Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 21 de março de 2014

PT: mídia "pinta quadro aterrorizador"


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Resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT acusa mídia de tentar influenciar nas disputas eleitorais; sempre contra o partido e o governo; economia é o campo de ataque midiático "aterrorizador, disseminando maus presságios sem fundamentos técnicos"; com uma expressão já usada pela presidente Dilma Rousseff, documento chama de "velhos do Restelo" – o personagem pessimista de Luis de Camões - os que "tentam agourar" o sucesso da Copa do Mundo no Brasil e não reconhecem "o legado a ser deixado pelo Campeonato Mundial"; e frisa: "Chega a ser impressionante a distância entre o Brasil verdadeiro, governado pelo PT, e o Brasil deles"
21 de Março de 2014 às 16:00
247 – O PT está farto da cobertura que a mídia familiar e tradicional está dedicando à situação econômica do Brasil. Em resolução aprovada pelo Diretório Nacional, o partido acusou uma "parcela da mídia" de traçar um retrato nefasto da economia na tentativa de influenciar nas eleições de outubro, contra o PT e o governo federal.
- Parcela da mídia brasileira faz questão de pintar um quadro aterrorizador na economia, disseminando maus presságios sem fundamentos técnicos, apenas com a clara intenção de tentar influenciar nas disputas eleitorais.
A resolução do partido deixa claro que há pouco espaço para entendimento entre ele próprio e a "parcela da mídia", sem citações nominais.
- Chega a ser impressionante a distância apresentada por uma parcela da mídia entre o Brasil verdadeiro, governado pelo PT, e o Brasil ´deles´"
No texto, a direção do PT usa expressão já utilizada pela presidente Dilma Rousseff, que definiu os pessimistas sobre a situação da economia brasileira como "velhos do Restelo" – o personagem do poeta português Luiz de Camões que fazia maus presságios para as naus que partiam para descobrir novas terras.
- Os ´velhos do Restelo´, parafraseando Camões, ficam agourando o insucesso da Copa no Brasil. Tentam, de todas as formas, estimular manifestações contrárias e alardeiam a inexistência de legado a ser deixado pelo campeonato mundial", diz a resolução aprovada pelo diretório nacional.


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Na entrevista que foi levada ao ar pela equipe do Jornal Nacional na noite de ontem, apenas a fala que cria certo atrito com a presidente Dilma Rousseff, sobre uma cláusula que obrigava a Petrobras a adquirir 50% da belga Astra na refinaria de Pasadena, foi destacada; entrevista integral ressalta aspectos da operação que não foram apontados pela Globo; "a refinaria está em pleno funcionamento e dando lucro", disse Gabrielli; edição alimentou intriga
21 de Março de 2014 às 17:00
247 – Presidente da Petrobras na época em que a estatal adquiriu a refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), em 2006, José Sérgio Gabrielli defendeu a negociação na noite desta quinta-feira, em entrevista ao Jornal Nacional. O trecho de sua fala que foi ao ar na Globo, porém, dá a impressão de que ele foi contrário ao que defendeu a presidente Dilma Rousseff sobre o caso.
Gabrielli disse na entrevista que a compra foi "adequada" se for analisado o cenário da época, quando o mercado brasileiro estava "estagnado em termos de crescimento de consumo". Olhando de hoje, ou até mesmo do ano passado, a situação mudou para algo que não podia ser previsto em 2005, explica ele. "A refinaria está em pleno funcionamento e está dando lucro", chegou a defender Gabrielli.
O ex-dirigente da petroleira também negou que tenha havido "um grande impacto na vida financeira da Petrobras" com o negócio, como menciona a jornalista. "Olha, não há como um valor desse (a estatal gastou quase US$ 1,2 bilhão na compra da refinaria) comprometer uma empresa que vale o valor que a Petrobras vale", disse Gabrielli.
Segundo ele, "não há dúvida que há um impacto importante", mas "é preciso levar em conta o que este ativo produziu durante esse período. Esse ativo produziu derivados, que foram vendidos no mercado tradicional. Hoje, continuam sendo vendidos e pertencem ao patrimônio da Petrobras", acrescentou.
Na entrevista que foi levada ao ar pela equipe do Jornal Nacional, foi destacada apenas a fala que cria certo atrito com a presidente Dilma, sobre uma cláusula que obrigava a Petrobras a adquirir 50% da belga Astra na refinaria de Pasadena. Em nota divulgada na última quarta-feira, a presidente afirmou que desconhecia a cláusula. Gabrielli afirmou na entrevista que esta é uma prática comum no mercado. Assista a íntegra abaixo:

 


Anticomunista, católico, golpista bem sucedido: conheça o cinema do Ipês


Conheça o cinema do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais, fundado em 1961, essencial na aceitação pacífica do golpe por grande parte da sociedade civil. 

Caio Hornstein e Rodrigo Giordano
 
arquivo de youtube.com

E é justamente para coordenar o pensamento e a ação de todos aqueles que não querem ficar de braços cruzados diante da catástrofe que nos ameaça, que é necessário criarmos um organismo novo, com uma mensagem nova para a nova realidade do Brasil de hoje. Temos uma finalidade básica: evitar que a difícil situação que o país atravessa venha a comprometer nossas instituições democráticas e tradições cristãs.

Esse discurso faz parte do vídeo abaixo, um curta-metragem documentário chamado "O que é o Ipês”, um dos quinze curtas (que se tem notícia) produzidos pelo Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais, fundado em 1961. O artífice de sua criação é o general Golbery do Couto e Silva. A ele se juntaram empresários e “democratas” que pretendiam “ver, julgar e agir em defesa da pátria”.
 

O nome do instituto vem da árvore tipicamente brasileira, a qual perde as folhas para florir novamente, simbolismo que evidencia a principal intenção do instituto: derrubar o governo legítimo para construir um novo país.

Como base teórica e prática, os fundadores optaram pela soma da Ata da Aliança para o Progresso, projeto de Kennedy que consistia em apoio financeiro americano para evitar o avanço comunista em países da América Latina, e os princípios da Encíclica Mater et Magistra (Sobre a recente evolução da questão social à luz da doutrina cristã), escrita em 1961 pelo Papa João XXIII.

O verdadeiro princípio do Ipês, no entanto, era construir, a partir de incentivos financeiros estrangeiros e do empresariado local, um aparato ideológico de comunicação a fim de afastar o perigo comunista, derrubar as Reformas de Base propostas por João Goulart e conseguir o apoio civil na troca por um governo que garantisse a manutenção da ordem e da propriedade privada.

Na fundamental obra 1964: A Conquista do Estado, o autor René Armand Dreifuss aponta que “o que ocorreu em 1964 não foi um golpe conspirativo, mas sim o resultado de campanha política, ideológica e militar travada pela elite orgânica, centrada no complexo Ipês/IBAD.”

O Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) era uma organização anticomunista, fundada em 1959. Em conjunto com o Ipês, visava fazer oposição ao governo através de propaganda em todos os meios de comunicação possíveis. No entanto, foi dissolvido em 1963, após CPI que apurou o financiamento do instituto a partir de fundos de origem estrangeira sem autorização. Entre as empresas que desviavam dinheiro para o IBAD estavam Texaco, Shell, Esso, Bayer, IBM, Coca-Cola, General Motors.

Em seu livro Propaganda e Cinema a Serviço do Golpe, Denise Assis aponta que 70% das doações feitas ao Ipês tinham origem nas seguintes empresas: Listas Telefônicas Brasileiras, Light, Cruzeiro do Sul, Refinaria União e ICOMI (Indústria e Comércio de Minerais). Estava posto, portanto, o suporte financeiro para a produção do material de propaganda ideológica. Documentos, seminários, livros, filmes, espaços no rádio e na TV: o Ipês se utilizou de todos os meios possíveis para fazer chegar sua mensagem à sociedade.

Os diretores do instituto consideravam o cinema a mais forte fonte de propaganda da época. Foi elaborada, então, uma comissão composta por ensaístas, escritores e intelectuais com o intuito de produzir roteiros para os filmes que levariam ao público a posição do Ipês em relação ao contexto político e social brasileiro da época. O fotógrafo francês Jean Manzon participou ativamente das atividades de produção e direção de vários curtas do Ipês, assim como o produtor Carlinhos Niemeyer, inventor do Canal 100. O escritor José Rubem Fonseca revisava os roteiros.

Como é possível ver no vídeo abaixo, o curta "A Boa Empresa", os primeiros filmes produzidos eram primordialmente voltados ao empresariado e ao operariado da fábrica, tratando de temas mais específicos, rechaçando a ação de greve (“traz prejuízo e angústia a toda coletividade”) e enaltecendo o empreendimento privado.



   


O cenário político e o aumento das tensões, porém, fazem com que os filmes passem a ser mais incisivos, passando a tratar de assuntos mais universais. A chamada do público para tomar algum tipo de ação é direta, mas qual ação seria essa especificamente fica apenas sugerido.

No vídeo abaixo, o curta "O Brasil precisa de você", a manipulação barata da montagem coloca lado a lado Musolini, Hitler, Stalin e Fidel Castro. A ideia era relacionar um regime de esquerda com o totalitarismo. No final, a mensagem é enfática: "O Brasil não pode esperar mais".




A utilização do cinema como instrumento político era feita de forma padronizada. Os filmes são didáticos e informativos, sempre com uma voz over masculina (o locutor Luiz Jatobá), cujas explicações são ilustradas pelas imagens. A montagem é usada tanto para a criação de uma ideia de ameaça, quanto para uma imagem de harmonia social, dependendo do tema do curta.

O Ipês tinha acerto com distribuidoras e exibidoras para que os filmes fossem exibidos em sessões regulares, antes de filmes estrangeiros. Além disso, todo material criado pelo instituto (filmes, panfletos, livros) era enviado para sindicatos, grêmios estudantis e empresas. A intenção era não só angariar simpatizantes à causa, mas formar de fato quadros conservadores nesses setores. E apesar de ter a burguesia e a classe média como alvos, os filmes também foram exibidos em favelas e bairros de periferia, onde era dada ênfase no caráter ateu do comunismo.

O Ipês concentrou suas atividades cinematográficas entre 1962 e 1963. Após o golpe, com a missão cumprida, os empresários não viam mais sentido em continuar bancando as produções do instituto. A pretensão inicial já havia sido conquistada: o apoio civil contra o governo e a organização da elite empresarial. Em sua obra acima citada, Denise Assis aponta o Ipês como "a mais poderosa agremiação civil dos últimos tempos". Ela divide da opinião de Dreifuss, para quem a propaganda massiva elaborada pelo instituto pavimentou a queda do governo Jango. O Ipês foi essencial na aceitação pacífica do golpe por grande parte da sociedade civil e sua produção cinematográfica ajudou a construir as condições políticas para o levante militar de 1964.



Créditos da foto: arquivo de youtube.com

O Ibope e a primeira “bala de prata” de 2014


A pouco mais de seis meses do primeiro turno das eleições de 2014, a pesquisa Ibope sobre a sucessão presidencial divulgada na última quinta-feira (20) constitui um terremoto político, ou melhor, uma cataclísmica calmaria política. Ou um banho de água fria para a oposição.
Claro que, em anos eleitorais, seis meses é prazo bem mais longo do que em períodos não-eleitorais. Os fatos políticos e o cenário podem mudar de uma hora para outra, como já se viu em tantas eleições.
Em 2010, por exemplo, Dilma Rousseff só ganhou musculatura no meio do ano.
Após a definição oficial das candidaturas (junho), portanto, a oposição espera melhora do desempenho de seus candidatos, pois o que a pesquisa recém-divulgada mostrou é trágico para eles, para dizer o mínimo.
Para simplificar, Dilma tem quase o dobro das intenções de voto da soma de seus prováveis adversários, seja qual for o cenário.
E na pesquisa que acaba de divulgar, o Ibope inovou. Em primeiro lugar, inovou com cenários em que não aparecem apenas os candidatos mais fortes; incluiu os candidatos nanicos, como os do PSC, do PSDC, do PRTB e do PSOL.
Contudo, a pesquisa também apresentou cenários só com os três candidatos mais fortes – Dilma com Aécio Neves e Eduardo Campos ou com o tucano e Marina Silva.
Seja qual for o cenário, porém, Dilma vence no primeiro turno com quase o dobro dos votos dos adversários. No cenário mais provável (Dilma, Aécio, Eduardo, Pastor Everaldo, Levy Fidelix e Randolfe Rodrigues), Dilma tem 40% e os adversários somados, 23%.
Na hipótese (ainda remota) de haver segundo turno, Dilma venceria Aécio por 47% a 20%, Marina Silva por 45% a 21% e Eduardo Campos por 47% a 16%.
Repito: estamos a praticamente seis meses do primeiro turno das eleições deste ano e é isso o que torna a pesquisa Ibope “cataclísmica” para a oposição.
Pouco antes de ser divulgada a pesquisa Ibope, circulava um boato de que Dilma teria perdido terreno para os adversários. Alguns boateiros começaram a espalhar, inclusive, que o mercado financeiro estaria “eufórico” com essa possibilidade.
A frustração do boato acendeu a luz vermelha entre as hostes oposicionistas na mídia e nos partidos. E bateu o desespero.
Na semana passada, durante um evento qualquer, Dilma disse que o povo “percebe” quem o favorece; ela já tinha os números de sondagens eleitorais encomendadas pelo Planalto. E, apesar do boato sobre avanço dos candidatos oposicionistas, a mídia também tinha.
Bateu o desespero na oposição midiática. De repente, um caso antigo sobre a compra pela Petrobrás (em 2006, ainda no governo Lula) de uma refinaria nos Estados Unidos volta ao noticiário e Dilma começa a ser alvo de acusações virulentas na mídia, com o previsível teatrinho de oposicionistas indignados.
Vendo que, mais uma vez, não dará para usar punhos de renda com um candidato petista à sucessão presidencial, a mídia volta a ser o que foi em 2006 e em 2010 e tirou do armário a sua metralhadora de balas de prata.
Observação: para quem não sabe, os escândalos pré-eleitorais que a mídia dispara contra candidatos a presidente petistas em anos eleitorais são chamados de “balas de prata”, aquelas capazes de matar lobisomens, que podem fazer o que balas comuns não conseguem.
As balas de prata em 2010, por exemplo, foram muitas. A principal foi a criminalização precoce da então substituta de Dilma na Casa Civil, Erenice Guerra. Ela teria permitido que um filho seu fizesse lobby usando o cargo da mãe.
A eleição passou e Erenice, que em 2010 perdeu o cargo e foi tratada como irremediável criminosa, foi absolvida. E ficou o dito pelo não dito.
O caso da refinaria em Pasadena, no Texas, que a Petrobrás comprou em 2006 com o aval de Dilma – ela era presidente do Conselho de Administração da empresa –, é, portanto, a primeira bala de prata de 2014 – outras virão.
Pela terceira eleição presidencial consecutiva, a oposição midiática tentará criminalizar o (a) petista da vez para tentar vencê-lo (a).
Como o noticiário sobre “caos” na economia vai se mostrando inócuo em um país que cria em um só mês 260 mil empregos com carteira assinada, que vê os salários subindo mês após mês, com inflação controlada, com desigualdade caindo, a oposição midiática vai despertando de sua alucinação eleitoral.
Eis que o noticiário volta aos mesmos métodos de eleições presidenciais anteriores. Desta vez, porém, há um elemento que permite visualizar como é artificial essa saraivada de acusações a Dilma na mídia por conta do caso da refinaria.
Durante o ano passado e no início deste, temos acompanhado o escândalo dos trens em São Paulo, apelidado de “trensalão”. O escândalo atinge duramente todos os governos do Estado de São Paulo de 1995 para cá.
Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin estavam à frente da administração paulista enquanto o metrô e a CPTM compravam trens superfaturados de empresas que combinavam preços entre si para aumentá-los.
Um promotor do Ministério Público estadual de São Paulo chegou a pedir o indiciamento do ex-governador José Serra por um executivo de uma das empresas que lhe venderam trens ter afirmado que ele sugeriu aos participantes de uma concorrência que se organizassem em cartel.
Isso, claro, apareceu timidamente no Estadão e em nenhuma outra parte. E já desapareceu. Imagine se fosse com Lula, leitor…
Costumo dizer que uso muito o noticiário da Folha de São Paulo porque tanto faz, hoje, o grande meio de comunicação que se leia, ouça ou assista, porque todos têm o mesmo viés antipetista. Assim, vejamos o noticiário da Folha de sexta-feira, 21 de março.
O ataque a Dilma começa na primeira página. Quem a Folha escalou para um dos ataques foi ninguém mais, ninguém menos do que Lula (?!). Com informações “em off”, o jornal afirma que Lula disse que Dilma deu “um tiro no pé” ao “tentar sair do foco das investigações”.
É hilariante, mas não é o pior.
Ainda na primeira página, o jornal indica artigo de Reinaldo Azevedo (o lado Veja da Folha) em que ele ironiza Dilma dizer que não sabia de irregularidades na empresa que a Petrobrás comprou em 2006 por preço que hoje se mostra exagerado. Segundo o rotweiler da Folha, Dilma “Usa o eu não sabia como desculpa”.
A frase “Eu não sabia” foi usada durante anos para criticar Lula por negar que soubesse do escândalo do mensalão.
Nas páginas internas da Folha, editoriais, colunas e cartas de leitores responsabilizam Dilma pessoalmente pelo mau negócio da Petrobrás em 2006 e insinuam que sua responsabilidade pode ser criminal.
Como sempre digo, o que mantém o PT no poder é, além da falta de propostas de seus adversários, a burrice deles.
Explico: justo no momento em que dois dos três governadores de São Paulo durante os últimos vinte anos dizem que “não sabiam” da roubalheira na compra de trens pelo Estado sem nunca terem sofrido da mídia acusações diretas como Dilma está sofrendo, o tratamento dispensado à presidente se mostra uma aberração. E as pessoas percebem.
Cada uma das críticas exacerbadas e das conclusões criminosamente apressadas sobre a responsabilidade da presidente nesse caso da refinaria no Texas poderia ser usada contra Alckmin e Serra. Porém, ninguém viu algum grande jornal ou revista acusando um dos dois, pessoalmente, pela compra superfaturada de trens.
O surgimento da primeira “bala de prata” antipetista de 2014, aliás, também é uma boa notícia.
A mídia até que tentou afetar “isenção” a partir das “jornadas de junho” de 2013. Chegou a noticiar o escândalo dos trens em São Paulo – claro que sem acusar os governadores tucanos. Mas como os candidatos de oposição não deslancham, volta o recurso a “balas de prata”.
Acreditava-se que os protestos violentos contra a Copa de 2014 fariam o serviço, ou seja, fariam Dilma se enfraquecer politicamente como no ano passado. Mas com a progressiva perda de apoio desse movimento de partidos de esquerda de oposição a Dilma, caiu a ficha midiática.
Mas por que a volta das “balas de prata” é uma boa notícia? Porque revela que vai batendo o desespero na oposição midiática. Assim como em 2006 e em 2010. E, como sabemos, o brasileiro aprendeu a não dar bola a essas denúncias pré-eleitorais.

Lula volta a negar “invencionices” de Folha

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Em nota, ex-presidente nega declarações atribuídas a ele nesta sexta-feira pelo jornal; matéria publicada com fontes em "off" diz que Lula considerou a nota do governo sobre a negociação de Pasadena pela Petrobras um "tiro no pé"; assessoria diz que Folha de S. Paulo, "mais uma vez", atribuiu ao ex-presidente "declarações que não foram feitas por ele"; "É lamentável a reincidência do jornal em invencionices", diz o texto; publicação tem alimentado, sempre com fontes não identificadas, intrigas entre Lula e Dilma
21 de Março de 2014 às 11:36
247 – O ex-presidente Lula voltou a negar, nesta sexta-feira 21, que tenha dado declarações publicadas em "off" – quando a fonte não é identificada – pelo jornal Folha de S. Paulo. Em nota, a assessoria de imprensa do Instituto Lula diz que, "mais uma vez", o jornal atribuiu ao ex-presidente "declarações que não foram feitas por ele".
Reportagem publicada hoje pelo jornal da família Frias noticia que a opinião de Lula sobre a nota publicada pela presidente Dilma Rousseff a respeito da negociação da refinaria de Pasadena, pela Petrobras, foi "um tiro no pé". "Na avaliação de Lula, Dilma agiu por impulso", diz trecho da matéria (leia aqui).
"É lamentável a reincidência do jornal em invencionices. Apenas desinforma seus leitores e conspira contra a verdade", responde a nota da assessoria de Lula, que já rebateu matérias da Folha em outros casos. Recentemente, o jornal tem investido em intrigas entre a presidente Dilma e o antecessor.
Leia abaixo a íntegra da nota:
NOTA À IMPRENSA
São Paulo, dia 21 de março de 2014,
Hoje, mais uma vez, o jornal Folha de S.Paulo atribuiu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarações que não foram feitas por ele em público ou em privado. É lamentável a reincidência do jornal em invencionices. Apenas desinforma seus leitores e conspira contra a verdade.
Assessoria de Imprensa do Instituto Lula

Ouça Rubem Paiva e entenda porque a covardia odeia a coragem. Audio ao final do texto !

rubem

Por que Rubem Paiva, um deputado federal cassado, foi sequestrado, torturado, assassinado e seu corpo lançado em algum lugar desconhecido, provavelmente ao mar, como se admite agora?
A ditadura e seus viúvos sempre procuram “justificar” sua brutalidade e seus assassinatos dizendo que, do outro lado, estavam guerrilheiros armados, mas esta “desculpa” cínica não servia para Rubem, que jamais praticara nenhuma ação violenta.
Mas não por medo ou covardia.
Porque Rubem Paiva era um valente.
Tão valente que  morreu por ter voltado do exílio,  que não suportou.
Morreu pelas mãos de covardes, acobertados por um regime que os açulou como hienas contra homens e mulheres indefesos, dominados, encarcerados e lhes encheu do prazer doentio de maltratarem e exterminarem seres humanos.
Não numa guerra, mas numa vendetta.
Havia anos Paiva estava marcado.
Por sua fidelidade ao povo trabalhador, à legalidade democrática, ao Brasil.
Na madrugada de 1° de abril, com o golpe em curso, Paiva foi aos microfones da Rádio Nacional praticar este amor, como você pode ouvir no precioso áudio recuperado pela EBC, como parte da memória dos 50 anos da ditadura que escureceu tantas vidas.
Um amor perigoso, que anos mais tarde lhe tomaria a vida.
Mas que ele jamais renegou.

Barbosa processa Noblat por racismo. Começou a vingança…

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Divirjo muitas vezes do jornalista Ricardo Noblat.
Quase sempre, aliás.
Muito menos aprecio a orientação política que ele assume em sua coluna em O Globo e eu seu blog, na mesma empresa.
Não desconheço, também, que ele jamais tomou a defesa de outros profissionais, a que vê serem chamados de ‘blogueiros sujos”, sem que lhes proclame o direito de escrever o que pensam e tanto quanto qualquer outra publicação, merecerem  - na proporção de suas audiências – a destinação de verbas publicitárias.
Nada disso, entretanto, faz deixar de ser absurdo que ele seja denunciado por racismo pelo Presidente do STF, Joaquim Barbosa, por tê-lo censurado por seus modos grosseiros ao agredir verbalmente Ricardo Levandowski.
Por dizer que Barbosa não tem o direito “tratar mal seus semelhantes, a debochar deles” e a “humilhá-los”.
Não tem, mesmo.
Ou que Barbosa teve, na sua indicação para a Corte,o fato de ser negro como elemento de convicção do Presidente Lula para decidir assim.
Foi, e que bom que tenha sido.
Porque significou a ascensão de um negro – como milhões de nossos irmãos – à corte mais alta do País, como é preciso para que esse país comece, um pouquinho, a exorcizar os séculos de discriminação, humilhação e injustiça.
Que Noblat tenha dito que o comportamento de Barbosa é eivado de autoritarismo e recalques, basta ver os espetáculos que ele protagoniza na TV Justiça, ante os olhos de todos.
Ou será que mandar um jornalista ir “chafurdar no lixo” é exemplo de comportamento equilibrado próprio de um magistrado?
Da mesma forma, não é temerário dizer que Joaquim Barbosa sabe do peso com que recai, diante do Ministério Público, uma demanda sua para que se processe alguém.
Noblat talvez seja só o primeiro.
O rancor da derrota final no processo da Ação penal 470, o chamado “mensalão”, já deixou claro, na diatribe final de Barbosa contra seus colegas, onde apontou um “maioria formada sob medida” que iria seguir sua “sanha reformadora”, que aquele era “apenas o primeiro passo”.
Talvez o primeiro passo seja justamente Noblat, a quem, por caminho transverso, se busque punir por no trecho final do julgamento, não ter seguido razões de elevado valor jurídico, como a de dosar penas “sob medida” para evitar a progressão ao regime semi-aberto de determinados presos.
E talvez seja a Noblat uma lição de que os adversários que o enfrentamos com a verve, a ironia e o questionamentos políticos somos muito, muito mais democratas do que aqueles que figuram injúrias para exercer a perseguição.
Porque, afinal, o que se lhe imputa como injurioso é o mesmo – em palavras até mais duras – do que se acusou o jornalista Paulo Henrique Amorim em relação a Heraldo Pereira.
Quando muito, uma ofensa pessoal, não aos negros.
Noblat não achou isso merecedor de defesa
Ainda assim, terá nossa defesa diante de um esgar autoritário.

Dilma das pesquisas vence Dilma que mídia mostra

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Presidente segue soberana nas pesquisa de opinião, acima dos rumores sobre uma suposta perda de pontos; explicação para a manutenção da popularidade de Dilma, apesar de todas as apostas em contrário dos chamados formadores de opinão espalhados pela mídia familiar e tradicional, está nela mesma; o que soa como falta de habilidade política e administrativa nas notícias da imprensa está chegando ao público como sinceridade e objetivo; a cada levantamento publicado desde o início de seu governo a presidente Dilma Rousseff mostra que é bem mais difícil de derrotar do que sugerem tantos comentaristas

20 de Março de 2014 às 20:21
Marco Damiani _ 247 – Com 43% de intenções de votos, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira 20 pelo instituto Ibope, e indicações de sobra para, além de ganhar em primeiro turno, bater qualquer outro adversário num forjado segundo turno, a presidente Dilma Rousseff parece ser duas.
Uma Dilma é, exatamente, a líder popular que jamais perdeu a liderança nas pesquisas desde que assumiu seu mandato, em janeiro de 2011. A figura que, mesmo após as manifestações de junho do ano passado, o máximo que permitiu de esperança aos adversários foi uma remota possibilidade de segundo turno. Nunca uma ultrapassagem. Aquela que o público identifica como patrocinadora de políticas sociais compensatórias e inclusivas, co-responsável pela retirada de 40 milhões de brasileiros da linha da pobreza.
A presidente Dilma Rousseff, enfim, que segue tranquila – de acordo com a ciência das pesquisas, frise-se – para a reeleição.
Outra Dilma é a que surge ao público, diariamente, pela ótica dos veículos da mídia familiar e tradicional. A presidente que não gosta ou não saber fazer política partidária (1); não se entende com o Congresso (2); perde aliados por tratá-los de maneira espartana (3); pilota uma política econômica que sobe juros e é leniente com a inflação (4); confunde e desanima empresários (5); não sabe o que fazer com a crise no setor elétrico (6); ignora assuntos internacionais polêmicos (7); etc etc.
Uma Dilma, portanto, que, de acordo com análises publicadas aos borbotões, estaria cada vez mais isolada no Palácio do Planalto.
Mas à hipotética pergunta 'qual Dilma você considera a verdadeira', a mais recente pesquisa Ibope indica que o público vê muito mais a presidente competente do que a executiva enrolada em dificuldades. A ponto de demonstrar, nas 43% de intenções de voto, que quer mantê-la já em primeiro turno no cargo.
Desta vez, a novidade da pesquisa foi exatamente a de não ter novidade. Nos boatos que cercaram a sua divulgação, capazes de mexer forte no desempenho das empresas estatais na bolsa de valores de São Paulo, a pesquisa Ibope iria mostrar uma queda nas intenções de voto da presidente. Não seria de estranhar. Afinal, o levantamento de campo se deu na semana passada, depois que os pré-candidatos da oposição puderam fazer todas as críticas que bem entenderam ao desempenho da economia no ano passado. E também ao comportamento político da própria presidente. Como se viu pelos 43% dados a Dilma na pesquisa Ibope, porém, nada dessa especulação foi verdade. 
Nem mesmo os reflexos do julgamento do chamado mensalão, o agravamento da violência urbana, a estiagem no Sudeste ou as enchentes no Sul foram capazes de abalar o desempenho de Dilma.  
MOSTRA A CARA - Uma das explicações para a manutenção na popularidade da presidente está em seu estilo. Dilma, como se diz popularmente, dá a cara para bater. Em discursos nos palanques de inaugurações, nas redes nacionais convocadas para pronunciamentos oficiais e na maneira de agir nos bastidores, a presidente vai-se notabilizando por enfrentar os problemas sem subterfúgios. Especialmente aqueles que, em tese, serviriam para proteger sua imagem.
Nesta semana, cujos fatos não influenciaram a pesquisa, fechada anteriormente, a presidente mostrou bem como gosta de agir. Ela respondeu pessoalmente a acusações em off – sem identificação da fonte de informação – publicadas nos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Os jornais alegaram ter obtido de diretores da Petrobras informações segundo as quais Dilma teria tido todas as informações necessárias para, em 2006, barrar a compra, pela estatal, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Fiel ao seu estilo de não deixar para depois o que pode responder agora, Dilma divulgou uma nota garantindo que o parecer que orientou o conselho de administração da Petrobras foi "omisso" quanto a pontos do contrato, notadamente a cláusula de compra obrigatória em caso de litígio entre sócios, e "juridicamente falho".
Não é a primeira vez que Dilma encara de frente uma questão grave. No início de sua gestão, ela demitiu ministros por suspeitas de malfeitos. Por menos que isso, no oitavo mês de governo, mandou o então ministro da Defesa interromper viagem à Amazônia e voltar imediatamente para ser demitido do cargo. Motivo: em entrevista, ele haia criticado duas das mais próximas auxiliares da presidente, a atual ministra Ideli Salvatti e a ex Gleisi Hoffman.
Não é comum, no Brasil, que os políticos façam o que de melhor se espera deles. Explicações objetivas sobre situações de suspeita ou atitudes diretas para casos de disciplina quase sempre são trocados por pronunciamentos obtusos e posições dúbias. A conciliação é a regra acima do enfrentamento.
Residem no estilo tratoral que Dilma cultiva para si própria – e na suprema realização deu seu governo até aqui, a criação de 4,8 milhões de empregos desde janeiro de 2011 – as explicações para a perfomance superior da presidente sobre seus adversários. A presidente vem ocupando redes de rádio e televisão para falar até mesmo sobre o Dia da Mulher, como fez em 8 de março. Para a oposição, isso é uso do cargo para fins eleitorais. Mas além dos tribunais já terem recusado essa tese, não aceitando nem mesmo a imposição de pequenas multas à presidente, o que mais sobressai é que o povo não indica estar vendo nenhum problema nisso.
A julgar pelos números atuais, o povo gosta sim da Dilma que a mídia não costuma mostrar.

E o boato pariu um rato. Dilma, de lavada, sobre Aécio, Eduardo e Marina

Nas últimas 48 horas, o mercado financeiro e a mídia manipularam dois fatos nada triviais: uma pesquisa eleitoral e a decisão do Fed sobre a taxa de juro nos EUA

Por 48 horas, alardeou-se uma queda fictícia de Dilma no Ibope, lucrando-se nas Bolsas

Da mesma forma, vendeu-se como alarmante a decisão do Fed de só cogitar mexer no juro norte-americano em 2015, e de mantê-lo assim por longo período

Ocultou-se a ênfase por uma boa razão: ela enfraquece o poder de chantagem da fuga de capitais, para obter mais juros aqui

O rentismo odeia a estabilidade; seu alimento é a especulação


Especulação no mercado, sobem as ações e desce o dólar.
Foi só isso que conseguiu a estranhíssima pesquisa Ibope.
ibope2Porque os números foram mortais para a oposição.
Com apenas 3 candidatos, Dilma Rousseff teria 43%, contra 15% de Aécio Neves e 7% de Eduardo Campos.
Se Marina ocupasse o lugar de Eduardo Campos,  Dilma teria 41% , contra 14% de Aécio e 12% da redista.
Com todos os candidatos reais, Dilma tem quase o dobro da soma de todos os outros candidatos.
Bastaria que tivesse 1 voto mais para liquidar a fatura no primeiro turno.
Por enquanto, nada de braçada.
Mas a boataria e seus reflexos no mercado financeiro mostram que há, digamos, “combustível” para alimentar todo o tipo de jogadas.
Querem saber quanto?
Está no Valor:
“Os recibos de ações da Petrobras negociados em Nova York (ADRs, em inglês) caíram fortemente no pós-fechamento do mercado americano, após a divulgação da pesquisa Ibope que mostrou larga vantagem da presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral.Por volta das 19h (horário de Brasília), os recibos lastreados nas ações ordinárias caiam 2,68%, para US$ 11,26, enquanto aqueles com base nos papéis preferenciais recuavam 3,09%, para US$ 11,60. No pregão convencional, os ativos tinham subido 6,15% e 5,37%, respectivamente.”
Está bem claro  a quem Dilma agrada e a quem desagrada?

quinta-feira, 20 de março de 2014

Ibope: Dilma tem 43%, Aécio 15% e Campos 7%

:
Acaba de ser divulgada a nova pesquisa Ibope sobre a sucessão presidencial; de acordo com os números do instituto, a presidente Dilma Rousseff tem 43%, contra 15% de Aécio Neves e 7% de Eduardo Campos; no quadro atual, não haveria segundo turno e Dilma venceria com folga no primeiro; pesquisa alimentou onda de especulação no mercado financeiro, gerando fortes altas da Petrobras e de outras estatais na Bovespa; nas simulações de segundo turno, Dilma supera com folga todos os adversários
20 de Março de 2014 às 18:03
247 - O Ibope divulgou nesta quinta-feira sua mais recente pesquisa sobre a sucessão presidencial. Ela aponta a presidente Dilma Rousseff com 43%, contra 15% de Aécio Neves e 7% para Eduardo Campos.
Assim, ela venceria no primeiro turno, com folga.
A nova pesquisa Ibope gerou uma forte onda de especulação no mercado financeiro, provocando fortes altas de ações do setor elétrico e também da Petrobras. Só nesta quinta-feira, a Petrobras subiu mais de 4%, depois de ter subido mais de 3% nos dois pregões anteriores. Especuladores apostavam numa queda da presidente Dilma, que não se confirmou.
O Ibope também pesquisou um cenário com Marina Silva no lugar de Eduardo Campos, o que não geraria grandes alterações. Dilma teria 41%, contra 14% de Aécio e 12% de Marina.
Nas simulações de segundo turno, Dilma supera com folga todos os adversários. Contra Marina, o placar seria de 45% a 21%. Contra Aécio, de 47% a 22%. Contra Campos, de 47% a 16%.
A pesquisa sobre rejeição também foi boa para a presidente. Enquanto Dilma tem uma taxa de 38%, Aécio tem 41%, Campos 39% e Marina, idem.
Ao que tudo indica, especuladores que tentaram manipular o mercado financeiro em razão da pesquisa eleitoral terão ressaca nesta noite.

Vem pesquisa marota ai…Cheiro de armação no ar… Tem boca, couro e rabo de jacaré, e não é jacaré?

jacare
Ontem eu avisei aqui da “pesquisa vinda do nada” registrada pelo Ibope no TSE, sem que ninguém a tivesse contratado, sendo paga”pelo Ibope ao Ibope”.
Pode ser simples boato, mas só haver o boato indica que a  coisa pode ser muito séria. E você pode ajudar, divulgando isso, a reduzir o tamanho da armação.
Deu no Valor, agorinha:

Bovespa sobe mais de 5% na semana ajudada por boato eleitoral

SÃO PAULO  –  Os rumores sobre a pesquisa eleitoral para a Presidência da República seguem pautando os negócios na Bovespa nesta quinta-feira. (…) Mais uma vez, os rumores dão conta de que Dilma Rousseff (PT) teria perdido espaço para Aécio Neves (PSDB) na pesquisa Ibope que será divulgada hoje à noite no Jornal Nacional, da TV Globo. Uma eventual derrota de Dilma é bem vista pelo mercado por conta do perfil intervencionista da atual presidente em diversos setores, como o elétrico e o bancário, o que vem desagradando os investidores.
Já há uma ala no mercado especulando que Dilma poderia deixar de ser candidata à reeleição, abrindo espaço para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrasse na disputa em seu lugar como candidato do PT.
Semana passada, sob os olhos de um governador do PSDB, armou-se no Tocantins um protesto de pessoas que teriam ficado insatisfeitas porque um conjunto do Minha Casa Minha Vida teria recebido menos benfeitorias que outro.
Hoje, em Belém, com outro governador do PSDB, um grupo de 40 pessoas, em meio a 600,  produziu um cenário de vaias para a televisão. Na verdade, Jatene foi muito mais vaiado, mas a notícia é e  será a vaia a Dilma.
A conversa diante do caso requentado da refinaria de Pasadena ocupa o noticiário político.
Alckmin empurra a crise de água em São Paulo no colo do governo federal.
E a turma dos ingênuos achando que tudo está uma maravilha.
Só mesmo querendo ser bobo para acreditar que não tem armação…
Mas tem gente que se acha muito esperta que acredita que isso não é.
Eu aprendi com um sujeito que falava assim: tem boca de jacaré, tem couro de jacaré, tem rabo de jacaré, como é que não é jacaré…

Dirceu: Veja trabalha "a serviço da ilegalidade"

:
Equipe do blog do ex-ministro publica posicionamento sobre matéria de capa da última edição da revista;

segundo o texto, debate sobre "supostas regalias" na prisão "é ancorado em uma série de boatos sensacionalistas com claro objetivo de mantê-lo preso ilegalmente"; acusações na matéria "são exemplos de um antijornalismo" e servem de "pretexto" para o Ministério Público pedir a transferência (ilegal) dos presos para penitenciárias federais, prossegue nota; blog diz ainda que circunstâncias que tentam mostrar privilégio são "frágeis" e "sem fundamento"
20 de Março de 2014 às 11:01
247 – A equipe do blog de José Dirceu publicou nesta quinta-feira 20 um posicionamento sobre a matéria de capa da última edição da revista Veja, que trata de supostas "regalias" ao ex-ministro, que está preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília. O texto em defesa de Dirceu diz que a reportagem baseia um debate "ancorado em uma série de boatos sensacionalistas com claro objetivo de mantê-lo preso ilegalmente" e serve de pretexto para que o Ministério Público peça a transferência dos detentos condenados na Ação Penal 470 para presídios federais – algo que seria ilegal, uma vez que eles foram condenados ao regime semiaberto.
Leia abaixo a íntegra do texto:
Sensacionalismo a serviço da ilegalidade
O debate que se criou a respeito das 'supostas regalias' ao ex-ministro José Dirceu na Papuda, especialmente após a reportagem de capa de VEJA, é ancorado em uma série de boatos sensacionalistas com claro objetivo de mantê-lo preso ilegalmente, em descompasso com o que diz a Lei de Execuções Penais.
As acusações são exemplos de um antijornalismo, que fere direitos e a própria Lei e busca inflar a opinião pública e a própria população carcerária contra José Dirceu e outros réus da AP 470. Tem ainda um desdobramento gravíssimo: serve, agora, de pretexto para o Ministério Público pedir a transferência de todos para um presídio federal. Enquanto se debatem e investigam boatos e inverdades, retarda-se a análise do pedido para que o ex-ministro possa trabalhar fora do presídio.
A reportagem de VEJA, encampada por outros veículos, recorre a supostas fontes anônimas, distorce e manipula informações para desferir novos ataques ao ex-ministro. O sigilo de fontes – instrumento fundamental e legítimo do jornalismo – é usado sem freio, apenas para sustentar versões fantasiosas sobre a rotina de Dirceu na prisão. Não há fatos concretos, documentos ou fontes que sustentem as denúncias. Muito do que também apresentam como provas de regalias sequer seria ilegal e, em alguns casos, constituem direitos assegurados pela lei. Ou seja, quem escreve sequer se dá ao trabalho de entender a legislação. Compreensível, já que seu objetivo é o puro sensacionalismo.
Vejamos o que diz a legislação. O artigo 41 da Lei de Execuções Penais, inciso VIII, é claro ao dizer que, entre os direitos do preso está o de "proteção contra qualquer forma de sensacionalismo". A publicação de fotos de Dirceu no interior da prisão feita pela revista VEJA e a construção midiática mentirosa de sua rotina na cadeia por si só já demonstram a violação da lei. Sob pretexto de denunciar um suposto desrespeito à lei por parte do ex-ministro, a publicação apenas atropela a lei – o que, admitimos, não é novidade alguma.
Entre os boatos ou circunstâncias apontadas como regalias, muitas saltam aos olhos de tão frágeis. Uma delas é a de que Dirceu passaria o tempo lendo na biblioteca, para reduzir a pena. O ex-ministro não lê na biblioteca. Ele trabalha no local, organizando os livros e limpando o ambiente. A Lei de Execuções Penais permite que os presos, sobretudo aqueles em regime semiaberto, trabalhem e estudem. O trabalho de Dirceu na biblioteca do presídio está absolutamente amparado pela legislação.
Também não tem fundamento – e para saber isso nem precisava esforço jornalístico – a informação de que ele lê para reduzir a pena Tal benefício não é uma garantia assegurada. A remição de pena por meio de leitura de livros não está regulamentada em portaria no Distrito Federal. O assunto está em estudo na Vara de Execuções Penais. Cada unidade da Federação tem regulamentado o benefício por parâmetros próprios.
Entre as distorções praticadas, está a de que o ex-ministro teve o privilégio de ser atendido por um podólogo. A indicação do tratamento foi feito pela enfermeira responsável por seu atendimento no presídio. Não custa lembrar que os cuidados com a saúde é uma das primeiras garantias previstas em lei. Diz o artigo 14: "A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico". Mais adiante, o artigo 43 prevê; "É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento."
O escândalo armado em torno de visitas de autoridades e advogados só pode existir também por desconhecimento da lei – que permite tais visitas – ou por pura má fé. Também é igualmente fantasiosa a versão de que Dirceu está numa cela com "características especiais". A cela, dividida com outros detentos, tem 24 metros quadrados e um banheiro, aberto por sinal.
Não distante desses delírios, também está a informação de que uma "ala de luxo" estaria sendo construída no Complexo da Papuda para abrigar os réus da AP 470. O local está sendo reformado para abrigar outros internos que trabalham no Complexo Penitenciário da Papuda.

Quem vai mover as turbinas do Brasil?


Na Inglaterra, astros e estrelas das artes e do esporte assinam manifesto pela autorregulação da mídia, decidida após os crimes cometidos pelo grupo Murdoch

 No Brasil, certa revista semanal já foi muito além das práticas murdochianas, mas os astros e estrelas silenciam

 A ortodoxia reclama que o Brasil não cresce. Mas os países que mais cresceram são justamente os que não respeitam o tripé ortodoxo.

 Olimpíada em 2016 custará R$ 7 bi ao Brasil; será integralmente bancada por quatro grandes patrocinadores internacionais e outros locais. Alguém sabe disso?, pergunta a empresária Luiza Trajano


 No momento em que sábios tucanos apresentam a abertura do país como panaceia para o investimento, uma empresa brasileira sugere que o caminho é mais complexo.

por: Saul LeblonArquivo





No momento em que o declínio industrial do país se transformou em preocupação dominante da agenda econômica, uma reportagem publicada na Revista Exame, de 9 de março último e outra do dia 10 de março, na ‘Defesa Aérea e Naval’, revista on line especializada em assuntos de Defesa, criada pelos jornalistas Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha, chamaram a atenção de Carta Maior.

As matérias davam conta de que a Polaris, empresa de ex-engenheiros do CTA/ITA , de São José dos Campos (SP), desenvolveu uma micro turbina para mísseis, que teria despertado o interesse de fabricantes internacionais de armamentos, graças às inovações que apresenta.

A tecnologia reúne, ademais, densidade de conhecimento suficiente para credenciar o Brasil no seleto clube dos fabricantes mundiais de turbinas aeronáuticas, dominado por um número muito reduzido de corporações gigantes.

A notícia transcende a aparência técnica.

Emoldurada pelos desafios que cercam a agenda do desenvolvimento, ela remete às escolhas que contrapõe projetos distintos, destinados a resgatar a eficiência e a competitividade da industrialização brasileira no século XXI.

O papel do Estado nesse resgate é um divisor de águas.

Em que medida a sua ausência é compatível com o financiamento e o ganho de escala reclamado por projetos com o potencial daqueles desenvolvidos pela Polaris, por exemplo?

A opinião do conservadorismo sobre o assunto ganhou uma importante síntese na entrevista concedida pelo economista Edmar Bacha, formulador do programa do candidato Aécio Neves, ao ‘Estadão’ do último domingo.

Na listagem dos ingredientes que compõe o problema há convergências entre o que diz o dirigente da Casa das Garças e a visão progressista.

A saber: a) o país enfrenta uma perigosa erosão de suas cadeias industriais; b) não é uma corrosão recente, mas remonta aos últimos 30 anos, sendo a defasagem cambial um elo comum ao período; c) sua persistência evidencia a dificuldade de se avançar de uma economia de renda média para um padrão de renda alta, capaz de associar eficiência e empregos de qualidade; d) não há mais como crescer pela expansão do emprego e do consumo, sem girar em falso numa engrenagem esgotada; e) o salto da produtividade industrial é o grande desafio de um novo ciclo de crescimento mais robusto; e) esse ganho não se dará sem uma integração maior da economia brasileira nas grandes cadeias globais de suprimento e inovação, nas quais predominam as trocas intraempresas e entre grandes empresas.

Até aí, estamos na descrição morfológica do enigma.

Vencida a fase alegre dos consensos, a polaridade se recoloca quando se trata de responder à questão: quem comandará o desbaste dos gargalos? Que forças podem e devem impulsioná-lo? Que diferença faz a escolha de um ou de outro protagonista?

Edmar Bacha é sincero na antecipação de seu olhar: ‘Não é segredo para ninguém que sou tucano", diz ao Estadão; em seguida, dispara a consequência disso na forma de uma diretriz schumpeteriana: um novo governo –tucano como ele-- vai impor um "desfazimento" da atual política macroeconômica e lançar as bases para uma abertura comercial contundente e de longo prazo, diz o interlocutor preferencial de Aécio Neves.

O ‘desfazimento’ e a nova abertura dos portos tem alvos e consequências apreciáveis.

Inclua-se aí o desmonte da tentativa de se construir uma política industrial com a participação ativa do Estado no financiamento à integração de grandes empresas nos mercados globais.

Entenda-se, ainda, a implosão da estratégia de integração sul-americana, em benefício de uma abertura comercial de pedigree assumidamente liberal, a exemplo do que pretendia a Alca.

E, finalmente, a pedra de toque desse tabuleiro: a redução do famigerado ‘Custo Brasil’ – panaceia negativa na qual cabem todos os males do país, mas que no fundo esconde o indisfarçável desejo de quebrar a espinha dorsal dos assalariados, com uma purga de arrocho nos holerites, a partir do salário mínimo, e cortes de direitos sociais expandidos pelos governos do PT.

O arrocho tem sentido funcional e político.

O objetivo é lubrificar a adesão das empresas à derrubada das tarifas externas, compensando-as duplamente com o corte nas folhas de pagamento e o ajuste no câmbio.

Fecha-se o círculo do ‘desfazimento’ neoliberal : de um lado, o barateamento das exportações; de outro, o encarecimento das importações. E o Brasil voltaria a deslizar como um corisco na pista do crescimento virtuoso.

Parece lógico.

A que custo?

O conservadorismo é perito no manejo de variáveis descarnadas da dimensão histórica que lhes é indissociável .

Embaralhados os ingredientes assim, higienizados de sua dimensão temporal, salta-se com ligeireza das preliminares para se atribuir aos ‘livres mercados’ a tarefa de conduzir a transição da economia para uma nova quadra de expansão e competitividade.

A narrativa tecnocrática subtrai o papel e o contrapeso do Estado na delicada ordenação de ganhos, perdas e prazos ensejados nessa transição ; engole, ademais, a alternativa histórica de substituir a carta branca aos mercados pela negociação política de um novo pacto para o desenvolvimento.

Não por acaso, a formalidade lógica de Edmar Bacha assenta-se em uma omissão ainda mais grave e abrangente: sua explanação ignora a ação devastadora dos ditos mercados racionais na origem da crise mais grave do capitalismo desde 1929.

Ou não terá sido o colapso de 2008 um filho legítimo da mesma cepa a que pertencem as propostas tucanas destinadas a salvar a economia do ‘anacronismo’ lulopetismo e dos ‘desenvolvimentistas’ da Unicamp –como alfineta Bacha ao desdenhar de ‘uma certa universidade do interior paulista’?

Conviria ao PSDB esclarecer por que a crise não aparece –ou não cabe—no modelo de ‘desfazimento’ do Brasil.

Um pedaço da resposta talvez esteja na predileção dos sábios de bico longo pelo universo fabular dos mercados regidos por leis isonômicas, a salvo das manipulações de interesses e isentos da rapinagem gananciosa dos circuitos financeiros.

A realidade é um pouco mais adversa.

Um dado resume todos os demais: 25% dos recursos do sistema financeiro mundial flutuam hoje à margem de qualquer regulação do Estado e dos organismos internacionais.

Estamos falando de um volume de capital fictício equivalente ao PIB mundial, autoinvestido de poderes para acuar governos, interditar debates (com a ajuda dos esquadrões midiáticos aliados), atropelar políticas de desenvolvimento e esfarelar programas consagrados nas urnas.

O fato adicional de que se vive sob as rédeas de um sistema monetário em estado de decomposição, mas ainda arbitrado pela supremacia do interesse norte-americano, parece alterar muito pouco a disposição tucana de atribuir à abertura dos portos um papel multiuso na superação dos desafios brasileiros.

Tudo se passa como se o objetivo ao qual se busca integrar o país fosse uma equação perfeita, dotada de poder curativo de largo espectro e geométrica harmonia entre as partes.

Um lego amigável, feito de peças complementares.

Somente um devaneio desse calibre justificaria a intenção expressa de renunciar ao papel do Estado no acirramento da guerra de posições em curso no ambiente belicoso dos mercados globais.

Se quiser avaliar a realidade concreta da pressão na caldeira, a inteligência abrigada na Casa das Garças deveria, por exemplo, atentar para a disputa fraticida entre grandes corporações globais, subjacente a um episódio que lhe é familiar: o propinoduto no metrô de São Paulo.

Um olhar isento chegaria facilmente à conclusão de que, ademais dos apetites de bolso , existe uma compulsão estrutural a exigir da indústria um desempenho lucrativo equivalente ao do mercado financeiro, de resto dificilmente realizável sem um mergulho no vale tudo que teria marcado duas décadas de licitações do PSDB em São Paulo. E isso, de fato, é apenas um exemplo.

Nenhuma macroeconomia determinada a resgatar o papel irradiador da produtividade industrial pode ignorar o peso adquirido pela condicionalidade financeira na luta pelo desenvolvimento no século XXI.

Mais que isso.

Não pode prescindir do amparo estatal no superlativo esforço de disciplinar os fluxos de capitais para induzir a composição das grandes massas de recursos produtivos demandadas pela escala competitiva global.

O que seria do Brasil se as turbinas tucanas alçassem o poder novamente impulsionadas pelo menosprezo olímpico a esses parâmetros de voo do nosso tempo?

Que destino amargaria uma empresa brasileira como a Polaris, embarcada nesse comboio?

No dia 13 de março, fruto da repercussão das matérias da Exame, mas principalmente da Revista Defesa Aérea & Naval, os sócios da Polaris, ex-engenheiros do CTA/ITA, receberam em suas instalações, na cidade de São José dos campos, São Paulo, uma comitiva do Ministério da Defesa para conhecer a audaciosa aposta de quem pode credenciar o Brasil ao seleto clube dos cinco ou seis fabricantes mundiais de turbinas aeronáuticas.

O passaporte dessa travessia, a TJ-1000, uma turbina utilizável em mísseis de longo alcance e drones, reúne conhecimento e tecnologias suficientes para, em pouco tempo, com verbas adequadas, desdobrar-se em uma versão de grande porte para uso em aeronaves comerciais e inúmeras outras finalidades civis, inclusive geração de energia, como informa o site da empresa.

Além dessa, outra turbina já se transformou em realidade na Polaris: a TJ200, que pesa menos de 10 Kg e tem apenas 16cm de diâmetro. Mas pode impulsionar um míssil de 230 Kg, num voo de 250 km de distância, com apenas 39 litros de combustível.

O Engenheiro Alberto Carlos Pereira Filho, Presidente da Polaris, explica que todo o processo de desenvolvimento e certificação internacional de uma turbina para aviões comerciais custa dezenas de milhões de dólares. O projeto leva anos; é impensável sem um apoio efetivo do setor estatal.

Foi por isso que a Polaris optou, inicialmente, por uma versão de menor complexidade, com investimentos de R$ 4,5 milhões, via Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Vencida a barreira do conhecimento e, com dois anos de testes, a TJ200 é a primeira turbina aeronáutica de pequeno porte a entrar em produção num mundo cada vez mais receptivo ao seu uso civil.

’A disseminação de drones para serviços de correio’, exemplifica Klein, ‘vai acelerar a adequação desses equipamentos a esse uso -- a exemplo do que deve ocorrer também na agricultura, nas operações de pulverização e controle’.

Só há uma empresa, a francesa Turbomeca, que fabrica um produto similar ao desenvolvido pela Polaris.

Mesmo com esses trunfos, o Estado brasileiro demorou a prestar atenção no potencial de um projeto que já acumula contratos preliminares para a exportação de 100 unidades para a Europa.

O salto para disputar o mercado de aviões comerciais está nas mãos do governo, insiste Klein.

‘Recentemente’, exemplifica, ‘o Brasil assinou um contrato para o primeiro avião a ser fabricado 100% dentro da Unasul; a turbina prevista é de origem russa.

Poderíamos ter acoplado ao projeto o desenvolvimento de uma tecnologia própria’, lamenta.

O mesmo pode ser dito em relação à tecnologia desenvolvida pela empresa para turbinas à gás, destinadas à geração de energia. ‘Seu desempenho’, assegura Alberto, ‘é superior aos modelos existentes no mercado mundial, impróprios para combustíveis de baixo poder calorífico’.

A tecnologia brasileira, ao contrário, utilizaria gases que hoje são desperdiçados, queimados e lançados diretamente na atmosfera, a exemplo das emissões liberadas nos aterros. ‘São apenas dois exemplos de oportunidades à espera de uma política estratégica de Estado’, diz o dirigente.

A visita do Coronel Fábio Eduardo Madioli e do Comandante Eduardo Pinto Urbano, representantes do Ministério da Defesa, à Polaris, na semana passada, pode ser um sinal de que esses equívocos começam a ser retificados por uma nova disposição dentro do governo.

Se assim for, será uma auspiciosa ruptura com a lógica embutida nos planos na candidatura tucana, mas não com a receita de adensamento tecnológico adotada pelas maiores economias industriais do planeta.

Caso dos EUA, por exemplo, cuja bilionária política de encomendas do setor militar constitui a principal alavanca de impulsão tecnológica do país.

Ainda hoje, o orçamento militar norte-americano figura como o maior sistema de encomendas públicas e de incentivo à inovação do mundo.

A tal ponto que Estado autoriza margens de preferência de até 50% nas compras do Exército --ou seja, as compras bilionárias das Forças Armadas dos EUA privilegiam empresas locais, mesmo que o seu preço seja até 50% superior ao similar importado.

Pelo menos até a crise de 2008, mais de 30% dos gastos dos EUA com pesquisas correspondiam a recursos canalizados a empresas inovadoras recurso para o desenvolvimento de novas tecnologias e uma escala de compras compatível com a sua sustentação comercial.

Uma dessas linhas de fomento, a Small Business Innovation Research Program, foi a estufa onde floresceu a Microsoft.

A centralidade de uma política industrial soberana, portanto, não é um mero fetiche da esquerda. Tampouco um anacronismo ideológico da Unicamp , como quer a soberba tucana.

Trata-se de um trunfo indispensável à irradiação da produtividade sistêmica, sem a qual não haverá excedente econômico para ampliar direitos sociais, empregos de qualidade e salários dignos.

Para que cumpra essa função ela terá que ser tutelada pelo interesse público.

A indução estatal não esgota o duplo desafio de conciliar a construção de uma democracia social no Brasil com a inserção de sua economia nas grandes cadeias globais.

Mas figura, por assim dizer, como a chave-mestra das escolhas que vão decidir se o país logrará se reposicionar no século XXI como uma economia dotada de turbinas próprias, ou como figurante caudatário, a turbinar interesses alheios.

A Petrobras é o alvo do ódio, mas fingem que a defendem

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Impressionante como a elite brasileira se traveste.
Agora, são os campeões da eficiência e da lucratividade da Petrobras.
Eles, que até outro dia gritavam que a gasolina brasileira era uma das mais caras do mundo,  agora defendem o aumento do preço dos combustíveis, já e já.
Tudo uma grande encenação, como no editorial de O Globo, hoje.
Saúda a presidente da empresa por  ”ter dito” o que não disse, que a empresa passaria para segundo plano as aquisições de componentes, serviços e navios no Brasil.
Que estão, orgulhosamente, indo um a um para seus postos de combate por nossa independência, como foi, ontem, a P-58, a da foto lá de cima, feita lá na ponta do Brasil, no porto do  Rio Grande para começar a tirar 180 mil barris por dia, do pré e do pós-sal.
E O Globo, que não gosta disso, vai se fazendo de bonzinho, vai indo, vai indo, elogia daqui, dali…
E chega ao ponto:
“Espera-se que a mesma visão crítica de Foster (Graça, a presidenta da Petrobras) abranja o anacrônico monopólio criado por estatistas para a empresa ser hegemônica na operação nos campos do pré-sal, e os 30% cativos nos consórcios na área”.
Bingo!
Os grandes amigos da Petrobras querem que ela, coitadinha, largue os 30% garantidos que tem do pré-sal…
Pra quê, não é?
Aquele petróleo sujo, lá tão fundo, que exige investir e, durante algum tempo, aumentar dívidas e reduzir dividendos de acionistas, para que amanhã possa render muito…
Vamos deixar para as multis, não é?
Vamos ganhar os royalties, os dividendos serão bons porque não se investe nada, tudo ficará bem.
E o Brasil continuará pobre, embora com ricos cada vez mais ricos na lista da Forbes.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Combate ao Marco Civil da internet é caso de polícia




Não é preciso ser um gênio da computação ou dos negócios para entender o que está dificultando a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei do Marco Civil da internet. É hora, pois, de alguém explicar a questão em linguagem bem simples e chamar as coisas pelo nome.
O governo federal enviou ao Congresso um projeto de lei que regulamenta o provimento de acesso à internet no Brasil. Antes de mais nada, esse marco regulatório é uma garantia para a sociedade de que o intenso processo de inclusão digital em curso no país não será dificultado.
O que pode dificultar fortemente esse processo é o encarecimento do acesso à internet e a quebra da neutralidade na rede, ou seja, o aumento do custo de hospedagem de sites. Para a blogosfera independente, por exemplo, a quebra da neutralidade seria mortal.
Como signatário de um site – este Blog, em verdade, é um site como o UOL, G1 ou qualquer outro –, digo que qualquer aumento no custo de hospedagem inviabilizaria meu trabalho, pois mal consigo suportar esse custo como está hoje.
Quem quer dificultar a vida dos brasileiros na internet são as ditas “teles”, as empresas provedoras de acesso ou de hospedagem de sites. E não é por maldade que essas empresas – em boa parte transnacionais – querem isso. É por lucro, claro, mas é, também, por interesses políticos.
Em primeiro lugar, a inclusão digital é uma ameaça aos tentáculos mais vorazes do capitalismo. As vozes dissonantes que a internet permite que pela primeira vez na história possam se fazer ouvir em qualquer parte e a baixo custo ameaçam àqueles que mantém este país tão desigual.
Ainda nesse aspecto político, a concorrência que blogs, sites e redes sociais fazem à mídia tradicional é uma pedra no sapato dela. Pense bem: que diferença há hoje entre acessar o portal UOL ou outros grandes portais e acessar um blog como este?
A velocidade de acesso é igual, o custo para acessar é igual. Só o que separa um site como este de um site como o UOL é o conhecimento desse site pelo público. Mas como a blogosfera é vasta, todo o público de um grande portal conhece ao menos um bom grupo de blogs e sites independentes.
E há outra questão. As reclamações do serviço das operadoras de acesso à internet são muitas. Essas empresas não entregam a velocidade de acesso contratada e o governo vem obrigando a que cumpram suas obrigações contratuais.
Essas empresas, para cumprir os contratos que descumprem, têm que fazer investimentos. Adivinhe, leitor, de onde querem tirar esses recursos para investir… Do seu bolso, claro. E, creia-me, sem garantia de que, agora, cumprirão o que prometem.
A função do Congresso deveria ser defender os brasileiros da esperteza dessas empresas e dos interesses políticos dos grandes meios de comunicação que não querem blogs, sites e redes sociais contradizendo suas “verdades”. Contudo, há um blocão de deputados fazendo o jogo dos tubarões.
Todos os especialistas sérios em internet defendem o Marco Civil que o governo está propondo. Inclusive, defendem um ponto desse marco regulatório do qual o governo está abrindo mão na tentativa de aprovar, pelo menos, a neutralidade na rede.
O ponto que o governo está negociando é a obrigatoriedade que pretende impor às teles para que mantenham os dados dos internautas brasileiros no Brasil. Isso, após a descoberta da espionagem dos EUA, parece uma medida mais do que lógica. Mas, pasme-se, há deputado que não quer.
E há muito deputado que tampouco quer neutralidade na rede, veja só.
Ora, ora, ora… A pergunta é, simplesmente, por que.
Como é possível que representantes eleitos pelo voto popular atuem contra o interesse do internauta brasileiro e em favor de empresas de telecomunicações – inclusive e sobretudo – de origem estrangeira? O que há por trás dessa conduta?
Vamos chamar as coisas pelo nome, caro leitor? Então vamos: o que tem por trás dessa conduta desses deputados é uma coisinha chamada suborno. É isso aí: as teles só podem estar subornando deputados. Não tenho provas, mas não pode ser outra coisa.
Contudo, falta de provas não é nada que uma boa investigação da Polícia Federal não resolva. Os deputados que estão atuando contra o interesse da sociedade por certo têm motivo$ muito forte$ para agir como estão agindo. Motivo$ que uma boa investigação poderia detectar.
***
Assista, abaixo, a uma dramatização do que ocorrerá com a internet no Brasil caso o blocão das teles consiga acabar com a neutralidade na rede e com a proibição de “fatiamento” em “pacotes” do acesso a essa rede.
* Dica do leitor Lucio


Matéria da TV dos Trabalhadores (TVT) sobre a interpelação de Gilmar Mendes

A revolução que não sai no jornal

Há uma revolução em marcha nos bastidores da sociedade venezuelana. Uma revolução pelo livro, ancorada em uma rede de editoras e livrarias públicas.

por: Saul Leblon

Divulgação



















 
Que uma feira de livros inaugurada em Caracas, na semana passada, tenha atraído tanto ou mais público que um protesto contra Cuba marcado para o mesmo dia, pode soar estranho ao discernimento de quem se informa apenas pela mídia conservadora.

Mas foi exatamente o que sucedeu na última sexta-feira, como relata o economista Pedro Silva Barros, que passa a colaborar com Carta Maior diretamente da capital venezuelana.

Seu oportuno texto de estreia (leia nesta pág.) informa não apenas que –pasmem-- existem venezuelanos mais interessados em literatura do que em rejeitar a parceria cubana nas áreas da saúde, educação etc.

O inusitado, quando se toma a emissão conservadora como norma, é mais amplo e profundo.

Pedro Silva Barros relata a existência de uma verdadeira revolução silenciosa nos bastidores da suposta conflagração irreversível da sociedade venezuelana, sugerida pelos despachos que o ‘jornalismo isento’ envia ao Brasil.

Erradicado o analfabetismo em 2005, feito atestado pela Unesco e graças à estreita cooperação entre Havana e Caracas, o governo venezuelano cuida de baratear o acesso à literatura, expandindo uma rede de livrarias públicas e semeando editoras pelo país.

Uma delas, informa Pedro Barros, a Editorial El Perro y la Rana, já reúne um catálogo de mais de 4.300 títulos.

A malha de livrarias públicas --Librerías del Sur, inclui lojas em todos os estados. A venda de livros subsidiados em locais de grande circulação pública, como estações do metrô, tornou-se trivial.

Não há notícia de ‘dirigismo autoritário’ na política editorial. A menos que se inclua nessa pauta conservador a distribuição gratuita de um milhão de exemplares de Don Quixote de La Mancha, obra-prima da literatura mundial, cujo quarto centenário foi festejado assim pelo então Presidente Chávez.

Essa revolução se entrelaça a outra, a do acesso à educação superior na Venezuela: o país tem cerca de 28 milhões de habitantes e dois milhões de universitários (o Brasil tem sete milhões para uma população de 190 milhões).

Nada disso diminui nem desmente a existência de uma polarização política nesse momento, extremada pela radicalização de uma parte da oposição venezuelana, e que já fez 29 vítimas fatais dos dois lados.

O que esses relatos ajudam a entender é por que um governo que teria contra si uma sociedade integralmente dilacerada, como ensina o martelete conservador, não caiu até agora .

A dificuldade de se obter maior transparência no noticiário relacionado aos conflitos e disputas vividos naquele país –razão do novo nome incorporado à equipe de colaboradores de Carta Maior-- fala diretamente ao momento brasileiro.
Não se trata de equiparar a radicalidade , nem os desafios contidos na agenda venezuelana.

Trata-se de chamar a atenção para o decisivo papel da informação plural quando do que mais se necessita é dotar a agenda do desenvolvimento de um razoável grau de coerência, que permita concentrar energias em processos e prioridades de interesse da maioria da população.

Essa é uma das mais delicadas operações da democracia: assegurar que o embate político gere a força, a legitimidade e o consentimento necessários à aglutinação das grandes maiorias requeridas às transições de ciclo histórico.

O oposto disso é o golpe. A crispação neoudenista. O comportamento vergonhoso de uma mídia que, à falta de cardápios defensáveis dedica-se a denunciar supostos privilégios no do ex-ministro José Dirceu.

Escandaliza-a a hipótese de que o ex-ministro possa, digamos, ter devorado um Big Mac na Papuda, mas não a sua retenção ilegal em regime fechado, depois do direito assegurado ao semiaberto.

Qual o passo seguinte dessa espiral da exasperação?

Aquilo que o conservadorismo brasileiro não hesitou em acionar há 50 anos.

Quando se viu na iminência de ceder espaço à hegemonia em formação em torno das reformas de base propostas por Jango, (como ficou documentado em pesquisas do Ibope, só recentemente divulgadas), golpeou a democracia a propósito de defendê-la.

É impossível exagerar a importância da mídia no processo de desenvolvimento de uma sociedade.

De qualquer sociedade. Mas sobretudo daquelas que, a exemplo da Venezuela, Brasil, Argentina, entre outras, vivem nesse momento a inflamável confluência de uma dupla travessia.

Ela inclui reformar o motor de desenvolvimento em meio à habitual escassez de recursos, agravada pela reordenação da economia mundial .

O conjunto estreita adicionalmente a margem de manobra do Estado para gerir as dilacerantes contradições do capitalismo na América Latina.

A alternativa ao golpismo é a repactuação política da agenda do desenvolvimento.

Seu requisito básico é facultar à sociedade o acesso a dados e análises que lhe permitam assumir o comando do seu destino.

Se nem o florescimento editorial na Venezuela é informado por aqui, o que esperar das questões mais agudas --e as graúdas- que envolvem as escolhas do desenvolvimento brasileiro?