Papéis da estatal atingem valor mais alto em 22 meses; pico de R$ 21,05, nesta semana, representou alta de 72% sobre pior cotação no ano, de R$ 11,81, em março; além da especulação feita em torno das pesquisas eleitorais, agora investidores reconhecem que elevação para 1,95 milhão de barris/dia de petróleo extraídos pela estatal no País garante ótimos resultados financeiros; da área do pré-sal já saem mais de 500 mil barris/dia nos primeiros poços; "É a Harvard das águas profundas", comparou, elogiando, o banco Credit Suisse; JP Morgan e Goldman Sachs também recomendam compra dos papéis em razão de "crescimento consistente" na produção; presidente Graça Foster comemora: "Aqui dentro temos uma espécie de mantra: produção, produção e produção", diverte-se ela
Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

quinta-feira, 24 de julho de 2014
A moral do Merval
O acadêmico Merval Pereira, em sua coluna de hoje, torna-se o terceiro “ex-ministro” do STF a dar parecer pela regularidade da desapropriação por Aécio Neves de um trecho da fazenda de seu tio Múcio Tolentino para a construção de uma pista de pouso a apenas seis quilômetros da fazenda a qual o presidenciável tucano chama de “meu Palácio de Versalhes”.
Escreve ele em sua coluna, onde antes não havia se dignado a tratar do tema aeroportuário, que ” o pedido de investigação ao Procurador-Geral da República é uma maneira de fazer o caso repercutir nacionalmente, embora pareça apenas uma jogada publicitária, pois o Ministério Público de Minas Gerais já havia investigado o caso à (craseado? ui!)pedido da oposição, e arquivou o processo por não existir (ai!!!) irregularidades na desapropriação do terreno para ampliação do aeroporto que já existia.
Então está tudo certo, “seu” Merval?
Eu ouvi sua defesa do Aécio na CBN. Comovente. Sobretudo sua menção ao estudo técnico que justificaria o aeroporto ali, coisa que ninguém sabe, ninguém viu.
Deve ter escapado ao nosso jurisconsulto que o artigo 37 de Constituição brasileira diz que “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (…)
Você, como o rábula categorizado que se tentou mostrar ao longo de todo o caso do chamado mensalão, deveria prestar atenção nisso: impessoalidade, moralidade e eficiência são tudo o que não existe nesta obra.
“Ampliação do aeroporto que já existia”, Merval? Ali não tem aeroporto nenhum, nem nunca teve, o que havia era uma pista de terra – que agora é de asfalto – irregular, sem homologação, trancada a chave, sob o controle dos “desapropriados” que não serve a ninguém, exceto, talvez, ao candidato que recusou-se a dizer se já a tinha usado e aos aeromodelistas que este blog mostrou aqui, em seus folguedos aéreos.
E essa brincadeira, entre obras e indenizações, custou mais de R$ 20 milhões, em dinheiro de hoje, ao contribuinte?
Merval, tome umas aulas com Elio Gaspari para ver como é possível ser direitista sem se afundar nessa lama, com o artigo, ontem, onde diz que ”A explicação de Aécio não decola“!
Ao menos faça aquilo que era gozação nos tempos em que trabalhei aí, como foca, quando se dizia “leia o jornal em que trabalhas!” aos desatentos assim…
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Netanyahu no inferno dos inimigos da humanidade
Sob a desaprovação do mundo e forte constrangimento até mesmo do seu principal aliado, os Estados Unidos, Benjamin Netanyahu prossegue genocídio de crianças e civis aos olhos do mundo, na Faixa de Gaza; depois do bombardeio a um hospital, forças israelenses dispararam contra escola da ONU, matando 15 pessoas e ferindo 200; na mitologia, Netanyahu, ao dar a ordem para os ataques que já mataram mais de 120 crianças, se iguala a Herodes; na história real, desce ao inferno de monstros como Slobodan Milosevic, Adolf Hitler e Idi Amin Dada, entre outros; Brasil condena ação tresloucada de Israel e ouve de volta que é "um anão diplomático"; resposta rasteira era esperada; sionistas assassinos é que são anões morais; vozes isoladas na mídia tradicional defendem morticínio; a que ponto se pode chegar?
247 – Dar as ordens para bombardeios que já mataram mais de 120 crianças, 600 civis e atingiram dois hospitais e por duas vezes uma escola da ONU na Faixa de Gaza fazem descer ao inferno dos inimigos da humanidade o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Com um fúria típica dos genocidas tresloucados como Adolf Hitler, com quem foi comparado pelo primeiro-ministro da Turquia, o sérvio Slobodan Milosevic, o ugandense Idi Amin Dada e outros, Netanyahu fecha os ouvidos a todos os apelos internacionais e prossegue no ataque covarde contra a população palestina civil.
Disparos israelenses feitos nesta quinta-feira atingiram novamente uma escola da ONU que protegia refugiados palestinos. O número de mortos pode chegar a 15, incluindo crianças e um bebê de um ano de idade, além de 200 feridos. O caso aconteceu em Beit Hanoun, norte da Faixa de Gaza. O secretario-geral da ONU, Ban Ki-moon, se disse chocado com o ataque, que também matou, além de mulheres e crianças, funcionários das Nações Unidas.
Maior aliado no acobertamento dos crimes de guerra de Israel, até os Estados Unidos estão constrangidos com o nível de barbárie praticado por Israel. Todas as regras de guerra foram quebradas, dando aos ataques a marca de um massacre. Tanto é assim que ainda não há nenhuma saída aberta à população civil para deixar o território. As tropas israelenses fecharam todas as fronteiras, tornando comum a situação de não haver lugar seguro para ninguém.
Em três dias consecutivos, depois de promover um domingo sangrento com a morte de mais de 100 civis, os militares israelenses atacaram com bombas um hospital, onde quatro pessoas morreram, uma escola da ONU e centenas de alvos civis, provocando a morte de mais de 700 palestinos até agora, contra menos de 70 baixas entre os israelenses.
Manifestando uma posição que hoje é global, o Brasil condenou duramente os ataques de Israel. Em participar de um diálogo de nível civilizado, no entanto, os diplomatas brasileiros ouviram como resposta de representantes de Israel que o País seria um 'anão moral'. A reação tem o mesmo padrão rasteiro da política externa do regime sionista israelense, esse sim um verdadeiro anão moral.
No Brasil, infelizmente, vozes isoladas procuram emprestar, como se fosse possível, alguma legitimidade ao morticínio de indefesos que está em curso na Faixa de Gaza sob um pretexto esfarrapado de tapar túneis transfronteiriços. Na verdade, o que está em curso é mais etapa da limpeza étnica que Israel promove desde a sua criação como Estado contra o povo palestino.
Abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a resposta de Israel, que chama o Brasil de "anão diplomático":
Israel critica postura do governo brasileiro sobre conflito em Gaza
Danilo Macedo - O governo de Israel criticou a postura do governo brasileiro de convocar o embaixador em Tel Aviv para consultas e a publicar duas notas, em uma semana, considerando inaceitável a escalada da violência entre Israel e Palestina. No texto divulgado ontem (24), o Brasil "condena energicamente o uso desproporcional da força" por Israel na Faixa de Gaza.
Em comunicado à imprensa, o Ministério das Relações Exteriores de Israel, por meio do porta-voz, Yigal Palmor, manifestou "desapontamento" diante da convocação do embaixador brasileiro. "Israel manifesta o seu desapontamento com a decisão do governo do Brasil de retirar seu embaixador para consultas. Esta decisão não reflete o nível das relações entre os países e ignora o direito de Israel de se defender. Tais medidas não contribuem para promover a calma e a estabilidade na região. Em vez disso, eles estimulam o terrorismo, e, naturalmente, afetam a capacidade do Brasil de exercer influência", informa o texto.
Yigal Palmor disse que "Israel espera o apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países no mundo". Jornais israelenses noticiaram críticas mais duras do porta-voz. De acordo com o jornal judaico The Jerusalem Post, Palmor disse que "essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático", e acrescentou que "o relativismo moral por trás deste movimento faz do Brasil um parceiro diplomático irrelevante, aquele que cria problemas em vez de contribuir para soluções".
Na nota publicada nessa quarta-feira, o Ministério de Relações Exteriores também reiterou seu chamado a um "imediato cessar-fogo" entre as partes. O Itamaraty explicou que, diante da gravidade da situação, votou favoravelmente à resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que condena a atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e cria uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também reagiu. "A Confederação Israelita do Brasil vem a público manifestar sua indignação com a nota divulgada pelo nosso Ministério das Relações Exteriores, na qual se evidencia a abordagem unilateral do conflito na Faixa de Gaza, ao criticar Israel e ignorar as ações do grupo terrorista Hamas", destaca o texto.
"Uma nota como a divulgada nesta quarta-feira só faz aumentar a desconfiança com que importantes setores da sociedade israelense, de diversos campos políticos e ideológicos, enxergam a política externa brasileira", criticou a Conib, representante da comunidade judaica brasileira, que disse compartilhar da preocupação do povo brasileiro e expressar "profunda dor pelas mortes dos dois lados do conflito", além de também esperar um cessar-fogo imediato.
Na nota publicada no dia 17 de julho, o governo brasileiro afirmou que "condena, igualmente, o lançamento de foguetes e morteiros de Gaza contra Israel". Apesar de ter sido classificado como "anão diplomático", o Brasil e a Alemanha são os únicos países a ter relações diplomáticas com todas as nações do mundo. Ontem, foi um dos 29 países a votar a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Houve 17 abstenções e apenas um voto contra, dos Estados Unidos. Além do Japão, todos os países europeus presentes, incluindo a França, o Reino Unido e a Alemanha, optaram pela abstenção.
Como pensa a elite brasileira
Veja aqui o aeroporto pronto, em pleno uso, em Divinópolis (MG), a 40 minutos de onde Aécio construiu o seu; escandalosa redundância custou R$ 14 milhões ao cofre público de MG CLIQUE AQUI
Minas Gerais tem uma área de 586,5 mil km²; é o 4º maior estado brasileiro; que 'razões técnicas' levaram Aécio Neves a aplicar R$ 14 milhões em recursos públicos para erguer um aeroporto exatamente a seis kms de sua fazenda?
Quarta-feira difícil para o conservadorismo: inflação despenca na prévia de julho, diz o IBGE; Dilma lidera e vence em outubro, informa o Ibope
Unicef denuncia a barbárie em Gaza: 120 crianças mortas pelas bombas de Israel; Barack Obama telefona ao premiê israelense Benjamin Netanyahu; manifesta 'preocupação'
EUA proíbe voos comerciais a Israel depois que um foguete palestino atinge as imediações do aeroporto de Tel Aviv
A elite brasileira comprou o livro de Piketty, O Capital no Século 21. Não gostou. Achou que era sobre dinheiro, mas o principal assunto é a desigualdade.
Antonio Lassance
A elite brasileira é engraçada. Gosta de ser elite, de mostrar que é elite, de viver como elite, mas detesta ser chamada de elite, principalmente quando associada a alguma mazela social. Afinal, mazela social, para a elite, é coisa de pobre.
A elite gosta de criticar e xingar tudo e todos. Chama isso de liberdade de expressão. Mas não gosta de ser criticada. Aí vira perseguição.
Quando a elite esculhamba o país, é porque ela é moderna e quer o melhor para todos nós. Quando alguém esculhamba a elite, é porque quer nos transformar em uma Cuba, ou numa Venezuela, dois países que a elite conhece muito bem, embora não saiba exatamente onde ficam.
Ideia de elite é chamada de opinião. Ideia contra a elite é chamada de ideologia.
A elite usa roupas, carros e relógios caros. Tem jatinho e helicóptero. Tem aeroporto particular, às vezes, pago com dinheiro público - para economizar um pouquinho, pois a vida não anda fácil para ninguém.
A elite gosta de mostrar que tem classe e que os outros são sem classe.
Mas, quando alguém reclama da elite por ser esnobe, preconceituosa e excludente, é acusado de incitar a luta de classes.
Elite mora em bairro chique, limpinho e cheiroso, mas gosta de acusar os outros de quererem dividir o país entre ricos e pobres.
O negócio da elite não é dividir, é multiplicar.
A elite é magnânima. Até dá aulas de como ter classe. Diz que, para ser da elite, tem que pensar como elite.
Tem gente que acredita. Não sabe que o principal atributo da elite é o dinheiro. O resto é detalhe.
A elite reclama dos impostos, mesmo dos que ela não paga. Seu jatinho, seu helicóptero, seu iate e seu jet ski não pagam IPVA, mesmo sendo veículos automotores.
Mas a elite, em homenagem aos mais pobres e à classe média, que pagam muito mais imposto do que ela, mantém um grande painel luminoso, o impostômetro, em várias cidades do país.
A elite diz que é contra a corrupção, mas é ela quem financia a campanha do corrupto.
Quando dá problema, finge que não tem nada a ver com a coisa e reclama que "ninguém" vai para a cadeia. "Ninguém" é o apelido que a elite usa para designar o pessoal que lota as cadeias.
A elite não gosta do Bolsa Família, pois não é feita pela Louis Vuitton.
A elite diz que conceder benefícios aos mais pobres não é direito, é esmola, uma coisa que deixa as pessoas preguiçosas, vagabundas.
Como num passe de mágica, quando a elite recebe recursos governamentais ou isenções fiscais, a esmola se transforma em incentivo produtivo para o Brasil crescer.
A elite gosta de levar vantagem em tudo. Chama isso de visão. Quando não é da elite, levar vantagem é Lei de Gérson ou jeitinho.
Pagar salário de servidor público e os custos da escola e do hospital é gasto público. Pagar muito mais em juros altos ao sistema financeiro é "responsabilidade fiscal".
Quando um governo mexe no cálculo do dinheiro que é reservado a pagar juros, é acusado de ser leniente com as contas públicas e de fazer "contabilidade criativa".
Quando o governo da elite, décadas atrás, decidiu fazer contabilidade criativa, gastando menos com educação e saúde do que a Constituição determinava, deram a isso o pomposo nome de "Desvinculação das Receitas da União" - inventaram até uma sigla (DRU), para ficar mais nebuloso e mais chique.
A elite bebe água mineral Perrier. Os sem classe se viram bebendo água do volume morto do Cantareira.
A elite gosta de passear e do direito de ir e vir, mas acha que rolezinho no seu shopping particular é problema grave de segurança pública.
A elite comprou o livro de um francês, um tal Piketty, intitulado "O Capital no Século 21". Não gostou. Achou que era só sobre dinheiro, até descobrir que o principal assunto era a desigualdade.
A pior parte do livro é aquela que mostra que as 85 pessoas mais ricas do mundo controlam uma riqueza equivalente à da metade da população mundial. Ou seja, 85 bacanas têm o dinheiro que 3,5 bilhões de pessoas precisariam desembolsar para conseguir juntar.
A elite não gostou da brincadeira de que essas 85 pessoas mais ricas do mundo caberiam em um daqueles ônibus londrinos de dois andares.
Discordou peremptoriamente e por uma razão muito simples: elite não anda de ônibus, nem se for no andar de cima.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Superfaturamento: Aécio, como se explica isso ? Tijolaço entra no Fiat Elba do tucano: oito vezes mais, senador ?
O Conversa Afiada reproduz contribuição de amigo navegante que passeia pelo Google:
Aécio MENTE:
Nota do candidato do PSDB:
“Não se trata também de construção de um novo aeroporto, mas de melhorias realizadas em pista de pouso que existia há mais de 20 anos no local, realizadas por meio do ProAero, programa criado no governo Aécio Neves e que garantiu investimentos em inúmeros aeroportos do Estado.”
“A escolha da área se deu por critérios técnicos, não tendo interferido na decisão o fato do proprietário à época ser ou não ser parente do então governador. Já havia no terreno em questão uma pista de pouso construída há 20 anos, o que tornaria a obra muito mais barata. Prevaleceu exclusivamente o interesse público.”
1) Aeroporto de Cláudio (pista paralela à rodovia), 31/10/2007:
“Não se trata também de construção de um novo aeroporto, mas de melhorias realizadas em pista de pouso que existia há mais de 20 anos no local, realizadas por meio do ProAero, programa criado no governo Aécio Neves e que garantiu investimentos em inúmeros aeroportos do Estado.”
“A escolha da área se deu por critérios técnicos, não tendo interferido na decisão o fato do proprietário à época ser ou não ser parente do então governador. Já havia no terreno em questão uma pista de pouso construída há 20 anos, o que tornaria a obra muito mais barata. Prevaleceu exclusivamente o interesse público.”
1) Aeroporto de Cláudio (pista paralela à rodovia), 31/10/2007:
2)Aeroporto em obras de terraplenagem, 14/03/2010:
3)Aeroporto com a pista em nova posição, 15/06/2013:
Por que a ANAC tem de investigar o caso:
Avião estacionado na pista clandestina de Cláudio. De quem será?
Clique aqui para ler “Lula quer investigar aeroporto do Titio”.
E aqui para ler “PT vai à PGR contra Aeroécio !”.
Superfaturamento:Aécio, como se explica isso ?
Tijolaço entra no Fiat Elba do tucano: oito vezes mais, senador ?
O Conversa Afiada reproduz post que os juristas (ler em tempo) do Arrocho Neves não vão conseguir responder:
Aeroporto de Cláudio custou quase oito vezes mais que o padrão de obras iguais em Minas
Ao anunciar o “pacote” de obras
do qual fazia parte o asfaltamento da pista do Aeroporto de Cláudio, o
governo de Minas Gerais anunciou também a pavimentação de estradas no
interior do estado, que tinham piso de cascalho, exatamente como o da
pista que existia antes na fazenda de seu tio.
Eram 295, 2 km de estradas, a um custo de R$ 96,6 milhões.
Como está detalhadamente registrado aqui na página do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (devidamente salva, para o caso de retirarem-na do ar).
Ou seja, o Governo de Minas pagava R$ 330 mil por quilômetro de asfaltamento, tudo incluído.
Como a pista de Cláudio tem exatamente um quilômetro e, digamos, quatro vezes a largura mínima de um estradinha, o custo de seu revestimento asfáltico – que não pede, pelo pequeno tráfego de aeronaves leves, mais do que o preparo normal de uma estrada destinada ao transito de veículos em geral, inclusive a passagem de caminhões.
E como já existia a pista de cascalho, tal como as estradinhas mineiras tinham, a terraplenagem é miníma e igual para ambas.
Portanto, uma boa base de preço seria algo em torno de R$ 1,3 milhão.
Some aí a colocação de cerca em torno do terreno, a pequena área de estacionamento, os dois postes de iluminação e a casinhota que aparece nas fotos, com muito boa vontade, teríamos mais uns R$ 500 mil, sendo muito, muito generosos.
Até porque a mesma pavimentação no Aecioporto II, na cidadezinha de Montezuma, custou R$ 268 mil, na mesma época, em valores oficiais. Um preço compatível com os praticados pelo DER.
Mesmo com todas as possibilidades de ser generoso com Aécio, a diferença é monstruosa.
A obra de Cláudio, em valores da mesma data em que se contratou estradas àquele preço, custou R$ 13,4 milhões.
Mais de sete vezes mais cara.
Não são números aleatórios, repito, são os valores praticados, na mesma data, pelo DER de Minas, em obras absolutamente semelhantes e que divergem de forma astronômica.
Basta que algum jornal se interesse pela planilha de custo e o escândalo explodirá.
E não haverá parecer jurídico que o segure.
Em tempo: os juristas do Arrocho Neves são o Big-Ben de Propriá e Carlos Velloso, ex-ministros do Supremo. Superfaturamento de tucano ? Eles não percebem assim … – PHA
Clique aqui para ler “Google Earth: Aécio é um fanfarrão”.
Aqui para ler “Lula quer investigar aeroporto do Titio”.
Aqui para ler “PT vai à PGR contra Aeroécio !”.
E aqui para votar na enquete: “Por que a Fel-lha detonou o Aécioporto?”.
Eram 295, 2 km de estradas, a um custo de R$ 96,6 milhões.
Como está detalhadamente registrado aqui na página do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (devidamente salva, para o caso de retirarem-na do ar).
Ou seja, o Governo de Minas pagava R$ 330 mil por quilômetro de asfaltamento, tudo incluído.
Como a pista de Cláudio tem exatamente um quilômetro e, digamos, quatro vezes a largura mínima de um estradinha, o custo de seu revestimento asfáltico – que não pede, pelo pequeno tráfego de aeronaves leves, mais do que o preparo normal de uma estrada destinada ao transito de veículos em geral, inclusive a passagem de caminhões.
E como já existia a pista de cascalho, tal como as estradinhas mineiras tinham, a terraplenagem é miníma e igual para ambas.
Portanto, uma boa base de preço seria algo em torno de R$ 1,3 milhão.
Some aí a colocação de cerca em torno do terreno, a pequena área de estacionamento, os dois postes de iluminação e a casinhota que aparece nas fotos, com muito boa vontade, teríamos mais uns R$ 500 mil, sendo muito, muito generosos.
Até porque a mesma pavimentação no Aecioporto II, na cidadezinha de Montezuma, custou R$ 268 mil, na mesma época, em valores oficiais. Um preço compatível com os praticados pelo DER.
Mesmo com todas as possibilidades de ser generoso com Aécio, a diferença é monstruosa.
A obra de Cláudio, em valores da mesma data em que se contratou estradas àquele preço, custou R$ 13,4 milhões.
Mais de sete vezes mais cara.
Não são números aleatórios, repito, são os valores praticados, na mesma data, pelo DER de Minas, em obras absolutamente semelhantes e que divergem de forma astronômica.
Basta que algum jornal se interesse pela planilha de custo e o escândalo explodirá.
E não haverá parecer jurídico que o segure.
Em tempo: os juristas do Arrocho Neves são o Big-Ben de Propriá e Carlos Velloso, ex-ministros do Supremo. Superfaturamento de tucano ? Eles não percebem assim … – PHA
Clique aqui para ler “Google Earth: Aécio é um fanfarrão”.
Aqui para ler “Lula quer investigar aeroporto do Titio”.
Aqui para ler “PT vai à PGR contra Aeroécio !”.
E aqui para votar na enquete: “Por que a Fel-lha detonou o Aécioporto?”.
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quarta-feira, 16 de julho de 2014
Dominação financeira e suas contradições
Por que o BC não reduz a taxa de juro na reunião do Copom iniciada hoje, em Brasília? Índices de inflação estão em queda; indicadores de nível de atividade e vendas definham; oferta de emprego desacelera. Quando a trajetória era ascedente os juros subiram; por que não caem agora?
Líderes dos Brics chegam a acordo e oficializam a criação de banco de desenvolvimento: sede será em Xangai; a presidência rotativa começa com a Índia; Brasil vai comadar o estratégico conselho que define os planos de investimento e a expansão do banco.
PIB dos Brics é maior que o da Zona do euro: US$16 trilhões; países reunidos em Fortaleza tem população conjunta de 3 bilhões de pessoas
Deletados: mais de cinco mil funcionários da Nokia, adquirida em setembro de 2013 pela Microsoft, do filantropo Bill Gates, serão cortados no processo de fusão das empresas
Foguetes
do Hamas fazem a 1ª vítima civil em Israel. Após uma semana de
conflito na Faixa de Gaza, total de palestinos mortos vai a 170, diz
'El Pais'
Motivado por artigo de Tarso Genro sobre internacional do capital financeiro, Marcio Pochmann dá início a uma série de reflexões sobre a conjuntura mundial
Marcio Pochmann (*)
Nota do autor: A presente reflexão foi estimulada pelo artigo do governador Tarso Genro sobre a Internacional do Capital Financeiro publicado pela Carta Maior.
Desde o seu princípio organizador, o modo de produção capitalista caracterizou-se por se expandir sistemicamente, incorporando e articulando crescentes espaços territoriais até se tornar global. Tudo isso a partir da existência de um centro dinâmico integrador de um todo periférico.
Ainda que combinada pela lógica sistêmica, a dinâmica capitalista se manteve desigual, seguida por crises de curta e longa durações. Mesmo que o centro dinâmico tenha se alterado poucas vezes ao longo do tempo, a condição de periferia seguiu se produzindo e reproduzindo intensamente.
Para assumir a posição de centro dinâmico, três dimensões se fariam fundamentais. A primeira identificada pela capacidade de deter moeda de curso internacional com suas funções de troca, reserva de valor e unidade de conta permanente ativas.
A segunda dimensão está associada ao poder das forças armadas para levar adiante – sempre que necessário – o que a diplomacia não se apresenta como suficiente. A terceira dimensão refere-se à capacidade de produzir e difundir tecnologia enquanto elemento dinâmico e acesso da competição intercapitalista.
Pela Revolução Industrial e Tecnológica do século 18, na Inglaterra, o capitalismo alçou a condição de trânsito da antiga sociedade agrária para a moderna sociedade urbana e industrial. O processo de mecanização na época gerou ganhos de produtividade crescentes com a incorporação tecnológica e a consequente ampliação na divisão do trabalho, garantindo à armada inglesa o poder do exercício da força pela condição de centro dinâmico mundial.
Mas até o início do século 20, o capitalismo se expandia demarcado pela forma fundamental dos impérios (britânico, austro-húngaro, otomano, português, espanhol, entre outros) em relação às colônias. Neste meio, os avanços econômicos possibilitados pela industrialização retardatária (Alemanha, EUA, França, Rússia, Japão e Itália), seguida da Segunda Revolução Tecnológica no último quartel do século 19, colocou em xeque o centro dinâmico mundial, posto que a Inglaterra convivia com o esvaziamento produtivo frente ao poder financeiro crescente da City.
Ademais, as duas grandes guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), intermediadas pela Grande Depressão de 1929, tornou real e efetiva a disputa entre nações emergentes como Alemanha e Estados Unidos pela sucessão da liderança inglesa.
A partir do fim da década de 1940, o novo centro do mundo se estabeleceu sob a liderança inconteste dos Estados Unidos, cujo american way of life se generalizou mais rapidamente pelo consumo de bens e serviços do que a descentralização da produção de manufatura pelo mundo.
Em plena Guerra Fria (1947-1991), mais de 150 países se constituíram frente ao desmoronamento dos antigos impérios e de suas colônias. Ao mesmo tempo, a maior parte da periferia alcançou a soberania nacional, reposicionando o papel do Estado em defesas de políticas nacional-desenvolvimentistas. Isso porque, o centro dinâmico mundial exercido pelos EUA acobertou a conformação dos Estados nacionais regidos por normas monitoradas pelas Nações Unidas e organismos multilaterais (Otan, BM, FMI, acordos de livre comércio, entre outros), diferenciando-se do padrão anterior da hegemonia inglesa.
Por acordo entre as nações, conforme realizado em Bretton Woods, em 1944, o dólar estadunidense se transformou em moeda de curso internacional, mantendo-se conversível ao ouro e com valor fixo por 27 anos (1944 e 1971). A valorização do dólar ocorrida no período era compatível com a posição de maior exportador e responsável por 2/3 das reservas de ouro do mundo no imediato segundo pós-guerra.
A condição de centro dinâmico assentou-se no tripé interno de forças a exercer a vontade da maioria política. De um lado, o poder armado sob a liderança de grandes generais vitoriosos da Segunda Grande Guerra Mundial (Douglas MacArthur, George Marshall Jr, Dwight Eisenhower, entre outros) e, de outro, as forças produtivas representadas pelos grandes conglomerados industriais (famílias Gould, Rochefeller, Ford, Carnegie, entre outros). Por fim, a expressão da sociedade civil organizada em grande medida pela força dos sindicatos e dos movimentos de direitos humanos assumiu importância em determinados momentos do segundo pós-guerra.
A partir da década de 1970, contudo, as condições de exercício da hegemonia estadunidense fragilizaram-se substancialmente. Três acontecimentos significativos ameaçaram as dimensões do centro dinâmico do mundo.
O primeiro deles ocorreu em 1971, com a desvalorização do dólar em relação ao ouro, e teve o grande final em 1973, com o fim da conversibilidade da moeda estadunidense ao ouro. Com a decisão do presidente Richard Nixon, o dólar assumiu a condição de uma moeda como qualquer outra, sem mais equivaler ao ouro, o que resultava em descrédito à dimensão monetária fundamental de valorização do capital em qualquer país capitalista.
O segundo acontecimento se deu em 1975, com a derrota das forças armadas estadunidenses na Guerra do Vietnã (1965-75). A decisão do presidente Gerald Ford reafirmou o descrédito no poder militar dos EUA em termos internacionais, bem como internamente frente à vitória nas eleições pelo Partido Democrata e nas repercussões políticas geradas pelas massivas manifestações populares contra a guerra.
Por fim, o terceiro acontecimento se deu em 1979, com a Revolução Iraniana e a entrada da Rússia no Afeganistão. A ameaça ao domínio dos Estados Unidos no Oriente Médio pelo avanço das forças pró-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas poderia abrir um novo flanco de insegurança energética, fundamentalmente representada pelo petróleo, rico na região.
A decadência relativa dos Estados Unidos era evidente tanto no seu setor produtivo, que assumia a condição inédita de importador líquido de mercadorias na década de 1970, como na incapacidade da política macroeconômica superar a fase de estagflação da época. Ao mesmo tempo em que crescia o risco da insegurança energética num país importador de petróleo, o poder das forças armadas se mostrava fraco.
Diante disso, países como a Alemanha e Japão eram vistos como possíveis sucessores dos Estados Unidos, mais preparados para exercerem a condição de centro hegemônico do mundo. Somente uma guinada na conformação de uma nova maioria política poderia restabelecer a retomada do poder estadunidense.
As eleições de 1979 terminaram por restabelecer um novo pacto de poder, consagrado pela adoção das políticas neoliberais. A começar pela recomposição da linha estratégica nas forças militares, com a ascensão da liderança dos “falcões” assentados na estratégia da guerra cibernética.
Para isso, o redirecionamento de parte do orçamento se mostrou fundamental, associando a realocação dos recursos públicos à pesquisa e desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). A terceira Revolução Industrial e Tecnológica teve impulso para além da eletrônica, com o salto das empresas pontocom no Vale do Silício estadunidense.
O programa militar identificado como Guerra nas Estrelas (Defesa Estratégica no Espaço) foi lançado pelo presidente Ronald Reagan em 1983 com o objetivo de reestabelecer a superpotência militar estadunidense. Ao mesmo tempo interligou o gasto militar com a pesquisa, originando, inclusive, a internet para uso civil ao final da década de 1980.
A segunda inovação no pacto de poder estadunidense ocorreu com articulação mais fina entre o Departamento de Estado e as petroleiras, especialmente nas ações no Oriente Médio. Como se sabe, a Revolução Iraniana, em 1979, desencadeou o segundo choque de petróleo, quando o barril chegou a US$ 80.
Somente sete anos depois, em 1986, o preço do barril voltou à normalidade, contando com importante articulação entre a diplomacia dos EUA e as forças armadas no Oriente Médio, simultaneamente às ações das grandes empresas petroleiras, visando garantir a segurança energética do maior importador de petróleo do mundo.
A terceira inovação foi a substituição do poder dos industriais estadunidenses pelo dos banqueiros, uma vez que, com a política realista de Paul Volcker no Banco Central dos EUA (Federal Reserve), a partir de 1978, a taxa de juros voltou a ser mais elevada que a inflação. Desde a Grande Depressão de 1929, quando os banqueiros foram tidos como dos principais responsáveis pela especulação financeira vigente à época, que a taxa de juros se mantinha, em geral, abaixo da inflação, objetivando estimular os investimentos produtivos na economia.
A política do dólar forte na década de 1980 contribuiu para que a política neoliberal da desregulação financeira e bancária ganhasse difusão não apenas nos Estados Unidos. Por consequência, a elevação da taxa de juros nos EUA atraía a centralidade das aplicações financeiras naquele país, salvo elevação simultânea dos juros nos demais países, o que terminou esvaziando a autonomia da política monetária para o conjunto das economias.
A globalização financeira ganhou escala e passou a liderar em novas bases a ordem capitalista mundial. Os banqueiros do mundo todo se uniram, conformando grau de poder jamais visto, capaz de submeter empresas e países à lógica financeira, inclusive parcela da política, que tem crescente presença de parlamentares e governos operando como verdadeiros funcionários do capital fictício.
Com a reconfiguração da nova maioria política nos EUA, os resultados da dominação militar e financeira se apresentaram evidentes frente ao enquadramento do Japão e da Alemanha à situação de países submissos. Houve ainda o fim da Guerra Fria. A partir dos anos de 1989, com a queda do Muro de Berlim e, de 1991, com a derrocada da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o império estadunidense se constituiu enquanto tal, favorecendo o exercício unipolar da dinâmica econômica mundial e retirando poder dos Estados nacionais na efetividade de suas políticas, seja monetária, seja nas TIC’s, seja na área militar, entre outras.
Contraditoriamente, o êxito alcançado terminou também sendo portador da corrosão das bases produtivas do capitalismo estadunidense. Guardada a devida proporção, os EUA passaram a seguir trajetória similar à experimentada pela economia inglesa no final do século 19, quando a contaminação pelo vírus do improdutivismo, gerado pelo processo da financeirização da riqueza, levou à decadência do império britânico.
Paralelamente, parte da Ásia confirmou, por intermédio de várias experiências nacionais, a constituição atual de uma nova fronteira de expansão do capitalismo global. Justamente a China e a Índia, que foram, em especial, os dois grandes territórios do planeta perdedores diante do avanço da hegemonia inglesa e estadunidense na primeira e segunda Revolução Industrial e Tecnológica, voltaram a se tornar emergentes diante da implantação de experiências associadas ao planejamento central e ao vigor do Estado.
Resumidamente, as reformas neoliberais realizadas desde a década de 1980 terminaram por esvaziar parte da estrutura produtiva dos países desenvolvidos – outrora referência da expansão capitalista global. Na sequência do deslocamento da produção industrial ocidental para a Ásia vislumbrou-se a continuidade da desenvoltura de mais uma revolução tecnológica motivadora de novas centralidades no planeta, tais como as cadeias globais de valor geridas por grandes corporações transnacionais.
A manifestação da grave crise global a partir de 2008 tornou mais clara o conjunto de sinais da decadência relativa dos Estados Unidos. A ineficácia das políticas neoliberais e o poder concentrado e centralizado das grandes corporações transnacionais apoderaram-se do Estado em grande parte dos países desenvolvidos e foram responsáveis pela adoção de políticas caracterizadas como socialismo dos ricos. Enquanto os trabalhadores pagam com o esvaziamento de seus rendimentos, a perda de empregos e a precarização das ocupações, os grandes grupos econômicos se ajustam com somas crescentes junto ao orçamento público, incapaz de recuperar a dinâmica produtiva, salvo a da indústria da financeirização da riqueza.
Simultaneamente, percebe-se o reaparecimento da multicentralidade geográfica mundial com um novo deslocamento do centro dinâmico da América (EUA) para a Ásia (China). Também países de grande dimensão geográfica e populacional voltaram a assumir maior responsabilidade no desenvolvimento mundial, como no caso da China, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul, que já respondem atualmente pela metade da expansão econômica do planeta. São cada vez mais reconhecidos por países-baleia, que procuram exercer efeitos sistêmicos no entorno de suas regiões, fazendo avançar a integração suprarregional, como no caso do Mercosul e Asean, que se expandem com maior autonomia no âmbito das relações Sul-Sul.
Não sem motivos demandam reformulações na ordem econômica global (reestruturação do padrão monetário, exercício do comércio justo, novas alternativas tecnológicas, democratização do poder e sustentabilidade ambiental).
Uma nova divisão internacional do trabalho se vislumbra associada ao desenvolvimento das forças produtivas assentadas na agropecuária, mineração, indústria e construção civil nas economias-baleia. Também ganham importância as políticas de avanço do trabalho imaterial conectado com a forte expansão do setor de serviços. Essa inédita fase do desenvolvimento mundial tende a depender diretamente do vigor dos novos países que emergiram cada vez mais distantes dos pilares anteriormente hegemônicos do pensamento único (equilíbrio de poder nos Estados Unidos, sistema financeiro internacional intermediado pelo dólar e assentado nos derivativos, Estado mínimo e mercados desregulados), atualmente desacreditados.
Nestes termos, percebe-se que a reorganização mundial desde a crise global em 2008 vem se apoiando numa nova estrutura de funcionamento que exige coordenação e liderança mais ampliada. Os países-baleia podem contribuir muito para isso, tendo em vista que o tripé da nova expansão econômica global consiste na alteração da partilha do mundo derivada do policentrismo associado à plena revolução da base técnico-científica da produção e do padrão de consumo sustentável ambientalmente.
A conexão dessa totalidade nas transformações mundiais requer o resgate da cooperação e integração supranacional em novas bases. A começar pela superação da antiga divisão do trabalho entre países assentada na reprodução do passado (menor custo de bens e serviços associado ao reduzido conteúdo tecnológico e valor agregado dependente do uso de trabalho precário e da execução em longas jornadas sub-remuneradas). Com isso, o desenvolvimento poderia ser efetivamente global, evitando combinar a riqueza de alguns com a pobreza de outros.
As decisões políticas de hoje tomadas pelos países de grandes dimensões territoriais e populacionais podem asfaltar, inexoravelmente, o caminho do amanhã voltado à constituição de um novo padrão civilizatório global. Quem sabe faz acontecer, como se pode observar pelas iniciativas brasileiras recentes.
Todavia, elas ainda precisam ser crescentemente aprimoradas, avançando do enfrentamento dos problemas de ordem emergencial, como valorização cambial e elevada taxa de juros, que comprometem a competitividade, para as ações estratégicas que atuam sobre a nova divisão internacional do trabalho.
Desde o seu princípio organizador, o modo de produção capitalista caracterizou-se por se expandir sistemicamente, incorporando e articulando crescentes espaços territoriais até se tornar global. Tudo isso a partir da existência de um centro dinâmico integrador de um todo periférico.
Ainda que combinada pela lógica sistêmica, a dinâmica capitalista se manteve desigual, seguida por crises de curta e longa durações. Mesmo que o centro dinâmico tenha se alterado poucas vezes ao longo do tempo, a condição de periferia seguiu se produzindo e reproduzindo intensamente.
Para assumir a posição de centro dinâmico, três dimensões se fariam fundamentais. A primeira identificada pela capacidade de deter moeda de curso internacional com suas funções de troca, reserva de valor e unidade de conta permanente ativas.
A segunda dimensão está associada ao poder das forças armadas para levar adiante – sempre que necessário – o que a diplomacia não se apresenta como suficiente. A terceira dimensão refere-se à capacidade de produzir e difundir tecnologia enquanto elemento dinâmico e acesso da competição intercapitalista.
Pela Revolução Industrial e Tecnológica do século 18, na Inglaterra, o capitalismo alçou a condição de trânsito da antiga sociedade agrária para a moderna sociedade urbana e industrial. O processo de mecanização na época gerou ganhos de produtividade crescentes com a incorporação tecnológica e a consequente ampliação na divisão do trabalho, garantindo à armada inglesa o poder do exercício da força pela condição de centro dinâmico mundial.
Mas até o início do século 20, o capitalismo se expandia demarcado pela forma fundamental dos impérios (britânico, austro-húngaro, otomano, português, espanhol, entre outros) em relação às colônias. Neste meio, os avanços econômicos possibilitados pela industrialização retardatária (Alemanha, EUA, França, Rússia, Japão e Itália), seguida da Segunda Revolução Tecnológica no último quartel do século 19, colocou em xeque o centro dinâmico mundial, posto que a Inglaterra convivia com o esvaziamento produtivo frente ao poder financeiro crescente da City.
Ademais, as duas grandes guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), intermediadas pela Grande Depressão de 1929, tornou real e efetiva a disputa entre nações emergentes como Alemanha e Estados Unidos pela sucessão da liderança inglesa.
A partir do fim da década de 1940, o novo centro do mundo se estabeleceu sob a liderança inconteste dos Estados Unidos, cujo american way of life se generalizou mais rapidamente pelo consumo de bens e serviços do que a descentralização da produção de manufatura pelo mundo.
Em plena Guerra Fria (1947-1991), mais de 150 países se constituíram frente ao desmoronamento dos antigos impérios e de suas colônias. Ao mesmo tempo, a maior parte da periferia alcançou a soberania nacional, reposicionando o papel do Estado em defesas de políticas nacional-desenvolvimentistas. Isso porque, o centro dinâmico mundial exercido pelos EUA acobertou a conformação dos Estados nacionais regidos por normas monitoradas pelas Nações Unidas e organismos multilaterais (Otan, BM, FMI, acordos de livre comércio, entre outros), diferenciando-se do padrão anterior da hegemonia inglesa.
Por acordo entre as nações, conforme realizado em Bretton Woods, em 1944, o dólar estadunidense se transformou em moeda de curso internacional, mantendo-se conversível ao ouro e com valor fixo por 27 anos (1944 e 1971). A valorização do dólar ocorrida no período era compatível com a posição de maior exportador e responsável por 2/3 das reservas de ouro do mundo no imediato segundo pós-guerra.
A condição de centro dinâmico assentou-se no tripé interno de forças a exercer a vontade da maioria política. De um lado, o poder armado sob a liderança de grandes generais vitoriosos da Segunda Grande Guerra Mundial (Douglas MacArthur, George Marshall Jr, Dwight Eisenhower, entre outros) e, de outro, as forças produtivas representadas pelos grandes conglomerados industriais (famílias Gould, Rochefeller, Ford, Carnegie, entre outros). Por fim, a expressão da sociedade civil organizada em grande medida pela força dos sindicatos e dos movimentos de direitos humanos assumiu importância em determinados momentos do segundo pós-guerra.
A partir da década de 1970, contudo, as condições de exercício da hegemonia estadunidense fragilizaram-se substancialmente. Três acontecimentos significativos ameaçaram as dimensões do centro dinâmico do mundo.
O primeiro deles ocorreu em 1971, com a desvalorização do dólar em relação ao ouro, e teve o grande final em 1973, com o fim da conversibilidade da moeda estadunidense ao ouro. Com a decisão do presidente Richard Nixon, o dólar assumiu a condição de uma moeda como qualquer outra, sem mais equivaler ao ouro, o que resultava em descrédito à dimensão monetária fundamental de valorização do capital em qualquer país capitalista.
O segundo acontecimento se deu em 1975, com a derrota das forças armadas estadunidenses na Guerra do Vietnã (1965-75). A decisão do presidente Gerald Ford reafirmou o descrédito no poder militar dos EUA em termos internacionais, bem como internamente frente à vitória nas eleições pelo Partido Democrata e nas repercussões políticas geradas pelas massivas manifestações populares contra a guerra.
Por fim, o terceiro acontecimento se deu em 1979, com a Revolução Iraniana e a entrada da Rússia no Afeganistão. A ameaça ao domínio dos Estados Unidos no Oriente Médio pelo avanço das forças pró-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas poderia abrir um novo flanco de insegurança energética, fundamentalmente representada pelo petróleo, rico na região.
A decadência relativa dos Estados Unidos era evidente tanto no seu setor produtivo, que assumia a condição inédita de importador líquido de mercadorias na década de 1970, como na incapacidade da política macroeconômica superar a fase de estagflação da época. Ao mesmo tempo em que crescia o risco da insegurança energética num país importador de petróleo, o poder das forças armadas se mostrava fraco.
Diante disso, países como a Alemanha e Japão eram vistos como possíveis sucessores dos Estados Unidos, mais preparados para exercerem a condição de centro hegemônico do mundo. Somente uma guinada na conformação de uma nova maioria política poderia restabelecer a retomada do poder estadunidense.
As eleições de 1979 terminaram por restabelecer um novo pacto de poder, consagrado pela adoção das políticas neoliberais. A começar pela recomposição da linha estratégica nas forças militares, com a ascensão da liderança dos “falcões” assentados na estratégia da guerra cibernética.
Para isso, o redirecionamento de parte do orçamento se mostrou fundamental, associando a realocação dos recursos públicos à pesquisa e desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). A terceira Revolução Industrial e Tecnológica teve impulso para além da eletrônica, com o salto das empresas pontocom no Vale do Silício estadunidense.
O programa militar identificado como Guerra nas Estrelas (Defesa Estratégica no Espaço) foi lançado pelo presidente Ronald Reagan em 1983 com o objetivo de reestabelecer a superpotência militar estadunidense. Ao mesmo tempo interligou o gasto militar com a pesquisa, originando, inclusive, a internet para uso civil ao final da década de 1980.
A segunda inovação no pacto de poder estadunidense ocorreu com articulação mais fina entre o Departamento de Estado e as petroleiras, especialmente nas ações no Oriente Médio. Como se sabe, a Revolução Iraniana, em 1979, desencadeou o segundo choque de petróleo, quando o barril chegou a US$ 80.
Somente sete anos depois, em 1986, o preço do barril voltou à normalidade, contando com importante articulação entre a diplomacia dos EUA e as forças armadas no Oriente Médio, simultaneamente às ações das grandes empresas petroleiras, visando garantir a segurança energética do maior importador de petróleo do mundo.
A terceira inovação foi a substituição do poder dos industriais estadunidenses pelo dos banqueiros, uma vez que, com a política realista de Paul Volcker no Banco Central dos EUA (Federal Reserve), a partir de 1978, a taxa de juros voltou a ser mais elevada que a inflação. Desde a Grande Depressão de 1929, quando os banqueiros foram tidos como dos principais responsáveis pela especulação financeira vigente à época, que a taxa de juros se mantinha, em geral, abaixo da inflação, objetivando estimular os investimentos produtivos na economia.
A política do dólar forte na década de 1980 contribuiu para que a política neoliberal da desregulação financeira e bancária ganhasse difusão não apenas nos Estados Unidos. Por consequência, a elevação da taxa de juros nos EUA atraía a centralidade das aplicações financeiras naquele país, salvo elevação simultânea dos juros nos demais países, o que terminou esvaziando a autonomia da política monetária para o conjunto das economias.
A globalização financeira ganhou escala e passou a liderar em novas bases a ordem capitalista mundial. Os banqueiros do mundo todo se uniram, conformando grau de poder jamais visto, capaz de submeter empresas e países à lógica financeira, inclusive parcela da política, que tem crescente presença de parlamentares e governos operando como verdadeiros funcionários do capital fictício.
Com a reconfiguração da nova maioria política nos EUA, os resultados da dominação militar e financeira se apresentaram evidentes frente ao enquadramento do Japão e da Alemanha à situação de países submissos. Houve ainda o fim da Guerra Fria. A partir dos anos de 1989, com a queda do Muro de Berlim e, de 1991, com a derrocada da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o império estadunidense se constituiu enquanto tal, favorecendo o exercício unipolar da dinâmica econômica mundial e retirando poder dos Estados nacionais na efetividade de suas políticas, seja monetária, seja nas TIC’s, seja na área militar, entre outras.
Contraditoriamente, o êxito alcançado terminou também sendo portador da corrosão das bases produtivas do capitalismo estadunidense. Guardada a devida proporção, os EUA passaram a seguir trajetória similar à experimentada pela economia inglesa no final do século 19, quando a contaminação pelo vírus do improdutivismo, gerado pelo processo da financeirização da riqueza, levou à decadência do império britânico.
Paralelamente, parte da Ásia confirmou, por intermédio de várias experiências nacionais, a constituição atual de uma nova fronteira de expansão do capitalismo global. Justamente a China e a Índia, que foram, em especial, os dois grandes territórios do planeta perdedores diante do avanço da hegemonia inglesa e estadunidense na primeira e segunda Revolução Industrial e Tecnológica, voltaram a se tornar emergentes diante da implantação de experiências associadas ao planejamento central e ao vigor do Estado.
Resumidamente, as reformas neoliberais realizadas desde a década de 1980 terminaram por esvaziar parte da estrutura produtiva dos países desenvolvidos – outrora referência da expansão capitalista global. Na sequência do deslocamento da produção industrial ocidental para a Ásia vislumbrou-se a continuidade da desenvoltura de mais uma revolução tecnológica motivadora de novas centralidades no planeta, tais como as cadeias globais de valor geridas por grandes corporações transnacionais.
A manifestação da grave crise global a partir de 2008 tornou mais clara o conjunto de sinais da decadência relativa dos Estados Unidos. A ineficácia das políticas neoliberais e o poder concentrado e centralizado das grandes corporações transnacionais apoderaram-se do Estado em grande parte dos países desenvolvidos e foram responsáveis pela adoção de políticas caracterizadas como socialismo dos ricos. Enquanto os trabalhadores pagam com o esvaziamento de seus rendimentos, a perda de empregos e a precarização das ocupações, os grandes grupos econômicos se ajustam com somas crescentes junto ao orçamento público, incapaz de recuperar a dinâmica produtiva, salvo a da indústria da financeirização da riqueza.
Simultaneamente, percebe-se o reaparecimento da multicentralidade geográfica mundial com um novo deslocamento do centro dinâmico da América (EUA) para a Ásia (China). Também países de grande dimensão geográfica e populacional voltaram a assumir maior responsabilidade no desenvolvimento mundial, como no caso da China, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul, que já respondem atualmente pela metade da expansão econômica do planeta. São cada vez mais reconhecidos por países-baleia, que procuram exercer efeitos sistêmicos no entorno de suas regiões, fazendo avançar a integração suprarregional, como no caso do Mercosul e Asean, que se expandem com maior autonomia no âmbito das relações Sul-Sul.
Não sem motivos demandam reformulações na ordem econômica global (reestruturação do padrão monetário, exercício do comércio justo, novas alternativas tecnológicas, democratização do poder e sustentabilidade ambiental).
Uma nova divisão internacional do trabalho se vislumbra associada ao desenvolvimento das forças produtivas assentadas na agropecuária, mineração, indústria e construção civil nas economias-baleia. Também ganham importância as políticas de avanço do trabalho imaterial conectado com a forte expansão do setor de serviços. Essa inédita fase do desenvolvimento mundial tende a depender diretamente do vigor dos novos países que emergiram cada vez mais distantes dos pilares anteriormente hegemônicos do pensamento único (equilíbrio de poder nos Estados Unidos, sistema financeiro internacional intermediado pelo dólar e assentado nos derivativos, Estado mínimo e mercados desregulados), atualmente desacreditados.
Nestes termos, percebe-se que a reorganização mundial desde a crise global em 2008 vem se apoiando numa nova estrutura de funcionamento que exige coordenação e liderança mais ampliada. Os países-baleia podem contribuir muito para isso, tendo em vista que o tripé da nova expansão econômica global consiste na alteração da partilha do mundo derivada do policentrismo associado à plena revolução da base técnico-científica da produção e do padrão de consumo sustentável ambientalmente.
A conexão dessa totalidade nas transformações mundiais requer o resgate da cooperação e integração supranacional em novas bases. A começar pela superação da antiga divisão do trabalho entre países assentada na reprodução do passado (menor custo de bens e serviços associado ao reduzido conteúdo tecnológico e valor agregado dependente do uso de trabalho precário e da execução em longas jornadas sub-remuneradas). Com isso, o desenvolvimento poderia ser efetivamente global, evitando combinar a riqueza de alguns com a pobreza de outros.
As decisões políticas de hoje tomadas pelos países de grandes dimensões territoriais e populacionais podem asfaltar, inexoravelmente, o caminho do amanhã voltado à constituição de um novo padrão civilizatório global. Quem sabe faz acontecer, como se pode observar pelas iniciativas brasileiras recentes.
Todavia, elas ainda precisam ser crescentemente aprimoradas, avançando do enfrentamento dos problemas de ordem emergencial, como valorização cambial e elevada taxa de juros, que comprometem a competitividade, para as ações estratégicas que atuam sobre a nova divisão internacional do trabalho.
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(*) Professor do Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas.
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PiG e os BRICs: como os EUA querem A Bretton Woods tropical começa a desmontar o que os EUA montaram na II Guerra.
A fundação do Banco do BRICs é a conformação exterior de uma profunda mudança no ambiente político.
O Banco nasce maior do que o Banco Mundial – o BNDES já é maior do que o Banco Mundial.
O Banco vai poder ajudar a Argentina – candidata a ingressar nos BRICs – e começar a substituir o dólar como moeda de reserva.
O encontro de Fortaleza – a Bretton Woods tropical ! – criou um bote salva-vidas para fazer o que o FMI não tem mais bala para fazer.
E avisou à ONU e a seu Conselho de Segurança – de que o Brasil, a Índia e a África do Sul não fazem parte – que existe uma nova instância política para mediar conflitos e pendências.
O presidente da China, Xi Jinping, vai assinar com a Presidenta Dilma Rousseff um acordo para construir uma ferrovia que ajude a escoar grãos do Centro-Oeste até o porto de Barcarena, no Pará.
Com Putin, Dilma acertou a compra de mísseis e cooperação na área nuclear.
Enquanto isso, a manchete dos três jornais do PiG, nessa manhã, 16, descreve um “vexame”: todos usam o verbo “ceder” para descrever o acordo político que foi feito em torno dos cargos do Banco.
Clique aqui para ler “BRICS: falta uma Noticiabrás”.
O Brasil podia querer a Presidência, já.
Mas, preservou o acordo que garantiu a instalação imediata do Banco.
Ficou com a presidência na primeira rodada de cargos – em cinco anos, quando Lula voltar à Presidência do Brasil – e, desde já, ocupa presidência de diretoria executiva.
Nada mau, para quem não tem bomba atômica.
O PiG (*) cobriu o evento como se fosse uma reunião de condomínio num prédio de Higienópolis: D. Maricotinha do 301 teve que ceder o cargo de síndica para pode ficar com o gato no apartamento …
Uma reunião dos presidentes do Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul tem menos importância do que a prisão de um colega do Marcola – foi o que fez o jn do Gilberto Freire com “i”(**).
O PiG fez o trabalhou que, imaginou, os Estados Unidos gostariam que fosse feito.
Minimizar, menosprezar, desqualificar, ridicularizar os BRICs.
Esses BRICs, que, passo a passo, desmontam a estrutura que os americanos construíram depois da vitória na II Guerra: ONU, FMI e Banco Mundial.
Até a OMC está em xeque, com a intensificação do comércio Sul-Sul, anátema da Política Externa da Dependência …
Claro que, para os Estados Unidos, não é uma boa notícia saber que seus maiores credores – Brasil e China – poderão, daqui para a frente, fazer comércio em moeda local.
E emprestar fora da área do dólar.
Claro que não é bom saber que a soja brasileira vai chegar aos frangos e suínos chineses muito mais barata, via Barcarena.
Nem que o Brasil compre misseis na Rússia.
Onde já se viu tanta independência ?
Como era bom no tempo do Fernando Henrique, que tirava os sapato na entra e na saída …
Só que não é bem assim.
Lá dentro, no ponto central do poder americano, eles devem morrer de rir do PiG.
Porque eles mesmos, lá dentro, lá onde a siriema canta, entre o Salão Oval e a NSA, eles sabem que, depois do empate da Holanda, a coisa já esteve melhor para a seleção brasileira.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
Em julho de 1944, representantes de 44 países se reuniram em um hotel em Bretton Woods, New Hampshire, Estados Unidos, para criar um novo modelo de relações comerciais e financeiras entre os principais países do mundo. Setenta anos depois, os países emergentes se cansaram de esperar uma mudança de regime das instituições financeiras internacionais que saíram daquela reunião e deram um passo à frente para mudar a ordem existente, e agora reivindicam seu novo papel na economia mundial.
Os presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (que formam o acrônimo BRICS) assinam nesta terça-feira em Fortaleza, Brasil, a constituição de um banco de desenvolvimento, com um aporte inicial de 50 bilhões de dólares (cerca de 110 bilhões de reais) para formar o capital do banco e 100 bilhões (220 bilhões em reais) de capacidade de empréstimo, e um fundo de reservas de outros 100 bilhões para ajudar os países do grupo no caso de uma possível crise de liquidez, como as vividas em alguns países europeus durante a crise financeira. São 200 bilhões de dólares (moeda que será utilizada nas transações das duas organizações) para determinar o valor do grupo e dar uma demonstração de sua força econômica.
“A conclusão dessas duas iniciativas passará uma mensagem forte sobre a vontade dos BRICS de aprofundar e reforçar sua associação econômica e financeira”, destacou para a imprensa na semana passada o embaixador brasileiro José Alfredo Graça Lima. “As duas instituições financeiras criadas funcionarão de forma similar ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI)”, afirmou.
Sem dúvida, a criação do banco é um passo decisivo para a consolidação do grupo. “É importante que as maiores economias emergentes tenham sido capazes de colocar em funcionamento um projeto assim, do contrário sua credibilidade como grupo seria questionada. É um primeiro passo evidente, mas agora precisam passar para a ação”, afirma Jim O’Neill, o inventor do termo BRIC há 13 anos, quando era economista-chefe da Goldman Sachs, e atualmente pesquisador no think tank Bruegel.
A iniciativa levanta dúvidas quanto a seu alcance e sobre quão efetiva ou ineficiente será a coordenação do grupo. Sua criação demorou quase dois anos devido a divergências internas, que finalmente foram resolvidas com uma participação em partes iguais no capital, apesar da intenção inicial de que a China fosse sócia majoritária, e com a sede da entidade em Xangai.
“A verdadeira questão é para que esses países realmente querem um novo banco e o que querem apoiar com ele. Não se sabe se é um mecanismo a ser explorado no sentido de assumir uma maior responsabilidade global, algo mais fácil do que conseguir mais representação no FMI ou no BM, ou se querem financiar conjuntamente projetos de infraestrutura nos países do grupo”, aponta O’Neill. “Não estou certo, só o tempo dirá.”
Em 2010, o FMI aprovou uma reforma de suas cotas para dar mais peso às potências emergentes no órgão, sobretudo a China. Mas a reforma está emperrada no embate entre democratas e republicanos no Congresso dos Estados Unidos e, a essas alturas, a iniciativa se tornou até obsoleta. “É realmente ridículo e decepcionante que o Congresso norte-americano não tenha aprovado a mudança das cotas. Na verdade, o peso dado na época a alguns países emergentes ficou velho e é cada vez mais evidente que a governança global atual está muito longe de ser boa”, admite O’Neill.
Até agora os BRICS não se destacaram por uma grande capacidade de coordenação no cenário internacional, apesar de sua constituição oficial como grupo em 2009 em plena crise financeira, ainda que o protagonismo na época tenha se concentrado no G-20, agora também em declínio. “A intenção é que o banco dos BRICS se torne, com o tempo, uma alternativa ao Banco Mundial e ao FMI e que seja um novo jogador entre as instituições financeiras globais. É um objetivo ambicioso, que exigirá um grau de coordenação e harmonia que nem sempre vimos nesse grupo”, acrescenta de Nova Délhi Vivek Dehejia, professor de Economia da Universidade de Carleton, do Canadá.
Em vários artigos, Nicholas Stern, presidente do Grantham Research Institute da London School of Economics e da Academia Britânica, defendeu, ao lado do prêmio Nobel Joseph Stiglitz, a necessidade de um novo banco de desenvolvimento que dê respostas às necessidades urgentes dos países emergentes em termos de infraestrutura. Lord Stern afirma que o gasto com infraestrutura nesses países deve aumentar dos 800 bilhões de dólares atuais (mais de 1,7 trilhão de reais) para pelo menos 2 trilhões (4,4 trilhões de reais) na próxima década.
“Do contrário, será impossível conseguir uma redução da pobreza e um crescimento inclusivo no longo prazo”, defende Stern em sua análise. As salvaguardas impostas pelo Banco e pelo Fundo em seu funcionamento, assim como as duras condições associadas a seus empréstimos, deram eficiência ao financiamento vindo desses organismos, mas não será fácil colocar em marcha um modelo de funcionamento do zero, e os desembolsos, para Dehejia, ainda vão demorar para acontecer. “Por hora, a importância é mais por seu simbolismo geopolítico, de que os BRICS são algo mais do que um acrônimo. Representa uma promessa, mas teremos de se esperar para ver como se concretiza”, acrescenta o economista indiano.
Em tempo: por falar em “Noticiabrás”, veja o noticiário da agência estatal chinesa Xinhua sobre a reunião na Bretton Woods tropical: http://news.xinhuanet.com/english/china/2014-07/16/c_133488251.htm – PHA
Em tempo2: na redação do Fintástico se diz que o Mau Dia Brasil é o jornal mais chato da tevê brasileira. Eles entendem disso … – PHA
Em tempo3: Esse Bessinha … – PHA
O Banco nasce maior do que o Banco Mundial – o BNDES já é maior do que o Banco Mundial.
O Banco vai poder ajudar a Argentina – candidata a ingressar nos BRICs – e começar a substituir o dólar como moeda de reserva.
O encontro de Fortaleza – a Bretton Woods tropical ! – criou um bote salva-vidas para fazer o que o FMI não tem mais bala para fazer.
E avisou à ONU e a seu Conselho de Segurança – de que o Brasil, a Índia e a África do Sul não fazem parte – que existe uma nova instância política para mediar conflitos e pendências.
O presidente da China, Xi Jinping, vai assinar com a Presidenta Dilma Rousseff um acordo para construir uma ferrovia que ajude a escoar grãos do Centro-Oeste até o porto de Barcarena, no Pará.
Com Putin, Dilma acertou a compra de mísseis e cooperação na área nuclear.
Enquanto isso, a manchete dos três jornais do PiG, nessa manhã, 16, descreve um “vexame”: todos usam o verbo “ceder” para descrever o acordo político que foi feito em torno dos cargos do Banco.
Clique aqui para ler “BRICS: falta uma Noticiabrás”.
O Brasil podia querer a Presidência, já.
Mas, preservou o acordo que garantiu a instalação imediata do Banco.
Ficou com a presidência na primeira rodada de cargos – em cinco anos, quando Lula voltar à Presidência do Brasil – e, desde já, ocupa presidência de diretoria executiva.
Nada mau, para quem não tem bomba atômica.
O PiG (*) cobriu o evento como se fosse uma reunião de condomínio num prédio de Higienópolis: D. Maricotinha do 301 teve que ceder o cargo de síndica para pode ficar com o gato no apartamento …
Uma reunião dos presidentes do Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul tem menos importância do que a prisão de um colega do Marcola – foi o que fez o jn do Gilberto Freire com “i”(**).
O PiG fez o trabalhou que, imaginou, os Estados Unidos gostariam que fosse feito.
Minimizar, menosprezar, desqualificar, ridicularizar os BRICs.
Esses BRICs, que, passo a passo, desmontam a estrutura que os americanos construíram depois da vitória na II Guerra: ONU, FMI e Banco Mundial.
Até a OMC está em xeque, com a intensificação do comércio Sul-Sul, anátema da Política Externa da Dependência …
Claro que, para os Estados Unidos, não é uma boa notícia saber que seus maiores credores – Brasil e China – poderão, daqui para a frente, fazer comércio em moeda local.
E emprestar fora da área do dólar.
Claro que não é bom saber que a soja brasileira vai chegar aos frangos e suínos chineses muito mais barata, via Barcarena.
Nem que o Brasil compre misseis na Rússia.
Onde já se viu tanta independência ?
Como era bom no tempo do Fernando Henrique, que tirava os sapato na entra e na saída …
Só que não é bem assim.
Lá dentro, no ponto central do poder americano, eles devem morrer de rir do PiG.
Porque eles mesmos, lá dentro, lá onde a siriema canta, entre o Salão Oval e a NSA, eles sabem que, depois do empate da Holanda, a coisa já esteve melhor para a seleção brasileira.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
Urubóloga, chama o (novo) FMI !
Os vira-latas seguem a ideologia do (velho) FMI até hoje …
O Conversa Afiada republica artigo do espanhol El País, a partir do Diário do Centro do Mundo:
O FMI dos Brics
Em julho de 1944, representantes de 44 países se reuniram em um hotel em Bretton Woods, New Hampshire, Estados Unidos, para criar um novo modelo de relações comerciais e financeiras entre os principais países do mundo. Setenta anos depois, os países emergentes se cansaram de esperar uma mudança de regime das instituições financeiras internacionais que saíram daquela reunião e deram um passo à frente para mudar a ordem existente, e agora reivindicam seu novo papel na economia mundial.
Os presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (que formam o acrônimo BRICS) assinam nesta terça-feira em Fortaleza, Brasil, a constituição de um banco de desenvolvimento, com um aporte inicial de 50 bilhões de dólares (cerca de 110 bilhões de reais) para formar o capital do banco e 100 bilhões (220 bilhões em reais) de capacidade de empréstimo, e um fundo de reservas de outros 100 bilhões para ajudar os países do grupo no caso de uma possível crise de liquidez, como as vividas em alguns países europeus durante a crise financeira. São 200 bilhões de dólares (moeda que será utilizada nas transações das duas organizações) para determinar o valor do grupo e dar uma demonstração de sua força econômica.
“A conclusão dessas duas iniciativas passará uma mensagem forte sobre a vontade dos BRICS de aprofundar e reforçar sua associação econômica e financeira”, destacou para a imprensa na semana passada o embaixador brasileiro José Alfredo Graça Lima. “As duas instituições financeiras criadas funcionarão de forma similar ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI)”, afirmou.
Sem dúvida, a criação do banco é um passo decisivo para a consolidação do grupo. “É importante que as maiores economias emergentes tenham sido capazes de colocar em funcionamento um projeto assim, do contrário sua credibilidade como grupo seria questionada. É um primeiro passo evidente, mas agora precisam passar para a ação”, afirma Jim O’Neill, o inventor do termo BRIC há 13 anos, quando era economista-chefe da Goldman Sachs, e atualmente pesquisador no think tank Bruegel.
A iniciativa levanta dúvidas quanto a seu alcance e sobre quão efetiva ou ineficiente será a coordenação do grupo. Sua criação demorou quase dois anos devido a divergências internas, que finalmente foram resolvidas com uma participação em partes iguais no capital, apesar da intenção inicial de que a China fosse sócia majoritária, e com a sede da entidade em Xangai.
“A verdadeira questão é para que esses países realmente querem um novo banco e o que querem apoiar com ele. Não se sabe se é um mecanismo a ser explorado no sentido de assumir uma maior responsabilidade global, algo mais fácil do que conseguir mais representação no FMI ou no BM, ou se querem financiar conjuntamente projetos de infraestrutura nos países do grupo”, aponta O’Neill. “Não estou certo, só o tempo dirá.”
Em 2010, o FMI aprovou uma reforma de suas cotas para dar mais peso às potências emergentes no órgão, sobretudo a China. Mas a reforma está emperrada no embate entre democratas e republicanos no Congresso dos Estados Unidos e, a essas alturas, a iniciativa se tornou até obsoleta. “É realmente ridículo e decepcionante que o Congresso norte-americano não tenha aprovado a mudança das cotas. Na verdade, o peso dado na época a alguns países emergentes ficou velho e é cada vez mais evidente que a governança global atual está muito longe de ser boa”, admite O’Neill.
Até agora os BRICS não se destacaram por uma grande capacidade de coordenação no cenário internacional, apesar de sua constituição oficial como grupo em 2009 em plena crise financeira, ainda que o protagonismo na época tenha se concentrado no G-20, agora também em declínio. “A intenção é que o banco dos BRICS se torne, com o tempo, uma alternativa ao Banco Mundial e ao FMI e que seja um novo jogador entre as instituições financeiras globais. É um objetivo ambicioso, que exigirá um grau de coordenação e harmonia que nem sempre vimos nesse grupo”, acrescenta de Nova Délhi Vivek Dehejia, professor de Economia da Universidade de Carleton, do Canadá.
Em vários artigos, Nicholas Stern, presidente do Grantham Research Institute da London School of Economics e da Academia Britânica, defendeu, ao lado do prêmio Nobel Joseph Stiglitz, a necessidade de um novo banco de desenvolvimento que dê respostas às necessidades urgentes dos países emergentes em termos de infraestrutura. Lord Stern afirma que o gasto com infraestrutura nesses países deve aumentar dos 800 bilhões de dólares atuais (mais de 1,7 trilhão de reais) para pelo menos 2 trilhões (4,4 trilhões de reais) na próxima década.
“Do contrário, será impossível conseguir uma redução da pobreza e um crescimento inclusivo no longo prazo”, defende Stern em sua análise. As salvaguardas impostas pelo Banco e pelo Fundo em seu funcionamento, assim como as duras condições associadas a seus empréstimos, deram eficiência ao financiamento vindo desses organismos, mas não será fácil colocar em marcha um modelo de funcionamento do zero, e os desembolsos, para Dehejia, ainda vão demorar para acontecer. “Por hora, a importância é mais por seu simbolismo geopolítico, de que os BRICS são algo mais do que um acrônimo. Representa uma promessa, mas teremos de se esperar para ver como se concretiza”, acrescenta o economista indiano.
Em tempo: por falar em “Noticiabrás”, veja o noticiário da agência estatal chinesa Xinhua sobre a reunião na Bretton Woods tropical: http://news.xinhuanet.com/english/china/2014-07/16/c_133488251.htm – PHA
Em tempo2: na redação do Fintástico se diz que o Mau Dia Brasil é o jornal mais chato da tevê brasileira. Eles entendem disso … – PHA
Em tempo3: Esse Bessinha … – PHA
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terça-feira, 15 de julho de 2014
NASCE NOVA ORDEM MUNDIAL E MÍDIA TENTA ESCONDER
Principal fato econômico desde a crise econômica de 2009, criação do Novo Banco de Desenvolvimento e Acordo de Reservas de Contingência fura esquema financeiro global traçado em 1944, em Bretton Woods; prevalência de americanos e europeus no Banco Mundial e no FMI é enfrentada com cartada que muda o jogo; Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul anunciaram US$ 150 bilhões para banco e poupança em comum; dólar e euro sob pressão de serem substituídos em transações comerciais entre os cinco países; moedas nacionais passariam a ser utilizadas; mídia tradicional faz cobertura protocolar; colunista Eliane Cantanhêde, na Globo News, insere fato como "mais badalação e fotografias para a presidente Dilma Rousseff"; no Financial Times, da Inglaterra, análise é outra: "BRICS dão notável demonstração de como a ordem econômica está mudando"
247 – Bretton Woods, 1944. Fortaleza, 2014. Setenta anos depois de terem sido traçadas as regras da governança financeira do mundo, um fato capaz de inserir outra cidade no mapa das grandes mudanças econômicas globais aconteceu. Na capital do Ceará, nesta terça-feira 15, os cinco países que integram a sigla BRICS inauguraram, na prática, uma nova ordem para o mundo. Eles colocaram em prática a constituição de um bloco econômico repleto de afinidades políticas. A partir de agora, já se sabe que Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul terão o seu Novo Banco de Desenvolvimento, com capital inicial de US$ 50 bilhões, mas que poderá ser elevado a US$ 100 bilhões, para fazer frente ao Banco Mundial. E também formarão uma poupança de US$ 100 biçlhões no Acordo de Reservas de Contingência, exatamente para não dependerem exclusivamente do Fundo Monetário Internacional para serem socorridos em crises. O jornal inglês Financial Times publicou análise da redação que dá a correta dimensão do conjunto desses fatos: "Notável demonstração de como a ordem econômica está mudando".
Na mídia tradicional brasileira, no entanto, o assunto foi publicado, como se diz no jargão do jornalismo, com "má vontade". A reunião de Fortaleza que impressionou o FT e chama a atenção de todos os líderes mundiais não mereceu, na terça-feira 15, ocupar o espaço da manchete de nenhum dos jornais Folha de S. Paulo, Estado e Globo. Na tevê, a colunista Eliane Cantanhêde, na Globo News, registrou o acontecimento dentro do contexto da sucessão presidencial:
- A Copa acabou, mas a presidente Dilma Rousseff engatou uma segunda e já está de novo nas fotografias, registrou a comentarista. Ao final do comentário, lembrou que nesta quarta-feira, em Brasília, cerca de 20 presidentes do continente americano serão recebidos para ter informações sobre como irá funcionar o banco de desenvolvimento e o fundo de reservas. E pontuou:
- Será mais um momento de badalação e fotografias para a presidente que é candidato à reeleição.
Ideia estudada pela nata dos economistas dos governos dos BRICS há pelo menos dois anos, o Novo Banco de Desenvolvimento poderá emprestar dinheiro para projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento a juros menores que os praticados pelo Banco Mundial. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou que os recursos dos BRICS poderão ser aplicados em fundos especiais para renderem enquanto aguardam as demandas dos países.
Houve apostas nos jornais brasileiros de que uma briga de última hora entre as delegações da China e da Índia poderia matar a ideia de criação do banco de fomento. Não foi o que ocorreu. Os sócios acordaram rapidamente em que a sede será em Xangai, na China; o primeiro presidente será da Índia, inaugurando o rodízio de cinco anos no cargo; a presidência do conselho de administração será do Brasil; a Rússia ficará com a presidência do conselho de governadores; e a primeira sede regional da instituição ficará na África do Sul.
- A democracia é uma das marcas do BRICS, disse Mantega.
Com um mercado consumidor de 3 bilhões de pessoas e um PIB conjunto que equivale a 20% da riqueza mundial, o BRICS poderá adotar, no futuro, as moedas nacionais para transações comerciais entre seus cinco sócios. Na véspera da cúpula, 700 empresários assinaram carta em que pedem aos líderes políticos a adoção dessa medida, que substituiria o dólar e o euro em compras e vendas.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, estimou no encontro de Fortaleza que a demanda de recursos para projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento chega, hoje, a US$ 800 bilhões. Há, assim, demanda suficiente para o banco do BRICS ter um grande papel na nova ordem mundial que o grupo está criando a olhos vistos – ainda que a mídia brasileira tenha má vontade em enxergar.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito:
Países do Brics defendem mudanças no Fundo Monetário Internacional
Daniel Lima e Sabrina Craide - Enviados Especiais
Os representantes dos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) defenderam a implementação de reformas do Fundo Monetário Internacional (FMI), para modernizar a estrutura de governança do órgão e refletir melhor o peso das economias emergentes. Na Declaração de Fortaleza, documento resultante da 6ª Cúpula do Brics, realizada hoje (15) em Fortaleza, os cinco países cobraram a revisão geral das cotas do FMI, sem atrasos.
Após a reunião, a presidenta Dilma Rousseff também defendeu a reforma das cotas, com o cumprimento dos acordos firmados pelo G20, que previam a reforma do FMI e do Banco Mundial. Segundo ela, as modificações nas cotas poderiam garantir que essas entidades refletissem o real poder das economias emergentes.
A presidenta destacou que a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, que irá financiar projetos dos países do Brics, não é uma resposta à falta de reforma do FMI. “É uma resposta às nossas necessidades. Acredito que, mesmo com a criação do banco do Brics, fica ainda colocada na pauta a mudança das cotas, que é importante para dar sustentação e legitimidade a uma instituição multilateral, que é o Fundo Monetário”, disse.
Outro tema abordado pelos líderes do Brics na declaração final do evento é a necessidade de reforma no Conselho de Segurança da ONU, para torná-lo mais representativo, eficaz e eficiente. “China e Rússia reiteram a importância que atribuem ao status e papel de Brasil, Índia e África do Sul em assuntos internacionais e apoiam sua aspiração de desempenhar um papel maior nas Nações Unidas”, diz o documento.
Sobre esse assunto, a presidenta Dilma ressaltou que a resolução de conflitos regionais evidenciam a necessidade de o Conselho de Segurança ser um órgão de maior representatividade. “Nós afirmamos a paz, a necessidade de priorizar o diálogo como forma de garantir a resolução de conflitos e consideramos que o melhor padrão é primeiros seguir as regras das Nações Unidas, respeitar o direito internacional e agir dentro desse marco.”
O suicídio político dos que apostaram contra a Copa
Teve Copa e teve final da Copa, apesar dos grupos políticos (de esquerda e direita) que tentaram sabotar o evento e que, por resolverem simplesmente tratar a opinião pública como idiota, protagonizaram um dos maiores fiascos políticos da história recente. Um fiasco cujo preço será pago por eles nas próximas eleições.
Ironicamente, dois extremos do espectro político se uniram, tacitamente, contra a realização do maior evento esportivo do planeta. Direita e ultraesquerda, cada uma a seu modo, tentaram sabotar aquele evento e se deram muito, muito, mas muito mal mesmo, como se verá adiante.
De um lado, grandes grupos empresariais de mídia e partidos de direita (PSDB, DEM e PPS) tentaram faturar politicamente a Copa apostando em problemas de organização do evento que bastava um mínimo de reflexão para perceber que não ocorreriam.
Ao longo dos últimos anos, uma literal avalanche de reportagens e textos opinativos da grande mídia – todos apoiados em manchetes espalhafatosas ao extremo – inventaram que os preparativos para o evento redundariam em fiasco anunciado. Para tanto, apoiaram-se em problemas comuns em qualquer programa de obras públicas no Brasil, seja ele levado a cabo por que partido for.
De fato, burocracia e problemas sociais do Brasil garantem “matéria-prima” a qualquer um que queira acusar governantes de não estarem sabendo levar a cabo esses programas de obras públicas. São problemas de licenças ambientais, de contestações na Justiça e de pessoas em situação de fragilidade social.
Desde que começou a ladainha oposicionista-midiática sobre “caos” durante a Copa era mais do que visível que havia um exagero quase infantil, oriundo da premissa estúpida de que o país é governado por completos incompetentes, incapazes de somar dois mais dois.
Ora, alguém acredita que sob aquela saraivada de vaticínios sobre o fracasso da organização da Copa o governo não cercaria por todos os lados as chances de algo dar errado? Subestimaram gravemente o poder do Estado para realizar um evento que, por grande que possa ser, em um país com 200 milhões de habitantes não assusta ninguém.
O governo estima que cerca de 1 milhão de pessoas vieram ao Brasil assistir à Copa. Em um país acostumado a lidar com contingentes populacionais infinitamente maiores, receber essa quantidade de gente não geraria o grau de dificuldade que pintaram.
O que vai nas linhas acima foi previsto incontáveis vezes neste Blog. A diferença, agora, é que aquela previsão não pode mais ser contestada porque a Copa transcorreu muito bem. Aliás, segundo vários analistas estrangeiros, melhor até do que em eventos similares no “Primeiro Mundo”.
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A mídia, os partidos e a militância de direita, porém, continuam batendo na tecla de que algumas “obras da Copa” não ficaram prontas. A Folha de São Paulo, por exemplo, publicou nesta terça-feira (15) matéria sobre “Herança de 23 obras por fazer”, como que tentando salvar seus vaticínios derrotistas.
Nem diante do fato inegável de que obras inseridas inicialmente no cronograma preparativo da Copa – e que, depois, foram excluídas desse cronograma – não fizeram falta, os pretensos sabotadores do evento sentiram-se intimidados em dizer bobagens e tomaram o cuidado de calarem as bocas.
Agora, como se estivessem vencendo esse jogo (político-partidário) de goleada, os grupos políticos de direita e ultraesquerda que tentaram sabotar a Copa tentam vender a teoria de que o evento não deixará legado, ou que deixará um legado negativo.
Por outro lado, não há como a mesma mídia oposicionista esconder a enxurrada de avaliações positivas sobre a organização da Copa e sobre os benefícios que realizar o evento no Brasil deixará ao país. Assim, aqui e ali já são vistas análises abalizadas sobre o legado do evento.
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Na última segunda-feira, o instituto Datafolha registrou pesquisa eleitoral no TSE em busca de “boas notícias” sobre a derrota fragorosa da Seleção. Quais sejam, de que os brasileiros tenham misturado política e futebol e estejam culpando Dilma Rousseff.
A pesquisa também questiona se o entrevistado aprovou a organização da Copa. Pela lógica, respostas positivas deveriam ser esmagadoramente majoritárias. E também integra a mais pura lógica a constatação de que o “caos” previsto era apenas torcida política e que isso influencie outros quesitos da pesquisa, inclusive as intenções de voto de Dilma.
Claro que estamos falando de lógica e essa nem sempre prevalece entre as massas…
Sobre a tentativa de sabotagem da direita, era isso. Agora vejamos a sabotagem pela esquerda, que já se sabe que foi outro desastre político para os seus autores – como sempre, setores da esquerda que ajudam a direita e não lucram nada; pelo contrário, perdem.
Os grupos políticos pretensamente espertos que cooptaram movimentos sociais legítimos e os usaram como massa de manobra valendo-se de mentiras como a de que foi tirado dinheiro público da saúde e da educação para realizar a Copa, deverão ser triturados nas próximas eleições.
Tendo o PSOL à frente, esses grupos provocaram ojeriza na sociedade por tratá-la como idiota.
Os protestos que esses partidos de ultraesquerda organizaram exageraram na estupidez. Tentaram vender à sociedade que a violência que invariavelmente se fazia presente a cada protesto contra a Copa foi obra de ninguém. Mas quem não sabe que protesto contra a Copa se tornou sinônimo de vandalismo de black blocs ou do que quiserem chamar os energúmenos que chegaram a assassinar um cinegrafista de tevê “por acidente”?
Vemos agora o caso dos ativistas cariocas presos na véspera da Final da Copa. Em que pese ser perturbadora a suspeita de que foram presos “sem motivo” e em “antecipação ao que fariam”, o histórico dessas pessoas e as alegações da polícia são tratados como nada, como se tudo fosse vento.
É óbvio que, em se tratando da polícia brasileira, não é de todo incrível a acusação de que ela pode ter plantado provas contra esses ativistas. Mas se eles não tinham nada que ver com os planos que circularam fartamente nas redes sociais de melar a Final da Copa provocando uma guerra campal com torcedores argentinos, para que prendê-los? Por antipatia?
A polícia do Rio apresentou artefatos supostamente encontrados com as mais de duas dezenas de pessoas que prendeu, como a ativista Elisa Quadros, a “Sininho”, ligada ao PSOL do Rio de Janeiro. E prometeu concluir o inquérito e apresentar as provas em cerca de 10 dias.
Das duas, uma: ou a polícia montou uma farsa digna das piores ditaduras ou esses grupos que defendem essa tese sobre “provas plantadas” enlouqueceram por fazerem tal afirmação de forma tão peremptória.
Tenho lido postagens em sites que defenderam os protestos contra a Copa afirmando, sem hesitar, que foi tudo inventado. A polícia teria ido buscar Sininho lá no Rio Grande do Sul – ela, que vive no Rio – por pura picuinha ou para usá-la como bode expiatório ou por sabe-se lá que outra razão.
Abaixo, imagem dos artefatos e do relatório apresentados pela polícia.
O laudo policial foi feito pelo Esquadrão Antibombas carioca e afirma que os ativistas presos se organizaram pelas redes sociais para provocar uma tragédia na decisão da Copa do Mundo, no domingo, no Maracanã.
Também afirma que com um casal preso foi encontrada uma bomba caseira com potencial letal. Segundo a polícia carioca, o artefato tinha “140 gramas de pólvora” e explica que “para se ter uma ideia, o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, em fevereiro deste ano, continha 60 gramas”.
O casal em questão é composto pela professora da UERJ Camila Rodrigues Jourdan e o ativista Igor Pereira D’Icarahy, filho do advogado Marino D’Icarahy Júnior, defensor da ativista “Sininho” em processos a que ela responde.
Segundo o lado policial, no apartamento do casal também teriam sido encontrados litros de gasolina, material para preparação de coquetéis molotov e a bomba supracitada.
O reitor da UERJ, Ricardo Vieira Alves, criticou a prisão de Camila e disse “não saber” as razões de sua prisão. Seguramente, ou não acredita que ela tivesse em seu apartamento os artefatos que a polícia diz que encontrou lá ou, então, acha que, mesmo a moça sendo do movimento contra a Copa e tendo tais artefatos em casa, ainda assim não havia motivos para prendê-la (?!).
Por outro lado, o laudo técnico da polícia carioca foi assinado pelos inspetores Francisco Sidney Farias Rodrigues e Raphael Ferreti de Souza. Segundo esse laudo, a bomba caseira seria uma “bomba tubo” e só poderia ter sido construída por alguém “com habilidade e conhecimento no manuseio de bombas caseiras desta natureza” e que “a detonação deste artefato explosivo tem capacidade de provocar mortes, lesões corporais diversas, bem como danos patrimoniais e ao meio ambiente”.
O laudo policial não para por aí. A polícia ainda afirma que encontrou com os ativistas presos “armas de choque, martelos pontiagudos, litros de gasolina, garrafas e escudos”.
Se tudo isso foi “plantado” nas casas dos ativistas presos, trata-se de um escândalo sem tamanho. Os policiais e quaisquer outras autoridades que tenham montado tal cenário seriam criminosos perigosos e deveriam ser presos imediatamente.
Fica difícil acreditar piamente em qualquer das versões. Há que esperar esses dez dias prometidos pela polícia para apresentar, também, transcrição oficial de escutas telefônicas, entre as demais provas.
O delegado Alessandro Thiers, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, responsável pelo caso, rejeita as acusações de que foram “prisões arbitrárias”. Segundo ele, “É leviano tratar a investigação como se fosse política sem conhecê-la”.
O delegado também afirma que “Não tem nenhuma banalidade sendo investigada”, e pergunta: “O que um manifestante pacífico faria com coquetel molotov e bomba caseira?”. Conclui informando que “Os advogados dos presos tiveram amplo acesso aos documentos da investigação”.
Não se pode endossar essa versão, mas daí a tratá-la como clara farsa vai uma distância imensa.
Pergunta: e se daqui a alguns dias a polícia apresentar, por exemplo, escutas telefônicas que comprovem que as pessoas presas planejavam provocar uma tragédia, muito provavelmente com mortes, como é que fica?
Os ativistas mais radicais desses movimentos contra a Copa e de outros movimentos assemelhados que convocam protestos nos quais os black blocs têm presença obrigatória dizem abertamente que “Sem violência não adianta protestar, pois protestos pacíficos não incomodam”. Qualquer um que já visitou uma dessas páginas na internet que defendem protestos violentos, sabe disso.
As pessoas, com efeito, podem acreditar no que quiserem. Mas colocar em prática crenças dessa natureza é crime, sim.
Independentemente de qualquer coisa, há que exigir com grande, enorme, imensa veemência que a polícia prove e comprove as razões que a levaram a efetuar essas prisões. Ao longo das próximas semanas, essas provas têm que aparecer e têm que ser, no mínimo, suficientes para justificar grave suspeita, suficiente para prender pessoas de vida ilibada como a professorinha da UERJ.
A pior conduta que se pode adotar em uma situação como essa, porém, é a que está sendo vista por parte dos que defenderam e continuam defendendo os movimentos Não Vai Ter Copa. Aceitar que vidas sejam colocadas em risco porque um grupo não aceita a “democracia representativa”, chega a ser surreal.
Ao ignorar a revolta da sociedade com a violência de movimentos como esses de que participam “Sininho” e companhia limitada, esses grupos de esquerda cometeram literal suicídio político. Pior que o da direita que garantiu, com base nos próprios desejos, que a organização da Copa seria um fiasco.
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