Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 16 de outubro de 2011

O novo (?) delírio golpista


Você acredita que, em pleno século XXI, com o Brasil atravessando o melhor momento econômico e social de sua história, as forças político-ideológicas que, a serviço da elite branca, já deram golpes de Estado teriam coragem de sabotar o país e depois subjugá-lo a fim de interromper a ascensão social da maioria morena e pobre que começa a ocupar postos de trabalho, vagas nas universidades e até a morar nos bairros de brancos ricos?
A quase totalidade da população brasileira, essa nação de quase duzentos milhões de habitantes, está preocupada hoje apenas em colher os frutos de um processo de desenvolvimento jamais visto aqui. Nunca antes na história deste país ele cresceu e distribuiu renda e oportunidades por tanto tempo seguido. Agora, o povo acha que chegou a sua vez. Como derrotar um partido que é visto pela maioria como autor do novo Brasil?
Na opinião deste blog, as forças progressistas – que incluem todos aqueles que querem que o Brasil deixe de ser uma fazendona com uma imensa Casa Grande habitada por um grupelho ínfimo de famílias brancas de descendência indo-européia e uma vasta Senzala ocupada por 9/10 da população – têm o dever de avaliar com responsabilidade o risco que este blog vê no atual quadro político brasileiro.
Pouco importa que você ache que não há clima para o bom e velho golpismo tupiniquim tendo o Brasil chegado ao atual estágio de importância internacional a que chegou. Diante da tragédia que seria a existência de um plano para abortar o processo de distribuição de renda e de oportunidades em um país marcado pela concentração de renda e pela falta de oportunidades para a maioria afrodescente, todo democrata tem obrigação de parar e pensar.
Recentemente, a politóloga americana Frances Hagopian, estudiosa dos partidos políticos brasileiros, situou o PSDB na centro-direita do espectro ideológico, ou seja, como representante da classe social diminuta, branca e abastada que há quase meio século exigiu e obteve um golpe de Estado a fim de impedir medidas que visavam inclusão social.
Não há muita dúvida, entre os estudiosos da política brasileira, de que o espectro político e ideológico brasileiro divide-se hoje em três grupos: um grupo social-democrata, um grupo democrata-cristão e um terceiro e amplamente minoritário grupo de esquerda radical que vê os outros dois grupos como seus inimigos, mas que acaba se unindo episodicamente à direita por seu adversário de centro-esquerda estar no poder.
O PT lidera uma coalizão de centro-esquerda que abriga legendas de aluguel de direita e até de extrema-direita que se submeteram ao programa social-democrata para não perderem completamente as tetas do Estado. Essa é a grande janela de oportunidade que a direita convicta e representante de classe vê para tentar retomar o poder, pois sabe que são partidos que aderem ao poder, seja ele exercido por quem for, para continuarem pilhando o Estado.
Partidos aliados ao PT como o PP de Jair Bolsonaro e Paulo Maluf representam a garantia petista à elite de que não haverá mudanças bruscas. Além disso, acabam se somando ao governo social-democrata em votações no Congresso. Todavia, são partidos cuja corrupção sempre foi e sempre será parte do próprio DNA e constitui, portanto, um manancial de objetos para denúncias.
Como a elite branca e conservadora sabe que, pela via eleitoral convencional, dificilmente voltará ao poder tão cedo, pode ter optado por um “atalho” político – entenda-se tornar-se a única opção eleitoral após a completa destruição dos adversários. E indícios de que esse pode ser seu plano, não faltam.
O processo eleitoral de 2010 foi assustador.  E o que assustou foi a direita político-partidária e midiática ter ressuscitado o que havia de mais reacionário no Brasil – os preconceitos raciais, sexuais, regionais e ideológicos todos vieram à tona e não saíram mais da agenda nacional. Desde então, o país começou a travar uma guerra incessante contra o preconceito.
Já no dia da eleição em segundo turno, ano passado, a internet viu espalhar-se uma revolta de setores da classe média branca do Sul e do Sudeste contra “nordestinos” que teriam sido os “responsáveis” pela vitória de Dilma Rousseff, apesar de ela ter vencido também no Sudeste. Dali em diante, não há mês em que não sobrevenham notícias de casos de racismo, homofobia e ódio de classe, de tudo que representa o ideário conservador.
Esse soerguimento do preconceito é um fenômeno recente. Não existia antes do processo eleitoral de 2010, apesar de o ideário preconceituoso sempre ter estado lá. Contudo, era dissimulado. Não saía à luz do dia. Resumia-se aos convescotes da elite.
Enquanto a artilharia político-midiático-partidária contra o governo Dilma resumia-se aos escândalos forjados pela direita ideológica que infernizou o governo Lula, achava-se que o golpismo poderia ser contido. Todavia, após nove anos fora do poder, a direita parece querer ir mais longe.
No sábado, o blogueiro Emerson Luis, do blog Nas Retinas, terminou um trabalho que este blog iniciou na semana passada ao cobrir a versão paulistana das “marchas contra a corrupção” que saíram pelas ruas do país no último dia 12 de outubro.  Emerson identificou o DNA tucano nas tais marchas, as convocações daquela militância do PSDB que este blog encontrou e entrevistou durante a manifestação paulistana da última quarta-feira.
Em seguida, para oferecer “alimento” para outras “marchas” que estão sendo programadas para o mês que vem, a direita midiática acaba de forjar novo “escândalo” que, apesar de ter sido construído sobre vento, será um prato cheio para essas novas manifestações “contra a corrupção” organizadas pelo PSDB, o terceiro partido com mais cassações de parlamentares por corrupção, segundo o TSE, superado apenas por PMDB (2º lugar) e pelo DEM (o campeão).
Nessa equação antidemocrática não poderia faltar a boa e velha Igreja Católica, que aqui, em Honduras, no Chile, na Argentina e em todo o resto da América Latina sempre esteve de braços dados com o golpismo de direita. Essa ingerência da religião na política brasileira, após ter ajudado a atirar este país em uma ditadura de vinte anos, parece que volta à cena, até porque a Igreja Católica identifica neste governo estímulo ao crescimento das igrejas evangélicas, que vêm fazendo minguar o “rebanho” católico.
Agora, a última reportagem de capa da revista Veja e reportagem que o programa global Fantástico leva ao ar neste domingo (15 de outubro) contra o ministério dos Esportes denunciam um plano que seria a cereja do bolo dos delírios golpistas da direita nacional: enfurecer a sociedade contra o governo Dilma fazendo o Brasil deixar de ser a sede da Copa do Mundo de 2014.
Alguém consegue imaginar meio mais adequado para derrubar – mesmo que por impeachment – o governo Dilma do que fazer o Brasil não ser mais a sede da próxima Copa do Mundo? Se isso ocorresse por conta de constrangimentos ao governo do país que, então, estaria sob denúncias de corrupção, seria a destruição final e eterna do PT e o início de um reinado de mil anos da direita. Este povo ficaria furioso.
Você não precisa acreditar nessa hipótese para abrir os olhos. Por mais que ache que é um exagero, como cidadão e democrata tem o dever de refletir. É o país dos seus filhos e netos que está em jogo. O processo de distribuição de renda e de oportunidades em curso hoje no Brasil interessa a todos, menos ao topo da pirâmide social que durante cinco séculos manteve a massa a pão e água enquanto nadava em uma riqueza usurpada.

sábado, 15 de outubro de 2011

Dilma deixa crise da Grécia para a Urubóloga. ‘Não vamos pagar por uma crise que não é nossa’, diz Dilma

Saiu no Globo:


Naira Hofmeister,

especial para O Globo


PORTO ALEGRE – Foi entre os gritos de apoio e saudação do público que lotou o auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e um protesto externo, organizado por sindicatos de bancários e servidores públicos, que a presidente Dilma Rousseff subiu à tribuna para defender o Brasil Sem Miséria, cujo pacto da região Sul foi assinado nesta sexta-feira, em Porto Alegre, pelos governadores Tarso Genro (RS), Raimundo Colombo (SC) e Beto Richa (PR). Em um discurso, a presidente destacou a importância do programa, que tem como meta retirar da miséria extrema 16 milhões de pessoas em quatro anos. Mais do que isso, Dilma pretende converter essa parcela da população, que sobrevive com menos de R$ 70 por mês, em consumidores que impulsionem o crescimento do Brasil, mantendo o país à parte da crise internacional que atinge os mercados europeus e dos Estados Unidos.


- Tirar 16 milhões da pobreza é um imperativo moral e ético, mas também um instrumento econômico, porque é transformar brasileiros em cidadãos plenos, em consumidores – justificou a presidente.


Para a presidente, esta é a melhor fórmula para evitar que a crise tome proporções maiores em território nacional:


- Nós não somos uma ilha: de uma forma ou de outra, somos atingidos pela crise. Mas como a nossa principal força é o mercado interno, a nossa capacidade de resistência é muito elevada.


Assim como fez durante seu discurso na reunião de abertura da Conferência das Nações Unidas, DIlma criticou a atitudes dos países desenvolvidos que optaram por cortar programas sociais e salários em lugar de estimular o desenvolvimento através da ampliação do consumo e da atividade industrial:


- Nós vemos os países envolvidos em discussões que parecem um tanto quanto envelhecidas, porque nós vivemos a nossa crise da dívida soberana a partir de 1982. Nós vivemos todo um processo de fazer um ajuste e depois não crescíamos – relembrou.


Dilma destacou que o maior passo para a soberania econômica brasileira aconteceu quando o país liquidou a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A presidente ressaltou o fato que hoje o Brasil tem recursos aplicados no FMI e futuramente irá ter uma maior participação:


- Agora nós jamais aceitaremos que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países.


Ela se solidarizou com os protestos que reúnem milhares de norte-americanos intitulado Ocupe Wall Street, dizendo que simpatiza com dois lemas dos manifestantes:


- Um diz: “nós não vamos pagar pela sua crise” e eu posso garantir que o Brasil não vai pagar por uma crise que não é nossa.


Durante a solenidade da manhã desta sexta-feira, em Porto Alegre, dezenas de acordos foram firmados para garantir a inclusão dos 716 mil cidadão que vivem em miséria extrema nos três estados do Sul do Brasil no Cadastro Único dos programas sociais do governo federal. Na área urbana, onde vive 60% dessa população, os convênios foram firmados com a Associação Brasileira de Supermercados (Abas), o Walmart e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Eles garantem que as vagas de emprego das redes varejistas e da construção civil sejam preenchidas com pessoas cadastradas pelo governo e beneficiárias dos programas sociais como o Bolsa Família. No campo, os tratados determinaram a compra e a distribuição de milhares de sementes crioulas para agricultores familiares em situação de extrema pobreza.

EUA devem seguir exemplo da Índia e do Brasil, diz Hillary

Alessandra Corrêa
Atualizado em  14 de outubro, 2011 - 23:09 (Brasília) 02:09 GMT
A secretáriade Estado americana Hillary Clinton.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse nesta sexta-feira que os Estados Unidos deveriam seguir o exemplo de países emergentes como o Brasil e a Índia, que colocam a economia no centro de sua política externa.
"Nós estamos atualizando as nossas prioridades em política externa para incluir a economia em todos os passos", disse a secretária, em uma palestra em Nova York.
Segundo a secretária, os Estados Unidos deveriam fazer a mesma pergunta.
"Não porque a resposta vai ditar cada uma das nossas escolhas na política externa. Não vai. Mas deve ser uma parte importante nesta equação", afirmou.

Crise

O discurso de Hillary foi feito em um momento em que cresce o temor de que os Estados Unidos mergulhem em uma nova recessão.
O país enfrenta níveis recordes de déficit e dívida pública e um ritmo de crescimento lento, considerado insuficiente para recuperar os empregos perdidos no auge da crise mundial.
Há cerca de dois anos a taxa de desemprego americana está ao redor de 9%, patamar considerado alto pelo próprio governo.
A situação é agravada pelo cenário externo, em um momento em que a crise nos países da zona do euro ameaça contagiar outros mercados.
A economia e o desemprego são considerados prioridades para os eleitores americanos e vêm ganhando cada vez mais atenção na campanha para a eleição de 2012, na qual o presidente Barack Obama tentará conquistar um segundo mandato.
"A força econômica dos Estados Unidos e a nossa liderança global são um mesmo pacote", disse Hillary.
Segundo a secretária, os Estados Unidos precisam se preparar para liderar em um mundo no qual a segurança é definida tanto nos campos de batalha quanto nas salas de reunião e nas bolsas de valores.

China

"Potências emergentes como a Índia e o Brasil colocam a economia no centro de sua política externa. "
Hillary Clinton, secretária de Estado americana
Na semana em que o Senado aprovou um projeto de lei com o objetivo de aumentar a pressão para que a China valorize sua moeda, Hillary voltou a tocar no tema.
"A política cambial da China custa empregos americanos, mas também custa empregos brasileiros, alemães", disse a secretária, repetindo uma crítica constante feita pelo governo americano ao parceiro asiático.
Os Estados Unidos acusam a China de manter sua moeda, o yuan, artificialmente desvalorizada, ganhando assim maior competitividade para suas exportações, que ficam mais baratas do que a de países que não recorrem à prática.
A proposta aprovada pelo Senado dá aos Estados Unidos o poder de impor tarifas maiores a produtos importados de países que subsidiam suas exportações ao manter suas moedas desvalorizadas, mas ela ainda não tem previsão de aprovação na Câmara.

Em meio a pessimismo, EUA são palco de novos protestos

Alessandra Corrêa
Atualizado em  15 de outubro, 2011 - 07:20 (Brasília) 10:20 GMT
Manifestante se prepara para dormir em parque próximo a Wall Street, entre sexta e sábado (Reuters)
Onda de protestos nos EUA começou em Nova York, em ruas próximas a Wall Street
Um mês depois do início do movimento batizado de "Ocupe Wall Street", em Nova York, crescem nos Estados Unidos os protestos contra o alto índice de desemprego e o agravamento da situação econômica do país.
Neste sábado – um dia depois de a pesquisa mais recente sobre o índice de confiança do consumidor americano revelar uma queda a níveis comparáveis ao de períodos de recessão – o descontentamento dos americanos será visto nas ruas de Washington em pelo menos quatro protestos.
O principal deles, a "Marcha por Empregos e Justiça", é organizado pelo reverendo Al Sharpton, conhecido ativista de direitos civis, radialista e fundador da organização National Action Network (Rede de Ação Nacional).
"No momento em que abordamos questões como a ganância corporativa, uma crescente desigualdade de renda, falta de empregos e acesso desigual na sociedade, nós iremos marchar pelo nosso futuro coletivo", escreveu Sharpton em um artigo publicado pela imprensa americana nesta semana.
A marcha deverá percorrer as ruas da capital até o monumento em homenagem ao líder do movimento de direitos civis Martin Luther King Jr, que será inaugurado oficialmente no domingo.
No meio do caminho, os manifestantes deverão se reunir a uma outra demonstração, a "Marcha pela Democracia", organizada pelo prefeito de Washington, Vincent Gray.
Outros dois movimentos, o "Ocupe DC" (sigla para Distrito de Colúmbia, que é como os americanos comumente se referem à capital), inspirado no similar nova-iorquino, e o "Outubro 2011", já ocupam as ruas de Washington há vários dias e também farão demonstrações neste sábado.

Movimento

"No momento em que abordamos questões como a ganância corporativa, uma crescente desigualdade de renda, falta de empregos e acesso desigual na sociedade, nós iremos marchar pelo nosso futuro coletivo"
Reverendo Al Sharpton, ativista, em artigo publicado pela imprensa americana
O pioneiro da onda recente de manifestações nasceu em Nova York com um grupo de jovens que resolveu acampar perto de Wall Street para protestar contra o desemprego, as grandes corporações e a desigualdade na sociedade americana.
Desde então, o movimento vem ganhando adeptos em todas as classes e faixas etárias e, depois de se espalhar pelo território americano, já inspira protestos semelhantes em diversos países, que também ganharam as manchetes neste sábado.
Somente neste fim de semana, dezenas de demonstrações já estão sendo realizadas em cidades americanas e no exterior. Há eventos programados no Canadá, na América Latina, na Europa, na Ásia e na África.
A marcha organizada por Sharpton não foi inspirada diretamente pelo movimento em Nova York. A demonstração estava originalmente prevista para agosto, mas acabou adiada em razão da passagem do furacão Irene pela cidade.
O reverendo, porém, é uma presença constante acampamento no Parque Zuccotti, onde estão concentrados os ativistas nova-iorquinos, e chegou a transmitir seu programa de rádio diretamente de lá.
Sem liderança central ou um conjunto de propostas bem definido, os manifestantes em todos esses protestos têm em comum a insatisfação com os rumos da economia nos Estados Unidos e com o que consideram falta de ação da classe política em representar e defender os interesses da população, e não das grandes corporações.
Eles se definem como os "99%", em oposição à minoria de 1% que controla a maior parte da riqueza do país. Reclamam que, enquanto o governo gastou bilhões para salvar as grandes corporações financeiras no auge da crise econômica mundial, a classe média foi deixada de lado.

Comparações

Os protestos surgidos no último mês nos Estados Unidos já foram comparados aos levantes da Primavera Árabe – que desde o início do ano se espalharam por países do Oriente Médio e do norte da África –, aos "indignados" da Espanha e até mesmo ao Tea Party, movimento surgido há alguns anos que reúne diversos grupos conservadores americanos com uma bandeira de defesa da redução da presença do governo.
Alguns analistas comparam o momento atual com a década de 30, quando a Grande Depressão gerou uma onda de greves e protestos.
'Salve a América da gânancia corporativa', diz manifestante em Chicago
Manifestantes se queixam do dinheiro gasto para salvar as grandes corporações
"Os paralelos entre 1930 e hoje são impressionantes", escreveu o professor Sidney Tarrow, da Universidade de Cornell, em um artigo na revista Foreign Affairs.
"A economia mergulhou em níveis históricos de desemprego e dificuldades. A crise econômica novamente é global, forças de obscurantismo e reação estão em movimento (vide as leis anti-imigração aprovadas recentemente no Arizona e no Alabama) e os legisladores estão exigindo reduções selvagens de gastos", afirma Tarrow.
As manifestações atuais surgiram em um momento em que os Estados Unidos enfrentam um temor cada vez maior de nova recessão, e as divisões políticas em Washington parecem impossibilitar uma solução para os problemas econômicos.
O país tem níveis recordes de deficit e dívida pública, e o crescimento econômico se arrasta há meses em um ritmo insuficiente para recuperar os empregos perdidos durante a recessão.
Há mais de dois anos a taxa de desemprego gira em torno de 9%, nível considerado alto por economistas e pelo governo. Entre jovens de 16 a 19 anos, o índice chega a 24,6%.
Calcula-se que haja 14 milhões de desempregados nos Estados Unidos, número que pode ser maior, já que as estatísticas não levam em conta pessoas que simplesmente desistiram de procurar emprego.

Confiança

A crescente frustração dos americanos, muitas vezes mencionada pelo presidente Barack Obama e por outros membros do governo, é visível em alguns indicadores recentes.
Na sexta-feira, dados preliminares do índice de confiança do consumidor de outubro, calculado pela Reuters e pela Universidade de Michigan, mostravam queda de 1,9 ponto percentual, para 57,5%.
Segundo o economista Chris Christopher, da consultoria IHS Global Insight, o nível é o de um período de recessão. O analista observa que o desencanto dos americanos cresceu em meio ao impasse no Congresso nas negociações para elevar o teto da dívida pública – que quase levaram a um calote, evitado por um acordo de última hora no início de agosto.
"Se o movimento realmente se mantiver e crescer, obviamente poderá forçar a Casa Branca ou o Congresso a tomar novas medidas, e pode até se transformar em um ponto importante de disputa durante o ciclo da próxima eleição"
Analistas Michael Hardt e Antonio Negri, em artigo na revista 'Foreign Affairs'
Após uma leve melhora no mês seguinte, a confiança dos americanos voltou a cair, sob o impacto da atual crise nos países da zona do euro, que ameaça contaminar a economia global, diz Christopher.
Em meio a esse cenário, analistas afirmam que o movimento iniciado com o "Ocupe Wall Street" pode continuar a crescer e ganhar maior impacto, inclusive nas eleições de 2012, nas quais Obama buscará um segundo mandato.
"Se o movimento realmente se mantiver e crescer, obviamente poderá forçar a Casa Branca ou o Congresso a tomar novas medidas, e pode até se transformar em um ponto importante de disputa durante o ciclo da próxima eleição", dizem os analistas Michael Hardt e Antonio Negri, em artigo na Foreign Affairs.
No entanto, eles observam que o resgate às instituições financeiras, tão criticado pelos manifestantes, é obra tanto do governo de Obama quanto do de seu antecessor, George W. Bush.
"A falta de representação (política) ressaltada pelos protestos se aplica a ambos os partidos", dizem os analistas.

"Contra o poder financeiro, político, militar e midiático"

 
 *OCUPAR A AGENDA DA CRISE** POLITIZAR A ECONOMIA** AMPLIAR A DEMOCRACIA**  82 países apoiam a marcha deste sábado,dia 15, pelo fim da ordem neoliberal
 
** o que está em jogo: assista 'Inside Job' ( http://vimeo.com/25278394) e a  convocatória dos indignados espanhóis: http://15october.net/where/ 
 
* *LULA : o discurso emocionado ao receber o Prêmio World Food Prize, dia 12, nos EUA ** o vídeo na íntegra:  http://www.youtube.com/watch?v=LT0j9AN6T-A&feature=player_embedded
 
**a maior greve bancária em 20 anos entra no seu 18º dia com mais de 9.100 agencias paradas, 46% da rede brasileira
 
** banqueiros  voltam a negociar e elevam a proposta de reajuste para 9%
 
**BRESSER PEREIRA: 'governo deve administrar com mão de ferro o setor financeiro' (leia entrevista  exclusiva a Maria Inês Nassif; nesta pág)
 
**dia 18/10: 'Ocupe o Copom': manifesto pela queda dos juros une CUT, Fiesp, Abimaq, metalúrgicos,   economistas** informações e adesões:  http://www.brasilcomjurosbaixos.com.br/
  

Brasileiros aderem a chamado de mobilização global dia 15

 

Chamados a participar de uma mobilização mundial contra modelo econômico-político dominante, jovens brasileiros resolveram aderir e adaptar os eixos internacionais à realidade do país. A convocatória veio da Espanha, dos movimentos que levantaram a bandeira da “democracia real já” e protestam contra os efeitos da crise econômica. Pelo menos 42 cidades brasileiras devem particiar da mobilização global neste sábado.

Chamados a participar de uma mobilização mundial, jovens brasileiros resolveram aderir e adaptar os eixos internacionais à realidade do país. A convocatória veio da Espanha, dos movimentos que levantaram a bandeira da “democracia real já” e protestam contra os efeitos da crise econômica. Os protestos também se referenciam em movimentos de outros locais como Grécia, Chile, Estados Unidos e países do Oriente Médio, que de maneiras distintas estão realizando manifestações massivas.

Segundo o site http://15october.net/es/, atividades públicas já
foram marcadas neste dia em 951 cidades de 82 países de todos os continentes. De maneira genérica, a mobilização global centra fogo no que parece coincidir em vários desses levantes: a crítica aos regimes políticos e ao modelo econômico.

“Unidos em uma só voz, faremos saber aos políticos e às elites financeiras a quem eles servem, que agora somos nós, as pessoas, quem decidiremos nosso futuro”, afirma o chamado. E completa: as pessoas não são “mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros”, e estes, por sua vez, não os representam.

No Brasil
A partir de uma garimpagem na internet, é possível descobrir as cidades brasileiras que planejam atividades. O site http://www.cartamaior.com.br/templates/www.democraciarealbrasil.org/ aponta 41 locais com eventos divulgados no site do Facebook. O número de pessoas confirmadas, apesar da pouca precisão desta fonte de informação, passa de 11 mil.

Cada cidade está organizando de maneira independente suas mobilizações. Em São Paulo, o grupo que está se reunindo há quase um mês anunciou um acampamento no Vale do Anhangabaú. Está prevista a concentração a partir das 10 horas do sábado, seguida de uma passeata até o local de instalação das barracas. Lá, ocorrerão grupos de discussão sobre educação, meio ambiente, saúde e transporte, debates com o tema “o que é democracia real”, atividades culturais e assembleias organizativas.

O manifesto paulista, além de situar os levantes no mundo, critica a desigualdade social como “principal marca deste país, desde que ele existe como tal”. O material também afirma que o movimento é auto-organizado, autofinanciado, autônomo de empresas, Estado, governos e partidos políticos, apesar de contar com participantes de algumas organizações.

As bandeiras elencadas refletem também as manifestações ocorridas durante todo o ano. A quantidade de vezes que esses movimentos saíram às ruas demonstra algumas mudanças também no cenário nacional. Só em 2011 foram realizadas marchas contra o aumento das passagens de ônibus, do dia internacional de luta da mulher, contra a homofobia, da maconha, da liberdade, das vadias, contra Belo Monte, contra o novo Código Florestal, da consciência negra, contra corrupção, do Fora Ricardo Teixeira, entre outras. A maioria delas aconteceu em 10 cidades, sendo que se chegou a atingir 40 locais diferentes, com números de participantes acima do que não se via há algum tempo.

As ocupações também foram instrumentos mobilizadores. Em São Paulo, a ocupação da Fundação Nacional das Artes (Funarte), com o lema “é hora de perder a paciência” se destacou. Por pautas específicas e pelo investimento de 10% do PIB para educação pública, o movimento estudantil realizou ocupações de reitorias na onda das greves dos técnico-administrativos na UFPR, UEM, UFSM, UFSC, UFRB, UFAL, UFMT, UnB, UFES, UFRGS, UFAM, UFRJ, UFF, com conquistas pontuais. No sindicalismo, algumas outras categorias como trabalhadores da construção civil, do Correios e bancários também fizeram grandes greves.

As organizações políticas, os protagonistas e as pautas de todas essas mobilizações não estão concentradas em um único programa. O 15 de outubro é, no entanto, uma evidência que mesmo diante das incertezas dos desdobramentos da crise econômica mundial, parte da população está se organizando para buscar respostas coletivas, nas ruas.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Higienismo em SP, capítulo dois

Redação Carta Capital 14 de outubro de 2011 às 15:53h
Depois do episódio do metrô em Higienópolis, no qual moradores do bairro paulistano lutaram contra a construção de uma estação de metrô na região com o intuito de afastar “gente diferenciada” (entenda-se “pobres”), um novo capítulo higienista começa a ser escrito em São Paulo. “É de provocar inveja a qualquer higienista social do Terceiro Reich a demonstração de tal insensibilidade”. A declaração é do promotor público Maurício Antonio Ribeiro Lopes, dada ao jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira (14), sobre um abaixo-assinado entregue esta semana no Ministério Público por comerciantes e moradores do bairro de Pinheiros, de classe média. Os moradores pedem a manutenção do endereço do albergue Cor da Prefeitura, que abriga pessoas em situação de rua, onde está atualmente, em uma região considerada por eles como menos nobre do bairro.
Com a mudança da Rua Cardeal Arcoverde, 1968, para um outro trecho do mesmo endereço, o 3041, o governo municipal quer oferecer melhores condições para o funcionamento do centro, que terá, no novo prédio, mais quartos. Mas a mudança para o local entre as ruas Simão Álvares e Deputado Lacerda Franco, alvoroçou os ânimos dos moradores dessa área. A iniciativa reuniu 1.200 assinaturas contra a mudança, mas teve um efeito contrário no promotor que recebeu o pedido que chegou a compará-la às tomadas pela Alemanha Nazista.
No pedido, os moradores alegam que com a chegada do albergue “o comércio possivelmente não vai sobreviver, uma vez que a população local será acuada em suas residências e os visitantes de outros bairros vão nos trocar por centros comerciais mais tranquilos”. Eles afirmam não terem sido consultados sobre a abertura do albergue e que “a decisão foi tomada sem a prévia consulta com as Associações de Moradores e Comerciantes do Bairro”.
Num outro trecho, dizem que mesmo que o “efetivo da polícia dobre,vai ser difícil acabar com a insegurança (pois já temos históricos na própria rua Simão Álvares de ataques de cachorros de moradores de rua em crianças e idosos, com BO registrado)”.
Os moradores ainda temem que durante o dia esses moradores se espalhem pelos arredores do bairro de Pinheiros e Vila Madalena.
O promotor Ribeiro Lopes indeferiu o pedido e enviou os nomes de seis pessoas que assinaram a petição para a Delegacia de Polícia Especializada em Crimes Raciais de Delitos de Intolerância. Eles serão investigados por intolerância social, prevista na Constituição (art. 5.º, inciso 41). “Esse pedido é muito revoltante”, disse ele nesta quinta-feira 13 à reportagem do Estadão.
Ao negar a solicitação por meio de um documento, Lopes afirma que a representação “não merece qualquer consideração jurídica por seu cunho estritamente discriminatório, segregacionista”.
Ele diz ainda que “alegar-se que a população fica acuada em suas residências pela instalação do albergue para moradores de rua revela completa perda de referências éticos e legais.”
O promotor compara essa atitude ao protesto dos moradores de Higienópolis contra a instalação do metrô. “Não faz muito e vimos parcelas da mesma aristocracia amaldiçoando a chegada do Metro a Higienópolis. Agora é a vez do albergue de Pinheiros. Se não fizermos nada, um dia impedirão que chegue água, energia elétrica, asfalto a outros bairros da cidade”.

Veruska, segue a versão do Jean

Eu e meu amigo Bruno Bemfica estavamos quase na esquina da Av Paulista com a Rua da Consolação com o meu cartaz informando o valor pago pelo governo de SP à imprensa sem licitação, até que a jornalista da Rede Globo, parou ao meu lado para gravar uma parte da matéria falando da manifestação. 

Em momento nenhum eu e meu amigo interferimos no trabalho dela, em momento nenhum, falamos com ela, apenas fomos atrás dela, onde a câmera conseguisse filmar o cartaz, ainda nos preocupamos em manter uma certa distancia justamente para não atrapalhar o trabalho da Veruska Donato.

Porém para nossa “surpresa”, o câmera (com certeza após ler o que estava escrito no cartaz) parou de gravar e a jornalista começou a dar “piti” com a gente! Falando de forma áspera para que não atrapalhássemos o trabalho dela.

Nisso eu disse que eu não estava atrapalhando ela, afinal nem tinha falado com ela, só queria fazer o meu protesto, então ela disse “Eu não sou obrigada a te filmar!” e eu respondi “E eu não sou obrigado a ter o meu dinheiro indo para o bolso da sua empresa!”.

Foi nesse momento que ela “perdeu a linha”, saiu a andando e falando que ela queria respeito, pois estava trabalhando (ela e a equipe) desde as 4 da manhã entre outras coisas que não consegui ouvir, mas dava pra ver que ela saiu resmungando algo e brigando com a gente!

Nisso, eu falei sim sobre a emissora dela, falei que eles não poderiam mostrar o meu cartaz, pois era contra os que eles (Globo) protegem e que não poderiam perder a “boquinha” do cliente preferencial e que o chefe dela (Ali Kamel) com certeza não iria gostar dela ter deixado filmar um cartaz daquele.

Ela foi para a Rua da Consolação e eu continuei na Paulista mostrando meu cartaz para os que passavam. Alguns minutos depois ela passou por nós de novo e foi gravar em outro lugar certificando-se que estava longe de nós!
Jean Fabio Bussaglia
Comentário: Quando o repórter sai da redação com uma tese pronta no "aquário", fica difícil ouvir a voz do povo. E outra, se ela simplesmente tivesse filmado o cartaz do Jean e informado os chefes que precisou fazer isso, para evitar problemas para ela e sua equipe, duvido que seria retaliada. Afinal, estava numa manifestação pública onde - em tese - o público se manifesta (contra ou a favor). Simples assim. 

TV Beto Richa censura discurso de Dilma.“NOTA DE REPÚDIO DO PT DE CURITIBA




O PT de Curitiba repudia veementemente a forma discriminatória como a TV Educativa do Paraná transmitiu ontem a solenidade em que a Presidenta da República, Dilma Rousseff, anunciou a destinação de R$ 1 bilhão do governo federal a fundo perdido e mais R$ 750 milhões em empréstimos à prefeitura de Curitiba para a construção do metrô. De acordo com as notas “Aqui quem canta de galo… 1 e 2”, publicadas pelo colunista Reinaldo Bessa, na edição de hoje da Gazeta do Povo, a TV pública do Estado do Paraná tirou do ar de forma deliberada os pronunciamentos do ministro das Cidades, Mario Negromonte, e da presidenta Dilma.

Temos muito orgulho dos governos petistas de Lula e Dilma, pautados pela ação republicana, pelo compromisso com a qualidade de vida da população e pelo foco em projetos prioritários para alavancar o desenvolvimento econômico com inclusão social, levando recursos e benefícios a todos os cantos do país, independentemente do partido do governador ou do prefeito de plantão. Por isso, nos indigna o comportamento imaturo e antidemocrático que motivou a censura na transmissão da TV Educativa do Paraná. Entendemos que esse tipo de atitude não seja gratuita e nem tão pouco aconteça sem uma “ordem vinda de cima”.

O dia de ontem, em que o governo federal assumiu, pelo PAC da Mobilidade, bancar, enfim, a realização da obra do metrô em Curitiba foi um marco histórico e, portanto, inesquecível. Mas a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Estado do Paraná fizeram de tudo ao seu alcance para apagar o brilho de uma festa que deveria celebrar a conquista popular. O PT de Curitiba defendia que o evento acontecesse em espaço adequado e que favorecesse a participação da população curitibana, real beneficiária desse grandioso empreendimento. Além do espaço físico ser inadequado ao porte da solenidade, vimos uma imprensa espremida e sem condições de realizar plenamente o seu trabalho de cobertura jornalística e, até minutos antes da presidenta entrar no salão, o cerimonial enxugava as cadeiras molhadas por goteiras existentes no teto do Salão de Atos do Parque Barigui. Essa receptividade inadequada evidenciou uma profunda falta de respeito e má vontade por parte das autoridades locais, que cerceou também a participação do cidadão. Tudo muito lamentável!

O PT de Curitiba quer saber de onde partiu a ordem para a censura que se viu na transmissão da TV Educativa do Paraná e exige explicações da direção da emissora. Também repudiamos o uso político e “pequeno” da concessão pública, voltada ao interesse próprio do governador do Paraná e em benefício de poucos. Isso é antidemocrático e vergonhoso para o nosso estado!

Curitiba-PR, 14 de outubro de 2011.
Roseli Isidoro
Presidenta do Diretório Municipal do PT de Curitiba”

Leia mais em: O Esquerdopata
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Perillo por trás da "marcha contra a corrupção" usando ONG. Tem caixa-2 no rolo?Turma do mensalão do DEM infiltrada na "marcha contra corrupção" de Brasília

  Em primeira-mão no Blog Os Amigos do Presidente Lula em 14/10/2011 as 5:00hs 

O povo quer saber se tem Caixa-2 de campanha financiando a "marcha contra a corrupção".

Em Goiânia, a marcha teve no comando o ex-deputado estadual Leandro Sena (PRTB/GO), atual Assessor Especial do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB/GO).

Assesor Especial do governador Marconi Perillo (PSDB), o ex-deputado Leandro Sena (PRTB) comanda a marcha em Goiânia com a máquina de sua ONG. A TV Globo de Goiânia o está entrevistando, mas não levou ao ar a entrevista, dando a entender que seria "apartidária".
Ex-deputado (segurando a faixa "Ética Já", levada por sua ONG) domina a comissão de frente da passeata. À direita se vê a faixa identificando a ONG+AÇÃO dele.
Vídeo da campanha 2010, com comício de Marconi com Leandro Sena:






Sena mobilizou a máquina de sua ONG +Ação, para colocar um caminhão de trio-elétrico na rua, e levar manifestantes, devidamente uniformizados e com cartazes e fazendo panfletagem.
Sena e dois ajudantes preparam o trio-elétrico, com estrutura de campanha eleitoral.
Arregimentados preparam para sair da ONG rumo à marcha.

Ex-deputado discursa, usando a sonorização de seu trio-elétrico.

Tudo exatamente como em uma campanha eleitoral. Agora o povo quer saber, com que dinheiro foi feito isso? Foi o governo tucano de Perillo quem repassou dinheiro público para a ONG pagar a conta?

Cadê a transparência pedida nos cartazes? Quem luta para acabar com voto secreto, não pode esconder o patrocinador secreto.

Vamos acabar com o voto secreto sim, mas de nada adianta se não acabar com os CORRUPTORES e CORRUPTOS secretos.

E além disso, cadê o "apartidarismo"? Essa marcha foi uma passeata tucana. Quer fazer, que façam, todo mundo é livre para se expressar, mas não se escondam igual os deputados escondem o voto secreto.

Assim já virou esculacho. Será que já tem corrupção e caixa-2 até na marcha contra a corrupção?

E será que é só em Goiânia? A marcha de Brasília teve estrutura de grandes campanhas políticas profissionais para nenhum José Roberto Arruda, Joaquim Roriz, Paulo Octávio, Luiz Estevão botar defeito. Cadê a transparência? Quem está pagando ou fornecendo a infra-estrutura, com grandes trio-elétricos e farta distribuição de camisetas?

Vale a pena ver de novo:
Marconi Perillo contra a corrupção só pode ser piada

Além disso, o governador Marconi Perillo (PSDB), falar em ser "contra a corrupção" só pode ser piada (e de mau-gosto). Dono de extensa folha corrida de processos em curso, já tem contra si as seguintes denúncias do Procurador Geral da República:

- Formação de quadrilha
- Peculato
- Caixa Dois
- Uso da máquina pública
- Utilização de notas frias
- Laranjas para fraudar a eleição de 2006





Leia também:

- Governo flagra tucano e uso de laranjas na partilha de emendas

- Marconi Perillo (PSDB) é investigado no STF por ter recebido R$ 2 mi de propina

- MP aciona Marconi Perillo para devolver R$ 11 milhões aos cofres públicos

- MP investiga rombo de primo do senador Marconi Perillo (PSDB-GO), em contratos na Saúde da gestão José Serra (PSDB)
  Em primeira-mão no Blog Os Amigos do Presidente Lula em 14/10/2011 as 11:31hs  

O ex-senador pelo DEM do Distrito Federal, Adelmir Santana, está apoiando a "marcha contra a corrupção" em Brasília:

http://www.senacdf.com.br/portal/index.php/clipping/516-sistema-fecomercio-df-contra-a-corrupcao

Adelmir Santana e o companheiro de partido José Roberto Arruda, antes do Mensalão do DEM vir a público

Ele assumiu o senado em 2007, na suplência de Paulo Octávio (ex-DEMos/DF), quando este foi eleito vice-governador de José Roberto Arruda (ex-DEMos-DF). Arruda e Octávio renunciaram para não serem cassados, devido ao Mensalão do DEM.

Adelmir Santana também foi um dos beneficiados dos chamados atos secretos do Senado.

Em 2010, após a operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, Santana concorreu a deputado federal, mas perdeu, ficando com a segunda suplência.

Agora ele é presidente da FECOMÉRCIO-DF (Federação do Comércio, ou seja, dos sindicatos dos donos de empresas do comércio), e está dando apoio à "marcha contra a corrupção".

Bem que eu achei que tinha "panetone" demais na infra-estrutura da marcha em Brasília, para o cacife de internautas "apartidários".
Adelmir Santana, Joaquim Roriz e José Roberto Arruda, quando eram todos aliados.

Globo dá desculpa esfarrapada para multidinha.A sociologia James Brown d’O Globo


Por que a multidinha da Globo poupa o Mr. Teixeira ?

Saiu no Tijolaço, de Fernando Brito:
Que os editoriais de O Globo ataquem o Governo, nenhuma novidade. Que se apresente como paladino da moral e dos bons costumes políticos, também nenhuma novidade, porque não lhes cora o rosto terem crescido sob o manto de uma ditadura que cobriu a Globo como quem sombreia um cogumelo para que este viceje .

Mas hoje, a pretexto de apoiar as manifestação anticorrupção como efeito da inflação, do aumento de impostos (quais?) e, claro, do governo eleito pelo povo, baixa-lhe o espírito de James Brown (que sua memória me perdoe)  e saca uma explicação para a esqualidez destas atos, que são – malgrado boas intenções de alguns de seus participantes – nitidamente insuflados pela oposição e pela mídia.

Diz que é o “feel good factor”.

Ou seja, o povo não vai porque está se sentindo bem, porque “país continua crescendo, o desemprego está em níveis ainda suportáveis, os programas assistenciais atenuam a miséria”.

Claro, bom mesmo era no governo FHC, que O Globo apoiou de forma militante, quando a máxima era mais para o “I’m bad” do Michael Jackson, e o país não estava crescendo, o desemprego estava nas alturas e os programas sociais eram de dimensão muitíssimo menor.

Vejam que tipo de credibilidade pode ter um jornal que diz que”o desemprego está em níveis ainda suportáveis” quando o último dado do IBGE mostra o menor desemprego da história? Um jornal que vibra a cada má notícia e que até as cria, quando elas não existem?

Mas sejamos justos, não age assim contra o governo brasileiro, apenas. Na mesma edição, outro editorial só falta chamar os argentinos de “otários” por estarem dando esmagadora maioria para Cristina Kirchner nas pesquisas eleitorais.

Seria, dizem, resultado do clima de ficção construído por uma mídia oficialista e alerta que com a nacionalização de uma fábrica de papel, a presidenta argentina teria “a faca e o queijo na mão para arroxar ( sic, com xis mesmo, ai, ai…) a imprensa crítica e premiar os amigos”.

Quem sabe la Kirchner vai distribuir também umas emissoras de televisão para os amigos do regime, não é? Poderia perguntar às Organizações Globo como isso se faz e aproveitar a experiencia que tiveram com a ditadura brasileira…

Em tempo: a ilustração é uma singela homenagem do Adilson Filho ao repórter Andrew Jennings, da BBC, que tem a mania de perguntar: Mr. Teixeira, did you accept the bribe ?

Lula: “Governantes precisam aprender a lutar pela vida, e não pela morte”

Redação Conversa Afiada

Será que agora o FHC vai cortar os pulsos ?

Saiu no Viomundo:

Lula: “Governantes precisam aprender a lutar pela vida, e não pela morte”

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nessa quinta-feira, 13 de outubro, nos EUA, o World Food Prize, um reconhecimento aos esforços do seu governo no combate à fome e à pobreza no Brasil. O ex-presidente de Gana, John Agyekum Kufuor, também foi premiado pelo trabalho realizado em seu país.


O World Food Prize foi criado pelo cientista e prêmio Nobel da Paz de 1970 Norman E. Borlaug, um dos principais responsáveis pela “revolução verde” que aumentou a produção de alimentos no planeta. Ele premia pessoas que deram contribuições significativas para melhorar a qualidade, quantidade ou acesso aos alimentos no mundo. Após 25 anos de existência, essa é a primeira vez em que são premiados governantes que tiveram atuação de destaque na redução da fome e pobreza em seus países.

A “intolerância” da Senzala





tem foi um daqueles dias em que é requerida ao extremo dos extremos a experiência que ganhei nesses anos todos como blogueiro. Nesse período, aprendi a conviver com chuvas de elogios e de insultos simultâneos, sabedor de que amor e ódio fazem parte do pacote que se compra ao criar um fórum de discussões políticas como este. .
Aliás, a experiência deste blogueiro no trato com centenas e até milhares de comentaristas de seus textos vem de longe, mais precisamente do fim do século XX, no início dos anos 1990, quando passei a escrever cartas para jornais, mais especificamente ainda para o jornal O Estado de São Paulo.
Desde aquela época, há quase vinte anos, aprendi que, na política – ou meramente no debate sobre ela –, para cada elogio há um insulto. Então, ainda enviava cartas por fax para o jornal. Como  já tinha as opiniões que tenho hoje, em vez de os descontentes virem me “trollar” na internet ligavam para minha casa –  e não, não havia identificador de chamadas naquele tempo.
Criticava a direita ou defendia idéias de esquerda em minhas cartas ao Estadão e, ao serem publicadas, leitores que divergiam procuravam meu nome na lista telefônica e ligavam para a minha casa fazendo até ameaças de morte. Acredite quem quiser.
Em 1992, aliás, ocorreu um fato do qual jamais esquecerei. A  minha filha do meio, então com  seis  anos, ficou vários minutos ouvindo palavrões ao telefone, pois minha mulher não a  viu atender à ligação de um desses dementes que, ao perceber que uma criança atendera, decidiu desforrar nela a raiva que meu texto lhe causara.
A menina chorou um tempão, assustada. E minha mulher, indignada, exigiu que eu parasse com aquela “idiotice” de escrever naquele “jornal de doentes mentais”. Como se sabe hoje, não consegui atendê-la.
Era um tempo novo para o Brasil. A direita ainda não estava acostumada a que “comunistas” se expressassem livremente como hoje. Naquele tempo, os donos da comunicação – os barões da mídia e os que pensavam como eles – escandalizavam-se com opiniões divergentes, após os longos anos da ditadura em que só eles podiam se manifestar na mídia ou em qualquer parte.
Sabemos que não é fácil entabular diálogo com a reação brasileira – aliás, com a de qualquer parte –, de sorte que não é raro que aquela relação político-ideológica de Casa Grande e Senzala se manifeste ainda hoje, com reacionários escandalizados ao verem “comunistas” dizerem o que pensam como se tivessem o direito à mesma liberdade de expressão.
A mera leitura da caixa de comentários deste blog dá uma idéia de como, a cada dia, a corrente de centro-esquerda que apóia o projeto de país em vigência ainda tem que se afirmar em uma sociedade em que alguns pensam ser mais iguais do que outros até no debate político. Isso sem falar nos maníacos que encasquetam com a gente e não nos largam mais do pé.
Esquerda e direita, no Brasil, emulam o conceito de Casa Grande e Senzala político-ideológicas, pois a direita, que oprimiu pela força a esquerda ontem, ainda hoje acredita que pode engrossar a voz e cerrar os punhos com quem pensa diferente. E a esquerda, que ainda traz no corpo as cicatrizes do reinado de terror destro, pode passar do ponto ao reagir.
Nesse aspecto, dois textos que publico a seguir merecem reflexão. Apesar de, a meu ver, ambos conterem certa dose de injustiça, contêm algo de verdade. Nessa luta renhida contra o tacão desses setores da sociedade que a dominaram como quiseram por tanto tempo – calando, prendendo, torturando e matando –, pode-se cometer excessos, sim.
Leiam, a seguir, comentário que o eminente filósofo professor Renato Janine Ribeiro postou ontem neste blog, no post em que reporto a “marcha contra a corrupção” que aconteceu em São Paulo quarta-feira. Em seguida, reproduzo post do blog de Luis Nassif em que um seu leitor acusa este blogueiro e outros de “intolerância”.  Após os textos, um comentário final.
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Caro Eduardo,
parabéns pelo trabalho de campo. Mas acho que não podemos deixar uma importante causa, a da luta contra a corrupção, em mãos da direita. É praticamente tudo o que lhe restou (veja a declaração praticamente vazia de Aécio, domingo, no Estadão: nenhuma ideia!).
Se a direita tivesse uma proposta para o Brasil, não precisava difamar. Agora, há muita gente boa, decente, que viu no PT – até 2003 – uma esperança para o Brasil e se decepcionou com uma certa leniência do presidente Lula com os corruptos.
Sei que ninguém governa o Brasil sem se aliar com o joio. Sei que os mesmos nomes se aliaram a Collor, FHC e Lula. Portanto, não é uma culpa só do PT nem de Lula. Mas, se não fizermos uma luta clara contra a corrupção, entraremos na mesma Realpolitik que o PT jovem, ingênuo, puro, puritano (chame-se como se quiser), rejeitava.
Creio que recuperar essas qualidades, agora com o amadurecimento que o tempo no poder permite, é importante. Isso se chama lutar no campo do adversário. Recusar-se a deixar-lhe bandeiras, como a da luta contra a corrupção, que não podem ser só deles.
Um abraço,
Renato Janine Ribeiro
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Do blog de Luis Nassif
A Intolerância na Blogosfera
Por Adjutor Alvim
Os veículos de comunicação, também incluídos os blogs independentes, tem feito críticas às passeatas contra a corrupção. Neste momento, não quero entrar no mérito das passeadas em si, mas gostaria de analisar alguns outros aspectos dessas críticas.
Um dos aspectos é a intolerância que também está tomando força nos blogs de esquerda. Isto seria de se esperar nos blogs do Azenha, PH Amorim, Edu Guimarães que se proclamam de esquerda e, mesmo que involuntariamente, incentivam os comentaristas a se sentirem participantes de um time que vê quem não pensa igual como adversário.
(…)
Qual é o problema deste clima de Fla-Flu? Primeiro, torna-se impossível discutir em torno de idéias quando os argumentos governistas e a visão de esquerda tornam-se dogmas que não devem ser questionados, mas simplesmente apoiados. Não há troca de conhecimento, mas simplesmente discussões estéreis que não alteram o pensar de quem participa. Para que discutir se eu não estou disposto a mudar meu pensamento? Qual o sentido de discutir se martelarei minhas idéias sem abrir espaço para, quem sabe, uma troca de paradigma
Segundo, cai-se no erro que a oposição tem cometido desde 2002 e pode render ao PT mais alguns mandatos no governo federal. Passa-se a ignorar o ponto de vista do outro lado e, principalmente, desconsidera-se o contexto que leva determinados grupos sociais a apoiarem uma causa ou corrente de pensamento. Cega-se aos méritos das propostas e realizações concretas do outro lado.
(…)
Acho que este é o erro em que os governistas do executivo, dos partidos da base ou simplesmente simpatizantes não podem incorrer. Esses agentes devem entender que sim, a corrupção no Brasil é um problema sério, lutar para entender suas causas e propor ações concretas para sua diminuição. Não podem menosprezar as manifestações contra a corrupção por que elas significam um extravasar de sentimentos de segmentos da sociedade.
Neste momento, este sentimento pode estar sendo ofuscado pelo progresso econômico e deixado de lado pelo eleitorado, mas quando houver uma retração econômica, esta bandeira pode tornar-se diferencial eleitoral e os governistas podem a ter deixado bem plantada no campo da oposição
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Se o professor Renato e o comentarista Adjutor tivessem visto o que vi, o discurso virulento daquelas pessoas que se manifestaram na quarta-feira pelas ruas de São Paulo, saberiam que se a esquerda tivesse ido lá protestar contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo, por exemplo, poderia haver até violência.
São atos políticos. Vejam que em um momento em que eclode um escândalo envolvendo o PSDB e o governo de São Paulo que pode facilmente ser equiparado ao escândalo do mensalão, em vez de os marchadores “contra a corrupção” irem para diante da Assembléia Legislativa paulista optaram por ir para diante do Teatro Municipal…
Que diálogo pode haver com essa gente?
Claro que, no meio de tudo isso, há, sim, bem-intencionados que estão sendo usados. Na quarta-feira, quando estive na tal “marcha contra a corrupção”, conversei com gente que está absolutamente convencida de que só há corrupção de um lado. Não são como os criadores dessa farsa, que sabem muito bem que selecionam só a corrupção dos adversários.
Todavia, não há forma de diálogo possível. A sincronia entre a oposição demo-tucana, os meios de comunicação e os marchadores contra a corrupção mostra que não darão essa colher de chá para que a esquerda divida consigo a bandeira do combate à corrupção. Essas marchas têm um objetivo, como os próprios autores dos textos supra reproduzidos reconhecem.
No entanto, devo reconhecer que o nível dos debates está muito ruim. Estamos nos deixando levar. É fácil xingar na internet e penso que os dois lados estão perdendo o controle. De minha parte, portanto, tentarei levar o debate para um campo mais produtivo e ignorando provocações, pois estas visam desmoralizar quem cai nelas

O complô “Velozes e Furiosos” para ocupar o Irã

 

O governo dos EUA espera que um mundo crédulo acredite que um vendedor falido de carros no Texas seria selecionado, pelo competente braço da inteligência iraniana, que estaria à procura de alguém com cara de gângster de cartel mexicano de drogas, e lhe atribuiria a tarefa de, por US$1,5 milhão, matar o embaixador saudita em Washington – e, na mesma conversa, prometeria ao cartel mexicano acesso seguro a “toneladas de ópio”. O artigo é de Pepe Escobar.

Aquela Meca da contrarrevolução e do ódio à Primavera Árabe – também conhecida como Casa de Saud – mal pôde acreditar na própria sorte. É Natal em outubro – agora que o governo dos EUA entregou-lhe o presente perfeito: na fala excitada do Procurador Geral dos EUA, “Um complô mortal dirigido por facções do governo iraniano para assassinar um embaixador estrangeiro em solo dos EUA, com bombas.”[2]

O príncipe saudita Turki al-Faisal, ex-embaixador em Washington, ex-chefe do serviço secreto saudita, ex-amigão de Osama bin Laden, não perdeu tempo e já disse, em conferência de imprensa em Londres, que “o peso das provas, nesse caso, é imenso e mostram claramente a responsabilidade de funcionários iranianos. É inaceitável. Alguém no Irã terá de pagar o preço”.[3]

Quer dizer, o “Irã” – o país inteiro – já foi mandado para a guilhotina pelo eixo Washington/Riad, embora, para engolir a notícia, do tipo “rabo abana o cachorro”, de uma “Operação Coalizão Vermelha” (não, vocês não podem imaginar!) seja necessária a suspensão completa da sanidade e do senso racional normal.

A Operação Coalizão Vermelha está centrada num Mansour Arabsiar, 56 anos, vendedor de carros em Corpus Christi, Texas, portador de passaportes iraniano e norte-americano, e num co-conspirador, Gholam Shakuri, dito membro da força Qods do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos [ing. Islamic Revolutionary Guards Corps, IRGC].

O diretor do FBI [United States Federal Bureau of Investigation], Robert Mueller, repetiu que o dito complô teria sido concebido por iranianos; em suas palavras: “parece script de Hollywood”[4]. Pois até essa propaganda de “Velozes e Furiosos” teria ido parar na lata do lixo, em qualquer conferência de imprensa que se desse ao respeito, até em Hollywood.

Mais rápido, muchachos. Matem, matem!

O governo dos EUA espera que um mundo crédulo acredite que um vendedor falido de carros no Texas seria selecionado, pelo competente braço da inteligência iraniana, que estaria à procura de alguém com cara de gângster de cartel mexicano de drogas, e lhe atribuiria a tarefa de, por US$1,5 milhão, matar o embaixador saudita em Washington – e, na mesma conversa, prometeria ao cartel mexicano acesso seguro a “toneladas de ópio”.

O que se sabe com certeza é que, na denúncia oficial [ing. Sealed Amended Complaint] contra Arabsiar e Shakuri, assinada pelo agente especial do FBI Robert Woloszyn, não há absolutamente qualquer referência a qualquer tipo de envolvimento do governo do Irã, de alto nível, ou de qualquer nível[5].

Mas, na narrativa do governo dos EUA, Arabsiar foi tolo o bastante para acreditar no que lhe disse um agente infiltrado da agência antidrogas dos EUA [ing. Drug Enforcement Agency, DEA], que se fazia passar por membro do Zetas, cartel mexicanos de tráfico de drogas. Arabsiar disse a esse agente e seus companheiros que seria sobrinho de um alto funcionário iraniano – e que atuava em nome dos mais altos escalões.

Querem portanto que acreditemos que um general iraniano manda um seu parente rei dos otários, que vende carros no Texas, contratar um cartel de drogas para um complô político – como se a inteligência dos EUA não tivesse como rastrear o pagamento pelo assassinato, até o tal parente, sobretudo depois do caso dos 100 mil dólares enviados para os EUA, ao que se diz, vindos do Irã, para um sujeito já condenado por fraudes com cheques.

Mesmo sem considerar qualquer viés ideológico, qualquer pessoa que conheça o extremo profissionalismo do IRGC e da força Qods logo descartará como absoluto lixo toda essa história – sobretudo se apresentada como parte de uma complexa operação internacional que envolveria o Irã e seu inimigo mortal, os EUA, além do México e da Arábia Saudita. Mas Arabsiar “confessou” tudo – depois de 12 dias de interrogatório ininterrupto (alguém aí pensou em “simulação de afogamento”?).

E há também a questão do alvo escolhido. Segundo o Departamento de Justiça, o complô não visava os EUA. Assim sendo, atacar um embaixador da Casa de Saud – “precioso aliado” – em solo norte-americano só se explica pelo desejo doentio de sangue, típico dos iranianos doidos, suicidários, dedicados a arrastar os EUA a um ataque, nuclear ou de outro tipo.

A ideia de que um cartel mexicano de drogas investiria num complicadíssimo ataque político na capital dos EUA, esperando ganhar sacos de ópio (do Afeganistão “libertado”) também é inverossímil. Mas o quadro muda, se se pensa no que ganhariam os Mujahideen-e-Kalq – organização terrorista fundamentalista dedicada a tentar derrubar a República Islâmica. Ou no que ganharia a al-Qaeda, já espectral e fantasmagórica, se se inventasse uma guerra de três vias, que envolvesse Washington, Teerã e Riad.

Há também a opção israelense, da falsa bandeira. Além de o complô parecer brotado dos sonhos molhados do AIPAC [ing. American Israel Public Affairs Committee] entregue a Holder numa bandeja de prata, nada agradaria mais plenamente ao lobby israelense em Washington e a um sortimento variado de sionistas do que se aliar a causus belli decidido diretamente por Washington, que levasse os EUA a atacar o Irã, seja como for, e sem qualquer envolvimento direto de Israel.

Segundo o mantra oficial, os norte-americanos têm de ser sempre lembrados e relembrados de que o Irã é “ameaça existencial” ao estado judeu. Um atentado contra a vida do embaixador saudita seria perfeito, também, porque explicaria o envolvimento da Casa de Saud, no apoio logístico ao tal ataque ao Irã.

Ainda que se aceite que algum grupo bandido, dentro da força Qods, estaria envolvido numa conexão de tráfico de drogas e pudesse ter algo a ver com o complô, há também a possibilidade de que tudo tivesse sido armado como retaliação-resposta, a recente assassinado predeterminado [ing. targeted assassination] de um dos principais cientistas nucleares iranianos, assassinado no Irã. Mas isso não explica escolher um embaixador saudita, a ser morto em território norte-americano.

Cui bono? A quem o crime beneficia?
Mais uma vez: por que logo agora? O complô já é conhecido, ao que se sabe, há meses. O presidente Barack Obama foi informado em junho. O rei Abdullah foi informado em meados de setembro. Então... por que divulgar agora? O que nos leva de volta aos suspeitos de sempre.

Os neoconservadores. Facções do complexo industrial-militar. A direita, os malditos, imundos, doidos Republicanos e seus operadores na imprensa. O lobby pró-Israel. A Casa de Saud – que agora é pintada como “vítima” dos iranianos “do mal”, quando, de fato, está comandando a mais brutal contrarrevolução, que já destruiu qualquer possibilidade de alguma Primavera Árabe nos países do Golfo, inclusive a invasão e a repressão no Bahrain.

O complô aparece em boa hora, para distrair a atenção, para impedir que a Arábia Saudita seja vista como beneficiária de um multibilionário negócio de venda de armas norte-americanas.Vem em boa hora, também, para ‘limpar’ a imagem do próprio procurador geral. Holder foi envolvido há pouco tempo em outro escândalo monstruoso, quando mentiu sobre a Operação Velozes e Furiosos (não, vocês não podem imaginar!), operação fracassada, de cujo fracasso resultou que nada menos que 1.400 armas norte-americanas de grosso calibre acabaram em mãos de – adivinhem! – cartéis mexicanos do tráfico de drogas. Parece que a franquia “Velozes e Furiosos” é a arma de recreação preferida, em todos os níveis do governo dos EUA.

Washington quer “unir o mundo” contra o Irã (onde “mundo” significa: Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN) e já ameaça denunciar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU – outra vez.

Esperemos pois ansiosamente por mais uma resolução R2P (“responsabilidade de proteger”) apresentada e aprovada na correria, que ordene que a OTAN estabeleça mais zonas aéreas de exclusão sobre o telhado de todos os príncipes da Casa de Saud em todo o planeta. Essa resolução bem pode ser interpretada como autorização à OTAN para bombardear o Irã, até a ‘mudança de regime’. Esse, sim, é script verossímil.

NOTAS
[1] Versão resumida desse artigo foi publicada ontem em Al-Jazeera, em http://english.aljazeera.net/indepth/opinion/2011/10/201110121715573693.html e, em português, em http://outroladodanoticia.com.br/inicial/23505-velozes-e-furiosos1-para-ocupar-o-ira-.html [NTs].

[2] Vê-se o anúncio oficial em http://www.youtube.com/watch?v=X0wVQG0EIbc&feature=player_embedded#! E interessante lista de comentários de internautas sobre aquela fala, em http://www.reddit.com/r/conspiracy/comments/l8v4s/world_war_iii_operation_red_coalition_alleged/ [em inglês]. Um dos comentários diz: “Nosso aliado fascista Pinochet, organizou e executou um assassinato real em Washington, D.C., e os EUA nada fizeram contra. Quem não saiba, veja em http://en.wikipedia.org/wiki/Orlando_Letelier” [NTs].

[3] 12/10/2011, matéria da Reuters, de Londres, em http://af.reuters.com/article/energyOilNews/idAFL5E7LC22520111012 (em inglês).

[4] Vê-se e ouve-se o comentário em http://www.youtube.com/watch?v=oqcI5uFyEGk (em inglês).

[5] O texto pode ser lido, na íntegra, em http://www.emptywheel.net/wp-content/uploads/2011/10/111011-Ababsiar-Amended-Complaint.pdf [em inglês].


Fonte:
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MJ14Ak02.html

Tradução: Coletivo Vila Vudu