizações

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mídia inventa “rupturas” entre Lula e Dilma

EDUARDO GUIMARÃES _ BLOG CIDADANIA

Nos últimos dias, em duas oportunidades a mídia andou divulgando declarações da presidente eleita, Dilma Rousseff, que, segundo esses veículos, sugeririam alguma espécie de ruptura com políticas de seu antecessor direto, o presidente Lula.
Declaração dada por Dilma em várias oportunidades durante a campanha eleitoral, sobre a iraniana Sakineh, ameaçada de pena de morte em seu país, tornou-se novidade após ser repetida pela presidente eleita nos últimos dias.
A sucessora do presidente Lula declarou-se contrária ao apedrejamento da iraniana e a mídia interpretou tal declaração – ao menos para o seu público – como se representasse “ruptura” da política externa do novo governo em relação ao anterior.
O mais impressionante na teoria que essa forma de noticiar uma não-notícia encerra é a premissa de que o governo Lula algum dia teria apoiado a forma bárbara de execução da iraniana, contra quem não se sabe, de fato, o que pesa, mas que de maneira alguma justificaria forma tão bárbara de punição.
E agora surge outra notícia com o mesmo viés, de tentar sugerir outra ruptura que Dilma estaria ensaiando em relação ao governo de seu mentor político.
Durante a campanha eleitoral, Dilma afirmou várias vezes ser contra qualquer tipo de controle sobre a mídia, no que diz respeito a cercear opiniões e críticas ao governo. Na última quarta-feira, a presidente eleita voltou a repetir algo que já dissera várias vezes nos últimos meses.
Dilma afirmou o que já afirmara e de novo mídia volta a dizer que isso representaria ruptura.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo desta quinta-feira, “a presidente eleita, Dilma Rousseff, deu mostras mais uma vez de que, se decidir por enviar ao Congresso o projeto que cria o marco regulatório para as telecomunicações e radiodifusão, o fará sem qualquer previsão de controle de mídia”.
E para mostrar a suposta “ruptura” com o passado, o jornal ressalta que “Cerca de seis horas antes da manifestação de Dilma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma reunião com o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. Recebeu do auxiliar um esboço da proposta que cria uma agência de controle do conteúdo de rádios e TVs.”.
A preocupação da mídia é a de que essa agência “substituiria a Agência Nacional do Cinema (Ancine), teria poderes para multar as emissoras que veicularem programação considerada – por ela mesma, por critérios subjetivos – ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário”.
A parte mais engraçada é a de que uma agência de controle trabalharia sob critérios “subjetivos”, como se o trabalho da Anatel ou da Aneel dependesse dos humores dos dirigentes das agências.
Não há, no entanto, nenhuma garantia ou evidência concreta de que o governo Dilma promoverá mudanças na política externa ou que aposentará a regulação do setor de comunicação que, queiram ou não Estadão e companhia, ocorrerá.

Porque Nos Odeiam?


'Charge' Amoral Nato/ilariAmaral

Onde anda a traíra?


Por falar em traíção - vide o caso EUA e Wikileaks - onde anda a traíra da Marina ?


Parece que o PIG fez uso da moça e agora a abandonou da mesma maneira que fizeram com a doida da Heloísa Helena.

A partir de primeiro de janeiro Marina estará desempregada, sem mandato no senado e apagada da vida política nacional.

Triste fim de uma militante de esquerda que se bandeou para a direita.

A lista não deixa de ser longa afinal:

César Maia - Heloísa Helena - Freire do PPS, e tais e tais.

do Brasil Mostra a Tua Cara

LULA APÓIA 'WIKILEAKS'


LULA APÓIA 'WIKILEAKS'

...
O que acho estranho é que o rapaz que estava embaraçando a diplomacia americana... como é que chama? O WikiLeaks ... O rapaz foi preso e não estou vendo nenhum protesto (pela) a liberdade de expressão"
 (Presidente Lula cobra coerencia dos jornalões; 09-12)

BRASIL TEM O 2º MAIOR CRESCIMENTO MUNDIAL
INVESTIMENTOS LIDERAM A EXPANSÃO

PIB brasileiro cresceu 6,7% no 3º trimestre de 2010; em nove meses,  o crescimento foi de 8,4% frente ao mesmo período do ano passado. A consistencia do atual ciclo se reflete no salto registrado nos investimentos, que lideram a dinâmica da economia com expansão de 25,6% no acumulado em nove meses até setembro. (IBGE; 09-12)

 A LIQUIDEZ AMERICANA ESTÁ CHEGANDO:
ESPECULAÇÃO FINANCEIRA PRESSIONA INFLAÇÃO
"Nós estamos importando inflação de alimentos...O mercado futuro de commodities virou um espaço para rentabilizar o dinheiro de investidores e bancos, que não aplicam em títulos de países ricos porque os juros estão muito baixos", avalia Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores.O índice CRB, que aglutina os preços das principais commodities agrícolas, como soja, milho, trigo e algodão é negociado diariamente na Bolsa de Chicago (EUA). Dos 248 pontos registrados em junho, o CRB oscila hoje acima de 315 pontos - o patamar mais alto desde o pré-crise, quando o CRB chegou a atingir 400 pontos, sua máxima histórica. "Trata-se de especulação, embora muitos não gostem de denominar assim", reitera Silveira, que explica: "os investidores partem de questões estruturais, como os problemas de safra de trigo e algodão, que por sua vez causam impacto no milho e soja, e apostam na alta de preços, ganhando se essa alta se realizar." (Valor; 09-12)

FINANCEIRIZAÇÃO DA COMIDA  "a emissão de US$ 600 bilhões  não será suficiente para aquecer a economia americana. O Fed deve levar os estímulos a US$ 1 trilhão e estender as emissões até dezembro do ano que vem. Esse processo de 'financeirização' dos preços das commodities continuará diante da tsunami de liquidez que está no radar" ( Marcelo Carvalho, do BNP Paribas;Valor, 09-12)

 

(Carta Maior; Quinta-feira; 09/12/2010)

Toda solidariedade ao Wikileaks

Força e fragilidade do Ciberativismo

Este blog saiu do ar da madrugada até o meio da manhã desta quinta-feira. O fato ocorreu por razõe$ que nada têm que ver com ataques cibernéticos de hackers, crackers ou coisa que o valha, e muito menos devido a retaliações de qualquer tipo, mas a inacessibilidade desta página de ativismo político gerou reflexão ao seu editor sobre um fato que está ocorrendo agora mesmo e que simboliza, na prática, uma grave ameaça ao ciberativismo.
Tal reflexão decorre, como deve ter ficado óbvio a alguns, das retaliações que o ciberativista australiano Julian Assange vem sofrendo por conta dos constrangimentos que vem gerando ao governo dos Estados Unidos desde que desencadeou uma onda de denúncias em seu site, o WikiLeaks (vazamentos rápidos ou abundantes, em tradução livre), a partir de setembro, quando a página denunciou abusos que os americanos cometeram contra os direitos humanos de civis inocentes na guerra do Iraque.
Os documentos vazados pela página wiki de Assange denunciaram, primeiro, a política sanguinolenta que os EUA impuseram ao Iraque, com literal assassinato em massa de dezenas de milhares de homens, mulheres, crianças e velhos – e sem que a nossa boa e velha mídia tenha dito sobre os ianques qualquer coisa sequer parecida com o que diz sobre o regime iraniano –, e, agora, o WikiLeaks denunciou os constrangedores telegramas confidenciais da diplomacia americana.
Em que pese a duvida sobre a motivação de Assange para ir tão longe – seria um idealista, alguém em busca de notoriedade, um louco ou um vigarista? –, o que sua prisão, as acusações que vem sofrendo e o estrangulamento financeiro e estrutural de sua organização mostram é como alguém pode incomodar até os mais poderosos entre os poderosos valendo-se apenas de uma mísera página na internet e como essa pessoa pode se tornar alvo de uma campanha de destruição rápida, implacável e eficiente.
Se alguém como Assange, com seus contatos, fontes secretas, doações e patrocínios milionários pode ser anulado com a facilidade que se viu no âmbito de um processo escandalosamente casuísta – ou alguém acredita que as acusações de “estupro” contra si, surgidas logo após as denúncias, foram coincidências? –, o que é possível fazer contra um pobre diabo como o ciberativista autor deste blog e outros como ele?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Brasil é o 14º no mundo em produção científica

Ciência brasileira
O Brasil ocupa a 14ª posição entre os países de maior produtividade científica, segundo os dados mais recentes do ranking SCImago, índice que leva em conta o número de publicações (o país registrou 34.145 em 2008), documentos citáveis (32.829) e citações (38.237).
A posição fica aquém da colocação do país em termos econômicos – o Brasil é atualmente a 8ª economia do mundo, com pretensões de conquistar a 7ª posição.
Na lista, o Brasil figura atrás de países desenvolvidos, como Estados Unidos (1º), Inglaterra (3º), Alemanha (4º) e Japão (5º) e também de economias em desenvolvimento, como a China (2º lugar) e a Índia (10º). Está uma posição à frente da Rússia (15º), outro dos quatro países que formam os Brics.
“Entre os Brics, a China foi a única que mostrou um crescimento explosivo em termos de produção científica, registrando mais de 230 mil publicações em 2008″, disse Manoel Barral-Netto, professor da Universidade Federal da Bahia, na semana passada durante a conferência “Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe”, realizada pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro.
Produção científica em medicina
A reunião, que tratou da área de Ciências Biomédicas, reuniu, além de Barral-Neto, Jorge Kalil, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Sérgio Costa Oliveira, da Universidade Federal de Minas Gerais), que traçaram um panorama da produção científica brasileira atual, especialmente em medicina.
Diferentemente da produção científica total, em algumas áreas de medicina o Brasil se destaca no ranking SCImago. Na categoria Doenças Infecciosas, por exemplo, ocupa o 4º lugar (com 328 documentos), atrás apenas dos Estados Unidos (com 1.583), Reino Unido e França. Em Anatomia, está em 9º e em Cirurgia, em 8º.
No campo da Imunologia e Alergia, no entanto, o Brasil está na 13ª posição. Segundo os especialistas da área reunidos na ABC, a razão para esse quadro é a falta de investimentos.
“O Brasil investe pouco e tem ainda um longo caminho em relação a pessoal para fazer ciência, especialmente em áreas como a imunologia”, disse Kalil.
No país, as áreas que contam com um maior número de artigos científicos publicados, de acordo com a Thomson Reuters, são: Medicina Clínica (35.214 artigos), Química (19.929), Física (19.243) e Biologia e Bioquímica (11.173). Os artigos brasileiros são mais representativos em Agronomia e Veterinária (3,07% do total mundial), Física (2,04%), Astronomia e Ciência Espacial (1,89%), Microbiologia (1,89%) e Ciências de Plantas e Animais (1,87%).
Habitantes cientistas
Em relação ao número de pesquisadores por habitantes, o índice, apesar de maior que em passado recente, ainda pode ser considerado baixo se comparado a outros países.
Segundo o Relatório Unesco sobre Ciência 2010, feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, cujos dados foram destacados na conferência da ABC, o Brasil tem cerca de 650 pesquisadores por milhão de habitantes. O Japão, para efeito de comparação, tem mais de 5,5 mil por milhão.
“Apesar de o Brasil ter conseguido aumentar o número de novos doutores formados para 12 mil ao ano, o país ainda enfrenta uma situação de carência. No passado esse número era ainda menor, mas não podemos nos dar por satisfeitos”, disse Barral-Netto.
Segundo ele, o país precisa melhorar a visibilidade internacional de sua ciência. “Em algumas áreas, tais como as biomédicas e as doenças infecciosas, nossa produção está entre as mais altas do mundo, mas o investimento em tecnologia e no número de pesquisadores é muito baixo se comparado ao dos países desenvolvidos. Esse investimento tem que crescer se quisermos alcançar um papel de destaque na ciência e tecnologia mundial”, disse o também pesquisador do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (Fiocruz).
Jovens na faculdade
De acordo com dados apresentados por Barral-Netto, o Brasil enfrenta ainda outro grande desafio no nível da graduação: em 2008, apenas 16% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam matriculados no ensino superior.
“Tal número precisará triplicar se o Brasil quiser alcançar um nível competitivo internacionalmente”, disse.
Na América Latina, de acordo com os rankings de produção científica mencionados na conferência, o Brasil sozinho produz mais que a soma de todos os outros países latino-americanos juntos. No cenário nacional, a maior parte da produção está no Estado de São Paulo.

Um império em guerra contra a verdade e a liberdade de imprensa

Autoridades estadunidenses não escondem o alívio e a alegria com a prisão do fundador do Wikileaks, o australiano Julian Assange, ocorrida terça-feira (7) em Londres. “É uma boa notícia”, comemorou o secretário de Defesa dos EUA, Roberts Gates, em visita ao Afeganistão, palco de mais uma guerra insana desencadeada pelo império com o apoio das potências europeias.


Por Umberto Martins

O ódio despertado na maior potência capitalista do planeta pelas verdades inconvenientes reveladas pelo Wikileaks lembra o macartismo dos anos 1950, ao mesmo tempo em que sinaliza o avanço político das forças conservadores e de extrema-direita no país. A ex-governadora do Alasca e candidata a vice-presidente pelo Partido Republicano nas últimas eleições presidenciais, Sarah Palin, comparou Assange a Obama Bin Laden. Colunistas como Jonah Goldberg, da National Review, entre outros, apelam ao assassinato puro e simples do jornalista. “Por que Assange não foi estrangulado no seu quarto de hotel anos atrás?”, indagou em artigo reproduzido recentemente numa rede de jornais.

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Hipocrisia
Os documentos secretos divulgados pelo Wikileaks até o momento não contêm grandes novidades nem informações que pudessem comprometer a segurança dos Estados Unidos, como reconheceu o próprio secretário de Defesa em carta encaminhada ao congresso. Isto não significa que sejam irrelevantes, pois sem dúvidas colaboram para evidenciar os reais motivos e interesses que orientam a diplomacia imperial, cada vez mais agressiva e belicosa.

Respaldados por um poderoso aparato mediático, que compreende a cumplicidade da mídia golpista da América Latina, os imperialistas americanos gostam de mascarar sua política reacionária com falsos sermões sobre defesa da democracia, bem como da liberdade de imprensa e expressão. A raivosa ofensiva contra o Wikileaks mostra a hipocrisia dos ideólogos e políticos ianques.

O alvo não é apenas Assange, perseguido de forma implacável a pretexto de práticas sexuais ilegais, acusado por uma “dissidente” cubana de 31 anos e caçado inclusive por supostamente ter mantido relações sem camisinha. Com apoio no imperialismo europeu, colocaram até a Interpol no encalço do fundador do site rebelde. Mas não ficaram nisto. Tentaram inviabilizar por todos os meios o próprio Wikileaks, pressionando o Amazon a retirá-lo do seu servidor e chantageando financiadores, entre outros meios.

Um império de mentiras
Deplorável é a forma com que nossa mídia hegemônica, que Paulo Henrique Amorim prefere chamar de Partido da Imprensa Golpista (PIG), reage ao golpe contra a liberdade de imprensa que os EUA e outras potências capitalistas ocidentais estão perpetrando. O tema não frequenta os editoriais nem desperta indignação no PIB, tão zeloso e radical na defesa da mídia venezuelana, que esteve envolvida até o pescoço no fracassado golpe de abril de 2002 em Caracas, ou do jornal argentino Clarín, cujos proprietários cresceram à sombra de uma ditadura que deixou pelo menos 25 mil mortos e desaparecidos. Não se tem notícia de nenhuma palavra da chamada Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) em defesa da liberdade de imprensa vilipendiada pelos EUA. Prevalece um vergonhoso servilismo.

O bordão (defesa da democracia e da liberdade de imprensa) funciona quando é do interesse do império e da mídia hegemônica. Quando o alvo é Cuba, Venezuela, Argentina ou Irã. No momento em que os segredos e os crimes do Estado imperialista são expostos a ordem é perseguir e calar quem divulga verdades inconvenientes. A diplomacia dos EUA é movida a mentiras (as armas de destruição em massa no Iraque são um exemplo entre outros), tortura (Guantânamo, Abu Ghraib) e assassinatos. É hostil à verdade, incompatível com a liberdade de imprensa e, tal como um vampiro, não resiste à luz do dia.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tudo de mau se repete neste bananal

Filed under: Relatos Pessoais — Humberto Amadeu @ 10:30 


Humilhados
A imagem não deixa margem para dúvidas: mais uma vez o povo brasileiro é humilhado pelo festival de incompetência e corrupção que assola este bananal outrora chamado “Brazil”. As boas famílias, pagadoras dos impostos escorchantes e tementes a Deus padecem na carne toda a sorte de malefícios e castigos inenarráveis, que só encontram paralelos nos textos bíblicos e na literatura que trata dos crimes dos marxistas.
Como pode um homem de bem programar suas férias em Miami ou Paris se, ao chegar nestes escombros que o subgoverno petralha chama de “aeroportos”, um processo de tortura atroz terá início? O cidadão defrontar-se-á com os mais evidentes sintomas de uma catástrofe anunciada.
Oh, São Serapião, vós que sois o clemente! Permiti, vós, que as boas e puras criaturas que restam nesta terra recebam, ainda em vida, as bênçãos e bálsamos que aplacam as tenazes dores que invadem nossa alma!

O PiG na berlinda: “Liberdade de expressão” para quem?

Os grandes meios de comunicação comercial no Brasil praticam a censura, todos os dias, sistematicamente. Eles escondem os fatos relacionados a movimentos sociais, lutas populares, povos indígenas, enfim, as maiorias exploradas. Estas só aparecem na seção de polícia ou quando são vítimas de alguma tragédia. No demais são esquecidas, escondidas, impedidas de dizerem a sua palavra criadora.

- Por Elaine Tavares, no site da Caros Amigos

O velho Marx já ensinou há muitos anos sobre o que é a ideologia. É o encobrimento da verdade. Assim, tudo aquilo que esconde, vela, obscurece, tapa, encobre, engana, é ideologia. É dentro deste espectro que podemos colocar o debate que se faz hoje no Brasil, na Venezuela, no Equador e na Bolívia sobre o binômio “liberdade de expressão X censura”. Para discutir esse tema é preciso antes de mais nada observar de onde partem os gritos de “censura, censura”, porque na sociedade capitalista toda e qualquer questão precisa ser analisada sob o aspecto de classe. A tal da “democracia”, tão bendita por toda a gente, precisa ela mesma de um adjetivo, como bem já ensinou Lênin. “Democracia para quem? Para que classe?”.

Na Venezuela a questão da liberdade de expressão entrou com mais força no imaginário das gentes quando o governo decidiu cassar a outorga de uma emissora de televisão, a RCTV, por esta se negar terminantemente a cumprir a lei, discutida e votada democraticamente pela população e pela Assembléia Nacional. “Censura, cerceamento da liberdade de expressão” foram os conceitos usados pelos donos da emissora para “denunciar” a ação governamental. Os empresários eram entrevistados pela CNN e suas emissoras amigas, de toda América Latina, iam reproduzindo a fala dos poderosos donos da RCTV. Transformados em vítimas da censura, eles foram inclusive convidados para palestras e outros quetais aqui nas terras tupiniquins.

Lá na Venezuela os organismos de classe dos jornalistas, totalmente submetidos à razão empresarial, também gritavam “censura, censura” e faziam coro com as entidades de donos de empresas de comunicação internacionais sobre o “absurdo” de haver um governo que fazia cumprir a lei. Claro que pouquíssimos jornais e jornalistas conseguiram passar a informação correta sobre o caso, explicando a lei, e mostrando que os que se faziam de vítima, na verdade eram os que burlavam as regras e não respeitavam a vontade popular e política. Ou seja, os arautos da “democracia liberal” não queriam respeitar as instituições da sua democracia. O que significa que quando a democracia que eles desenham se volta contra eles, já não é mais democracia. Aí é ditadura e cerceamento da liberdade de expressão.

No Brasil, a questão da censura voltou à baila agora com o debate sobre os Conselhos de Comunicação. Mesma coisa. A “democracia liberal” consente que existam conselhos de saúde, de educação, de segurança, etc… Mas, de comunicação não pode. Por quê? Porque cerceia a liberdade de expressão. Cabe perguntar. De quem? Os grandes meios de comunicação comercial no Brasil praticam a censura, todos os dias, sistematicamente. Eles escondem os fatos relacionados a movimentos sociais, lutas populares, povos indígenas, enfim, as maiorias exploradas. Estas só aparecem nas páginas dos jornais ou na TV na seção de polícia ou quando são vítimas de alguma tragédia. No demais são esquecidas, escondidas, impedidas de dizerem a sua palavra criadora. E quando a sociedade organizada quer discutir sobre o que sai na TV, que é uma concessão pública, aí essa atitude “absurda” vira um grande risco de censura e de acabar com a liberdade de expressão. Bueno, ao povo que não consegue se informar pelos meios, porque estes censuram as visões diferentes das suas, basta observar quem está falando, quem é contra os conselhos. De que classe eles são. Do grupo dos dominantes, ou dos dominados?

Agora, na Bolívia, ocorre a mesma coisa com relação à recém aprovada lei anti-racista. Basta uma olhada rápida nos grandes jornais de La Paz e lá está a elite branca a gritar: “censura, censura”. A Sociedade Interamericana de Imprensa, que representa os empresários, fala em cerceamento da liberdade de expressão. Os grêmios de jornalistas, também alinhados com os patrões falam a mesma coisa, assim como as entidades que representam o poder branco, colonial e racista. Estes mesmos atores sociais que ao longo de 500 anos censuraram a voz e a realidade indígena e negra nos seus veículos de comunicação, agora vem falar de censura. E clamam contra suas próprias instituições. A lei anti-racista prevê que os meios de comunicação que incentivarem pensamentos e ações racistas poderão ser multados ou fechados. Onde está o “absurdo” aí? Qual é o cerceamento da liberdade de expressão se a própria idéia de liberdade, tão cara aos liberais, se remete à máxima: “a minha liberdade vai até onde começa a do outro”? Então, como podem achar que é cerceamento da liberdade de expressão usar do famoso “contrato social” que garante respeito às diferenças?

Ora, toda essa gritaria dos grandes empresários da comunicação e seus capachos nada mais é do que o profundo medo que todos têm da opinião pública esclarecida. Eles querem o direito de continuar a vomitar ideologia nos seus veículos, escondendo a voz das maiorias, obscurecendo a realidade, tapando a verdade. Eles querem ter o exclusivo direito de decidir quem aparece na televisão e qual o discurso é válido. Eles querem manter intacto seu poder escravista, racista e colonial que continua se expressando como se não tivessem passado 500 anos e a democracia avançado nas suas adjetivações. Hoje, na América Latina, já não há apenas a democracia liberal, há a democracia participativa, protagônica, o nacionalismo popular. As coisas estão mudando e as elites necrosadas se recusam a ver.

O racismo é construção de quem domina
Discursos como esses, das elites latino-americanas e seus capachos, podem muito bem ser explicados pela história. Os componentes de racismo, discriminação e medo da opinião pública esclarecida têm suas raízes na dominação de classe. Para pensar essa nossa América Latina um bom trabalho é o do escritor Eric Williams, nascido e criado na ilha caribenha de Trinidad Tobago, epicentro da escravidão desde a invasão destas terras orientais pelos europeus. No seu livro Capitalismo e Escravidão, ele mostra claramente que o processo de escravidão não esteve restrito apenas ao negro. Tão logo os europeus chegaram ao que chamaram de Índias Orientais, os primeiros braços que trataram de escravizar foram os dos índios.

Os europeus buscavam as Índias e encontraram uma terra nova. Não entendiam a língua, não queriam saber de colonização. Tudo o que buscavam era o ouro. Foi fácil então usar da legitimação filosófica do velho conceito grego que ensinava ser apenas “o igual”, “o mesmo”, aquele que devia ser respeitado. Se a gente originária não era igual à européia, logo, não tinha alma, era uma coisa, e podia ser usada como mão de obra escrava para encontrar as riquezas com as quais sonhavam. Simples assim. Essa foi a ideologia que comandou a invasão e seguiu se sustentando ao longo destes 500 anos. Por isso é tão difícil ao branco boliviano aceitar que os povos originários possam ter direitos. Daí essa perplexidade diante do fato de que, agora, por conta de uma lei, eles não poderão mais expressar sua ideologia racista, que nada mais fez e ainda faz, que sustentar um sistema de produção baseado na exploração daquele que não é igual.

Eric Williams vai contar ainda como a Inglaterra construiu sua riqueza a partir do tráfico de gente branca e negra, para as novas terras, a serem usadas como braço forte na produção do açúcar, do tabaco, do algodão e do café. Como o índio não se prestou ao jogo da escravidão, lutando, fugindo, morrendo por conta das doenças e até se matando, o sistema capitalista emergente precisava inventar uma saída para a exploração da vastidão que havia encontrado. A escravidão foi uma instituição econômica criada para produzir a riqueza da Inglaterra e, de quebra, dos demais países coloniais. Só ela seria capaz de dar conta da produção em grande escala, em grandes extensões de terra. Não estava em questão se o negro era inferior ou superior. Eram braços, e não eram iguais, logo, passíveis de dominação. Eles foram roubados da África para trabalhar a terra roubada dos originários de Abya Yala.

Também os brancos pobres dos países europeus vieram para as Américas como servos sob contrato, o que era, na prática, escravidão. Segundo Williams, de 1654 a 1685, mais de 10 mil pessoas nestas condições partiram somente da cidade de Bristol, na Inglaterra, para servir a algum senhor no Caribe. Conta ainda que na civilizada terra dos lordes também eram comuns os raptos de mulheres, crianças e jovens, depois vendidos como servos. Uma fonte segura de dinheiro. De qualquer forma, estas ações não davam conta do trabalho gigantesco que estava por ser feito no novo mundo, e é aí que entra a África. Para os negociantes de gente, a África era terra sem lei e lá haveria de ter milhões de braços para serem roubados sem que alguém se importasse. E assim foi. Milhões vieram para a América Latina e foram esses, juntamente com os índios e os brancos pobres, que ergueram o modo de produção capitalista, garantiram a acumulação do capital e produziram a riqueza dos que hoje são chamados de “países ricos”.

E justamente porque essa gente foi a responsável pela acumulação de riqueza de alguns que era preciso consolidar uma ideologia de discriminação, para que se mantivesse sob controle a dominação. Daí o discurso – sistematicamente repetido na escola, na família, nos meios de comunicação – de que o índio é preguiçoso, o negro é inferior e o pobre é incapaz. Assim, se isso começa a mudar, a elite opressora sabe que o seu mundo pode ruir.

Liberdade de expressão
É por conta da necessidade de manter forte a ideologia que garante a dominação que as elites latino-americanas tremem de medo quando a “liberdade de expressão” se volta contra elas. Esse conceito liberal só tem valor se for exercido pelos que mandam e aí voltamos àquilo que já escrevi lá em cima. Quando aqueles que os dominadores consideram “não-seres” - os pobres, os negros, os índios – começam a se unir e a construir outro conceito de direito, de modo de organizar a vida, de comunicação, então se pode ouvir os gritos de “censura, censura, censura” e a ladainha do risco de se extinguir a liberdade de expressão.

O que precisa ficar bem claro a todas as gentes é de que está em andamento na América Latina uma transformação. Por aqui, os povos originários, os movimentos populares organizados, estão constituindo outras formas de viver, para além dos velhos conceitos europeus que dominaram as mentes até então. Depois de 500 anos amordaçados pela “censura” dos dominadores, os oprimidos começam a conhecer sua própria história, descobrir seus heróis, destapar sua caminhada de valentia e resistência. Nomes como Tupac Amaru, Juana Azurduy, Zumbi dos Palmares, Guaicapuru, Bartolina Sisa, Tupac Catari, Sepé Tiaraju, Dandara, Artigas, Chica Pelega, assomam, ocupam seu espaço no imaginário popular e provocam a mudança necessária.

Conceitos como Sumak kawsay, dos Quíchua equatorianos, ou o Teko Porã, dos Guarani, traduzem um jeito de viver que é bem diferente do modo de produção capitalista baseado na exploração, na competição, no individualismo. O chamado “bem viver” pressupõe uma relação verdadeiramente harmônica e equilibrada com a natureza, está sustentado na cooperação e na proposta coletiva de organização da vida. Estes são conceitos poderosos e “perigosos”. Por isso, os meios de comunicação não podem ficar à mercê dos desejos populares. Essas idéias “perigosas” poderiam começar a aparecer num espaço onde elas estão terminantemente proibidas. É esse modo de pensar que tem sido sistematicamente censurado pelos meios de comunicação. Porque as elites sabem que destruída e ideologia da discriminação contra o diferente e esclarecida a opinião pública, o mundo que construíram pode começar a ruir. A verdadeira liberdade de expressão é coisa que precisa ficar bem escondida, por isso são tão altos os gritos que dizem que ela pode se acabar se as gentes começarem a “meter o bedelho” neste negócio que prospera há 500 anos.

Basta de bobagens
É neste contexto histórico, econômico e político que deveriam ser analisados os fatos que ocorrem hoje na Venezuela, no Equador, na Bolívia e na Argentina. O Brasil deveria, não copiar o que lá as gentes construíram na sua caminhada histórica, mas compreender e perceber que é possível estabelecer aqui também um processo de mudança. Neste mês de novembro o Ministério das Comunicações chamou um seminário para discutir uma possível lei de regulamentação da mídia brasileira. Não foi sem razão que os convidados eram de Portugal, Espanha e Estados Unidos. Exemplos de um mundo distante, envelhecido, necrosado, representantes de um capitalismo moribundo. As revolucionárias, criativas e inovadoras contribuições dos países vizinhos não foram mencionadas. A Venezuela tem uma das leis mais interessantes de regulamentação da rádio e TV, a Argentina deu um passo adiante com a contribuição do movimento popular, a Bolívia avança contra o racismo, o Equador inova na sua Constituição, e por aqui tudo é silêncio. Censura?

Os governantes insistem em buscar luz onde reina a obscuridade. E, ainda assim pode-se ouvir o grito dos empresários a dizer: censura, censura, censura. O atraso brasileiro é tão grande que mesmo as liberais regulamentações européias são avançadas demais. Enquanto isso Abya Yala caminha, rasgando os véus…

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Estadão e Folha tentam usar Dilma para apedrejar Lula


Em entrevista ao jornal Washington Post, a presidente eleita Dilma Rousseff foi perguntada sobre a política brasileira em relação ao Irã, e malandramente o jornal introduziu na mesma pergunta a questão "Por que o Brasil apoia um país que permite que as pessoas sejam apedrejadas...?"
Dilma não caiu na armadilha, e deixou claro que existe uma diferença. Ela apoia a política brasileira de buscar a construção da paz no Oriente Médio (ou seja, o caminho do diálogo e não da guerra), e não apoia apedrejamento.
É exatamente a mesma posição adotada pelo governo Lula e pelo Itamaraty. Tanto é que o Presidente ofereceu asilo no Brasil para Sakineh Ashtiani (mulher iraniana condenada à morte por apedrejamento).
O repórter estadunidense insistiu no assunto, contestando: "Mas, o Brasil se absteve de votar sobre a recente resolução sobre os direitos humanos da ONU [contra o Irã]".
Dilma respondeu: "Eu não sou a presidente do Brasil [ainda], mas eu me sentiria desconfortável como uma mulher presidente eleita, para não dizer nada contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando eu tomar posse. Eu não concordo com a maneira como o Brasil votou. Não é minha posição."
Na resposta seguinte, defendeu o presidente Lula:
"O presidente Lula tem a sua própria história. Ele é um presidente que defendeu os direitos humanos, um presidente que sempre defendeu a construção da paz."
Dilma fez o certo ao reafirmar a posição dela e a posição brasileira, em defesa dos direitos humanos das mulheres, em todos os tratados internacionais.
Mas a imprensa demo-tucana destacou apenas sua frase onde diz "... não concordo com a maneira como o Brasil votou ..." - querendo "apedrejar" Lula, o Brasil e o Itamaraty.
Estadão chegou ao êxtase, ao publicar como principal manchete de capa. A Folha se conteve mais, e fez "apenas" manchete de capa menor.
Se observarmos bem a resposta, Dilma diz que ela não era a presidente do Brasil ainda. Percebe-se que as razões do voto na ONU deveriam ser perguntadas ao presidente Lula, pois foi quem analisou a fundo as razões junto à diplomacia brasileira; e que ela, pessoalmente, é contra o apedrejamento e, a princípio (sem estar na presidência, para ver todos os ângulos da questão), seria a favor de uma resolução como a citada.
Ora, não há de fato nenhuma controvérsia séria entre o que disse Dilma e a política externa do Presidente Lula, ainda que divergências até mesmo internas dentro de governos sejam perfeitamente normais, imagine entre sucessores, em conjunturas e circunstâncias diferentes.
Neste caso específico, nem o próprio Itamaraty, quando se absteve na ONU, ficou satisfeito com seu voto. O Itamaraty votaria contra apedrejamentos, mas em um texto honesto, sem exploração política, sem segundas intenções.
O apedrejamento é legal no Irã, Arábia Saudita, Paquistão, Sudão, Iêmen, Emirados Árabes Unidos e em 12 estados de maioria muçulmana do norte da Nigéria. Um texto discriminando unicamente um país, como o Irã, deixa de ser uma resolução por direitos humanos no âmbito da cooperação entre os povos na ONU, para ser mais um dos instrumentos políticos de preparação para intervenção militar imperialista no Irã. Se mudasse o texto, o Brasil poderia vir a apoiar.
Na época da abstenção, Celso Amorim declarou:
"A resolução não era de apedrejamento. Não havia uma resolução sobre apedrejamento. Houve uma resolução sobre o Irã onde havia a questão do apedrejamento. Claro que a condenamos e já falamos isso muitas vezes e de forma muito mais efetiva que outros países, porque falamos diretamente e temos condições de diálogo com o governo do Irã...
... Obviamente que condenamos o apedrejamento. Mas conseguimos falar com o interlocutor e isso é mais importante para a senhora (Sakineh) que está ameaçada que colocar um diploma na parede e dizer: Veja, aqui está, recebemos o aplauso...
... Há maneiras de atuar. É muito fácil seguir o que quer a imprensa que é dizer ´nós condenamos´, mas sem nenhum efeito prático", disse Amorim.

Mídia faz lobby para americanos na compra de caças

Na semana que passou, enquanto estive na Argentina a trabalho, tive a excelente oportunidade de conhecer um jornalista local amigo de um cliente. Ele quis me conhecer ao saber, através daquele cliente, de minhas atividades jornalísticas neste blog. Reunimo-nos em um café em Puerto Madero, pois.
Durante a conversa, abordamos a questão da compra de três dezenas de aviões de guerra que o Brasil vem ensaiando fazer desde o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. Uma compra de bilhões de dólares que, para esse mundo rico e afundado em problemas econômicos, torna-se da maior importância.
Além de ser três chic o Brasil ser protagonista de um negócio que aguça a ganância das nações mais industrializadas da Terra, essa negociação nos coloca em condições de força para darmos um salto que ultrapassa em muito as meras condições financeiras do negócio.  O salto em questão, vale ressaltar, seria em nossa indústria aeronáutica – e talvez, mais do que isso, em nossa capacidade defesa do território nacional e dos interesses geopolíticos do Brasil.
Até um argentino sabe o que está por trás da opção sabidamente mais ao gosto do grupo político que governa o Brasil e sabe que o que está por trás desse gosto é o melhor interesse nacional. Isso é evidente. Ao menos partindo do princípio, de difícil negação, de que os americanos não transigem em questões militares.
Os três finalistas para a compra que permitirá ao Brasil desenvolver o projeto FX-2 – de um caça legitimamente nacional, com domínio de tecnologia nacional – são o caça americano F-18 Super Hornet, o sueco Gripen NG e o francês Rafale – C.
O Brasil firmou há anos um acordo de cooperação estratégico-militar-financeira-cultural com a França, o que desagrada aos americanos porque querem ter o controle não só do seu “quintal” (as três Américas), mas do mundo inteiro – ou queriam ter, mas vão descobrindo que não podem. Esse acordo nos permitirá dominar o ciclo de produção cem por cento autônoma de aviões de guerra, sobretudo em situações de conflito.
O que interessa a nós, porém, é que esse acordo nos permite um nível de autonomia compatível com pretensões do Brasil de se tornar aquilo que Delfim Neto definiu antes de todo mundo, por aqui, como “player global”, ou jogador global, nação capaz de participar das grandes decisões definidas pelo grupo de nações mais influentes, decisões que as outras acabam tendo que aceitar.
Enfim, o fato é que toda a comunidade internacional sabe que a imprensa brasileira está fazendo o jogo dos americanos. E, para que isso não fique muito evidente, essa imprensa – Folha, Estadão, Globo e Veja, sobretudo – diz que o avião americano é o “melhor”, mas que o avião sueco seria a solução de consenso por o negócio oferecer maior transferência de tecnologia, apesar de o Gripen ser inferior ao avião americano, mas superior ao francês.
Não é verdade. O Gripen leva componentes americanos essenciais que delegariam a eles (aos americanos) a decisão de fornecer peças de reposição em caso de ser necessário, em um conflito – ou mesmo se houvesse essa possibilidade de conflito real –, o uso dessas máquinas de guerra que estamos adquirindo, em vez de podermos produzir aqui o que precisarmos.
Suponhamos que os Estados Unidos decidissem apoiar uma ação militar de seu braço colombiano contra seu desafeto venezuelano. Digamos, por exemplo, que Hugo Chávez decida interromper a venda de petróleo para os americanos. Em retaliação, seria buscado um pretexto pela aliada militar americana Colômbia para atacar a Venezuela e derrubar Chávez.
Nessa situação, haveria uma reação da Unasul contra a Colômbia – talvez uma reação militar. Nessa hipótese improvável, mas nada descartável, em havendo um conflito a necessidade de peças de reposição para sistemas vitais dos aviões – ou até a compra de aviões substitutos – seria decidida por uma das partes nesse conflito, a parte que seria nossa adversária.
Esse é o resumo da ópera. A imprensa de direita faz coro com Washington sobre governos sul-americanos que os Estados Unidos consideram hostis aos seus interesses, por isso quer fazer prevalecer os interesses de seus apoiados. Só  não se sabe sob que expectativa de recompensa, mas imagina-se.