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quarta-feira, 26 de março de 2014

Risco-Brasil: inferno com FHC, paraíso com Lula


O day after do conservadorismo: dólar cai ao menor nível em 4 meses; bolsa sobe ao maior nível em 5 meses; ações da Petrobras disparam e receita fiscal bate recorde; um dia depois de a S&P rebaixar a nota do Brasil.

A mesma agência que acha o Brasil inconsistente deu ao banco Lehman Brothers um triplo A em agosto de 2008
 
Um mês depois, o Lehman Brothers quebrou disparando a maior crise do capitalismo desde 1929

Investidor estrangeiro despreza alarido ortodoxo e faz investimentos produtivos de US$ 9,2 bi no país no 1º bimestre.

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  "A coisa mais difícil de ganhar na vida é confiança. Em tudo, não só na economia. O rebaixamento é um sinal de desconfiança. É negativo para o país", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao participar de um evento, em São Paulo; no entanto, em seu governo a classificação brasileira atingiu o nível "altamente especulativo" e só chegou ao "grau de investimento" com o ex-presidente Lula, onde ainda permanece com Dilma, a despeito do rebaixamento de segunda-feira
26 de Março de 2014 às 09:06
247 - Ao participar de um evento ontem em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou para comentar o rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poors. "Tem que olhar com jeito isso aí porque as agências não são infalíveis. Mas é óbvio que, no caso do Brasil, existem sinais que levam a prestar atenção. O endividamento público cresceu e existe esse artificialismo no manejo do orçamento. Isso tudo pesa e elas (agências) estão registrando", afirmou. "A coisa mais difícil de ganhar na vida é confiança. Em tudo, não só na economia. Isso (rebaixamento) é um sinal de desconfiança. É negativo para o país", acrescentou.
Na segunda-feira, a nota atribuída ao Brasil pela S&P caiu de BBB para BBB-, mas ainda foi mantida no chamado "grau de investimento", ou seja, dos países ainda confiáveis para atrair investimentos. Prova de que a alteração não causou grande impacto, foi o comportamento do mercado financeiro, onde o dólar registrou forte queda e a Bovespa registrou o sétimo pregão consecutivo de alta.
Diante da fala de FHC, no entanto, cabe um registro histórico. Foi em janeiro de 1999, mês da maxidesvalorização do real, adiada em função da reeleição obtida um ano antes, que o chamado risco-Brasil atingiu seu nível mais baixo. Com nota B-, o Brasil foi classificado pela S&P como "altamente especulativo".
Apenas em 30 de abril de 2008, já no governo Lula, o Brasil atingiu o chamado "grau de investimento", com a nota BBB-. A promoção veio em 17 de janeiro de 2011, com a classificação BBB, e agora, nesta segunda-feira, o Brasil voltou ao nível de 2008. Ou seja: houve um rebaixamento, mas a classificação do risco-Brasil ainda é muito superior à da era FHC.
Confira, abaixo, a evolução da nota do Brasil e entenda aqui o que significam as notas:


terça-feira, 25 de março de 2014

Arrecadação bate recorde e quebra argumento da S&P

Jogral conservador tropeça na língua: bolsa sobe e receita fiscal bate recorde, um dia depois de a Standard & Poor's rebaixar a nota do Brasil.

A mesma agencia que acha o Brasil inconsistente deu ao banco Lehman Brothers um triplo A em agosto de 2008; em setembro o Lehman Brothers quebrou disparando a maior crise do capitalismo desde 1929.

Investidor estrangeiro despreza alarido ortodoxo e faz investimentos produtivos de US$ 9,2 bi no país no 1º bimestre.

BC projeta déficit externo de US$ 80 bi para 2014; investimentos estrangeiros produtivos devem somar US$ 65 bi no ano.


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Principal justificativa para rebaixamento de rating do Brasil foi o do chamado risco fiscal; mas menos de 24 horas após a Standard & Poor´s divulgar a queda da nota de BBB para BBB-, Receita Federal informa que arrecadação de impostos em fevereiro bateu recorde histórico para este mês do ano; R$ 83,17 bilhões entraram para os cofres do governo; S&P alegou que País deixa dúvidas sobre pagar seus compromissos, porém, entrada de impostos mostra que economia está robusta e País apto a enfrentar seus vencimentos; rebaixamento um dia antes da nova informação da Receita foi apenas coincidência ou incompetência da equipe chefiada por Lisa Schineller?; a propósito: Bolsa de São Paulo abriu o dia subindo 0,77%
25 de Março de 2014 às 10:38
247 – O risco fiscal foi apontado pela agência de classificação de risco Standard & Poor´s, dos Estados Unidos, como principal justificativa para rebaixar, ontem, o rating do Brasil de BBB para BBB-. Mas, menos de 24 horas após a decisão, a economia brasileira acaba de apresentar mais um dado de crescimento – e justamente no quesito fiscal.
A arrecadação de impostos no mês de fevereiro ficou em R$ 83, 17 bilhões, batendo o recorde da Receita Federal para o segundo mês do ano. Em relação a fevereiro de 2013, a alta foi de 3,44%. No bimestre janeiro-fevereiro também houve alta na entrada de recursos de impostos nos cofres do governo de 1, 91% acima da inflação em relação ao mesmo período do ano anterior.
O resultado da arrecadação em fevereiro mostra uma economia que cumpre suas obrigações. Uma economia que está gerando recursos suficientes para quebrar um novo recorde de arrecadação.
No mercado financeiro, as projeções de economistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico, das famílias Frias e Marinho, apontavam para uma "deterioração" na arrecadação de fevereiro, mas o que houve, na realidade, foi o contrário. Trabalhando com este tipo de expectativa, a S&P procurou atingir o Brasil, mas a resposta foi imediata.
É claro, porém, que agora isso não importa mais para a S&P. O serviço encomendado à equipe chefiada por Lisa Schineller foi feito. A ponto de, agora, a mesma S&P informar que não pretende fazer novo rebaixamento da nota brasileira.
A propósito: de olho nos números, a Bolsa de Valores de São Paulo abriu o dia em alta de 0,77% sobre a véspera. 
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito e, em seguida, informação da Agência Reuters sobre a garantia da S&P de que não irá rebaixar o País novamente (ao menos não tão cedo):
Arrecadação de impostos federais fica em R$ 83 bi e bate recorde para o mês
 Brasília
Daniel Lima - Repórter da Agência Brasil 
A arrecadação de impostos e contribuições federais em fevereiro ficou em R$ 83,137 bilhões, resultado recorde para o mês. Corrigida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta é de 3,44% ante fevereiro de 2013.
No bimestre, a arrecadação teve crescimento real [corrigido pela inflação] de 1,91% na comparação com o mesmo período do ano passado, com R$ 206,804 bilhões, resultado recorde também para o período.
De acordo com a Receita Federal, o resultado decorreu da redução do recolhimento de impostos apurados com base na estimativa mensal – Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, ocorrida em fevereiro de um pequeno grupo de empresas.Houve ainda efeito das desonerações tributárias adotadas pelo governo para combater a crise econômica, em especial, folha de pagamento, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) dos combustíveis, Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) dos automóveis e Imposto sobre Operação Financeira (IOF) para crédito à pessoa física.
A arrecadação sofreu impacto também de indicadores macroeconômicos como a produção industrial, com queda de 2,44% em comparação a fevereiro do ano passado. Por outro lado e na mesma base de comparação, houve aumento na venda de bens e serviços (3,46%), na massa salarial (9,33%) e no valor em dólar das exportações (13,16%).

S&P diz que não contempla novo rebaixamento do Brasil

RIO DE JANEIRO, 25 Mar (Reuters) - A agência de classificação de risco Standard & Poor's indicou nesta terça-feira que não vê novo rebaixamento para o Brasil, destacando que isso só acontecerá se os indicadores externos tiverem forte deterioração e se o governo romper seu compromisso com políticas pragmáticas.
"Reduzir os ratings de novo é realmente um cenário que nós não estamos contemplando", disse a analista da agência Lisa Schineller em uma conferência telefônica com analistas e jornalistas.
A S&P disse que, apesar de ter identificado uma certa deterioração nas políticas fiscal e monetária brasileiras, o governo continua comprometido com o combate à inflação e com o cumprimento de metas de superávit primário.
Na segunda-feira, a S&P cortou o rating soberano do Brasil para "BBB-", a faixa mais baixa da categoria de grau de investimento, ante "BBB", com perspectiva estável.
Apesar disso, não havia grande impacto sobre os mercados brasileiros nesta terça-feira, uma vez que o movimento já era esperado pelos investidores e, por isso, já havia tinha precificado. Assim, o dólar tinha leve queda ante o real, assim como os juros futuros, enquanto a Bovespa subia.
(Reportagem de Walter Brandimarte)

segunda-feira, 24 de março de 2014

GOVERNO REBATE S&P: PAÍS TEM SOLIDEZ NA ECONOMIA

A “nota” da Standard & Poor’s: a economia “é a política, estúpido”…

Standard & Poor's rebaixa a nota de crédito do Brasil: a mesma agêencia de risco deu ao banco Lehman Brothers um triplo A em agosto de 2008; em setembro o Lehman Brothers quebrou disparando a maior crise do capitalismo desde 1929.
 Ações da Petrobras disparam na Bolsa enquanto o PSDB ataca a gestão da estatal.
Investidor estrangeiro despreza alarido ortodoxo e faz investimentos produtivos de US$ 9,2 bi no país no 1º bimestre.
BC projeta déficit externo de US$ 80 bi para 2014; investimentos estrangeiros produtivos devem somar US$ 65 bi no ano.
ingenuidade
O noticiário econômico dos últimos dias, afora o que é simples alarmismo, foi positivo.
O PIB surpreendeu os analistas, subindo mais que o esperado.
Os serviços cresceram, a indústria cresceu, a inflação manteve-se sob controle.
O governo dançou direitinho a música do capital, aumentou juros mês após mês, até o nível absurdo a que chegamos.
Mas a fome dos lobos é insaciável e o cordeiro ganhou a mordida merecida.
A tal “agência de risco” Standard & Poor’s baixou a “nota” do país.
Nem é o caso de discutir a seriedade destas agências, que não perceberam a crise de 2008 debaixo do nariz delas.
Ou de lembrar que essa nota foi dada já em pleno Governo Dilma, em novembro de 2011, sem que tenha contribuído em nada para a economia brasileira avançar.
Ou ainda que a nota, agora, é a mesma que tínhamos em pleno “boom” econômico de 2010.
A economia, agora, é a política, dir-se-ia aos estúpidos.
A mídia, amanhã, comemorará e cantará a ópera do caos.
“Eu não disse?”
E o povo brasileiro procurará a voz de seus líderes e não a encontrará, como já não encontra há alguns meses.
Ouve-se um uníssono.
E não se ouve a polêmica.
E a política, este blog escreve lá em cima, todas as horas e dias, sem polêmica, é a arma poderosa das elites.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PIG ACIONA O “DILMÔMETRO”: “GASTOS SOCIAIS” EXPLODIRAM ! O que anima o instinto animal do empresário brasileiro é fazer como a Globo – controlar a Receita Federal.

Um economista brasileiro (Diego Costa também é brasileiro) criou no banco americano Goldman Sachs – um dos campeões da patifaria dos derivativos em 2008 – um “Lulômetro”.

Era um termômetro que registrava o aumento do Risco-Brasil quando o Lula subia nas pesquisas em 2002.

No Brasil, o Padim Pade Cerra e o Príncipe da Privataria acusavam o Lula de argentinizar o Brasil, depois de eleito.

Agora, o PiG institui o “Dilmômetro”.

Quanto mais os candidatos da Oposição descem mais sobe o Dilmômetro sobe.

No momento, o Dilmômetro se nutre de algumas expressões mágicas.

Por exemplo: rombo fiscal.

Desmanche das contas públicas.

(Clique aqui para ver que o Mantega morre de rir das contas publicas da Folha (*).)

Falta de confiança do setor privado.

Baixa no instinto animal dos empresários.

Rebaixamento da nota do Brasil.

Agências de risco desconfiam do Brasil.

(As mesmas que certificavam os derivativos de 2008.)

São variações – mais sofisticadas – da “inflação do tomate”, a inflação pendurada no pescoço da Regina Braga, quer dizer, Ana Maria Braga.

Nada mais do que isso: inflação do tomate, depois de um processo de transgenia realizada pelo “jornalismo de economia”, que, como diz o Delfim, não é um nem outro.

A história do “rombo fiscal”, por exemplo, se baseia na remota hipótese de a Presidenta Dilma dar uma fugida de motocicleta do Palácio e se esquecer de vetar as demagógicas propostas do Congresso de detonar o superavit fiscal no ano da eleição.

Ela pega a motocicleta do Gabas e deixa a farra rolar.

É essa a hipótese que alimenta o agravamento do superavit e – aumento dramático do Dilmômetro.

Quanto à falta de apetite dos empresários é um questão que deveria ser tratada por uma boa nutricionista ou um bom psicanalista, especialmente daqueles psicanalistas de Bagé, do Veríssimo.

O Governo Lulilma empreende um dos programas mais amplos e chineses, do mundo !, de investimento em transporte e infra-estrutura, com a participação da iniciativa privada.

A Petrobras vai investir US$ 237 bilhões em cinco anos.

Disso,  65% serão comprados de empresas nacionais.

E a rapaziada está inapetente.

Seria o caso de recomendar um bom biotônico – ou Viagra.

(Não o PSB, que se tornou, inapelavelmente, Viagra do PSDB.)

A gente sabe o que aumenta o apetite do empresário brasileiro: controlar a Receita Federal – como fez a Globo, que não mostra o DARF – e o Banco do Brasil.

Isso é  o que dá apetite à rapaziada.

A ideia implícita no “Dilmômetro” é que a Dilma vai ficar quieta e deixar o Henrique Alves governar o Brasil.

Convenhamos que é uma hipótese tão remota quanto o Fernando Henrique aprender a escrever em bom português. 

O Dilmômetro da Folha registra nesta quinta-feira um descontrole dos gastos sociais.

O alvo imediato é acabar com o seguro-desemprego.

Depois, realizar o sonho do Dudu, na coletiva que concedeu à Folha: rever a Lei do aumento real do Salário Mínimo.

E, enfim, se aproximar do verdadeiro alvo: desconstruir o Bolsa Família.

E o Padim Pade Cerra realizar o sonho secreto de vender o Bolsa Família à WalMart.

O Dilmômetro vai operar freneticamente até a eleição de 2014.

E o Conversa Afiada o acompanhará infatigavelmente.

Como se sabe, o Lulômetro não elegeu o Cerra.

E o Dilmômetro não elegerá o …, a …

Bem, ainda não se sabe que será o candidato da Big House – clique aqui para ler “Nem Dudu nem Aécio, segundo o amigo do Oráculo”.

E esse é o problema do Dilmômetro…


Paulo Henrique Amorim



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

NEM AS AGÊNCIAS DE RISCO CAEM NA HISTERIA DA MÍDIA

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Ataque na mídia, olho na grana

Com o combustível fornecido por fatos reais – a queda no ritmo de crescimento – incendiado com o sopro de uma imprensa catastrofista, os falcões do mercado financeiro esticaram suas garras sobre o projeto brasileiro de crescer pela via da produção, não pelo ilusório caminho do volátil capital especulativo.
É nesse quadro que se deve observar a manchete de hoje dos jornais – a perspectiva negativa da Standard & Poors quanto ao “rating” do Brasil – e a jocosa publicação daThe Economist, pintando um cenário de caos e, novamente, pedindo a cabeça do Ministro Guido Mantega.
Falta, a um e a outro, lucidez. No caso da revista inglesa, porém, falta respeito e  sobra prepotência.
Ou, como dizia a minha avó, um “macaco olha o seu rabo, deixa o rabo do vizinho”.
Porque a expansão de 0,6% do PIB brasileiro – de fato muito baixa pelas nossas potencialidades - é exatamente igual à do Reino Unido e maior do que a da França, da Espanha e da maioria da Europa. E não ficou muito abaixo do México, novo “queridinho” do mercado financeiro entre os emergentes, que registrou 0,8%.
The Economist não pede a cabeça de nenhum dos seus ministros da Economia.
Talvez, quem sabe, porque sejam mais dóceis aos interesses do capital financeiro do que Mantega.
O que os ingleses da The Economist querem está claro na própria matéria: aumento dos juros, corte nos programas sociais e mais leilões de petróleo.
Aliás, não é nem original a hipocrisia inglesa quando se trata de encobrir com propósitos nobres seus interesses econômicos.
Vem do Bill Aberdeen, lei que deu à frota britânica o “direito” de apreender navios suspeitos de tráfico de escravos e que, na verdade, era uma represália ao fim dos tratados ruinosos – para o Brasil – de comércio exterior com a Inglaterra.
Aliás, quem conhece algo sobre as condições subumanas a que eram submetidos homens, mulheres e crianças nas fábricas inglesas no início século 19, sabe que não era propriamente a dignidade humana que estava no centro das preocupações britânicas.
Mas The Economist é uma “canhoneira de papel”, como muitos jornais o são.
Embora metam medo com seu barulho e já tenham conseguido fazer tremer o nosso BC, não têm força para mudar o rumo que este país escolheu.
Por: Fernando Brito

sábado, 16 de julho de 2011

Após nota de agência, portugueses enviam lixo à Moody's e distribuem camisetas irônicas

Mais de uma semana depois de classificar de lixo os títulos da dívida de Portugal, a agência de classificação de risco norte-americana Moody's continua a ser objeto de ataques e protestos no país. Camisetas com críticas à agência estão sendo dadas ou vendidas, seu site está sendo atacado – não podendo ser acessado a partir de Portugal – e críticos sugerem que cartas com detritos sejam enviados para a sede da empresa, em Nova York.

Vitor Sorano
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Em loja de Lisboa, camiseta estampa relatório da Moody's em folha de papel higiênico

A rede de roupas femininas Lanidor estampou “Moody's? No, Thanks. Fashion Girls Anti-Junk” (Moody's? Não, obrigado. Garotas fashion contra o lixo), em 10 mil camisetas que está distribuindo nesta sexta-feira (15/07) às clientes. “Tivemos fila em Lisboa e no Porto pela manhã. Consideramos que [a decisão] foi um ataque injusto, provocatório. Não nos sentimos como lixo”, disse a diretora de comunicação e imagem do grupo, Margarida Mangerão.

“Acho certo que está em inglês. Mais gente vai entender do que se fosse em português”, afirmou a técnica Filipa Magalhães, de 24 anos. “Recebi o recado pelo e-mail e também vi pelo Facebook”, contou ao sair da loja da rede na Avenida da Liberdade, em Lisboa – a mais prestigiosa da capital.

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“As redes sociais começaram a falar nisso e a camiseta surgiu”, explicou Joaquim Mira, sócio da loja de roupas Cão Azul, que também aliou críticas e negócios e lançou uma estampa com o nome da agência em um rolo de papel higiênico. “Tentamos sempre acompanhar a atualidade de forma cômica e a Moody's não podia escapar”. Ele não revelou o número de unidades vendidas.

Fazendo um trocadilho com a  S&P – outra das três grandes agências norte-americanas –  o site de economia Dinheiro Vivo disponibilizou nos sites as estampas “Moody's is standardad and poor” (Moody's é comum e pobre) e “Moody's is overrated” (Moody's está sobreavaliada). “Tivemos cerca de 1,5 mil cliques. É possível baixar o padrão e mandar fazer camisetas”, disse Miguel Pacheco, diretor-adjunto.

A agência não se manifestou até a conclusão desta reportagem.

Vitor Sorano/Opera Mundi

Filipa Magalhães garantiu sua camiseta em crítica à agência: "Moody's? No, Thanks. Fashion Girls Anti-Junk"

Devolver o lixo

O corte do rating veio poucos dias após Portugal conhecer o plano do novo governo, de centro-direita. Nele, o país – cuja economia está em recessão e o desemprego em inéditos 12,4% – se compromete a cumprir o acordo com FMI (Fundo Monetário Internacional) e Comissão Europeia em troca da ajuda de 78 bilhões – e mesmo ir além. Na ocasião, os portugueses foram avisados, por exemplo, de que metade do 13º salário acima do mínimo, neste ano, fica para o Estado, e que o IVA de alguns produtos (semelhante ao ICMS) deve subir.

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“Veem um moribundo deitado no chão, tentando se levantar e chutam a cabeça”, comentou o publicitário Pedro Gonçalves, de 38 anos, um dos dois responsáveis pelo “Moody's Junk Mail” (veja abaixo). Com mais de 120 mil acessos – algo incomum para o mercado português, segundo ele – o vídeo mostra a dupla recolhendo lixo no chão e colocando no correio com o endereço da Moody's em Nova York. “O que é curioso é que são 120 mil acessos sem uma mulher de biquíni nem gatinhos fazendo coisas fofas”

Embora, segundo o publicitário, o objetivo não seja criar nenhum movimento de protesto – “não somos ativistas”, diz Gonçalves –, a ideia inspirou a campanha “Enviar lixo para a Moody's”, em atividade no Facebook. É a segunda iniciativa de uma outra dupla de indignados com a agência que criou o protesto iniciado no dia 14 e responsável por bloquear o acesso ao site principal da empresa a partir de IPs Portugal – ao qual 77 mil pessoas aderiram.



“Se continuássemos com a mesma forma de protesto, perderíamos a originalidade e o impacto”, explicou um dos integrantes da dupla, identificando-se como Padeira de Aljubarrota – uma heroína portuguesa do século XIV –, ressaltando que “nestes eventos não há um comandante”.

Regulação

Para além de protestos, a Moody's sofre a ameaça indireta da União Europeia, que quer intervir no mercado de ratings. Desde o dia 7, representantes de órgãos comunitários vêm disparando críticas às agências e propondo novas regras para atuação das mesmas.

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O presidente do eurogrupo (que reúne os 17 países da zona euro), Jean Claude Juncker, propôs a criação de uma agência independente para o continente. “Irracionais e desmedidas” foram os adjetivos utilizados para classificar decisões sobre ratings tomadas pelas agências. Dias depois, o presidente do Conselho Europeu, Herman von Rompuy, defendeu a quebra do oligopólio atual e maior controle público, se os governos querem continuar “a ter a última palavra”.

Em declarações à Bloomberg no último dia 11, o comissário europeu para assuntos financeiros Michel Barnier, afirmou que está sendo considerada a possibilidade de exigir “a publicação obrigatória das análises que levam à modificação do ‘rating’ e a obrigação de realizar uma análise mais completa com mais regularidade.”

Essa desconfiança em relação aos critérios de análise das agências já levou a Moody's a perder clientes. Algumas prefeituras, como as de Lisboa e Cascais, e a empresa pública Aeroportos de Portugal suspenderam ou cancelaram os contratos com a empresa, após também terem tido seus ratings rebaixados.