Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 26 de março de 2012

BOMBA: GRAVAÇÕES LIGAM O BICHEIRO goiano “cachoeira” AO JORNALISTA POLICARPO JÚNIOR QUE CHEFIA A PUBLICAÇÃO EM BRASÍLIA.

Luis Nassif


BOMBA: GRAVAÇÕES LIGAM O BICHEIRO goiano “cachoeira” AO JORNALISTA POLICARPO JÚNIOR QUE CHEFIA A PUBLICAÇÃO EM BRASÍLIA.

ARAPONGA JAIRO MARTINS PRESO ERA A FONTE CONTUMAZ DE VEJA EM GRANDES ESCÂNDALOS, COMO NO MENSALÃO.

INDÍCIOS DE QUE CACHOEIRA FOI SÓCIO DA REVISTA NA MAIORIA DOS ESCÃNDALOS DOS ÚLTIMOS ANOS.

Não haverá mais como impedir a abertura das comportas: a Operação Monte Carlo da Polícia Federal, sobre as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, chegou até a revista Veja.
As gravações efetuadas mostram sinais incontestes de associação criminosa da revista com o bicheiro. São mais de 200 telefonemas trocados entre ele e o diretor da sucursal de Brasilia Policarpo Jr.
Cada publicação costuma ter alguns repórteres incumbidos do trabalho sujo. Policarpo é mais que isso.
Depois da associação com Cachoeira, tornou-se diretor da sucursal da revista e, mais recentemente, passou a integrar a cúpula da publicação, indicado pelo diretor Eurípedes Alcântara. Foi um dos participantes da entrevista feita com a presidente Dilma Rousseff.
Nos telefonemas, Policarpo informa Cachoeira sobre as matérias publicadas, trocam informações, recebe elogios.
Há indícios de que Cachoeira foi sócio da revista na maioria dos escândalos dos últimos anos.
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/operacao-monte-carlo-chegou-na-veja

Cachoeira e o clube dos 15

O bicheiro goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o “Carlinhos Cachoeira”, adquiriu da provedora de telefonia norte-americana Nextel 15 aparelhos, os quais cedeu a pessoas de sua confiança. Segundo as investigações da Operação Monte Carlo, levada a cabo pela Policia Federal, um policial corrupto dessa corporação orientou o bicheiro a habilitar os aparelhos nos Estados Unidos de forma a que ficassem imunes a grampos legais e ilegais.
Há três semanas, a Polícia Federal prendeu Cachoeira durante a Operação Monte Carlo, sob acusação de liderar uma quadrilha que operava máquinas caça-níqueis em Brasília e Goiás. E descobriu que, dentre os 15 telefones que ele distribuíra, um fora entregue ao líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), promotor de carreira que ficou conhecido por acusar seguidamente de corrupção o governo do PT, seus membros e aliados.
Em um primeiro momento, de jornalistas a políticos (do governo e da oposição) saíram em defesa do líder do DEM no Senado – que, até o momento, ainda ocupa o cargo, apesar das denúncias arrasadoras.
Logo após a revelação de que o bicheiro havia dado presentes caríssimos a Demóstenes, este subiu à tribuna do Senado para dar suas explicações, ao que 43 senadores o apartearam prestando solidariedade e apoio. Quatro adversários petistas – Eduardo Suplicy (SP), Paulo Paim (RS), Jorge Viana (AC) e Marta Suplicy (SP) – foram à tribuna defendê-lo.
Em seguida, jornalistas como Reinaldo Azevedo, da revista Veja, também fizeram questão de lembrar ao distinto público a “gloriosa” trajetória de Demóstenes, que, até poucos dias atrás, dispunha de grande espaço na grande mídia para acusar os adversários de envolvimento com corrupção (!).
Como se fosse pouco, no fim de semana vieram à tona denúncias como a da Carta Capital, de que Demóstenes teria faturado incríveis 50 milhões de reais no esquema de Cachoeira. E, para coroar tudo, o jornalista Luis Nassif denunciou no domingo, em seu blog, que a operação Montecarlo, da Polícia Federal, teria encontrado mais de 200 ligações entre o bicheiro e pessoas da direção da revista Veja.
O silêncio ensurdecedor da classe política em relação a Demóstenes, seu possível envolvimento até com meios de comunicação, tudo isso é afetado por um número cabalístico: o número 15.
O trabalho que o criminoso teve para habilitar os aparelhos fora do país de forma a imunizá-los contra escutas e o fato de um desses aparelhos ter ido parar nas mãos – ou nos ouvidos – de um político do peso do senador do DEM de Goiás, sugerem que os outros 14 aparelhos não devem ter ido parar nas mãos de qualquer um.
A Operação Monte Carlo flagrou ligações de Cachoeira para autoridades do governo de Goiás, sob comando do tucano Marconi Perillo, e detectou que, ano passado, um relatório de quase 500 páginas com endereços e nomes de integrantes da quadrilha que explorava jogos ilegais fora entregue ao então diretor-geral da polícia do governo do Estado. E nada aconteceu. Se não fosse a Polícia Federal, Cachoeira continuaria livre.A polícia de Perillo sentou sobre o caso.
A PF também captou conversa telefônica em que Cachoeira pede ao ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB) que interfira em operações da Polícia Civil para combater jogos ilegais. De acordo com a Polícia Federal, o ex-vereador Garcez intermediava os contatos entre Carlinhos Cachoeira e o governador Perillo. A PF apurou que Garcez trocava torpedos com Perillo.
Ainda não foram divulgados os nomes dos outros beneficiados – ou, agora, amaldiçoados – pelos outros 14 aparelhos Nextel. Não parece difícil intuir, no entanto, que Cachoeira deve ter dado a pessoas que de forma alguma poderiam ser flagradas conversando consigo por ocuparem posições de importância análoga à do senador da República Demóstenes Torres.
Assim como se descobriu que o ex-publicitário Marcos Valério estendeu tentáculos por PT, PSDB, DEM etc., supõe-se que o silêncio da classe política em relação a Cachoeira pode decorrer de situação parecida com a do pivô do escândalo do mensalão, mas não só. A notícia divulgada ontem por Luis Nassif, de que membros da direção da Veja teriam mantido centenas de contatos com o bicheiro, dá a dimensão daquilo em que esse escândalo pode se converter.
Após a descoberta das relações de Cachoeira com um senador e um grande meio de comunicação, não parece exagero suspeitar de que um dos 14 celulares pode ter ido parar em mãos impensáveis como, por exemplo, a de um importantíssimo membro do Judiciário. Ou que tenha sido usado para ligar para essa pessoa. Enquanto isso, iniciativas no Congresso para abrir uma CPI encontram resistência em quase todos os partidos.

CONVITE

Cerra racha PSDB ao meio. Alckmin apóia Cerra. Rsrsrsrs


Saiu na Folha (*), que entende de Cerra como ninguém, a ponto de não registrar em cartório a promessa do Cerra de cumprir o mandato de prefeito até o fim.

Cerra ganhou as prévias no pescoço: teve 52% dos votos.

Rachou o partido ao meio.

Como sempre.

Como dizia o ACM, o Cerra não soma: divide.

O Farol de Alexandria saudou a vitória do pupilo como um  “meio caminho andado”.

Frase que contém sabedoria que este ansioso blogueiro não consegue alcançar.

Depois da triunfal vitória – afinal, como dizia a Catanhêde, ele é o mais consistente -, o Padim Pade Cerra fez lapidar discurso em que anunciou a união das forças tucanas em São Paulo.

Sim, claro !

O Zé Anibal e o Tripoli não farão outra coisa a partir desta segunda-feira: vão se dedicar de corpo e alma à eleição do Cerra.

Cerra anunciou uma “dobradinha” com o Alckmin.

Me engana que eu gosto !

Na eleição do Kassab – herdeiro do Cerra, como o Cerra é do Farol de Alexandria -, o Cerra traiu o partido e mandou o Alckmin às favas.

O Alckmin não foi para o segundo turno e o Cerra ajudou a eleger o Kassab.

A partir desta segunda-feira, livre do Cerra, o Alckmin se dedicará à eleição do Cerra com entusiasmo só comparável ao do Zé Aníbal.

Cerra vai para a campanha com seu mais poderoso aliado: a impunidade que o PiG (**) lhe confere.

Mas, terá que enfrentar o documento que assinou no papel timbrado da Folha, em que jurou de pés juntos que ia cumprir o mandato de prefeito – clique aqui para ver o vídeo, “Cerra volta à  cena do crime”.

Cerra se debaterá com o vídeo em que disse “se não cumprir o mandato de prefeito até o fim, jamais votem em mim, de novo”.

E, acima de tudo, terá que enfrentar o Amaury Ribeiro Junior, autor de livro – a Privataria Tucana – em que aparece como personagem principal da maior roubalheira de uma privatização na América Latina.

Livro que, até hoje, o PiG de São Paulo não percebeu que foi lançado.

E tem 150 mil exemplares vendidos e, breve, sairá numa edição popular, distribuída nas estações de metrô.

Será que o Cerra tem uma boa pinacoteca ?

O De Sanctis gostaria de saber.

Por que ele não abre as portas da casa e mostra ?

Todos os políticos de São Paulo deveriam fazer isso.

Conseguirá Cerra fazer uma campanha limpa ?

Ou vai apelar para a calhordice, como fez com a Dilma, segundo a caracterização do Ciro Gomes ?

Metade do PSDB não queria o Cerra.

Imagine fora do PSDB, amigo navegante !

Em tempo do amigo navegante Sérgio:

sergio santos

A primeira derrota de Zé Cerra.


Ao contrário do que muitos pensam, o pré-candidato tucano, Zé Cerra, perdeu as prévias do PSDB. Ganhou a esmagadora maioria silenciosa tucana que, envergonhadamente, não foi votar. Dos 20 mil aptos, somente 6 mil foram às urnas, dos quais pouco mais de 3 mil votaram em Cerra! Além disso, entre os votantes, Cerra teve 48% dos votos contrários.

Zé Anibal, que teve 31% dos votos, não declarou apoio explícito a Zé Cerra. E o Alckmin…bem, todos sabem o que ele pensa do Cerra. Que candidato pode sentir-se vitorioso, numa prévia que rachou o partido e a maioria dos filiados não se manifestou?



Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Vitória apertada de Serra no PSDB paulistano e jornalismo partidário

Foi mais difícil do que eu imaginava. José Aníbal conquistou 31,2% do total de votos e Serra chegou a 52%
O mais engraçado foi o comentário de Merval Pereira, no Globo News. Parecia um estrategista de Serra. Chega a ser constrangedor. Disse que foi até bom que tenha obtido esta margem apertada para não dizerem que manipulou. E, de sobremesa, disse o que o PSDB deve negociar com Eduardo Campos para o PSB não apoiar o PT.
Não entendo, realmente, o que se ganha com um jornalismo tão nitidamente partidário.
Rudá Ricci

Os reacionários e seu medo do mundo


Da Carta Capital
Medíocres e perigosos
Por Matheus Pichonelli
O reacionário é, antes de tudo, um fraco. Um fraco que conserva ideias como quem coleciona tampinhas de refrigerante ou maços de cigarro – tudo o que consegue juntar mas só têm utilidade para ele. Nasce e cresce em extremos: ou da falta de atenção ou do excesso de cuidados. E vive com a certeza de que o mundo fora da bolha onde lacrou seu refúgio é um mundo de perigos, pronto para tirar dele o que acumulou em suposta dignidade.
Para ele, tudo o que é diferente tem potencial de destruição
Como tem medo de tudo, vive amargurado, lamentando que jamais estenderam um tapete à sua passagem. Conserva uma vida medíocre, ele e suas concepções e nojos do mundo que o cerca. Como tem medo, não anda na rua com receio de alguém levar muito do pouco que tem (nem sempre o reacionário é um quatrocentão). Por isso, só frequenta lugares em que se sente seguro, onde ninguém vai ameaçar, desobedecer ou contradizer suas verdades. Nem dizer que precisa relaxar, levar as coisas menos a sério ou ver graça na leveza das coisas. O reacionário leva a sério a ideia de que é um vencedor.
A maioria passou a vida toda tendo tudo aos alcance – da empregada que esquentava o leite no copo favorito aos pais que viam uma obra de arte em cada rabisco em folha de sulfite que ele fazia – e cultivou uma dificuldade doentia em se ver num mundo de aptidões diversas. Outros cresceram em meios menos abastados – e bastou angariar postos na escala social para cuspir nos hábitos de colegas de velhos andares. Quem não chegou aonde chegaram – sozinho, frise-se – não merece respeito.
Rico, ex-pobre ou falidos, não importa: o reacionário clássico enxerga em tudo o que é diferente um potencial de destruição. Por isso se tranca e pede para não ser perturbado no próprio mundo. Porque tudo perturba: o presidente da República quer seu voto e seus impostos; os parlamentares querem fazê-lo de otário; os juízes estão doidos para tirar seus direitos acumulados; a universidade é financiada (por ele, lógico) para propagar ideias absurdas sobre ideais que despreza; o vizinho está sempre de olho na sua esposa, em seu carro, em sua piscina. Mesmo os cadeados, portões de aço, sistemas de monitoramento, paredes e vidros anti-bala não angariam de todo a sua confiança. O mundo está cheio de presidiários com indulto debaixo do braço para visitar familiares e ameaçar os seus (porque os seus nunca vão presos, mesmo quando botam fogo em índios, mendigos, prostitutas e ciclistas; índios, mendigos, prostitutas e ciclistas estão aí para isso).
Como não conhece o mundo afora, a não ser pelas viagens programadas em pacotes que garantem o translado até o hotel, e despreza as ideias que não são suas (aquelas que recebeu de pronto dos pais e o ensinaram a trabalhar, vencer e selecionar o que é útil e o que é supérfluo), tudo o que é novo soa ameaçador. O mundo muda, mas ele não: ele não sabe que é infeliz porque para ele só o que não é ele, e os seus, são lamentáveis.
Muitas vezes o reacionário se torna pai e aprende, na marra, o conceito de família. Às vezes vai à igreja e pede paz, amor, saúde aos seus. Aos seus. Vê nos filhos a extensão das próprias virtudes, e por isso os protege: não permite que brinquem com os meninos da rua nem que tenham contato com ideias que os retirem da sua órbita. O índice de infarto entre os reacionários é maior quando o filho traz uma camisa do Che Guevara para casa ou a filha começa a ouvir axé e namorar o vocalista da banda (se ele for negro o infarto é fulminante).
Mas a vida é repleta de frestas, e o tempo todo estamos testando as mais firmes das convicções. Mas ele não quer testá-las: quer mantê-las. Por isso as mudanças lhe causam urticárias.
Nos anos 70, vivia com medo dos hippies que ousavam dizer que o amor não precisava de amarras. Eram vagabundos e irresponsáveis, pensava ele, em sua sobriedade.
Depois vieram os punks, os excluídos de aglomerações urbanas desajeitadas, os militantes a pedir o alargamento das liberdades civis e sociais. Para o reacionário, nada daquilo fazia sentido, porque ninguém estudou como ele, ninguém acumulou bens e verdades como ele e, portanto, seria muito injusto que ele e o garçom (que ele adora chamar de incompetente) tivessem o mesmo peso numa urna, o mesmo direito num guichê de aeroporto, o mesmo lugar na fila do fast food.
O reacionário vive com medo.
Mas não é inofensivo.
Foto: Galeria de GorillaSushi/Flickr
 

Para não dividir espaços cativos, frutos de séculos de exclusão que ele não reconhece, eleva o tom sobre tudo o que está errado. Sabendo de seus medos e planos de papel, revistas, rádios, televisão, padres, pastores e professores fazem a festa: basta colocar uma chamada alarmista (“Por que você trabalha tanto e o País cresce tão pouco?”) ou música de suspense nas cenas de violência (“descontrolada!”) na tevê para que ele se trema todo e se prepare para o Armagedoon. Como bicho assustado, volta para a caixinha e fica mirabolando planos para garantir mais segurança aos seus. Tudo o que vê, lê e ouve o convence de que tudo é um perigo, tudo é decadente, tudo é importante, tudo é indigno. Por isso não se deve medir esforços para defender suas conquistas morais e materiais.
E ele só se sente seguro quando imagina que pode eliminar o outro.
Primeiro, pelo discurso. No começo, diz que não gosta desse povinho que veio ao seu estado rico tirar espaço dos seus. Vive lembrando que trabalha mais e paga mais impostos que a massa que agora agora quer construir casas em seu bairro, frequentar os clubes e shoppings antes só repletos de suas réplicas. Para ele, qualquer barberagem no trânsito é coisa da maldita inclusão, aqueles bárbaros que hoje tiram carta de habilitação e ainda penduram diplomas universitários nas paredes. No tempo dele, sim, é que era bom: a escola pública funcionava (para ele), o policial não se corrompia (sobre ele), o político não loteava a administração (não com pessoas que não eram ele).
Há que se entender a dor do sujeito. Ele recebeu um mundo pronto, mas que não estava acabado. E as coisas mudaram, apesar de seu esforço e sua indignação.
Ele não sabe, mas basta ter dois neurônios para rebater com um sopro qualquer ideia que ele tenha sobre os problemas e soluções para o mundo – que está, mas ele não vê, muito além de um simples umbigo. Mas o reacionário não ouve: os ignorantes são os outros: os gays que colocam em risco a continuidade da espécie, as vagabundas que já não respeitam a ordem dos pais e maridos, os estudantes que pedem a extensão de direitos (e não sabem como é duro pegar na enxada), os maconheiros que não estão necessariamente a fim de contribuir para o progresso da nação, os sem-terra que não querem trabalhar, o governante que agora vem com esse papo de distribuir esmola e combater preconceitos inexistentes (“nada contra, mas eles que se livrem da própria herança”), os países vizinhos que mandam rebas para emporcalhar suas ruas.
Muitas vezes o reacionário se torna pai e aprende o conceito de família. Vê nos filhos a extensão das próprias virtudes, e por isso os protege: não permite que brinquem com os meninos da rua nem que tenham contato com ideias que os retirem da sua órbita
O mundo ideal, para o reacionário, é um mundo estático: no fundo, ele não se importa em pagar impostos, desde que não o incomodem.
Como muitos não o levam a sério, os reacionários se agrupam. Lotam restaurantes, condomínios e associações de bairro com seus pares, e passam a praguejar contra tudo.
Quando as queixas não são mais suficientes, eles juntam as suas solidões e ódio à coletividade (ironia) e passam a se interessar por política. Juntos, eles identificam e escolhem os porta-vozes de suas paúras em debates nacionais. Seus representantes, sabendo como agradar à plateia, são eleitos como guardiões da moralidade. Sobem a tribunas para condenar a devassidão, o aborto, a bebida alcoolica, a vida ao ar livre, as roupas nas escolas. Às vezes são hilários, às vezes incomodam.
Mas, quando o reacionário se vê como uma voz inexpressiva entre os grupos que deveriam representá-lo, bota para fora sua paranóia e pragueja contra o sistema democrático (às vezes com o argumento de que o sistema é antidemocrático). E se arma. Como o caldo cultural legitima seu discurso e sua paranoia, ele passa a defender crimes para evitar outros crimes – nos Estados Unidos, alvejam imigrantes na fronteira, na Europa, arrebentam árabes e latinos, na Candelária, encomendam chacinas e, em QGs anônimos, planejam ataques contra universitários de Brasília que propagam imoralidades (leia mais AQUI).
O reacionário, no fim, não é patrimônio nacional: é um cidadão do mundo. Seu nome é legião porque são muitos. Pode até ser fraco e viver com medo de tudo. Mas nunca foi inofensivo.

Cachoeira e o redator-chefe da Veja

Por Altamiro Borges

A Operação Monte Carlo da Polícia Federal, que levou Carlinhos Cachoeira para a cadeia, segue destruindo a imagem dos falsos moralistas. Após revelar os vínculos do mafioso com o líder dos demos Demóstenes Torres, surgem agora provas sobre as suas intimas relações com o editor-chefe da Veja, Policarpo Júnior – um dos participantes da entrevista desta semana com a presidenta Dilma.



Segundo o blogueiro Luis Nassif, especialista em desmascarar as falcatruas da publicação da famiglia Civita, as escutas telefônicas da PF revelam que Cachoeira e o chefão da Veja se falaram mais de 200 vezes nos últimos meses. Vale conferir a bomba:

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Operação Monte Carlo chegou na Veja


Por Luis Nassif


Não haverá mais como impedir a abertura das comportas: a Operação Monte Carlo da Polícia Federal, sobre as atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, chegou até a revista Veja.


As gravações efetuadas mostram sinais incontestes de associação criminosa da revista com o bicheiro. São mais de 200 telefonemas trocados entre ele e o diretor da sucursal de Brasília Policarpo Jr.


Cada publicação costuma ter alguns repórteres incumbidos do trabalho sujo. Policarpo é mais que isso.


Depois da associação com Cachoeira, tornou-se diretor da sucursal da revista e, mais recentemente, passou a integrar a cúpula da publicação, indicado pelo diretor Eurípedes Alcântara. Foi um dos participantes da entrevista feita com a presidente Dilma Rousseff.


Nos telefonemas, Policarpo informa Cachoeira sobre as matérias publicadas, trocam informações, recebe elogios.


Há indícios de que Cachoeira foi sócio da revista na maioria dos escândalos dos últimos anos.

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Os boatos sobre as sinistras relações

Nesta semana, a Veja publicou uma entrevista bastante elogiosa com a presidenta Dilma Rousseff. Ela também, depois de muito relutar, postou uma matéria sobre as relações entre o criminoso Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres – um antigo queridinho da publicação. Será que os grampos da Polícia Federal, agora revelados por Luis Nassif, explicariam esta estranha guinada?

Desde a eclosão da Operação Monte Carlo circulam boatos sobre as sinistras relações do mafioso com alguns jornalistas da Veja. Um dos agentes de Carlinhos Cachoeira, o policial Idalberto Araújo, o Dadá, trabalhou com Alexandre Oltramari, ex-repórter da revista, na campanha do tucano Marconi Perillo. O governador de Goiás também aparece nas gravações da PF como ligado ao mafioso.

Os arapongas da mídia 

Na sequência, outro policial, Jairo Martins de Souza, também surgiu nos grampos da PF. Em 2005, este araponga repassou para a revista Veja o vídeo que detonou o famoso escândalo do “mensalão do PT”. A fita trazia o ex-funcionário dos Correios, Maurício Marinho, recebendo uma propina de R$ 3 mil. Ela foi entregue ao jornalista... Policarpo Júnior!

Agora, as gravações da Polícia Federal podem fechar o cerco sobre a publicação da famiglia Civita. Segundo o Ministério Público, Jairo Martins e Idalberto Araújo pertencem à quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Ambos também foram presos como resultado da Operação Monte Carlos. E como ficam, então, os mais de 200 telefonemas entre o mafioso e o redator-chefe da revista Veja?

Dilma teria usado a mídia para se livrar de ministros indesejáveis

Hesitei em divulgar esta história porque não tenho como comprovar a sua veracidade e porque tampouco posso violar o sigilo da fonte que ma confidenciou, pois resguardá-la foi condição para que a sua versão sobre a sucessiva queda de ministros em 2011 me fosse revelada.
Todavia, diante da recente entrevista da presidente da República à revista Veja, aquela história ganhou, a meu juízo, verossimilhança suficiente para que fosse apresentada ao público, ainda que não possa, de forma alguma, ser tomada ao pé da letra, pois, cabe dizer, este blogueiro julga que a sua fonte tem motivos para não gostar de Dilma.
De qualquer forma, como costuma acontecer com opiniões – e, frequentemente, com fatos inquestionáveis –, acreditará ou desacreditará quem quiser. Mas, se alguém quiser saber a minha opinião sobre o que relatarei a seguir, acho que há muita chance de tudo ser verdade.
Surge então, na mente do leitor, a pergunta crucial: que importância tem a tal fonte para fazer o blogueiro reproduzir a sua “acusação”? Resposta: não posso dizer. Se disser, isolarei um grupo entre o qual se poderá buscar a identidade de quem “acusa”. Mas posso garantir que a pessoa que disse o que será revelado conhece muito bem o assunto. Se falou a verdade, aí é outra história.
Tudo teria começado logo após a vitória de Dilma Rousseff sobre José Serra, ao fim de 2010. Naquele momento, a então presidente eleita estaria “mortificada” pelo baixo nível da campanha, mas, ao contrário do que possa parecer, não tinha raiva da mídia que trabalhou contra si durante todo o processo eleitoral em que se elegeu.
Dilma teria sido sempre contra a “picuinha” que, então, achava que Lula teria comprado com a mídia. Segundo ela teria dito, ele tinha vivido um inferno de oito anos – além dos 13 anos anteriores (desde 1989) de embates com a imprensa – simplesmente porque enfrentou Otavinho et caterva, quando poderia ter contemporizado com eles sem abrir mão das políticas públicas que desejava instituir no país.
Dilma teria dito, “textualmente”, que não haveria qualquer política pública adotada pelo governo Lula que fosse tão inaceitável para a elite que a mídia representa. A exceção seriam as cotas “raciais” nas universidades públicas e os planos de regulação da mídia, mas estas políticas – ou propostas de políticas – não seriam motivo para a guerra que se estabeleceu se Lula tivesse contornado o problema.
Bastaria que tivesse feito o que disse reiteradamente, durante a sua Presidência de oito anos, que jamais fez e que, aliás, é o que Dilma tem feito à farta, quase tanto quanto FHC durante o seu tempo na Presidência: “almoçar” com dono de jornal (ou de qualquer outro grande meio de comunicação).
Naquele momento, Dilma teria decidido promover uma distensão com a mídia por fazer um julgamento do qual não se pode discordar totalmente: instalar uma guerra política no país só por picuinha seria ilógico e até contraproducente do ponto de vista do interesse público.
Além da distensão política – e, aqui, entramos na questão central –, Dilma, agora nos primeiros meses de 2011, teria decidido se livrar de “problemas” que teria “herdado” do antecessor, dentre os quais sobressairiam ministros com potencial para gerar matéria-prima futura para ataques midiáticos e da oposição ao governo.
Apesar de ser absolutamente defensável a suposta visão desapaixonada de Dilma, pois uma guerra entre a mídia e o governo jamais será boa para o país por fazê-lo perder tempo com escandalizações do nada em vez de se dedicar ao desenvolvimento econômico e social, o método que teria sido engendrado pela presidente para se livrar da “herança” de Lula seria, no mínimo, desleal.
Eis o problema: Dilma, por terceiras pessoas, teria alimentado a mídia com informações passadas por debaixo do pano e ao fazer declarações públicas como a que fez sobre o ministério dos Transportes pouco antes do início da queda seqüencial de ministros. Seu objetivo seria o de levar os alvos à renúncia por uma pressão da mídia que acabou atingindo até as famílias deles.
Como evidência disso, foi-me perguntado se eu não teria notado como os ataques a ministros cessaram repentinamente, neste ano, e sobre como a própria Dilma foi poupada durante os ataques desfechados no ano passado, apesar de participar do governo federal desde 2003, o que faz dela co-autora do governo Lula e, portanto, responsável pelos ministros demitidos, que, inclusive, manteve no governo.
Além disso, a fonte me lembrou de que quando Dilma não quis a queda de um ministro, ela não ocorreu. Garantiu que a mídia abandonou a artilharia contra Fernando Pimentel não tão rápido que deixasse ver que não recebera carta branca de Dilma para atacar e não tão devagar que contrariasse a presidente.
Dilma teria feito tudo isso porque não teria querido dizer não a Lula ou desafiar a sua influência, até porque seria um suicídio político. Assim sendo, optou por esse suposto estratagema.
Você, leitor, não precisa acreditar. Aliás, acho que nem deve, pois quem me passou essa história não me ofereceu qualquer outro elemento de que o que disse seja verdade – e foi avisado de que isto seria dito, caso eu escrevesse este post. Assim mesmo, com a condição de não ter seu nome – ou indícios de seu nome – revelado, deixou-me à vontade para escrever.
Contudo, a reflexão é útil porque a entrevista que Dilma concedeu a uma publicação com o histórico da Veja mostra que, ao menos no que tange a uma suposta intenção dela de distender as relações de seu governo com a mídia, a minha fonte não mentiu. E, sendo honesto, não posso afirmar que essa intenção seja indefensável.
Além disso, julgo que Dilma não preside um governo “de esquerda”, como foi dito aqui no post  A ideologia do governo Dilma; preside um governo de conciliação ideológica entre centro-esquerda e centro-direita – e, para tanto, faz concessões a esta. Por conta disso – e de sua visão sobre distensão política –, sua entrevista à Veja era absolutamente previsível.
Deve-se ressaltar, ainda, o sangue-frio de Dilma e sua estratégia maquiavélica (e não vai, aí, qualquer conotação pejorativa, como sabe quem já leu Maquiavel).
Será que alguém notou que não houve ataques de Reinaldo Azevedo ou de Augusto Nunes à entrevista de Dilma? Sabe por que, leitor?  Enquanto eles se esgoelam chamando seu governo de tudo de ruim que se possa imaginar, ela estava lá confraternizando com os chefes deles e ainda conseguiu uma capa laudatória na revista a que servem.
Detalhe: Azevedo e Nunes ainda podem fazê-los (os ataques), mas perderam o timing. Isso ficou escancarado.
A administração de Fábio Barbosa, novo presidente-executivo da Abril S/A, holding que comanda as operações de mídia, gráfica e distribuição do Grupo Abril, vai mostrando a cara. E, nesse contexto, gente como esses dois blogueiros-colunistas da Veja não parece que terá vida longa na publicação.
Mais uma vez, isso não acontecerá tão rápido que venha a endossar tal percepção, mas não será tão devagar que mantenha na Veja dois de seus principais passivos hoje. Esses sujeitos fazem parte de um passado que Dilma está enterrando, paulatinamente. Para o bem ou para o mal.

QUANDO A VITÓRIA FRAGILIZA E DESGASTA

*Demóstenes Torres, o líder dos demos no Senado: 298 ligaçoes para o contraventor Carlinhos Cachoeira e  cerca de duas centenas de ligações para a alta direção da revista VEJA** é justo arguir: afinal, do que tanto falavam?**boa pergunta para uma CPI.

Há vitórias que desconcertam pela intrínseca dimensão crepuscular que carregam. Em geral atestam o fim de um ciclo, quando o trunfo imediato mais revela uma perda de tônus do que reafirma uma supremacia promissora. Foi um pouco esse o sabor amargo do trunfo entre aspas conquistado por José Serra na prévia deste domigo do PSDB para a escolha do candidato do partido à prefeitura de São Paulo. Ao obter apenas 52,1% dos votos, de um total 6.229 filiados que participaram do escrutínio, Serra expôs a marca dolorosa de uma rejeição intuída entre seus próprios pares. Toda a máquina do partido e a mídia amiga trabalhando a favor revelaram-se insuficientes para contornar a enorme resistência que o seu nome gera no seio do próprio conservadorismo nacional. O grande vitorioso foi a  rebeldia do secretário estadual tucano José Aníbal, que se recusou a renunciar a favor de Serra, obtendo o surpreendente apoio de 31,2 % dos votantes; o deputado federal Ricardo Tripoli amealhou outros 15,7 %, cravando o 3º lugar. Os serristas não escondiam a decepção com uma vitória que mais fragiliza e desgasta do que consagra. Imaginava-se fazer da convenção uma gigantesca operação reiterativa do suposto favoristismo do candidato na disputa municipal, dando-lhe mais de 80% dos votos --"para não passar a impressão de que o partido entra dividido na corrida eleitoral". Deu-se o inverso. A vitória decepcionante entre seus pares foi o revés oposicionista mais eloquente sofrido pelo ex-governador numa disputa municipal que apenas se inicia. Ela gerou um fato político mais grave do que um eventual crescimento das intenções de voto entre os seus adversários. Por uma razão  incontornável: o resultado mostrou de maneira inequívoca que a liderança de Serra sofre o peso de um teto e não tem mais horizonte de crescimento ou de apoio nem entre os tucanos. Um palavra para exprimir esse estágio é declínio; convenhamos, não soa exatamente como um bordão eleitoral empolgante e mobilizador

domingo, 25 de março de 2012

CONVENÇÃO TUCANA EM SP: VENCE A DESAGREGAÇÃO?

*Demóstenes Torres, o líder dos demos no Senado, amigo do peito do contraventor Carlinhos Cachoeira --e, segundo a revista Carta Capital, que está nas bancas, 'sócio' nos lucros do bicheiro-- opina sobre o melhor candidato para a Prefeitura de SP: "O importante é a causa, e a causa é o Serra ganhar a eleição contra esse ideário maluco do PT'
"Caso Serra seja o escolhido nas prévias do PSDB ( de domingo) para concorrer à Prefeitura de São Paulo, será também escolhido o mais novo lema do partido: em time que está perdendo não se mexe. A pior forma de solidão é a companhia de José Serra. É por isso que o PSDB está na iminência de cometer mais um erro político: escolhê-lo como candidato a prefeito de São Paulo. O candidato derrotado por Dilma Rousseff de maneira acachapante não prima por ser um homem partidário. Não custa lembrar o que ele fez na última eleição para prefeito de São Paulo: apoiou um candidato de outro partido, Gilberto Kassab, fazendo tudo para que Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB, fosse derrotado. (...) diante da eleição para governador de Estado em 2014, caso Kassab seja candidato enfrentando Alckmin, o prefeito da capital vai apoiar Kassab. Ele já fez isso uma vez (...) É impressionante que haja tucanos dispostos a apoiar um político que fez isso" (Alberto Carlos Almeida, sociólogo do grupo aecista; em artigo publicado no jornal Valor. LEIA MAIS AQUI)

sexta-feira, 23 de março de 2012

O grampo falso de Demóstenes com Gilmar Mendes e o verdadeiro com Carlinhos Cachoeira

Os dois grampos do senador

Vamos combinar que o senador Demóstenes Torres (DEM), de Goiás, não deve ser uma conversa boa ao telefone.

Demóstenes foi o interlocutor de Gilmar Mendes, ministro do Supremo, naquele célebre grampo que se transformou num dos grandes escândalos do governo Lula – até que, no finzinho de 2010, quando ninguém prestava atenção nos jornais, a Polícia Federal divulgou o resultado de um inquérito dizendo textualmente que não encontrara um fiapo de prova sequer sobre a realização do grampo.

Ninguém pediu desculpas nem maiores esclarecimentos, embora a confusão tenha produzido a queda de Paulo Lacerda, o diretor geral da ABIN. Numa reação que parecia o prenúncio de uma crise institucional, no auge da denúncia Gilmar Mendes prometeu chamar o presidente Lula “às falas.”.

A novidade está nos grampos que reproduzem diálogos entre Demóstenes e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Com a tranquilidade de quem conversa com um celular vendido em Miami com a garantia de que era à prova de escutas, os diálogos acabaram complicando a situação do senador. Demóstenes é ouvido quando pede para Cachoeira “pagar uma despesa com taxi-aéreo no valor de R$ 3.000.” Também é ouvido transmitindo informações de caráter confidencial sobre reuniões no governo, no Congresso e mesmo no Judiciário.

Considerando o acesso do senador à cúpula dos poderes, pode-se imaginar que eram informações bem valiosas, não é mesmo?

Carlinhos Cachoeira é um personagem eclético das finanças políticas do país. Não custa lembrar que foi gravado quando negociava propinas com Valdomiro Diniz, ligado ao esquema financeiro do PT. Também tem ligações com tucanos e políticos do DEM e do PP.

Não sou moralista e não acho que episódios dessa natureza digam respeito ao caráter das pessoas. (Só acho que os falsos moralistas, que denunciam nos outros aquilo que fazem, deveriam deixar os eleitores mais atentos). O problema não é o bicheiro. É o sistema que está bichado.

A circulação de dinheiro clandestino na política brasileira é uma consequência de um sistema de finanças destinado a alugar os poderes públicos e transformar os políticos em servidores do poder econômico. Pode ser um empresário com todos os papéis em ordem, ou um bicheiro. Enquanto não se mudar esse sistema, teremos episódios desse tipo. O próprio sistema gera suas leis e suas regras de competição.

Não custa aguardar, porém, pelo desfecho deste caso. Há duas semanas os dados sobre Demóstenes foram enviados à Procuradoria Geral da República que ainda não decidiu abrir inquérito. É estranho, quando se recorda da rapidez com que outros casos foram apurados. O grampo falso de Demóstenes com Gilmar Mendes produziu uma crise política, abriu demissões na cúpula do Estado e colocou o governo Lula numa posição defensiva até que tudo fosse esclarecido.

O grampo verdadeiro ainda não levou a nada. Curioso, não?
 
 
Ainda assim temos que parabenizar O Globo: na Folha, Estadão e cia ilimitada ninguém ouviu falar na dupla Demóstenes/Cachoeira.

CONVENÇÃO TUCANA EM SP: VENCE A DESAGREGAÇÃO?



"Caso Serra seja o escolhido nas prévias do PSDB ( de domingo) para concorrer à Prefeitura de São Paulo, será também escolhido o mais novo lema do partido: em time que está perdendo não se mexe. A pior forma de solidão é a companhia de José Serra. É por isso que o PSDB está na iminência de cometer mais um erro político: escolhê-lo como candidato a prefeito de São Paulo. O candidato derrotado por Dilma Rousseff de maneira acachapante não prima por ser um homem partidário. Não custa lembrar o que ele fez na última eleição para prefeito de São Paulo: apoiou um candidato de outro partido, Gilberto Kassab, fazendo tudo para que Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB, fosse derrotado. (...) diante da eleição para governador de Estado em 2014, caso Kassab seja candidato enfrentando Alckmin, o prefeito da capital vai apoiar Kassab. Ele já fez isso uma vez (...) É impressionante que haja tucanos dispostos a apoiar um político que fez isso" (Alberto Carlos Almeida, sociólogo do grupo aecista; em artigo publicado no jornal Valor. LEIA MAIS AQUI)



Em SP, economistas discutem crise global e o novo desenvolvimentismo para o Brasil e o mundo

Grupo de economistas brasileiros e estrangeiros participa de projeto coordenado pelo professor Luiz Carlos Bresser-Pereira, da Fundação Getúlio Vargas. Novo encontro realizado em São Paulo discute as marcas que serão deixadas pela crise global, o que as turbulências do passado ensinam sobre o futuro, e quais relações há entre instabilidade financeira, câmbio e desisdustrialização no Brasil

São Paulo - Diante de uma crise financeira gestada pela desregulamentação neoliberal, que idéias podem oferecer os economistas heterodoxos aos países que sofrem com instabilidade cambial, desemprego, estagnação e desindustrialização?

A busca por respostas a essa questão é o principal objetivo da nova etapa de um ciclo de seminários que reúne economistas, brasileiros e estrangeiros, nesta quinta e sexta-feira na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.
A coordenação dos trabalhos é feita por Luiz Carlos Bresser-Pereira, há anos um crítico da ortodoxia neoliberal e que propõe um novo desenvolvimentismo para o Brasil.

Segundo o economista, coordenador do Centro de Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento da FGV, essa nova etapa desenvolvimentista não deve mais estar baseada na substituição das importações, como ocorreu no início da segunda metade do século XX.

A estratégia de agora seriam taxas moderadas de juros, equilíbrio nas contas externas, abertura comercial com política industrial e crescimento baseado na poupança interna - este último ponto de fundamental diferença em relação à ortodoxia neoliberal, que prega expansão econômica através de poupança externa.

No primeiro encontro já realizado pelos pesquisadores, dez reflexões foram apresentadas sobre o conceito de novo desenvolvimentismo. No segundo, o objetivo era a análise do papel da governança e da regulação financeira para a promoção de uma taxa de câmbio competitiva no Brasil. O terceiro seminário, que acontece agora, concentra-se em três metas.

Primeiro, quais efeitos perenes deixará a crise financeira internacional nas economias global e da América Latina; segundo, o que as crises financeiras do passado vividas pelos latino-americanos ensinam sobre o futuro; terceiro, quais relações existem entre instabilidade financeira, taxa de câmbio e desisdustrialização no Brasil.

Toda a complexidade desse debate teórico já pode ser conhecida em artigos escritos pelos economistas, e que podem ser acessados na página do projeto na internet.

Debates do dia
O economista norte-americano Thomas Palley, que assessorou a central sindical AFL-CIO e hoje conduz em Washington o projeto Economia para Sociedades Democráticas e Abertas, defendeu nesta quinta-feira que a crise global tem sido potencializada por uma falha na "arquitetura do euro".

O problema, segundo ele, estaria na inexistência de uma coordenação européia das finanças do bloco, que relega a cada um dos países boa parte da gestão de suas políticas monetárias e fiscais.

Diante da crise de confiança nos títulos da dívida nacionais, o Banco Central Europeu (BCE) pouco pode fazer. Por isso, Palley devende a criação de uma Autoridade para as Finanças Públicas Européias, que atuaria junto ao BCE na governança bancária do bloco.

Isso seria possível, entre outros pontos, através do impulso a um mercado de títulos públicos europeus, "nos quais não haveria traço da nacionalidade dos países". O BCE atuaria comprando e vendendo esses país, de modo a garantir confiança e liquidez.

Palley criticou medidas contracionistas adotadas pelos países europeus para combater a crise. "Essa esquizofrenia dos policymakers europeus, de combater a crise com austeridade, apenas gera mais turbulências", diz ele. Isso ocorreria por uma razão elementar: com a economia mais fraca, a receita do governo cai, ampliando o déficit.

Concordando com Palley sobre os problemas de governança financeira, sobretudo quanto ao excesso de risco assumido pelo setor bancário, o economista Randall Wray, da Universidade Missouri-Kansas City, alertou que a ajuda financeira dada pelo Tesouro dos Estados Unidos ao mercado financeiro não tem sido feita com nova pactuação sobre governança.

"O sistema continua guiado pelo curto prazo, e a ajuda financeira mantém, senão aumentou, os rendimentos dos altos executivos do setor bancário", afirma ele, nominando empresas como Goldman, Bank of America, Citigroup, and JPMorgan-Chase.

Diante disso, Wray defende que a ajuda esteja condicionada à supervisão plena da autoridade monetária no banco que receber os recursos, além de que empréstimos públicos sejam vinculados "às melhores garantias".

Wray e Palley foram apenas dois dos economistas que têm traçado novas rotas para as finanças globais. O grupo ao qual eles pertencem aposta no aprofundamento da produção teórica como forma de combate à ortodoxia - para eles, frágil na teoria e cada vez mais ineficiente na prática.

POR QUE (BRINDEIRO) GURGEL, não investigou Demóstenes ?


Saiu no Globo outra estrepolia do Varão de Plutarco, Demóstenes Torres, na pág 9:

PF: Demóstenes pediu R$ 3 mil a Carlinhos Cachoeira para pagar um taxi aéreo.


(Por falar nisso, quem pagou os R$ 80 mil para o Cerra ir ao Acre ?)

Além desse favorzinho, o Senador Demóstenes, aquele do grampo sem áudio com Gilmar Dantas (*), passava informações confidenciais – do Executivo e Legislativo – ao contraventor.

Até aí, nada de novo.

O importante, na opinião deste ansioso blogueiro, é outra informação do Globo:

“Relatório com as gravações e outros indícios foi enviado à Procuradoria Geral da República, mas o chefe da instituição, (brindeiro – PHA) Roberto Gurgel, não tomou qualquer providência para esclarecer o caso”.

Que feio, hein, amigo navegante ?

E o brindeiro Gurgel, o que terá feito dos exemplares da Privataria Tucana que o Edu Guimarães mandou pra ele ?

Vai se coçar ?

O Procurador procura, amigo navegante ?

Em tempo: acompanhe no Blog do Protógenes quem já assinou a CPI do Cachoeira (eram necessariss 171 – êpa ! – assinaturas):




http://blogdoprotogenes.com.br/


Paulo Henrique Amorim
(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews  e da CBN se refere a Ele.

O segredo do Sgt. Bales e um impasse afegão

19/3/2012, M K Bhadrakumar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/NC20Df04.html
Apesar de Washington repetir e repetir que a matança em Kandahar, há uma semana, foi resultado de um “surto”, de alguém “aparentemente descompensado” ou “provavelmente desequilibrado”, o povo afegão acredita nas provas reunidas por seus parlamentares, segundo as quais entre 15 e 20 soldados dos EUA participaram dos crimes. O presidente do Afeganistão Hamid Karzai também concordou: a versão dos EUA “não é convincente”.

E dentro do establishment militar afegão predominará a opinião exposta publicamente pelo comandante do estado-maior do exército afegão, Sher Mohammad Karimi, que condenou os soldados dos EUA. O tenente-general Karimi, que visitou a cena do crime, disse que acontecera massacre premeditado consumado por vários soldados norte-americanos.

Com tudo isso, torna-se altamente problemática a assinatura de um tratado estratégico entre Washington e Kabul, prevista para acontecer antes da reunião de cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, em Chicago, em maio. Washington espera que Karzai assine na linha pontilhada antes de maio; e Karzai sabe que seu futuro político depende de seu desempenho.

Bernard-Henri Lévy
Em comentário surpreendente, publicado semana passada, o influente criador de casos Bernard-Henri Lévy já disse, em tom de ameaça, que a comunidade internacional jamais deveria ter-se tornado “cegamente dependente do governo corrupto de Hamid Karzai”.[1]

Fazendo eco às ideias de vários comandantes norte-americanos, Henri Lévy pôs-se a criticar furiosamente a retirada planejada para 2014, como “admissão de fracasso e impotência”. Mas disse que prolongar a presença militar além de 2014 também seria difícil, “considerando-se o custo humano”. Assim sendo, a única via possível seria “ficar e sair” – quer dizer: retirar as tropas de combate, “mas deixar lá as bases militares e os instrutores.”

Lévy tem a solução: “Admitir que o Afeganistão não pode ser reduzido (...) a um confronto desesperado entre assassinos Talibã e os membros corruptos do governo Karzai (...). Em Cabul (...) estão também os herdeiros de [o falecido comandante da Aliança do Norte, Ahmad Shah] Massoud. E antes talvez de retirarmos a escada, talvez seja aconselhável aproximar-se dele, numa última tentativa, numa derradeira operação.”

Barack Obama

Karzai mais uma vez volta a ser tratado como se seu sucessor potencial já estivesse pronto e paramentado, à espera, na sala ao lado. O ponto é que, ao longo de uma sequência macabra de eventos ao longo das últimas seis, oito semanas – soldados dos EUA que urinam sobre cadáveres dos Talibã, queimam livros do Corão, massacram civis –, a meta sempre presente é conseguir que Karzai assine um pacto estratégico, que garanta presença militar norte-americana de longo prazo no Afeganistão.

Na 3ª-feira passada, o presidente Barack Obama dos EUA disse, em conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro britânico David Cameron, que Karzai ouvira claramente o que tinha de ouvir.

Mas, depois de Panjwayi, já nada pode continuar reduzido a uma batalha de objetivos, só entre Obama e Karzai.

Moscou entra em cena

Em entrevista exclusiva de 30 minutos, a um canal da televisão afegã, ontem à noite[2], o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, repetiu, nem duas nem três, mas quatro vezes, que a Rússia espera um Afeganistão “neutro” – palavra em código para dizer “sem presença militar estrangeira”.

A política russa está andando por duas trilhas. Uma, Moscou espera trabalhar bem próxima de Karzai. “Diferentes de outros [quer dizer “Washington”], nós não ordenamos ao governo [de Cabul] como construir o processo de reconciliação nacional. Sabemos que, além de pashtuns, há uzbeques, tadjiques, hazaras. Todos esses devem encontrar seu caminho até o sistema político, para que se sintam incluídos, não isolados, no processo. Esse é o princípio geral; como aplicá-lo na prática, não cabe aos russos dizer às autoridades afegãs”.

Por outro lado, Lavrov questionou a ideia de que o governo Obama ou a OTAN possam decidir unilateralmente sobre questão de “transição” ou de “fim da missão de combate”.

Exigiu que a Força Internacional de Assistência à Segurança [orig. International Security Assistance Force (ISAF)] demonstre ao Conselho de Segurança da ONU que cumpriu a missão que lhe foi atribuída, antes, evidentemente, de falar sobre retirada dos soldados de EUA e OTAN sem prestar qualquer satisfação à ONU sobre o resultado de sua missão no Afeganistão.

Lavrov destacou que há contradição fundamental na posição dos EUA: de um lado, (1) Washington assume que, sim, a ISAF teria cumprido a missão que recebeu da ONU e diz que retirará os soldados; de outro lado, (2) Washington continua a discutir com Kabul, “muito empenhadamente, o estabelecimento de quatro ou cinco bases militares no mesmo espaço de onde ‘retira’ os soldados, para o período pós-2014.”

Falando firme, Lavrov demarcou o quadro geral:

“Não se entende por que isso deva ser encaminhado desse modo, porque, se você precisa de presença militar, é sinal de que o mandado do Conselho de Segurança ainda não foi satisfatoriamente cumprido. Se você não quer cumprir o mandado do Conselho de Segurança, ou se supõe que o mandato já foi cumprido... para que seriam necessárias as bases militares? Não me parece que haja aí qualquer lógica. Acho também que o território afegão não deve ser usado para implantar espaços militarizados, que evidentemente preocuparão outros povos.

“Não vejo que lógica haveria em supor que, em 2014, o mandado do Conselho de Segurança possa ser dado por cumprido... se ainda for necessário haver lá muitos soldados, dentro das bases militares. Não se entende que finalidade teriam as tais bases militares e, além disso, os EUA estão em contato com países da Ásia Central, pedindo que autorizem presença militar de longo prazo. NÓS [a Rússia] queremos entender o motivo disso tudo, por que as tais bases seriam necessárias. Não acreditamos que esse grande número de bases militares contribua para a estabilidade da região.”

Para Lavrov:

(1) O terrorismo não foi derrotado, no Afeganistão;

(2) Os terroristas estão sendo “empurrados” para regiões mais ao norte em relação aos pontos onde estão sendo infiltrados, “na direção de países vizinhos da Federação Russa na Ásia Central; e não se pode dizer que contribuam para aumentar a estabilidade nessa região”;

(3) As Forças Internacionais de Assistência, ISAF, estão usando para isso a chamada “Rede Norte de Distribuição”. E “nós [a Rússia] acreditamos que essa é nossa contribuição para que seja cumprido o mandado que as ISAF receberam do Conselho de Segurança da ONU. Assim sendo, “temos o direito de exigir” que as ISAF cumpram realmente a missão para a qual foram mandadas para lá, antes de as ISAF declararem, unilateralmente, que alguma “missão de combate” estaria cumprida.

O que Moscou está fazendo é declarar que o governo Obama já não pode ditar a trajetória dessa guerra. A entrevista de Lavrov foi cuidadosamente agendada: essa semana, o Conselho de Segurança da ONU examinará o mandado que deu às ISAF, para avaliar os resultados.

Moscou está acrescentando o Afeganistão à litania de questões em relação às quais adotará abordagem “muscular” – além do sistema de mísseis de defesa que os EUA planejam, da Síria e do Irã. Semana passada, Moscou anunciou que poderia oferecer à OTAN uma base militar em Ulyanovsk, no Volga, para ser usada como armazém temporário de trânsito ferroviário de suprimentos para os exércitos da OTAN-EUA.

Dempsey, comandante do Estado-maior das Forças Armadas dos EUA

O oferecimento dos russos mete o Pentágono e a OTAN num dilema. Do ponto de vista logístico, seria assegurar uma linha vital de suprimentos; mas do ponto de vista geopolítico, Washington ainda tentou considerar a única alternativa que restava. A alternativa era voltar a discutir com o Paquistão, tentando conseguir a reabertura de duas estradas cujo trânsito está fechado. Isso, exatamente, é o que o Comandante do Estado-maior dos EUA, Martin Dempsey acaba de fazer.

Dempsey disse, em entrevista ao “Charlie Rose Show” dia 16/3,[3] que Washington está em contato “diretamente” e “privadamente” com Rawalpindi e que “estou pessoalmente otimista, que podemos reset as relações, de modo que atenda às necessidades dos dois lados.” Mencionou o general Ashfaq Kayani, comandante do exército paquistanês, com o qual teria tido “conversas absolutamente francas, sinceras”. Kayani disse que “fará o que puder”.

Dempsey chegou a jogar até “a carta da Índia”. Disse que o principal desafio para os EUA seria conseguir que os militares paquistaneses cedessem na certeza, enraizada entre eles, de que a Índia é “grande ameaça existencial contra o Paquistão”. (O general nada disse sobre o que Washington planeja fazer para espantar os medos paquistaneses.)

Bem visivelmente, vários modelos sobrepõem-se essa semana. A Rússia planeja jogar a luva e desafiar a estratégia de Washington para o Afeganistão, no momento da avaliação/renovação, essa semana, do mandado que as ISAF-EUA obtiveram do Conselho de Segurança. Os EUA, por sua vez, esperam ansiosamente algum resultado positivo das eleições parlamentares em Islamabad, que leve o Paquistão a reassumir a parceria de sempre com os EUA. E enquanto isso, um terceiro vetor gira, pendurado no ar: a fúria dos afegãos contra o massacre de Panjwayi.

O melhor que pode acontecer é que os afegãos engulam a versão “Sargento Bales”. Bales permanece preso, confinado em cela solitária, no Fort Leavenworth, no Kansas. Por curiosa ironia, exatamente ali, naquele forte, os dois generais, Dempsey e Kayani, foram colegas de classe, na Escola de Estudos Militares Avançados – onde estudaram Teatro de Operações.

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[1] 13/3/2012, Huffington Post, Bernard-Henri Lévy, “In Afghanistan, Between Plague and Cholera, There's Dr. Abdullah”, em http://www.huffingtonpost.com/bernardhenri-levy/afghanistan-abdullah-abdullah_b_1341268.html