Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Por que eles querem que o Brasil esqueça Lula? Por que com ele é como se Getúlio falasse; ou Allende para os chilenos; ou Perón para os argentinos; ou Cárdenas para os mexicanos. Com uma diferença: Lula vive


Roberto Parizzoti



                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              por: Saul Leblon 
                                              
 Respira-se um cheiro azedo de fardas, togas e ternos empapados da sofreguidão nervosa que marca as escaladas de demolição do Estado de Direito nos solavancos da História.

Consulte os anos 30 na Alemanha, os 50 do macarthismo norte-americano, os 60 da ditadura brasileira, os 70 do massacre chileno...

Há um clima de dane-se o pudor por parte das elites e da escória que a serve.

Faz parte desses crepúsculos institucionais a perda dos bons modos e a convocação das milícias, enquanto o jornalismo isento finge não ver a curva ascendente do arbítrio.

Com a mesma desenvoltura com que se anistia montanhas de dólares remetidos ao exterior,  classifica-se o MST como ‘movimento criminoso’.

Persegue-se e intimida-se estudantes secundaristas com lista de nomes exigindo que se delate endereços de colegas ocupantes ...

Invade-se a bala dependências e movimentos sociais e  de metralhadora em punho escolas tomadas por adolescentes que reclamam o direito de opinar sobre a própria educação.

Ensaios da orquestra.

Decibéis crescentes, afiados pelo mesmo diapasão ecoam de diferentes pontos do país.

Só não ouve quem não quer.

Há dinheiro, patrocínio e poder em jogo na incapacidade auditiva para ouvir os gritos da democracia sendo violada na sala ao lado de onde se discute a ‘reconstrução do Brasil’.

A conveniência reflete a insurgência que se esboça.

A resistência ao golpe escapa ao que se supunha ser o alvo isolado e triturado pela centrífuga da Lava Jato.

Adolescentes falam o que a vastidão dos votos nulos, brancos e abstenções cifraram nas urnas municipais, quando suplantaram os vitoriosos de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre...

Se as duas vozes se fundirem num idioma único, o que acontecerá?

O cheiro azedo exalado das fardas, togas e ternos de corte fino, empapados da sofreguidão  nervosa, reflete essa esquina incerta da História para a qual caminha o país.

A truculência policial e midiática sobe rápido os degraus da exceção.

Essa é a hora diante da qual a resistência progressista não pode piscar.

Daí a importância da campanha lançada neste dia 10 de novembro para sacudir a hesitação em defesa do óbvio.

O óbvio hoje começa por defender Lula.

Porque sem defender Lula, não será possível defender mais ninguém, e mais nada, do galope   desembestado da ganância no lombo da violência fardada e da cumplicidade togada.

Por ninguém, entenda-se o Brasil assalariado e o dos mais humildes.

A imensa maioria da população.

Aquela que vive do trabalho, depende de serviços públicos, tem seu destino  atado ao do país, ao do pre-sal, ao da reindustrialização,  ao da democracia social, carece de cidadania, respira salário mínimo e enxerga na previdência o único amparo à velhice e ao infortúnio.

Lula é a espinha histórica das costelas de resistência que precisam se unir para conter a demolição em marcha disso tudo.

Desempenha essa função por uma razão muito forte.

Essa que o milenarismo gauche parece ter esquecido --ou hesita em saber que sabe--  enquanto aguarda o juízo final  de Moro para recomeçar do zero.

‘Recomeçar do zero’ é a profilaxia recomendada pelos sábios do golpe em todas as frentes.

Desde a demolição dos direitos trabalhistas, à revogação da soberania no pre-sal, passando pela Constituição de 1988, o Prouni, a previdência ...

Mas, principalmente: recomeçar do zero esquecendo Lula.

Porque ele é  –ainda é Lula--   a inestimável  referência de justiça social na qual a imensa parcela dos  brasileiros de hoje e de ontem se reconhecem.

É dele a voz que quando  fala e é ouvida  no campo e nas cidades.

Mais que simplesmente ouvida: respeitada e compreendida.

A diferença dessa voz é que ela não carrega só palavras.

Carrega experiência, luta, erros, acertos, raiva, riso, derrotas, vitórias, cujo saldo são conquistas coletivas encarnadas em holerite, comida, emprego,  autoestima e esperança.

É como se Getúlio Vargas falasse.

Ou Allende para os chilenos.

Ou Perón para os argentinos.

Ou Cárdenas para os mexicanos.

Com a vantagem avassaladora que tanto incomoda a elite.

Lula está vivo.

Caçado, esfolado, picado e salgado.

Mas  vivo.

Mais que vivo: ele lidera todas as pesquisas de intenção de voto com as quais seus algozes testam a eficácia da chacina de reputação, a mais violenta desde Getúlio, que escandaliza a opinião jurídica e democrática do mundo.

Lula é a espinha dorsal de cuja destruição depende o êxito do torniquete implacável de interesses mobilizados contra a construção de uma democracia social na oitava maior economia do mundo, na principal referência da luta apelo desenvolvimento no espaço ocidental.

FHC disse em um debate no jornal O Globo, há cerca de quinze dias:

‘Sem Lula o PT seria penas um partido médio; com ele torna-se um perigo nacional’.

No fundo quis dizer: ‘Sem Lula, o Brasil se torna uma nação média, humilde, bem comportada.

Com Lula, o Brasil se torna um gigante de soberania, com capacidade de aglutinação popular  e mundial em torno da justiça social –de consequências perigosas’

É claro como água de fonte.

Lula representa esse diferencial inestimável.

Ele fala com quem Malafaia  gostaria de falar sozinho.

Com o Brasil que os Marinhos gostariam de monopolizar sem dissonâncias.

Por isso o  milenarismo gauche que reage à ofensiva conservadora aceitando a pauta do juízo final de Moro,  flerta com a eutanásia.

‘Recomeçar do zero’ é tudo o que o conservadorismo mais cobiça para quebrar o coração da resistência ao golpe.

O coração da resistência ao golpe consiste em não aceitar o fuzilamento sumário do legado de doze anos  de luta por um desenvolvimento mais justo e independente.

Ademais dos erros e equívocos cometidos inclusive por Lula  –que não podem ser subestimados e devem ser discutidos amplamente-- os acertos mostraram a viabilidade de se construir uma democracia social no Brasil do século XXI.

Não, isso não é pouco.

Olhe o mundo ao redor: isso é muito.

E, principalmente, tem lastro popular.

A sociedade marcada por uma das mais iníquas divisões de renda do planeta, referendou esse projeto por quatro eleições presidenciais sucessivas.

Duas com Lula; outras duas com Dilma, sendo Lula seu maior fiador e cabo eleitoral.

Sim, com erros, alguns grotescos.

Mas o fato é que a elevada probabilidade desse projeto ser revalidado em um quinto escrutínio presidencial, em 2018  --agora modificado pelo esgotamento do ciclo de alta nos preços das commodities, que lubrificou a resistência das elites aos avanços anteriores--  precipitou o golpe de 31 de agosto.

O milenarismo gauche quase esquece tudo isso enquanto aguarda o juízo final.

Nele, o juiz Moro e seus querubins  darão cabo de Lula e propiciarão aos sobreviventes o  único destino que lhes cabe: recomeçar do zero.

Ou até abaixo do zero.

Para quem sabe ter direito  –um dia— a mil anos de salvação individual e sobrenatural.

Milenaristas eram os pobres, os miseráveis brasileiros de Canudos.

Aqueles que aguardaram com Antônio Conselheiro a justiça divina sonegada pelo latifúndio e pela República que, afinal, destinou-os  à injustiça eterna.

É o que acontecerá de novo se o Brasil progressista aceitar a ideia de Moro de faxinar a história de sua ‘nódoa inaceitável’: Lula.

Se aceitar, o Brasil vai virar uma imensa Canudos, depois do massacre.

Cartilha de Temer explicando golpe aos EUA é derrota golpista

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A embaixada do Brasil em Washington vai lançar nas próximas semanas uma cartilha sobre a transição política e econômica do Brasil. Segundo apurou a Folha de São Paulo, serão distribuídos 3.000 exemplares a políticos, empresários, think tanks, congressistas e jornalistas”.

O ministério pilotado por José Serra afirma que a iniciativa será para “explicar a formadores de opinião americanos o que o Brasil está fazendo para sair da crise econômica, e como se deu o impeachment da presidente Dilma Rousseff”.

O que o Brasil está (ou não) fazendo para sair da crise econômica é uma coisa, mas explicar “como se deu o impeachment” é coisa muito diferente, pois ações para alegadamente o governo Temer tirar o Brasil da crise são atos concretos que podem ser apenas relatados, mas o impeachment envolve questões puramente políticas, idiossincráticas.

Com efeito, qualquer diplomata que vier a ler a cartilha dos inimigos do governo derrubado certamente conhecerá apenas um lado da moeda. O que se prevê é que dinheiro público será usado em benefício político de tucanos e peemedebistas.

O Itamaraty diz que um dos objetivos da cartilha é “deixar os investidores estrangeiros mais tranquilos e aumentar seu interesse no programa brasileiro de concessões de infraestrutura”. Segundo Temer, o Brasil, agora, teria “estabilidade política”, qualidade atrativa ao investimento.

Como Temer pode falar em “estabilidade política” se, em breve, o Tribunal Superior Eleitoral poderá tirá-lo da Presidência? E as investigações contra ele na Lava Jato? Um presidente ameaçado de sofrer processo penal tem “estabilidade política”?

Além dos problemas do governo de plantão, ele tem que se preocupar em não ser derrubado em um país que já relativiza ao extremo o voto popular ao cassar o segundo presidente em pouco mais de vinte anos – nos EUA, em toda história, só Nixon renunciou para não ser cassado, nos anos 1970.

E Temer não terá do que reclamar se for golpeado, pois será consequência do próprio golpismo.
Ainda sobre a cartilha ilegal que o governo quer distribuir nos EUA, ao listar áreas onde o governo oferecerá concessões Temer vai dizer que o Brasil está disposto a ajustar o marco regulatório como quiserem os estrangeiros.

É a direita descalçando os sapatos para os gringos, bem próprio de um Itamaraty tucano, como o dos tempos de Celso Lafer.

Haverá também versão digital da cartilha. O custo, segundo o embaixador brasileiro, Sergio Amaral, não vai passar de US$ 5.000.

O problema não é o custo. O problema é o uso do Itamaraty para fazer política partidária e para defender um processo ilegal ao custo de mentiras.

“É importante reforçarmos a comunicação no exterior, as pessoas estão interessadas sobre o que vai acontecer no Brasil”, diz o embaixador Sergio Amaral, de um governo que em larga medida reedita o governo FHC, ao menos em nomes e ideologia.

Segundo a Folha, estarão listadas na cartilha tabelas com indicadores do país apresentadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em suas palestras a investidores. Foram tomadas ainda outras medidas para reforçar a credibilidade do Brasil.

O que quer dizer isso? Ninguém sabe, mas esse é outro item que, à semelhança da “explicação do impeachment”, vai ter que ser analisada com lupa.

O jornalão antipetista diz também que “fontes do governo e do Congresso americano disseram à Folha que o impeachment não é mais uma preocupação, embora alguns setores do mundo acadêmico mantenham suas críticas ao processo. Mas a economia e as investigações de corrupção despertam muita inquietação”.
Uau! Então são só “alguns setores do mundo acadêmico” que mantêm “críticas ao processo”. A tradução disso é a de que os setores mais informados e preparados da maior potência mundial não têm dúvidas de que houve um golpe no Brasil.

Aliás, a necessidade de essa cartilha ser confeccionada é também reconhecimento tácito de que a comunidade internacional tem outra visão sobre o que ocorreu no país.

Um governo sempre teve e sempre terá todas as condições de dar grande publicidade aos seus pontos de vista, à sua versão dos fatos. Após seis meses ocupando ilegalmente um cargo que é de Dilma Rousseff até 1º de janeiro de 2019, Temer perdeu a guerra da comunicação no exterior.

Ganhou no Brasil, mas perdeu no exterior.

Na versão edulcorada da Folha, “a aprovação do teto de gastos foi recebida de forma positiva, mas integrantes do setor privado e governo se mantêm em compasso de espera, querem que o governo brasileiro consiga aprovar outras reformas que ajudem a pôr a dívida do país em trajetória sustentável”.

Toda essa conversa mole neoliberal procura restringir a situação do Brasil à sua capacidade de espancar seu povo com este conformado e votando nos espancadores. Até os postes de Wall Street sabem que não é assim que a banda toca.

A instabilidade política continua e os planos de tirar direitos dos brasileiros e piorar serviços públicos preocupam, sim, os países centrais porque sabem que após um novo arrocho da direita a população se voltará para a esquerda de uma forma ou de outra.

Como, no caso, o bem é feito em pequenas doses e o mal vai ser feito de uma só vez, não deve demorar muito para a população brasileira se dar conta de que foi vítima de um engodo – foi jogada contra o governo que lhe melhorava a vida para dar lugar a quem tira de pobre pra dar pra rico.

Enquanto isso, como por enquanto vai ser difícil furar o bloqueio da mídia no Brasil, há que continuar denunciando ao mundo o golpe e os atos consecutivos de arbítrio contra opositores do regime, como a perseguição a Lula. Só o que impedirá mais endurecimento do regime será denunciação internacional.
Nesse contexto, a correria de Temer pelo mundo para explicar o golpe, o alvoroço da direita com o acolhimento pela ONU da denúncia de Lula contra a Lava Jato, tudo isso constitui a única forma, no momento, de enfrentar ditadura que cassou o voto de 54 milhões e agora persegue opositores do regime.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Veja inventa “fuga de Lula” para justificar prisão arbitrária

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No dia 14 do mês passado, no começo da tarde, este Blog denunciou que estava sendo preparado um espetáculo em torno de suposta prisão arbitrária que Lula sofreria por parte da Lava Jato. O argumento que seria usado para prendê-lo: ele pretenderia “obstruir a Justiça” e, assim, haveria que prendê-lo para proteger as investigações.

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Clique na imagem acima para ler a matéria.

O que é “atrapalhar investigações”? Fugir, por exemplo. Fuga de suspeito ou acusado é a forma mais grave de obstruir a Justiça.

Na edição de Veja desta semana (9 de novembro), pela enésima vez neste ano a revista martela que existiria um “plano de fuga” de Lula e família, e essa seria a razão de o ex-presidente estar fazendo denúncia à ONU contra abusos da Lava Jato de que vem sendo alvo.

Porém, desta vez a revista cria uma situação absolutamente insólita. O Palácio do Planalto, ou seja, Michel Temer e, sobretudo, José Serra (derrotado duas vezes pelo petista em campanhas eleitorais), ambos adversários políticos de Lula, descobriram um problema grave que ameaçaria o Brasil…

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Clique na imagem acima para ler a matéria.

Zelosos com a “imagem impecável do Brasil no exterior” (sic), sobretudo no que diz respeito aos cânones democráticos do país, Temer e Serra acham que, se Lula pedir asilo diplomático por se dizer perseguido politicamente, a comunidade internacional acreditará no que a direita diz que essa mesma comunidade internacional nunca acreditara, ou seja, que, recentemente, houve um golpe no Brasil e que, agora, há uma ditadura instalada por aqui.

Reportagem publicada na mais recente edição de VEJA que chega às bancas neste sábado promete revelar “detalhes de como o governo Temer vem lidando em sigilo com um delicado assunto: o risco de o ex-presidente Lula fugir do país”

Segundo a revista, “no momento em que o cerco da Operação Lava-Jato se fecha sobre o petista, as investidas dos advogados de Lula na Organização das Nações Unidas (ONU) levaram o ministro José Serra a procurar o presidente da República para analisar as consequências de um eventual pedido de asilo político de Lula”.

Como foi que a Veja descobriu essa preocupação inédita de Temer e Serra com a imagem do país? Ora, eles contaram para a Veja.

O chanceler também considera que um eventual asilo de Lula poderá criar danos diplomáticos, prejudicando a imagem do Brasil no exterior.

“Talvez eu tenha essa avaliação, mas o assunto principal que eu discuti com o presidente Temer foi o tratamento a ser dado a essa questão da ONU dentro do governo. Não penso que o asilo seja a estratégia principal, mas não vou afirmar o contrário”, disse ele à revista Veja desta semana.

Serra não foi questionado sobre os R$ 23 milhões que recebeu da Odebrecht em 2010, numa conta na Suíça (leia aqui), nem foi indagado sobre a possibilidade de ele próprio vir a pedir asilo diplomático, caso venha a sofrer implicações judiciais decorrentes da descoberta da conta usada pelo PSDB no paraíso fiscal helvético.

Lula é acusado de se beneficiar de reformas em dois imóveis (um sítio em Atibaia e um apartamento no Guarujá), que, segundo os cartórios de imóveis competentes, não lhe pertencem.
Serra foi delatado pela Odebrecht por ter recebido R$ 23 milhões – equivalentes hoje a R$ 34,5 milhões – numa conta secreta num paraíso fiscal.

O chanceler avalia, no entanto, que o que dano à imagem do Brasil é causado pelo risco de fuga de Lula – e não por sua presença no Itamaraty

Na verdade, essa matéria nada mais é do que material requentado. A primeira tentativa da Veja de criar argumentos para a Lava Jato prender Lula foi em março deste ano.

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A matéria foi anunciada numa quinta-feira, 24 de março de 2016 no portal da Veja
Basicamente, o que a revista publicou foram informações negadas pela fonte que teria afirmado que “o ex-presidente e aliados” estariam estudando “requerer que país europeu o receba como perseguido político” porque a família de Lula teria cidadania brasileira e italiana.

Disse Veja, à época, que o embaixador daquele país, Raffaele Trombetta, promovia um jantar para quarenta convidados, entre eles aliados do ex-presidente com atuação destacada no mundo jurídico e no Congresso.
Segundo a revista, “em determinado momento do convescote Trombetta teve uma conversa franca e reservada com os emissários do ex-presidente. Foi perguntado sobre possíveis desdobramentos caso Lula se refugiasse no prédio da embaixada italiana e desse prosseguimento ao pedido de asilo político” e o embaixador teria prometido “estudar consequências”.

O factoide não durou 24 horas.

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Há algumas semanas, o site O Antagonista veio com a tese da fuga de Lula de novo.
Para quem não sabe, esse site é editado por antipetistas que trabalhavam na Veja e que pediram demissão da revista para tocar um site com bico grande e investimento milionário, aquilo que os mineiros chamam de “trem-bão”…

Seja como for, um dos editores do Antagonista, um tal Claudio Dantas, tratou de inventar nova rota de fuga para Lula. Agora não seria mais Itália, já que o embaixador Trombetta desmentiu Veja publicamente. Agora, Lula fugiria para o Uruguai




A matéria de Veja desta sábado 5 de novembro nada mais é do que ação da revista para justificar eventual decretação extemporânea de prisão de Lula.

Na verdade, há quem acredite que Lula iria ser preso junto com Cunha e acabou não sendo porque polêmica sobre sua prisão iminente deixou a Lava Jato com um pé atrás.

É tudo uma questão de fé, não é mesmo? Quem acreditou na possível prisão iminente de Lula três semanas atrás, agora pode supor que essa nova reportagem de Veja sobre hipotética fuga dele e da família teria relação com triangulação entre a revista, a Lava Jato e o governo Temerário com vistas a justificar prisão arbitrária do ex-presidente.

É criminosa a acusação de que Lula fugiria do país apesar de as denúncias contra si estarem sofrendo críticas tão duras de inépcia. O processo contra o ex-presidente não contém um só elemento de prova ou de forte indício. Tudo está no campo das suposições.

Concluo esse texto exortando Les Enfants Terribles  de Veja e agregados antagônicos a darem uma lida no coleguinha deles Reinaldo Azevedo, que no texto que você pode ler aqui afirma que Lula não tem um mísero motivo para fugir.

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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

No voto, FHC não se elege nem síndico de prédio

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Se falta acontecer alguma coisa para tornar inquestionável que o Brasil, além de ter sofrido um golpe de Estado, está sob uma ditadura, o que falta é a próxima eleição presidencial ser indireta. Como bem disse amigo historiador e jornalista, se fôssemos comparar a atual ditadura com o regime militar, estaríamos entre 1964 e 1968.

Nesse período, algumas garantias constitucionais e instituições ainda estavam de pé e, assim como hoje, a ditadura ainda dissimulava, tentava desdizer o que os olhos teimavam em enxergar, os ouvidos em ouvir e a alma em sentir.

É nesse contexto que deve ser visto o balão de ensaio solto desastrosamente pelo eterno esbirro particular de FHC, Xico Graziano, cujo filho, Daniel Graziano, de dentro do Instituto Fernando Henrique Cardoso espalhava mentiras contra Lula e sua família, mas só até ser flagrado pela polícia, conforme mostra matéria do portal IG que você pode ler aqui

Abaixo, texto do provável mandante de Daniel Graziano, o seu pai. Nesse texto, consta a singela tese do chefe desses dois de que FHC deve ser colocado na Presidência da República sem que tenha que se dar ao trabalho extenuante de vencer uma eleição. O texto foi publicado pela Folha de São Paulo de quinta-feira, 3 de novembro de 2016.

fhc-2Certa vez, Barack Obama disse que Lula era “O Cara”. O bajulador acima não quis fazer por menos. Porém, seria muita ingenuidade achar que essa ideia “jenial” saiu da cabeça dele. É óbvio que, tão próximo a FHC, Graziano sabe muito bem que lançar esse balão de ensaio sem consultar o chefe seria, digamos, temerário – com trocadilho, por favor.

A ideia pode colocar fogo no PSDB e criar problemas com aliados. Haverá um morticínio na direita, que acha que em 2018 vai eleger fácil o presidente da República.

FHC, porém, não é do tipo de se preocupar em melindrar aliados, já que conta com o apoio incondicional da grande mídia. Portanto, seguramente é ele – e não Graziano – o autor do balão de ensaio.

A ideia é desenterrar um dos instrumentos mais odiados pelo povo, a eleição indireta, aquele mesmo Colégio Eleitoral que durante duas décadas escolheu o governante do país em lugar dos eleitores brasileiros.
Graziano diz que seria um mandato-tampão, até 2018, mas todos conhecemos FHC. Para quem comprou a continuidade constitucional de seu mandato de 4 anos, estendendo-os por mais 4, não custará nada mudar as leis que forem necessárias para se perpetuar no poder.

O plano de FHC, porém, tem uma falha escandalosamente clara e que ele não consegue enxergar devido à sombra que seu ego descomunal projeta sobre a realidade.

Em abril deste ano, o instituto Datafolha pesquisou quem os brasileiros acham que foi o melhor presidente da história do país. Eis o resultado:

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O mais interessante é que um mês antes, em março, pouco após a condução coercitiva de Lula para depor na Polícia Federal, o Datafolha pesquisara quem os brasileiros achavam que tinha sido o melhor presidente e 35% dos entrevistados responderam que era Lula, sempre o líder isolado no ranking de ex-presidentes.

Alguns dirão que, de lá para cá, com tanta pancadaria sobre Lula, com indiciamentos sucessivos, com ataques a power point enquanto ele fica indo e voltando toda semana pelo corredor polonês midiático, esperava-se que ele despencasse nas pesquisas de intenção de voto para 2018 e no ranking de ex-presidentes.

Pesquisa Vox Populi publicada há cerca de duas semanas mostra que Lula ganhou popularidade durante todo esse bombardeio e hoje, além de ser considerado o melhor presidente por 42% dos brasileiros, é também o líder isolado na eleição em 1º turno para presidente da República daqui a dois anos.

A pesquisa Vox Populi, que os fascistas acusarão de ser “petista”, foi referendada pela pesquisa “tucana” CNT/MDA. Como se sabe, a CNT pode ser acusada de tudo, menos de ser petista.

Agora me diga, leitor: se FHC é mesmo “o cara”, como diz Graziano, por que é, diabos, que o nome dele nunca consta das pesquisas de intenção de voto para presidente da República? Sabe por que, leitor? Porque o tucano, no Brasil, não se elege fora dos bairros ricos de São Paulo e do Rio. E olhe lá.
Talvez se elegesse com certeza em Higienópolis…

Ora, um político cuja gestão deixou tantos descontentes vai ser colocado na Presidência da República pelo voto indireto?!

FHC usou sua conta no Facebook para dizer que não é nada disso, muito pelo contrário…

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Conversa. Ele só queria ver a repercussão. De repente, as ruas seriam tomadas por multidões extasiadas com a boa nova de que o autor da maravilha de cenário em 2002 (inflação e desemprego muito maiores que os atuais e o país sem reservas cambiais) iria voltar para nos dar outra dose.

Detalhe: FHC saiu do poder com 30% de aprovação; Lula saiu com 80%.

Se juiz torturar estudantes não é ditadura, o que é ditadura?


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É estarrecedora a comparação que você lerá a seguir sobre decisão do juiz Alex Costa de Oliveira, da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal, que autorizou a PM a utilizar técnicas consideradas como tortura para forçar a desocupação do Centro de Ensino Asa Branca, de Taguatinga, que estava tomado por estudantes desde o último dia 27.2

Se não acredita, veja a decisão, abaixo

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Antes de prosseguir, vale informar que o juiz autorizou o uso de equipamento sonoro de alta potência para impedir que os estudantes durmam, proibiu que entrem alimentos nas escolas ocupadas e mandou cortar água e luz.

Todas essas medidas são consideradas técnicas de tortura, como bem demonstra matéria da BBC Brasil sobre os abusos da CIA contra presos políticos.

Para ler a matéria da BBC clique na imagem abaixo.

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Agora vejamos o noticiário do insuspeito UOL sobre o despacho do juiz Alex Costa de Oliveira.
Para ler a matéria do UOL Educação, clique na imagem abaixo.
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O que está exposto acima fala tudo que há para ser dito sobre esse caso.

Em pleno século XXI, 31 anos após a redemocratização do Brasil, um regime de força implantado por mídia, judiciário, grupos políticos de direita e grandes empresários retirou do poder um governo eleito legitimamente sem ter fundamentos exigidos pela Constituição para medida tão drástica; pessoas estão sendo presas e encarceradas sem julgamento, sem flagrante e sem causas claras; agora, um membro da classe que administra a ditadura decide abertamente promover tortura de jovens estudantes que lutam por Educação de melhor qualidade, ou melhor, que lutam contra a piora da Educação contida na PEC 241.
Feliz do país no qual os jovens anseiam e lutam por Educação de melhor qualidade. Feliz do país que tem jovens que se expõem a ser até mortos e/ou mutilados por brucutus armados até os dentes e com “sangue nos olhos” para defenderem o direito de estudar e a qualidade do ensino.

Deveríamos exaltar esses jovens, atender suas demandas e pedir-lhes desculpas por termos feito tão pouco até aqui, convidando-os à mesa de negociações e prometendo solução inquestionavelmente favorável à tão combalida Educação brasileira. Em vez disso, a “justiça” manda torturá-los com as mesmas técnicas usadas pela CIA e por quaisquer grupos ideológicos radicais e violentos.

A decisão desse juiz escancara o regime de força inaugurado no Brasil nos últimos quatro anos – inaugurado a partir do julgamento do mensalão, quando pessoas foram condenadas à prisão sem apresentação de provas, sob uma teoria jurídica baseada na presunção da culpa e apelidada de “domínio do fato”.

A partir da decisão desse magistrado, vale tudo. Todos somos alvos de possível arbítrio. Assim, não tenha medo só dos esbirros graúdos dessa ditadura; tenha medo do guarda da esquina, quem, agora, sentir-se-á liberado para usar o porrete quando lhe der na telha.

Moro ia fechar a Volkswagen! Moro encarcerou o CPF e incinerou o CNPJ

Em tempo: imagine, amigo navegante, se os Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Irã, Israel, Índia, Paquistão deixariam um juizeco de primeira instância destruir seu programa nuclear

Lava Jato viola lei para culpar Lula, diz professor de Harvard



Especialista no chamado "lawfare" —o uso da lei para fins políticos—, o antropólogo John Comaroff, 71, professor na Universidade Harvard, afirma que a operação Lava Jato viola a lei para criar "presunção de culpa" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; em entrevista, ele defendeu a substituição do juiz Sergio Moro para acabar com os questionamentos sobre sua isenção nas ações contra o petista, como a divulgação de gravações telefônicas e o grampo no escritório dos advogados de Lula, que o acadêmico classificou como "muito ilegal no mundo todo"; segundo Comaroff, especialistas e formadores de opinião fora do Brasil também questionam a consistência das provas usadas pela força-tarefa da Lava Jato contra o ex-presidente 

247 - Especialista no chamado "lawfare" —o uso da lei para fins políticos—, o antropólogo John Comaroff, 71, professor na Universidade Harvard, afirma que a operação Lava Jato viola a lei para criar "presunção de culpa" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele defende a substituição do juiz Sergio Moro para acabar com os questionamentos sobre sua isenção nas ações contra o petista, como a divulgação de gravações telefônicas e o grampo no escritório dos advogados de Lula, que ele classificou como "muito ilegal no mundo todo". Segundo Comaroff, especialistas e formadores de opinião fora do Brasil também questionam a consistência das provas usadas pela força-tarefa da Lava Jato contra o ex-presidente.

"Ao vazar conversas privadas, mesmo que envolvam 20 pessoas, se Lula está entre elas, você sabe que é dele que a mídia falará. Isso é 'lawfare'. Você manipula a lei e cria uma presunção de culpa", sustentou Comaroff.

Em agosto, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou ilegal a parte das escutas de telefonemas do ex-presidente que havia sido feita após o período autorizado.

Moro, no entanto, já havia tornado pública a íntegra das conversas, que causaram polêmica pelo palavreado de Lula e, especialmente, pelo diálogo em que a então presidente Dilma Rousseff dá a entender que nomearia o antecessor ministro para garantir a ele foro privilegiado.

Comaroff também questionou o grampo no escritório dos advogados do petista, o que classificou como "muito ilegal no mundo todo".

"Não se pode fingir que não se esperava que essas medidas contra Lula não teriam impacto. Isso demonstra uma ânsia em acusá-lo", disse o professor. "Parece que Lula tem recebido um tratamento diferente nos aspectos legais na operação", criticou.

Comaroff foi procurado pelos advogados do ex-presidente na condição de especialista em "lawfare" –o professor disse que não prestará serviços à defesa.

"Eu estou tentando entender o caso. Meus colegas aqui em Harvard não conseguem compreender. Há fatos que perturbam a audiência internacional", afirmou Comaroff. "O país possui um sistema legal robusto. Não há necessidade de se violar a lei."

Diante dos questionamentos formais da defesa à conduta de Moro, o antropólogo disse que a saída do juiz do caso seria demonstração de isenção política da Lava Jato."

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Ministro da Saúde é vaiado em Congresso Mundial de Medicina

Rodrigo Nunes/MS

O ministro Ricardo Barros, da Saúde, foi chamado de "golpista" e vaiado nesta quarta-feira 2 durante o Congresso Mundial de Medicina de Família e Comunidade, realizado no Rio de Janeiro; a conferência reúne médicos de 80 países; da plateia, também houve gritos de "SUS sim, PEC não" e "Fora Temer"; assista ao vídeo 

247 - O ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi vaiado durante o Congresso Mundial de Medicina de Família e Comunidade, realizado no Rio de Janeiro entre os dias 2 e 6 de novembro, no Riocentro.
Da plateia, houve gritos de "golpista", "Fora Temer" e "SUS sim, PEC não".

Promovida pela Organização Mundial de Médicos de Família (World Organization of Family Doctors) e pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a conferência reúne médicos de 80 países.

Confira o vídeo do momento da vaia:

https://twitter.com/heiderpinto

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O Bolsa Família e a virulência dos fascistas Vá ler "Os Sertões", minha filha...

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O Conversa Afiada reproduz texto de Régis Eric Maia Barros, psiquiatra e psicanalista:
Costumo dizer que a célula fascista sempre esteve viva durante toda a história do mundo moderno e contemporâneo. Ela fica adormecida como um patógeno oportunista num hospedeiro, teoricamente, saudável. Em condições favoráveis, ela se replica e cria um corpo coletivo de idéias fascistas.

Pois bem, recentemente, uma atriz verbalizou que ela e seus pares do Sul e Sudeste “pagam o Bolsa-Família ao Nordeste”. De fato, o inconsciente fala e, para quem sabe escutar e decifrar, ele grita em alto e bom som. Infelizmente, essa fala não é só dela. Ela foi porta-voz de muitos. São incontáveis os que crêem nisso. O problema é que, ao crer nessa barbaridade, há uma estratificação manifesta. De um lado, os que “pagam o bolsa-família” e do outro, “os que recebem e se esbaldam dessa política inclusiva”. Há um maniqueísmo: os que trabalham e os que são vagabundos! A atriz pode até não ter notado, mas é notória, nessa fala pútrida, a idéia de especiação.

Um escalonamento de base fascista que coloca o diferente num patamar sempre inferior. Daí, para o preconceito é um passo, para a exclusão é um pulo e para o extermínio é uma braçada. Se a voz coletiva assim se constituir, tudo é validado e o mais fraco, mesmo que em maioria, será exterminado. Não se precisa exterminar com câmaras de gás. Pode-se exterminar, simplesmente, com os atos de não aceitar, de rotular, de apelidar, de não incluir e com o ato de culpabilizar.

A atriz foi clara. Ela pediu que todos silenciassem, porque ela sustenta os miseráveis do Nordeste. Gostaria de acreditar que essa construção fosse produto somente do desconhecimento. Contudo, a sua forma arrogante, vertical, agressiva e preconceituosa foi capaz de desnudá-la. Eis a célula fascista saindo da quiescência. O meio de cultura dos dias de hoje é apropriado. Um crescimento conservador sem igual. O julgamento do certo e do errado pela falsa roupagem do equilíbrio moral pleno até por que os que propõem isso são repletos de imoralidade. Essa célula fascista fará muitas mitoses em cada indivíduo solitário que a possui. Depois, os que foram contaminados por essa célula farão um coro único – uma coletividade fascista.

O povo nordestino não é sustentado por seu ninguém. Pelo contrário, nessas terras brotam inúmeras riquezas humanas, artísticas, culturais e naturais. Sugiro que a atriz leia “Os Sertões”. Só assim, ela poderá entender que “antes de tudo, somos fortes...”

Prefeito de BH diz que príncipe Aécio será preso



Em vídeo que viralizou nas redes sociais, o prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), não poupa críticas ao senador Aécio Neves e sugere que o presidente nacional do PSDB será preso; “Muito cuidado com o que vocês estão fazendo com o príncipe Aécio Neves, muito cuidado. Porque eu avisei, não tenho medo e não sou de brincadeira. Cuidado que o príncipe vai pra gaiola”, disparou depois de fazer referências a uma delação premiada sobre a Cidade Administrativa; Kalil derrotou o candidato de Aécio, João Leite (PSDB), na disputa pela prefeitura da capital mineira 


247 - Em vídeo que viralizou nas redes sociais, o prefeito eleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), não poupa críticas ao senador Aécio Neves e sugere que o presidente nacional do PSDB será preso.
“Muito cuidado com o que vocês estão fazendo com o príncipe Aécio Neves, muito cuidado. Porque eu avisei, não tenho medo e não sou de brincadeira. Cuidado que o príncipe vai pra gaiola”, disparou depois de fazer referências a uma delação premiada sobre a Cidade Administrativa.

Na rede social, Kalil afirma que, após ter sido atacado pelos concorrentes, decidiu responder no mesmo tom. “Vocês querem levar para esse nível, vocês não têm rabo para isso. O rabo de vocês é preso”, disse.

O candidato chega a chamar João Leite (PSDB), candidato derrotado na disputa pela prefeitura de BH, que tinha o apoio de Aécio, de “pateta” e de “covarde” e descreve os membros da campanha do adversário como uma “cambada de idiotas”.

Abaixo o vídeo:

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Lava Jato admite que faz acusados cumprirem pena sem julgamento


dallagnol-capa


No último domingo, o corista mais ousado da Lava Jato e um outro menos conhecido vieram a público para um novo showzinho, desta vez sem power point. Os procuradores da República Deltan Dallagnol e Orlando Martello trataram de defender a Operação das críticas crescentes que está recebendo, basicamente, por abuso de poder e partidarismo.

O show foi encenado na página A3 da Folha de São Paulo, na sessão Tendências/Debates. Ocupou a página de alto a baixo. No texto em questão, sem auxílio de power point os procuradores tiveram que preencher o espaço com outro tipo de diversionismo. Vamos ao show, então. Quem sabe o leitor encontre a confissão da Lava Jato.

Continuo em seguida à matéria da Folha abaixo reproduzida.

dallagnol-1Achou? Imagino que sim. Mas caso alguém não tenha encontrado, impressione-se com o que os dois procuradores dizem sobre as acusações de abuso da Lava Jato: “ 3% estão encarcerados sem condenação”
Só?! Como assim, “só”? Pelas contas da Lava Jato, ela acusou 241 pessoas em 52 investigações e só 3% dessas pessoas estão cumprindo pena sem julgamento. Assim, segundo a Lava Jato, em torno de 7 pessoas estão encarceradas e cumprindo pena sem condenação, ou melhor, sem terem tido direito a um julgamento justo.

É pouco?!!

Assassinos costumam aguardar o julgamento em liberdade. Para acusados de crimes não-violentos, começar a cumprir pena sem ter sido julgado ou preso em flagrante é um abuso, uma medida ditatorial. Não se explica.

Mas hilariante mesmo é a explicação de Dallagnol e Martello sobre por que a Lava Jato só prende petistas ou aliados de petistas. Segundo eles, é porque o PT estava no Poder, de modo que só existiria corrupção no partido que governa.

É mesmo? Será verdade?

Pergunta: a Odebrecht, a OAS, a Camargo Correia e outras máfias da construção pesada que começaram a roubar ainda no regime militar e que roubaram a Petrobrás são as mesmas Odebrechet, OAS, Camargo Correia etc. que prestaram serviços ao metrô de São Paulo, à CPTM, ao Rodoanel?

Quem está no poder no Estado de São Paulo, responsável pelo metrô, pela CPTM e pelo Rodoanel, e em tantos outros Estados e municípios? É o PT?

Mas se são as mesmas Odebrecht, OAS, Camargo Correia e companhia, então não dá pra entender. Se são as mesmas empresas, por que a roubalheira que promoveram junto ao governo do Estado de São Paulo não é investigada?

Ou será que as denúncias de que elas roubaram também em São Paulo não são verdadeiras?

A Lava Jato só investiga corrupção da Odebrecht, da OAS, da Camargo Correia e do raio que as parta se essa corrupção envolver petistas. Como a corrupção que essas empresas promovem nos Estados e municípios não interessa aos procuradores da República e delegados da PF porque atinge diretamente o PSDB, não rola investigação.

Aliás, com muito atraso há uma encenação de que está sendo investigada alguma coisa contra José Serra – após anos de investigações que ignoraram o que as empreiteiras faziam em São Paulo ou Minas Gerais, onde os esquemas movimentaram muito mais dinheiro que na Petrobrás.

Faz tempo que a Lava Jato não consegue explicar por que suas investigações são seletivas. E agora não consegue explicar como é possível que o Brasil mantenha pessoas cumprindo pena de encarceramento sem terem tido direito a um julgamento justo.

Mas o que assusta mesmo é Dallagnol e Martello acharem que há pouca gente presa sem julgamento. Fiquei esperando que ele se gabasse de “só” estar torturando psicologicamente os encarcerados sem julgamento pela Lava Jato, de não praticar torturas físicas.

Dois factóides de Temer

Marcos Corrêa/PR
Tratemos da mensagem, e depois do meio pelo qual foi divulgada, a Voz do Brasil. Há alguns meses, se a então presidente da República anunciasse dois programas sociais sem o menor detalhamento, seria um Deus nos acuda na mídia e na oposição. Mas ontem foram divulgadas com boa vontade, sem qualquer questionamento, duas medidas com pretensões sociais do atual governo. Pela ausência de qualquer  detalhamento técnico sobre a implementação, o anúncio deixou a impressão de que as medidas foram anunciadas assim que foram imaginadas, sem prévia formulação, apenas para gerarem algum alento na paisagem devastada pelo desemprego e a queda na renda das famílias. Vejamos uma e outra.


Regularização de propriedades “clandestinas” - Para começar, existem habitações irregulares ou ilegais, mas não clandestinas, por visíveis que são, inclusive para o poder público. Este é mesmo um grande problema no Brasil e precisa ser enfrentado. Segundo o IBGE, mais de 12 milhões de famílias vivem em aglomerados subnormais, ou seja, favelas e invasões, metade disso no Sudeste. Os governos petistas fizeram algumas tentativas neste sentido mas esbarraram no óbvio: o governo federal não tem capacidade para resolver o problema porque  dele depende, fundamentalmente, da ação de prefeituras e governos estaduais.  As propriedade irregulares nestes aglomerados ocupam terras invadidas. Algumas são públicas, outras pertencem a particulares, e teriam que ser desapropriadas, com indenização, naturalmente. Tal programa  teria custos elevadíssimos. Não basta o governo federal querer dar títulos de propriedade. Será preciso negociar com o dono do lote. O problema das invasões no Distrito Federal é dramático mas os governos locais não conseguem equacioná-lo, inclusive porque boa parte das terras invadidas são da União, que não abre mão delas.

Num momento em que conter o gasto público tornou-se palavra de ordem, não  é provável que o governo federal esteja disposto a financiar os custos de regularização de milhões de unidades “clandestinas”. Seria uma boa notícia se fosse viável. Só vendo para crer.

Cartão reforma –

 Temer relançou, com outro nome, uma boa ideia de Dilma, sacrificada pelo ajuste fiscal que ela tentou, o “Minha Casa Melhor!”. O valor do empréstimo já seria pequeno naquela época (junho de 2013): R$ 5. 000,00 para reforma da casa própria (legal) a serem pagos em até 48 meses a juros de 5% ao ano.  Agora, com o saco de cimento custando mais de R$ 25,00, ficou irrisório. Com este dinheirinho, será difícil alguém conseguir “aumentar um quarto, cimentar a casa ou ampliar o banheiro”, como disse Temer. E também em relação a este programa, nenhum detalhamento: quem vai emprestar, por quanto tempo, a quê taxas de juros, em que condições? Por ora, apenas dois factoides.

O uso político da EBC

Temer anunciou estes programas pela Voz do Brasil, que ele e seus ministros estão usando intensamente, inclusive ao vivo. Tudo bem que este seja um programa de comunicação governamental, feito pela EBC Serviços, unidade da EBC criada para atender ao governo federal, e que não se confunde com os canais que ERAM públicos: TV Brasil, rádios EBC, Agência Brasil. Mas tudo na EBC agora é serviço governamental. A mídia, que em outros tempos estaria denunciando o “chapabranquismo”, finge que não vê. Segue o baile do aparelhamento, da descaracterização, do desmonte, da censura ao conteúdo produzido pelos jornalistas da casa.

Se os deputados e senadores tiverem um mínimo de honestidade, ao votarem a MP 744, que acaba com o conselho curador da EBC e com o mandato de seu diretor-presidente, colocarão os pingos nos is. Isso significa deixar claro que a empresa tornou-se uma agência de propaganda do governo, suprimindo da lei todas as referencias do texto à comunicação pública que o atual Governo sepultou.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Segurem-se, o piloto sumiu! Sequestrada a ordem democrática, os três poderes se golpeiam, enquanto Estado mínimo estrangula o Estado Social esculpido na Constituição Cidadã de 1988

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O Brasil está desgovernado. Sequestrada a ordem democrática, os três poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo) se golpeiam. Enquanto isso, o Estado mínimo, imposto pelo núcleo econômico do governo, essencialmente tucano, estrangula o Estado Social esculpido na Constituição Cidadã de 1988.
A desordem atinge todos os níveis. Basta acompanhar os sucessivos fatos:
Na sexta-feira (21.10.2016), a Polícia Federal invadiu o Senado, sem autorização do presidente da Casa ou do Supremo Tribunal Federal (STF). Prendeu quatro policiais do Senado, inclusive o chefe da polícia, sob alegação de que eles atrapalharam as investigações da Lava Jato.
Como?
Realizando, a pedido de alguns senadores, varredura de escutas se existentes ilegais, supostamente plantadas em gabinetes e residências de parlamentares.
Na segunda-feira (24.10.2016), antes tarde do que nunca, Renan Calheiros, presidente do Senado, em entrevista coletiva muito concorrida, achincalhou o juiz de primeira instância que determinou a operação; e também Alexandre de Moraes, o ministro da Justiça. Aproveitou o momento para revelar uma lista com nomes de senadores que haviam requerido a varredura. Entre eles, grãos tucanos, como Aloysio Nunes e Tasso Jereissati, mas também do baixo clero, como Magno Malta, o arauto da moralidade.
No STF, dois ministros se pronunciaram sobre o episódio de forma distinta. A presidente da Corte, Carmem Lúcia, criticou a fala de Calheiros, defendendo a autonomia entre os poderes. O ministro Gilmar Mendes (STF) passou recado ao juiz que determinou a invasão e, por consequência, a Sérgio Moro, à frente da Lava Jato.
A manchete da Folha na última sexta-feira (28.10.2016), “Odebrecht diz que caixa dois para Serra foi pago em conta na Suíça”, dá o tom do próximo round no ringue instalado no Planalto. Em delação premiada, executivos da Odebrecht afirmaram que o ministro José Serra (Relações Exteriores) recebeu R$ 23 milhões (R$ 34 milhões em valores atualizados) em caixa dois da empreiteira durante a eleição de 2010.
Estranho para os tucanos é caixa dois, para os petistas é propina.
Para os tucanos uma pequena notinha de pé de página na Folha e no Estadão e nenhuma linha no JN de ontem (29.10.2016).
Para os petistas, manchetes em todos os jornais, revistas, rádios e televisões.
E ainda tinha gente que defendia a regulação da mídia através do controle remoto !
Operação Métis
A invasão da PF na Casa Legislativa, com direito ao carnaval midiático de sempre, escancarou a fissura entre os poderes da República.
Ao justificar a Operação Métis - deusa da astúcia, capaz de prever todos os acontecimentos... – a PF afirmou que a varredura promovida pelos policiais legisladores nos gabinetes e residência dos senadores, “utilizando-se de equipamentos de inteligência", criou “embaraços às ações investigativas” da Lava Jato (G1, 21.10.2016) ???
O sinal de alerta do Legislativo sobre o avanço do Judiciário foi dado pelo senador Renan Calheiros, presidente da Casa. Para que a Lei fosse obedecida, antes de invadir o espaço, a PF deveria ter solicitado autorização a Calheiros (presidente da Casa) ou ao STF que encaminharia a ele um requerimento para isso.
Com 11 inquéritos no STF, oito relacionados com a Lava Jato, Calheiros foi um dos que requereram a varredura, autorizada por ele mesmo. Em coletiva de imprensa, além de defender o trabalho da polícia legislativa, dentro da lei e restrito à detecção de escutas ilegais, ele atacou o juiz federal, Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª. Vera Federal de Brasília, responsável pela Operação:
“Um juizeco de primeira instância não pode, a qualquer momento, atentar contra um poder. Busca no Senado só se pode fazer pelo Senado, e não por um juiz de primeira instância. Se a cada dia um juiz de primeira instância concede uma medida excepcional, nós estaremos nos avizinhando de um estado de exceção, depois de passado pelo estado policial”. (G1, 24.10.2016)
Em relação ao ministro Alexandre de Moraes (Justiça), Calheiros foi além, utilizando expressões como “truculência”, “intimidação” e até mesmo “métodos fascistas”:
“É lamentável que isso aconteça num espetáculo inusitado, que nem a ditadura militar o fez, com a participação do ministro do governo federal que não tem se portado como ministro de Estado, no máximo tem se portado como um ministro circunstancial, de governo, chefete de polícia”.
Disse mais: “A nossa trincheira tem sido sempre a mesma, a Justiça, o processo legal sem temer esses arreganhos, truculência, intimidação. Eu tenho ódio e nojo a métodos fascistas, por isso, como presidente do Senado Federal, cabe a mim repeli-los” (Bom dia Brasil, 25.10.2016).
Durante a coletiva, da segunda-feira (24.10.2016), Calheiros anunciou ter ingressado no STF com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) com o objetivo de definir “claramente” a competência entre os poderes.
Algumas perguntas sobre o episódio:
Se grampos são permitidos, com autorização judicial, nas companhias telefônicas, como os policiais do legislativo poderiam atrapalhar a Lava Jato ?
A Operação Lava Jato, de Sérgio Moro está fazendo escuta física, colocando grampo em gabinetes ou nas residências das pessoas ? Como os grampos encontrados no cárcere de Alberto Youssef, dentro da Polícia Federal?
Em tese, não haveria como prejudicar a Lava Jato com a varredura, porque se houvesse escuta física, a Lava Jato não poderia utilizar esse material. A Justiça autoriza GRAMPOS efetuados nas Operadoras de telefonia. Os policiais do Senado se debruçaram sobre escutas físicas, ou seja, aparelhos colocados nos escritórios e ou nas residências das pessoas de forma ilegal.
É correto, portanto, que o presidente do Senado autorize varredura. E um equívoco a ação da PF e do juiz em determinar a prisão dos policiais e o recolhimento de um equipamento utilizado para evitar uma possível ilegalidade ou crime. A autorização de Calheiros não tem nada de " ilegal".
Golpistas intimidados?
Além do clima de guerra entre os Três Poderes, o episódio escancara o clima de terror promovido pela Lava Jato entre os golpistas.
Sim, golpistas.
Na lista dos senadores que solicitaram serviços da polícia legislativa porque “se sentiam intimidados nas suas relações familiares”, conforme justificativa de Calheiros para autorizar o procedimento, constam:
Aloysio Nunes (PSDB-SP); Álvaro Dias (PV-PR), Ciro Nogueira (PP-PI), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Fernando Collor (PTC-AL), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Ivo Cassol (PP-RO), Magno Malta (PR-ES), Omar Aziz (PSD-AM), Raimundo Lira (PMDB-PB), Renan Calheiros (PMDB-AL), Simone Tebet (PMDB-MS), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Vicentinho Alves (PR-TO), Waldemir Moka (PMDB-MS), Lobão Filho (PMDB-MA) e Vital do Rêgo (PMDB-PB). (G1, 24.10.2016),
Com exceção da senadora Gleisi Hoffmann, a relação dos “intimidados” é composta pela tropa de choque do impeachment.
Não à toa, que essa lista não foi referida no Jornal Nacional da Rede Globo e nem estará no Fantástico do domindo (30.10), permanecendo restrita aos onlines e impressos, preferencialmente em pequenos espaços..
Entre os nomes, apenas a Senadora Gleisi, o Senador Collor e ex-Deputado Eduardo Cunha, também citado, sofreram busca e apreensão em suas casas o que permitiria, em tese, a PF ter plantado uma escuta física. Outros senadores, apesar de terem seus nomes referidos ou investigados na Lava Jato, não sofreram qualquer " constrangimento" a mando do Judiciário.
Por que Aloysio Nunes, Tasso Jereissati, Álvaro Dias estariam se sentindo intimidados?
Não há dúvidas: tem boi nesta linha.
Convite recusado
O passa-moleque dado pelo presidente do Senado na última terça-feira foi duramente criticado pela presidente do STF, a ministra Carmem Lúcia. Exigindo respeito aos demais poderes da Justiça, ela disse: “todas as vezes que um juiz é agredido, eu e cada um de nós juízes somos agredido” (ODIA, 25.10.2016).
 A crise estava escancarada.
O presidente decorativo Michel Temer entrou em ação, sem sucesso. Convocou uma reunião entre os Três Poderes que foi declinada pela ministra, alegando “agenda cheia” (OESP, 25.10.2016). O encontrou aconteceu somente na última sexta-feira, com uma estranha pauta sobre Segurança, Calheiros, claro, pediu desculpas (FSP, 28.10.2016).
Esta semana, aliás, será apreensiva para o presidente do Senado. Nos próximos dias, a Corte Suprema votará o impedimento – ou não – de que parlamentares com processo criminal no STF ocupem cargos que possam levá-los a substituir o presidente da República na linha sucessória. Com onze inquéritos no STF, esse é o caso de Renan Calheiros atrás, na fila, do prestativo Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Presidente da Câmara dos Deputados, também citado na Lava Jato (JCNE, 26.10.2016), Maia afirmou sobre a Operação Métis: “tem que se tomar muito cuidado quando um juiz de primeira instância dá decisão em relação a entrar no poder [legislativo]”.
Ele também alertou sobre a ilegalidade da escuta física afirmando que “vale” a atuação da Polícia Legislativa para evitar grampos ilegais. O grampo legal, apontou, “fica no telefone, não precisa, não tem como você evitar grampo legal, porque é autorização judicial e está na central telefônica”. (G1. 24.10.2016).
Maia entende do assunto, seu nome surge em mensagens telefônicas trocadas com o empreiteiro Léo Pinheiro, envolvendo doações de campanha da OAS (OESP, 11.06.2016, FSP, 21.01.2016, EPOCA, 14.06.2016).
Mas, também deve se tratar apenas de caixa dois !
Sua atuação impecável na implantação do Estado mínimo, na defesa da PEC 241 – agora PEC 55 no Senado - e das 10 medidas contra a corrupção do Ministério Público (G1, 26.10.2016), podem lhe garantir um refresco.
Sem falar dos financiadores de sua campanha – a maioria bancos e empresas do sistema financeiro (FSP, 15.07.2016) – que têm nele um forte representante dentro do Congresso. Não é à toa que Maia vem tentando se reeleger na presidência da Câmara em 2017 e à revelia da Constituição exigir uma eleição de deputado entre as disputas pela vaga (AE, 07.10.2016).
No último dia 13, o deputado se reuniu com o ministro Gilmar Mendes para discutir reforma política. Imagine a conversa entre ambos sobre a proibição do financiamento privado de campanhas em curso.
Maia deu uma palha: “Não haverá mais financiamento de pessoa jurídica. Então, nós teremos financiamento ou de pessoa física ou público. Com [apenas] estes dois modelos, o sistema vai entrar em colapso em 2018” (IG, 13.10.2016).
Resta a pergunta: Qual a legitimidade de Gilmar Mendes para discutir reforma política com o Presidente da Câmara?
Vem chumbo grosso por aí.
Salve-se quem puder
É sempre bom lembrar que Mendes e Maia têm um amigo em comum: o sumido senador Aécio Neves. Investigado em dois inquéritos no STF na Operação Lava Jato, citado em várias delações, Aécio foi considerado um grande articulador da vitória de Maia na Câmara em julho deste ano (R7, 16.07.2016).
Sua presença também pode ser suposta nas críticas, cada vez mais constantes, do amigo Gilmar Mendes sobre a atuação de Sérgio Moro.
Nesta semana, o todo-poderoso do STF destacou que "a Lava Jato tem sido um grande instrumento de combate à corrupção”, mas “daí a dizer que nós temos que canonizar todas as práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores vai uma longa distância”.
Ele também pediu “escrutínio crítico” em relação às dez medidas do MPF.
A mais inquietante de suas declarações, apesar de assegurar que o Brasil vive seu mais longo período de “normalidade institucional”, disse respeito à Operação Métis. Gilmar Mendes foi categórico em relação à invasão da PF no Senado: “medidas em relação ao Senado devem ser autorizadas pelo Supremo”.
Chegou, inclusive, a mencionar a cautela dos militares em 1964: “Se tem que tomar todas as medidas para não botar a polícia dentro do Congresso. São coisas que não se compatibilizam. Existe um elemento simbólico. Até os militares foram muito cautelosos em fechar ou colocar a Polícia dentro do Congresso. É preciso ter cuidado com isso”.
Em suma: o senador Calheiros não ofendeu a Justiça e a Ministra Presidenta do STF, ficou pendurada no pincel.
De quebra, Mendes defendeu o projeto de lei contra o abuso de autoridade de juízes e promotores, criticando abertamente Sérgio Moro: "alguns chegam a dizer exageradamente que comprometeria a Lava Jato. Significa que eles precisam de licença para cometer abuso? Me parece um absurdo". (OGLOBO, 21.10.2016).
Não esquecer que as rusgas entre Gilmar e Janot datam de 2015, tendo porém se tornado mais agudas nos últimos tempos.
A disputa interna entre os golpistas será tórrida no próximo ano.
Gilmar Mendes, inclusive, passou a agenda: “já tivemos muitas denúncias recebidas. Esse processo prossegue e certamente, no ano que vem, já iremos ter decisões do Supremo, ou condenações ou absolvições” (G1, 24.10.2016).
Bye-bye
É neste contexto que os boatos sobre o afastamento de Temer se fortalecem no Planalto Central. No horizonte, as delações da Odebrecht – nas quais Serra já entrou no bolo - prometem atingir pesos pesados do atual governo como Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Moreira Franco (Parcerias de Investimentos), além de Rodrigo Maia (CEM-RJ). (FSP, 26.10.2016). Enquanto isso, Eduardo Cunha permanece bem guardado sob as asas de Moro.
A pergunta se coloca: qual será o nome que eles vão impor, nas eleições indiretas, após o chisparem com Temer e cia. do planalto?
Seja qual for, terá de ser alguém que abrirá, ainda mais, a atuação do núcleo tucano instalado no centro econômico do poder. Alguém forte capaz de conter os excessos – só agora incensados – da Lava Jato. E com a estatura de uma pulga, em termos sociais, para promover o desmonte de um país que poucos anos atrás ascendia em justiça social, soberania e perspectiva de futuro.
A verdade é que uma possível delação premiada de Eduardo Cunha e família e dos executivos da Odebrecht, têm potencial destruidor de uma bomba atômica, como reconhece o próprio Juiz Moro, neste final de semana.
Desta forma, o povo brasileiro deve estar atento a essas movimentações e possibilidades, que podem levar um aventureiro à Presidência da República, com o rótulo de salvador da Pátria.
Lembram? Já foram mencionados Joaquim Barbosa, mais recentemente Sergio Moro, quem será o próximo?

‘Quem votar contra a educação estará com as mãos sujas por 20 anos’

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Jovem estudante paranaense que emocionou o País ao defender a luta dos estudantes contra o retrocesso na Educação, Ana Júlia Ribeiro participou nesta segunda-feira, 31, de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado; em seu discurso, a jovem disse que os parlamentares que defendem a PEC do teto de gastos estarão com as "mãos sujas por 20 anos"; ela anunciou que o movimento estudantil deve aumentar; "Nós vamos desenvolver métodos de desobediência civil, nós vamos levar a luta estudantil para frente, nós vamos mostrar que não estamos aqui de brincadeira, e que o Brasil vai ser um país de todos"; "Nós vamos ocupar as ruas também"; Ana Júlia denunciou ainda a "repressão violenta" contra os estudantes nas escolas ocupadas e disse que o movimento é democrático 

247 - A jovem estudante Ana Júlia Ribeiro – que emocionou o País ao defender a luta dos estudantes secundaristas contra mudanças no Ensino Médio e contra a PEC 241, esteve nesta segunda-feira, 31, no Senado, para participar de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos.

A audiência contou com a presença de senadores do PT, representantes de associações da área da educação e estudantes. Em sua manifestação, Ana Júlia que os parlamentares que defendem a PEC do teto de gastos estarão com as "mãos sujas por 20 anos". "Em relação à PEC 55, a antiga PEC 241, eu quero dizer uma coisa: aqueles que votarem contra a educação estarão com as mão sujas por 20 anos", afirmou.
A estudante disse também que o movimento estudantil deve aumentar. "Nós vamos desenvolver métodos de desobediência civil, nós vamos levar a luta estudantil para frente, nós vamos mostrar que não estamos aqui de brincadeira, e que o Brasil vai ser um país de todos".

"Resistir não é só ficar na escola. É não abaixar as cabeças para as ideias contrárias, é continuar lutando pelo movimento estudantil [...] Nós vamos ocupar as ruas também", enfatizou.

A jovem denunciou a "repressão violenta" que os estudantes vêm sofrendo nas escolas ocupadas. "Infelizmente, nós temos sofrido repressão de movimentos contrários. E a repressão está sendo violenta. Repressão que, na calada da noite, passa nas escolas. Repressão que passa com som alto, tocando o Hino Nacional, como se nós não respeitássemos o Hino", destacou a estudante.

"Nós defendemos o direito que eles [os opositores das ocupações] têm de serem contrários. Nós vivemos em uma democracia e sabemos que é importante ter os dois lados. Mas nós abominamos a repressão violenta", acrescentou

Paulo Nogueira: A aterradora confissão de Dallagnol de que até aqui a Lava Jato( Tão “isenta” quanto o JN ) pegou apenas um lado

Dallagnol
A desconcertante confissão involuntária de Deltan Dallagnol

por Paulo Nogueira, no DCM, em 30/10/2016 

Escondidinha, uma nota na primeira página da Folha de hoje traz o que se pode definir como uma confissão aterradora.

A nota chama para um artigo de Deltan Dallagnol e outro procurador, e o título é este: “Lata Jato avança ao atingir todos sem distinção”.

Vou repetir, tamanha a importância da frase:

“Lata Jato avança ao atingir todos sem distinção”.

Quer dizer: agora, e somente agora, a Lava Jato atinge — alegadamente — a todos?

Ao longo de todo este tempo Moro e seus comandados trataram de destruir o PT.

Num jogo combinado com a mídia, a começar pela Globo, armaram operações cinematográficas quando se tratava de prender pessoas de alguma forma vinculadas a Lula.

Como esquecer as cenas da condução coercitiva de Lula para um depoimento para o qual ele sequer fora convocado?

E o vazamento ilegal das falas entre Lula e Dilma?

E tantas, tantas, tantas outras coisas que colaboraram decisivamente para a derrubada de Dilma e que, pelo script previsto, levariam a tirar Lula do caminho em 2018?

Uma democracia foi destruída. 54 milhões de votos foram incinerados para que a plutocracia chegasse ao lugar a que não consegue pelas urnas.

E agora somos obrigados a engolir que a Lava Jato é, aspas e gargalhadas, “apartidária”? Isenta?
Coloquemos assim: a Lava Jato tem a isenção que está fixada na missão do Jornal Nacional.
Nela, o JN diz que noticia os fatos do dia com “isenção”.

A Lava Jato foi, desde o início, tão isenta quanto o Jornal Nacional.

As coisas saíram do controle de seus mentores, e da própria mídia, quando delatores graúdos citaram pessoas, de novo aspas e gargalhadas, “acima de qualquer suspeita”.

Veio o caos, para os administradores da Lava Jato e para a imprensa.

Nenhum entre eles poderia esperar que da Odebrech saísse a informação preciosa de que Serra recebera 23 milhões de dólares num banco suíço para a campanha de 2010.

E atenção: em dinheiro de 2010. Hoje, seriam 34 milhões.

A confusão entre as corporações jornalísticas ficou estampada notavemente nisso: a Folha deu manchete e o JN ignorou.

O fato é que mudaram as circunstâncias: Moro já não é o mesmo.

Caminha para ser o juiz de primeira instância de origem.

Hoje é menor do que foi ontem, e amanhã será menor do que é hoje.

E a ideia disparatada de Dallagnol de que a Lava Jato “avança ao atingir a todos sem distinção” merece que evoquemos Wellington.

Só acredita nela quem acredita em tudo.

A não ser que a tomemos como uma confissão de que ela até aqui pegou apenas um lado.

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