
roberto amaral
Em carta ao presidente do partido, Roberto Amaral,
cientista político diz que a candidata faz declarações "contrárias às
diretrizes ideológicas do PSB e às linhas da soberana política exterior
do Brasil" e condena algumas de suas práticas, como a de não divulgar o
nome de seus clientes; Moniz Bandeira diz ainda que sempre acreditou que
as intenções de Marina não eram de ser apenas vice na chapa do PSB e,
ao falar do acidente que matou Eduardo Campos, declara: "de nada duvido"
247 – O cientista político e especialista em
política exterior do Brasil, Moniz Bandeira, enviou uma carta ao
presidente do PSB, Roberto Amaral, criticando declarações e ações da
presidenciável Marina Silva. Para ele, a candidatura da ex-senadora vai
contra a história do partido socialista.
Moniz Bandeira afirma que sempre acreditou que a intenção de Marina
nunca fosse de ser a vice de um candidato "com menor peso nas pesquisas"
e que fez chegar seu alerta a Eduardo Campos, quem, segundo ele, "não
acreditou". Ao comentar que sua "premonição se realizou" como um
acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco, ele diz: "de
nada duvido".
Leia abaixo a íntegra da carta, publicada no
blog Café na Política:
Politólogo Moniz Bandeira associa Marina às "shadow wars"
O Politólogo brasileiro Luiz Alberto Moniz Bandeira, residente na
Alemanha, enviou a seguinte carta ao presidente nacional do PSB,
professor Roberto Amaral:
Estimado colega, Prof. Dr. Roberto Amaral
Presidente do PSB,
A Sra. Marina Silva tinha um percentual de intenções de voto bem
maior do que o do governador Eduardo Campos, mas não conseguiu registrar
seu partido – Rede Sustentabilidade – e sair com sua própria
candidatura à presidência da República.
O governador Eduardo Campos permitiu que ela entrasse no PSB e se
tornasse candidata a vice na sua chapa. Imaginou que seu percentual de
intenções votos lhe seria transferido.
Nada lhe transferiu e ele não saiu de um percentual entre 8% e 10%. Trágico equívoco.
Para mim era evidente que Sra. Marina Silva não entrou no PSB, com
maior percentual de intenções de voto que o candidato à presidência,
para ser apenas vice.
A cabeça de chapa teria de ser ela própria. Era certamente seu
objetivo e dos interesses que representa, como o demonstram as
declarações que fez, contrárias às diretrizes ideológicas do PSB e às
linhas da soberana política exterior do Brasil.
Agourei que algum revés poderia ocorrer e levá-la à cabeça da chapa, como candidata do PSB à Presidência.
Antes de que ela fosse admitida no PSB e se tornasse a candidata a
vice, comentei essa premonição com grande advogado Durval de Noronha
Goyos, meu querido amigo, e ele transmitiu ao governador Eduardo Campos
minha advertência.
Seria um perigo se a Sra. Marina Silva, com percentual de intenções
de voto bem maior do que o dele, fosse candidata a vice. Ela jamais se
conformaria, nem os interesses que a produziram e lhe promoveram o nome,
através da mídia, com uma posição subalterna, secundária, na chapa de
um candidato com menor peso nas pesquisas.
O governador Eduardo Campos não acreditou. Mas infelizmente minha
premonição se realizou, sob a forma de um desastre de avião. Pode, por
favor, confirmar o que escrevo com o Dr. Durval de Noronha Goyos, que
era amigo do governador Eduardo Campos.
Uma vez que há muitos anos estou a pesquisar sobre as shadow wars e
seus métodos e técnicas de regime change, de nada duvido. E o fato foi
que conveio um acidente e apagou a vida do governador Eduardo Campos. E
assim se abriu o caminho para a Sra. Marina Silva tornar-se a candidata à
presidência do Brasil.
Afigura-me bastante estranho que ela se recuse a revelar, como
noticiou a Folha de São Paulo, o nome das entidades que pagaram
conferências, num total (que foi, declarado) R$1,6 milhão (um milhão e
seiscentos mil reais), desde 2011, durante três anos em que não
trabalhou. Alegou a exigência de confidencialidade. Por que a
confidencialidade? É compreensível porque talvez sejam fontes escusas. O
segredo pode significar confirmação.
Fui membro do PSB, antes de 1964, ao tempo do notável jurista João
Mangabeira. Porém, agora, é triste assistir que a Sra. Marina Silva joga
e afunda na lixeira a tradicional sigla, cuja história escrevi tanto em
um prólogo à 8a. edição do meu livro O Governo João Goulart, publicado
pela Editora UNESP, quanto em O Ano Vermelho, a ser reeditado (4a
edição), pela Civilização Brasileira, no próximo ano.
As declarações da Sra. Marina Silva contra o Mercosul, a favor do
subordinação e alinhamento com os Estados Unidos, contra o direito de
Cuba à autodeterminação, e outras, feitas em vários lugares e na
entrevista ao Latin Post, de 18 de setembro, enxovalham ainda mais a
sigla do PSB, um respeitado partido que foi, mas do qual,
desastrosamente, agora ela é candidata à presidência do Brasil.
Lamento muitíssimo expressar-lhe, aberta e francamente, o que sinto e
penso a respeito da posição do PSB, ao aceitar e manter a Sra. Marina
Silva como candidata à Presidência do Brasil.
Aos 78 anos, não estou filiado ao PSB nem a qualquer outro partido.
Sou apenas cientista político e historiador, um livre pensador,
independente. Mas por ser o senhor um homem digno e honrado, e em função
do respeito que lhe tenho, permita-me recomendar-lhe que renuncie à
presidência do PSB, antes da reunião da Executiva, convocada para
sexta-feira, 27 de setembro. Se não o fizer – mais uma vez, por favor,
me perdoe dizer-lhe – estará imolando seu próprio nome juntamente com a
sigla.
As declarações da Sra. Marina Silva são radicalmente incompatíveis
com as linhas tradicionais do PSB. Revelam, desde já, que ela pretende
voltar aos tempos da ditadura do general Humberto Castelo Branco e
proclamar a dependência do Brasil, como o general Juracy Magalhães,
embaixador em Washington, que declarou: "O que é bom para os Estados
Unidos é bom para o Brasil."
Cordialmente,
Prof. Dr. Dres. h.c. Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira
Reilinger Str. 19
68789 St. Leon-Rot – Deutschland
Tel.: 0049-6227/880533
Fax: 0049-6227/880534
Latin Post
Sep 18, 2014 12:36 PM EDT
Marina Silva to Push Cuba Toward Democracy, Work on Relationship With US if She Wins 2014 Brazil Presidential Race
By Scharon Harding
A month ago, Marina Silva entered the race to become the president of
Brazil, after the candidate from her Socialist Party was killed in a
plane crash. Now the candidate, who is in a head-to-head race against
the incumbent, has given her first foreign interview since joining the
race.
Silva is in a "dead-heat" race with Dilma Rousseff, the incumbent,
The Associated Press reports. The incumbent is the candidate for the
Workers Party, which Silva helped found.
In her interview, Silva explained how she plans to assuage concerns
of Brazilians who lament an ineffective and corrupt political system.
"It's neither the parties nor the political leaders who will bring
about change," she said. "It's the movements who are changing us."
Silva has gained popularity thanks to her past work as an activist
for the Amazon rainforest and as an environment minister. During her
time as environment minister, she helped her country deter deforestation
of its jungles.
"Brazil has a great opportunity to become a global leader by leading
by example," Silva said in reference to environmental and human rights
issues. "Our values cannot be modified because of ideological or
political reasons, or because of pure economic interest."
Because of her dedication to human rights, Brazil's approach toward
countries like Cuba, China, Iran and Venezuela may see a different focus
if Silva becomes president.
"The best way to help the Cuban people is by understanding that they
can make a transition from the current regime to democracy, and that we
don't need to cut any type of relations," Silva explained. "It's enough
that we help through the diplomatic process, so that these [human
rights] values are pursued."
If elected, Silva also plans to fix the relationship between the U.S.
and Brazil. The countries' relationship has been strained ever since
the National Security Agency was found to have targeted Brazilian
officials like Rousseff via espionage programs more than a year ago.
"Both nations need to improve this situation, to repair the ties of
cooperation," Silva said. "The Brazilian government has the absolute
right to not accept any such interference, but we also cannot simply
remain frozen with this problem."
Brazilians will cast their vote for president on Oct. 5, but the vote
is expected to go into a second-round ballot three weeks later.
If she wins, Silva will be the country's first black president, AP reports.
"If elected, she has such a remarkable personal story that she'd come
to the presidency with a lot of legitimacy, tremendous excitement and
high expectations," Michael Shifter, president of the Washington-based
Inter-American Dialogue, said.
—
Follow Scharon Harding on Twitter: @ScharHar.