Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 15 de outubro de 2013

VOX DÁ DILMA EM 1º TURNO EM TODOS OS CENÁRIOS

Saul Leblon: Banqueiros babam com “disruptura” de Marina 15 de outubro de

manau


De Saul Leblon, no Carta Maior:
Marina Silva sentou-se à direita da santíssima trindade dos mercados. Em amigável périplo pela mídia, a ex-senadora se declara uma convicta defensora do sacrossanto ‘tripé’. Que vem a ser uma espécie de enforcador à distância. Sendo o pescoço, a sociedade. E os mercados, a mão que controla a correia.
A coleira dentada permite que o dinheiro grosso submeta governos, partidos e demais instâncias sociais a um comando de desempenho monitorado por três variáveis.
A saber:
I) regime de metas de inflação, ancorado no chicote dos juros ‘teatrais’, se necessários, assevera Marina em flerte com o ‘choque’ monetarista;
II) câmbio livre, leia-se, nenhum aroma de controle de capitais; vivemos, afinal, em um período de pouca volatilidade e incerteza global… e
III) o superávit ‘cheio’ – o nome honesto disso, convenhamos, é arrocho fiscal: corte de investimentos públicos estratégicos para garantir o prato de lentilhas dos rentistas.
Marina descobriu que quando abre a boca encanta os banqueiros. Mas começa a ter dificuldade com o vocabulário.
Como exprimir o que se propõe a fazer no Brasil sem colidir com as boas intenções de seus apoiadores?
Ao jornal Valor Econômico, que lhe ofereceu uma página nesta 2ª feira, a parceira de Eduardo Campos defende uma ‘disruptura’. Que diabo ela quer dizer com isso?
Marina quer dizer a mesma coisa que o Globo disse sábado, em manchete garrafal: ‘PSDB melhorou serviços e PT reduziu desigualdade’. Ou seja, o passado passou. Cada um fez o que pode.
Agora é olhar para frente, juntar o que presta e descartar o resto. O nome da travessia, ensaia o Globo, é Campos/Marina. Ou ‘disruptura’, arrisca a sedutora ex-senadora.
Vamos abstrair do interior da palavra ‘serviços’ detalhes que agridem a apaziguadora manchete do Globo. Por exemplo, o ‘apagão’ de 2001. Ao custo de 2% do PIB, ele promoveria um corte de 20% do serviço de energia elétrica oferecido aos brasileiros. Que, todavia, pagaram pelo serviço não prestado.
Outra dissonância entre a história vivida pela população e o jornalismo Globo: a área sofrível do saneamento básico. No ano passado, o Brasil aplicou R$ 8,3 bi na expansão desse serviço . É pouco. A média necessária para universalizar o acesso em 20 anos seria da ordem de R$ 20 bi ao ano.
Ainda assim representa dez vezes mais o valor destinado há uma década, quando, segundo o Globo, tivemos um ciclo de fastígio nos serviços.
Marina passa ao largo dessas miudezas.
“ Como eu e Eduardo reconhecemos tanto as coisas boas do governo do PT e do PSDB, talvez sejamos a esperança de provocar uma “disruptura”.
Ei-la, nesta 2ª feira, em bate bola afinado com a manchete do domingo. Nas palavras da ex-senadora, trata-se agora de buscar ‘uma agenda que não mude porque mudou o governo’. Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o poder efetivo sobre o seu destino , é tudo o que as plutocracias almejam, urbi et orbi.
Se alguém trata isso com leveza e sedução, como resistir?
‘Impressionante’ ; ‘cativante’, disseram clientes endinheirados do Credit Suisse , banco que patrocinou um encontro a portas-fechadas com a ex-ministra na 6ª feira.
Há notável coerência entre desdenhar dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica que se avoca autossuficiente e autorregulável. Marina passeia por um Brasil plano. Mas o mundo não é plano. E o relevo econômico do Brasil inclui-se entre as encostas mais acidentadas pela ação secular de predadores, ora cativados pela ex-ministra.
Os ouvidos para os quais as vozes de Marina, Campos e Aécio soam como música –assim como soava a de Palocci, em 2003– sabem que drenar R$ 223 bilhões em juros de um organismo social marcado por carências latejantes de serviços e infraestrutura não é sustentável.
O valor refere-se ao total das despesas com juros da dívida pública (nas três esferas da federação) pagos em 12 meses até outubro. Representa uns 5% do PIB. Mais de dez vezes o custo do Bolsa Família, programa que beneficias 14 milhões de famílias, 55 milhões de pessoas.
Ou quatro vezes o que supostamente custaria a implantação da tarifa zero no transporte coletivo das grandes cidades brasileiras. Ou ainda dezoito vezes mais o que o programa ‘Mais Médicos’ deve investir até 2014, sendo: R$ 2,8 bilhões para construir 16 mil Unidades Básicas de Saúde e equipar 5 mil unidades; ademais de R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para outros 2,5 mil, além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.
Repita-se: daria para fazer isso 18 vezes com o valor destinado ao rentismo em um ano.
Não serve de consolo dizer que no final do governo FHC gastava-se quase 10% do PIB com juros. O investimento público direto da União em logística e infraestrutura social era um traço. Agora oscila em torno de 1% (descontado o Minha Casa).
Muito distante do desejável para uma sociedade que atingiu o ponto de saturação na convivência com serviços insuficientes e de baixa qualidade. O ponto é: como Marina que supostamente herdou os votos dessa insatisfação, pretende lidar com assimetrias descomunais, apoiada na defesa algo deslumbrada, tosca e jejuna, do ‘tripé’?
“Se o tripé ficou comprometido, é preciso restaurá-lo”, sentenciou quase blasé aos clientes embasbacados do Credit Suisse. Ao abraçar a utopia neoliberal Marina aspira ser uma pluma imune ao atrito que contrapõe os interesses populares aos da elite brasileira. Exerce na verdade o surrado papel da bigorna histórica, sobre a qual amplos interesses são submetidos aos golpes da marreta impiedosa do dinheiro.
Para isso está sendo cevada. Ao que parece, tomou gosto pela ração. E já ensaia comer sozinha.
Por: Fernando Brito

Dona Odete é mais esperta que o pessoal do Wall Street Journal

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Semana passada, o Wall Street Journal publicou uma matéria sobre os riscos de uma “bolha de crédito” no Brasil.
Usou como exemplo da história de Dona Odete Meira da Silva, essa simpática mulher aí da foto.
Diz o jornal que ela é mãe solteira,  comprou um computador, uma TV de tela plana e começou a construir uma casa num bairro violento da periferia de São Paulo, que se parece com o Bronx novaiorquino, digo eu.
Mas a foto mostra que o sonho de Dona Odete está ainda pela metade, porque ela se viu com muitas dívidas e, prudente, “deu um tempo” até que as coisas melhorem.
O jornal diz que a obra da casa de Dona Odete, que espera a hora de fazer o acabamento do segundo andar, é um retrato “da própria escalada na economia brasileira: só (foi) até a metade”.
A Dona Odete, porém, é mais esperta. Para ela, a obra já foi até a metade e, assim que ela se desapertar, vai continuar:
“Ainda pretendo terminar a casa, mas isso vai ter que ser feito pouco a pouco, talvez em mais três anos”, diz ela.
Mas os jornalistas do Wall Street, talvez por não terem a experiência sobre como os pobres conseguem as coisas – aos poucos e com esforço – mostram que são menos espertos que Dona Odete.
Repetem um amontoado de frases ouvidas dos iluminados do mercado e não conseguem compreender – mesmo que o digam – que a prosperidade brasileira se confundiu e se alimentou da elevação do poder de compra da população pela via ao aumento da renda e do aumento do crédito.
Esquecem que nossas taxas de juros elevadas não decorrem da inflação, mas da alta taxa de ganho que os investidores internacionais – aqueles lá da Wall Street – exigem para fazer aportar aqui seu capital. E que são os problemas financeiros do mundo desenvolvido – e não os nossos – que estão gerando as turbulências por aqui.
Mas o mais chocante é a afirmação de dizer que o endividamento americano – muito maior que o brasileiro – é algo “economicamente mais saudável” por ser fundado em hipotecas, que somam 80% do PIB americano, enquanto todas as modalidades de crédito no Brasil, somadas, mal passam dos 50%!
Tenham paciência, chamar de saudável este sistema hipotecário que explodiu e lançou o mundo na pior crise pós-29, debaixo das barbas do jornal?
Eu me animei aqui, porque queria apenas apresentar o texto escrito pelo economista Jorge Mattoso, da Unicamp e ex-presidente da Caixa Econômica Federal no governo Lula.
Leia e confira como Dona Odete tem toda a razão: ela já tem uma escada para subir ao segundo andar, que ninguém mais vai demolir.
Há pouco mais de 10 anos, quando o Brasil praticava direitinho as regras dos “sabichões” da economia, Dona Odete não tinha nada.

Alarme Falso

Jorge Mattoso
O artigo do Wall Street Journal publicado no dia 9 de outubro no Valor Econômico (“Dívida dos brasileiros é alerta para outros países emergentes“) poderia ser considerado como uma piada, não fosse a importância de ambos os jornais e o impacto que podem ter sobre parcela da opinião pública.
A partir da postura correta de Dona Odete Meira da Silva, que depois de algum endividamento passou a evitar a sua ampliação, buscando assegurar os pagamentos dessa dívida para que pudesse depois terminar a construção de sua casa (ainda que isso tenha que “ser feito pouco a pouco”), o Wall Street Journal questiona o perfil da dívida brasileira, o futuro da economia e dá como exemplo saudável as hipotecas dos Estados Unidos.
Se fosse uma matéria humorística não precisaríamos lembrar ao casal de jornalistas que foi exatamente o pouco saudável sistema de hipotecas norte-americanas (subprime) que gerou em 2008 a maior crise mundial desde os anos 1930.
Mas – felizmente – o Brasil não o tinha como exemplo, o que permitiu que construíssemos um sistema financeiro mais sólido, com maior controle fiscal, criando um mercado interno em contínuo crescimento, que permitiu que pudéssemos enfrentar esta crise, iniciada nos EUA e expandida aos outros países, com políticas anticíclicas capazes de reduzir seus efeitos sobre a economia e a sociedade brasileiras.
Mas o mais importante é ignorado pelo artigo. Dona Odete está feliz, crê no futuro – vendo que “as coisas estão melhorando” – e, sobretudo, em nenhum momento se declara inadimplente. Ela e tantos outros brasileiros não confundem endividamento com inadimplência.
Enquanto uma simples compra a prazo pode caracterizar endividamento, a inadimplência só acontece se as parcelas não forem pagas. Ao longo dos últimos dez anos o nosso mercado interno cresceu, o que favoreceu a vida de Dona Odete e de muitas dezenas de milhões de brasileiros, que puderam finalmente encontrar emprego, ver seus salários melhorarem, construir suas casas e comprar produtos capazes de melhorar suas vidas.
O mercado interno cresceu favorecido por um conjunto de fatores: o crescimento acentuado do emprego (cerca de 20 milhões), a valorização do salário mínimo real (mais de 70%) e pela ampliação do crédito. Essa ampliação se deu inicialmente através do crédito consignado (cujo saldo total já superava o volume de 191 bilhões de reais ao final de 2012) e depois via conjunto do crédito para a pessoa física e as empresas.
O crédito, que se encontrava paralisado até 2002, dado o baixo crescimento da economia e a estagnação do mercado interno, passou a crescer desde então e auxiliar na expansão do mercado interno. Segundo a ANEFAC, o volume total do crédito para pessoas físicas saltou de cerca de 82 bilhões de reais em junho de 2003 para mais de 715 bilhões de reais em junho de 2013 (crescimento de 766%).
Embora ignorado pela matéria do Wall Street Journal, é importante considerar que esta expansão do crédito no país vem sendo acompanhada do crescimento da renda das famílias, dados o aumento expressivo de emprego e da melhoria dos salários.
Em outras palavras, o crédito tem crescido também porque a capacidade de pagamento das famílias permitiu isso. Neste mesmo período, as taxas de juros para as pessoas caíram de 81,4% para 34,9% (queda de mais de 46 p.p.) e os spreads baixaram de 58,5% ao ano para 24,5%.
Tais elementos e seu desempenho, apesar de ainda elevados considerando os padrões internacionais, mostram uma tendência que conjuntamente com a menor taxa de juros do crédito consignado (1,8% ao mês e 23,8% ao ano) favoreceram a queda da inadimplência.
Dona Odete e outros tantos milhões de brasileiros não estão inadimplentes. Pelo contrário, têm demonstrado sagacidade, planejamento financeiro e cautela, tanto que ainda têm apenas cerca de 21% de sua renda familiar comprometida, quando qualquer banco tem como limite para a oferta de crédito às pessoas cerca de 30% de sua renda familiar.
Ao contrário do que pensam os jornalistas do Wall Street Journal mas como já foi identificado pelo Banco Central, parte deste endividamento das famílias tem ocorrido devido à expansão do crédito imobiliário, que é algo muito positivo, pois as famílias de Dona Odete e de milhões de brasileiros puderam romper com uma vida de sofrimento e miséria, estão constituindo patrimônio e melhorando sua qualidade de vida.
Sobretudo, Dona Odete e dezenas de milhões de brasileiros têm sido bons pagadores. Tanto que no Brasil a inadimplência geral caiu de 8,8% em junho de 2003 para 5,2% em junho de 2013 Este processo de redução da inadimplência continua, graças inclusive à preservação do crescimento e do emprego, alcançando 4,8% em agosto de 2013.
Segundo os dados mais recentes da Serasa, o número de calotes (inadimplência) teve, em setembro, a quarta queda consecutiva. A dívida dos brasileiros – relativamente pequena, administrada e com baixa inadimplência – em vez de alerta parece indicar que ainda existe um bom caminho pela frente para a elevação do consumo das famílias, sobretudo se mantidos o crescimento do emprego e da renda e ampliados os investimentos. 
Para Dona Odete e os milhares de brasileiros que emergiram na última década ao consumo e à cidadania, o maior receio não é do descontrole fiscal e da inadimplência, mas sim o de assistir às sucessivas tentativas de restrição de seu acesso à uma vida melhor sob alegação de que o brasileiro gasta muito e mal.
Por: Fernando Brito

BOLSA FAMÍLIA VENCE PRÊMIO ISSA, O NOBEL SOCIAL

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

TUCARINA VAI PROVOCAR APAGÃO ELÉTRICO. COMO FHC A Tucarina é contra hidrelétricas e queria impedir a construção de Jirau, Santo Antonio e Belo Monte por causa da copulação dos bagres.

Amigo navegante que trabalha no setor elétrico liga para dizer que morre de medo das ideias (sic) originais da Tucarina – clique aqui para entender por que o ansioso blogo trocou “Bláblárina” por “Tucarina”.

O amigo lembra que a Tucarina queria impedir a construção de Jirau, Santo Antonio e Belo Monte por causa da copulação dos bagres, o que exigiu que o Nunca Dantes fizesse um curso sobre bagres (e sua copulação). 

Não escapou ao amigo navegante a informação do Ciro Gomes, na Carta Capital dessa semana: a Tucarina começou a odiar a Dilma quando propôs que o Brasil assinasse um protocolo internacional que ia fechar as hidrelétricas – e a Dilma não deixou.

A Tucarina é contra hidrelétricas.

E, como agora ela aderiu de corpo, alma e financiadores de São Paulo às ideias neolibelistas (*) do Príncipe da Privataria, o amigo navegante enviou esse trecho de um livro recente e os comentários subsequentes deste ansioso blogueiro.

Trata do “Apagão do Príncipe”, que ela pretende emular:

“O estrago estava feito: a taxa de crescimento do PIB … caiu de 4,3% para 0,6% em 2001. A meta de inflação estourou, desatando a espiral de alta de juros para conte-la. Um estudo do TCU calculou em 45,2 bilhões de reais o prejuízo do apagão (60% na conta dos consumidores). Com esse dinheiro, seria possível erguer duas usinas do porte de Belo Monte, a maior obra do PAC … “

Na página 122 do livro “A vida quer é coragem – a trajetória de Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil”, de Ricardo Batista Amaral, editora Primeira Pessoa, 2011.

Àquela altura, em maio de 2001, Dilma Rousseff era Secretária de Energia do Rio Grande do Sul, no Governo Olívio Dutra.

Com o trabalho ali feito, Dilma convenceu Pedro Parente, ministro da Cerra/FHC para chefiar a Câmara de Gestão da Crise de Energia, a excluir o Rio Grande do racionamento de 20%.

Em tempo: dá para entender, em parte, porque o Padim Pade Cerra, na eleição de 2002, escondeu o Farol de Alexandria embaixo do palanque.E o Alckmin também.

Clique aqui para ler “O Principe só existe no PiG (**)”, do Azenha.

Em tempo: Conversa Afiada destaca o pitaco do amigo navegante Jb de Floripa:

“Tucarina ao Itaú: meus juros serão juros tucanos !”


Paulo Henrique Amorim


(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

domingo, 13 de outubro de 2013

POR 6 MALAS DE DÓLARES Major viu os dólares novinhos, de um banco americano, que o presidente da FIESP entregou ao traidor.

HISTÓRIA: KRUEL TRAIU JANGO

Major Moreira conta a João Vicente que Kruel aderiu ao Golpe uma hora e meia depois


João Vicente Goulart, filho de Jango, e Veronica Fialho gravaram em vídeo o depoimento do Major do Exército Erimá Pinheiro Moreira, que testemunhou como o Comandante do II Exército, em São Paulo, Amaury Kruel traiu Jango no Golpe de 1964, por seis malas cheias de dólares, em nota novinhas, sacadas de um banco americano.

Será o Citibank ?

O Boston ?

O Chase, que, no Brasil, operava de mano com a CIA – e a Editora Abril ?

Será o Banco da América, do udenista e Golpista de 64, Herbert Levy, que, depois, deu origem ao Itau-América ?

E o Itau, que, até hoje está onde sempre esteve …

Sempre se suspeitou que a traição de Kruel, amigo e compadre de Jango, tinha cheiro de suborno.

Kruel foi o Pinochet do Jango – por um punhado de dólares.

É o que demonstra esse depoimento histórico do Major Moreira.

Como se sabe, o Historialismo – não é História nem Jornalismo – brasileiro assegura que Jango caiu porque gostava de pernas – de moças e de cavalos.

E que o Golpe foi preventivo, já que Jango ia dar um Golpe.

O “Golpe” do Jango é o Grampo-sem-Áudio – I.

Como se sabe, o Historialismo assegura que Geisel e Golbery deram o Golpe para salvar a Democracia e, depois, resolveram recriá-la.

O depoimento do Major Moreira comprava o que, cada vez fica mais claro.

(Clique aqui para ler sobre o documentário “O Dossiê Jango” e aqui para ler sobre o documentário de Camilo Tavares.)

O papel dos dólares na queda de Jango.

A FIESP – a mesma do PIB da Tortura - foi o trem pagador.

Um desses notáveis historialistas, colonista (*) da Folha (**) e do Globo Overseas, cita neste domingo editorial do New York Times – como se fosse a Bíblia – de 3 de abril de 1964, onde Jango é tratado de “incompetente”e “irresponsável”.

Uma dos indícios da “incompetência” do New York Times, por exemplo, é a cobertura que faz do Brasil.

Parcial, partidária, superficial e pigal (***).

Foi o jornal que disse que o Lula não podia governar porque era um alcoólatra.

O mesmo que assegurou que havia “armas de destruição em massa” no Iraque.

Eis o video com a entrevista, que também será postada no site do Instituto João Goulart:


Conversa Afiada reproduz artigo de Mário Augusto Jakobskind sobre o depoimento:

QUANDO DÓLARES FALAM MAIS ALTO




Engana-se quem pensa que já se conhecem todos os fatos relacionados com o golpe civil militar de 1964 que derrubou o Presidente constitucional João Goulart. Nos últimos meses, graças ao trabalho das Comissões da Verdade, sejam estaduais ou a Nacional, muito fato novo vem sendo divulgado. 

Mas um fato desta semana, protagonizado por João Vicente Goulart, ao ouvir uma denúncia do então Major do Exército Erimá Pinheiro Moreira, poderá mudar o entendimento de muita gente sobre a ocorrência  mais negativa da história recente brasileira. O alerta tem endereço certo, ou seja, aqueles que ainda imaginam terem os golpistas civis e militares agido por idealismo ou algo do gênero.

O Major farmacêutico em questão, hoje anistiado como Coronel, servia em São Paulo em 31 de março de 1964 sob as ordens do então comandante II Exército, General Amaury Kruel (foto).  Na manhã daquele dia, Kruel dizia em alto e bom som que resistiria aos golpistas, mas em pouco tempo mudou de posição. E qual foi o motivo de o general, que era amigo do Presidente Jango Goulart, ter mudado de posição assim tão de repente, não mais que de repente?

Mineiro de Alvinópolis, Erimá Moreira, hoje com 94 anos, e há muito com o fato ocorrido naquele dia trágico atravessado na garganta, decidiu contar em detalhes o que aconteceu. O militar, que era também proprietário de um laboratório farmacêutico e posteriormente convidado a assumir a direção de um hospital, foi procurado por Kruel no hospital. Naquele encontro, o general garantiu ao major que Jango não seria derrubado e que o II Exército garantiria a vida do Presidente da República.

Pois bem, as 2 da tarde Erimá foi procurado por um emissário de Kruel de nome Ascoli de Oliveira dizendo que o general queria se reunir com um pessoal fora das dependências do II Exército. Erimá indicou então o espaço do laboratório localizado na esquina da Avenida Aclimação, local que hoje é a sede de uma escola particular de São Paulo. Pouco tempo depois apareceu o próprio comandante do II Exército, que antes de se dirigir a uma sala onde receberia os visitantes pediu ao então major que aguardasse a chegada do grupo.

Erimá Moreira ficou aguardando até que apareceram quatro pessoas, um deles o presidente interino da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), de nome Raphael de Souza Noschese, este já conhecido do major. Três dos visitantes carregavam duas maletas grandes cada um. Erimá, por questão de segurança, porque temia que pudessem estar carregando explosivos ou armas, mandou abrir as maletas e viu uma grande quantidade de notas de dólares. Terminada a reunião foi pedida que a equipe do major levasse as maletas até o porta-malas do carro de Amaury Kruel, o que foi feito.

De manhã cedo, por volta das 6,30 da manhã, Erimá Moreira conta que mais ou menos uma hora e meia depois da chegada no laboratório ligou o rádio de pilha para ouvir o discurso do comandante do II Exército. Moreira disse que levou um susto quando ouviu Kruel dizer que se “o Presidente da República não demitisse os comunistas do governo ficaria ao lado da “revolução”.

Erimá Moreira então associou o que tinha acontecido no dia anterior com a mudança de postura do Kruel e falou para si mesmo: “pelo amor de Deus será que ajudei o Kruel a derrubar o Presidente da República?” 

Ainda ouvindo o discurso de Kruel, conta Erimá, chegaram uns praças para avisar que tinha uma reunião marcada com o general no QG do II Exército.

Na reunião, vários militares, alguns comandantes de unidades, eram perguntados se apoiavam Kruel. “Eu não aceitei e pedi para ser transferido”.

Indignado, Erimá Moreira dirigiu-se a um coronel do staff do comandante do II Exército para perguntar se o general Kruel não tinha recebido todo aquele dinheiro para garantir a vida do Presidente. “Me transfiram daqui, que com o Kruel no comando eu não fico”.

“Aí então – prossegue Erimá Moreira – me colocaram de férias para eu esfriar a cabeça. Na volta das férias, depois de um mês, fiquei sabendo pelo jornal que o Kruel havia me cassado”.

A partir de então o Major e a família passaram maus momentos com os vizinhos dizendo à minha mulher que era casada com um comunista. “Naquela época, quem fosse preso ou cassado era considerado comunista”.

“Algum tempo depois contei esta história que estou contando agora ao General Carlos Luis Guedes, meu amigo desde quando servimos em unidades militares em São João del Rey. Fiz um relatório por escrito e com firma reconhecida. O General Guedes tirou xerox e levou o relato para a mesa do Kruel. Em menos de 24 horas o Kruel pediu para ira para a Reserva. Fiquei sabendo que com o milhão de dólares que recebeu do governo dos Estados Unidos comprou duas fazendas na Bahia”.

Ao finalizar o relato, o hoje Coronel Erimá Moreira mostrou-se aliviado e ao ser perguntado se autorizava a divulgação desse depoimento, ele respondeu que “não tinha problema nenhum”.

Nesse sentido, sugerimos aos editores de todas as mídias que procurem o Coronel Erimá Pinheiro Moreira para ouvir dele próprio o que foi contado neste espaço. Sugerimos em especial aos editores de O Globo, periódico que recentemente fez uma autocrítica por ter apoiado o golpe de 64, que elaborem matéria com o militar que reside em São Paulo.



(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Índices FH x Lula-Dilma não “empatam”. Ou como a estatística pode esconder o que você percebe 13 de outubro de 2013 | 09:21


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Matéria publicada hoje em O Globo mostra que “os tucanos foram os responsáveis por avanços mais sólidos na Educação, na expansão de serviços públicos e na ampliação dos bens de consumo básicos, enquanto os petistas tiveram resultados sensivelmente melhores nos indicadores relacionados ao trabalho, à renda e à redução da desigualdade social.”
Será?
pnad-comparacao-psdb-pt1aDe fato, se fizermos uma comparação, como está muito bem feita pelos gráficos que acompanham a matéria e que a gente reproduz ao lado, a afirmação estaria, aparentemente, correta.
Mas, em matéria de indicadores sociais, as comparações aritiméticas tem lá os seus limites, porque, nos extremos, essas grandezas atingem características “logarítmicas”, quando é preciso muita ação para fazer algo “tender a zero”.
Complicado? Simples, e você vai entender como.
Veja o caso do analfabetismo.
Itamar e FH encontraram uma taxa de 16,4% e a entregaram, 10 anos depois, em 10,9%. Já Lula e Dima a reduziram para 7,8%.
Aritmeticamente, os primeiros conseguiram uma queda de 5,5%, enquanto os segundos de “apenas” 3,1%.
Isso é verdadeiro, mas não explica tudo.
16,4% dos brasileiros que dizer, praticamente, uma em cada seis pessoas analfabetas. Isso inclui, pelo volume, gente de todas as idades; crianças, jovens, adultos e idosos.
Então, imagine que um governo alfabetize 50% deles. Ele, portanto, ele baixará de 16 para 8% índice. Portanto, reduziu em 8% a taxa global de analfabetismo. E os que ficaram, em geral, são os mais idosos, os mais desmotivados, os mais remotos geograficamente, é claro.
Agora, pense que vem um novo governo e faça a mesma proposta: a de baixar à metade o analfabetismo. Como agora o que permanece analfabeto é menos motivado, mais idoso e mais remoto, o esforço é maior. Agora, trata-se de agir sobre uma parcela remanescente, mais resistente ou inacessível a políticas públicas de alfabetização.
É como colher frutos em uma árvore: a primeira colheita é mais fácil, a segunda exige mais esforço, para alcançar os galhos mais altos e difíceis.
Sobre o assunto de índices de analfabetismo, bom assistir a entrevista da educado Ilona Becskeházy, comentarista – e de ótima qualidade, ao lado de sua colega Paula Louzano – da rádio CBN, que explica bem como o analfabetismo hoje, está basicamente restrito às parcelas mais idosas da população e a redução da velocidade de sua queda está, também, ligada a sobrevida maior das camadas mais velhas de brasileiros.
O mesmo raciocínio se pode fazer para os demais índices de educação: quanto mais baixo o índice que se encontra, mais fácil fazê-lo subir expressivamente, quanto mais alto, mais esforço para resultados proporcionalmente menores, porque quanto mais próximo do 100% (ou do zero, se a escala é inversa) justamente porque o que falta para a totalidade é exatamente o mais difìcil – ou até impossível.
No caso da energia elétrica nos domicílios, então, é fácil perceber.
Se hoje temos 99,7% dos lares brasileiros com luz elétrica, um governo que fizer das tripas coração para levar, selva ou sertão adentro, nos lugares mais isolados, um par de fios para eletrificar todas as casas deste país, agora que quase todos já têm luz, terá feito aumentar em apenas 0,3% do total de domicílios atendidos.
Em alguns casos, ainda, as coisas podem sofrer mudanças por conta da entrada de novas tecnologias. 
É o caso da telefonia, em que a década de 1990 marca o tímido início da telefonia celular no Brasil. É mais que compreensível que, neste campo, o início de um serviço que, de repente, passou a dispensar uma rede física complicada para o serviço de comunicação,
Portanto, ainda que o Governo Lula e o de Dilma, sem dúvidas, ainda sejam insatisfatórios sob muitos aspectos – na minha visão, sobretudo, na falta de uma revolução educacional que, agora, com os recursos do pré-sal, parece finalmente desenhar-se no horizonte -, é uma tolice rematada pretender criar uma espécie de “equilíbrio” com o de FHC, o que todas as pessoas sabem, por experiência própria, que não é verdade.
Não é preciso ser panfletário ou raivoso sobre isso, basta que se mostre o porquê de certas aparentes contradições entre os números e as evidências que todos percebemos.
Mas é importante estar atento e ser capaz de esclarecer o que houver de confusão, porque o objetivo disto é mostrar que “todos são iguais” na política e nos governos.
Não são.
E estas diferenças repercutem em quem mais precisa do Governo: os pobres, o povão.
Porque, para os ricos, a vida é 100% em quase todos os indicadores sociais, e há muito tempo.
Exceto num: no desconforto profundo em viver num país injusto, seja porque para muitos isso traz insegurança e medo da violência, seja porque ninguém pode ser plenamente feliz se vê, ao seu lado, em seu país, milhões de seres humanos mergulhados no atraso e na pobreza.
A menos que, como imaginou o Governo FHC, se pudesse construir uma “ilha de modernidade” no Brasil cercada, por todos os lados, por um oceano de injustiças.
Por: Fernando Brito



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Quase 60% não votariam em candidato apoiado por FHC


Essa matéria não precisa de muitas análises. Basta olhar o gráfico do Datafolha (extraído de matéria no site da Folha). Os números falam por si. Em seguida, trago ainda um videozinho para contextualizar.
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O vídeo é desse ano, da campanha de FHC em favor de Aécio Neves para presidente do PSDB.
Por: Miguel do Rosário

sábado, 12 de outubro de 2013

Paulo Nogueira revela bastidores da cúpula da Globo

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Publicamos abaixo a reunião de depoimentos de dois experientes jornalistas, Paulo Nogueira e Paulo Henrique Amorim, que conheceram de perto as decisões da cúpula das Organizações Globo. A impressão que eu tive é de um ambiente monárquico medieval, com o rei sentado ao meio e seus dois principais conselheiros um de cada lado. Interessante notar que, segundo Nogueira, os dois conselheiros, Merval e Ali Kamel, disputam entre si quem reflete melhor a opinião do chefe, João Roberto Marinho.
A colona do Ataulfo foi um prêmio de consolação. Mas, ele tenta reverter o legado funesto.
arnold-schwarzenegger-1024x575Na foto, o Dr Roberto jovem
Paulo Nogueira conhece as vísceras da Globo Overseas.
(O Miguel do Rosário também. O Fernando Brito também. O Azenha também.)
Em outro post no Diário do Centro do Mundo, ele descreveu como o Ataulfo Merval da Paiva (*) e o Gilberto Freire com “i” (**) disputam para ver quem concorda mais com o patrão – na frente do patrão.
(Como diz o Mino Carta, o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega.
Por essas e outras, no romance “O Brasil”, Mino criou um personagem que tem tudo, o corpo e a alma do Ataulfo – clique aqui para ler “O Brasil do Mino é pior do que você pensa”.)
Nogueira voltou ao tema dos fanáticos patrólatras, Ataulfo e Freire com “ï”:
COMO FUNCIONA O CONSELHO EDITORIAL DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO
TINHA OUVIDO FALAR POUCO DE ALI KAMEL, CHEFE DE TELEJORNALISMO DA GLOBO, ATÉ CONHECÊ-LO NO CONEDIT. É o conselho editorial das Organizações Globo.
Por Paulo Nogueira, no Diario do Centro do Mundo.
Sob o comando de João Roberto Marinho, o Conedit reúne os editores das diversas mídias da Globo para alinhar ações e debater assuntos. As reuniões são realizadas às terças, por volta das 11 horas, no prédio da Globo no Jardim Botânico, no Rio. Frequentei-as ao longo dos dois anos e meio em que fui diretor editorial das revistas da Globo. Quando cheguei, Kamel já estava lá, e ali permaneceu depois que saí.
A referência mais longa que eu tivera dele veio de um jornalista da Abril que o procurara em busca de emprego. A operação deu certo. O jornalista me contou que lera que Kamel valorizava gente que tivesse passado por revistas, por ser mais apta a mexer com palavras. O próprio Kamel passara pela Veja no Rio antes de se fixar nas Organizações Globo.
Kamel não confirma o folclore do carioca simpático, ao contrário de outros editores com quem convivi naquelas manhãs de terça. Seu chefe, Carlos Schroder, um gaúcho afável e sempre com um sorriso no rosto, parece mais carioca que ele.
De um modo geral, o ambiente no Conedit reflete o humor, a alegria, a capacidade de rir dos cariocas. (E também a falta de pontualidade.) Mesmo Merval Pereira, colunista de várias mídias da Globo e ex-diretor do jornal, ri com frequência – uma surpresa para quem lê seus textos em geral num tom de elevada preocupação, quase sempre ligada a um pseudopecado mortal de Lula.
Kamel, pela importância da TV, é uma presença destacada no Conedit. Sua expressão solene sublinha esse papel. Não sei se Kamel costuma beber no bar com os amigos para falar bobagens como futebol, mas não me pareceu.
O que inicialmente mais me chamou a atenção em Kamel, e em muitos outros ali, foi a obsessão com São Paulo. “Os jornais de São Paulo” são constantemente citados, como se representassem o mal. Não sou exatamente um admirador nem do Estadão e muito menos da Folha, mas achava engraçada a presença dos “jornais de São Paulo” nos debates. Nós, jornalistas de São Paulo, jamais nos referimos aos “jornais do Rio”.
Não é exatamente confortável ser um paulista naquele plenário, logo entendi. Eu me sentava num canto próximo da porta, por razões de conforto. “Este é o canto dos paulistas”, ouvi, em tom de brincadeira, uma vez, de Luiz Erlanger, uma espécie de RP do alto escalão das Organizações.
Havia uma alta rotatividade naquele canto. O ambiente é carioca, para o bem e para o mal. E o ressentimento pelo tamanho que São Paulo tomou no Brasil acaba repercutindo, de uma forma ou de outra, em paulistas que participem do Conedit.
Ali Kamel não facilita a vida de ninguém, logo vi. Não é hospitaleiro. Lembro o dia em que Kamel foi apresentado ao jornalista Adriano Silva, na sede da Globo no Rio de Janeiro. Adriano estava sendo contratado com a missão de chacoalhar o Fantástico.
Adriano fizera isso na Superinteressante. Daí o interesse da Globo. Quem negociou com Adriano foi Carlos Schroder, então diretor de telejornalismo da Globo e hoje seu diretor-geral. Eu estava com ambos no prédio do Jardim Botânico quando Ali se aproximou.
Não deu um sorriso para Adriano. Seco, quase ríspido, colocou a Superinteressante na conversa — afirmou que a enteada a lia — para comentar supostos erros da revista. Ficou claro naquele momento que a vida de Adriano perto de Kamel não seria fácil. Não foi.
Adriano logo foi tocar sua vida longe da Globo, e o Fantástico continuaria a padecer dos problemas que levaram a Globo a procurá-lo — desinspiração editorial, perda de repercussão e um Ibope brutalmente em queda para um programa que se confundira com a noite de domingo dos brasileiros por muitos anos.
O caso do Fantástico me faria lembrar um comentário que certa vez ouvi, segundo o qual a força criativa da Globo repousava em Boni, “um fanático guardião da qualidade”. Achei isso podia fazer sentido ao ler que, numa corrida em que Galvão Bueno gritou triunfal “eu já sabia, eu já sabia!” quando Senna entregou a vitória ao segundo piloto de sua equipe, Boni teve uma reação irada no bastidor. “Se sabia, por que não contou para o espectador?”, perguntou a Galvão.
No Conedit, numa mesa em forma de U, João Roberto se senta no centro, na reunião. À sua esquerda, numa das laterais, fica Merval. Na esquerda, na outra lateral, Kamel. Há uma tensão muda entre os dois, uma espécie de duelo pela preferência e pela simpatia do chefe. São os que mais falam lá.
Não daria o prêmio de simpatia a Kamel. E nem o de originalidade. Logo percebi que ele expressava com ênfase, com a fé cega de um jihadista, amplificando-as, as conhecidas ideias das Organizações Globo.
Não havia desafio a essas ideias, não havia uma tentativa de reolhá-las e reavaliá-las. Bolsa Família? Assistencialismo. Ponto. Cotas em universidades? Absurdo, Ponto.
Um dia comentei isso com Luiz Eduardo Vasconcellos, sobrinho de Roberto Marinho e acionista das Organizações. Luiz teve cargos executivos durante muitos anos, mas depois se recolheu às funções de acionista minoritário.
É simpático, interessado nas coisas do mundo, simples no traje e no trato, como aliás os primos. Você não diz que ele é um dos donos da Globo se se sentar numa reunião do Conedit sem conhecê-lo.
“Sinto falta de pensamentos alternativos na reunião”, comentei com ele num almoço depois da reunião do Conedit. “A sensação que tenho é que as pessoas, principalmente o Kamel e o Merval, falam apenas as coisas que imaginam que o João vai gostar de ouvir.”
Quanto isso devia estar me incomodando estava claro em meu ataque de sinceridade no almoço. Era evidente o risco de que meu comentário fosse espalhado, ainda que Luiz Eduardo sempre tenha me parecido discreto e reservado.
Nas eleições de 2006, meu diagnóstico do Conedit pareceu se confirmar para mim. João Roberto tinha um tom sereno ao debater a campanha. Vi João criticar várias vezes ações de militantes petistas, mas jamais o vi sair do tom no Conedit.
Curiosamente, dada sua posição de dono, o ambiente muitas vezes não refletia a tranquilidade de João Roberto. Kamel e Merval davam um tom épico, em branco e preto, a muitas discussões políticas. Pareciam odiar Lula e qualquer coisa que partisse do governo petista. E pareciam também querer que João Roberto soubesse disso.
Se o julgamento deles fosse acertado, Lula teria errado em todas as decisões que tomou em seus oito anos de administração. Quanto aquela inflamação toda era genuína ou não, é uma dúvida que carrego até hoje. Será que eles pensam mesmo aquilo, ou no bar, com os amigos, dão uma relaxada?
Não sei.
Minha intuição é que, como o poeta segundo Fernando Pessoa, o fingimento é tanto que uma hora você acredita no que fingia antes acreditar. A alternativa é um sentimento automassacrante de que você é uma pena de aluguel.
Há uma lenda urbana segundo a qual Kamel seria o homem por trás da ideologia das Organizações Globo, o “Ratzinger” da empresa. Kamel não é nenhum Hayek, ou Friedman. Não é formulador de pensamentos, não é um filósofo, não é carismático, não é nada daquilo que confere a alguém o poder de persuadir outras pessoas pelo vigor não dos gritos mas das ideias.
Uma designação provavelmente mais próxima da realidade é que Kamel comanda os “aloprados” da Globo. Relembremos. Num determinado momento da campanha de 2006, veio à cena, na mídia, a expressão “aloprados”, para designar petistas mais apaixonados. A certa altura, Lula disse a João Roberto Marinho que seguraria os “seus aloprados”, mas que queria que os “aloprados do outro lado” também fossem controlados.
Foram? Basta ouvir um comentário de Jabor ou um artigo de Merval para saber que não. A cobertura em 2010 do atentado da bolinha de papel contra Serra, ou mais recentemente a forma como foi tratado o julgamento do Mensalão, mostra que os aloprados estão de mãos livres na Globo.
Uma possibilidade que deve ser considerada é que aloprados não sejam exatamente alguns comentaristas ou colunistas, ou mesmo diretores da área jornalística – mas a própria Globo, em sua alma e em sua essência.
*
Navalha
Navalha
O ansioso blogueiro tem uma informação a acrescentar à História da Globo Overseas e seus trombones.
Quando Evandro Carlos de Andrade deixou o jornal O Globo e foi para a tevê Globo – onde produziu duas únicas históricas contribuições ao meio televisivo, levar a Urubóloga e o Jabor para o vídeo – deixou o Ataulfo como sucessor no jornal.
E levou o Freire com “i” para a Globo Overseas, outra sábia decisão que a História da Televisão Mundial registrará com destaque.
O Ataulfo botou as asinhas de fora.
E começou a querer retocar a Grande Obra de Evandro (que, em 30 anos de jornal, não revelou um único repórter nem publicou uma única reportagem relevante).
Evandro, que gozava da irrestrita confiança dos filhos do Dr Roberto – eles não têm nome próprio – , mas não do Dr Roberto, fuzilou o Ataulfo.
Que, por isso, não teve cargo de comando na tevê.
No leito de morte, Evandro disse à família que seu sucessor na tevê era o Carlos Schroeder, hoje CEO da empresa.
A colona de Ataulfo no Globo, portanto, foi “um prêmio de consolação”.
Mas, provavelmente, segundo o relato de Nogueira, a cada reunião do Conselho Editorial, ele deve tentar re-escrever o legado funesto do Evandro.
O Gilberto Freire com “i” segue uma linha de diretores de jornalismo da tevê Globo que não entendem nada de televisão.
O último a ocupar aquele cargo e que entendia de televisão foi o Armando Nogueira.
Os sucessores vieram da imprensa escrita e de lá nunca saíram.
Percebe-se.
O jornal nacional é o programa de rádio mais chic do mundo.
Não é por acaso que a audiência se aproxima inexoravelmente para a casa dos 10.
Alberico Souza Cruz, Evandro e Gilberto Freire com ï” trouxeram da imprensa escrita e do Globo, o jornal, apenas, os editoriais.
E a vocação para o Golpe.
Sempre a favor do Patrão.
Em tempo: o ultimo texto assinado por Evandro, pouco antes de morrer, foi um perfil do Dr Roberto para a revista Exame. Faz dele uma cruza de Jesus Cristo com Arnold Schwarzenegger.
Paulo Henrique Amorim
(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia. E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.
(**) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
Por: Miguel do Rosário