Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O que a Globo defende na Argentina



Conheça a História da Liberdade de Imprensa que a Globo defende na Argentina

Quantas vezes por dia você ouve os apresentadores do Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo dizer que a presidenta da Argentina atenta contra a liberdade de imprensa daquele país?
Já parou para se perguntar porque a Rede Globo com todas suas emissoras de rádio e TV, jornais impressos e revistas defendem tanto o Clarín, principal grupo de comunicação da vizinha Argentina?
Conheça aqui um pouco da história desse empresa que lá corresponde ao significado das Organizações Globo para o Brasil e compreenda com mais clareza do que pretendem lhe convencer.
Com reportagem de Erico Nepomuceno sob o título de O Leviatã Midiático, CartaCapital n˚729 mostra a formação do Clarín, símbolo maior do oligopólio dos meios de comunicação. É assustador!
“Por trás desse conglomerado gigantesco, além do mais, há histórias escabrosas. O jornal Clarín surgiu em 1945, de forma relativamente modesta. Seu fundador, Roberto Noble, era um fervoroso admirador de duas figuras que haviam marcado época e deixado um rastro de barbaridades: um italiano chamado Benito Mussolini e um austríaco chamado Adolf Hitler.
Terminada a Primeira Guerra Mundial, vencidos e mortos os dois, Noble achava que parte de suas ideias merecia ser resgatada. Quando Juan Domingo Perón foi derrubado por um golpe militar em 1955, o Clarín demonstrou claras simpatias pelo novo regime. E assim foi. Havia outros grandes jornais que faziam pesada sombra. E se hoje é um dos diários de maior circulação na América Latina, até a última ditadura argentina (1976-1983) nunca deixou de ser um jornal de segunda linha, sem a tradição do conservador La Nación ou a ousadia de publicações que inovaram a imprensa do país, como a revista Primera Plana dos anos 60 ou o jornal La Opinión dos primeiros anos 70.
Na ditadura, o jornal ganhou corpo e voz. E tornou-se um grupo importante, graças às manobras de seu executivo, Héctor Magnetto, que começou como contador e hoje é o segundo maior acionista da empresa. Além da cumplicidade aberta com o regime genocida, o jornal – ao lado do vetusto La Nación e o popularesco (hoje desaparecido) La Razón – conseguiu um maná a preço de banana: apoderar-se do Papel Prensa, única fábrica papeleira da Argentina. A apropriação é uma das tantas histórias de horror absoluto da ditadura iniciada pelo general Jorge Rafael Videla e continuada por outros adeptos da barbárie como meio de vida.
A Papel Prensa era, por certo, um negócio confuso. Foi fundada durante os efêmeros governos peronistas por um jovem e ousado financista, David Graiver, que contava com o apoio de José Gelbard, ministro de Economia de Héctor Cámpora e do próprio Perón. Graiver morreu num misterioso desastre aéreo no México, em agosto de 1976, quando a ditadura encabeçada por Videla cumpria cinco meses de horror. Sua viúva, Lidia Papaleo de Graiver, e a filha eram as herdeiras majoritárias, além de outros familiares do marido.
Naquele período, além de torturar, assassinar, desaparecer e mandar para o exílio dezenas de milhares de argentinos, os militares se distraiam apoderando-se dos bens de suas vítimas. Gravier era especialmente odiado. Além de judeu, era considerado (e muito, possivelmente com razão) o administrador da fortuna do grupo guerrilheiro peronista Montoneros, criada a partir de resgates milionários obtidos em sequestros. A Papel Prensa era um butim muito ambicionado.
Logo depois da morte de Graiver, sua viúva voltou para a Argentina. Queria cuidar das propriedades do marido morto. Foi quando conheceu a face cruel da ditadura e o rosto macabro de Magnetto. Presa, foi pressionada a vender as ações da Papel Prensa para um trio formado pelo Clarín, o La Prensa e o La Razón, além de uma participação que permanecia nas mãos do Estado.
Fragilizada, Sob todo tipo de pressão – ameaçavam matá-la e desaparecer com sua filha, na época um bebê de 1 ano de vida -, capitulou. Vendeu suas ações e recebeu como sinal cerca de 8 mil dólares. O resto – outros 2 milhões, preço insignificante diante do que a Papel Prensa realmente valia – nunca foi pago. Até hoje ela move, na Justiça argentina, um processo na tentativa de receber o combinado. Neste ano, diante de um tribunal, ela contou como foi a venda e, principalmente, o que aconteceu em seguida.
Disse que pouco depois de ter assinado a papelada, foi presa. Há razões para que a prisão acontecesse depois da venda da Papel Prensa. Uma lei determinava que os bens dos subversivos presos ou mortos passassem diretamente às mãos do Estado. A ditadura queria compensar seus aliados da mídia. Prender Lidia Papaleo significaria passar a única fábrica de papel do país para o Estado. Feita a transação, sobrava uma viúva jovem, atraente, e certamente dona do segredo de outros milhões de dólares. Seus algozes queriam encontrar o dinheiro deixado por Graiver.
Diante do tribunal, Lídia Papaleo contou como foi violada, agredida, vexada. Teve o tímpano arrebentado a golpes de mão aberta contra o ouvido. Muitas vezes, depois de estuprada, era levada de volta para a cela e jogada, nua, no chão. “E então, contou ela ao juiz, “eles vinham e cuspiam, urinavam e ejaculavam em cima de mim”. Contou que até hoje, em seus pesadelos, revê o rosto de seus torturadores. E disse que nenhum desses rostos a amedronta mais do que o do homem que a pressionou para assinar os documentos da venda da Papel Prensa. Os olhos do homem que dizia, com uma voz serena e calma, que ou ela assinava, ou veria sua filha ser morta, antes de ela mesma ser assassinada.
Esse homem chama-se Héctor Magnetto e é o presidente do Clarín, do qual detém 33% das ações.
Graças a ele e aos seus métodos, o grupo tornou-se o que é hoje. É ele o patrão dos paladinos que dizem e asseguram que a Lei de Meios é um atentado à liberdade de expressão. É à sua voz que fazem eco os conglomerados de comunicação do Brasil.
Cristina Kirchner acaba de cumprir o primeiro ano de seu segundo mandato, envolvida numa briga tremenda com o grupo capitaneado por semelhante personagem.
O país enfrenta, seu governo também enfrenta, é verdade, um amontoado de problemas significativos. A inflação está em níveis elevadíssimos (deve rondar ou superar a marca dos 25%, em 2012), a economia apenas engatinha após anos de forte impulso, a classe média concentrada, principalmente, em Buenos Aires, e que sempre expressou contra o peronismo algo muito parecido ao preconceito (quando não ao ódio) de classe, se opõe de maneira cada vez mais radical a tudo que seu governo faz.
Há acusações de corrupção, e, certamente, uma parte consistente delas tem fundamento. Os investidores desconfiam de suas ações, algumas multinacionais abandonam o país, há sérias dificuldades para obter divisas e honrar os compromissos internacionais.
Nada disso parece insolúvel. Se ela conseguir, e tudo indica que conseguirá, desmontar um conglomerado ávido e feroz, que nasce a partir de uma história de horror e indecência, terá deixado uma significativa marca. E um exemplo – outro – para os vizinhos: da mesma forma que é possível resgatar o passado e fulminar a impunidade de quem cometeu crimes de lesa-humanidade, é possível desmontar os monopólios e democratizar a informação.”

domingo, 30 de dezembro de 2012

Jungmann de PE, Aleluia da Bahia, Zylbertajn (ex-genro de FHC) todos aparelhados na Light por Aécio







Aécio provoca Apagão na Light, aparelhando com políticos demotucanos do racionamento
http://www.light.com.br/web/institucional/empresa/conselho/teconselho.asp?mid=8687942772267230
Aécio arrumou uma boquinha na Light para políticos demotucanos que moram na Bahia e em Pernambuco, mesmo a empresa sendo no Rio. O ex-genro de FHC, David Zylbersztajn (PSDB-RJ), que está em todas, também está lá.

Aécio Neves (PSDB-MG), quando era governador, usou a CEMIG para comprar o controle da Light (distribuidora de eletricidade no Rio).
Aparelhou a empresa com políticos compadres do DEM, PSDB e PPS. Resultado: Privataria Tucana e APAGÃO!
Está explicado Aécio ser contra a CEMIG baixar a conta de luz.
Os demotucanos são uma mãe para banqueiros e investidores. Primeiro privatizaram a Light na bacia das almas, dizendo que a iniciativa privada iria investir na empresa. Depois do apagão do racionamento de 2001, depois de subir tarifas, depois que tiraram o lucro sem investir, Aécio Neves (PSDB-MG), quando era governador, comprou de volta o controle da empresa sucateada, ao preço que o Grupo Andrade Gutierrez quis vender.
Mas os problemas não acabaram. A empresa continua sucateada, a terceira pior entre 33 do Brasil no ranking da ANEEL. Bueiros explodiram nas ruas. Vive faltando luz em diversos bairros do Rio e, agora, até nos Aeroportos. É nisso que dá o choque de gestão demotucano.
No Amigos do Presidente Lula
Nota do ContextoLivre
O candidato derrotado Raul Jungmann, PPS do Recife é um gênio. Mesmo sem mandato o ex-parlamentar consegue receber jeton de pelo menos três estatais. Deve ser um 'técnico' muito polivalente para tratar de áreas tão díspares em função imprescindível:
  • Conselho de Administração da PRODAM, São Paulo;
  • Conselho de Administração da CET, São Paulo;
  • Conselho de Administração da Light, Rio de Janeiro.

sábado, 29 de dezembro de 2012

DILMA FOGE DA LEY DE MEDIOS – II, OU, O PREÇO A SER PAGO


Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país.


Saiu  no Blog do Nassif:

OS “PADRÕES DE MANIPULAÇÃO” NA MÍDIA BRASILEIRA


Por Marco Antonio L.

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil

Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.


Por Jaime Amparo Alves | No Pragmatismo Político

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?



Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin –amparoalves@gmail.com


Clique aqui para ler “Há dois anos a Dilma foge da Ley de Medios”.

E aqui para ler “STF é tribunal politico: chega de técnicos”;  e aqui “Dilma tem a ver com o mensalao, sim !”.

The Economist e Financial Times apoiaram Serra em 2010


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Não é de hoje que os governos progressistas que se instalaram no Brasil em 2003 e não saíram mais vêm sendo alvo de dois veículos específicos da imprensa européia, entre a qual são exceções em termos de visão crítica sobre o nosso modelo econômico.
O semanário inglês The Economist, recentemente quase que exigiu a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, por ter previsto que o crescimento brasileiro de 2012 seria superior ao que provavelmente será, e o diário Financial Times, também inglês, ridiculariza o ministro e a presidente Dilma também devido ao crescimento modesto da nossa economia neste ano.
O mais impressionante é que esses dois veículos estão entre os grandes defensores do modelo econômico que jogou o país em que estão sediados em uma situação econômica que faz a situação brasileira parecer um êxito muito maior do que de fato é.
Vale registrar, ainda, que a economia britânica mergulha em recessão. No primeiro semestre de 2012, o PIB do Reino Unido registrou a maior contração dos últimos três anos, caindo 0,7 por cento, devendo fechar o ano com recuo de 0,5%.
Como se não bastasse, em novembro foi registrado 8,3% de desempregados na Grã-Bretanha, maior índice registrado desde 1996. Tal nível de desemprego representa quase três milhões de pessoas.
Sim, o PIB brasileiro deve crescer entre um e um e meio por cento neste ano – o resultado dos últimos meses pode surpreender –, mas as condições sociais no país melhoram a cada ano, com nível recorde de população empregada e valorização da massa salarial.
Outro dado que, se não é o que interessa aos investidores, ao menos é o que interessa a 99,99% dos brasileiros: enquanto a pobreza e a desigualdade aumentam no Reino Unido, caem no Brasil.
Por fim, há sinais de reaquecimento na economia brasileira. Poucos negam que devemos crescer entre três e quatro por cento no ano que entra, enquanto que a economia inglesa deve continuar patinando por vários anos, ainda.
Você que quer se posicionar corretamente sobre o caso precisa entender a razão desses veículos para criticarem uma economia que, em termos práticos, está tendo resultados muito melhores que a britânica, guardadas, obviamente, as devidas proporções entre um país e outro.
The Economist e FT dão muito palpite sobre o Brasil porque os britânicos têm muitos interesses e negócios conosco, sobretudo no mercado financeiro, como bem lembrou o ministro Guido Mantega ao comentar que especuladores daquele país costumavam pegar empréstimos a juros baixos em países quebrados, nos quais os juros hoje são quase negativos, e investir o dinheiro aqui, onde as taxas de remuneração do capital eram estratosféricas.
Fica claro, portanto, que tem muito inglês perdendo dinheiro com a política brasileira de acabar com a agiotagem no país.
Aliás, como insinua o enunciado deste texto, a má vontade do jornal e da revista britânicos com Dilma começou antes de ela assumir a Presidência. Na última eleição presidencial, tanto The Economist quanto Financial Times, em editoriais, declararam apoio oficial a José Serra.
Com efeito, não foram só os jornais britânicos que ansiaram pela vitória de Serra. Empresas estrangeiras de petróleo, multinacionais, todo o capital internacional que perdeu espaços indevidos no Brasil durante a era Lula apoiou o tucano contra Dilma em 2010.
Confira, abaixo, matéria do Estadão que mostra que não há nada de novo na disposição dos veículos britânicos em relação ao grupo político que governa o Brasil, ainda que a mídia brasileira tente passar a ideia de que há razões sérias para as críticas deles.
*

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O MUGIDO DA CLASSE MÉRDIA , OU, A BOÇALIDADE DA PSEUDO-ELITES.



ANCELMO: "SE ALGUÉM VOTAR NO LULA OU NA DILMA É FDP"


:
Colunista do Globo, Ancelmo Gois relata suposto protesto de eleitor no Rio de Janeiro, diante da situação dos aeroportos; eleitores de Lula ou Dilma seriam mentecaptos; é uma frase que reflete a opinião geral dos eleitores ou da família Marinho e, por extensão dos editores do Globo?
247 - O título da nota que abre a coluna de Ancelmo Gois, no Globo desta sexta-feira, é emblemático: "Desembarque". Depois do "tiro ao Lula", o esporte principal dos editores do jornal, a partir de agora, passará a ser o "tiro à Dilma". Mesmo que, para isso, seja o caso de ofender seus eleitores, que, eventualmente, podem ser também leitores do Globo. Ancelmo relata um suposto protesto feito por um passageiro ao embarcar no Galeão rumo a Nova York. "Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um filho da puta!". Segundo Ancelmo, teria sido aplaudido.
Como se sabe, os brasileiros nunca viajaram tanto para o exterior. Só neste ano, os gastos fora do País já somam mais de US$ 20 bilhões – o que reflete o aumento do poder de compra da população brasileira em relação ao resto do mundo. Segundo o último Datafolha, Dilma tem intenções de voto para 2014 que oscilam entre 53% e 57% – donde se conclui que a maioria da população brasileira é formada por … deixa pra lá.  
Abaixo, as notas de Ancelmo Gois, que talvez reflitam a posição da família Marinho e, por consequência, dos editores do Globo:
Desembarque
No governo, a batata da diretoria da incompetente Infraero está assando a temperaturas maiores que o calor qu tem feito no Santos Dumont com ar-condicionado quebrado.
Calma, gente...
Aliás, no apagão do Galeão-Tom Jobim, quarta, um passageiro do voo 974 (Rio-Nova York), da American Airlines, gritou enfurecido:
— Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um filho da puta! Foi aplaudido.


Miriam diz que Dilma foi abduzida da realidade


: Para a colunista do Globo, a presidente vive numa redoma e não enxerga os apagões constantes, os investimentos insuficientes e a carga tributária recorde; segundo ela, é hora de admitir a crise no setor elétrico
247 - A cada dia, reforça-se a artilharia contra a política econômica da presidente Dilma Rousseff. Se o mensalão ou as denúncias de corrupção não a atingem, resta tentar feri-la no campo econômico. E esta parece ser a estratégia de desgaste até 2014. Nesta sexta, quem publica mais um duro artigo é a jornalista Miriam Leitão, do Globo. Segundo ela, Dilma vive numa redoma e foi abduzida da realidade, sendo incapaz de enxergar diversos problemas, como a crise no setor energético. Leia abaixo:
Para a presidente Dilma, o governo está diminuindo a carga tributária, aumentando investimentos, melhorando a educação. Segundo ela, esses três pontos marcam seu governo. Acredita que não há crise de energia. O Planalto tem essa capacidade de abduzir o governante da realidade. Os apagões são constantes, os investimentos, insuficientes, a carga tributária é recorde.
"Ninguém faz infraestrutura em um ano. É uma simplificação que nós não podemos nos permitir. A infraestrutura é feita ao longo dos anos. Paramos 20 anos. Agora tem que virar uma obsessão do país investir em infraestrutura", disse a presidente, no café da manhã com os jornalistas. O PT governa o país há 10 anos. O primeiro Plano de Aceleração do Crescimento é de 2007. A bordo da marca de fantasia, ela fez sua imagem de gerente e chegou à Presidência. Em 2010, o segundo PAC foi anunciado em cima de um palanque. Só sob o seu comando são seis anos e até agora não há resultado. Nos últimos cinco trimestres o investimento do país caiu e quando saírem os dados do quarto trimestre devem também ficar negativos.
A presidente disse que quando os juros caem a carga tributária pode cair, e garante que é isso que está acontecendo. Ela tem razão no ponto: os juros caíram e os impostos poderiam ter caído porque a conta de juros fica menor. No entanto, a carga tributária subiu no primeiro ano do governo Dilma para 35,31% do PIB, segundo a Receita, e para 36% de acordo com Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Em 2012 deve ficar um pouco menor (35,77%, pelo IBPT), mesmo assim, será o segundo maior número da série histórica, perdendo apenas para 2011. O governo tem reduzido impostos setorialmente. A mudança animadora é a da cobrança da contribuição previdenciária patronal. O dado agregado, no entanto, mostra que, na média, nos dois anos do governo Dilma a carga tributária foi de 35,89%; no governo Lula foi 34,03%; no de FHC, 28,63%. Em todos esses governos houve aumento da carga tributária em relação ao período anterior. É uma tentação a que todos os governantes cedem.
A presidente deu um bom conselho aos jornalistas: "Quando falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem. Raio cai todo dia neste país, a toda hora. Raio não pode desligar um sistema. Se desligou, é falha humana. Não é sério dizer que a culpa é do raio. A nossa briga com o raio é para impedir que, quando ele caia, o sistema pare."
Isso permitirá aos meus colegas boas gargalhadas. O ministro Edson Lobão disse, em 2009, quando Dilma era chefe da Casa Civil, que um apagão que atingiu 18 estados havia sido causado por raios e invocou testemunhas: "O Operador Nacional do Sistema, Furnas, a Aneel e demais órgãos ligados ao Ministério das Minas e Energia, todos juntos, chegaram à conclusão de que o que aconteceu foi que descargas atmosféricas, ventos e chuvas na região de Itaberá causaram o apagão."
No último dia 17, o secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grudner, disse que raios na região de Itumbiara, na divisa entre Minas e Goiás, podem ter sido a causa de um apagão que atingiu 12 estados no dia 15. Mas avisou que isso ainda está em "análise". Ou seja, em breve se saberá se poderemos gargalhar ou não.
De Bauru, Itaberá a Itumbiara, qualquer que seja o governo, são sempre os raios os culpados. E como diz a presidente, o que se tem que fazer é evitar que um raio apague um sistema. Mas isso a presidente Dilma ainda não conseguiu, apesar de a área energética estar sob seu comando há 10 anos.
A presidente garante que o país não vive uma crise de energia. Tomara fosse verdade. O calor está insuportável, a demanda aumentou e o nível dos reservatórios caiu. E isso tem provocado seguidas e irritantes interrupções no fornecimento de energia. O país tem contradições, como parques eólicos enfeitando a paisagem sem estarem ligados ao sistema por não terem sido feitas as linhas de transmissão a tempo. Sim, há uma crise. Não é do tamanho da que houve no governo Fernando Henrique, mas em parte porque o sistema de prevenção com as caras e sujas termelétricas, criado naquele período, está sendo utilizado. É preferível admitir a crise e enfrentá-la.

REGINA DUARTE, A NAMORADINHA DA CASA GRANDE


Por que a Economist está chateada ? Delfim explica: são os juros, os juros !



A “crise” da editoria “o Brasil é uma m…” neste fim de ano, é a combinação de ar condicionado do Santos Dumont com apagão de energia elétrica.

Criou-se um curto-circuito mediático, instalado na Casa Grande por  seus capatazes.

Neste fim de ano, o curto-circuito provocou as mais conspícuas manifestações de sentimento colonizado.

Nada mais “typique” desse colonialismo do que a Regina Duarte, responsável pela esmagadora vitória do Cerra em 2002.

Na página B7, da Folha, outro exemplar colonial e provincial, diz a namoradinha da Casa Grande:

“Viva Belo Monte ! Essa é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia.”

A jenial assertiva foi em função da falta de ar condicionado no Santos Dumont.

Outra manifestação colonial e provincial localiza-se no Globo, na pág. 16, na colona (*) do Ancelmo Gois:

“… no apagão (sic) do Galeão-Tom Jobim, quarta, um passageiro do vôo 974 (Rio-Nova York), da American Airlines, gritou enfurecido:

–    Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um f… da p …”

(O referido colonista não usa as reticências. No tempo do Dr Roberto, quando essa colona (*) era do Zózimo, a vulgaridade não vicejava.)

Dizia o professor Costa Pinto: o sentimento colonial é o último traço de que se livra aquele que sai do subdesenvolvimento a caminho do desenvolvimento.

(O referido passageiro da American Airlines provavelmente não desembarcou no Aeroporto Kennedy, onde houve um apagão, não por causa do calor, mas por causa do frio …)

Não param aí as manifestações colonizadas.

Tanto no Globo (o 12o. voto do STF) quanto na Folha, ao tratar da entrevista da Presidenta – onde ela agradeceu ao PT por estar lá – lê-se:

“Dilma ainda afastou a hipótese de trocar o Ministro da Fazenda, como sugeriu ( sic !) a revista The Economist…”

Só o PiG (**) seria capaz de levar a sério uma sugestão (?) de uma revista inglesa.

Nem a Economist acreditou que a sugestão pudesse ser aceita.

E a Urubóloga ?

Diante da mesma entrevista, ela considerou que a Presidenta foi abduzida.

E o que terá acontecido com as ideias da Urubóloga, aquela que se tornou o melhor que o pensamento neolibelês (***) brasileiro foi capaz de conceber ?

Ou as ideias da Urubóloga estão todas na Economist, de onde nunca saíram ?

A Casa Grande – no sentido do Mino Carta – ainda não pegou fogo.

Mas, cheira a mofo.

Em tempo: em homenagem à Casa Grande e a seus capatazes, o Conversa Afiada reproduz artigo de Delfim Netto, na Carta Capital retrasada, sobre a causa secreta da irritação da Economist (e dos neolibelês) com o Guido: acabou a mamata dos juros …

A ECONOMIST E SUAS PREMISSAS



Estou nesse ramo tempo suficiente para aprender que as críticas à política econômica são uma necessidade. Em determinadas circunstâncias são até bem-vindas, porque o simples fato de alguém estar em uma situação de “poder” não lhe transfere o benefício da infalibilidade. Nem que, para o poder incumbente, a eleição por uma eventual maioria lhe confira a “onisciência” a exigir a sua “onipresença”.

Sempre tive grande admiração pela The Economist, que passei a ler, semanalmente, desde 1952 na Faculdade de Economia e Administração, a FEA-USP, graças aos exemplares filados do grande professor W. L. Stevens, a quem o Brasil deve a introdução da estatística fisheriana.

Cativava-me a clareza dos textos, a imparcialidade (relativa) e o tom doutoral e provocador dos editoriais. Até hoje a revista se considera, convictamente, portadora de uma ciência econômica universal, independente da História e da Geografia.

Criada em 1843, tinha como objetivo fundamental defender a liberdade de comércio, então em discussão na Inglaterra. Fala, a seu favor, não ter mudado nos seus 169 anos. É reconhecida como a mais influente revista econômica internacional. Isso está longe, contudo, de garantir a validade dos seus conceitos. Se há uma virtude escassa na excelente The Economist é a humildade: ter, ao menos, uma pequena dúvida.

O deselegante e injusto ataque ad hominem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, partiu de duas premissas falsas:

1. O Brasil não estava “bombando” no início de 2011. O PIB caíra 0,3% em 2009 e, por puro efeito estatístico, aumentara 7,5% em 2010. O crescimento médio de 2009/2010 foi de 3,6%, o mesmo número medíocre obtido nos últimos 20 anos.

2. O ministro não errou sozinho, quando sugeriu um crescimento no terceiro trimestre sobre o anterior entre 1,1% e 1,3%. Analistas financeiros do Brasil e do restante do mundo, inclusive The Economist (por seu instituto de análises), acreditavam na mesma coisa. O resultado apurado pelo IBGE (sobre o qual não paira qualquer dúvida de credibilidade) foi mesmo uma surpresa (0,6%). Isso nos deixa com um problema. Se os inúmeros estímulos postos em prática produzirem um crescimento de 0,8% no quarto trimestre sobre o terceiro, o PIB de 2012 será da ordem de 1%, com crescimento per capita nulo.

O baixo crescimento tem pouca relação com as políticas monetária, fiscal e cambial. Tem mais a ver com uma redução dos investimentos gerada pela desconfiança exagerada entre o setor privado e o governo. Mesmo com a -pequena recuperação no setor industrial (que, é provável, continuará nos próximos trimestres) não tem acontecido nada brilhante para entusiasmar o setor privado.

Há gente, no meio empresarial, assustada com a forma de ação do governo, a enxergar uma tendência intervencionista na atividade privada. Quando acontece esse tipo de dúvida, fica difícil acelerar os investimentos.

Fala-se de quebra de contratos, quando isso não existe: todos os contratos estão sendo garantidos na energia. O que talvez pudesse ter sido diferente é a forma como a renovação das concessões das usinas foi tratada: poderiam, talvez, ter mandado um projeto de lei ao Congresso. Mas todos sabem ser preciso reduzir as tarifas de energia, claramente sobrecarregadas por impostos.

A dúvida dos investidores é, dessa forma, muito menos relacionada à qualidade da política econômica, no âmbito fiscal, monetário e cambial.

Fez muito bem, portanto, a presidenta Dilma ao rejeitar a impertinente sugestão da revista para demitir o ilustre ministro da Fazenda do Brasil!

O comentário presidencial, muito mais para o uso interno, foi simples e direto: “Não vou tirar o Guido”, sem precisar explicar coisa alguma, mostrando apenas estar a par dos interesses contrariados, da choradeira nos mercados financeiros que lamentam o fato de o Brasil não ser mais “o queridinho” dos investidores-especuladores. Agora é o México, que os anjos o protejam… Como se devêssemos nos chatear muito com isso…

Não diria que existe da parte da revista algum objetivo maligno, apenas um ataque muito deselegante, a causar decepção, mas se insere no espírito provocador que lhe é característico.

No fundo, a crítica procura disfarçar o mau humor de investidores com o retorno em dólares na Bovespa (-8%) ante os 20% positivos na Bolsa mexicana. E com o fim da era do ganho fácil e sem risco no Brasil.


Paulo Henrique Amorim



(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(***) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

Fernando Branquinho: JN transforma 1,7 milhão de empregos em notícia ruim



publicado em 27 de dezembro de 2012 às 21:20

TV manipula notícia sobre criação de empregos
por Fernando Branquinho, no Observatório da Imprensa em 24/12/2012 na edição 726

Na quarta-feira (19/12), no Jornal Nacional, o gráfico atrás da apresentadora Patrícia Poeta mostrava a criação de 1,77 milhão de empregos até agora, em 2012. Considerada a pindaíba econômica do mundo ocidental, qualquer cidadão de outro país olharia com inveja para cá. Mas na Globo não é assim: toda notícia que venha do governo tem que ser “negativada”.
Foi o que fizeram. Este foi o texto lido pela apresentadora:
“A criação de empregos com carteira assinada, este ano, foi 23% menor do que em 2011. É o pior resultado desde 2009. Mas, isoladamente, os números de novembro mostram um aumento de quase 8% no emprego formal.”
Quem estivesse jantando nessa hora sem olhar para a TV não veria o gráfico e faria juízo sobre a informação apenas com o que estivesse ouvindo. Desta vez mudaram a técnica: deram a notícia positiva de forma negativa, e no fim veio o “mas” positivando parcialmente os fatos. Isso é democracia, liberdade de expressão e tudo o mais que eles dizem quando se quer acabar com o oligopólio da mídia? O nome disso é partidarismo de mídia através de manipulação da notícia.
Paranoia? Perseguição à Globo? Coisa de esquerdista, de petista, de lulista, brizolista? Confira aqui mais essa vergonha. Agora veja a notícia por outro ângulo: “Brasil cria 1,77 milhão de empregos com carteira assinada em 2012”.
Os dados do Caged
De janeiro a novembro deste ano, foram abertos 1.771.576 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil, o que representa uma expansão de 4,67% no nível de emprego comparado com o final de 2011, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na quarta-feira (19/12) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os dados de novembro, segundo o MTE, mostram continuidade à tendência de crescimento do emprego no Brasil, que registrou pela terceira vez em 2012 um saldo superior ao do ano anterior. Foram declaradas 1.624.306 admissões e 1.578.211 desligamentos no referido mês. Como resultado, o saldo do mês foi de 46.095 novos empregos com carteira assinada no Brasil, correspondentes ao crescimento de 0,12% em relação ao registrado no mês anterior.
Segundo o Caged, apresentaram desempenho positivo no mês o comércio, com 109.617 postos (1,27%), sendo o terceiro melhor saldo para o período; e serviços, com 41.538 postos (0,26%). Por outro lado, alguns setores apresentaram desempenhos negativos. A construção civil teve baixa de 41.567 postos (-1,34%), decorrente de atividades relacionadas à construção de edifícios (-15.577 postos) e construção de rodovias e ferrovias (-8.803 postos), associados a términos de contratos e a condições climáticas.
Complexo sucroalcooleiro puxa emprego para baixo
Na agricultura, houve retração de 32.733 postos (-1,98%), devido à presença de fatores sazonais negativos. A indústria de transformação teve perda de 26.110 postos (-0,31%), proveniente dos ajustes da demanda das festas do fim do ano, queda menor que a ocorrida em novembro de 2011 (-54.306 postos ou -0,65%).
O emprego cresceu em três das cinco grandes regiões, sendo a Sul, com 29.562 postos (0,41%); Sudeste, com 17.946 vagas (0,08%), e Nordeste, com 17.067 empregos (0,28%). As exceções ficaram por conta da região Centro-Oeste (-14.820 postos ou -0,50%), cuja redução deu-se ao desempenho negativo da agricultura (-9.130 postos); da construção civil (-6.393 postos) e da indústria de transformação (-5.929 postos); e da região Norte (- 3.660 postos ou -0,21%), onde a construção civil (-3.371 postos) e a indústria e transformação (-2.084 postos) foram os principais setores responsáveis pela queda no mês.
Por unidade da federação, dezesseis tiveram expansão do emprego. Os destaques foram Rio Grande do Sul (+15.759 postos ou 0,61%); Rio de Janeiro (+13.233 postos ou 0,36%); Santa Catarina: (+8.046 postos ou 0,42%); São Paulo (+7.203 postos ou 0,06%); Paraná (+5.757 postos ou 0,22%) e Bahia (+5.695 postos ou 0,34%). Os estados que demonstraram as maiores quedas no nível de emprego foram: Goiás (-8.649 postos ou -0,75%), devido, principalmente, às atividades relacionadas ao complexo sucroalcooleiro, e Mato Grosso (-5.910 postos ou -0,97%), por causa do desempenho negativo do setor agrícola (-4.798 postos)[ver aqui].

Fernando Branquinho é jornalista, Brasília, DF.

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Povo confia mais em Dilma que no STF, na mídia ou Congresso, diz Ibope

Pesquisa do Ibope divulgada hoje ontem mostra que praticamente a metade dos brasileiros não confia no Supremo Tribunal Federal (STF), e 65% não depositam confiança no trabalho do Congresso. Os dois poderes envolvidos em um bate-boca político neste fim de ano mostram-se menos confiáveis aos olhos da populaçao que a presidenta Dilma Rousseff, que em pesquisa divulgada no começo de dezembro obteve taxa de 73%. Segundo dados publicados pelo jornal O Estado de S Paulo, o índice de 54% obtido pelo STF fica bem abaixo da instituição mais confiável, o Corpo de Bombeiros, com 83%, e está 9 pontos atrás da Presidência da República como um todo, que tem a confiança de 63% dos entrevistados.





RENTISTAS UIVAM LÁ, A MATILHA LATE AQUI


As aplicações do' Sloane Robinson', um dos dez maiores fundos hedge do mundo e dos mais antigos de Londres, vão fechar o ano com saldo de US$ 2,5 bilhões. Em 2008, o fundo especulativo acumulava ativos de US$ 15,1 bilhões. O 'Sloane' esfarela. Sua rentabilidade despencou 17% no ano passado; afundará mais 2%  em 2012. Não é um caso isolado. Rentistas de todo o mundo sofrem os reveses  da implosão  neoliberal agravada pelo fim da farra nos países emergentes-- Brasil entre eles. Sua passagem pelo país incluía ganhos triplos: na arbitragem dos juros (maiores aqui, remunerando captações a um custo menor lá fora); na diferença cambial entre a data de ingresso e a da saída, uma vez que o próprio tsunami especulativo forçava a valorização do Real, garantindo conversões vantajosas para o dólar na despedida; e, finamente, na jogatina 'rapidinha' nas bolsas, sem nem dispor de ações próprias, alugando carteiras junto a bancos. A obstrução da pista principal do circuito, a dos juros, derrubados a fórceps pelo governo Dilma, melou o resto do passeio, prejudicado ainda pela queda nos mercados acionários.O rendimento médio dos fundos hedges este ano, segundo a Reuters, será 50% inferior à variação dos índices de ações dos mercados emergentes, que deve crescer apenas 5% frente a 2011, contra 450% entre 2003/2007. É quase o fim de uma era. É desse pano de fundo que soam os vagidos em inglês contra o governo Dilma, ecoados de gargantas midiáticas profundamente comprometidas com as finanças desreguladas. Caso da The Economist, que pediu a cabeça do ministro Mantega, na semana passada--caninamente saudada pelos seu back vocal em português; e do Financial Times, desta semana, cujo blog faz referencias deselegantes ao país e a  sua Presidente (leia reportagem de Marcelo Justo, de Londres; nesta pág). Como acontece quando as matrizes entram  no cio numa matilha, os uivos locais elevaram seus decibéis na última quarta-feira. Coube  à 'Folha' cravar o latido mais alto da praça, em editorial pedindo 'reforma geral nas prioridades nacionais'. (LEIA MAIS AQUI)



A guerra das usinas midiáticas do setor financeiro contra Dilma

Primeiro foi a revista The Economist; agora, foi a vez do jornal Financial Times: o governo de Dilma Rousseff entrou na mira dos grandes meios de comunicação financeiros britânicos internacionais. Ambos zombam do governo brasileiro, pedem a renúncia de Guido Mantega e qualificam Dilma como a rena do nariz vermelho. Para as usinas midiáticas do setor financeiro, Dilma cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Não que o cenário econômico na casa destas publicações ande melhor. Justamente o contrário. O artigo é de Marcelo Justo.


Londres - A The Economist primeiro, o Financial Times depois: o governo de Dilma Rousseff entrou na mira dos grandes meios de comunicação financeiros britânicos internacionais. Ambos zombam do governo brasileiro, pedem a renúncia de Guido Mantega e qualificam Dilma como a rena do nariz vermelho. Não que as coisas na casa destas publicações andem melhor. Justamente o contrário.

A economia britânica acaba de sair da segunda recessão em três anos graças ao pequeno estímulo dos jogos olímpicos, mas a maioria dos analistas acredita que no próximo trimestre ela voltará a se contrair. A Eurozona salvou-se raspando neste ano de 2012, mas ninguém se atreve a apostar no que pode acontecer no próximo ano, apesar de o diretor do Banco Central da Europa, Mario Draghi, assegurar desde julho que fará tudo o que está ao seu alcance para salvar o euro. Por último, os Estados Unidos estão fazendo o impossível para evitar o abismo fiscal, um incremento de impostos e um corte de gastos públicos que entraria em vigor automaticamente no dia 1º de janeiro se não houver um acordo político.

Apesar deste cenário do primeiro mundo, as críticas a Dilma não surpreendem. Para as usinas midiáticas do setor financeiro, a presidenta cometeu um pecado imperdoável: forçou a baixa das taxas de juro. Quando esta crítica à presidenta brasileira vem do primeiro mundo aparece como uma variante do famoso “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. 

Desde o estouro financeiro de 2008, Estados Unidos, Reino Unido e Banco Central Europeu se dedicaram à emissão de dinheiro eletrônico, um mecanismo conhecido em inglês como “quantitative easing”, e a baixar as taxas de juros a mínimos históricos para estimular o consumo. “A ideia é que mantendo essas taxas de juros o setor privado terminará investindo, algo que não está fazendo porque a demanda está estagnada. Em resumo, o problema mais grave é que esta política monetarista não está funcionando”, disse à Carta Maior Ismail Erturk, catedrático sênior de finanças da Universidade de Negócios de Manchester.

Este monetarismo foi debatido no chamado mundo desenvolvido, mas sem a estridência desqualificadora reservada ao governo de Dilma Rousseff. No caso do Reino unido e da Eurozona a comparação se torna mais absurda se tomamos como parâmetro a crise provocada pelos programas de austeridade vigentes na Europa. No Reino Unido, a coalizão conservadora-liberal democrata que assumiu em maio de 2010 encabeçada pelo primeiro-ministro David Cameron herdou um forte déficit fiscal produto do estouro financeiro de 2008-2009 e uma incipiente recuperação de 1,7% pela mão do estímulo fiscal do governo trabalhista de Gordon Brown.

A coalizão prometeu equilibrar as contas fiscais ao final de seu período de governo, em 2015, e projetou um crescimento de 2,1% para 2011 e 2,5% para 2012. A chave-mestra para esse passe de mágica era um programa de austeridade com cortes de 80 bilhões de libras (cerca de 140 bilhões de dólares) com uma perda de mais de meio milhão de empregos públicos. O resultado desse apequenamento logo ficou evidente. Em 2011, o crescimento real foi de 0,8%, enquanto que, em 2012, foi negativo (menos 0,4%). Quanto ao equilíbrio fiscal, o próprio governo admitiu em dezembro que para atingi-lo terá que ampliar a política de austeridade até...2018.

As coisas não andam melhor pela eurozona. Com a bandeira da austeridade, a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (a Troika) conseguiram converter a debacle fiscal de um país que representava pouco mais de 2% do PIB da eurozona em uma crise que pode colocar em perigo todo o projeto pan-europeu. Desde o começo da crise grega em 2010, quatro nações terminaram regatadas pela Troika (Grécia, Portugal, Irlanda e Chipre), a banca espanhola foi salva com uma injeção de 100 bilhões de euros do Banco Central Europeu e a Grécia recebeu um novo pacote de ajuda em dezembro, no valor de 34 bilhões euros, que todos sabem que não será o último.

Em 2012, a eurozona teve um crescimento negativo de 0,5% que esconde em seu interior extraordinárias disparidades (a queda da Grécia superou 7%, enquanto que a Alemanha cresceu 0,8%). Segundo um informe da ONU, divulgado em 20 de dezembro, com estas políticas de austeridade as coisas vão piorar. O cálculo é que a região crescerá um magro 0,5% em 2013.

O governo de Barack Obama não apostou na austeridade e conseguiu evitar uma queda como a do Reino Unido ou da eurozona, mas sua recuperação é menor do que a esperada e está ameaçada por uma obra prima do terror econômico: o abismo fiscal. Em agosto, o Congresso estabeleceu o 1º de janeiro como prazo para chegar a um acordo sobre o gasto público e as reduções tributárias aprovadas durante a presidência de George Bush que finalizam nesta data. 

Se não houver acordo e as medidas entrarem em vigor, o resultado será uma recessão nos Estados Unidos e um forte impacto em uma economia mundial que, nas atuais projeções, crescerá 2,4%, muito menos do que é necessário para recuperar o terreno perdido desde o estouro do Lehman Brothers. A responsabilidade fiscal das reduções de impostos de George Bush foi discutida em seu momento, mas nenhuma usina midiática econômica teve a ideia de colocar um nariz vermelho no artífice da invasão ao Iraque. Assim são as coisas.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer