Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SERRA E RUSSOMANO: O ESCÁRNIO DA DEMOCRACIA

*Exclusivo:entrevista com Sánchez Gordillo, o 'Robin Hood' que administra um oásis socialista e bem sucedido numa Espanha mergulhada na desordem neoliberal (leia nesta pág)**CPI das favelas em SP: o lança-chamas investiga a fagulha (leia nesta pág.) 


Eles frequentemente se autodefinem  paladinos da população  sem especificar exatamente do que estão falando, a quem se dirigem e o que propõem. Transitam meses nessa nebulosa. Consolida-se uma  campanha  na flauta das indefinições, com alguns candidatos embalados na esférica certeza de que as redações  funcionam  como um hímen complacente às mais descabidas omissões.  Chega-se a esse colosso da democracia 'à paulista'. A  uma semana do voto, dois dos três principais postulantes à prefeitura, de uma das quatro maiores manchas urbanas do planeta, não apresentaram até agora uma proposta crível para a cidade. Serra e Russomano desdenham da dimensão mais  fundamental de uma campanha, que consiste em adicionar  informação, formação e  discernimento ao processo democrático e ao seu principal protagonista, o eleitor. Isso é normal? Não. É o escárnio da democracia. Mas não há holofotes, nem indignação disponíveis. Foram todos alocados à cobertura dos xiliques do desfrutável Joaquim Barbosa no STF (leia Editorial nesta pág.). É lá que se espera derrotar o PT.O resto se recheia com 'miolo de pote', ou seja, nada. (LEIA MAIS AQUI)








Para julgar tucano,
Barbosa não serve

A frequência com que Marco Aurélio (Collor de) Mello vota no PiG, faz a cabeça do PiG e constrói maiorias na opinião pública e publicada – isso, por acaso, é virtuoso ?

Saiu no Valor: 

Ministro levanta hipótese de Barbosa não assumir presidência do STF


BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello levantou na tarde desta quinta-feira, durante intervalo do julgamento do mensalão, a possibilidade de que o ministro revisor do processo, Joaquim Barbosa, não seja conduzido à presidência do tribunal após a aposentadoria compulsória do ministro Carlos Ayres Britto, em novembro.

“Fico preocupado diante do que percebo no plenário. O presidente deve ser algodão entre metais e não um metal entre os metais”, disse, em referência aos embates que Barbosa tem tido com o ministro revisor do mensalão, Ricardo Lewandowski.

Pelas regras da Corte, assume o posto o vice-presidente do tribunal, que é também o membro mais antigo que ainda não foi presidente. No caso, Joaquim Barbosa. Mas Marco Aurélio disse que esse modelo não é automático. “Não é por aclamação. As cédulas são distribuídas e há votação”, afirmou.

Em um dos mais duros embates, ocorrido ontem, Marco Aurélio chegou a interferir na discussão para pedir a Barbosa compostura em suas intervenções.

(Caio Junqueira, Maíra Magro e Juliano Basile | Valor)
Impedir a ascensão de Joaquim Barbosa à Presidência é um Golpe de Estado.
Quem disse que o Supremo não seria capaz de um Golpe brasiguaio ?
Agora que está na hora de devolver legitimidade às Operações Satiagraha e Castelo de Areia; de julgar o mensalão tucano…
Na hora em que o Supremo se aproxima do arraial da inimputabilidade tucana, agora a severidade do Joaquim Barbosa não presta ?
Barbosa só é bom para botar petista na cadeia ?
Joaquim Barbosa deixou de ser o queridinho do PiG (*) ?
Por acaso, o comportamento de Gilmar Dantas (**) na presidência do Supremo foi exemplar ?
Quem foi acusado de “desmoralizar a Justiça”, pelo próprio Barbosa ?
E a forma de o Presidente Cezar Peluso tratar o próprio Barbosa foi, por acaso, exemplar, um “algodão entre metais” ?
Por acaso, a frequência com que Marco Aurélio (Collor de) Mello vota no PiG (*), faz a cabeça do PiG (*) e constrói maiorias na opinião pública e publicada – isso, por acaso, é virtuoso ?
Barbosa é o substituto de Ayres Britto – doa a que tucano doer.
Qualquer alternativa é Golpe !




Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Clique aqui para ver como eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele. E não é que o Noblat insiste em chamar Gilmar Mendes de Gilmar Dantas ? Aí, já não é ato falho: é perseguição, mesmo. Isso dá processo…



Datafolha “corrige” números de Haddad em pesquisa esquisita



Pesquisa Datafolha sobre São Paulo divulgada na noite de ontem (27.9) corrigiu “queda” de Fernando Haddad na semana passada que só esse instituto detectou. Veja , na imagem abaixo, comparação entre a trajetória do petista nesse instituto e no Vox Populi e no Ibope.

Além da correção da distorção sobre a tendência de Haddad, que agora aparece com mais 3 pontos percentuais, chegando a 18% – portanto, fora da margem de erro de 2 pontos –, o Datafolha afirma que Serra cresceu 1 ponto e Russomano caiu 5.
Indo mais fundo na análise da pesquisa, porém, o Blog detectou um fato que, somado a todo o resto, dá o que pensar.
A polêmica pesquisa anterior do Datafolha foi divulgada na noite de 19 de setembro, conforme consta de seu registro no site do TSE, tendo ido a campo entre os dias 18 e 19 últimos. Veja, abaixo, a reprodução da página de registro da pesquisa.

Ao registrar uma pesquisa no TSE, os institutos informam o período em que irão a campo e a data em que divulgarão os dados coletados.
Curiosamente, a pesquisa divulgada na noite de ontem (quinta, 27) aparece no registro do TSE com previsão de divulgação no dia 26 (anteontem), mas o período de apuração dos dados aparece como 26 e 27. Veja, abaixo, a reprodução da pesquisa divulgada ontem.

Pode ser apenas um erro, claro, mas as estranhezas não terminam aí. Veja, abaixo, a página do TSE em que aparecem todos os pedidos de registro de pesquisas Datafolha.

Como se pode notar, a pesquisa que esse instituto divulgou ontem não foi a única que fez nesta semana. A que foi divulgada foi feita para a Globo. No entanto, o instituto fez outra pesquisa entre segunda (24) e quarta (26) entre os alunos da USP, com previsão de divulgação na mesma quarta (26), mas que não foi divulgada.
Abaixo, o registro da pesquisa que tomou chá de sumiço.


Como se não bastasse, o Datafolha incluiu perguntas sobre o mensalão no questionário dessa pesquisa. Veja aqui
Pelo visto, andou acontecendo muita coisa esquisita no Datafolha, ainda que, conforme os números que divulgou ontem, tenha sido obrigado a registrar a tendência real de Haddad, provavelmente devido a ter crescido acima da margem de erro.
Ainda que o Datafolha continue isolado dos outros institutos, recusando-se a registrar a ultrapassagem de Serra por Haddad que os concorrentes todos detectaram, se tiver ocorrido manipulação essa será a última do primeiro turno.
Explico: a próxima pesquisa Datafolha trará o resultado real de sua prospecção. Todo ano de eleição é assim: na pesquisa que antecede o pleito, ao contrário do que acontece durante a campanha, o instituto deverá tentar acertar o resultado das urnas. Sem manipulações

Povo tenta comer lixo, mas governo põe cadeado nas latas

Na Espanha, cadeados nas latas de lixo 

Com cada vez mais pessoas vivendo de restos, prefeitura tranca as latas como medida de saúde pública

SUZANNE DALEY, THE NEW YORK TIMES -
Numa noite recente, uma jovem vasculhava uma pilha de caixas do lado de fora de um mercado de frutas e legumes no bairro operário de Vallecas.

À primeira vista, parecia uma empregada do mercado. Mas não. Ela procurava restos de frutas e legumes jogados no lixo para sua refeição.

Separou algumas batatas que achou boas para comer e colocou-as no carrinho parado ao lado.

"Quando você não tem dinheiro, é isso que há", disse ela.

A jovem de 33 anos disse que trabalhava numa agência dos Correios, mas que o prazo de recebimento do salário-desemprego esgotou e ela agora vivia com 400 por mês. Estava morando num imóvel ocupado com alguns amigos, onde ainda havia água e eletricidade, enquanto recolhia "um pouco de tudo" do lixo depois de as lojas fecharem e as ruas ficarem desertas.

Essa tática de sobrevivência é cada vez mais comum em Madri, que tem uma taxa de desemprego de mais de 50% entre os jovens e cada vez mais famílias com adultos desempregados. Esse ato de vasculhar as latas de lixo se tornou tão difundido que uma cidade espanhola decidiu instalar cadeados nas latas de lixo dos supermercados, como medida de saúde pública.

Relatório da entidade católica Cáritas informou que quase 1 milhão de espanhóis em 2010 recebeu ajuda, duas vezes mais do que em 2007. Em 2011, mais 65 mil pessoas foram incluídas na lista.

O governo, recentemente, aumentou o imposto sobre valor agregado em 3% sobre muitos produtos e em 2% no caso de muitos alimentos, tornando a vida ainda mais difícil para as pessoas já em dificuldade. E não há nada em vista que possa aliviar a situação, uma vez que os governos regionais do país, enfrentando crises no seu próprio orçamento, vêm reduzindo gradativamente uma série de serviços anteriormente oferecidos gratuitamente, incluindo almoços nas escolas para alunos de famílias de baixa renda.

Sobrevivência. Para um número cada vez maior de espanhóis, o alimento encontrado nas latas de lixo é a sua sobrevivência.

Num enorme mercado de frutas e legumes nos arredores da cidade, operários carregavam o lixo para caminhões. Mas basicamente em cada plataforma de carga homens e mulheres apanhavam o que caía nas canaletas.

"É contra a dignidade dessas pessoas sair em busca de comida dessa maneira", disse Eduardo Berloso, da prefeitura de Girona, cidade que colocou cadeados nas latas de lixo dos supermercados.

Berloso propôs a medida no mês passado, depois de ser informado por assistentes sociais e ver diretamente "o gesto de uma mãe com os filhos olhando em volta antes de vasculhar as latas de lixo".

O relatório da Cáritas também informou que 22% das famílias espanholas vivem na pobreza e que 600.000 não possuem nenhuma renda. E esses números devem aumentar nos próximos meses.

Cerca de um terço daqueles que procuram ajuda, segundo o relatório, nunca frequentaram locais que servem comida de graça antes da crise. Para muitos, pedir ajuda é profundamente vergonhoso. Em alguns casos, as famílias vão a esses locais em cidades vizinhas para que amigos e parentes não os vejam.

Em Madri, recentemente, quando um supermercado se preparava para fechar, no distrito de Vallecas, uma pequena multidão reunida, pronta para saltar sobre as latas de lixo, logo depois ficou um tanto descontrolada. Muitos reagiram furiosamente à presença de jornalistas.

No final, alguns conseguiram tirar alguma coisa antes de os caminhões partirem com o lixo.

Mas pela manhã, no ponto de ônibus na frente do mercado, homens e mulheres de todas as idades aguardavam, carregando o que conseguiram recolher. Alguns insistiram que haviam comprado comida, embora aquele fosse um mercado atacadista que não vende para pessoas físicas. Outros admitiram ter vasculhado o lixo. Victor Victorio, 67 anos, imigrante do Peru, afirmou que vinha regularmente ali para procurar frutas e legumes no lixo. Victor, que perdeu seu emprego no setor da construção em 2008, morava com sua filha e disse que levava o que encontrasse, - e nesse dia conseguira pimentões, tomates e cenouras - para a casa.

"É a minha pensão", afirmou.

Para os atacadistas, ver as pessoas vasculhando o lixo é duro.

"Não é bom ver o que ocorre com estas pessoas", disse Manu Gallego, gerente da Canniad Fruit. "Não devia ser assim."

Saúde. Em Girona, Berloso disse que, ao colocar cadeados nas latas de lixo, seu objetivo foi preservar a saúde das pessoas e forçá-las a procurar locais que servem comida gratuitamente. Com os cadeados colocados nas latas de lixo, a cidade agora está enviando agentes civis com cupons instruindo as pessoas a se registrarem para obter ajuda alimentar e serviços sociais.

Ele disse que entre 80 e 100 pessoas regularmente vasculhavam o lixo até a adoção das medidas, mas é muito provável que muitos mais estão vivendo da comida jogada fora. 



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Daniel Dantas estréia no mensalão com Lewandowski

Dantas e Valério fazem parte de um mensalão, o tucano, que o Ministro Barbosa, já presidente do Supremo, saberá apreciar com a proverbial serenidade

Num aparte ao voto da Ministra Carmen Lucia, o Ministro Ricardo Lewandowski, nesta quinta-feira, abriu a temporada de Daniel Dantas no julgamento do mensalão.

Lewandowski lembrou que a viagem de Marcos Valério a Lisboa tinha função de vender a Telemig de Daniel Dantas à Portugal Telecom.

Feito esse esclarecimento, Lewandowski rasgou o manto de impunidade que cobre Dantas, por enquanto: mostrou que Dantas e Valério fazem parte de um mensalão, o tucano, que o Ministro Barbosa, já presidente do Supremo, saberá apreciar com a proverbial serenidade.

Lewandowski ressaltou que o mensalão tucano, em que Valério e Dantas aparecem de forma fulgurante, precede o mensalão do PT.

Também na gestão do Presidente Barbosa, o Supremo restabelecerá a legitimidade da Operação Satiagraha.

Sim, porque o Supremo não vai tirar Dantas da cadeia pela terceira vez.

Paulo Henrique Amorim

J. Carlos de Assis: Entreguismo parece coisa antiga, mas está vivo


A reação entreguista interna ao pronunciamento de Dilma na ONU

É repulsiva a tentativa dos dois principais comentaristas de noticiários da Globo, Carlos Sardenberg, na economia, e Arnaldo Jabor, na política, de enxovalhar cada um dos pronunciamentos da Presidenta Dilma Roussef, inclusive o recente discurso na ONU. Sabemos que falam para um público específico, os inconformados com o exercício do poder pelo PT, mas se tratando de um órgão de comunicação de massa era de se esperar algum pudor. O artigo é de J. Carlos de Assis.
J. Carlos de Assis (*), na Carta Maior
É repulsiva a tentativa dos dois principais comentaristas de noticiários da Globo, Carlos Sardenberg, na economia, e Arnaldo Jabor, na política, de enxovalhar cada um dos pronunciamentos da Presidenta Dilma Roussef, inclusive o recente discurso na ONU. Sabemos que eles falam para um público muito específico, os inconformados com o exercício do poder pelo PT, mas se tratando de um órgão de comunicação de massa era de se esperar algum pudor, mesmo porque a esmagadora maioria da opinião pública apoia Dilma.
Jabor não me incomoda muito: é um retórico vulgar mais obcecado pelo efeito das palavras do que pelo seu significado. Ouvindo-o, temos a sensação de que o que está errado com a política externa brasileira é não declararmos logo guerra ao Irã. Sardenberg é mais insidioso. Manipula a ideologia econômica de um jeito maneiroso, próprio de todo difusor ideológico, que transforma as vítimas das políticas econômicas regressivas em culpados, recobrindo muito manhosamente a responsabilidade dos ricos.
Para entender a extensão na qual Sardenberg, como homem de frente da Globo, faz o jogo entreguista cumpre entender alguns elementos básicos de economia política que ele deliberadamente omite em seus comentários. Não existe uma receita única contra a recessão e a depressão econômica. Há um conjunto delas.
Três são bem conhecidas: a política cambial, a política monetária e a política fiscal. Todas visam ao mesmo objetivo: recuperar a demanda interna, favorecer o investimento e estimular o emprego, gerando um círculo virtuoso de crescimento.
Contudo, essas políticas não são neutras do ponto de vista distributivo.
A política fiscal certamente favorece a distribuição da riqueza e da renda, sobretudo quando o gasto público é financiado por aumento da dívida e aplicado em setores de interesse social. Sim, porque se o gasto público, numa recessão, for financiado por receita fiscal, estamos diante de um jogo de soma zero: tiram-se recursos do setor privado que são repassados ao setor público e que por sua vez voltam ao setor privado, sem gerar necessariamente aumento líquido da demanda agregada.
A política monetária é concentradora de renda. Sim, porque quando os bancos centrais emitem dinheiro e o tornam disponível para os bancos privados, a custo baixo, os favorecidos são os tomadores últimos dos recursos – sem falar nos intermediários bancários –, que só têm acesso a esse dinheiro se ofereceram garantias para seus empréstimos.
Quem pode oferecer garantias senão os que têm renda alta e patrimônio? Por certo alguns consumidores se beneficiarão do crédito mais barato, mas trata-se de uma proporção pequena da economia. Em qualquer hipótese, pagarão juros aos bancos, concentrando renda.
A política cambial geralmente adotada na recessão é a desvalorização da moeda nacional de forma a estimular as exportações. É o que os Estados Unidos estão fazendo. O pressuposto é que o aumento das exportações leva ao aumento da atividade econômica interna e do emprego, gerando, também aqui, um efeito virtuoso de retomada de crescimento.
O Japão tem procurado desvalorizar a sua moeda e a Europa provavelmente seguirá o mesmo caminho, pelo menos enquanto não mudar sua política econômica, o que é muito pouco provável a curto e médio prazos, por razões basicamente políticas.

Agora, vejamos o discurso de Dilma na ONU.
Ela criticou duramente a política do Fed, banco central americano, por inundar o mercado de dinheiro e forçar a desvalorização do dólar. Sardenberg se apressou a apoiar a posição americana contra Dilma. Recorreu a uma citação de Paulo Krugman, um dos mais notáveis economistas americanos, segundo o qual, nas suas palavras, a posição da Presidente não se justificava por se tratar de uma iniciativa do Governo americano de fazer retomar a economia do país.
Bem, essa citação de Krugman é falsa, ou ao menos incompleta. O que Krugman diz é o seguinte: numa recessão, deve-se adotar, de preferência, uma política fiscal expansiva.
Na falta dela, deve-se apoiar a iniciativa monetária como último recurso. Assim, traduzindo em miúdos, o recado que a Presidenta deu na ONU foi o seguinte: vocês, os países ricos, estão mergulhando o mundo no caos econômico e financeiro por se recusarem a fazer políticas fiscais expansivas. E como seu sistema político incompetente não é capaz de gerar essas políticas, nos impõem políticas regressivas no campo monetário.
Desculpem, mas não temos alternativa a não ser levantar barreiras comerciais contra os seus produtos, na medida em que suas políticas monetárias e cambiais, desvalorizando suas moedas, pretendem inundar nossos mercados de manufaturados, liquidando nosso parque produtivo. Não aceitaremos isso. O nosso dever é proteger nosso mercado de trabalho.



(*) Economista e professor de Economia Internacional na UEPB, autor de vários livros sobre economia política brasileira e de “A Razão de Deus”, recém-lançado pela Editora Civilização Brasileira.
Leia também:

Venício Lima: Liberdade de expressão comercial, só no Brasil
Rui Martins: Governo Dilma financia a direita
Requião: Não me arrependo de ter extinto a publicidade oficial
Beto Almeida: O pecado capital do PT

Salvem Joaquim Barbosa




Se houvesse que definir em uma única palavra o desempenho do ministro Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão, a palavra seria “tragédia”. Antes de explicar as razões objetivas de tal afirmação, porém, haverá que explanar sobre suas razões subjetivas.
Subjetivamente, Joaquim Barbosa é um símbolo em uma Corte desde sempre marcada por um preconceito racial que até 2003 impediu que um negro ocupasse uma das cadeiras de ministro do Supremo em um país que, segundo o IBGE, tem maioria afrodescendente.
Barbosa era a esperança dessa maioria esmagadora da população que com ele divide traços físicos africanos, a esperança de que, alçado a um posto de tal importância, fosse um exemplo de capacidade e de seriedade, desfazendo os mitos raciais que conspurcam este país.
Na sessão de quarta-feira 26 do julgamento do mensalão, no entanto, Barbosa mergulhou de tal forma na insensatez que até os cães hidrófobos da Veja, bem como o resto da máfia demo-tucano-midiática, teve que reconhecer seus excessos.
Não é pouco. Barbosa perdeu de tal forma a capacidade de autocensura, estimulado pela popularidade fácil que a mídia está lhe construindo em certo setor da sociedade, que até pares que com ele vêm dividindo esse papel lamentável de linchador houveram por bem revelar-se vexados.
A acusação descabida do “vingador negro” da Suprema Corte de Justiça – onde não cabem vinganças – ao ministro Ricardo Lewandowski de que estaria fazendo “vistas grossas”, mobilizou seus pares a fim de rogar comedimento.
O efeito futuro desse desempenho entre os racistas que infestam os setores da sociedade que ora lhe batem palmas (enquanto lhes está sendo útil), por certo será o de atribuir às suas origens o comportamento histriônico que vai adotando.
Estimulado por uma mídia que o inebria com favores fugazes, lançando até cogitações sobre uma sua futura candidatura à Presidência da República (pelo PSDB?), Barbosa vai vestindo, cada vez mais, o capuz de carrasco.
Ou de “herói” que, sozinho, enfrenta pares corruptos que fazem “vistas grossas”, pois, ao admitir que naquela Corte possa haver quem o faça, desqualifica todo o processo de condução de magistrados até lá.
Qualquer um pode acusar este ou aquele ministro. E todos acusam. Um lado acusa Lewandowski e José Antônio Dias Tóffoli e o outro, acusa os que vêm atuando em sentido oposto. Menos o próprio Barbosa. Ele tem que ter compostura.
O que resulta, no sentido mais amplo, vai sendo a desmoralização do julgamento. E a previsível elevação de sua decisão final ao escrutínio da Corte Interamericana de Justiça, da qual o Brasil é signatário, o que obriga o país a submeter a ela decisões de seu Judiciário.
O vício que vai se revelando nesse julgamento produzirá o efeito oposto do que está sendo alardeado pela mídia, pois, em vez de o Brasil passar uma bela mensagem de amadurecimento institucional ao mundo, vai construindo uma mensagem de descrédito.
Nesse aspecto, o desempenho de Joaquim Barbosa tem trabalhado para que nossa Suprema Corte se torne uma caricatura de si mesma, uma caricatura jurídico-institucional que poderá vir a emoldurar o conceito sobre como não conduzir um processo dessa natureza.
Perde-se, assim, o simbolismo contido na chegada de um negro ao Supremo. Uma tragédia. Roga-se, pois, a quem tenha poder de influir junto a Barbosa que o alerte para o que faz não só consigo, mas com todos os que, com ele, dividem o estigma da cor da pele.
*Rebeliões em Lisboa, Madrid, Atenas: as ruas ecoam a questão política central dos dias que correm: o capitalismo gera cada vez mais pobres e o mercado não tem o que dizer a eles. É estrutural e antecede à crise, mostra a radiografia do trabalho nos EUA.(LEIA MAIS AQUI)
 
O TRANSFORMISMO PERIGOSO DE UMA TOGA

O desequilíbrio emocional do relator Joaquim Barbosa na sessão desta 4ª feira  do STF escancara  o papel híbrido - e temerário--  assumido por ele desde o início desse julgamento. Barbosa ora veste a toga de relator, ora de acusador; faz as vezes de juíz e de Ministério Público, ao mesmo tempo e com igual intensidade. Alterna-se nesse trasformismo à sua conveniência e arbítrio. Causa constrangimento  seu descontrole; preocupa os riscos dessa escalada. A volúpia condenatória ameaça a isenção e o contraditório. São dois dos requisitos que diferenciam um julgamento de um linchamemto, mutação abertamente encorajada por certa mídia, mas que não pode contagiar o relator, a ponto de ser capturado como personagem desfrutável de um simulacro de Justiça. (LEIA MAIS AQUI)

O TRANSFORMISMO PERIGOSO DE UMA TOGA

*Rebeliões em Lisboa, Madrid, Atenas: as ruas ecoam a questão política central dos dias que correm: o capitalismo gera cada vez mais pobres e o mercado não tem o que dizer a eles. É estrutural e antecede à crise, mostra a radiografia do trabalho nos EUA.(LEIA MAIS AQUI)   
O desequilíbrio emocional do relator Joaquim Barbosa na sessão desta 4ª feira  do STF escancara  o papel híbrido - e temerário--  assumido por ele desde o início desse julgamento. Barbosa ora veste a toga de relator, ora de acusador; faz as vezes de juíz e de Ministério Público, ao mesmo tempo e com igual intensidade. Alterna-se nesse trasformismo à sua conveniência e arbítrio. Causa constrangimento  seu descontrole; preocupa os riscos dessa escalada. A volúpia condenatória ameaça a isenção e o contraditório. São dois dos requisitos que diferenciam um julgamento de um linchamemto, mutação abertamente encorajada por certa mídia, mas que não pode contagiar o relator, a ponto de ser capturado como personagem desfrutável de um simulacro de Justiça. (LEIA MAIS AQUI)



Barbosa se irrita com divergências e constrange STF
 
 




 




quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Requião: “Oportunismo, irresponsabilidade, ciumeira e ressentimento”



por Roberto Requião, no Senado Federal

Não costumo assinar manifestos, abaixo-assinados ou participar de correntes. Mas quero registrar aqui minha solidariedade a Luís Inácio Lula da Silva, por duas vezes presidente do Brasil.
Diante de tanto oportunismo, irresponsabilidade, ciumeira e ressentimento não é possível que se cale, que se furte a um gesto de companheirismo em direção ao presidente Lula. Sim, de companheirismo, que pouco e me dá o deboche do sociólogo.
A oposição não perdoa, e jamais desculpará a ascensão do retirante nordestino à Presidência da República.
A ascensão do metalúrgico talvez ela aceitasse, mas não a do pau-de-arara. Este, não!
Uma ressalva. Quando digo oposição, o que menos conta são os partidos da minoria. O que mais conta, o que pesa mesmo, o que é significante, é a mídia, aquele seleto grupo de dez jornais, televisões, revistas e rádios que consome mais de 80 por cento das verbas estatais de propaganda. Aquele finíssimo, distintíssimo grupo de meios de comunicação “que está fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada”, como resumiu com a sinceridade e a desenvoltura de quem sabe e manda, a senhora Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais.
Este conjunto de articulistas e blogueiros desfrutáveis que faz a “posição oposicionista” nos meios de comunicação usa uma entrevista que não houve para, mais uma vez, tentar indigitar o ex-presidente. Primeiro, tivemos o famosíssimo grampo sem áudio. Mais hilário ainda: a transcrição do áudio inexistente mostrava-se extremamente favorável aos grampeados. Um grampo a favor. E sem áudio.
Lembram?
Houve até quem quisesse o impeachment de Lula pelo grampo sem áudio e a favor dos grampeados, houve até quem ameaçasse bater no presidente.
Agora, este mesmo conjunto de jornais, rádios, televisões e revistas, esses mesmos patéticos articulistas e blogueiros querem que se processe o ex-presidente. Não me expresso bem: não querem processá-lo. Querem condená-lo, pois como a Rainha de Copas, de Lewis Carol, primeiro a forca, depois o julgamento.
Recomendaria a vossas excelências que tapassem o nariz, não fizessem conta dos solecismos, da pobreza vocabular, das ofensas à regência verbal e lessem o que escreve esse exclusivíssimo clube de eternos vigilantes.
Os mais velhos de nós, os que acompanharam o dia-a-dia do país antes do golpe de 64, vão encontrar assustadores pontos de contato entre o jornalismo e o colunismo político daquela época com o jornalismo e o colunismo político dos dias de hoje.
Embora, diga-se, os corvos de outrora crocitassem com mais elegância que os grasnadores de agora.
Fui governador do Paraná nos oito anos em que Lula presidiu o Brasil. Por diversas vezes, inúmeras vezes, manifestei discordância com a forma de sua excelência governar, com suas decisões ou indecisões. Especialmente em relação à política econômica, à submissão do país ao capitalismo financeiro, aos rentistas.
Mas havia um Meireles no meio do caminho. No meio do caminho, para gáudio da oposição e para a desgraça do país, havia um Meireles.
É verdade que Lula acendeu uma vela também para os pobres. E não foi pouco o que ele fez. É preciso ter entranhados na alma o preconceito, a insensibilidade e a impiedade de nossas elites para não se louvar o que ele fez pela nossa gente humilde.
Na verdade, no fundo da alma escravocrata de nossas elites mora o despeito com a atenção dada aos mais pobres por Lula.
Apenas corações empedrados por privilégios de classe, apenas almas endurecidas pelos séculos e séculos de mandonismo, de autoritarismo, de prepotência e de desprezo pelos trabalhadores podem explicar esse combate contínuo aos programas de inclusão das camadas mais pobres dos brasileiros ao maravilhoso mundo do consumo de três refeições por dia.
A oposição –- somem-se sempre a mídia com a minoria, mas o comando é da mídia — também não perdoa Lula porque ele sempre a surpreendeu, frustrou suas apostas, fez com que ela quebrasse a cara seguidamente.
Foi assim em 2002, quando ele se elegeu; foi assim em 2006, quando se reelegeu; foi assim na crise de 2008, quando ele não seguiu as receitas daqueles gênios que quebraram o Brasil três vezes, entre 1995 e 2002, e impediu que a crise financeira mundial levasse também o nosso país de roldão. E, finalmente, foi assim em 2010, quando elegeu Dilma como sucessora.
O desempenho da oposição – isto é, mídia e minoria, sob o comando da mídia — na crise de 2008 foi impagável. Caso alguém queira se divertir é só acessar um vídeo que corre aí pela internet com uma seleção de opiniões dos economistas preferidos dos telejornais, todos recomendando a Lula rigor fiscal extremo, austeridade e ascetismo dos padres do deserto; corte nos gastos sociais, cortes nos investimentos, elevação dos juros, elevação do depósito compulsório, congelamento do salário mínimo, contenção dos reajustes salarial, flexibilização dos leis trabalhistas, diminuindo direitos dos assalariados.
Enfim, recomendavam, como sempre aconselham, atar os trabalhadores ao pelourinho, tirar-lhes o couro, para que os bancos, os rentistas, o capital vadio restassem incólumes e seus privilégios protegidos. Receitavam para o Brasil o que a troika da União Européia enfia goela abaixo da Grécia, da Espanha, da Itália, de Portugal.
Lula não fez nada do que aqueles doutores prescreviam. Em um dos vídeos, um desses sapientíssimos senhores ridicularizava os conhecimentos macroeconômicos do presidente, prevendo que o “populismo” e o “espontaneísmo” de Lula levariam o Brasil ao desastre. Pois é.
A acusação mais frequente que se fazia, e se faz, a Lula é a de ser “populista”. A mesmíssima acusação feita a Getúlio quando criou a CLT, o salário mínimo, as férias e descanso remunerados, a previdência social; a mesmíssima acusação feita a João Goulart quando deu aumento de cem por cento ao salário mínimo ou quando sancionou a lei instituindo o 13° salário ou quando criou a Sunab; ou quando desencadeou a campanha das reformas; a mesmíssima acusação feita a Juscelino quando ele decidiu enfrentar o FMI e suas infamantes condições para liberação de financiamento.
Qualquer coisa que beneficie os trabalhadores, que dê um sopro de vida e de esperança aos mais pobres, que compense minimamente os deserdados e humilhados, qualquer coisa, por modesta que seja que cutuque os privilégios da casa grande, qualquer coisa, é imediatamente classificada como “populismo”.
Outra coisa que a oposição não perdoa em Lula é sua projeção internacional. Quanto ciúme, meu Deus! Quanto despeito! Quanta dor de cotovelo! A nossa bem postada, e sempre constispadinha elite, jamais aceitou ver o país representado por um pau-de-arara. Ainda mais que não fala inglês. Oh, horror!
Divergi de Lula inúmeras vezes. Quase sempre em relação à econômica. Com a popularidade que tinha, com o respeito que conquistara, com a força de seu carisma poderia ter feito movimentos consistentes que nos levassem a romper com os fundamentos liberais que orientavam — e orientam — a política econômica brasileira.
E que mantinham – e mantém — o país dependente, atrasado, em processo veloz de desindustrialização.
Pior, as circunstâncias favoráveis do comércio mundial valorizaram ainda mais o nosso papel de produtores e exportadores de commodities, criando uma “zona de conforto” que desarmou os ânimos e enfraqueceu os discursos de quem lutava por mudanças.
Outra divergência que me agastou com Lula foi em relação à mídia. Era mais do que claro que a lua-de-mel inicial com a chamada “grande imprensa” seria sucedida pela mais impiedosa e, em se tratando de um pau-de-arara, pela mais desrespeitosa oposição.
Em breve tempo, as sete irmãs que dominam a opinião pública nacional cobrariam caro, caríssimo o período em que fora obrigada a engolir o sapo barbudo. O troco viria na primeira crise.
Conversei sobre isso com o presidente, que procurou me aquietar e recomendou-me que falasse com um de seus ministros que, segundo ele, cuidava desse assunto. E o ministro me disse: “Por que criar um sistema público de comunicação, por que apoiar as rádios e a imprensa regional se temos a nossa televisão? A Globo é a nossa televisão”, disse-me o então poderoso e esfuziante ministro.
Pois é.
Quando busco paralelo entre esta campanha de tentativa de destruição de Lula e as campanhas de destruição de Getúlio e Jango, não posso deixar de notar que eles, pelo menos, tinham um jornal de circulação nacional e uma rádio pública também de alcance nacional para defendê-los. Hoje, que temos?
E o que entristece é que essa campanha atinge Lula quando ele se encontra duplamente fragilizado. Fragilizado pela doença, que lhe rouba um de seus dons mais notáveis: a sua voz, a sua palavra, seu poder de comunicação.
Fragilizado pelo espetáculo mediático em que se transformou o julgamento do tal mensalão.
Se algum respeito, se alguma condescendência ainda havia para com esse pau-de-arara, foi tudo pelo ralo, pelo esgoto em que costumam chafurdar historicamente os nossos meios de comunicação.
Não sejamos ingênuos de pedir ou exigir compostura da mídia. Não faz parte de seus usos e costumes. Sua impiedade, sua crueldade programada pelos interesses de classe não estabelece limites.
Não é apenas o ex-presidente que é desrespeitado de forma baixa, grosseira. A presidente Dilma também. Por vários dias, a nossa gloriosa grande mídia deu enorme destaque às peripécias de uma pobre mulher, certamente drogada, certamente alcoolizada, certamente deficiente mental que teria tentado invadir o Palácio do Planalto, dizendo-se “marido” da presidente.
Sem qualquer pudor, sem o menor traço de respeito humano, a Folha de São Paulo, especialmente, transformou a infeliz em personagem, em celebridade. Chegou até mesmo a destacar um repórter para “entrevistar” a mãe da tal mulher. Meu Deus!
Às vésperas do golpe de 1964, o desrespeito da grande mídia para com o presidente João Goulart e sua mulher Maria Teresa chegou ao ponto de o mais famoso colunista social do país à época publicar uma nota dizendo que na Granja do Torto florescia uma trepadeira. Torto, como referência ao defeito físico do presidente; trepadeira, como referência caluniosa à primeira-dama do país.
Alguma diferença entre um desrespeito e outro?
Esse tipo de baixeza não se vê quando os presidentes são do agrado da grande mídia, quando os presidentes frequentam os mesmos clubes que os nossos guardiões dos bons costumes.
Nem que tenham, supostamente, filhos fora do casamento, que disso a mídia acha uma baixeza tratar.
Pois é.

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Ibope mostra que mensalão teve efeito político zero

 


Nas últimas semanas, houve um assanhamento da direita demo-tucano-midiático-judiciária em relação a efeitos políticos que esses setores caquéticos da política nacional almejavam que sobreviessem do circo armado pela grande mídia em torno do julgamento da ação penal 470, a qual esse grupo político chama de “julgamento do mensalão”.
Nesta quarta-feira, porém, o que sobreveio desmentiu um sem-número de “análises” sobre aqueles “efeitos políticos” almejados, que, em verdade, são de que Lula, Dilma e o próprio PT estejam sendo desmoralizados pela pretensa condenação (tácita) de todos que vai se desenhando nas deliberações do julgamento daquela ação penal pelo STF.
A pesquisa de opinião da série CNI-Ibope que acaba de ser divulgada, porém, mostra que o governo da presidente Dilma Rousseff ganhou aprovação apesar de todo esse circo midiático, tendo agora 62%, índice maior do que o registrado em junho, que era de 59%. Além disso, a aprovação da própria presidente atingiu espantosos 77%.
Quem não assistiu à entrevista coletiva convocada pela CNI para anunciar as pesquisas, porém, não sabe de mais alguns dados que constituem excelente notícia não só para Dilma, mas, também, para Lula.
Renato da Fonseca, gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, afirmou, em coletiva de imprensa convocada para anunciar a nova edição da pesquisa da entidade, que 57% da população julga este governo igual ao governo Lula, o que significa que a maioria da população está conseguindo ver cada vez mais méritos nos dois últimos governos, ignorando a mídia.
Não há como aprovar Dilma sem aprovar Lula. Aliás, a pesquisa mostra isso. Afinal, se 57% dos brasileiros consideram que os governos Lula e Dilma são iguais – e se 22% consideram que o de Lula foi melhor –, como enxergar essa desmoralização que pistoleiros da mídia golpista – aquela que ajudou a dar o golpe de 1964 – andam alardeando?
Venho dizendo, reiteradamente, que a mídia acredita ter o poder supremo da criação, de fazer acontecer, como por mágica, tudo o que deseja. Não sem razão, diga-se, pois quem controla boa parte do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal certamente tem razões para se achar todo-poderoso. Contudo, a mídia não entendeu que esse poder discricionário diminuiu.
Apesar de sua influência imensa sobre as instituições e sua capacidade de pautar a opinião pública – que, há que entender, não é a opinião do povo e, sim, a de setores barulhentos e ricos da sociedade –, a mídia não consegue mais fazer o povo acreditar em si. Não quando lhe pede que vote em seus escolhidos, sem pedir explicitamente.
A ridicularia dessa discurseira demo-tucano-midiática encontra exemplo, aliás, em um dos textos mais cretinos que a mídia publicou nas últimas semanas. É de autoria do colunista da Folha de São Paulo Fernando Rodrigues. Ele compara o momento político atual com o início da desmoralização da ditadura que seu patrão ajudou implantar e que ocorreu a partir de 1974.
Vale a pena ler a cretinice para captar o que essa direita delirante anda almejando e que acaba de lhe ser negado por quem manda, ao fim: o eleitorado. Abaixo, pois, a coluna de Fernando Rodrigues publicada na edição da Folha de São Paulo de quarta-feira 26 de setembro de 2012. Volto em seguida.

Rodrigues errou de ano. Acrescentou uma década ao ano com o qual o momento político brasileiro se parece. Primeiro porque à época do “milagre econômico” da ditadura, quando o país crescia muito, foi o período em que a concentração de renda, no Brasil, mais aumentou.
Eis por que a pesquisa da série CNI-Ibope frustra a visão míope desses “analistas” movidos pelas idiossincrasias dos patrões e dos amigos dos seus patrões: hoje, como mostrou notícia recente amplamente divulgada, enquanto os maiores salários cresceram 4%, os menores cresceram 29% (!).
Isso se chama distribuição de renda, o contrário da concentração dela que se abateu sobre o Brasil sobretudo nos anos do “milagre econômico”, que tinha por premissa que era preciso, primeiro, “fazer o bolo crescer” para só depois dividi-lo. Foi a tese que fez a ditadura começar a ruir a partir de 1974.
Hoje, portanto, o cheiro que a política exala é o de 1964. Sobretudo pelo fedor que rescende o caráter dessa mídia golpista, antiética, antidemocrática e seus pistoleiros bem-pagos para assassinar a reputação de mais um líder trabalhista, a exemplo do que foi perpetrado contra Getúlio Vargas e Jango Goulart

*IBOPE CONFIRMA VOX POPULI:

 Haddad em 2º em SP (como explicar o Datafolha?)**Espanhóis cercam o Congresso em Madrid e exigem Constituinte contra o arrocho (nesta pág; leia também a reforma agrária socialista na Valência)** Wanderley Guilherme: o STF não pode encarar a política com os critérios de um taxista (leia nesta pág).

CAPITALISMO AMERICANO: UMA USINA DE POBRES   
Existe um traço comum entre a rastejante recuperação norte-americana sob a batuta de Obama,  a etapa aguda da crise que a antecedeu -- capitaneada por Bush Jr-- e, antes ainda, o período de apogeu que originou tudo, composto pelo desmonte regulatório nas mãos de Reagan (1981-1989), seguido da consolidação rentista, sob a batuta do democrata amigo de FHC, Bill Clinton (1993-2001). O fio que interliga o enredo é a persistente disseminação da pobreza na maior potencia capitalista da terra, antes, durante e depois do colapso de 2008. A caminho do quinto ano, a crise mantém os pobres no limbo dos renegados; ao contrário do que se viu nos anos 30,  subordina seu resgate à salvação das  finanças, como criticou a Presidenta Dilma Rousseff, na ONU, nesta 3ª feira. A prioridade ortodoxa justifica jogar mais cargas ao mar e ofusca a questão política central dos dias que correm: o capitalismo gera cada vez mais pobres e, como admitiu Mitt Romney,  o mercado não tem o que dizer a eles. (LEIA MAIS AQUI)

Dilma tem duas chances de evitar o Golpe

A Globo, o MP desacreditado e o STF de exceção derrubam a Dilma até ou em 2014



Com a inevitável derrota do Cerra em São Paulo, configura-se uma situação em que os tucanos de São Paulo, no Sudeste, só ganharão em Vitória.

Márcio Lacerda em Belo Horizonte é uma vitória de Eduardo Campos e de Aécio Never, que, se puder, lança o Cerra sem paraquedas na cratera do metrô.

Se o Supremo, ao se apoiar na Lei para condenar uma pessoa só -  clique aqui para ler – , e condenar o Lula, a Dilma e o Dirceu, o Golpe adquire força poderosa.

A eleição de 2014 será uma batalha sangrenta.

A elite brasileira não poderá se permitir uma quarta derrota consecutiva.

E será preciso Golpear o “lado de cá” com todas as armas, especialmente as ilegais.

Para isso, serão indipensáveis os membros do Ministério Público agora desmoralizados no banho da cachoeira.

Os cérebros do mervalismo pigânico (*) clique aqui para ler “Sucessora de Ali Kamel fecha o cerco à Dilma”.

E o Supremo Tribunal Federal que se transformou num tribunal de exceção como observou, também, o professor Wanderley.

Para enfrentar essas três forças Golpistas seria necessário haver uma Ley de Medios, como a da Argentina clique aqui para ver o vídeo da TV Afiada.

Ou uma atitude corajosa como a de Rafael Corrêa clique aqui para ler.

No Brasil, não há Cristina nem Rafael.

A última trincheira do golpe brasiguaio será o Supremo agora convertido em tribunal de exceção.

Caberá à presidenta Dilma nomear ainda dois ministros.

Eles poderão ser os heróis da resistência ao golpe brasiguaio.

Dilma tem nas mãos a Rede da Legalidade sob a forma de duas nomeações.

O que nem Lula nem ela conseguiu no passado ela pode conseguir agora.

A Globo, o Ministério Público e o Supremo, em parte, tentarão derrubá-la antes ou em 2014.

Ela tem duas chances de impedir.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

MANIFESTO PEDE ISENÇÃO AO STF

A HIPÓTESE SOCIALISTA:  carimbado pelo  'New York Times'  como o 'oásis comunista' do século XXI, o povoado espanhol de Marinelada emerge como um símbolo da resistência socialista ao arrocho conservador e ao pragmatismo dissolvente da esquerda (leia a partir de hoje série especial de  reportagens, direto da Espanha; nesta pág)  


O risco de um julgamento de exceção, pré-concebido para condenar um partido, conforme advertiu o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em entrevista recente ao jornal Valor, motivou um manifesto que tem recebido a adesão de intelectuais e artistas e deve ser enviado aos ministros do Supremo. O que se reivindica é isenção e equilíbrio. Entre as duas centenas de personalidades que já assinaram o texto estão: Oscar Niemeyer, Alceu Valença, Luiz Carlos Bresser Pereira, Bruno Barreto, Jorge Mautner, Flora Gil, Emir Sader, Eric Nepomuceno. Ouvido pelo jornal O Globo, o arquiteto Oscar Niemeyer, um dos primeiros signatários, afirmou: " Assinei o manifesto porque acredito que desde o início há uma campanha contra o José Dirceu".

A grande vítima de Joaquim Barbosa é a democracia

 
Agora é a criminalização de Dilma? 
PAULO MOREIRA LEITE 
Muitas pessoas ficaram surpresas quando Joaquim Barbosa mencionou Dilma Rousseff no Supremo. Para reforçar a ideia de compra de votos, Joaquim citou um depoimento em que Dilma se confessou surpresa com a rapidez com que o Congresso aprovou o novo marco regulatório de energia elétrica.

A mensagem do voto do ministro, exaustivamente repetida pelas emissora de TV, tem um elemento malicioso.

A “surpresa” de Dilma seria, claro, era uma prova do mensalão. O ministro não disse, mas permitiu que todos ouvissem: sem o mensalão, o marco regulatório não teria saído com a rapidez que surpreendeu a ministra-presidente.

A resposta do Planalto, em nota oficial, foi rápida. Responsável pelas negociações do marco regulatório ocorridas no Senado, Aloizio Mercadante também se manifestou.

O fato é que essa insinuação me parece uma consequência lógica da visão que Joaquim Barbosa está imprimindo ao julgamento.

Ele acredita que encontrou crimes até onde não é possível demonstrar que tenham ocorrido.

Falando com franqueza: para entender a “surpresa” revelada pela ministra, não é preciso enxergar tudo com malícia. É preciso considerar o chamado contexto. Pensar em política como o exercício humano e insubstituível de negociar, avançar e ceder.

No início do governo Lula, a oposição tucana fazia o possível para criar problemas para os petistas, em várias áreas. Mesmo na Previdência, onde o PT deu continuidade a uma reforma planejada por FHC, o PSDB fingia que nada tinha a ver com o assunto. Queria dar o troco para Lula, criando dificuldades artificiais, como a antiga oposição lhe fizera. Mostrar boa vontade com iniciativas de Lula, naquele momento, era mostrar-se fraco e adesista diante de seus eleitores. Era quase uma traição perante cidadãos que haviam dado seu voto para candidaturas tucanas só por amor à causa, quando todo mundo sabia que não tinham a menor chance.

O marco de energia era especialmente delicado por uma razão política conhecida. No segundo mandato de FHC, a falta de energia impediu a retomada de crescimento econômico, submetendo os brasileiros a um vexame inesquecível de racionar o uso de energia num país com todo esse potencial elétrico que todos nós sabemos.

A surpresa vem daí. Depois de blefar e ameaçar, os tucanos também concordaram em votar com o governo na sala de Mercadante.

A política é assim. Não é engenharia. Não é equação matemática. Inclui dissimulação, esperteza, ações dissimuladas. Não é contabilidade.

Pode incluir a corrupção — como acontece em vários lugares, o que levou a Eliane Calmon a querer saber até o que acontecia na Justiça.

Mas é preciso apurar, investigar e esclarecer. No caso de crime, apurar, ouvir as partes e acusar. É errado apenas mencionar, não é mesmo?

Respeito Joaquim Barbosa. Conheço seus títulos e sua formação. Acredita no que fala e diz. Mesmo quando discordo, devo admitir que está longe de fazer denuncias “mequetrefes”, para empregar um termo que se tornou obrigatório no julgamento.

Mas eu acho que essa insinuação fora de lugar não ocorre por acaso.

A menção a Dilma foi apenas uma manifestação – um pouco exagerada, digamos – de uma atitude típica de um julgamento que avança numa imensa carga de subjetividade.

Várias vezes, Joaquim falou que é preciso examinar o contexto da denúncia, o contexto da ação dos acusados e assim por diante. Mas não considerou o contexto do apagão, este evento gigantesco, demolidor, humilhante para um país e sua população.

Imagino que, tecnicamente, o nome Dilma era uma menção até desnecessária. Tenho certeza de que num inquérito de milhares e milhares de páginas seria possível encontrar exemplos equivalentes e até mais enfáticos. Tenho certeza de que é possível demonstrar que houve compra de votos, em alguns casos, e apenas apoio político a um aliado, em outros.

A diferença é que nem sempre estes casos envolviam uma autoridade que, de ministra passou a presidente da República.

Politizando a justiça, pode-se dizer que a citação a Dilma jogou o julgamento para …2014.

O voto de Joaquim Barbosa, mais uma vez, foi aos telejornais. Foi repetido, reprisado…Sabe o que aconteceu?

Salomão Shwartzman, radialista e jornalista muito experiente, já lançou um comentário dizendo que o PSDB deveria convidar Joaquim para disputar a presidência da República.

Tudo é política. Mesmo o que não parece.

Na biografia de José Alencar, Eliane Cantanhede descreve o encontro entre Lula e seu vice, José Dirceu e Waldemar Costa Neto, onde se debate uma aliança política e a consequente coleta de recursos financeiros. Se fosse hoje, alguém mais afogado que estavam combinando um assalto.

Mas a descrição deste acordo político de campanha é tão bem feita, tão clara, que os advogados de Delúbio Soares incluíram vários parágrafos sobre o “rachuncho”—a expressão, bem humorada, é de Eliane – nas suas alegações finais de seu cliente.

Sabemos que a criminalização da política tornou-se parte da estratégia da acusação para condenar o maior número possível de acusados. Vamos combinar que ajuda a sustentar a tese de que não havia recursos para campanha eleitoral – mas compra de votos no Congresso.

Admito que eles simplesmente não conhecem os fatos que estão julgando, não tem familiaridade com o mundo das tratativas e negociações e acham tudo suspeito, estranho…

Considerando a baixa credibilidade dos políticos, apostar que todo mundo é ladrão pode ser uma vulgaridade – mas é uma forma de garantir, com facilidade, apoio popular a medidas que podem ser justas ou arbitrárias.

Minha experiência com a humanidade permite dizer que já tive contato com momentos de grandeza, coragem, solidariedade. Também tiver a infelicidade de testemunhar imensas baixezas.

Mas não me lembro de ter visto relatos – nem em ficção – de repulsa a linchamentos.

Acabo de ler a notícia de que alguns procuradores já estão preocupados com o indulto de Natal dos réus do mensalão. É assim: dando de barato que eles serão condenados, o que parece cada vez mais provável, a preocupação agora é impedir que passem o Natal com a família… Mais um pouco e teremos de acionar a Comissão da Verdade, que investiga crimes cometidos por representantes do Estado contra direitos humanos, para ver o que está acontecendo em nossa democracia…

É justiça, isso? Ou é vingança?

Como já disse aqui, eu acho que o mensalão produziu delitos de todo tipo. Também acho que havia caixa 2 e dinheiro publico desviado. São crimes diferentes, que a legislação trata de forma diferente porque lá atrás aquele personagem oculto e onipresente que os advogados chamam de O Legislador entendeu que era assim.

Ao ignorar as diferenças, quem perde é a democracia.


BV do Supremo não se aplica à Globo

Uma única família abocanha metade de tudo o que se investe em publicidade no Brasil !

Saiu na Folha (*):


KEILA JIMENEZ

Carlos Henrique Schroder assumirá a direção-geral da TV Globo com a missão de estancar a queda de audiência do canal, mantendo o bom faturamento que foi conquistado na década de seu antecessor, Octávio Florisbal.

Nos dez anos em que Florisbal comandou a emissora, de 2002 a 2012, a Globo faturou alto, mas perdeu 22% de sua audiência em rede nacional. Em 2002, a média diária da Globo (das 7h à 0h) no Painel Nacional de Televisão (PNT) era de 22,2 pontos.

De janeiro a agosto deste ano, último período da gestão atual da rede, a média diária foi de 17,4 pontos. Cada ponto equivale a 191 mil domicílios no país.

Nesses dez anos, a participação da Globo nos investimentos publicitários em TV aberta se manteve em 70%, com um adendo importante.

Segundo dados do mercado anunciante, na última década, o faturamento bruto da TV aberta com anúncios passou de R$ 5,65 bilhões (2002) para R$ 18 bilhões (2011).

A Globo, que faturou cerca de R$ 3,9 bilhões em 2002, pulou para R$ 12,6 bilhões em 2011 e já bateu a casa dos

R$ 6,4 bilhões no primeiro semestre de 2012. Os valores são corrigidos pela inflação.

A TV aberta abocanha atualmente 64,8% do total dos investimentos publicitários em mídia no país -a maior fatia da década.




 

Faltou dizer: a Globo tem 50% da audiência da tevê aberta no Brasil.
Ou seja, com 50% da audiência ela “abocanha”, como diz a Folha (*), 70% da verba destinada à tevê aberta.
A tevê aberta “abocanha” 65% do total dos investimentos publicitários do país.
Do tijolinho para vender um Fusca usado em Teresina, Piauí, ao outdoor na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, ao comercial de 30” na Avenida Brasil.
De tudo somado, 65% vão para a tevê aberta.
Logo, com apenas 50% da audiência, a Globo “abocanha” 70% dos 65% de todo o bolo publicitário.
Logo, de cada R$ 1 investido em publicidade no país, em qualquer mídia, entram nos cofres da Globo nada menos que R$ 0,50.
Viva o Brasil !
Uma única família abocanha metade de TUDO O QUE SE INVESTE EM PUBLICIDADE NO BRASIL !
A METADE !
Ora, dirão os “especialistas” do PiG (**): é a qualidade !
Com apenas 50% audiência, ela consegue 70% de toda a publicidade porque ela é o MÁXIMO !
O ansioso blogueiro se permite discordar.
O MÁXIMO é a bonificação por volume.
Ou seja, a grana que a agencia de publicidade recebe da Globo por programar na Globo.
O ansioso blogueiro consultou o velho amigo David Ogilvy e perguntou, assim como quem não quer nada, o que significa o bônus por volume da Globo para as agências de publicidade do Brasil.


- Dos R$ 12 bi que a Globo fatura ela devolve ao mercado qualquer coisa perto de R$ 1,2 bi, R$ 1,5 bi.

- Tudo isso, David ?

- São os 10% de bônus que ela devolve às agências de tudo o que ela fatura.

- Qual o impacto disso sobre a indústria de publicidade brasileira, David ?

- O bônus de volume da Globo é o maior faturamento das 40 maiores agências de publicidade do Brasil !

- O que ? Das 40 maiores ?

- Precisely !

- Ou seja, David, se acabar o BV da Globo acaba a indústria de publicidade do Brasil …

- You got it !

- Mas, David, você já ouvir falar do mensalão …

- Of course, my dear !

- E você deve ter visto que o Supremo considerou que o BV entregue à agência e, não, ao cliente, é crime …

- Sim, mas isso para os anúncios das empresas estatais. O dinheiro tinha que ter ido para a Visanet e, não, para as agências do Marcos Valério.

- Mesmo assim, David. Imagine se as agências que veiculam contas de empresas estatais na Globo não receberem mais o BV da Globo … O que acontece ?

- Fecha tudo !

- E vai fechar ?

- Never !

- Por que “never”… , David ?

- Porque a Lei não vai pegar para a Globo.

- Quem te contou isso aí na Escócia, David ?

- Até o Supremo sabe disso, meu filho. Como é que eu não ia saber disso na Escócia.

Pano rápido.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

O alvo é Dilma em 2014

O PT vai despertando de um transe que fez com que acreditasse que seria sustentável para a democracia brasileira conviver com monstrengos como esses impérios de comunicação que cada vez mais vão se tornando uma espécie de jabuticaba, porque, em breve, só existirão no Brasil. E há quem acredite que esse despertar já chegou até à presidente da República.
Ao Sul da América do Sul, porém, a semana começa com uma notícia que exige muita reflexão: até dezembro, os oligopólios de mídia argentinos, a começar pelo Grupo Clarín (a Globo argentina), terão que se desfazer de considerável parte de seus impérios no âmbito da entrada em vigor de uma lei da mídia idêntica à que existe em qualquer parte do mundo desenvolvido.
É um avanço imenso, impensável no Brasil. Afinal, em nenhum país civilizado existem grupos de comunicação que operam em todas as plataformas de mídia (televisão aberta e a cabo, rádio, jornais, revistas e portais de internet) como ainda ocorre em vários países latino-americanos, ainda que boa parte deles já esteja impondo regras a essa orgia comunicacional.
O resultado desse remanescente gigantismo e dessa voracidade por verbas públicas dos grandes grupos empresariais de comunicação todos estão vendo no Brasil. Cada vez mais, essas aberrações vão atuando como um poder paralelo ao do Estado – e, muitas vezes, prevalente.
Há pouco, ocorreu um fenômeno que só é possível em uma nação em que a comunicação não tenha regras e na qual um minúsculo grupo de grandes empresas de mídia consiga sufocar a pluralidade exigível em setor tão vital. Um veículo de imprensa escrita fez uma acusação grave a um ex-presidente da República, não apresentou uma só prova e essa acusação passou a ser vendida pelos outros três grandes impérios midiáticos e seus tentáculos como se fosse fato inquestionável.
Reflitamos sobre quantos veículos há hoje no Brasil com poder de:
1 – Pautar a Suprema Corte de Justiça e o Ministério Público, fazendo com que acusem e condenem sem provas seus adversários políticos.
2 – Fazer acusações gravíssimas aos adversários políticos sem apresentar uma só prova e sem responder por calúnia e difamação, porque qualquer reação é chamada de “censura”.
3 – Mandar repórter invadir até o quarto de dormir de adversários políticos.
4 – Manter fora do alcance de investigações funcionários envolvidos com o crime organizado.
A CPI do Cachoeira, por exemplo, irá investigar jornalistas envolvidos no esquema. Contudo, serão só os de pequenos veículos de Goiás. Ou seja: a licença para delinqüir em nome da “liberdade de imprensa” não é para a imprensa, mas só para algumas empresas de comunicação.
Essas empresas escolhidas (pelo tamanho e pelo poder econômico) põem seus funcionários para agredir as mais altas autoridades da República tecendo histórias que não provam e intimidando os agredidos com acusações de “censura”. E ninguém faz nada.
Os juízes do Supremo José Antônio Dias Tóffoli e Ricardo Lewandoski vêm sendo acusados, insultados, ridicularizados e até caluniados por funcionários de Veja, Globo, Folha e Estadão em suas “colunas” impressas e em “blogs” corporativos.
O ex-presidente Lula, que como todo ex-presidente deveria ser tratado com um mínimo de respeito, ainda que não esteja acima de críticas, foi insultado pesadamente por um colunista. Não houve uma acusação, houve xingamento puro e simples. É tratado como um criminoso condenado assim, abertamente.
Minha mulher pergunta “Como é que pode?”. Podendo, respondo. Ela quer saber se ninguém pode fazer nada. Digo que só quem poderia fazer é Lula e ele não processa ninguém. Não faz como Serra, que processou o autor de Privataria Tucana. E se processasse não adiantaria nada porque Veja tem muito dinheiro e, se condenada, paga a indenização e pronto.
Agora, se Lula entrasse na Justiça contra o tal colunista que só faltou xingar sua mãe, o processo demoraria anos e anos e, ao fim, a empresa que o emprega, paga. Garantir proteção aos seus pistoleiros é vital para que ataquem sem medo.
A classe política, o Judiciário, o Legislativo, o Executivo, todos se borram de medo de uma máquina que conta com uma horda de arapongas pronta a devassar a vida de qualquer um usando escutas ilegais, invasão de domicílio, chantagem e o que mais se puder imaginar.
E se a mídia não acha nada, inventa. E se não conseguir inventar, apela à ridicularização e à injúria, gerando desgaste emocional e destruindo o ambiente social de seus alvos. Imagine o sujeito que sai na capa da Veja ou da Folha, como lida com vizinhos, amigos, parentes, colegas de trabalho etc. É uma condenação. O sujeito paga a pena sem jamais ter sido condenado.
O julgamento do mensalão, pois, pretende plantar, já neste ano, a base de uma pretensa morte política do PT e do ex-presidente Lula. Mas o objetivo não são as eleições municipais de 2012 e o julgamento em tela não terminará após expedir suas sentenças. Está sendo plantada a base para que tenha um desenrolar.
O ministro do Supremo Joaquim Barbosa citou a presidente da República ao ler seu voto sobre uma das celeradas “fatias” que inventou para facilitar o curso desse que já é reconhecido por inúmeros juristas como um “tribunal de exceção”, ou seja, onde os critérios de julgamento fogem aos ditames do Direito e da jurisprudência.
Aqui e ali, nesse conclave entre o oligopólio midiático e os partidos de oposição ao governo federal, já se diz que o mensalão que está sendo julgado é parte de coisa ainda maior. Ou seja: estão ensaiando o discurso com o qual pretendem chegar a 2014.
Se a dobradinha entre Supremo e Procuradoria Geral da República de um lado e grande mídia de outro funcionar bem, lá pelo início de 2013 Lula será arrolado em alguma investigação sobre a acusação sem áudio, sem vídeo e sem confirmação alguma que a Veja lhe fez.
As certezas que os tais “colunistas” manifestam em que a Justiça será favorável ao plano, obviamente que derivam de conhecimento de bastidores por parte do patronato midiático em relação aos órgãos que dão curso à campanha de criminalização do PT e dos seus políticos mais eminentes.
Como não se fazem necessárias provas de nada para que o chefe do Ministério Público teça considerações sobre a hipótese de processar Lula, o mesmo valerá para qualquer outro cidadão brasileiro. Bastará uma reportagem que diga que ouviu dizer uma acusação pelo amigo, pelo parente ou pelo associado de alguém para que o Estado aceite a premissa.
Acabou a democracia no Brasil. Não é preciso mais provar nada para acusar alguém. E o que é pior: tal prerrogativa só vale para alguns, ou seja, para determinado grupo político.
O enfraquecimento do PT que está sendo plantado hoje com tanto afinco, com tanta sofreguidão, a um custo de milhões e milhões de dólares de campanhas publicitárias desencadeadas para difamar e caluniar, obviamente que não visa a eleição de prefeitos e vereadores.
Anote aí, leitor: está sendo plantada a semente do envolvimento da presidente Dilma Rousseff no mensalão 2, sobre o qual os mercenários empregados na grande mídia já falam abertamente.
Antes, porém, será preciso anular o padrinho político de dela, de forma que não concorra em seu lugar se conseguirem envolvê-la em alguma coisa que a impeça de disputar a própria sucessão, contando, para isso, com o beneplácito da Procuradoria Geral da República e com a obediência do Supremo Tribunal Federal.
Os cínicos, os ingênuos e os mal-informados farão a mesma pergunta: ora, mas por que a mídia quereria tanto destruir um partido se o capitalismo vem ganhando tantos presentes dos últimos dois presidentes da República (Lula e Dilma)?
Sim, o governo Lula e o governo Dilma cederam muito ao capitalismo selvagem que vige no Brasil. Contudo, como se viu no caso dos bancos, os governos do PT cederam e cederão só enquanto não tiverem condições para deixar de ceder. Além disso, o gasto social de governos petistas e as políticas para redistribuir renda e oportunidades estão tornando o rico menos rico e o pobre menos pobre.
Quase posso ouvir a ultra-esquerda e a direita rindo juntas da afirmação que encerra o parágrafo anterior. Todavia, só se não tiver alguém para esfregar na cara delas o índice de Gini, que, aliás, melhora tanto no Brasil que pistoleiros do Partido da Imprensa Golpista já até tentaram desqualificar a mais reconhecida fórmula de mensuração da desigualdade.
Nos próximos anos, os índices oficiais mostrarão a continuidade de uma distribuição de renda que a partir do governo Lula ganhou um impulso visível a olho nu, sem nem necessidade de recorrer a estatísticas. E esse é o xis da questão.
Distribuição de renda no país virtualmente mais desigual do mundo obviamente que mobiliza contra si os poderes que produziram essa situação. Alguém já se perguntou por que o Brasil é tão mais desigual que qualquer outro país em estágio similar de desenvolvimento?
A concentração de renda brasileira é digna de qualquer republiqueta bananeira. Aliás, os países que se ombreiam conosco em injustiça social são só os países mais miseráveis e sem importância política da África e da América Latina. Ou seja: nenhum país com tanta riqueza e tecnologia quanto o nosso tem desigualdade sequer parecida.
A equação que construiu esse fenômeno desde a Proclamação da República se sustenta no uso de meios de comunicação de massa para produzir realidades virtuais e para calar quem disser o que não interessa aos beneficiários da injustiça social, aqueles que a mídia diz que não existem, que são invenção dos que querem “luta de classes”.
Eis porque o PT se tornou “inviável” para a elite que concentra renda e que é dona das maiores fortunas e dos mais importantes grupos de mídia.
Distribuição de renda? Ora, para dar a alguém há que tirar de alguém, por isso se diz distribuição, ou redistribuição. Desenhando: a quantidade de dinheiro que existe no país é uma só. Não dá para criar riqueza e dar só para quem tem pouco, tem que tirar de quem tem muito ou de quem tem mais ou menos e dar a quem não tem. É assim que funciona.
O mais engraçado de tudo isso é que os que têm muito sempre acabam empurrando uma conta desse tipo para quem tem mais ou menos, ou seja, para a classe média, que, no entanto, adota o discurso daquele que lhe empurra a conta. E achando-se muito inteligente por isso…
Enfim, digressões à parte, é assim que a banda toca. Se não houver uma reação já, o script é esse.
O tom arrogante dos mercenários da grande mídia se deve à certeza de que está tudo dominado: seus patrões, além de dinheiro, têm como chantagear qualquer poder da República com campanhas de difamação como as que se abateram sobre Tóffoli, Lewandowski, Lula etc.
É nesse contexto que se olha para a única pessoa que tem hoje poder para enfrentar tudo isso: Dilma Vana Rousseff. Porque mídia e oposição demo-tucana detêm o poder máximo do Judiciário graças a Lula e ela terem nomeado procuradores-gerais e ministros do Supremo de olhos fechados, acolhendo indicações da Justiça e do Ministério Público.
Lula chegou ao poder crente em que teria que agir de forma “republicana” na indicação daqueles que são os únicos que podem inclusive processar presidentes, condená-los e até destituí-los do cargo. Deu nisso aí.
O homem que agora está nas mãos de um procurador-geral da República que já se mostrou seu adversário político nomeou sempre aquele novo procurador-geral que o Ministério Público Federal indicava enquanto que os presidentes e governadores tucanos nomeavam e nomeiam procuradores-gerais afinados consigo politicamente.
Inocência? Sim, com absolta certeza. Lula foi inocente. Mas Dilma está sendo ainda mais. Começou seu governo achando que poderia se entender com a mídia sem entender que ela não passa de braço político de um setor da sociedade, o setor mais rico. Ponto.
Dilma também despertou? Alguns dirão que suas respostas aos insultos de Fernando Henrique Cardoso e de Joaquim Barbosa e a nomeação rápida do novo ministro do STF constituem sinais de que já entendeu o que está acontecendo. A preocupação, porém, é a seguinte: quem caiu naquele conto talvez ainda não tenha percebido que é o alvo final disso tudo.